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Sumário

Prefácio
Introdução

Parte 1

1 Constituiçãodo ser humano


2 Sistema digestivo
3 Sistema respiratório
4 Sistema urinário
5 Sistema circulatório
6 Sistema nervoso
7 Sistema endócrino

Parte 2

1 O magnetismoe suas origens


2 Os fluidos
3 Espírito e perispírito
4 Duplo etérico
5 Os centros vitais
6 Enfermos e enfermidades
7 A prece

Parte 3

1 Que é o passe
2 Como aplicaro passe
3 O passista
4 Aspectos complementares sobre o passe
5 A fluidoterapia
6 Advertênciaao iniciante
Referências
Dedicatória

Dedicamos este trabalho a todos os que exercem, anônimos, a atividade


assistencial do passe, nas incontáveis casas espíritas do nosso país.
Agradecimentos

Agradecemos a Humberto Costa Vasconcelos, amigo e companheiro de


muitas jornadas, pela revisão dos originais, e a Severino da Silveira
Távora Neto, o amigo novo, pelas ilustrações do texto.
PREFÁCIO

O Espiritismo ensina e consola. Revela ao homem o ponto mais


longínquo que ele pode vislumbrar no estágio de desenvolvimento em que
se encontre: isso lhe garante longevidade e expansão ilimitada. Rompe as
linhas que escravizam a alma às injunções materiais do espaço e do tempo e
reconcilia o espírito humano com o universo, definindo a constelação
fraternal de homens, árvores e estrelas.
A Doutrina dos Espíritos restaura a dignidade do homem, quando
revela ser ele filho e parceiro de Deus, arquiteto de sua vida, dono de seu
destino. Concebido para viver o grande momento, o espírito humano deve
desembaraçar-se das imperfeições que o tornam incompatível com o plano
de Deus. As dores do mundo podem represar a fonte, mas não impedem a
cachoeira. A morte não existe, e a vida ganha inumeráveis significados.
O rebanho do pastor único é recomposto; nasce e revigora-se o espírito
solidário. Caridade é o nome da nova energia capaz de transformar o
mundo.
O conceito paulino de caridade é revigorado pela reflexão espírita,
sobretudo porque revela que o homem é capaz! E dos túmulos da
indiferença social, ressuscitam samaritanos dispostos a reerguer os
companheiros despojados.
O passe espírita é um gesto de doação e um impulso de compreensão e
amor. No maravilhoso episódio evangélico da multiplicação, Jesus indaga
quantos pães têm seus discípulos para alimentar a multidão de pessoas
naturalmente famintas. Os discípulos tinham apenas sete pães. Mas tinham
sete pães.
Jesus recolhe os pães, reparte-os, multiplica-os prodigiosamente, a
todos alimenta e sobejam ainda sete cestos repletos.
Teria o Mestre conseguido tanto se não pudesse contar com recurso
algum? — indaga o mais delicado e exato hermeneuta do Evangelho, o
Espírito Emmanuel. É necessário compreender que não teria. Daí —
conclui — o impositivo de nossa cooperação. Oferecemos migalhas — as
migalhas que temos (é necessário que as ofereçamos), e nos transformamos
em parceiros. Não pode haver consolação maior.
O passe espírita é o sentimento que sabe e a sabedoria que ama,
segundo proclamava o nosso inesquecível Boechat. Este livro representa,
sem dúvida, mais uma contribuição para o tema. Estendamos as mãos. Há
multidões de famintos, cujos caminhos ainda não foram iluminados pela
verdadeira compreensão do Evangelho.

***

Luiz Carlos de Melo Gurgel, autor, é engenheiro (área eletrônica) e


físico. Disciplinado, estudioso, aprofundou-se na teoria dos fluidos, a partir
da leitura dos textos de Kardec. Dedicou-se ao estudo do passe. Programou
e ministrou cursos na Fraternidade Espírita Francisco Peixoto Lins
(Peixotinho), entidade espírita localizada no bairro da Boa Viagem, no
Recife.
Este livro resultou das suas anotações.

Recife (PE), maio de 1991.


HUMBERTO COSTA VASCONCELOS1

1
Nota do autor: Professor universitário e presidente da Fraternidade Peixotinho.
INTRODUÇÃO

O objetivo principal do presente trabalho é estabelecer noções


preliminares sobre o passe na mente dos que pretendem iniciar estudos com
vistas a capacitar-se para os abençoados serviços assistenciais da terapia
fluido-magnética.
De forma alguma imaginamos ter abordado todos os aspectos ligados
ao assunto. Procuramos apenas apresentar, de forma resumida, algumas
informações gerais que, esperamos, poderão ser de alguma utilidade para os
principiantes.
Os estudos aqui iniciados deverão ser complementados pela leitura de
outros trabalhos que apresentem uma abordagem mais aprofundada sobre
cada tema específico.
É importante lembrar que o estudo é necessário, embora insuficiente,
para formar um bom passista. É indispensável o autoaperfeiçoamento além
da prática sistemática, sempre inspirada no desejo sincero e desinteressado
de servir ao próximo.
Tenhamos a certeza de que, ao nos dispormos a aplicar um passe em
alguém, e por meio da prece ligarmo-nos às regiões espirituais superiores
imbuídos de sentimentos de humildade e fraternidade, contaremos sempre
com a colaboração prestimosa de Espíritos bondosos que nos assistirão.
Muitos, em vista disso, poderão concluir, erroneamente, não ser necessário
qualquer aprendizado, já que os Espíritos irão sempre nos orientar quanto
ao modo correto de proceder. Na realidade, o desejo de ajudar e a fé são
fatores importantíssimos, mas lembremo-nos de que é quase sempre
impossível realizar um bom trabalho se não dispomos de ferramentas
apropriadas e em bom estado. Na assistência fluido-magnética nós somos,
geralmente, as ferramentas que a Espiritualidade utiliza, e, portanto, todo
aquele que se propõe fazer um trabalho sério necessita preparar-se
adequadamente, do ponto de vista moral e do ponto de vista orgânico, sem
esquecer, contudo, a preparação intelectual. Recordemos a exortação do
Espírito de Verdade:2 “Espíritas, amai-vos, este o primeiro ensinamento;
instruí-vos, este o segundo” (grifo nosso).
Este nosso trabalho divide-se em três partes, sendo a primeira dedicada
ao estudo da anatomia e fisiologia do corpo humano. No nosso entender,
não se pode, de forma alguma, omitir essa parte já que o objetivo
fundamental deste estudo é capacitar-nos a agir sobre o organismo humano,
buscando contribuir para a restauração do seu equilíbrio e perfeito
funcionamento. Se assim não o fizermos, estaremos na condição daquele
que procura consertar um equipamento sem conhecer um pouco sequer da
sua constituição e sem ter qualquer ideia sobre o seu funcionamento.
A segunda parte compreende o estudo de algumas leis e princípios
relacionados, de alguma forma, com o passe, como o magnetismo, por
exemplo. A parte final é dedicada ao passe propriamente dito, estudando
suas técnicas e cuidados especiais a serem observados pelo passista espírita
responsável. Para o máximo aproveitamento, é aconselhável que o leitor
somente inicie o estudo da terceira parte, após perfeita assimilação dos
conceitos apresentados nas duas anteriores.
Muitos são os necessitados que acorrem às casas espíritas, cada dia,
em busca de alívio para suas dores e desequilíbrios de ordem diversa.
Poucos os trabalhadores que se apresentam para o exercício das tarefas
assistenciais, ao passo que tantos poderiam alistar-se como trabalhadores do
auxílio e deixam escapar essa oportunidade de reduzir os aspectos mais
dolorosos e traumáticos de suas próprias enfermidades.
O serviço do passe é uma oportunidade maravilhosa de exercitarmos a
caridade. Procuremos praticá-lo desinteressadamente, com expressa
confiança em Deus, sem esperar recompensas e encarando os resultados,
porventura obtidos, com a máxima humildade.
O AUTOR
2
KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Cap. VI.
PARTE 1
1
CONSTITUIÇÃO
DO SER HUMANO

O ser humano é, sem sombra de dúvida, a mais elaborada, complexa e


maravilhosa criação de Deus a habitar o nosso planeta. A sua condição atual
é o resultado de um laborioso processo evolutivo de milhões de anos. No
decorrer de todo esse tempo, existiram sempre trabalhadores espirituais,
especificamente designados pelo Criador, com o objetivo de orientar essa
evolução em busca de estrutura orgânica cada vez mais equilibrada e
adequada aos diferentes ambientes em que ele precisa estagiar. Em parte,
pela necessidade de vivenciar situações tão distintas quanto a de encarnado
e a de desencarnado, é que o homem apresenta uma constituição tão
complexa. Ela, ainda hoje, mostra-se muito difícil de ser compreendida em
todos os seus aspectos, não obstante filósofos e cientistas notáveis terem se
dedicado tanto, e durante tanto tempo, a buscar compreendê-la. Muitos
voltaram-se, com exclusividade, para o campo da matéria; outros
enveredaram pelos mundos do Espírito. Diversas teorias foram postuladas,
e explicações, propostas; muitas contestadas e ridicularizadas. Mas, enfim,
de que segmentos, realmente, se constitui o ser humano?
A ciência oficial tem preferido, quase sempre, optar pela negação pura
e simples de tudo o que transcende ao corpo físico.
A filosofia quase não tem incursionado por esses temas.
As religiões têm apresentado suas postulações, mas, infelizmente, em
geral, superficiais e inconsistentes, resultando desacreditadas pelas mentes
inquiridoras dos homens do nosso século.
A maioria dos textos que tratam do assunto com mais profundidade
são de origem oriental, ou foram fortemente influenciados pelo pensamento
oriental, daí decorrendo apresentarem-se tão carregados de simbolismos.
Os Espíritas, por meio do intercâmbio fácil com o mundo espiritual,
verificado a partir de meados do último século, têm recebido, aqui e ali,
contribuições significativas, que vão, de certa forma, lançando um pouco de
luz sobre esse fascinante mistério.
De tudo o que foi dito, pode-se antever as dificuldades com que se vai
deparar todo aquele que empreender estudos nesse campo. Terá, certamente,
diante de si, um conjunto de teorias e ideias muitas vezes confusas e
contraditórias. Como descobrir onde está a verdade?
Um outro complicador adicional para o estudioso consiste na
inexistência de uma nomenclatura uniforme e de aceitação geral. No
presente trabalho, procuraremos, sempre que possível, adotar as
designações propostas nas obras de Allan Kardec.3
De nossa parte, estamos convencidos de que a individualidade humana
é realmente formada por vários “corpos”, como se costuma designar,
embora bem pouco saibamos, ainda, sobre cada um deles, com exceção,
talvez, apenas do corpo físico.
Embora alguns informem que são sete os corpos constituintes do ser
humano encarnado, e sem pretender contestar tal afirmação, ou estabelecer
polêmica, limitaremos nossas observações aos quatro seguintes:
▪Espírito ou alma;
▪Perispírito ou corpo perispiritual;
▪Duplo etérico;
▪Corpo físico.
Sobre o corpo físico, o que se pode dizer logo de início é que ele
constitui “mecanismo” extremamente sofisticado, formado de grande
número de órgãos, que em geral trabalham em grupo, exercendo funções
complementares, visando sempre a atingir objetivos bem determinados.
Esses agrupamentos de órgãos são denominados aparelhos ou sistemas que,
por sua vez, trabalham harmonicamente, seguindo a diretriz geral de manter
e preservar a vida do organismo.
Abordaremos, nos capítulos seguintes, do modo mais simplificado
possível, um pouco da constituição e funcionamento — anatomia e
fisiologia — dos principais sistemas que constituem o corpo físico humano.
3
KARDEC, Allan. O livro dos espíritos , O livro dos médiuns, A gênese, etc.
2
SISTEMA DIGESTIVO

O sistema digestivo tem por finalidade básica prover o organismo dos


nutrientes que lhe são necessários, bem como proporcionar a eliminação
dos resíduos resultantes desse processo.
Para atingir tais objetivos, verificam-se etapas relativas a mastigação,
ingestão, digestão, absorção e excreção. Essas etapas são realizadas pela
boca, pela faringe, pelo esôfago, pelo estômago, pelos intestinos e por certa
quantidade de glândulas de secreção externa, entre as quais destacam-se o
fígado, o pâncreas e as glândulas salivares.
A seguir, comentaremos um pouco sobre cada um dos órgãos que
compõem o sistema digestivo, mencionando os aspectos mais importantes
do seu funcionamento:

2.1 A BOCA

Na boca, ocorre a primeira etapa da digestão. Os alimentos são


triturados pelos dentes ao mesmo tempo em que são umedecidos pela saliva
liberada pelas glândulas salivares.
Figura 1: Sistema Digestivo

2.2 A FARINGE

A faringe tem várias funções, sendo que, no sistema digestivo,


transfere os alimentos da boca para o esôfago.
A partir da faringe, os alimentos são impulsionados, por meio de todo
o tubo digestivo, basicamente, por movimentos automáticos denominados
de movimentos peristálticos.

2.3 O ESÔFAGO

O esôfago é fundamentalmente um tubo que serve para conduzir os


alimentos desde a faringe até o estômago.
2.4 O ESTÔMAGO

O estômago é uma bolsa elástica, com capacidade de 1,0 a 1,5 litro,


que tem as seguintes funções principais:
▪Armazenar os alimentos, após as refeições, durante um certo tempo;
▪ Misturar os alimentos com o suco gástrico produzido por cerca de
35.000.000 de pequenas glândulas existentes em sua parede interna;
▪ Liberar o bolo alimentar em velocidade adequada, a fim de que o
intestino delgado — porção seguinte do trato digestivo — possa
desempenhar corretamente suas funções.

2.5 INTESTINO DELGADO

Trata-se de um longo tubo delgado — em média seis metros de


comprimento — interligado ao estômago. É na sua primeira porção que se
completa a digestão, principalmente, por ação do suco pancreático —
produzido no pâncreas — e da bile — produzida no fígado — sendo que
esta última atua, basicamente, como elemento coadjuvante do processo.
O intestino delgado é, também, o principal órgão em que ocorre a
absorção dos nutrientes alimentares — assimilação — que passam à
corrente sanguínea, ou linfática, por meio de vilosidades existentes em suas
paredes internas.

2.6 INTESTINO GROSSO

Continuação do intestino delgado, só que de diâmetro bem maior,


constitui-se na última seção do tubo digestivo. Sua principal função é a de
armazenamento dos resíduos provenientes do intestino delgado, e que
constituem a matéria fecal a ser expelida.
No intestino grosso, ocorre, também, absorção de água e de alguns
eletrólitos (sódio e cloretos principalmente).

2.7 PÂNCREAS

É o órgão responsável pela produção do suco pancreático, uma das


mais importantes substâncias que contribuem para a realização do processo
digestivo.

2.8 FÍGADO

Produz continuamente um líquido chamado bile, que é armazenado em


pequena bolsa chamada vesícula biliar, O esvaziamento da vesícula biliar
ocorre ao nível da primeira porção do intestino delgado mediante estímulos
provocados pela presença de alimentos.
A bile é elemento fundamental no processo de digestão das gorduras.
Os distúrbios mais comuns observados no funcionamento do sistema
digestivo são: vômitos, gastrites, úlceras, cólicas intestinais, diarreias e
prisão de ventre.
3
SISTEMA RESPIRATÓRIO

O sistema respiratório é formado por fossas nasais, faringe, laringe,


traqueia, brônquios e pulmões (Fig. 2). Ele tem por função primordial
realizar a respiração — trocas gasosas entre o indivíduo e o meio ambiente.
A fim de percebermos a importância da respiração para o perfeito
funcionamento do corpo físico, basta lembrar que a sua interrupção por
mais de dois ou três minutos levará o indivíduo à morte.
Para compreendermos como se processa a respiração, vamos estudar a
seguir, resumidamente, cada um dos órgãos que participam da sua
execução:

3.1 FOSSAS NASAIS

São cavidades situadas acima da cavidade bucal, que se constituem no


primeiro segmento do sistema respiratório e têm por função filtrar, aquecer
e umedecer o ar que respiramos.
Figura 2: Sistema Respiratório

3.2 FARINGE

A faringe é um conduto comum às vias respiratórias e ao tubo


digestivo. A função respiratória que ela desempenha é a de conduzir o ar
proveniente das fossas nasais até a laringe.
Como vimos, pela faringe passam os alimentos durante a deglutição e,
também, o ar que respiramos.

3.3 LARINGE

Está situada na região mediana do pescoço, possuindo, na sua parte


superior, uma cartilagem em forma de folha — a epiglote — que tem por
função controlar a abertura existente entre ela e a faringe.
A epiglote funciona da seguinte maneira: durante a respiração, eleva-
se, abrindo o orifício da laringe e permitindo a entrada e saída do ar.
Durante a ingestão dos alimentos, ela obstrui a entrada da laringe,
impedindo que os alimentos ali penetrem.
Na laringe, encontram-se também as cordas vocais, espécies de pregas
em suas paredes internas, que vibram com a passagem do ar, produzindo os
sons.

3.4 TRAQUEIA

É um tubo cartilaginoso, de forma semicilíndrica, que se apresenta


como continuação da laringe e que desce verticalmente diante do esôfago.
Na sua parte inferior, a traqueia se bifurca dando origem aos dois
brônquios.

3.5 BRÔNQUIOS

Cada brônquio penetra em um dos pulmões e vai se ramificando


progressivamente em tubos cada vez mais delgados, formando a chamada
“árvore brônquica”.

3.6 PULMÕES

São em número de dois — esquerdo e direito — e constituem os


órgãos principais da respiração. Apresentam-se como uma massa esponjosa
e elástica, executando movimento semelhante ao de um fole, que aumenta e
diminui o seu espaço interno, forçando, assim, a entrada e a saída do ar.
Esse movimento dos pulmões é produzido, principalmente, por um
músculo; sobre o qual eles se apoiam, chamado diafragma.
É no interior dos pulmões que os segmentos de menor calibre da
árvore brônquica — os bronquíolos — terminam em minúsculas câmaras
denominadas alvéolos.
Nos alvéolos, ocorre a hematose — troca de gás carbônico, existente
no sangue, pelo oxigênio proveniente do ar inspirado.
As mais frequentes doenças do sistema respiratório são: bronquites,
faringites, broncopneumonias e asma.
4
SISTEMA URINÁRIO

Do processamento das proteínas pelo organismo resultam substâncias


tóxicas, tais como ácido úrico, ureia e amônia, as quais ele não consegue
eliminar pela respiração e que não podem ser mantidas acima de certas
taxas sem provocar perigosas intoxicações. Há também outras substâncias,
tais como os íons de sódio, potássio e cloreto, que costumam se acumular
no organismo em quantidades exageradas.
Para eliminação dessas substâncias todas é que o corpo humano possui
um eficiente sistema de filtragem e eliminação chamado sistema urinário. A
pele também exerce função similar, só que em menor escala.
A função excretora do sistema urinário tem por base a fabricação e a
eliminação da urina, a partir de substâncias retiradas do sangue e que têm
na sua composição cerca de 95% de água. O sistema urinário é constituído
de rins, ureteres, bexiga e uretra (Fig. 3).
Vejamos agora como ele funciona:
Figura 3: Sistema Urinário

4.1 RINS

Os rins, em número de dois — esquerdo e direito —, são órgãos em


forma de um grão de feijão, com 10 a 12 centímetros de comprimento.
Encontram-se situados em cada lado da coluna vertebral, num nível um
pouco acima do umbigo.
Cada rim contém cerca de 1 milhão de pequenas unidades de filtro —
os néfrons —, sendo cada uma delas capaz de individualmente produzir a
urina.
Os dois rins, em conjunto, chegam a produzir cerca de 180 litros de
urina por dia, embora cerca de 99% desse volume sejam reabsorvidos nos
próprios rins, retornando, assim, à corrente circulatória.

4.2 URETERES
Os ureteres são dois tubos longos e finos que partem de cada rim e
conduzem a urina até a bexiga.

4.3 BEXIGA

Trata-se de um reservatório elástico situado na parte inferior do


abdome, constituído de paredes músculo-membranosas. Serve para
acumular a urina que é continuamente produzida pelos rins.
Quando a urina acumulada atinge um volume de 200 a 300ml,
desencadeia-se a produção de estímulos automáticos que visam ao seu
esvaziamento — reflexo da micção.
Esses estímulos podem, entretanto, em certa medida, ser inibidos por
ação da vontade do indivíduo.

4.4 URETRA

Último segmento das vias urinárias, serve para conduzir a urina desde
a bexiga até o meio exterior. Apresenta-se diferente conforme o sexo. No
homem é mais longa, e parte dela funciona, também, como via excretora
espermática. Na mulher é um tubo curto — cerca de três centímetros de
comprimento — independente da via genital.
Os problemas mais comuns ligados ao sistema urinário são: infecções
do trato urinário (principalmente cistites e uretrites que são mais comuns na
mulher), os cálculos renais e as neuropatias (doenças dos rins).
5
SISTEMA CIRCULATÓRIO

O sistema circulatório é constituído de coração e vasos em que circula


o sangue, um sistema auxiliar de vasos em que circula a linfa e mais alguns
elementos acessórios como o baço e a medula óssea. É costume subdividi-
lo em Sistema Sanguíneo e Sistema Linfático.
Passaremos a estudar agora cada um deles separadamente.

5.1 SISTEMA SANGUÍNEO

O sistema sanguíneo compreende o coração, as artérias, as veias e o


sangue (Fig. 4) e tem por finalidade principal distribuir o oxigênio —
recebido nos pulmões — e os nutrientes — recebidos do sistema digestivo
— por todo o organismo. É sua função, ainda, recolher, dos tecidos, o gás
carbônico e elementos residuais para posterior eliminação.
Vejamos agora detalhadamente como funciona cada componente do
sistema sanguíneo:
Figura 4: Sistema Sanguíneo

5.2 O CORAÇÃO

É um órgão muscular constituído de quatro câmaras — dois átrios e


dois ventrículos — que têm por função bombear o sangue. Cada átrio
comunica-se com o ventrículo do mesmo lado, tendo-se assim dois
mecanismos de bombeamento independentes, que funcionam, contudo, de
modo sincronizado.
Para bombear o sangue, o coração contrai-se e distende-se — sístole e
diástole — cerca de 70 vezes por minuto, numa pessoa adulta, em repouso.
Essa frequência modifica-se bastante quando o corpo está a desempenhar
uma atividade qualquer, podendo chegar facilmente ao dobro desse valor.
O coração chega a bombear mais de 3.000 litros de sangue por dia. Se
lembrarmos que ele funciona durante 60, 80 ou mais anos, perceberemos
que é, de fato, uma verdadeira maravilha da engenharia divina.
Aqui, como em todas as ocasiões em que estudamos
pormenorizadamente a natureza, parece-nos ridícula a crença de certos
homens de ciência que pretendem tudo isso como mera obra do acaso.
5.3 AS ARTÉRIAS

As artérias são condutos tubulares que transportam o sangue a partir do


coração e que se vão ramificando em vasos cada vez mais delgados até
chegarem à condição de capilares. Os capilares penetram na intimidade dos
tecidos de todo o organismo.

