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p. 387 – “O prazer sexual não era apenas superior, em refinamento e violência, a todos
os outros prazeres que a vida comportava; não apenas era o único prazer que não vinha
acompanhado de nenhum dano ao organismo, como, ao contrário, contribuía para
preservá-lo em seu mais alto nível de vitalidade e força; era o único prazer, o único
objetivo na verdade da existência humana, e todos os outros – fossem associados a
iguarias ricas, ao tabaco, ao álcool ou à droga – não eram senão compensações
ridículas e desesperadas, minissuicídios que não tinham a coragem de dizer seu nome,
tentativas de destruir mais rapidamente um corpo que perdera o acesso ao prazer
único.”
p. 390 – “... até o fim recusamo-nos a colaborar e aprovar um sistema concebido para
nos destruir.”
A memória vã
Dos nossos dias mortos,
Um sobressalto de ódio
E o desespero nu.”
p. 394 – “... começava a berrar, a rolar pelo chão, aparentemente à beira da apoplexia,
mas detendo-se de vez em quando para constatar, com pequenos olhares matreiros,
que seus genitores permaneciam sob sua inteira dominação mental; os fregueses que
passavam lançavam olhares indignados, os próprios vendedores começavam a se
aproximar da fonte de problemas, e os pais, cada vez mais constrangidos, acabavam
se ajoelhando diante do monstrinho e pegando todas as caixas de bombons ao alcance
para lhe estender, como se fossem oferendas. A imagem então congelava, enquanto
estampava-se, em letras maiúsculas na tela, a seguinte mensagem: "JUST SAY NO. USE
CONDOMS."”
p. 397 “... ia fazer daquela casa uma espécie de mausoléu, um mausoléu de coisas
nulas, porque o que eu vivera ali era no conjunto nulo, mas um mausoléu de toda
forma. "Mausoléu nulo...".”
p. 398 – “... que continuava mesmo assim, no fundo de mim e contra todas as
evidências, a acreditar no amor.”
p. 402 – 403 – “O aspecto inovador das propostas de vida elohimitas era agora
essencialmente assumido por Lucas, cuja comunicação incisiva, ridicularizando sem
rodeios a paternidade, jogando com a ambigüidade sexual das adolescentes com uma
audácia controlada e desvalorizando o antigo tabu do incesto sem atacá-lo de frente,
conferia a todas as suas campanhas na imprensa um impacto sem relação com o
investimento concedido, ao mesmo tempo que impunha um amplo consenso por meio
de uma apologia sem reservas dos valores hedonistas dominantes e uma homenagem
abalizada às técnicas sexuais orientais, tudo num teatro visual ao mesmo tempo
estetizado e direto que fizera na escola”
p. 404 – “... como se minha vida inteira não houvesse passado de seu comentário mais
ou menos explícito:
p. 406 – “Fui então tomado por um intenso desejo de desaparecer, de derreter num
nada luminoso, ativo, vibrante de potencialidades perpétuas; a luminosidade voltou a
cegar, o espaço ao meu redor pareceu explodir e se difratar em parcelas de luz, mas
não se tratava de um espaço no sentido habitual do termo, comportava dimensões
múltiplas e todo outro tipo de percepção desaparecera – esse espaço não continha, no
sentido habitual do termo, nada.”
p. 407 – “... era impossível, eu disse a Vincent um pouco mais tarde, permanecer vivo
num lugar daqueles mais de dez minutos.”