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XVI Domingo do tempo comum, A

Frente ao mal que se propaga no mundo, vem


a pergunta: por que Deus não intervém e
resolve tudo? Jesus responde com a parábola do
joio e de trigo, uma lição de paciência e
esperança.
O tema contido no Evangelho deste domingo
(Mt 13, 24 – 43) é precisamente o Reino dos Céus.
O “Céu” não deve ser entendido unicamente no
sentido da altura que nos ultrapassa, porque
tal espaço infinito possui também a forma da
interioridade do homem. Jesus compara o Reino
dos Céus com um campo de trigo, para nos levar a
compreender que dentro de nós foi semeado algo
de pequeno e escondido que, no entanto, possui
uma força vital insuprimível.
Não obstante todos os obstáculos, a semente
desenvolver-se-á e o fruto amadurecerá. Este fruto
só será bom, se o terreno da vida for cultivado em
conformidade com a vontade divina.
Por isso, na parábola do trigo bom e do joio,
Jesus admoesta-nos que, depois da sementeira
realizada pelo dono, “enquanto todos dormiam”,
interveio “o inimigo”, que semeou a erva daninha.
Isto significa que devemos estar prontos para
conservar a graça recebida desde o dia do
Batismo, continuando a alimentar a fé no
Senhor, a qual impede que o mal ganhe raízes.
Santo Agostinho, comentando esta parábola,
observa que “muitos, primeiro são joio e depois
tornam-se trigo bom,” e acrescenta: “Se eles,
quando são malvados, não fossem tolerados com
paciência, não chegariam à mudança louvável”.
O campo é o mundo e a História, onde
coexistem o trigo e o joio. É também o coração
de cada um, capaz de escolher o bem e o mal; é o
lugar onde o Senhor semeia continuamente a
semente da sua graça: semente divina que, ao
arraigar nas almas, produz frutos de santidade.
Com que amor Jesus nos dá a sua graça!
Para Ele, cada homem é único, e, para redimi-
lo, não vacilou em assumir a nossa natureza
humana.
A parábola não perdeu atualidade: muitos
cristãos dormiram e permitiram que o inimigo
semeasse a má semente na mais completa
impunidade; surgiram erros sobre quase todas as
verdades da fé e da moral.
É necessário que vigiemos dia e noite, e não
nos deixemos surpreender; que vigiemos para
podermos ser fiéis a todas as exigências da
vocação cristã, para não deixarmos prosperar o
erro, que leva rapidamente à esterilidade e ao
afastamento de Deus. É necessário que vigiemos,
sobretudo o nosso coração, sem falsas desculpas
de idade ou de experiência, pois” o coração é um
traidor, e tem que estar fechado a sete chaves”
(Caminho, 188).
Diz Jesus: “o joio são os filhos do Maligno, e o
inimigo, que o semeou, é o diabo” (Mt 13, 39).
O inimigo de Deus e das almas sempre lançou
mão de todos os meios humanos possíveis.
Vemos, por exemplo, que ora se desfiguram umas
notícias, ora se silenciam outras; ora se propagam
ideias demolidoras sobre o casamento, por meio
dos seriados de televisão de grande alcance, ora
se ridiculariza o valor da castidade e do celibato;
defende-se o aborto ou a eutanásia, ou semeia-se
a desconfiança em relação aos Sacramentos e se
dá uma visão pagã da vida, como se Cristo não
tivesse vindo redimir-nos e lembrar-nos que o Céu
nos espera. E tudo isto com uma constância e um
empenho incríveis. O inimigo não descansa!
A parábola constitui um convite universal à
vigilância, a não deixar passar em vão a hora da
graça e a estar preparados para a ceifa, porque tal
como o joio é apanhado e queimado no fogo,
assim será no fim do mundo”. Então, “todos os
que fazem outros pecar e os que praticam o mal,
serão lançados na fornalha de fogo, enquanto os
justos brilharão como o sol no Reino de Seu Pai”
(Mt 13, 40-43).
A abundância do joio só pode ser
enfrentada com maior abundância de boa
doutrina: vencer o mal com o bem (Rm 12, 21),
com o exemplo da vida e a coerência da conduta.
O Senhor nos chama para que procuremos a
santidade no meio do mundo, no cumprimento
dos deveres cotidianos.
O joio e o trigo estão presentes em toda parte:
Mesmo em nossas comunidades cristãs vemos
presente tanto joio de desunião, de inveja, de
fofocas…além de gente de todo lado ensinando
falsas doutrinas.
Fiquemos atentos pois, dentro de cada um
de nós, há trigo e joio! Peçamos ao Senhor para
que sejamos trigo de amor, dedicação e
colaboração. Que seja afastado de nós o joio de
ódio, discórdia, calúnia…
Ensinava São Josemaria Escrivá: “A nossa
vocação de filhos de Deus, no meio do mundo,
exige-nos que não procuremos apenas a nossa
santidade pessoal, mas que vamos pelos
caminhos da terra, para convertê-los em atalhos
que, através dos obstáculos, levem as almas ao
Senhor; que participemos, como cidadãos normais
e correntes, em todas as atividades temporais,
para sermos levedura que há de fermentar toda a
massa” (Cristo que passa, nº 120).
“Que o Espírito Santo venha em auxílio de
nossa fraqueza, pois não sabemos o que pedir… É
que o Espírito intercede pelos cristãos de acordo
com a vontade de Deus” (Rm 8, 26-27). Há que
deixar em Suas mãos a causa do bem.

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