5.4 AS VEIAS

São condutos de aparência semelhante à das artérias, mas que


transportam o sangue no sentido contrário, isto é, dos tecidos para o
coração.

5.5 O SANGUE

É o elemento circulante do sistema sanguíneo. Apresenta uma cor


avermelhada, é bastante viscoso, sendo composto de células e plasma. O
plasma constitui a parte líquida, e as células (glóbulos vermelhos —
hemácias —, glóbulos brancos — leucócitos — e plaquetas) formam a parte
sólida.
As hemácias são as células mais abundantes no sangue, constituindo-
se em mais de 99% delas.
O volume sanguíneo, no adulto, é da ordem de cinco litros, sendo três
de plasma e dois de elementos sólidos.
Quando o sangue está carregado de gás carbônico, diz-se que ele é
venoso, e quando está carregado de oxigênio, diz-se que é arterial.
***

Figura 5: Circulação

5.6 A CIRCULAÇÃO

No organismo humano existem duas circulações: a pequena circulação


e a grande circulação, que são chamadas também de pulmonar e sistêmica,
respectivamente (Fig. 5).
Vamos verificar agora como se processa cada uma delas e qual a sua
finalidade.

5.7 A CIRCULAÇÃO PULMONAR

Partindo do ventrículo direito, o sangue venoso, rico em gás carbônico,


é bombeado para os pulmões, no qual ganha oxigênio e perde gás carbônico
— hematose —, transformando-se, por este processo, em sangue arterial.
Após a hematose, o sangue volta ao coração (átrio esquerdo), completando-
se assim a pequena circulação.

5.8 A CIRCULAÇÃO SISTÊMICA

O sangue arterial, rico em oxigênio como resultado da circulação


pulmonar, chega ao átrio esquerdo, desloca-se para o ventrículo do mesmo
lado e daí é impulsionado para todo o organismo.
O sangue arterial fornece aos tecidos os nutrientes e o oxigênio
indispensáveis à manutenção da vida e deles recebe gás carbônico e
resíduos, transformando-se, assim, novamente, em sangue venoso.
O sangue venoso retorna ao coração (átrio direito) por meio das veias,
completando, dessa forma, a grande circulação.
As mais comuns enfermidades do sistema vascular sanguíneo são:
insuficiências cardíacas, infartos do miocárdio, malformações congênitas,
alterações da pressão arterial, taquicardias de origem emocional e esclerose
arterial.

5.9 O BAÇO

O baço é considerado como um anexo do sistema circulatório, devido


basicamente às funções:
a) Produção de hemácias durante a fase fetal e nos primeiros anos de
vida;
b) Destruição de hemácias velhas, que não mais conseguem transportar
oxigênio, com reaproveitamento do ferro resultante deste processo;
c) Armazenamento de sangue — algumas centenas de mililitros, que
são liberadas para a circulação somente mediante estímulos nervosos
apropriados.
O sangue retido pelo baço apresenta sempre uma concentração de
hemácias superior à do sangue circulante.
O baço é, pois, uma espécie de banco de sangue interno do organismo.

5.10 MEDULA ÓSSEA

A medula óssea é uma substância gelatinosa, encontrada no interior da


maioria dos ossos do organismo.
Até os 20 anos de idade, a medula de quase todos os ossos fabrica
hemácias, mas depois dessa idade a produção fica restrita, quase que
exclusivamente, à medula do esterno, das vértebras e das costelas, e mesmo
esses ossos, no decorrer dos anos, vão também reduzindo
consideravelmente sua capacidade de produção, até quase cessar
completamente, na velhice.
A medula óssea é, também, responsável pela produção das plaquetas e
de certos tipos de glóbulos brancos.

5.11 SISTEMA LINFÁTICO

O sistema vascular linfático (Fig. 6-a e 6-b) é constituído de uma


grande rede de vasos, que se originam nos espaços intercelulares de
praticamente todos os tecidos do organismo — os capilares linfáticos — e
que vão aumentando de calibre à proporção que se vão reunindo, até
formarem dois grandes vasos, que são o duto torácico e o duto linfático
direito. Esses dois vasos desembocam no sistema sanguíneo, na altura das
clavículas, esquerda e direita, respectivamente.

Figura 6-a: Sistema Linfático


O sistema linfático é o responsável pela drenagem dos líquidos que se
acumulam nas regiões intercelulares de todo o organismo. Este líquido que
circula no sistema linfático é denominado linfa.
Na região do intestino delgado, os capilares linfáticos são responsáveis
pela absorção das gorduras.
Uma outra função importante desse sistema é aquela realizada pelos
gânglios linfáticos, que são formações globulares existentes ao longo de
todos os vasos linfáticos e que desempenham papel fundamental no
mecanismo de defesa do organismo. Eles são responsáveis pela eliminação
de germes invasores que, ao penetrarem nos espaços intercelulares, vêm
carreados para as vias linfáticas e, ao atingirem os gânglios, são ali
destruídos, ficando impedida, dessa forma, sua disseminação no organismo.
Figura 6-b: Sistema Linfático
Os gânglios linfáticos são também responsáveis pela produção de
linfócitos, que são componentes sanguíneos pertencentes à família dos
glóbulos brancos, e como tal encarregados da defesa do organismo.
As mais comuns afecções verificadas no sistema linfático são as
inflamações dos gânglios submandibulares, dos retroauriculares, dos do
pescoço, dos das axilas e dos inguinais.
6
SISTEMA NERVOSO

O sistema nervoso é, com certeza, o mais complexo dos sistemas que


formam o corpo físico. É ele que, auxiliado pelo sistema endócrino,
controla e coordena as atividades gerais do organismo, buscando sempre
adaptá-lo às situações que se verificam a cada momento.
Entre as inúmeras funções do sistema nervoso, merecem destaque as
seguintes:
d) Comando dos movimentos;
e) Coordenação das atividades do estômago, dos pulmões, do coração,
dos intestinos etc.;
f) Controle do funcionamento de certas glândulas;
g) Percepção de visão, audição, olfato, paladar, tato, dor e temperatura.
É curioso constatar que, embora desempenhando funções tão
complexas e variadas, o sistema nervoso seja, todo ele, formado de um
mesmo tipo de célula — os neurônios.
Cada neurônio é, por sua vez, constituído de corpo celular, axônio e
dendritos (Fig. 7), que se interligam uns com os outros para formar as vias
nervosas e os centros nervosos.
Figura 7: Neurônio
Os centros nervosos interpretam informações recebidas e emitem
comandos. Os comandos, tanto quanto as informações, trafegam, dentro do
corpo, por meio das vias nervosas.
Todos os centros nervosos do corpo estão agrupados no encéfalo e na
medula espinhal.
O encéfalo é um conjunto de órgãos que se localizam no interior da
caixa craniana, entre os quais se destacam o cérebro e o cerebelo (Fig. 8)
enquanto a medula é um órgão alongado e fino, localizado dentro de um
canal existente ao longo da coluna vertebral.
As vias nervosas, ao contrário dos centros nervosos, estão distribuídas
por todo o organismo e, de acordo com a função que desempenham, são
classificadas de sensitivas ou motoras.
As vias nervosas sensitivas são aquelas que conduzem os sinais que se
organizam por todo o organismo — as informações — e que se destinam
aos centros nervosos.
As vias motoras, por sua vez, conduzem estímulos em sentido
contrário, isto é, dos centros nervosos para o restante do organismo.
Ao longo do corpo, as vias nervosas se agrupam sempre em feixes, ora
formados só por vias motoras, ora só por vias sensitivas e, noutras vezes
ainda, conjuntamente, por vias motoras e sensitivas. Esses feixes é que
constituem os nervos e os gânglios nervosos (não confundir com gânglios
linfáticos).
Os gânglios nervosos estão localizados ao longo dos nervos e são
simplesmente pontos onde se concentram os corpos celulares dos neurônios
que formam as vias nervosas.

Figura 8: Cérebro, Cerebelo, Hipófise, Epífise

6.1 SISTEMA
NERVOSO CENTRAL E
SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO

O sistema nervoso é, rigorosamente falando, um todo único, embora,


muitas vezes, seja conveniente subdividi-lo, a fim de facilitar o seu estudo.
Com esse objetivo é que, levando-se em conta apenas os aspectos
puramente anatômicos, ele costuma ser segmentado em duas partes:
▪Sistema nervoso central; e
▪Sistema nervoso periférico.
O sistema nervoso periférico é constituído de nervos e gânglios
nervosos, enquanto o sistema nervoso central é formado pelo encéfalo e
pela medula espinhal.

6.2 AÇÕES DO SISTEMA NERVOSO


As ações do sistema nervoso podem ser divididas em três grandes
categorias a saber:
h) Ações provocadas por estímulos que chegam aos centros nervosos e
que se originam em razão das condições do ambiente onde está o
organismo — interação com o meio;
i) Ações provocadas por estímulos decorrentes das condições
funcionais do próprio organismo — ação visceral;
j) Ações provocadas a partir da atividade intelectual — ação
intelectiva.
Nesse último caso, temos a mais nobre das atividades em que se
envolve o sistema nervoso, embora, ao contrário do que supõe a ciência
oficial, o papel do sistema nervoso seja, neste caso, apenas acessório. A
parte realmente essencial do fenômeno se desenvolve ao nível do espírito.
As ações viscerais do sistema nervoso são sempre muito rápidas e
ocorrem sem que sejam percebidas pelo indivíduo. Já as interações com o
meio ambiente produzem respostas que podem ser lentas ou rápidas a
depender de contarem ou não com a participação do intelecto.

6.3 COMO
TRABALHA O SISTEMA
NERVOSO

O sistema nervoso possui terminais especializados, distribuídos por


todo o organismo, que reagem a estímulos específicos — dor, temperatura,
luz etc. — produzindo sinais elétricos que são enviados continuamente aos
centros nervosos. Esses sinais elétricos — informações —, ao chegarem aos
centros nervosos, vão dar origem, por sua vez, aos estímulos motores, isto
é, comandos a serem executados pelos vários segmentos do organismo.
Uma exceção a esse encadeamento pode ser encontrada como decorrência
da atividade intelectual do indivíduo, quando podem surgir impulsos
motores sem que os correspondentes estímulos sensoriais estejam presentes.
O volume de informações recebidas pelos centros nervosos é sempre
muito elevado. Eles chegam a receber, em conjunto, literalmente, milhares
de informações simultâneas e são capazes de interpretá-las corretamente,
mantendo assim conhecimento detalhado da situação geral do corpo e do
ambiente em que ele se encontra. De todos esses impulsos recebidos pelos
centros nervosos, entretanto, somente pequena parcela produz uma resposta.
Na verdade, 99% de todas as informações sensoriais recebidas pelos centros
nervosos são classificados pouco importantes e, por isso, completamente
ignorados. É o caso, por exemplo, das informações de pressão enviadas
continuamente pelas unidades sensoriais das nádegas e das coxas de uma
pessoa que está sentada. As informações iniciais são analisadas, é concluído
que a pessoa está bem apoiada, o fato é registrado e, a partir daquele
momento, os estímulos passam a ser classificados como irrelevantes, pelo
menos até que suas características se modifiquem.
Com relação aos centros nervosos envolvidos, as reações do sistema
nervoso podem ser classificadas em:
▪Reação medular;
▪Reação encefálica inferior; e
▪Reação encefálica superior ou cortical.

6.4 REAÇÃO MEDULAR

As reações nervosas ao nível medular — reflexos — acontecem em


resposta a certos estímulos específicos, como a dor, por exemplo, e
caracterizam-se por respostas muito rápidas, que produzem, entretanto,
movimentos bastante simples. Mesmo ocorrendo reflexo medular, uma
parcela do estímulo recebido pela medula é enviada ao cérebro, que pode
vir a comandar movimentos mais complexos.
6.5 REAÇÃO ENCEFÁLICA INFERIOR

As reações ao nível encefálico inferior são mais complexas que as


reações medulares, e é neste nível que se estabelece o controle da maioria
das atividades subconscientes do corpo, tais como: respiração, pressão
arterial, equilíbrio, salivação etc.
São também controladas no nível encefálico inferior algumas
atividades conscientes menos elaboradas, como, por exemplo, a raiva, a
excitação sexual, as reações à dor etc.
Mesmo nas ações comandadas pelo encéfalo inferior, a medula é
sempre requisitada a operar de forma complementar.

6.6 REAÇÃO ENCEFÁLICA SUPERIOR

O encéfalo superior constitui a região mais externa do cérebro, o


córtex cerebral, e é justamente por isso que essas reações são também
chamadas de reações corticais.
É no córtex cerebral que, segundo Guyton;4 “aproximadamente três
quartos de todos os corpos celulares dos neurônios de todo o sistema
nervoso estão localizados [...]”.
Nas ações corticais o Espírito desempenha um papel fundamental.
Nelas, os diferentes estímulos sensoriais que atingem o córtex são
transferidos ao perispírito, permitindo assim, ao Espírito, ter conhecimento
delas. No perispírito, as informações sofrem um complexo processo de
integração, de forma que venham possibilitar um adequado delineamento da
ocorrência vivenciada, pelo indivíduo. Cabe ao Espírito, após análise e
julgamento da situação, emitir, ou não, comandos a serem viabilizados, no
corpo físico, por meio de estímulos motores a serem gerados pelos centros
nervosos corticais.
Mesmo nas ações corticais, os centros nervosos da medula são
requeridos a agir de modo auxiliar, como também certos centros do
encéfalo inferior.
Vejamos agora um exemplo de ação reflexa — medular — secundada
por ação cortical: uma pessoa aproxima, acidentalmente, sua mão da chama
de uma vela e, em consequência, os elementos sensíveis ao calor, existentes
naquela região, enviam informações sobre a elevação anormal da
temperatura, o que motiva uma resposta imediata da medula, comandando a
contração brusca dos músculos do braço e promovendo o afastamento da
mão — ação reflexa.
O córtex cerebral, que também recebe os estímulos originados nos
sensores térmicos da pele da mão, transfere-os ao Espírito que, por sua vez,
de posse de dados provenientes de outras fontes, tais como sensação de dor
e informação visual, além da informação sobre a contração muscular já
comandada pela medula, e sempre com base em experiências anteriores,
julga quanto à necessidade de serem adotadas medidas complementares
para a efetiva proteção do organismo. Caso julgadas necessárias, essas
medidas serão comandadas, ao nível do corpo físico, pelo córtex cerebral.

6.7 CEREBELO

O cerebelo está situado na parte posterior da cabeça, dentro da caixa


craniana, e é um órgão que trabalha sempre em conjunto com o cérebro ou a
medula, agindo como servomecanismo, que vai comparando cada
movimento executado com a intenção original que lhe deu origem e vai
continuamente emitindo mensagens de correção dos desvios detectados.

6.8 SISTEMA
NERVOSO DE RELAÇÕES E
SISTEMA NERVOSO VISCERAL
Do ponto de vista puramente funcional, o sistema nervoso costuma ser
dividido em Sistema Nervoso de Relações e Sistema Nervoso Visceral.
O sistema nervoso de relações compreende os mecanismos de
percepção do meio ambiente (percepções sensoriais) e os comandos das
reações daí decorrentes, como o comando dos movimentos voluntários, por
exemplo.
O sistema visceral é também chamado de Sistema Nervoso Autônomo
ou Sistema Nervoso da Vida Vegetativa; ele reage a estímulos originados
das condições funcionais do próprio organismo.
É o sistema vegetativo que controla as funções viscerais do corpo. Ele
ajuda, por exemplo, a controlar a pressão arterial, a motricidade e secreções
do sistema digestivo, a produção da urina, a sudorese, a temperatura etc.
Suas ações ocorrem principalmente por meio dos centros nervosos
localizados na medula e no nível encefálico inferior.

6.9 O SIMPÁTICO E O PARASSIMPÁTICO

O sistema nervoso autônomo, por sua vez, costuma ser dividido em


Sistema Simpático e Sistema Parassimpático, sendo que esses dois
segmentos sempre trabalham em oposição, isto é, comandando ações
contrárias sobre cada um dos órgãos em que atuam. Por exemplo: o
simpático age sobre a pupila do olho provocando a sua dilatação; o
parassimpático estimula sua contração. O simpático aumenta a frequência
dos batimentos cardíacos; o parassimpático, sua redução.
As ações do simpático ocorrem por meio de fibras nervosas que se
originam na medula e formam duas cadeias ganglionares — uma em cada
lado da coluna vertebral — que se estendem desde o pescoço até as
nádegas.
No parassimpático, as fibras nervosas deixam o sistema nervoso
central por meio de vários nervos que partem do encéfalo — principalmente
o vago — e, também, por meio de outros que partem da extremidade
inferior da medula.

6.10 OS PLEXOS

Há, no corpo físico, regiões em que se observam formações muito


peculiares do sistema nervoso periférico. Nelas, temos vários nervos que se
bifurcam e, depois, as bifurcações de uns vão unir-se com as bifurcações de
outros, formando um intrincado cruzamento de vias nervosas.
Estes pontos são chamados de Plexos Nervosos e é por meio deles que
as fibras nervosas podem passar de um nervo a outro (Fig. 9).
Entre os vários plexos nervosos do organismo humano, destacamos os
seguintes:
▪Plexo cervical ou laríngeo;
▪Plexo cardíaco;
▪Plexo solar;
▪Plexo esplênico;
▪Plexo sacro.

Figura 9: Plexos Nervosos


4
GUYTON, A.C. Tratado de fisiologia médica, cap. 46
7
SISTEMA ENDÓCRINO

O sistema endócrino tem por função principal o controle do


metabolismo geral do organismo, sendo constituído por glândulas que não
possuem dutos e, por isso mesmo, lançam seus produtos diretamente na
corrente sanguínea. Essas substâncias que as glândulas endócrinas
produzem são genericamente denominadas hormônios.
Os hormônios apresentam efeitos predominantemente estimulantes e,
como são lançados diretamente na corrente sanguínea, espalham-se por
todo o corpo, muito embora tenham sempre um endereço certo, isto é, só
atue, cada um, num determinado órgão ou tecido específico do organismo.
As mais importantes glândulas endócrinas são: a hipófise, a epífise, a
tireoide, as paratireoides, o pâncreas, as suprarrenais e as gônadas.

7.1 A HIPÓFISE

Também chamada pituitária, encontra-se localizada dentro da caixa


craniana, apresentando um diâmetro de aproximadamente l cm (Fig. 8).
A hipófise produz oito hormônios principais que, além de exercerem
ação predominante sobre o funcionamento de todo o restante do sistema
endócrino, controlam, também, o crescimento do organismo, o
desenvolvimento e a maturação das gônadas, além de estimularem a
secreção láctea da mulher após o parto.
A hipófise, no plano puramente material, é a glândula-mestra de todo o
sistema endócrino, e uma de suas características é que apresenta conexões
com certos segmentos do sistema nervoso.

7.2 A EPÍFISE

É muitas vezes chamada pineal e encontra-se, também, dentro da caixa


craniana (Fig. 8). Suas funções ainda não são muito bem compreendidas
pela ciência oficial.
Embora seja normalmente aceita como parte do sistema endócrino, não
se conseguiu ainda identificar, com certeza, qualquer hormônio produzido
por ela.
A epífise é importante geratriz de energias psíquicas, que atuam em
todo o organismo e que desempenham papel especial nas atividades
mediúnicas, como é o caso do passe, por exemplo.
No livro Missionários da luz,5 encontramos a informação de que a
epífise é a “glândula da vida mental”, sendo ela que “preside aos fenômenos
nervosos da emotividade”.
Informa-nos ainda o autor espiritual que ela também desempenha ação
fundamental nos mecanismos da produção intelectual e nos ligados ao sexo,
com ação, no plano psíquico, de supervisão do funcionamento das gônadas.

7.3 A TIREOIDE

Situa-se na região anterior do pescoço, logo abaixo da laringe,


envolvendo os lados e a frente da traqueia (Fig. 10). Seus hormônios são
responsáveis pela manutenção do nível normal do metabolismo geral do
organismo. Ela desempenha, também, papel relevante no processo de
crescimento do corpo dos jovens.

Figura 10: Tireoide

7.4 AS PARATIREOIDES

São em número de quatro, do tamanho de grãos de arroz, encontrando-


se encravadas ou superpostas na região posterior da tireoide — duas em
cada lado.
O hormônio produzido pelas paratireoides exerce papel fundamental
no metabolismo do cálcio e dos fosfatos.

7.5 O PÂNCREAS

Sua função endócrina é exercida por meio da produção da insulina —


hormônio que controla a absorção do açúcar pelas células do organismo. A
falta ou a escassez de insulina no sangue produz a enfermidade conhecida
por diabete.
Vale relembrar, conforme já se viu, que o pâncreas também tem função
exócrina. É o produtor do suco pancreático, substância de suma importância
no processo digestivo.
7.6 AS SUPRARRENAIS

São em número de duas, localizadas sobre cada um dos rins (Fig. 3),
daí decorrendo sua denominação.
Elas produzem grande número de hormônios — já foram identificados
mais de 30 — que podem ser divididos em dois grandes grupos: o da
adrenalina e noradrenalina e o dos outros hormônios. Esse último grupo é o
responsável, de certa forma, pelo controle da metabolização do sódio, do
potássio e dos cloretos, desempenhando ação significativa quanto à função
renal e à função cardiovascular.
A adrenalina e a noradrenalina são liberadas por ação do sistema
nervoso simpático e vão causar, no organismo, quase os mesmos efeitos que
os estímulos do simpático causam. Há, contudo uma diferença: a duração.
Os estímulos hormonais se mantêm em ação por um tempo mais de 10
vezes superior que o dos estímulos provenientes diretamente do simpático.
Descargas de grandes quantidades de adrenalina e noradrenalina no
sangue ocorrem, normalmente, diante de situações que causem medo,
caracterizem perigo, ou exijam esforço físico, enfim, situações que
demonstrem a necessidade de utilização da máxima potencialidade do
indivíduo.
Suas ações no organismo se manifestam em forma de aumento da
frequência cardíaca, aumento da pressão arterial, liberação de glicose para a
corrente sanguínea, aumento da tonicidade de vários músculos, dilatação
pulmonar, redução do metabolismo digestivo, aumento da sudorese,
aumento da atividade mental etc.
O papel desempenhado pelas suprarrenais é tão importante que a falta
dos seus hormônios leva o indivíduo à morte num intervalo de três a cinco
dias.

