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INSTITUTO SUPERIOR DE CONTABILIDADE E AUDITORIA DE

MOÇAMBIQUE

Licenciatura em Contabilidade e Fiscalidade

3o ano – Turma 1 – Laboral

Direito Comercial e Empresarial II

Contrato De Comodato VS Contrato de Mútuo

Docente:

Mestre José Mendes

Discente:

Joelma Sibinde

Maputo, Maio de 2023


I. Introdução
De acordo com Gomes(2009), contrato é o acordo de duas ou mais vontades, na
conformidade da ordem jurídica, destinado a estabelecer uma regulamentação de
interesses entre as partes, com a finalidade de adquirir, modificar ou extinguir relações
jurídicas de natureza patrimonial.

Segundo Noronha(2007) contrato pode ser entendido como um instituto jurídico:


formado por um conjunto de princípios e normas que regem uma determinada relação
ou situação jurídica . Para Bessone (1997) o contrato além de ser o já citado por
Noronha incide sobre uma relação jurídica patrimonial.

É imprescindível a compreensão dos contratos no geral de forma a que sejam aplicados


correctamente, salvaguardando assim os interesses dos intervenientes. É essencial para a
compreensão adequada das relações contratuais, escolha adequada do contrato,
gerenciamento de riscos, segurança e jurídica.

É com base nesta prerrogativa que neste trabalho irei abordar sobre os contratos de
comodato e de mútuo.

I.1. Objectivos
I.1.1. Objectivo geral
 Analisar os pontos de encontro e de o contrato de comodato e o contrato de
mútuo

I.1.2. Objectivos específicos


 Identificar a aplicabilidade do contrato de comodato e do contrato de mútuo
 Descrever o funcionamento e regras de cada tipo contratual
 Apresentar as principais semelhanças e diferenças

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II. Revisão da literatura
2.1. Noção de contrato de comodato

De acordo com Gomes(2009), comodato é a cessão gratuita de uma coisa para seu uso
com estipulação de que será devolvida em sua individualidade após algum tempo. De
acordo com o código civil no seu artigo 1129° pode também ser definido como o
contrato gratuito pelo qual uma das partes entrega à outra certa coisa, móvel ou imóvel,
para que se sirva dela, com a obrigação de a restituir.

As partes envolvidas neste tipo contratual são:

 O comodante- pessoa que cede o bem de forma gratuita. E


 O Comodatário-  parte que receberá o bem emprestado, 

De acordo com Luhmann(1969) embora seja gratuito, ou seja sem contraprestação,


aconselha se a que se célebre este contrato de forma a

Permite a posse temporária de bens: O contrato de comodato permite que alguém possa
usar um bem sem ser o proprietário, por um período determinado. O que pode ser útil
em situações em que a posse temporária é mais importante do que a propriedade, como
empréstimos de veículos ou equipamentos;

Ajuda a evitar conflitos: O contrato de comodato estabelece claramente as obrigações e


responsabilidades de cada parte, o que pode ajudar a evitar conflitos e mal-entendidos.

Proporciona segurança jurídica: O contrato de comodato é regido pelas leis do Código


Civil, proporcionando segurança jurídica para as partes, garantindo que os direitos e
obrigações de cada uma sejam respeitados

2.1.1. Responsabilidade do comodante

De acordo com o artigo 1134°O comodante não responde pelos vícios ou limitações do
direito nem pelos vícios da coisa, excepto quando se tiver expressamente
responsabilizado ou tiver procedido com dolo. Ou seja, ao proprietário do bem móvel
ou imóvel não se lhe imputa responsabilidade perante as deficiências do bem porém
caso se comprove que houve vício da sua parte aí sim este poderá ser responsabilizado.

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2.1.2. Obrigações do comodatário

Compreendem algumas das obrigações do comodatário nos termos do artigo 1135°do


C.Civil:

a) Guardar e conservar a coisa emprestada;


b) Não a aplicar a fim diverso daquele a que a coisa se destina;
c) Não fazer dela uma utilização imprudente;
d) Avisar imediatamente o comodante, sempre que tenha conhecimento de vícios
na coisa ou saiba que a ameaça algum perigo ou que terceiro se arroga direitos
em relação a ela, desde que o facto seja ignorado do comodante;
e) h) Restituir a coisa findo o contrato.

2.1.3. Responsabilização em caso de dano e restituição

Nos casos em que o bem emprestado pereça por deterioração estando este na posse do
comodatário e comprovado que este podia ter evitado, fica obrigado a repô-lo por um
valor não superior.

Porém caso se comprove que tais danos foram causados pelo uso adverso ao que foi
instituído inicialmente, fica o comodatário responsável pela perda ou deterioração do
mesmo.

2.1.4 Prazo do contrato de comodato

Segundo da Luz(2014) prazo do comodato poder ser:

 Determinado
 Convencional (pelas partes)
 Legal (presunção pelo uso concedido)
 Indeterminado
 O comodante pode reaver o bem a qualquer momento.
 O contrato de comodato só caduca por morte do comodatário.