7.7 OS TESTÍCULOS
Os testículos, em número de dois, são as gônadas masculinas. No feto,
eles estão alojados no interior da cavidade abdominal, mas, pouco antes, ou
um pouco depois do nascimento, eles migram, deixando a cavidade
abdominal e passando para o interior de um saco cutâneo, suspenso na
região pubiana — o escroto.
Os testículos têm dupla função: produzem espermatozoides e secretam
hormônios. A testosterona é o principal hormônio por eles produzido, sendo
responsável pela formação e desenvolvimento dos caracteres sexuais
primários e secundários no organismo masculino.

7.8 OS OVÁRIOS

Em número de dois, são as gônadas do organismo feminino e


apresentam-se, na mulher adulta, com o tamanho que varia de três a quatro
centímetros. Estão localizados dentro da cavidade abdominal — um à
direita e outro à esquerda —, na região do baixo ventre.
Os ovários, na sua função endócrina, produzem progesterona e
estrógenos. Os estrógenos são responsáveis, principalmente, pelos
caracteres sexuais secundários da mulher — mamas, pelos etc.—, e a
progesterona está relacionada com o processo da gestação.
5
XAVIER, Francisco Cândido. Missionários da luz. Cap. 2.
PARTE 2
1
O MAGNETISMO
E SUAS ORIGENS

Antes de dizer qualquer coisa sobre magnetismo precisamos, primeiro,


esclarecer a respeito de qual “magnetismo” pretendemos falar, pois a
palavra magnetismo tem sido usada, por meio dos tempos, com pelo menos
dois significados bem diferentes. De um lado, temos o significado atribuído
pela ciência oficial; do outro, o utilizado nos tratados espiritualistas.
A ciência usa o termo magnetismo para designar certos efeitos
produzidos pelas cargas elétricas quando em movimento. A atração entre
ímã e ferro é um exemplo.
Os espiritualistas entendem magnetismo como o produto das
exteriorizações da mente, muito embora também admitam a possibilidade
de sua produção a partir de outras estruturas menos complexas. Nesse
último caso, as emanações magnéticas seriam, em consequência, menos
elaboradas.
Muito poucos cientistas, até hoje, se dispuseram a pesquisar
seriamente o “magnetismo” dos espiritualistas. A razão talvez seja a
dificuldade em detectá-lo, com segurança, por meio dos aparelhos de
medida, ou, quem sabe, seja ainda o reflexo de posições sectárias adotadas
em séculos anteriores.
Os espiritualistas, por seu turno, em geral, simplesmente acreditam.
Neste caso, também incorrendo na falta de uma avaliação experimental tão
desejável.
De tudo isso resulta não se ter, até o presente, qualquer prova concreta
de que o “magnetismo” dos cientistas seja o mesmo “magnetismo” dos
espiritualistas. Todas as evidências, contudo, nos levam a crer que os dois
“magnetismos” têm muito em comum, mesmo que não sejam exatamente a
mesma coisa.
No decorrer deste trabalho, salvo quando especificado em contrário,
adotaremos sempre, para o termo, o sentido atribuído pelos espiritualistas.
O magnetismo, na realidade, não é um fato novo. Desde os tempos
antigos, é conhecido e largamente utilizado. As manipulações magnéticas,
embora, muitas vezes, tenham recebido designações outras, são conhecidas
desde as primeiras civilizações que habitaram o nosso planeta. Há
referências seguras da sua utilização entre os povos antigos do Egito, da
Caldeia, da Fenícia, da Pérsia, da Índia e da civilização hebraica. Moisés
utilizou fartamente o magnetismo durante a epopeia de libertação do povo
judeu do cativeiro do Egito em sua condução à “Terra Prometida”.
As curas realizadas por Jesus são exemplos sublimes de manipulações
magnéticas providas por um Espírito superior, e, certamente, todo aquele
que se revestir de disciplina, perseverança e desejo firme de exercer a
caridade também um dia será capaz de tais realizações.
A literatura hoje disponível sobre o magnetismo, em decorrência da
diversidade de povos e épocas em que foi utilizado, é muito variada,
apresentando grandes diferenças nos aspectos teóricos, na terminologia
empregada e nas técnicas recomendadas. Neste estudo, procuraremos,
sempre que possível, utilizar a terminologia introduzida por Kardec e as
recomendações encontradas nas obras mediúnicas.

1.1 VAN HELMONT, MESMER E BRAID

Embora já no século XV se falasse em “simpatia magnética”, foi


somente nos séculos seguintes, principalmente com Van Helmont e
Mesmer, que se tomou mais generalizado o interesse a respeito do
magnetismo. Van Helmont, no século XVII, foi quem primeiro utilizou a
expressão “magnetismo animal”, e Mesmer teve tão destacada influência
sobre o magnetismo — muitas vezes se confundem os termos magnetismo e
mesmerismo, embora o mesmerismo seja, na realidade, o conjunto das
ideias de Mesmer sobre o magnetismo e não o magnetismo propriamente
dito.
Foi Mesmer que, em 1779, viria a propor a teoria do “fluido
universal”, mais tarde também adotada por Allan Kardec, Mesmer
acreditava ser o fluido universal substância de “sutileza sem comparação
que penetra todos os corpos”. Acreditava, também, que todos os corpos
possuíam propriedades idênticas às dos ímãs e que as doenças eram
provocadas por desequilíbrios na distribuição do magnetismo no organismo
das pessoas.
Só no século XIX, por meio dos trabalhos do médico inglês James
Braid, alguns aspectos do magnetismo animal, antes postulados por Van
Helmont, passaram a ser aceitos pela ciência oficial. Braid propôs uma
teoria explicando a fisiologia do chamado “sono nervoso”, fenômeno que
ele denominou hipnotismo. Assim apresentado, com roupagem e
nomenclatura novas, este fenômeno aparentemente se desvinculava
daquelas ocorrências conhecidas e negadas, pela ciência, durante tanto
tempo. A nova teoria e as novas designações, mesmo não se aplicando a
todos os fenômenos, sem sombra de dúvida, contribuíram em muito para a
aceitação, pela ciência, de alguns dos aspectos do magnetismo animal
humano, muito embora, desde então, tenham se sucedido as mais variadas
teorias tentando explicações mais convincentes para aquele conjunto de
fatos observados. O que se sabe ao certo é que um paciente pode ser levado,
geralmente pela ação de um magnetizador, a um estado denominado transe
hipnótico, no qual podem ocorrer fatos bastante singulares, sendo o mais
comum deles a inibição de alguns de seus centros nervosos.
Por meio da hipnose, pode também ser realizada a regressão de
memória do paciente e, com isso, desencadeados mecanismos terapêuticos
para superação de traumas e desequilíbrios de personalidade motivados por
ocorrências do pretérito.
1.2 ALLAN KARDEC E ROUSTAING

Após escrever diversos livros sobre os mais variados temas,


englobando desde a aritmética, a geometria, a gramática francesa, a
química, a física, a astronomia e a fisiologia humana, Kardec viu-se atraído
pelos fenômenos magnéticos que se apresentavam, com tanta insistência, na
França do século XIX.
Em 1854, já com sólidos conhecimentos sobre o magnetismo, e
motivado por relatos de magnetizadores contemporâneos seus, Kardec foi
levado a observar e, posteriormente, a analisar o chamado “fenômeno das
mesas girantes”. Os primeiros resultados dos seus estudos vieram a público
em 18 de abril de 1857 com o lançamento de O livro dos espíritos, livro
este que deu forma e fundamentação ao Espiritismo, conforme o
compreendemos hoje.
A opinião de Kardec sobre o magnetismo é de que, durante o processo
de magnetização, ocorre liberação de fluidos emanados do magnetizador, os
quais, conjugados ou não a fluidos oriundos de entidades espirituais que o
assistam, vão agir sobre o paciente.
Vários outros estudiosos espíritas, do período da Codificação fizeram
referência aos fenômenos magnéticos destacando-se entre eles, J.-B.
Roustaing,6 que assegurava ser o magnetismo o “agente universal que tudo
aciona”. Roustaing assegurava ainda ser o magnetismo “um laço universal
pelo qual Deus nos ligou a todos, como que para formarmos um único ser e
para nos facilitar a ascensão ao seu seio, conjugando-nos as forças”.

1.3 MAGNETISMO HOJE

A ciência oficial, nos dias de hoje, só reconhece o magnetismo nos


seus aspectos ligados à eletricidade — eletromagnetismo — e naqueles
referentes ao hipnotismo, muito embora ainda estabeleça sérias dúvidas
quanto a possíveis conexões entre este último fenômeno e o magnetismo,
preferindo, em geral, atribuir-lhe outras causas.
Sob a forma do passe, o magnetismo é, hoje, largamente utilizado,
principalmente nas casas espíritas.
Na liturgia atual da Igreja Católica, o passe pode ser identificado na
imposição de mãos dos padrinhos, em certos momentos das cerimônias de
casamento e batismo. Vamos encontrá-lo, também, nos exorcismos e nas
bênçãos de um modo geral.
Algumas Igrejas protestantes, como, por exemplo, a Batista Renovada,
a Presbiteriana Renovada e a Assembleia de Deus, de certa forma, usam o
passe por ocasião de batismos, casamentos, “curas” e “expulsão de
demônios”.
No interior, e entre as classes mais humildes das capitais do Nordeste,
existem, ainda hoje, as chamadas “rezadeiras” ou “benzedeiras” que,
utilizando um galhinho de mato verde, “rezam nas pessoas com olhado”. O
que ocorre realmente nessas ocasiões é a aplicação de um passe de
dispersão dos fluidos negativos7 acumulados no paciente.
Os fluidos negativos se originariam, segundo acreditam algumas
pessoas, no olhar de admiração, com sentimentos de inveja, dirigidos por
alguém, daí decorrendo o nome olhado. Na realidade, sabemos, hoje, por
meio do Espiritismo, que não são os olhos da pessoa que emitem
emanações boas ou más, e sim a sua mente. Os olhos são apenas um dos
veículos utilizados pelo organismo para percepção do ambiente que nos
cerca.

1.4 O MAGNETIZADOR ESPÍRITA

O recurso magnético, dentro de uma casa espírita, é largamente


utilizado como mecanismo de auxílio dos mais importantes, podendo
mesmo ser considerado recurso auxiliar indispensável nos tratamentos de
distúrbios, tanto no plano físico quanto no plano espiritual.
É muito importante salientar que, embora todas as pessoas tenham
capacidade de exteriorizações magnéticas, com possibilidades de prestar
auxílio aos mais necessitados, essa capacidade pode, e deve, ser
desenvolvida, principalmente, por meio do exercício regular, da retificação
do comportamento e da progressiva elevação moral.
Do magnetizador espírita exige-se, como indispensável, o desejo firme
e sincero de ajudar, pois os resultados das ações magnéticas dependem,
fundamentalmente, da nossa vontade e da nossa fé. Naturalmente, a vontade
não é tudo, como perceberemos no correr das nossas experiências, mas sem
ela nada é possível fazer.

1.5 UM
MODELO ELETROMAGNÉTICO
PARA O PERISPÍRITO8

É fato científico comprovado que cargas elétricas em movimento


sempre produzem os chamados campos magnéticos.
Considerando que movimentos de cargas elétricas — corrente elétrica
— podem ocorrer em minerais, vegetais e animais, além do próprio tecido
do perispírito, podemos referir-nos, conforme sua origem a:
▪Magnetismo mineral;
▪Magnetismo vegetal;
▪Magnetismo animal (aí incluído o humano); e
▪Magnetismo espiritual.
É também fato científico comprovado que o magnetismo (campo
magnético) provoca, por sua vez, ações magnéticas sobre cargas que se
movimentem na região em que ele se verifica. De tudo que foi acima
referido, pode-se concluir que todos os seres e todas as coisas do nosso
planeta acham-se, permanentemente, submetidas à ação magnética, ação
esta que pode ser mais ou menos intensa.
De todos os campos magnéticos observados na natureza, os mais
complexos e curiosos, embora de pouca intensidade, são exatamente
aqueles gerados pelos nossos próprios organismos.
O nosso espírito, de alguma forma, exterioriza um padrão magnético
característico que o envolve, de modo semelhante ao que se observa com
um ímã qualquer. A diferença é que, no caso do Espírito, o padrão é
extremamente mais complexo e varia bastante de Espírito a Espírito, em
função, principalmente, do seu estágio evolutivo, podendo ainda sofrer
modificações temporárias, embora que superficiais, por ação da sua própria
mente.
Esse padrão magnético gerado pelo Espírito age sobre a matéria do
ambiente em que se encontra, aglutinando-a, em tomo de si, de modo
semelhante ao que ocorre com limalhas de ferro em tomo de um ímã.
Como a frequência vibratória do padrão magnético do Espírito pode
variar bastante de caso a caso, temos como consequência que os tipos de
elementos sensíveis à ação desse padrão magnético também variam
bastante, residindo aí a razão fundamental das diferenças constitutivas entre
o corpo espiritual de um dado Espírito e o de outro. Em alguns, a matéria
que os forma, pois é matéria realmente, é mais facilmente perceptível,
enquanto que, em outros, geralmente mais evoluídos, ela é mais sutil. Uns
apresentam-se, por exemplo, mais luminosos, enquanto outros só adquirem
essa condição temporariamente e de forma imperfeita, e outros ainda em
nenhum momento conseguem apresentar tal característica.
Essa estrutura magnética, “recheada” de elementos específicos de
matéria, é que se denomina perispírito.
O perispírito, embora extremamente plástico, é praticamente
indestrutível. Quando nos depararmos com a informação de que, diante de
certas circunstâncias, um Espírito pode vir a “trocar” seu envoltório
espiritual, deveremos entender que ele, apenas, substitui a matéria
aglutinada pelo seu padrão magnético característico, mas nunca o próprio
padrão magnético. Se ele fosse substituído, ou destruído, também o seriam
todas as suas lembranças e seus demais registros que o caracterizam, isto é,
seria aniquilada a própria identidade do Espírito, pois se encontra no seu
perispírito o registro de todas as ocorrências em que participou durante toda
a sua existência, justamente aquilo que o individualiza.
Os campos magnéticos que formam o nosso perispírito interagem com
aqueles gerados nos níveis superiores do nosso cérebro, de modo que
informações são trocadas entre eles nos dois sentidos. O cérebro envia ao
Espírito, via perispírito, mensagens que dão conta das percepções colhidas
do próprio organismo e do meio ambiente em que o corpo se encontra. O
Espírito, por sua vez, envia ao cérebro comandos a serem executados pelo
organismo.
Os nossos pensamentos nada mais são que “moldes magnéticos”
relativamente voláteis, que se originam no nosso espírito e que, agindo
sobre o envo1tório fluídico que nos envolve, ali plasmam as “formas-
pensamento” que continuamente exteriorizamos. Esse mecanismo é em
tudo semelhante ao da aglutinação de matéria para composição do nosso
perispírito, conforme referido anteriormente. Há, contudo, uma diferença
fundamental, pois, enquanto o perispírito tem uma estrutura estável, essas
formas-pensamento, ao contrário, modificam-se progressivamente, a partir
do momento em que são criadas, pela ação dos campos magnéticos do
ambiente. Essas modificações são de tal ordem que as levam, após algum
tempo, invariavelmente, a uma desagregação completa. Desagregação
semelhante não acontece com o perispírito, em razão da presença do
Espírito, que está, permanentemente, a exteriorizar o “molde magnético”
que o constitui.
Mais adiante, voltaremos ainda a falar sobre formas-pensamento.
No nosso dia a dia, todos nós exercemos, em maior ou menor grau,
uma interação magnética contínua com o meio e com os indivíduos com
quem nos relacionamos. Essas interações podem trazer resultados benéficos
ou prejudiciais, a depender da faixa vibratória relativa de cada um.
Fora do campo puramente físico, todas as ações, quer sejam exercidas
por um Espírito encarnado ou por um desencarnado, são sempre ações
magnéticas recíprocas, isso desde um simples pensamento até fenômenos
mais complexos como uma materialização ou, mesmo, uma intervenção
para alteração da aparência de um Espírito qualquer.
6
ROUSTAING, J.-B. Os quatro evangelhos. v. 1.
7
Nota do autor: No decorrer deste trabalho usaremos, desde que não especificado em contrário,
o termo “negativo” como sinônimo de prejudicial, deletério e não no seu sentido matemático.
8
Nota do autor: Este item constitui-se num ensaio teórico e nele utilizaremos todos os termos
com os significados atribuídos pela ciência oficial.
2
OS FLUIDOS

Na natureza existe um grupo de substâncias denominadas


genericamente de fluidos, que apresentam propriedades em comum bastante
características. Em todas elas, observa-se, por exemplo, uma grande
facilidade em escoar. Isso acontece porque as suas moléculas deslocam-se
facilmente umas em relação às outras. Alguns exemplos poderão tornar
mais fácil a compreensão daquilo que acabamos de dizer.
São fluidos, quando na temperatura ambiente, as seguintes substâncias:
água, álcool, gasolina, leite, oxigênio, enfim, todos os líquidos e todos os
gases.
Pelos exemplos enumerados acima, pode-se perceber que, entre os
fluidos, não obstante várias propriedades em comum, existem, contudo,
muitas e fundamentais diferenças. Eles podem diferir bastante, desde
quanto à sua consistência e coloração até quanto à sua utilidade específica e
aos efeitos que podem causar no organismo humano.
Os Espíritos vieram nos revelar a existência de novas substâncias de
natureza fluídica até hoje desconhecidas da ciência oficial. Dizemos novas
com respeito a essas substâncias, embora muitas delas já se encontrem
referidas de alguma forma nos ensinamentos das antigas religiões orientais.
No presente estudo, faremos destaque para as seguintes substâncias de
natureza fluídica:
▪Fluido cósmico universal;
▪Fluido vital; e
▪Fluidos espirituais.

2.1 FLUIDO CÓSMICO UNIVERSAL

O fluido cósmico universal é, nas palavras de Kardec,9 “[...] a matéria


elementar primitiva, cujas modificações e transformações constituem a
inumerável variedade dos corpos da natureza”. Em outras palavras: é a
matéria primitiva básica a partir da qual todas as outras se formam.
A afirmação de que tudo o que existe formou-se a partir de uma
substância primitiva pode parecer difícil de aceitar, a uma primeira análise,
mas, isso fica bem mais fácil de aceitar ao lembrarmos que a ciência oficial
já demonstrou, inclusive com experiências de laboratório, que todas as
substâncias, hoje conhecidas, podem ser obtidas a partir de átomos de
hidrogênio, bastando que se verifiquem condições adequadas.
Não devemos, contudo, concluir, pois estaríamos em erro, ser o
hidrogênio a mesma coisa que o fluido cósmico universal. Podemos, isso
sim, notar que, após o surgimento do hidrogênio, formado a partir do fluido
cósmico universal, a produção das demais substâncias passa a ser uma
decorrência regida por leis que já começam a ser desvendadas pela própria
ciência oficial.
Vale a pena lembrar que as referências de Kardec ao fluido cósmico,
como matéria-prima original do universo, foram apresentadas ao mundo em
A gênese, editada em 1868, enquanto a descoberta da ciência referente ao
hidrogênio como substância fundamental, da qual todas as outras se
originam, só surgiu com Rutherford,10 nos primeiros anos do nosso século
[séc. XX]. A confirmação experimental dessa descoberta, inclusive, só veio
a ocorrer várias décadas depois.
O fluido cósmico universal existe em todos os recantos do universo,
decorrendo daí o seu nome.
2.2 FLUIDO VITAL

O fluido vital, também chamado de princípio vital, é uma forma


modificada do fluido cósmico universal. Ele é o elemento básico da vida.
Vida aqui considerada no sentido atribuído pela ciência, que se caracteriza
pelos fenômenos do nascimento, crescimento, reprodução e morte. Observe
que, nessa categoria, evidentemente, não se incluem os Espíritos, já que não
satisfazem, pelo menos, às duas últimas condições — reprodução e morte.
Em Gabriel Delanne,11 vamos encontrar literalmente: “a alma não é vivente,
porque seja mais e melhor: tem ‘existência integral’ [...]” (grifo nosso).
Em A gênese,12 Kardec assegura que “[...] pela morte, o princípio vital
se extingue”. De fato, é a existência, ou não, de fluido vital que distingue
um corpo vivo de outro sem vida. A diferença entre uma árvore viva e um
pedaço de madeira é justamente a presença do fluido vital na primeira e a
ausência na segunda.
Apesar de já contarmos, ao nascer, com certa quantidade de fluido
vital, o nosso corpo precisa ser constantemente suprido desse fluido, em
razão da sua constante utilização, principalmente nos processos ligados ao
metabolismo. É, contudo, característica dos seres vivos a capacidade de
produzir fluido vital, continuamente, a partir do fluido cósmico universal,
como também a capacidade de absorvê-lo diretamente, a partir dos próprios
alimentos. Outra possibilidade de absorção do fluido vital é por meio da
transfusão fluídica. Kardec se refere claramente a essa possibilidade quando
afirma13 que: “O fluido vital se transmite de um indivíduo a outro”. É
justamente essa propriedade, característica do fluido vital, um dos
fundamentos em que se baseia o passe.
No mesmo capítulo da obra de Kardec citada acima, encontramos
ainda a informação: “A quantidade de fluido vital não é a mesma em todos
os seres orgânicos: varia segundo as espécies, e não é constante no mesmo
indivíduo, nem nos vários indivíduos de uma mesma espécie”. Realmente,
na infância, a capacidade de processar o fluido cósmico para a produção do
fluido vital é muito acentuada. Essa capacidade se mantém mais ou menos
inalterada durante a juventude, mas, a partir de certa idade, ela torna-se
bastante reduzida, fato este que leva a uma diminuição progressiva da
vitalidade do indivíduo, levando ao envelhecimento geral do organismo. A
morte ocorre quando o organismo perde a capacidade de produzir e reter
uma certa quantidade mínima de fluido vital — morte natural —, ou quando
uma lesão mais séria no corpo físico provoca uma taxa de escoamento desse
fluido em quantidades superiores à sua capacidade de produção — morte
acidental.
Os seres do mundo espiritual, por não possuírem fluido vital, é que
necessitam do nosso concurso, como indispensável, para muitas das tarefas
assistenciais a que se propõem.

2.3 FLUIDOS ESPIRITUAIS

“A qualificação de fluidos espirituais não é rigorosamente exata, pois


que, em definitivo, se trata sempre de matéria mais ou menos
quintessenciada. Nada há de realmente espiritual senão a alma ou princípio
inteligente. Eles são assim designados por comparação, e sobretudo em
razão de sua afinidade com os Espíritos.”14
Apesar da advertência de Kardec que transcrevemos acima, costuma-
se agrupar, sob o título de fluidos espirituais, os fluidos emitidos pelos
Espíritos e característicos do mundo espiritual, todos eles originados, em
última análise, a partir do fluido cósmico universal.
Os fluidos ditos espirituais são produzidos a partir de uma
transformação que sofre o fluido cósmico universal por ação do
magnetismo associado aos pensamentos e sentimentos do Espírito, quer
esteja ele encarnado quer esteja desencarnado. O magnetismo “polariza” o
fluido cósmico, dando-lhe propriedades características novas. De um modo
figurativo, é como se nos encontrássemos imersos em água límpida — o
fluido cósmico — e passássemos a desprender do nosso organismo uma
tintura qualquer — os nossos pensamentos e sentimentos — que iria
tingindo a água ao nosso derredor. A cor da tinta liberada representaria os
nossos sentimentos e pensamentos do momento.
Nas obras da Codificação, encontramos ainda que a diversidade de
modos intangíveis pelas quais o fluido universal pode apresentar-se chega a
ser maior que o número de substâncias tangíveis que conhecemos, logo a
diversidade de fluidos aqui agrupados é enorme. Cada uma dessas
modalidades, embora tendo a mesma origem, constitui um fluido distinto,
com propriedades e características bem específicas.
Os fluidos espirituais podem ser produzidos por qualquer entidade
espiritual, mesmo que encarnada. Assim, cada um de nós está
continuamente emitindo vários tipos diferentes de fluidos para o ambiente
que nos envolve, sempre caracterizados pelos nossos pensamentos e
sentimentos. Os fluidos espirituais podem, portanto, ser de ódio, de inveja,
de ciúme, de prepotência, de orgulho, de amor, de simpatia, de pena, ... E,
por sua vez, podem agir sobre outras pessoas com efeitos irritantes,
excitantes, tônicos, soporíferos, calmantes, reparadores...

2.4 COMO
OS FLUIDOS SE
MOVIMENTAM

Agora que sabemos da existência de tão vasta quantidade de tipos


diferentes de fluidos, vamos procurar identificar os fatores principais que
determinam seus deslocamentos, isto é, pesquisar como eles se comportam
após serem produzidos e lançados no meio ambiente. Será que ficam
permanentemente em torno da pessoa que os produziu? Será que, podem ser
atraídos ou repelidos por ação da nossa vontade?
Para obtermos respostas a essas perguntas, reportemo-nos, mais uma
vez, às obras da Codificação. Em A gênese,15 vamos encontrar: “Os fluidos
se unem em razão da semelhança de sua natureza; os fluidos dissemelhantes
se repelem; há incompatibilidade entre os bons e os maus fluidos, como
entre o azeite e a água”. Assim, em outras palavras, podemos dizer que:
fluidos do mesmo tipo se atraem, e fluidos de tipos opostos se repelem. A
essa assertiva passaremos a denominar Lei Fundamental dos Fluidos.
Se meditarmos um pouco, vamos observar que a Lei Fundamental dos
Fluidos, conforme acima apresentada, é de uma sabedoria realmente
superior. Veja-se que, se o nosso espírito é levado, por exemplo, a emitir
vibrações magnéticas de harmonia, por meio de uma ação consciente ou
não, essas vibrações agirão sobre o fluido cósmico universal, que estamos
continuamente a absorver, modificando-o, de modo a produzir fluidos
polarizados em harmonia. Por meio desse mecanismo, colocamo-nos na
condição de verdadeira fonte de fluidos de harmonia.
Esses fluidos, liberados pelo nosso organismo, vão se acumulando em
torno de nós e, ao cabo de alguns momentos, nos envolverão
completamente. Neste estado, em vista da Lei Fundamental dos Fluidos,
passaremos a atrair outros fluidos de harmonia — mesmo tipo — existentes
no ambiente.
De modo análogo ocorrerá quando as vibrações magnéticas originadas
do nosso espírito forem, por exemplo, de ódio, inveja, ou qualquer outro
sentimento. Assim, conclui-se que somos bombardeados, inexoravelmente,
pelo mesmo tipo de fluido que estamos a emitir. Em resumo, ao nos
colocarmos na condição psíquica necessária para produção de um
determinado tipo de fluido, estaremos nos colocando, também, na condição
vibratória própria para atrair, e absorver, aquele mesmo tipo de fluido. Esse
é um exemplo perfeito que serve para demonstrar a ação da Lei de Causa e
Efeito, pois estaremos recebendo exatamente aquilo que estamos a dar,
inclusive na mesma intensidade.
Vale antecipar aqui que, conforme veremos mais adiante, uma parcela
desses fluidos é absorvida pelo nosso próprio organismo. Eles, quando
deletérios, causam verdadeiras intoxicações, com consequências severas ao
organismo como um todo.
Um outro aspecto importante relativo aos fluidos refere-se ao fato de
que eles também podem ser deslocados por ação magnética. Em
Roustaing,16 vamos encontrar que os fluidos se reúnem pela ação do
magnetismo. Lembrando que o nosso pensamento — exteriorização da
nossa vontade — é magnetismo, fica fácil concluirmos que os fluidos
podem ser deslocados, também, por ação direta da nossa vontade. Para
atingir esse objetivo, é contudo necessário manter-se o pensamento fixo,
firmemente a mentalizar essa ideia, durante alguns momentos. É importante
notar que outras forças irão também agir, simultaneamente com a nossa,
sobre os fluidos que nos propomos deslocar, inclusive, muitas vezes, com
objetivos opostos. O nosso intento, por isso mesmo, pode ser atingido ou
não, a depender da relação de forças que se estabeleça. Quando se está a
aplicar um passe, várias forças encontram-se atuando sobre os fluidos que
se pretende deslocar, sendo apenas uma delas a produzida pela vontade do
passista. Há, contudo, uma outra que não se deve menosprezar, pela sua
grande relevância, que é aquela exercida pelo posicionamento mental do
paciente.
Mesmo reconhecendo o papel que o pensamento desempenha nas
movimentações de fluidos, não devemos esquecer que, em todas situações
imagináveis, a Lei Fundamental dos Fluidos estará presente e, em razão
dela, muitas vezes os maiores esforços mentais para deslocar fluidos podem
mostrar-se totalmente infrutíferos. Um exemplo disso é o caso de alguém
que pretenda deslocar fluidos deletérios com o objetivo de atingir outra
pessoa, estando essa última bem equilibrada e a produzir fluidos opostos.
Os fluidos deletérios endereçados serão automaticamente repelidos sem
atingi-la e provavelmente não deixarão qualquer vestígio de sua passagem.
Mais adiante, compreenderemos que os princípios analisados neste
capítulo constituem alguns dos fundamentos básicos de toda a teoria do
passe.
9
KARDEC, Allan.: A gênese. Cap. XIV.
10
Ernest Rutherford, 1871 a 1937.
11
DELANNE, Gabriel. A evolução anímica. Cap. X.
12
KARDEC, Allan. A gênese. Cap. X.
13
KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Primeira Parte, cap. IV.
14
Id. A gênese. Cap. XIV.
15
KARDEC, Allan. A gênese. Cap. XIV.
16
ROUSTAING, J.-B. Os quatro evangelhos. v. 1.
3
ESPÍRITO E PERISPÍRITO

O Espírito é a fagulha divina, sede da consciência e da razão, e o


perispírito, o envoltório sutil que o reveste.
O Espírito parece ser de natureza imaterial, já o perispírito é,
indubitavelmente, constituído de matéria, embora seja um tipo de matéria
que normalmente não consegue impressionar qualquer dos nossos cinco
sentidos.
O perispírito, segundo O livro dos espíritos,17 é formado de uma
substância “vaporosa” para os nossos olhos, mas ainda bastante “grosseira”
para a percepção dos Espíritos desencarnados.
Em A gênese,18 encontramos a informação de que: “o envoltório
perispirítico de um Espírito se modifica com o progresso moral que este
realiza [...]”. Isso quer dizer que o perispírito vai se modificando à
proporção que a sua evolução moral vai ocorrendo. Tais modificações se
verificam tanto na sua estrutura magnética quanto no tipo de matéria por ela
aglutinada, tendendo sempre para uma composição cada vez mais sutil.
Naturalmente, tanto os Espíritos encarnados quanto os desencarnados
possuem perispírito. No caso de encarnado, a sua constituição depende
fundamentalmente do estágio em que se encontra o planeta que habita e, em
menor escala, da sua própria evolução individual. No caso dos
desencarnados, a consistência do perispírito dependerá, principalmente, do
grau de evolução que o Espírito atingiu, podendo haver grandes diferenças
na consistência e na constituição do perispírito entre um Espírito e outro.
Essa diferenciação chega a ponto de Espíritos mais atrasados, muitas vezes,
não conseguirem perceber a presença de outros com perispíritos mais sutis.
É sempre possível, contudo, aos Espíritos mais evoluídos, adensarem,
propositadamente, seu perispírito, a fim de se tornarem visíveis a outros
menos evoluídos, ou até às pessoas encarnadas.
Gabriel Delanne19 afirma, sobre o perispírito, que ele:
▪ “Tem por função reter todos os estados de consciência, de
sensibilidade ou de vontade”;
▪“É o reservatório de todos os conhecimentos”;
▪“É ele que armazena, registra, conserva todas as percepções, todas as
volições e ideias da alma”;
▪É o “guardião fiel, o acervo imperecível do nosso passado [...]”.
O perispírito é, pois, uma espécie de “corpo material” do Espírito e é
nele que se acumulam os registros de todas as ocorrências em que se
envolve o indivíduo durante sua longa jornada evolutiva. É ele o arquivo
imperecível de todas as lembranças, o armazém da memória, a sede de
todos os estados conscienciais pretéritos. É ainda a ideia diretora, o plano
detalhado que controla minuciosamente a formação e a conservação da
estrutura orgânica de que se utiliza o Espírito como vestimenta de trabalho
durante as suas experiências reencarnatórias, neste e em outros mundos.
O perispírito desempenha, pois, papel fundamental na manutenção da
integridade do corpo físico e da própria individualidade do ser.
Para a ciência materialista, tem sido uma incógnita o equilíbrio do
processo de renovação celular do corpo humano. Nas palavras do Dr.
Heizaburo Ichikawa, diretor do Centro Hospitalar Nacional do Câncer, com
sede em Tóquio, em artigo publicado na revista “Kenshu-in” nº. 62, temos
esta constatação. Ele diz:

Um dos espantosos mistérios dos seres vivos é o sistema de cuidadoso equilíbrio pelo qual
seus corpos são capazes de produzir células novas, no lugar das antigas, mantendo, por esse
meio, o mesmo número anterior.20
Realmente, para conseguir explicar essa capacidade dos seres vivos,
parece faltar algum elemento aos cientistas. Nós espíritas sabemos
exatamente qual é esse elemento que falta — o perispírito.
É graças ao perispírito que os tecidos do corpo físico podem se
renovar, ou se regenerar, em casos de lesões, ocupando, os novos,
exatamente os lugares dos antigos.
No campo das percepções e das ações conscientes executadas por um
indivíduo encarnado, o perispírito desempenha papel de extrema relevância.
Sempre que um Espírito acha-se vinculado a um corpo físico, as
informações sensoriais captadas pelo corpo físico são continuamente
registradas no perispírito e, por meio dessas informações, o Espírito toma
conhecimento — entenda-se, consciência — do ambiente e de certas
condições funcionais do próprio corpo físico.
As informações que chegam ao Espírito e que necessitam de uma
decisão sua são por ele devidamente analisadas, procurando fazer um juízo
da situação, de forma, que, com base em outras ocorrências semelhantes
vivenciadas anteriormente e devidamente catalogadas no perispírito, possa
ele, o Espírito, tomar a decisão adequada. A deliberação será encaminhada
ao corpo físico por meio do perispírito, ficando neste automaticamente
registrada para futuras consultas, atualizando-se assim o acervo de dados e
informações que constitui a memória. O córtex cerebral, ao receber os
comandos provenientes do Espírito, providencia a sua execução a nível do
plano físico.
17
KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Parte Segunda, cap. I.
18
Id. A gênese. Cap. XIV.
19
DELANNE, Gabriel. A evolução anímica. Cap. I.
20
No original: “One of the amazing mysteries of living things is the system of careful balance by
which their bodies are capable of producing new cells in the place of old ones, thereby retaining
the same number as before”.
4
DUPLO ETÉRICO

Segundo André Luiz,21 todas as agregações celulares emitem


radiações, e essas radiações se articulam, por meio da cooperação funcional,
formando em torno dos corpos que as exteriorizam algo que ele denomina
tecidos de força. Na obra referida, encontramos ainda:

Todos os seres vivos [...], dos mais rudimentares aos mais complexos, se revestem de um
“halo energético” que lhes corresponde à natureza. No homem, contudo, semelhante projeção
surge profundamente enriquecida e modificada pelos fatores do pensamento contínuo que, em se
ajustando às emanações do campo celular, lhe modelam, em derredor da personalidade, o
conhecido corpo vital ou duplo etéreo [...] (grifos nossos).

O duplo etérico22 é, pois, um corpo fluídico, que se apresenta como


uma duplicata energética do indivíduo, interpenetrando o seu corpo físico,
ao mesmo tempo em que parece dele emergir. O duplo etérico emite,
continuamente, uma emanação energética que se apresenta em forma de
raias ou estrias que partem de toda a sua superfície (Fig. 11). Ao conjunto
dessas raias é que, geralmente, se denomina aura interna.
Figura 11: Aura Interna
É justamente a aura interna que parece ser captada nas fotografias
Kirlian dos seres vivos.
A aparência da aura interna varia bastante de pessoa para pessoa,
principalmente quanto à intensidade e à coloração. Numa mesma pessoa,
suas características podem se modificar entre um ponto e outro do
organismo e também em função da saúde, da alimentação, dos sentimentos,
enfim, das condições gerais em que se encontra o indivíduo.
As raias que formam a aura interna das pessoas variam também quanto
à sua intensidade e amplitude. A amplitude, em geral, é maior nas
extremidades do corpo, muito embora, mesmo nesses pontos, não chegue
além de um ou dois centímetros.
Após o ponto em que as estrias da aura interna se extinguem, verifica-
se, ainda, por mais de uma dezena de centímetros, já sem acompanhar
perfeitamente a forma do corpo, uma luminosidade difusa, que parece
envolver a pessoa num casulo vaporoso de formato ovoide. Essa
luminosidade, que também se origina das emanações do duplo etérico, é
chamada aura externa, ou, simplesmente aura (Fig. 12).
A aura é uma espécie de chapa fotográfica sensível em que todos os
estados de espírito se fixam com suas mínimas características. Ela é a nossa
“fotosfera psíquica”, que, apresentando coloração variável, de
conformidade com o teor da onda mental que emitimos, retrata, por meio de
cores e imagens, todos os nossos sentimentos e pensamentos, mesmo os
mais secretos.
É justamente o duplo etérico a principal fonte a fornecer o componente
fluídico para produção das formas-pensamento, a respeito de que falamos
em capítulo anterior.
Os nossos pensamentos, que, conforme já vimos, são produtos do
Espírito, interagem com o envoltório fluídico que nos cerca, produzido
principalmente pelas emanações do duplo etérico. Assim são plasmadas as
formas-pensamento, que adquirem uma espécie de “vida” própria. Essas
formas-pensamento — nossas criações mentais — são verdadeiros “pacotes
fluídicos” que, a partir do momento em que se exteriorizam para o
ambiente, ficam ao sabor das forças de atração e repulsão que regem os
deslocamentos de fluidos.
Sempre que, por meio dos nossos pensamentos e sentimentos,
entramos em ressonância vibratória com um desses “pacotes”, ele é
imediatamente atraído e, ao atingir-nos, será parcialmente, ou totalmente,
assimilado pelo nosso organismo, produzindo em nós efeitos de
conformidade com suas características vibratórias específicas: os bons
causando bem-estar, os maus induzindo toda sorte de desequilíbrios.
Figura 12: Aura Externa
21
XAVIER, Francisco Cândido; VIEIRA, Waldo. Evolução em dois mundos. Primeira Parte,
cap. XVII.
22
N.E.: Duplo etéreo ou etérico é o conjunto de emanações ou eflúvios vitais de natureza
neuropsíquica, oriundas do corpo físico e do períspirito do ser humano encarnado (XAVIER,
Francisco Cândido. Nos domínios da mediunidade. Pelo Espírito André Luiz. 1. ed. especial, 4.
imp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 11, p. 96)
5
OS CENTROS VITAIS

Na superfície do duplo etérico podem ser observadas certas regiões de


características bem singulares. Elas são geralmente descritas como tendo a
aparência dos redemoinhos que algumas vezes se formam na superfície dos
líquidos.
São os chamados centros vitais.23 Seus diâmetros variam de caso a
caso, mas de um modo geral medem de um a cinco centímetros.
Verificações mais atentas mostram que eles apresentam, em sua superfície,
altos e baixos, como uma onda. Para muitos, lembram uma flor, sendo que
o número de “pétalas” parece ser uma característica e cada centro.
Os centros vitais do duplo etérico são pontos por excelência de
absorção energética do organismo e todos eles interagem, direta ou
indiretamente, uns com os outros, em processo de constante permuta
energética. Além disso, todos eles apresentam ainda uma certa conexão com
o funcionamento de determinado grupo de órgãos do corpo físico, conforme
verificaremos adiante.
É interessante notar que também existem, no perispírito, estruturas
semelhantes às dos centros vitais do duplo etérico. Entre cada centro do
duplo etérico e o seu correspondente no perispírito, observa-se a existência
de laços fluido-magnéticos permanentes que os interligam e que só se
rompem com a morte do corpo físico. São esses laços que, juntos, formam o
geralmente denominado cordão fluídico ou cordão prateado. O cordão
fluídico é elo fundamental entre corpo físico e períspirito.

Figura 13: Centros Vitais


É importante observar-se que existem, no corpo físico, plexos nervosos
importantes nas regiões correspondentes aos centros vitais, exceção feita ao
centro coronário e ao centro frontal.
Para o passista, é muito importante ter sempre em mente que os
centros vitais captam energias, transferindo-as ao corpo físico e também
que todos eles se encontram em constante permuta energética entre si,
fazendo com que qualquer desequilíbrio em um deles reflita-se
automaticamente em todo o conjunto e, por consequência, em todo o corpo
físico.
Por ocasião do passe, devemos procurar agir sobre todos os centros
vitais, mesmo que o desequilíbrio reportado pareça exclusivo de um deles,
isso porque é certeza quase matemática que o desequilíbrio de um deles
acaba por se propagar aos demais. Naturalmente, pode-se dedicar mais
atenção a uns que a outros.
Embora alguns falem de 8 e até 12 centros vitais, no livro Evolução
em dois mundos encontramos referência a apenas 7. Apresentaremos, a
seguir, ligeira descrição de cada um desses centros referidos por André Luiz
(Fig. 13).

5.1 CENTRO CORONÁRIO

Está localizado na parte superior da cabeça, mantendo relacionamento


funcional com os órgãos situados no interior do crânio, principalmente a
epífise, Constitui-se no principal ponto de assimilação dos estímulos
provenientes do plano espiritual. Ele coordena o funcionamento dos demais
centros e torna-se assim responsável pela estabilidade de todo o
metabolismo orgânico, sendo ainda o mais significativo dos pontos de
conexão entre o corpo físico e o perispírito.
O centro coronário merece atenção especial por ocasião do passe
destinado a portadores de processos obsessivos.
Nas palavras de André Luiz,24 do centro coronário parte “[...]corrente
de energia vitalizante formada de estímulos espirituais [...]” que transmite
“aos demais centros [...] os reflexos vivos de nossos sentimentos, ideias e
ações, tanto quanto esses mesmos centros, interdependentes entre si,
imprimem semelhantes reflexos nos órgãos [...]” do nosso corpo.

5.2 CENTRO FRONTAL

Encontra-se localizado na região situada entre as sobrancelhas,


atuando sobre o córtex cerebral, com ação predominante sobre o
funcionamento global do sistema nervoso. Exerce forte ação sobre a
hipófise, controlando, por esse meio, todo o sistema endócrino. Está ligado
às atividades intelectuais e à vivência mediúnica, sendo por isso muitas
vezes denominado “terceiro olho”.

5.3 CENTRO LARÍNGEO

Apresentando-se na região anterior do pescoço, é ele que exerce


controle sobre a respiração e a fonação, estando também ligado ao
mecanismo da audição. É um centro muito importante, pois a
materialização das ideias por meio da palavra reforça, em muito, a precisão
das formas que estão sendo plasmadas por ação do pensamento.
Merece especial atenção nos médiuns, pois também tem ligações com
a audição mediúnica.

5.4 CENTRO CARDÍACO

Está localizado na região do coração, dirigindo a emotividade e a


distribuição das energias vitalizantes no organismo. Em virtude das tensões
características do mundo moderno, e da dificuldade que ainda temos em
controlar as nossas emoções, é hoje um dos centros que, no adulto,
comumente apresenta desequilíbrios.

5.5 CENTRO ESPLÊNICO

Situado na região anterior esquerda do organismo, na qual se localiza a


última costela, ele controla o equilíbrio de todo o sistema hemático, sendo o
principal elemento de captação das energias do plano espiritual,
principalmente do fluido cósmico universal, daí sua grande influência sobre
a vitalidade do indivíduo.