2.2. Contrato de mútuo

Para Oppo(1942), o mútuo se assemelha a um contrato de execução diferida, em que a


obrigação de restituir se presta por inteiro, ao final, não havendo que se falar em
continuidade de prestação. Nos termos do artigo 1142° do C.Civil, Mútuo é o contrato
pelo qual uma das partes empresta a outra coisa fungível, tendo a outra a obrigação de

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restituir igual quantidade de bens do mesmo gênero e qualidade. Neste tipo de contrato
temos, quanto aos sujeitos, temos uma parte é designada de mutuante (que empresta
certa coisa a outrem) e a outra de mutuário (que recebe a coisa emprestada).

A característica fundamental do Mútuo é a transferência da propriedade da coisa


emprestada, que sucede necessariamente devido à impossibilidade de ser restituída na
sua individualidade. (Gomes,2009)

2.2.1. Natureza jurídica do mútuo

Quanto à sua natureza jurídica existem várias distinções do mútuo. Face a isso digamos
que o mútuo pode ser típico ou atípico, real ou consensual, gratuito ou oneroso e
unilateral ou bilateral, (da Silva,2013)

2.2.1.1.Mútuo Gratuito (artigo 1145° do C. Civil)

Portanto é gratuito o contrato de mútuo, aquele no qual um dos sujeitos proporcionou


uma vantagem patrimonial ou outro, sem qualquer contraprestação acrescida para além
da restituição de coisa, de género e qualidade igual, em igual quantidade.

2.2.1.2. Mútuo oneroso

Diz-se contrato oneroso, o contrato de mútuo cuja atribuição patrimonial efetuada pelo
mutuante tem uma correspondente compensação acrescida para além da restituição da
coisa, de género e qualidade igual, em igual quantidade. Esta compensando denomina se
por juro que deve ser acordado entre as partes do contrato.

2.2.2. Prazo no contrato de mútuo

No contrato de mútuo oneroso, o prazo é determinado por acordo das partes podendo o
mutuário antecipar o pagamento (artigo 1147do C. Civil)

No mútuo gratuito aplica-se a regra geral do art.º 779º CC considerando- se o prazo


estipulado em benefício do mutuário.

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2.3. Semelhanças e diferenças entre comodato e mútuo

2.3.1. Semelhanças entre ambos contratos

Embora existam diferenças significativas entre os contratos de mútuo e de comodato,


essas semelhanças destacam o fato de que ambos envolvem uma forma de empréstimo e
a obrigação de devolver o bem emprestado, bem como: segundo Bento(2005) são
alguns das diferenças entre ambos contratos.

 Natureza jurídica- ambos são contratos de modalidades de empréstimo


 Temporariedade: Tanto o mútuo quanto o comodato são contratos temporários,
ou seja, o bem emprestado deve ser devolvido após um determinado período de
tempo ou quando as condições acordadas forem cumpridas.
 Responsabilidade pela conservação- tanto no mútuo quanto no comodato, a parte
que recebe o bem emprestado é responsável por sua conservação e cuidado
durante o período de empréstimo. A menos que acordado de forma diferente, a
parte que recebe o bem deve devolvê-lo nas mesmas condições em que o
recebeu.

De forma sintética segundo o mesmo autor as principais diferenças entre ambos


contratos são

O mútuo é utilizado para empréstimos de bens fungíveis, como dinheiro ou


mercadorias, com a obrigação de devolução em quantidade ou valor equivalente,
geralmente envolvendo contraprestação financeira. Já o contrato de comodato é usado
para empréstimos de bens não fungíveis, como imóveis ou veículos, onde o comodatário
recebe o bem gratuitamente e deve devolvê-lo após o uso, assumindo a responsabilidade
pela conservação do mesmo.

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III.Conclusões
 Em conclusão, o contrato de mútuo é aplicável quando se deseja emprestar
dinheiro ou bens fungíveis mediante obrigação de devolução, enquanto o
contrato de comodato é aplicável quando se deseja emprestar bens não fungíveis
de forma gratuita e temporária. A escolha entre esses contratos depende das
circunstâncias específicas e das necessidades das partes envolvidas

 Ambos os contratos estão sujeitos a regras específicas estabelecidas pelo Código


Civil e pelas partes envolvidas no contrato. É importante consultar as legislações
pertinentes e buscar orientação jurídica adequada para garantir o correto
funcionamento e cumprimento das regras contratuais.

 As diferenças entre os contratos de comodato e mútuo estão relacionadas ao


objeto, transferência de propriedade, finalidade e obrigação de devolução,
enquanto as semelhanças estão ligadas à possibilidade de serem gratuitos ou
onerosos, às obrigações contratuais e aos prazos estabelecidos. É fundamental
considerar as particularidades de cada contrato e consultar as leis aplicáveis para
garantir o correto funcionamento e cumprimento das regras contratuais.

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IV. Referências Bibliográficas
Bento, T. X. (2005). « Mútuo x comodato- breves considerações. boletim jurídico.

Gomes, O. (2009). contratos.2ed. Rio de Janeiro: Forense.

Luz, J. C. (2014). Contratos de Empréstimos. Cabedelo.

Noronha, F. (2007). Direito das obrigações. 2ed.

Oliveira, D. B. (1997). Do contrato. São Paulo: Saraiva.

Oppo, G. (1942). Appunti per uma definizione delle obbligazioni ad esecuzione


continuata, in Rivista del Diritto Commerciale. pp. 305 e ss.

Silva, R. P. (2013). Contrato de mútuo. Lisboa.

https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/campanhas-e-produtos/direito-facil/
edicao-semanal/comodato-x-mutuo

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