5.6 CENTRO GÁSTRICO

É também denominado solar e está situado um pouco acima do


umbigo. Age fundamentalmente sobre os órgãos da digestão e apresenta,
também, certa ligação com o estado emocional do indivíduo.

5.7 CENTRO GENÉSICO

É muitas vezes denominado de sagrado e situa-se na região do baixo


ventre. Suas energias agem sobre os órgãos ligados à reprodução, às
atividades sexuais e ainda sobre os estímulos referentes ao trabalho
intelectual.
23
N.E.: Os Centros vitais ou Centros de força estão, efetivamente localizados no períspirito, não
no duplo etéreo, segundo estas palavras do Espírito André Luiz: a) “Analisando a fisiologia do
períspirito classifiquemos os seus centros de força ....” (XAVIER, Francisco Cândido. Entre a
terra e o céu. Pelo Espírito André Luiz. 27. ed. 1. imp. Brasília, FEB: 2013. Cap. 20, p. 135); b)
“São os centros vitais fulcros energéticos [....] e detemos todos no corpo espiritual” [psicossoma
ou períspirito] (XAVIER, Francisco Cândido; VIEIRA, Waldo. Evolução em dois mundos.
Primeira parte. 27. ed. 1. imp. Brasília: FEB, 2013. Cap. 2, it. Centros vitais e células, p. 28).
24
XAVIER, Francisco Cândido; VIEIRA, Waldo. Evolução em dois mundos. Primeira Parte,
cap. II.
6
ENFERMOS E ENFERMIDADES

Neste capítulo, investigaremos as causas fundamentais que dão origem


às enfermidades do corpo e da mente, que tanto fustigam os habitantes do
nosso planeta e que são, de uma forma ou de outra, a fonte principal dos
nossos sofrimentos e pesares.
Os homens de ciência, desde a mais remota antiguidade, vêm
promovendo incansavelmente uma guerra sem tréguas na tentativa de
identificar as origens, entender o desenvolvimento e descobrir o modo de
tratar cada um dos males que atacam a espécie humana. Nessa luta, quase
desesperada, muitas batalhas foram vencidas. Hoje, grande parte das
enfermidades pode ser debelada e muitas outras evitadas. De um modo até
certo ponto desconcertante, observamos, contudo, que, ao se conseguir
controlar uma determinada doença grave, uma outra prontamente vem
tomar seu lugar no papel de flagelo dos homens.
Se meditarmos um pouco, vamos observar que é exatamente isso que
tem ocorrido no decorrer dos tempos. No início foi a lepra, depois a peste, a
tuberculose, a paralisia infantil, o câncer e as doenças cardiovasculares, e
finalmente, hoje, o desafio maior parece ser o controle da AIDS (Síndrome
da Deficiência Imunológica Adquirida).
A medicina, teimosamente fazendo questão de ignorar os aspectos
ligados ao Espírito, tem estudado o homem apenas pela metade, já que tem
limitado suas pesquisas exclusivamente ao corpo físico. Por isso mesmo
tem amargado muitas derrotas.
Sem se admitir a existência do Espírito, da lei do carma, da
reencarnação e das permutas fluídicas em que permanentemente estamos
envolvidos, fica muito difícil entender a maioria das enfermidades que nos
acometem e lidar com elas.
O passista responsável não pode de forma alguma cometer, também,
esse equívoco dos cientistas e, já que o seu objetivo maior é ajudar a
restaurar o equilíbrio orgânico do paciente, deve dedicar-se continuamente
ao estudo das situações que conduzem e influenciam tais desequilíbrios.
Imbuído dessa convicção, incluímos o presente capítulo, o qual tem por
objetivo facilitar a compreensão dos mecanismos das ações benéficas e
deletérias que os fluidos podem causar. Este capítulo tem também o
objetivo de expor a forma pela qual os componentes cármicos afetam o
nosso equilíbrio orgânico.
Mesmo nos casos tão comuns de infestações microbianas, o estado
fluídico do organismo e as predisposições cármicas representam fatores
absolutamente determinantes.
Bezerra de Menezes, segundo relato contido no livro Grilhões
partidos,25 revela-nos que “toda enfermidade, resguardada em qualquer
nomenclatura, sempre resulta das conquistas negativas do passado espiritual
de cada um”.
De conformidade com suas origens, as enfermidades humanas podem
ser classificadas, pois, em três grandes grupos que são:
▪Patologias fluídico-ambientais;
▪Patologias obsessivas; e
▪Patologias cármicas.
Essa classificação, ora proposta, evidentemente nada tem de absoluta,
pois é muito comum nos depararmos com mais de um destes fatores
associados, apresentando-se como origem de uma determinada
enfermidade, num determinado indivíduo. Por outro lado, concordamos
também que todo processo obsessivo e as predisposições a patologias
ambientais têm, sempre, em última análise, um componente cármico.
O que pretendemos com essa classificação é apenas simplificar o
estudo das causas segundo as quais cada um desses aspectos é
desencadeado, bem como estudar seus mecanismos gerais de ação. Com
esse objetivo em mente, passaremos a estudar, individualmente, cada um
desses grupos.

6.1 PATOLOGIAS FLUÍDICO-


AMBIENTAIS

Conforme visto no capítulo precedente, vivemos todos os momentos


da nossa vida literalmente envoltos em emanações fluídicas das mais
variadas espécies e, razão da própria categoria evolutiva primária do nosso
planeta, em quase todos os locais, predominam ainda os fluidos de
qualidade inferior.
Se considerarmos que cada um de nós está continuamente não só a
emitir mas também a absorver fluidos do ambiente em que se encontra, e
que estes fluidos exercem ações marcantes sobre o nosso organismo, fica
fácil perceber quanto ao perigo potencial a que permanentemente estamos
expostos.
Em decorrência da absorção de fluidos deletérios ambientais é que, na
grande maioria das vezes, desfaz-se a harmonia funcional relativa em que
se mantém o nosso organismo, fenômeno que se exterioriza, geralmente,
sob a forma de uma enfermidade qualquer. Quando isso ocorre, estamos
diante de um exemplo típico do que chamamos patologia fluídico–
ambiental.
As patologias fluídico-ambientais, afortunadamente, nem sempre
atingem o último e mais grave estágio, que se caracteriza pelo
comprometimento perceptível do corpo físico. Se nos mantivéssemos um
pouco mais atentos, buscando evitá-las ou mesmo combatendo-as nos
primeiros estágios, com certeza teríamos um mundo com menos
desequilíbrios e menos enfermidades. A maior dificuldade, reconhecemos, é
que, para a grande maioria das pessoas, não é fácil perceber a instalação de
uma patologia fluídica nos seus primeiros momentos, justamente a ocasião
em que seria mais fácil combatê-la. Após atingir o corpo físico, os cuidados
necessários já são de ordem bem mais complexa, e os prejuízos, mais
acentuados.
Aqui, como em qualquer outra enfermidade, o ideal mesmo é a
prevenção. Devemos usar sempre de todos os meios possíveis a fim de
evitar a absorção de fluidos de qualidade inferior.
A forma mais adequada de evitarmos problemas de ordem fluídica é
procurarmos manter um padrão vibratório elevado, cultivando bons
pensamentos. Desse modo, estará excluída a possibilidade de entrarmos em
sintonia com fluidos de qualidade inferior. Já vimos anteriormente que, se
estivermos vigilantes, todo o tempo, contra sentimentos e pensamentos
inferiores, também, todo o tempo, estaremos envolvidos numa verdadeira
“atmosfera fluídica” salutar, que, por ação da Lei Fundamental dos Fluidos,
nos resguardará de qualquer influência perniciosa por parte dos fluidos do
ambiente.
Assim procedendo, estaremos criando defesas contra patologias de
origem ambiental, mesmo que necessitemos, por uma razão qualquer,
frequentar ambientes poluídos, do ponto de vista fluídico.
Imperfeitos que somos, naturalmente teremos dificuldades de manter a
vigilância permanentemente. Devemos, contudo, promover um esforço
mais sério quando nos encontrarmos em locais que, por sua própria
natureza, favoreçam um teor vibratório de baixa qualidade. O ideal, é claro,
seria evitá-los, mas sabemos que isso nem sempre é possível. Temos certeza
de que o leitor está imaginando estarmos nos referindo a ambientes como
bares, casas de jogos, boates, cinemas pornográficos etc. Há, contudo,
muitos outros a respeito dos quais, também, deveremos estar prevenidos.
São locais onde a qualidade predominante dos fluidos não é boa, não sendo
este fato, contudo, evidente por si mesmo. Neles será sempre mais fácil
sermos apanhados desprevenidos. Muitas vezes trata-se da casa de um
amigo ou parente, ou até da sala de trabalho de um colega de repartição. Em
qualquer desses locais, podem predominar fluidos de inveja, ciúme,
maledicência, ira etc.
Evitar ambientes fluidicamente poluídos é uma recomendação que se
aplica genericamente a todos, embora com maior rigor às pessoas que não
estejam em condições razoáveis de equilíbrio e aos passistas,
principalmente nos dias dedicados ao trabalho assistencial. Aos primeiros, a
recomendação é feita porque eles se encontram mais vulneráveis, e aos
segundos, porque devem promover todo o esforço para chegar à instituição
onde executam o seu trabalho nas melhores condições possíveis de
equilíbrio. E é sempre melhor não arriscar.
De qualquer forma se, por invigilância, deixarmos cair o nosso padrão
vibratório e, em consequência, captarmos fluidos indesejáveis, deveremos
recorrer, tão cedo quanto possível, a um dos mecanismos de limpeza
fluídica ao nosso alcance, de modo a evitar as consequências desagradáveis
que certamente se apresentarão.
Várias opções podem ser utilizadas para que se efetue a limpeza
fluídica do nosso organismo, merecendo destaques especiais o passe e a
prece.

6.2 PATOLOGIAS OBSESSIVAS

No decorrer das nossas inúmeras encarnações, temos prejudicado, por


ações e, algumas vezes, por omissões, companheiros da longa jornada
evolutiva que estamos todos a empreender. Na tentativa de assumir posições
de maior destaque e quase sempre com vistas a satisfazer a vaidade pessoal,
geralmente comandada pelo sentimento mesquinho do egoísmo, é que
temos, tantas vezes, usurpado direitos, subjugado infelizes, praticado
violências, pregado a desunião, arquitetado e executado planos nefastos de
dominação, enfim, usado de modo indigno as ferramentas benditas de
progresso que Deus nos concedeu. E, dessa forma, no decorrer das nossas
múltiplas encarnações, temos transformado em vítimas ou comparsas tantos
dos que conosco têm partilhado experiências reencarnatórias que se
destinavam, com certeza, ao aprendizado e aperfeiçoamento recíproco. A
preservação da individualidade após a morte do corpo físico dá, a muitos
desses companheiros vilipendiados, imbuídos de sentimentos de rancor, a
oportunidade de buscar o revide. Procuram nos localizar e, quando o
conseguem, colocam-se na condição de cobradores ferrenhos, arquitetando
planos terríveis de vingança e constituindo-se no que a terminologia espírita
denomina genericamente de obsessores cármicos.
Os obsessores cármicos são, portanto, geralmente, ex-vítimas nossas,
de um passado mais ou menos remoto e que, hoje, na condição de Espíritos
desencarnados, imbuídos de sentimentos rancorosos, procuram nos
prejudicar por todos os meios possíveis. Em geral, eles operam em grupos,
pois assim conseguem resultados mais rápidos e contundentes.
Os processos obsessivos podem também se instalar por razões
exatamente opostas às que acabamos de nos referir. São os casos de
obsessão por afinidade. Essa é a situação em que um Espírito desencarnado,
normalmente ainda muito ligado às coisas materiais, identifica em um
encarnado inclinações e sentimentos semelhantes aos seus e, exatamente
por isso, se elege nosso companheiro permanente.
Observe-se que, nesse caso, não há motivação deliberada de causar
mal, mas, apesar disso, a presença constante do obsessor já é suficiente para
desarmonizar completamente o parceiro encarnado. Dizemos “parceiro”
porque, na maioria desses casos, se estabelece uma verdadeira simbiose
entre obsessor e obsediado, ficando difícil mesmo identificar,
verdadeiramente, quem obsidia quem.
Como parte ainda dessa última categoria de obsessão, observam-se
casos em que o Espírito obsessor ignora completamente a sua própria
condição de desencarnado. Ele apresenta-se geralmente um pouco confuso,
em vista das situações novas que está vivenciando e que não compreende
bem. Não raro, apresenta ainda todas as sensações que experimentava por
ocasião do seu desenlace e, por isso mesmo, ao se aproximar de um
encarnado, transmite-lhe a sintomatologia completa da enfermidade ou
acidente que causou a sua morte. Os prejuízos são evidentes.
Quaisquer que sejam as origens de um processo obsessivo ou a
motivação do obsessor, ou obsessores, o que há de certo é que os
incômodos e prejuízos são sempre muitos e graves, não raro levando o
obsidiado à condição final de completa loucura. Naturalmente, até chegar a
essa condição extrema, muito tempo poderá decorrer, e muitos estágios
intermediários serão observados. Primeiro, pode manifestar-se uma simples
dor de cabeça insistente, uma ligeira insônia, depois uma certa irritação
nervosa mais ou menos permanente, uma propensão mais acentuada para
discutir pelos menores motivos e assim por diante.
Após instalada, a tendência da obsessão é agravar-se continuamente e,
se não for devidamente tratada, a situação do paciente tende a agravar-se
com o tempo, aparecendo a cada dia novos sintomas. É comum inclusive
que o desequilíbrio se estenda também a outras pessoas que convivam com
ele.
Novamente, aqui, o ideal mesmo é a prevenção, mas, se ela não
aconteceu e o processo já se instalou, o enfermo deve ser tratado tão logo o
problema seja identificado a fim de evitarem-se maiores
comprometimentos, principalmente do corpo físico. Quando tarda o
tratamento adequado, é comum persistirem lesões irreversíveis, mesmo
após eliminadas as causas que deram origem ao processo.
Os casos de obsessão com motivações de vingança — obsessão
cármicas — apresentam-se, naturalmente, como os mais sérios, primeiro
porque será mais difícil convencer o obsessor a desistir do seu intento,
depois porque, além dos prejuízos normais que a proximidade continuada
de um Espírito desencarnado pode causar, temos ainda um fator agravante
consequente das emanações fluídicas de ódio, vingança, etc., emitidas
continuamente pelo obsessor.
É importante observar que, à proporção que o processo obsessivo vai
desarmonizando o obsidiado, ele, em consequência, passa a cair em estados
frequentes de irritação e agressividade, assim se colocando cada vez mais
em sintonia com as emissões fluídicas do obsessor, passando, dessa forma,
a atraí-las e absorvê-las fartamente. Essa a razão principal de ser a evolução
da obsessão, em geral, muito lenta no início e, a partir de um determinado
momento, tudo passa a acontecer como uma verdadeira avalancha.
Nos processos obsessivos, o passe pode vir a ser um mecanismo de
rearmonização de valor inestimável, embora sempre como terapia de
natureza complementar.

6.3 PATOLOGIAS CÁRMICAS

Nas encarnações passadas e, não raro, na atual, temos utilizado o nosso


organismo de maneira imprópria, comprometendo, com frequência, o seu
delicado equilíbrio funcional, chegando mesmo, muitas vezes, a provocar
redução do tempo de permanência no plano físico.
Em certas ocasiões, o uso inadequado a que nos referimos está
relacionado com o funcionamento do próprio organismo. É o caso da
utilização abusiva do álcool, do vício do fumo, das drogas, dos excessos
alimentares, etc. Em outras ocasiões, o problema está vinculado a aspectos
puramente comportamentais, isto é, ao modo como fazemos uso das nossas
potencialidades, principalmente intelectuais, ou de como tiramos proveito
da posição ocupada na sociedade.
Não se pode esquecer também a mais grave de todas as insanidades
comportamentais, que é a destruição premeditada da própria vida.
Em qualquer caso, sempre que viermos a ser os responsáveis diretos
ou indiretos por prejuízos causados ao nosso organismo ou a terceiros,
estaremos nos colocando, inapelavelmente, na condição de devedores
perante a lei do carma e, mais cedo ou mais tarde, teremos que corrigir os
desvios praticados e compensar os prejuízos causados.
De um modo simplificado, os mecanismos de ação da lei do carma,
podem ser expostos da seguinte forma: se o erro cometido tem sua causa
primária ligada aos aspectos puramente funcionais do organismo —
suicídio, bebida, drogas etc. —, a ação cármica corretiva desencadeia-se de
imediato. Ela se manifesta, de início, por meio dos padecimentos resultantes
das lesões causadas ao corpo físico, não raro agravadas por
constrangimentos de ordem social, e tem continuidade após a morte, em
razão de que, lesionado o corpo físico, ocorre automaticamente, e quase
simultaneamente, lesão correspondente na organização perispiritual do
indivíduo. Essas lesões no perispírito são responsáveis pelo sofrimento,
presente e real para o Espírito, que se manifesta após o seu desenlace,
estendendo-se por um tempo que pode vir a ser bastante longo, com elevada
probabilidade, inclusive, de estender-se a encarnações futuras.
Nos casos, em que os aspectos morais são determinantes, o mecanismo
punitivo-educativo é distinto e, como veremos, nem sempre se inicia de
imediato.
O mecanismo de resgate cármico, em tais casos, é desencadeado a
partir da percepção do erro cometido, sendo dependente, portanto, da
capacidade de discernimento já adquirida pelo indivíduo, quanto ao
conceito do certo e do errado relativo àquela ocorrência.
A conscientização de haver praticado um delito desenvolve no
indivíduo um complexo de culpa, que é o elemento desencadeante do
processo de resgate. Podemos, pois, cometer hoje um delito de
fundamentação moral e só nos apercebermos da sua natureza delituosa após
decorrido um longo tempo. Isso explica o caso de pessoas que resgatam, no
presente, débitos contraídos em épocas bastante recuadas no tempo.
Tudo está relacionado, pois, com o estado de evolução moral
alcançado pelo indivíduo, ou seja, com a sua capacidade de melhor
compreender as leis universais de equilíbrio a que todos nos encontramos
sujeitos. Em resumo, pode-se dizer que, ao se aperceber de ter cometido, no
pretérito próximo ou remoto, um ato que se choca com o padrão moral que
já adquiriu, desencadeia-se no indivíduo um sentimento de culpa que passa
a exigir dele as medidas corretivas correspondentes. A própria percepção do
erro já é suficiente para desarmonizar a sua organização perispiritual,
exatamente na região que tem ligações com o fato delituoso em questão.
Aquele que usou, por exemplo, sua capacidade oratória para induzir pessoas
ao erro, irá automaticamente embotar aquele aspecto da sua capacidade
intelectual. Aquele que participou, como agente ou paciente voluntário, de
abortos criminosos comprometerá inapelavelmente sua organização
espiritual na parte relativa ao aparelho reprodutor.
Sobre o aborto, André Luiz26 nos assegura que “O aborto provocado,
sem necessidade terapêutica, revela-se matematicamente seguido por
choques traumáticos no corpo perispiritual [...], mergulhando as mulheres
que o perpetram em angústias indefiníveis, além da morte [...]”. E, mais
adiante, complementa, aquele autor espiritual, que as consequências mais
comuns daí resultantes são a ocorrência, em encarnações posteriores, da
gravidez tubária, das hemorragias gestacionais, da maior propensão para as
infecções do sistema genital, dos tumores de útero e ovários e, muitas
vezes, da impossibilidade total para a procriação.
Em geral, os que se encontram hoje em processo de resgate de dívidas
cármicas ligadas ao comportamento, é que já desenvolveram um senso
moral que, por um lado, os habilitou a se aperceberem daqueles erros que
estão a expiar e, por outro, tornou impossível a convivência com a culpa
correspondente. A expiação tornou-se inadiável.
Está explicado o porquê de aqueles indivíduos que ainda não se
moralizaram adequadamente parecerem ter uma existência imune a muitas
das aflições que acometem outros cujo comportamento apresenta-se, hoje,
muito mais equilibrado, que não se apercebem da gravidade dos delitos
cometidos, também ainda não apresentam a firmeza moral para suportar,
com resignação e real aproveitamento, os sofrimentos retificadores de que
carecem. Só no futuro é que, ao evoluírem mais, se aperfeiçoarão
moralmente e se darão conta da gravidade dos erros cometidos no passado,
ocasião em que paralelamente já se encontrarão fortalecidos e possuidores
da fibra necessária para suportar a retificação correspondente.
Há, contudo, casos relacionados a Espíritos extremamente endividados
que se encontram estacionados nos primeiros degraus da escala evolutiva
moral, em relação aos quais o desabrochar do complexo de culpa por meio
da percepção dos aspectos delituosos dos atos cometidos vem sendo
retardado demasiadamente, o que naturalmente impede que se restabeleça a
sua caminhada evolutiva. Deixá-los permanecer neste estado seria faltar-
lhes com a caridade e assim é que a Providência divina acaba por intervir,
desencadeando o processo de resgate cármico por meio de outros
mecanismos. Não raro, é utilizada a indução hipnótica para se atingir esse
fim.
Esses Espíritos são, pois, levados a encarnações compulsórias,
habitando corpos físicos, invariavelmente, portadores de profundas
limitações. Apresentam-se, com frequência, deformados, ou mesmo
totalmente incapacitados de externar manifestações inteligentes. Aquele que
ingeriu substância letal, ou que se tornou viciado em bebidas alcoólicas ou
mesmo abusou da alimentação, reencarnará certamente, com desequilíbrios
sérios no sistema digestivo, caracterizados pelo seu mau funcionamento, ou
pela propensão a gastrites, úlceras, câncer do aparelho digestivo etc. Nos
casos de inalação de tóxicos ou vício do fumo, o comprometimento
ocorrerá no sistema respiratório, apresentando-se, regra geral, por meio de
alergias respiratórias, bronquites repetidas, asma, enfisema, tuberculose
pulmonar etc.
Os processos de regeneração cármica frequentemente acontecem
agravados pela problemática obsessiva, pois, quando a percepção do erro
cometido desenvolve o complexo de culpa já referido, automaticamente se
estabelecem conexões magnéticas que interligam o arrependido de hoje aos
prejudicados de outrora. As ex-vítimas, se ainda se encontram em
desequilíbrio, são, por esse mecanismo, atraídas para junto do antigo algoz,
que passam a perseguir com propósitos de vingança. Colocam-se na
condição de elementos punitivos do infrator, mas ao mesmo tempo lhe dão,
pelo reencontro, a oportunidade para que ele trabalhe no sentido da
recuperação de suas infelizes vítimas de outrora.
Se o indivíduo em resgate não se mostra suficientemente hábil e
decidido a aproveitar a oportunidade para o reequilíbrio, não apenas seu,
mas de todo o grupo, o processo obsessivo pode agravar-se, e a recuperação
pode ser transferida para o futuro.
Em termos de assistência fluídica, para casos de enfermidade orgânica
de origem cármica, tudo que se pode fazer é aliviar suas manifestações. Tal
enfermidade é, certamente, necessária ao processo de reeducação do
enfermo, quanto às suas responsabilidades no uso adequado do organismo
físico que lhe é cedido por empréstimo, na condição de elemento
imprescindível à sua evolução.
25
FRANCO, Divaldo Pereira. Grilhões partidos. Cap. 10.
26
XAVIER, Francisco Cândido; VIEIRA, WALDO. Evolução em dois mundos, Segunda Parte,
cap. XIV.
7
A PRECE

A prece é um recurso de que todos podemos lançar mão,


principalmente o passista, e que, quando corretamente executada, funciona
como verdadeiro “banho” de limpeza fluídica.
Podemos classificar as preces genericamente em intercessórias e de
harmonização interior. É intercessória quando estamos a pedir (interceder)
por alguém. É de harmonização quando, por seu intermédio, procuramos
nos ligar a planos vibratórios superiores àquele em que vivemos, buscando
paz interior, por meio do saneamento da atmosfera fluídica que nos envolve.
Ao entrarmos em contato com esses planos superiores, vamos
progressivamente substituindo os fluidos que nos envolvem por outros de
qualidade superior, característicos daquelas regiões. Esses fluidos são
absorvidos, em primeira mão, pelo nosso perispírito, agindo sobre ele como
fator harmonizante, e, por meio das conexões existentes entre perispírito e
corpo físico, suas ações manifestam-se nesse último.
A prece de harmonização, normalmente, funciona da seguinte forma:
lançamos uma onda mental — o nosso pensamento — dirigida a entidades
ou planos espirituais superiores, que, ao atingir seu destino, estabelece um
canal de comunicação, por meio do qual são deslocados fluidos de
qualidade superior que nos aliviarão.
Outra possibilidade é o deslocamento do próprio Espírito,
naturalmente envolvido pelo perispírito, até regiões mais harmoniosas,
onde, por meio desse último, captará fluidos benfazejos característicos
daqueles locais. Por meio das ligações corpo físico-perispírito, será
processada, paralelamente, uma transferência de fluidos até o corpo físico,
atingindo inclusive o próprio ambiente em que ele se encontrar.
Os benefícios que receberemos por ocasião de uma prece dependerão,
entretanto, de vários fatores, sendo dos mais significativos nossa capacidade
de fixação do pensamento e nosso estado de receptividade. Em outras
palavras, o deslocamento de fluidos superiores em nosso favor está
condicionado ao nosso estado mental no momento. Para deslocá-los por
meio do canal magnético que estabelecemos por ocasião da prece, é
fundamental que nos coloquemos na condição vibratória adequada.
Lembremos que, para atrair fluidos, é necessário que entremos em sintonia
com eles. Essa a razão por que diferentes pessoas, orando a uma mesma
entidade espiritual superior, no mesmo momento, dela recebam, de modo
diferenciado, cada qual de acordo com a adequação vibratória própria que
conseguir estabelecer.
Para conseguir os benefícios da prece, são fundamentais os nossos
sentimentos — estado vibratório interior — e não as palavras que
proferirmos. Muitos pedimos, mas poucos nos colocamos na condição de
receber. A ajuda sempre está ao nosso alcance. Jesus já nos garantia: “Pedi,
e vos será dado; buscai e achareis; batei e abrir-se-vos-á”.27 Os benefícios
que recebemos pela prece dependem, pois, fundamentalmente, de nós
mesmos.
Quanto à prece intercessória, ela é acima de tudo um pedido de ajuda
que fazemos em favor de alguém. É um verdadeiro S.O.S. que irradiamos
em direção aos planos superiores e é interessante referir que ele pode,
inclusive, ser captado e atendido por entidades espirituais outras, diferentes
do destinatário, principalmente quando o invocado não se encontra em
condições de atender.
A prece tem outro papel importantíssimo, que é o de higienização do
ambiente fluídico em que se encontra aquele que ora. No momento em que
o precista passa a receber fluidos de qualidade superior, passa também à
condição de repulsor dos fluidos inferiores do ambiente. Esses fluidos vão
sendo progressivamente substituídos pelos fluidos de qualidade superior,
que estão sendo recebidos. A prece representa, portanto, um benefício para
todos os que nos cercam. É como uma lâmpada que acende e afasta as
trevas.
É importante atentar para o fato de que o mesmo mecanismo da prece
também se verifica ao nos ligarmos mentalmente a ambientes, ou
individualidades, em que predominam fluidos inferiores. O mesmo canal
magnético se estabelece e também, neste caso, deslocamentos de fluidos
podem se verificar, só que agora prejudiciais. Também aqui, mais uma vez,
só absorvemos os fluidos se estivermos em sintonia magnética com eles.
27
MATEUS, 7:7.
PARTE 3
1
QUE É O PASSE

Somente após os estudos preliminares vistos nas duas partes iniciais


deste trabalho, principalmente os referentes ao sistema nervoso,
magnetismo, fluidos e aos estados patológicos do organismo, é que temos
realmente condições de melhor compreender o que é e como deve ser
executado o serviço assistencial do passe.
O passe é sempre, segundo a visão espírita, um procedimento fluídico-
magnético, que tem como principal objetivo auxiliar a restauração do
equilíbrio orgânico do paciente. Por orgânico, aqui, entenda-se a estrutura
completa do indivíduo — quando desencarnado, Espírito e perispírito;
quando encarnado, corpo físico, duplo etérico, perispírito e Espírito.
O passe tanto pode ser aplicado por um Espírito encarnado — pessoa
viva —, quanto por um Espírito desencarnado, ou ainda, pela ação conjunta
de um encarnado e um desencarnado.
O passe em que age isoladamente apenas o elemento encarnado é
muito raro, podendo-se considerá-lo mesmo como um caso excepcional. As
situações mais frequentes são, sem sombra de dúvida, ou aquela em que o
passista é um Espírito desencarnado ou aquela outra em que se conjugam os
esforços de um elemento encarnado e um outro desencarnado.
Muitas vezes se utiliza a designação de passe magnético para os casos
em que o passista é um encarnado, e, de passe espiritual, para o passe em
que o passista é um desencarnado. Não adotamos essas designações, por
entendermos que, em ambos os casos, conscientemente ou não, o
magnetismo é sempre utilizado e também porque, de uma forma ou de
outra, mesmo no passe executado isoladamente por um encarnado, tem-se
presente a ação de um Espírito que comanda, de fato, todo o processo,
mesmo que seja o Espírito do próprio passista. Estaremos, portanto, em
qualquer situação, diante de passe espiritual e magnético.
Quando temos um passe aplicado por um Espírito desencarnado,
agindo em parceria com um outro encarnado, estamos diante do que se
costuma denominar de passe-misto. O presente trabalho destina-se
precisamente a contribuir para o aperfeiçoamento do parceiro encarnado
dessa dupla.
Para classificar os passes, quanto ao seu executor, na falta de melhores,
talvez devêssemos, pois, adotar as designações: passe por desencarnado,
passe por encarnado e passe-misto.
Em qualquer caso, o passe é sempre utilizado visando ora ao
recolhimento de fluidos prejudiciais, ora à aplicação de fluidos benfazejos.
Daí serem classificados, quanto à sua finalidade específica, em: passes para
retirada de fluidos e passes para concentração de fluidos, respectivamente.
Conforme veremos adiante, em determinados momentos teremos que
proceder à retirada e, em outros, à concentração de fluidos, relativamente ao
paciente. Esses dois tipos de ação é que vão caracterizar as duas etapas bem
distintas que normalmente precisam ser executadas. Uma é a etapa de
retirada de fluidos — geralmente denominada fase de dispersão — e a outra
a do fornecimento de fluidos — fase de doação.
Devemos começar sempre com a fase de dispersão — limpeza do
campo fluídico do paciente — procurando retirar todos os fluidos deletérios
que o envolvam e, só depois, iniciar a fase de doação de fluidos. Se essa
sequência for invertida, iremos, com certeza, nos desgastar inutilmente, pois
vamos dispersar exatamente os fluidos que doamos. Essa regra básica
jamais poderá ser ignorada: primeiro a dispersão e depois a imposição.
Ao executarmos a dispersão como fase inicial do passe, estaremos
também evitando que os fluidos a serem doados na fase subsequente
venham a ser repelidos pelo envoltório fluídico do paciente, como
decorrência da repulsão entre fluidos de natureza oposta — Lei
Fundamental dos Fluidos. Essa fase merece, portanto, a máxima atenção.
Após a doação, não se deve proceder a quaisquer manobras que
favoreçam a dispersão dos fluidos doados.
É importante observar que, na fase de doação, os fluidos benéficos são
apenas postos à disposição do paciente. Dizemos “à disposição” porque, de
fato, rigorosamente falando, é isso que ocorre, pois a absorção desses
fluidos poderá ou não se verificar.
A absorção de fluidos depende de muitos fatores — alguns totalmente
fora do controle do passista —, sendo que o mais significativo deles é, e
sempre será, o estado de receptividade do paciente. Se ele se coloca na
condição adequada de receptividade, absorverá facilmente os fluidos que o
passista colocou ao seu dispor. Em caso contrário, a absorção não se
processará, ou será muito reduzida.
Quando o paciente se coloca em um estado mental de oposição ao
trabalho do passista, principalmente abrigando sentimentos de rancor,
antipatia ou descrédito, uma intensa repulsão se exercerá sobre os fluidos
que estão sendo doados. Para vencer essa repulsão, será necessária uma
forte e presente ação magnética do passista, dirigindo os fluidos para o
paciente.
É evidente que os resultados nesta situação nunca serão tão favoráveis
quanto naqueles em que a ação do paciente se faz no sentido de colaborar
com o trabalho do passista.

1.1 PADRONIZAÇÃO DO PASSE

Na dispersão, tanto quanto na doação de fluidos, muitos tipos


diferentes de passes podem ser utilizados, cada um com suas características
específicas. Assim, sempre que a casa espírita mantenha um serviço de
passe à disposição dos seus frequentadores, é recomendável que se adote
certa padronização com respeito à sistemática em uso pelos seus passistas.
A padronização não deve ser, contudo, muito rígida. Ela deve limitar-se a
estabelecer certa uniformidade quanto às técnicas e atitudes adotadas,
procurando dessa forma garantir a qualidade e a pureza doutrinária do
serviço, além de evitar o surgimento de termos de comparação, com
respeito ao desempenho dos componentes da equipe. Essas comparações
são sempre extremamente prejudiciais aos passistas, aos pacientes e à
instituição.
2
COMO APLICAR
O PASSE

Neste capítulo, apresentaremos os tipos de passes mais comumente


utilizados hoje em dia e que, testados por passistas diversos, de diferentes
instituições, sempre apresentaram resultados perfeitamente satisfatórios.

2.1 O AUTOPASSE

Ao iniciar e ao concluir a aplicação de passes, é importantíssimo que o


passista proceda à limpeza do seu próprio envoltório fluídico, por meio do
que se costuma chamar autopasse.
O autopasse inicial tem o objetivo de retirar componentes fluídicos
inadequados que se tenham agregado ao organismo do passista, em virtude
das suas atividades anteriores. No final, o autopasse, visa a libertar o
passista de fluidos que tenha, inadvertidamente, captado dos pacientes.
Mesmo durante o andamento do trabalho do passe, pode-se — e deve-
se — recorrer ao autopasse, quando se percebe qualquer sinal de
desarmonização.
O autopasse é muito simples e pode ser realizado sem a necessidade de
qualquer movimento, bastando ao passista mentalizar firmemente o
deslocamento dos fluidos inconvenientes. Deve-se partir da região superior
do corpo, imaginando-se que os fluidos prejudiciais vão se deslocando
progressivamente para baixo, à proporção que vão sendo empurrados
mentalmente, até “saírem” pelas extremidades inferiores do corpo.
Para concluir o autopasse, deve o passista estabelecer uma ligação
mental (magnética) com as regiões vibratórias superiores e imaginar que
está sendo banhado por uma luminosidade suave que vai envolvendo-o
lentamente, primeiro a cabeça, depois o tronco e os braços, e assim
progressivamente, até atingir os pés. O passista deve procurar manter-se por
alguns momentos dentro desse verdadeiro “banho restaurador”, deixando
que essas vibrações superiores restabeleçam seu equilíbrio e sua harmonia
funcional.

2.2 PASSE LONGITUDINAL

Este é com certeza o passe de dispersão mais comumente utilizado.


Nele, o passista, por meio de movimentos rápidos e enérgicos, desloca as
mãos, longitudinalmente, ao longo do corpo do paciente (Fig. 14). As mãos
do passista devem ser mantidas sempre a uma distância aproximada de 10 a
15 centímetros do corpo do paciente.
O início do movimento ocorre na região acima da cabeça do paciente,
com as mãos do passista entreabertas naturalmente. Ao finalizar cada
movimento, as mãos fecham-se e procede-se à sua descarga fluídica. Essa
descarga é feita por meio de um movimento vigoroso para baixo em que
simultaneamente se abrem as mãos distendendo-se completamente os
dedos, como se procurando livrá-las de alguma coisa que tivesse a elas
aderido.
Ao passar as mãos ao longo do corpo do paciente, o passista deverá
mentalizar que com elas está a recolher os fluidos deletérios que nele se
encontrem. A descarga fluídica das mãos do passista destina-se justamente
a livrá-lo desses fluidos.

Figura 14: Passe Longitudinal


Com respeito ao passe longitudinal, apresentamos a seguir,
resumidamente, algumas observações importantes:
k) Não tocar no paciente;
l) Manter as mãos abertas com naturalidade, sem precisar esticar os
dedos, exceto naturalmente no momento de livrar-se dos fluidos;
m) Ao executar a descarga fluídica das mãos, observar onde lança os
fluidos, a fim de não fazê-lo sobre o próprio paciente, ou outra pessoa
qualquer;
n) O número de vezes que se deve repetir o movimento depende de
cada caso, mas só a título de referência pode-se dizer que, geralmente,
4 ou 5 vezes é o suficiente;
o) Os deslocamentos das mãos devem ser feitos de modo que se
procure “varrer” todo o corpo do paciente, isto é, não se deve passar as
mãos sempre pelo mesmo trajeto. Todavia, caso o passista perceba a
necessidade, poderá, e deverá, deter-se mais em uma dada região que
em outras;
p) Não há posição relativa obrigatória para o passista. Ele pode se
colocar em frente, ao lado ou atrás do paciente. Tudo dependerá das
circunstâncias de cada caso.

2.3 PASSE TRANSVERSAL

Para executar o passe transversal, o passista deve posicionar as mãos,


abertas com naturalidade, uma em cada lado do paciente, e depois deslocá-
las simultaneamente, com um movimento rápido, de modo que primeiro se
aproximem e depois se afastem uma da outra. As mãos devem descrever
movimentos em arcos de circunferência que podem ou não se cruzar no
centro (Fig. 15).
Durante o movimento, é sempre preciso mentalizar que se está a
recolher, com as mãos, os fluidos agregados ao organismo do paciente.
Ao atingir o ponto final do movimento, deve-se fechar as mãos e
proceder às manobras de descarga fluídica já descritas no passe
longitudinal. O passe transversal é de natureza dispersiva e deve ser
utilizado como complemento ao passe longitudinal, podendo ser executado
antes ou depois dele.
Aqui também vale a recomendação de que se deve repetir os
movimentos procurando percorrer todo o corpo do paciente.
Alguns autores denominam de passe transversal cruzado aquele em
que os arcos descritos pelas mãos do passista se cruzam, e de passe
transversal simples aquele em que eles não se cruzam. Há, também, quem
chame o passe transversal de passe circular.
Uma variação do passe transversal é aquela em que as mãos não
descrevem arcos e sim retas horizontais, isto é, as mãos apenas se
aproximam e depois se afastam seguindo o mesmo caminho.
2.4 IMPOSIÇÃO DE MÃOS

A imposição de mãos é um ótimo passe com vistas à doação de


fluidos. Pode ser usado sobre qualquer região do corpo do paciente, embora
em geral se apresente mais eficiente quando aplicado sobre os centros
vitais, já que estes são regiões por excelência de absorção e distribuição de
fluidos no organismo.
Sugerimos, como regra, que se faça a aplicação do passe de imposição
sobre cada um dos centros vitais do paciente, começando pelo centro
coronário e finalizando pelo genésico.
Para executar o passe de imposição de mãos, deve-se simplesmente
colocar as mãos abertas, com os dedos levemente afastados, sobre a região
que se pretende atingir.
Na ocasião em que faz a imposição de mãos, o passista deve
mentalizar firmemente que está a transferir, para o paciente, os fluidos de
que ele necessita para o seu restabelecimento orgânico. É esse o momento
do passe em que se faz necessária a máxima afinidade entre passista e
paciente, para que a transferência de fluidos se faça do modo mais eficiente
possível.
O tempo dedicado a cada um dos centros vitais pode variar bastante de
caso para caso, embora, a título de referência, se possa dizer que o tempo
total utilizado para o conjunto de todos os centros não vai, em geral, além
de dois a três minutos.
Com o decorrer do tempo e a prática regular do serviço assistencial do
passe, o passista vai desenvolvendo melhor sua sensibilidade e acaba por
perceber nitidamente, durante esse tipo de passe, o escoar contínuo de
fluidos que ocorre por meio das suas mãos e em particular das extremidades
dos seus dedos. Um ligeiro calor também pode ser notado pelo passista, ao
atuar sobre determinados pontos do corpo do paciente.
Ao iniciar a aplicação de um passe de imposição, o passista deve
sempre fazer mentalmente uma rogativa ao Alto, solicitando bênçãos
curadoras para aquele paciente em especial, podendo inclusive erguer as
mãos para cima como a recolher as dádivas do céu que estarão certamente a
se derramar sobre ele e que, medicamento divino, deverá ser aplicado em
pontos específicos do organismo enfermo, os quais, com certeza, lhe serão
indicados por meio da intuição.

Figura 15: Passe Transversal

2.5 SOPRO QUENTE

O sopro quente é um passe de concentração de fluidos que apresenta


forte ação cicatrizante sobre os tecidos da região em que é aplicado. É,
portanto, indicado para tratamentos de inflamações, torções, hematomas,
cólicas e dores localizadas em geral. Ele deve ser executado sempre, como
todo passe de concentração de fluidos, depois de uma fase inicial de
dispersão.
O sopro quente é executado enchendo-se completamente os pulmões e
depois soprando-se todo o ar com a boca bem aberta.
Esse tipo de passe é, hoje em dia, relativamente pouco utilizado, e
muitos apresentam, a seu respeito, restrições de natureza higiênica.
Justamente para minimizar esse aspecto é que se recomenda não seja
aplicado diretamente sobre o paciente. Aplique o sopro quente sobre um
lenço e depois leve-o ao local que pretende atingir. Na falta de um lenço
limpo, pode-se usar a própria mão.

2.6 SOPRO FRIO

O sopro frio é um passe dispersante de fluidos que também apresenta


uma ação revitalizante dos tecidos que constituem o sistema nervoso
central. Ele pode ser aplicado, com bons resultados, em casos de desmaios,
crises nervosas, incorporações indesejáveis etc.
A técnica para aplicação do sopro frio difere bastante da utilizada no
sopro quente. Primeiro, porque ele tem de ser aplicado diretamente sobre o
paciente e depois porque o ar deve ser expelido dos pulmões aos
pouquinhos, mantendo-se a boca quase totalmente fechada. É como se
estivéssemos soprando para apagar uma vela.
Nos casos em que se pretende interromper uma incorporação
indesejável o sopro frio é um recurso que pode e deve ser utilizado, pois sua
ação é bastante eficaz, devendo-se proceder da seguinte maneira: coloque-
se o passista lateralmente ao corpo do paciente e ponha uma das mãos, bem
aberta e com os dedos juntos, na altura das sobrancelhas do paciente, como
a imitar a aba de um boné. Sempre, da forma já indicada, começando pela
testa, do paciente, e prossiga pela linha mediana da cabeça até atingir a
parte posterior do pescoço. Repita todo o processo calmamente por cinco ou
mais vezes, tendo sempre o cuidado de manter os lábios a não mais de
10 cm da cabeça do paciente. É fundamental que, durante todo o processo,
se esteja mentalizando a dispersão de fluidos e a retomada do controle e da
consciência do paciente.
Observe-se que, no processo acima descrito, estará o passista
atingindo, em sequência, os centros: frontal, coronário e laríngeo, além do
córtex cerebral, cerebelo e parte superior — cervical — da medula.
2.7 PASSES EM CRIANÇAS E GESTANTES

Se a criança concorda em sentar-se sozinha na cadeira à frente do


passista, tudo se processará da forma usual, mesmo que a mãe, ou o
acompanhante, precise ficar ao lado. É necessário, contudo, que o passista
atente para o fato de ser o organismo infantil muito mais delicado e frágil
que o do adulto e, por isso, deve proceder com muito mais carinho e
atenção, evitando deslocamentos muito intensos de fluidos, tanto na
dispersão como na doação. É preferível, se o caso demonstrar necessidade,
que o intervalo entre passes seja reduzido a se proceder a uma ação
intensiva de uma só vez. Mesmo a doação de fluidos deve ser comedida e,
para isso, um recurso é fazer imposições menos demoradas e outro é manter
as mãos mais afastadas do corpo do paciente.
Se a criança demonstrar medo, é preferível não insistir e deixá-la ficar
no colo da mãe ou do acompanhante da sua confiança. Nesses casos, o
passe tem que ser aplicado visando aos dois — criança e acompanhante. A
dispersão será feita em ambos e só depois se fará a doação fluídica, que
pode, ou não, estender-se ao acompanhante. Se o adulto for uma pessoa
esclarecida e em bom estado de equilíbrio, ele poderá funcionar como
verdadeiro auxiliar, pelo menos no que diz respeito à doação de fluidos,
fluidos estes que serão devidamente manipulados pelo passista ou entidades
espirituais que o assistam.
Quando se tratar de gestante, os mesmos cuidados aqui referidos para a
criança devem ser observados, só que de forma bem mais rigorosa a fim de
se evitar qualquer interferência prejudicial à estrutura orgânica em
formação, como também ao delicado equilíbrio físico — perispiritual entre
mãe e filho.

2.8 FLUIDIFICAÇÁO DA ÁGUA


A fluidificação da água deve ser sempre realizada no ambiente
dedicado ao passe, ou em local reservado e devidamente preparado para tal
finalidade. Essa fluidificação pode ser feita espiritualmente ou por meio de
um passista encarnado. Na fluidificação espiritual, o recipiente com água é
simplesmente posto sobre uma mesa, ou outro móvel qualquer, num
ambiente em que se faz a leitura de uma página evangélica, seguida de uma
prece em que se pede aos Espíritos superiores que fluidifiquem aquela água,
dizendo-se sempre a finalidade, a que se destina.
Quando a fluidificação for realizada por meio de um passista, ele deve
sempre ser escolhido entre os que se apresentem mais equilibrados, física, e
psiquicamente.
A fluidificação pode ser coletiva, embora, quando possível, seja
preferível a individual. Se coletiva, o passista faz a imposição de mãos de
modo a atingir a todos os recipientes, rogando a ajuda do Alto para todos
aqueles a quem se destinam aquelas porções de água.
Na fluidificação individual, o passista toma com uma das mãos cada
recipiente, enquanto com a outra faz a imposição, sempre pedindo a Deus
ajuda para aquele irmão a quem aquela água se destina. E interessante que,
nesses casos, o nome do paciente seja mentalmente referido; pelo passista,
durante a fluidificação, principalmente se for pessoa do seu conhecimento.
A recomendação usual de manter-se aberto o recipiente durante a
fluidificação tem por finalidade apenas facilitar a mentalização do passista,
pois possivelmente será mais difícil, para ele, criar a imagem mental de que
está depositando fluidos dentro de um recipiente quando ele está fechado.
Algo parecido ocorre por ocasião dos passes de dispersão quando se
recomenda fechar as mãos após cada movimento. Com o fechar de mãos,
não estaremos, naturalmente, a “prender” nelas os fluidos retirados. Os
fluidos estarão, isso sim, agregados às nossas mãos em volta delas
principalmente. Fechar as mãos é uma imagem que se encontra associada a
praticamente todas as experiências vivenciadas, que se relacionam com o
ato de segurar, reter alguma coisa. É difícil imaginar que estamos a prender
algo se estivermos com as mãos abertas. Fazemos essas observações
somente para esclarecer aquelas mentes mais investigadoras.
Aconselhamos, contudo, até por causa dessas explicações, que se destampe
o recipiente da água a ser fluidificada e se fechem as mãos após cada
movimento de recolher fluidos nos passes de dispersão.

2.9 PASSE A DISTÂNCIA

O passe a distância é uma alternativa que, em condições ideais, pode


apresentar resultados quase tão satisfatórios quanto os que se obtêm quando
o paciente e o passista se encontram fisicamente no mesmo ambiente. Já
que essas condições ideais dificilmente se verificam, seus resultados, na
maioria das vezes, são pouco satisfatórios.
Uma condição requerida no passe a distância é que o passista possa
construir na sua mente — plasmar — a imagem do paciente e isso não é
fácil. Em geral, só é possível quando passista e paciente tiveram
oportunidade de se conhecer anteriormente. A opção da fotografia ajuda,
mas, em geral, não satisfaz completamente.
Outra condição exigida é que o paciente esteja prevenido e que o
horário e o local tenham sido previamente combinados. É também
conveniente que a preparação do ambiente tenha sido providenciada, por
meio do recolhimento, do cultivo dos bons pensamentos e principalmente
da prece. Tudo isso pode ser providenciado por alguém que esteja junto do
paciente — um familiar ou amigo — e que funcionará como elemento de
apoio.
Na hora combinada, o passista mentaliza o paciente e executa, em
pensamento, os procedimentos de limpeza fluídica do organismo do
paciente e depois a doação de fluidos.
Durante o passe a distância, bem executado, o que ocorre é,
literalmente, o deslocamento do passista, em Espírito, mesmo no estado de
consciência, até o local onde se acha o paciente. A ligação magnética do
passista com o seu corpo físico é o canal utilizado para transferência de
fluidos entre os dois pontos.
2.10 PASSE COLETIVO

O passe coletivo é aquele aplicado por um ou mais passistas a um


grupo de pessoas.
É comum nas casas espíritas o uso do passe coletivo no início ou no
final das reuniões públicas, procurando-se levar o benefício a todos os
frequentadores. Ele também pode ser executado dividindo-se os pacientes
em pequenos grupos, de 10 ou 12 pessoas, por exemplo, sendo o passe
aplicado a cada um desses grupos sucessivamente.
Na aplicação do passe coletivo, primeiro os passistas se posicionam
diante ou em volta do grupo e depois o encarregado pela direção dos
trabalhos faz uma ligeira exortação aos pacientes para que se postem bem
relaxados, procurem esquecer por um momento os problemas do cotidiano e
mantenham a mente sempre voltada para a oração ou mentalizem a figura
suave de Jesus.
Enquanto essa exortação é proferida, os passistas executam
mentalmente a limpeza do campo fluídico dos componentes do grupo. Após
essa fase, justamente quando o dirigente encerrar suas palavras, inicia-se a
fase de doação de fluidos que deverá estender-se por não mais que três ou
quatro minutos.
Outra opção, de uso muito generalizado, é se proceder apenas à etapa
de doação de fluidos, sendo ela executada durante uma prece proferida em
voz alta por um dos presentes.
Os resultados do passe coletivo podem ser tão bons quanto os do passe
individual, desde que aplicado com método e após uma conveniente
preparação dos pacientes.
Deve-se sempre recorrer ao passe coletivo todas as vezes em que o
número de passistas for insuficiente para atender individualmente a todos os
necessitados. Evita-se, com isso, desgaste desnecessário dos passistas e
atende-se bem a todos os necessitados.
3
O PASSISTA

Todos, em maior ou menor grau, podem prestar o auxílio fraterno por


meio do passe, muito embora sua maior ou menor eficácia esteja sempre
condicionada a fatores diversos. Muitos desses fatores dependem do
passista, ou podem ser por ele influenciados, enquanto outros fogem
totalmente ao seu controle.
O passista não pode, contudo, condicionar o exercício do passe às
situações em que todas as condições sejam favoráveis, pois, se assim
proceder, poderá inviabilizar completamente esse tipo de assistência. O
ideal deve ser buscado; entretanto, é preciso que se esteja sempre pronto a
aceitar o possível. No caso do passe, a única condição indispensável é o
desejo sincero de ajudar.
E, por falar em ajudar, não se tenha dúvida de que, havendo o desejo
sincero de servir, se evidenciará sempre o concurso inestimável de
companheiros desencarnados prontos para o auxílio, sobretudo quando o
serviço fraterno se faça com regularidade.
O passista poderá, pois, deixar-se guiar pelos impulsos orientadores
que certamente receberá da entidade espiritual que o assiste, só devendo
bloqueá-los se por acaso vierem contrariar a ética ou algum dos
fundamentos básicos do passe.
Na ocorrência dessa última situação, principalmente se vier a se
repetir, deverá o passista manter-se mais atento com respeito à sua
preparação individual para o passe e mesmo cogitar da hipótese de
encontrar-se acometido de um processo obsessivo.
Quando o passista desempenha suas atividades com assiduidade e
responsabilidade, vai-se estabelecendo uma sintonia, cada vez mais perfeita,
entre ele e o assistente desencarnado, de forma que as orientações
necessárias passam a fluir com facilidade, conduzindo sempre a resultados
harmoniosos e eficazes.
Não obstante a assistência espiritual ora referida, é muito importante
que se busque, com todo o empenho, construir as condições mais favoráveis
possíveis para o trabalho, e é nesse sentido que apresentamos, a seguir,
algumas considerações que merecem especial atenção.

3.1 A ATMOSFERA FLUÍDICA

A qualidade da atmosfera fluídica que envolve o passista é sempre


elemento dos mais determinantes quanto aos resultados que se obtêm por
meio do passe. O passista deve, por isso, buscar permanentemente a
melhoria do seu ambiente fluídico, por meio de todos os meios ao seu
alcance. O estudo, o trabalho, o exercício da caridade, a vigilância e a prece
são algumas das ferramentas ao seu dispor para que possa conquistar esse
objetivo.

3.2 A SAÚDE

O passe é uma doação, e só se pode dar o que se possui; portanto, é


fundamental que o passista goze de boa saúde, tanto do corpo físico quanto
da mente. Verificado qualquer desequilíbrio orgânico ou psíquico, o serviço
do passe deve ser interrompido de imediato, principalmente quando se tratar
de processo obsessivo de qualquer natureza, ocasião em que o passista deve
passar à condição de paciente.
Um outro aspecto que se deve salientar é que, num determinado
momento, ou se está na condição de passista ou de paciente, não tendo,
pois, sentido o hábito de alguns passistas que, após executada sua tarefa,
buscam um colega para, por sua vez, receberem um passe. Se ele se
apresenta enfermo ou debilitado após o trabalho, isso é sinal de que,
provavelmente, não estava em condições de prestar o serviço, ou de não tê-
lo feito de modo adequado. Isso não quer dizer que o passista não possa
tomar um passe. Significa, sim, que, se essa necessidade realmente se
verifica, é indicativa de que ele não se encontrava capacitado para o
trabalho naquela ocasião e nada mais natural que recorra aos colegas de
trabalho, em busca de auxílio. De qualquer forma, se essa necessidade se
apresenta com frequência, isso deve ser um alerta para que o passista
mantenha-se mais vigilante com respeito às suas atividades físicas e
psíquicas do dia a dia.
Ocorrendo situações como as enumeradas a seguir, aconselha-se ao
passista interromper, de imediato, suas atividades:
▪Gripes, bronquites, estados febris e doenças infecciosas em geral;
▪Período de gestação;
▪Diabete descompensada;
▪Período menstrual quando se apresentar com dores e/ou sangramento
exagerado;
▪Desequilíbrio emocional;
▪Esgotamento nervoso;
▪Esgotamento ou mesmo cansaço físico acentuado;
▪Deficiências graves do aparelho circulatório;
▪Dor de cabeça ou cólica intensas;
▪Mal-estar físico de qualquer origem; e uso de medicação tóxica.
3.3 A ALIMENTAÇÃO

Por meio da alimentação, ingerimos os componentes nutritivos de que


o nosso organismo necessita, mas, além deles, assimilamos também uma
significativa carga fluídica que, incorporando-se ao nosso duplo etérico, vai
influir na qualidade da energia que irradiamos. Aí está uma das razões por
que o passista necessita manter-se atento quanto ao tipo, quantidade e
horário de sua alimentação, pelo menos nas 24 horas que antecedem o
trabalho do passe.
Outra razão que justifica os cuidados do passista com a sua
alimentação é o fato de que certos alimentos são de difícil digestão,
enquanto outros apresentam componentes tóxicos, o que, num caso ou
noutro, irá sobrecarregar os aparelhos digestivo e excretor.
Entre os alimentos que se apresentam com as características acima
descritas podemos destacar:
▪Bebidas alcoólicas (totalmente inconvenientes e quanto maior o teor
de álcool mais prejudiciais serão);
▪Carne (sendo a dos mamíferos a mais inadequada e a dos peixes a
menos problemática);
▪Sangue (alimento absolutamente inadequado);
▪Chocolate, café e feijão (admissíveis se ingeridos moderadamente).
No dia do trabalho do passe a alimentação deve ser moderada,
evitando-se inclusive qualquer tipo de alimento nas duas ou três horas que
antecedem ao serviço.

3.4 O REPOUSO
O repouso é exigência natural do organismo a qual ninguém pode
ignorar sem sujeitar-se a graves consequências. Por seu intermédio é que se
acumulam as energias que serão utilizadas mais tarde.
O sono, de todas as formas de repouso, é a mais completa. O
metabolismo da organização física é reduzido, o sistema muscular, pouco
acionado, e o Espírito, relativamente dispensado das exigências do corpo
físico, pode, por meio da liberdade temporariamente reconquistada,
readquirir forças que o impulsionarão diante dos desafios que a vida no
plano material certamente colocará diante de si.
A falta de períodos adequados de repouso — sono principalmente —
pode desgastar de tal forma o organismo humano, a ponto de provocar
reduções consideráveis no próprio período de vida corpórea, constituindo-
se, consequentemente, numa forma de verdadeiro suicídio paulatino.
O repouso exagerado é também totalmente inconveniente, pois
caracteriza um desperdício do tempo colocado ao nosso dispor para
vivenciarmos a experiência reencarnatória. A virtude, como sempre, está no
equilíbrio.
Nos dias do passe, o passista deve evitar, se possível, as atividades
mais desgastantes, com vistas a não se apresentar esgotado no momento do
trabalho. Na noite que antecede o passe, deve procurar dormir o necessário
para um adequado repouso do organismo.

3.5 QUANTIDADE E FREQUÊNCIA

Durante seu trabalho, o passista sujeita-se a elevado dispêndio de


energia, liberando grandes quantidades de fluido vital. Todo esse desgaste é,
contudo, facilmente recuperado desde que se trate de um organismo
saudável, se cuide em ingerir uma alimentação adequada e se submeta ao
repouso indispensável.
Naturalmente, a capacidade de doação fluídica de cada um tem sempre
limites que devem ser rigorosamente observados, a fim de que não sejam
comprometidos o equilíbrio e a saúde do organismo. Essa capacidade varia
bastante de pessoa para pessoa, sendo que cada um deve aprender desde
logo a identificar até onde é capaz de ir, evitando, assim, desgastar-se e,
com isso, prejudicar a si próprio e o trabalho. Passista desequilibrado é um
trabalhador a menos e um paciente a mais.
Não estará o passista praticando um ato de caridade ao exceder a sua
capacidade física. Isso pode até representar o oposto, na medida em que o
trabalhador esgotado deixará de proporcionar as energias restauradoras de
que tanto necessitam aqueles que batem à porta da instituição. Só a título de
referência, pode-se dizer que muito dificilmente um passista apresenta-se
em condições de aplicar, de modo eficiente, mais de 20 passes por sessão e
que, na maioria das vezes, esse número não vai além de 10 ou 12.
Quando o número de pacientes for muito elevado e não houver a
quantidade necessária de passistas, é sempre preferível se recorrer ao passe
coletivo.
A depender de quão exaustiva seja a sessão de passes e da adequação
do comportamento do passista depois, teremos uma recuperação mais ou
menos rápida, disso dependendo o intervalo que se deve adotar entre uma e
outra participação nos trabalhos do passe. Se o limite de doação do passista
foi atingido, ele deverá abster-se do serviço por cerca de uma semana. Já se
o desgaste não foi tão pronunciado, poderá voltar a aplicar passes com dois
ou três dias de intervalo. Esse é também um aspecto importante que o
passista precisa aprender a julgar com respeito a si próprio.

3.6 DISCIPLINA

Como em qualquer outra atividade, no passe a disciplina é


importantíssima para todo aquele que pretenda exercê-lo de modo sério e
responsável. Em primeiro lugar, porque, para podermos contar sempre com
a assistência de uma determinada entidade espiritual que se afinize conosco,
é necessário que exerçamos o serviço regularmente, se possível com dia,
hora e local determinados. Só nessas condições, o nosso companheiro
espiritual poderá incluir essa atividade na sua agenda de compromissos e,
assim, garantir sua presença ao nosso lado.
O que acabamos de referir é a regra. As exceções, naturalmente, terão
que existir. Algumas vezes teremos que aplicar o passe fora dessas
condições, quando certamente também iremos, de alguma forma, prestar o
nosso auxílio.
A disciplina deve também se estender à própria vida do passista, que
deve regular, na medida do possível, seus horários de trabalho, repouso,
estudo, diversão, alimentação...

3.7 VESTUÁRIO E HIGIENE

Para o serviço do passe, deve-se usar roupas limpas, simples e


folgadas, sempre de acordo com o clima. O uso de joias e perfumes não é
recomendado.
Um banho, se possível, deve ser sempre incluído como preparação
para o passe.

3.8 O ESTUDO

O estudo, em qualquer campo onde se pretenda eficiência, é sempre


exigência fundamental.
Todo aquele que encara seu trabalho com dedicação e seriedade não
pode abrir mão dele. Sempre há algo que se precisa aprender.
Com relação ao passe, o campo de estudo é vastíssimo. Como se sabe,
ele tem ligações estreitas com as mais variadas áreas do conhecimento
humano, desde as ciências físicas e biológicas até os aspectos filosóficos da
justiça e do merecimento, sem esquecer a obsessão e aplicações no mundo
espiritual.
Dedicação e estudo constituem os principais fatores que definem o
bom e o mau passista.

3.9 SEXO

Nas palavras de Emmanuel28 temos que: “Sexo é espírito e vida, a


serviço da felicidade e da harmonia do universo” e mais: “Através dele
dimanam forças criativas, às quais devemos, na Terra, o instituto da
reencarnação, o templo do lar, as bênçãos da família, as alegrias
revitalizadoras do afeto e o tesouro inapreciável dos estímulos espirituais”.
André Luiz,29 por sua vez, esclarece que: “[...] o instinto sexual não é
apenas agente de reprodução entre as formas superiores, mas, acima de
tudo, é o reconstituinte das forças espirituais, pelo qual as criaturas
encarnadas ou desencarnadas se alimentam mutuamente, na permuta de
raios psíquico-magnéticos que lhes são necessários ao progresso”.
Realmente, o sexo é manancial bendito de energias vinculadas aos
processos criativos e que, utilizado com a devida responsabilidade, pode
representar fator inestimável para a manutenção do equilíbrio do indivíduo.
Não há, pois, qualquer incompatibilidade entre sexo e a prática
assistencial do passe, desde que seja fundamentado na responsabilidade, no
amor e no respeito pelos sentimentos e individualidade do parceiro.
Por ocasião do ato sexual, ocorrem descargas intensas de energia, que
são, parcialmente, absorvidas pelos parceiros, bastando que, naquele
momento, exista entre eles uma profunda sintonia vibratória. Essa sintonia
vibratória, entretanto, só se estabelece a partir de confiança, afetividade e
equilíbrio.
Como consequência dessas descargas energéticas, o organismo pode
vir a apresentar-se, durante certo intervalo de tempo, num estado de relativo
esgotamento energético. Esse esgotamento é, entretanto, progressivamente
eliminado, sendo que, em geral, dele não se observará mais qualquer
vestígio num intervalo de 24 a 36 horas. Dentro desse intervalo de
recuperação energética do organismo, a capacidade para o serviço
assistencial do passe irá apresentar-se um pouco diminuída, embora, de
forma alguma, tal atividade se ache inviabilizada. A inviabilidade, como já
vimos, ocorrerá, isso sim, toda vez que nos deixarmos conduzir a situações
de desequilíbrio, ligados ou não ao sexo.
Alertamos apenas que o sexo pode, para alguns, vir a caracterizar-se
como fonte de desequilíbrios, da mesma forma que, para outros, essa fonte
pode ser a alimentação, o vestuário, a conversação ou até o convívio no lar.

3.10 A IDADE

Durante o passe, já se viu, há um acentuado desgaste energético do


passista e, embora, em um corpo saudável e equilibrado, a recuperação seja
rápida, é desaconselhável o trabalho do passe para pessoas muito jovens ou
muito idosas. Não é possível se estabelecer limites muito rígidos, já que
cada organismo tem suas peculiaridades, mas como regra geral
desaconselha-se essa atividade para menores de 18 e maiores de 70 anos.

3.11 PASSISTA E OBSESSÃO

Naturalmente, todos devemos estar cientes de que a condição de


passista não nos isenta da possibilidade de desequilíbrios e muito menos
nos isenta das responsabilidades do pretérito. O passista pode, por isso
mesmo, eventualmente, ver-se assediado por Espíritos cobradores do
passado. Diante das primeiras evidências de uma situação dessas é
imperiosa a interrupção dos trabalhos do passe, ocasião em que o passista
passa à condição de paciente, devendo submeter-se então regularmente ao
tratamento fluido-magnético, até que a situação tenha sido superada
satisfatoriamente.
É grande a responsabilidade do passista. Sem condições físicas ou
psíquicas satisfatórias, ele deve evitar o exercício do passe. Afinal, se
incapacitado para o trabalho insistir em executá-lo, poderá até transferir
para o paciente aspectos de seu desequilíbrio.
Mais uma vez repetimos, só se pode dar o que se tem. Para doarmos
fluidos saudáveis e equilibrados, é indispensável que estejamos em
condições de relativa saúde e equilíbrio.
28
XAVIER, Francisco Cândido. Vida e sexo. Cap. 1.
29
XAVIER, Francisco Cândido; VIEIRA, Waldo. Evolução em dois mundos. Cap. XVIII.
4
ASPECTOS COMPLEMENTARES
SOBRE O PASSE

4.1 A SALA DE PASSES

Conforme já se viu anteriormente, cada ambiente físico está


impregnado de uma atmosfera fluídica, de características específicas,
produzida pelas exteriorizações de pensamentos e sentimentos dos seus
ocupantes. Por isso é que, ao ser convocado para o serviço do passe, o
primeiro cuidado do passista, naturalmente após certificar-se das suas
condições pessoais, deverá ser quanto ao local onde irá atuar.
As instituições espíritas, sempre que possível, devem reservar local
específico para a atividade do passe. O ambiente pode ser constituído de
várias cabines para uso individual, ou de uma sala maior que possa ser
utilizada simultaneamente por vários passistas. Em qualquer dos casos a
finalidade deve ser exclusiva, pois só assim será possível a preservação, tão
necessária, da higiene fluídica local.
O mobiliário deverá ser o mais simples possível, em geral
restringindo-se a cadeiras para os pacientes, embora possa contar também
com uma cama, de preferência dobrável e que mantenha o lastro a pelo
menos 70cm do chão.
Se o espaço é muito pequeno, a cama pode ser dispensada, só sendo
mesmo fundamental para os tratamentos de fluidoterapia, tema que será
abordado mais adiante, em capítulo específico.
A iluminação, durante o passe, deve ser reduzida. A luz é agente
dispersante de fluidos e, por outro lado, os ambientes pouco iluminados
favorecem ao recolhimento e à concentração, já que os estímulos visuais
são reduzidos. É bom, contudo, que a sala do passe disponha também da
possibilidade de iluminação normal, para que se possa fazer, de modo mais
eficiente, uma vistoria inicial das condições gerais do local, observando-se,
principalmente, quanto à limpeza, à ausência de objetos estranhos ao
ambiente e de insetos ou outros animais quaisquer.

4.2 PASSE FORA DA CASA ESPÍRITA

O local por excelência para o exercício do passe é sempre a Casa


Espírita. Qualquer outro ambiente, em princípio, deve ser evitado. Deve-se
sempre insistir na ida do paciente ao núcleo espírita. Lá, as condições
físicas e fluídicas são sempre mais adequadas. Lá, contaremos sempre, mais
facilmente, com toda a assistência espiritual de que necessitarmos.
Naturalmente, em muitas ocasiões, vemo-nos compelidos a prestar o
serviço do passe fora do núcleo. Ora é um paciente que, por questões de
saúde, não pode ser removido, ora por nos depararmos, fora do núcleo, com
situações de emergência que requerem intervenção imediata.
Quando tivermos que aplicar um passe e for absolutamente impossível
levar o paciente ao núcleo, devemos procurar reproduzir no local, o mais
aproximadamente possível, aquelas condições que teríamos na sala de
passes da instituição. Isto é, deveremos escolher, dentro das limitações
naturais da situação, um local limpo, reservado, com um mínimo de
mobiliário, iluminação reduzida, ausência de animais — mesmo que de
estimação — etc. A adequação fluídica do ambiente poderá ser alcançada
por meio da leitura de um trecho de O evangelho segundo o espiritismo, ou
de outro livro qualquer de elevada fundamentação moral.
Se o trabalho assistencial fora do núcleo for previamente programado,
é sempre conveniente que se faça em grupo de três ou quatro trabalhadores
— passistas de preferência —, sendo, nesse caso, recomendável que o
trabalho se inicie e se finalize na sede da instituição.
Concluir o trabalho na sede da instituição, com a participação de todos
que dele participaram, é muito importante e tem, pelo menos, duas
finalidades: eliminar fluidos deletérios que por acaso tenham sido captados
por qualquer dos participantes e auxiliar na transferência, até a instituição,
de entidades perturbadas que estejam junto do paciente que se foi atender. É
aconselhável que, ao chegarmos ao local onde está o paciente, se procure
identificar, durante a conversação inicial que normalmente se estabelece,
alguém da casa que possa ser incluído como membro da equipe e que
assistirá a todo o trabalho. Pede-se sempre a esta pessoa que fique orando e
rogando a Deus pela recuperação do enfermo. As demais pessoas da casa
devem ser delicadamente afastadas, podendo-se também sugerir que fiquem
em oração ou façam a leitura de um trecho qualquer do Evangelho, tudo
dependendo da receptividade observada.

4.3 A POSIÇÃO DO PACIENTE

O passe pode ser aplicado com o paciente em qualquer posição que o


deixe bem relaxado. Deitado, sentado e em pé são as mais comuns, cada
uma apresentando suas vantagens e desvantagens.
Nos dias atuais é muito frequente a aplicação do passe com o paciente
sentado, normalmente só se utilizando a posição deitada se ele não pode se
sentar, ou quando se tratar de fluidoterapia.
Devemos sempre posicionar a cadeira de modo que dê condições, ao
passista, de deslocar a mão ao longo das costas do paciente, possibilitando
assim acesso mais fácil às cadeias ganglionares simpáticas, que se
localizam, como já se viu, ao longo da coluna vertebral.
Devemos estar atentos para que o paciente, ao se posicionar para o
passe, se desvencilhe de objetos, tais como bolsas, guarda-chuvas, pacotes
etc., e que, além de se colocar na posição indicada, fique o mais
descontraído possível.

4.4 PASSE E INCORPORAÇÃO

A incorporação do passista na sala de passes é não só desnecessária


como inconveniente. Desnecessária, porque, em se tratando de um passista
bem preparado e que desempenha com regularidade seu trabalho, haverá,
com toda certeza, sintonia adequada entre ele e o companheiro espiritual
que o assiste, de modo que, por meio do mecanismo da intuição, as
sugestões da Espiritualidade fluirão naturalmente. Inconveniente, porque,
entre outros fatores, a reação da maioria dos pacientes, diante de uma
incorporação, é de temor, receio ou curiosidade, e em qualquer dessas
ocorrências estaremos diante de um estado mental inadequado às
transferências fluídicas que se pretende provocar.
A incorporação do paciente é também absolutamente imprópria. Ela
deve ser evitada por todos os meios e, se vier a acontecer, devem ser
tomadas todas as medidas necessárias para interrompê-la. Não convém
doutrinar ou estabelecer qualquer conversação com o Espírito incorporante.
No máximo, deve-se informá-lo, rapidamente, de que poderá ser atendido
nas reuniões destinadas a essa finalidade específica.
Tão logo se apresentem os primeiros sinais de incorporação iminente,
deve o passista procurar despertar o paciente chamando-o pelo nome,
incitando-o a reagir, recomendando que mantenha os olhos abertos e, se
tudo isso for insuficiente, aplicar-lhe passes de dispersão, sopro frio etc.
Constituem sinais de incorporação iminentes: alterações do ritmo
respiratório, perda do equilíbrio — cabeça passa a oscilar ou tomba para a
frente ou para um dos lados; os braços, que estavam sobre o colo, pendem
largados verticalmente etc.

4.5 O SILÊNCIO DURANTE O PASSE

O silêncio ajuda a introspecção e, por isso, durante o passe, devemos


procurar mantê-lo. As preces devem ser proferidas mentalmente. A
orientação ao paciente deve ser sucinta e em voz baixa, sendo, geralmente,
suficiente dizer-lhe que fique bem relaxado e em oração e, se necessário,
corrigir sua postura. Não se deve estabelecer diálogo com ele. Se necessária
alguma orientação mais prolongada, deve-se conversar com o paciente em
outra ocasião.
O passista deve procurar executar os movimentos necessários ao passe,
com simplicidade e discrição, evitando produzir ruídos, tais como:
estalidos, respiração ofegante etc. O único tipo de som adequado ao passe é
a música e assim mesmo se apenas orquestrada e utilizada num nível bem
baixo. Dê-se preferência à música erudita: as sonatas, as fugas e, nos
concertos, os movimentos mais lentos, como o adágio.

4.6 RELAÇÕES COM O PACIENTE

Para que o passe possa ocorrer de modo satisfatório, é imprescindível


que se estabeleçam, entre passista e paciente, laços magnéticos
fundamentados no respeito, na confiança e na simpatia. Para atingir essa
condição, deve-se tratar o paciente com simplicidade e cordialidade,
utilizando-se os primeiros momentos do passe para lançar mentalmente até
ele “laços de simpatia”.
Não se deve nunca visualizar o paciente como alguém necessitado, que
esteja ali à espera de auxílio. Isso pode reforçar magneticamente o seu
desequilíbrio e a sua enfermidade. Tanto quanto possível, o paciente deve
ser imaginado saudável e feliz.
Recomenda-se que o paciente seja encarado como se fora dileto amigo
e a ocasião do passe como um reencontro. É bastante adequado que o
passista, em pensamento, imagine-se a abraçar fraternalmente o paciente.
Ele deve sempre ser recebido como um irmão.
Depois de estabelecido esse “abraço fluídico” é que se deve dar início
aos procedimentos específicos de remoção e doação de fluidos. Utilize-se,
para isso, o tempo que for necessário. Evite-se proceder às etapas de
transferência fluídica antes de construir essa “ponte magnética” entre
passista e paciente.

4.7 CONTATO FÍSICO COM O PACIENTE

Qualquer contato físico com o paciente, dentro da sala de passes,


antes, durante ou depois do passe, deve ser evitado. Mesmo que seja
necessário corrigir sua postura, proceda-se de modo a não tocá-lo. As
únicas hipóteses em que o contato com o paciente se faz necessário são,
provavelmente, naquelas ocasiões em que ocorra incorporação do paciente
e quando da aplicação do sopro frio ou quente.

4.8 OLHOS FECHADOS OU ABERTOS?

A princípio, paciente e passista deverão manter os olhos fechados com


o fim de tornar mais fácil a concentração. Todavia, durante o passe, há
momentos em que o passista precisa estar de olhos abertos, sobretudo para
observar as reações do paciente, cuidando em detectar sinais que sugiram
iminência de incorporação. Nessa circunstância, o paciente deve ser
recomendado a manter os olhos abertos, e o passista deve iniciar, de pronto,
as manobras já indicadas para essa contingência.

4.9 O PACIENTE

Os resultados que se obtêm por meio de um tratamento fluido-


magnético estão condicionados a diversos fatores, sendo que alguns deles
são muito mais relacionados com o paciente do que com o passista. O
merecimento e o estado de receptividade em que se coloca o paciente são
verdadeiramente determinantes dos resultados finais.
O estado de receptividade a que estamos nos referindo se estabelece a
partir dos pensamentos e sentimentos do paciente no momento do passe. Se
ele se põe a vibrar em faixa de antipatia, de ressentimento, de ódio, isto é,
em faixa de desequilíbrio, torna-se praticamente refratário à ação benéfica
dos fluidos emitidos pelo passista, e os resultados da doação fluídica serão
praticamente nulos.
Para se obterem resultados satisfatórios é sempre muito importante que
o paciente seja induzido a acreditar que vai melhorar e que tenha confiança
no passista, que o encare como um amigo e benfeitor. Só dessa forma se
estabelecerá o outro lado da “ponte magnética de simpatia”, a que nos
referimos anteriormente, e que vai permitir a ação reconstituinte se
processar mais eficazmente.
Como se vê, é tarefa não só do passista, mas também do paciente, a
construção dessa “ponte magnética” entre ambos. De um modo figurativo,
pode-se dizer que cada um é responsável pela construção de uma das suas
cabeceiras.
Se essa ponte não se forma, será necessário um esforço muito grande
do passista, e por que não dizer, muita habilidade mental, para que possa
atingir o paciente de modo eficaz.
Deve-se pois, sempre que possível, deixar ao paciente a escolha, entre
os passistas disponíveis, quanto ao que irá atendê-lo. A confiança no
passista é sempre fator positivo no processo de transferência de fluidos,
enquanto que qualquer dúvida ou sentimento de rejeição trabalha em
sentido contrário.
Importante também que o paciente seja recomendado a manter-se em
oração durante todo o procedimento do passe. A duração dos efeitos
benéficos que o passe venha a produzir em determinada pessoa dependerá,
em grande parte, do teor vibratório que essa pessoa venha a estabelecer
posteriormente à sua aplicação. Se a pessoa cultiva comportamento frívolo
e desequilibrado, a ação benéfica irá se dissipar rapidamente, em vista de
que novos fluidos deletérios serão produzidos por ela, além dos que serão
captados do ambiente. Os fluidos benéficos serão repelidos e assim se
restabelecerá novamente a condição que antecedia ao tratamento aplicado.
Esta uma das razões para que, em tratamentos de pacientes vítimas de
obsessão, a frequência das aplicações de passes seja maior, podendo mesmo
exigir que se façam aplicações diárias. Nas demais situações, aplicações
semanais, ou, no máximo, duas vezes por semana, são, em geral,
suficientes.
As reuniões de estudos doutrinários, ou evangélicos, como elemento
preparatório para o passe, são bastante recomendáveis, não só para os
pacientes, mas também, conforme já dissemos, para os próprios passistas.
Nas casas espíritas onde, após essas reuniões doutrinárias, muitas
vezes se formam longas filas de espera para o passe, deve-se insistir quanto
à necessidade do recolhimento, do silêncio e da oração, evitando-se assim
que, por meio de conversações menos edificantes, seja comprometido o
trabalho preparatório realizado.

4.10 COMO
COMEÇAR E COMO
TERMINAR

As sessões de passes devem sempre começar com a preparação dos


passistas e, quando elas ocorrerem após reuniões de estudos, o ideal é que
delas participem todos os passistas, pois assim será bem mais fácil cada um
deles desligar-se dos problemas do cotidiano e, dessa forma, atingir o
estado de harmonia psíquica adequado.
Já na sala do passe, mas ainda sem a presença de pacientes, deve-se
fazer uma prece, pedindo a assistência espiritual, executando-se, depois, um
minucioso autopasse. Esta fase somente deverá ser encerrada quando cada
um se sentir verdadeiramente harmonizado.
No encerramento, após atendido o último paciente, deve-se repetir o
autopasse e fazer-se uma prece de agradecimento final.
Não tem sentido o passista, após aplicar uma série de passes, pedir
para receber, por sua vez, passe de um outro companheiro.
Qualquer sensação ruim que se apresente no passista, em consequência
do trabalho, é indicação segura de que alguma regra fundamental foi
negligenciada por ele, ou, o que é pior ainda, uma constatação de que ele já
precisava de um passe, de fato, desde o início e não deveria, de forma
alguma, ter tentado participar do trabalho.
Outra hipótese é a de que o passista terá excedido sua capacidade de
doação, comprometendo com isso o seu próprio equilíbrio. Em qualquer
caso, deve-se procurar identificar a causa, ou as causas, para que tal
ocorrência seja evitada nas tarefas futuras.
5
A FLUIDOTERAPIA

A rigor, qualquer passe constitui uma terapia fluídica, entretanto, o


termo fluidoterapia tem sido, geralmente, reservado para designar um tipo
especial de passe, sempre executado por um grupo de passistas, com
duração um pouco maior que a do passe tradicional e que, normalmente, se
destina a corrigir irregularidades, mais ou menos graves, da estrutura do
perispírito, que estejam a comprometer seriamente a vitalidade e
funcionalidade do organismo do paciente.
As sessões de fluidoterapia contam sempre com a participação de
grupos de trabalhadores espirituais, os quais, de fato, é que realizam
fundamentalmente toda a tarefa, cabendo aos participantes encarnados
apenas auxiliar no processo, principalmente na dispersão e na doação de
fluidos.
Em muitos casos, são utilizados, pela Espiritualidade, equipamentos
complexos e sofisticados que são aplicados ao paciente.
A fluidoterapia requer a participação de pelo menos três passistas
experimentados, exigindo-se deles o máximo empenho no sentido do
condicionamento individual, além de uma satisfatória harmonização
interior.
A formação dos grupos de fluidoterapia deve ser feita entre os
passistas mais dedicados e equilibrados da instituição. A participação de
médiuns videntes ou auditivos, quando possível, é sempre muito
interessante, pois, com isso, o relacionamento entre encarnados e
desencarnados torna-se muito mais fácil e preciso. A indisponibilidade de
elementos possuidores das mediunidades referidas, para compor a equipe,
ou as equipes, não deve representar, contudo, impedimento para a sua
formação. Lembremo-nos de que há sempre o recurso da intuição.
A preparação para os trabalhos de fluidoterapia é a mesma
recomendada para o passe tradicional, só que aqui as recomendações devem
ser seguidas de modo muito mais rigoroso.
A aplicação da fluidoterapia deve ser feita de preferência com o
paciente deitado, se bem que, se isso não for possível, ele pode ser colocado
sentado em uma cadeira posta no centro da sala, enquanto os passistas se
posicionam em sua volta. Os passistas podem permanecer de pé, ou
sentados.
Devem ser atendidos no máximo seis ou sete pacientes por sessão,
sendo que esse número deve ser fixado pelo próprio grupo, à proporção que
for vivenciando a experiência do trabalho. O tempo que se dedica a cada
paciente pode variar um pouco de caso para caso, embora, normalmente,
situe-se entre cinco e dez minutos. A sessão como um todo não deve
exceder de uma hora, pois o desgaste dos participantes é sempre muito
maior que em qualquer outro tipo de passe.
É desejável que os grupos de fluidoterapia observem um intervalo de
duas semanas entre as intervenções, muito embora esse intervalo possa ser
reduzido para uma semana, em vista de situações especiais. A formação de
dois grupos é sempre muito conveniente porque assim eles podem se
revezar, possibilitando o atendimento semanal dos pacientes, mantendo,
contudo, o intervalo de duas semanas para os trabalhadores.
O número de sessões de fluidoterapia a que cada paciente é submetido
varia muito de caso para caso, podendo chegar a 10 ou 12 nas situações
mais graves.
Da mesma forma que nos passes usuais, a fluidoterapia é aplicada em
duas fases. Em cada paciente, primeiro, um dos participantes da equipe faz
a limpeza fluídica — dispersão —, sempre do modo mais meticuloso
possível, depois, outro passista faz a imposição de mãos, funcionando os
demais como doadores de apoio.
Dentro da equipe, a posição que produz maior desgaste é sempre a de
imposição e, por isso, é que se recomenda o revezamento a cada dois ou
três pacientes. Com o revezamento, evitar-se-á que determinado elemento
do grupo sofra sobrecarga excessiva.
Já a posição de menor desgaste é a de dispersão, embora todos, em
maior ou menor grau, contribuam na doação de fluidos.
Deve-se ressaltar que a doação de fluidos é feita em alguns momentos
visando aos centros vitais, enquanto que em outros é dirigida diretamente à
determinada parte do organismo, ou órgão específico do paciente, tudo
devidamente orientado pela Espiritualidade por meio da intuição ou de
outro meio qualquer.
É sempre bom quando o passista que faz a imposição tem
conhecimento da deficiência orgânica do paciente, pois assim será mais
fácil orientar-se.
Após cada sessão de fluidoterapia, os elementos que formam o grupo
de trabalhadores devem procurar, por meio de repouso e alimentação
adequada, recuperar-se do dispêndio de energias. Se qualquer sinal de
debilidade ou sintoma de enfermidade fluídica se apresentar como
decorrência do trabalho de fluidoterapia, o grupo deve se reunir, discutir o
problema, ou consultar pessoa de maior experiência, ou mesmo a própria
Espiritualidade, a fim de se identificar e eliminar a causa, ou as causas, que
deram origem a tais desequilíbrios.
Quando praticada com método e o devido preparo, não há quaisquer
referências a comprometimentos na saúde dos que se dedicam ao serviço da
fluidoterapia. Ela é, na verdade, mais uma oportunidade bendita da prática
da caridade e do amor ao próximo.
6
ADVERTÊNCIA
AO INICIANTE

No momento em que nos aproximamos do término do nosso estudo


sobre o passe, gostaríamos de convidá-lo a meditar sobre a utilização que
vai fazer dos conhecimentos recém-adquiridos. No decorrer desta análise,
tenha sempre em mente que cada pessoa tem uma responsabilidade
individual com a coletividade na qual convive, em proporção direta a sua
capacidade, habilidade e conhecimento.
A habilidade ou capacidade que cada indivíduo possui torna-o devedor
perante seus semelhantes na difusão desse conhecimento ou na aplicação
dessa habilidade no sentido de instruir, esclarecer, orientar, corrigir, acolher,
amparar, amenizar, aliviar, sanar, atender, enfim, tornar menos penosa e
mais produtiva a experiência reencarnatória vivenciada e sofrida por
aqueles a quem sua palavra ou seu gesto forem capazes de alcançar.
Ao vivenciar novas experiências ou adquirir novos conhecimentos,
temos aumentada a nossa potencialidade de servir, o que nos conduz a
novos comprometimentos junto dos que nos rodeiam. Esse
comprometimento torna-se mais forte para todo aquele que enxerga o
mundo pela perspectiva cristã, que garante sermos todos irmãos e viajores
de uma mesma jornada em busca do aperfeiçoamento, impulsionados por
esta força interior que se chama progresso.
O aperfeiçoamento do indivíduo deve sempre repercutir no ambiente
em que ele vive, como agente de transformação, no sentido da adequação
do próprio meio com o fim de potencializar novas conquistas dele mesmo e
dos outros indivíduos. Por esse mecanismo, se cria um elo que realimenta a
progressão do homem na sua longa, às vezes dolorosa, mas, em qualquer
circunstância, sublime caminhada ascensional como elemento predestinado
à condição de perfeição e saber.
O passista não é, e não poderia ser, uma exceção a esta lei maior de
responsabilidade individual. Também aqui, ao habilitar-se à condição de
obreiro da fraternidade e do auxílio, ele torna-se devedor, perante o
próximo, da sua contribuição de paz, amor e luz, em especial junto dos que
padecem a desesperança, a angústia, a descrença, a dor física e o sofrimento
moral. Que seja ele, pois, digno do dom que recebeu e transforme-se em
anônimo cirineu junto dos que tropeçam sob o peso do lenho que a vida
lhes coloca sobre os ombros.
Guardar-se da tarefa abençoada de servir é mais que egoísmo, é
irresponsabilidade que, com certeza, trará, mais tarde, consequências
dolorosas e tristonhas.
Nas futuras encarnações, o bem que esteve ao nosso alcance e se
deixou de praticar nos fará, com certeza, lamentar a oportunidade perdida
de acrescentar créditos à nossa contabilidade particular do bem e mal
proceder.
Transforma, pois, tu que te inicias nas lides do trabalho do passe, o
conhecimento recém-adquirido em ferramenta do bem a serviço do Cristo,
pois assim Ele estará sempre contigo e Dele receberás: diante do tropeço, o
amparo; diante da vacilação, a firmeza; diante da dúvida, a orientação;
diante do perigo, a proteção; diante do cansaço, a força; diante das trevas, a
luz que faz renascer.
Filia-te nas hostes da caridade e usa o potencial de luz que se deposita
em tuas mãos de modo a produzir o maior efeito possível, a fim de
beneficiar o máximo de necessitados. Assim procedendo, estarás
firmemente a construir para ti um futuro harmonioso e promissor. Aproveita
a oportunidade do trabalho que se abre diante de ti. É hora da semeadura. A
colheita será farta.
REFERÊNCIAS

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Lake, 2006.
DELANNE, Gabriel. Evolução anímica. Trad. Manuel Quintão. 12. ed. Rio
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GARDNER, E.; GRAY, D. J.; RAHILLY, R. Anatomia: estudo regional do
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XAVIER, Francisco Cândido. Missionários da luz. Pelo Espírito André
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____. Vida e sexo. Pelo Espírito Emmanuel. 27. ed. Brasília: FEB, 2013.
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