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COORDENAÇÃO EDUCAPLAY
William Oliveira
PROJETO GRÁFICO
Fernanda Serrer
DIAGRAMAÇÃO
Edna do Rocio Becker
GÍLIAN CRISTINA BARROS
CARINA RIBEIRO SKURA
MARIA HELENA PROSDOCIMO DE SOUZA
ORGANIZADORES
CURITIBA
SEED/PR
2019
Depósito legal na Fundação Biblioteca Nacional, conforme Lei n. 10.994, de
14 de dezembro de 2004.
É permitida a reprodução total ou parcial desta obra, desde que seja citada
a fonte.
Essa publicação é o resultado do 2. Encontro Estadual de Tecnologias
Educacionais: inovação e criatividade na educação paranaense e 1. Festival de
Invenção e Criatividade do Paraná.
ORGANIZADORES
Gílian Cristina Barros
Carina Ribeiro Skura
Maria Helena Prosdocimo de Souza
CATALOGAÇÃO NA FONTE
ISBN978-85-8015-104-6
CDD370
CDU37(816.2)
2 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO................................................................................................ 6
PLANTAR E COLHER.......................................................................................................................................................... 25
MÍDIA E EDUCAÇÃO....................................................................................... 43
PRODUÇÃO E EDIÇÃO DE VÍDEO COM A TEMÁTICA “CONSTRUÇÃO DO APARELHO MENTAL SEGUNDO
FREUD” - ATUAÇÃO DO ID, EGO E SUPEREGO....................................................................................................... 45
PROJETO ÁSIA: UMA METODOLOGIA PARA DESPERTAR O INTERESSE SOBRE OS CONTEÚDOS POR
MEIO DAS NOVAS TECNOLOGIAS........................................................................................................................... 121
TER OU SER? QUEM SOU, O QUE QUERO E O QUE REALMENTE PRECISO?.......................................... 235
6 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
destacadas estratégias que contribuem para relatos como ferramentas que contribuem,
inclusão de estudantes com o uso de mídias respectivamente, para a aprendizagem de
na educação, a saber: no primeiro, a realiza- conceitos da Biologia, desenvolvimento de
ção de uma atividade gamificada utilizando inteligências múltiplas e complementar às
celular; no segundo, tendo a educação am- atividades realizadas em sala de aula em uma
biental como mote a integração de estudan- escola do campo. Os mapas conceituais, QR
tes de uma escola do campo apresentam-se code, provas online, vídeorreportagem, blog,
atividades que valorizam o espaço que habi- música, curta metragem, produção e edição
tam; no terceiro, o simulador YENKA-Croco- de vídeos, contos fantásticos, cordel e man-
dile Physics auxilia na complementação de gás foram são os meios utilizados para tratar
conhecimentos de Física necessários aos es- conteúdos escolares das disciplinas de: Arte,
tudantes; e no quarto, destaca-se um projeto Física, História, Língua Estrangeira Moderna,
de livro acessível que faz parte do programa Língua Portuguesa, Literatura e Matemática.
de acessibilidade para pessoas com deficiên- Que a leitura desses relatos possa con-
cia visual, baixa visão e cegos de um Colégio tribuir para o desenvolvimento de uma cul-
de Curitiba. tura de uso de tecnologias na educação, que
Contemplando as mídias como artefato prime pela formação de seres humanos que
e meio, no eixo mídia e educação, o smar- inovem e criem, sobretudo com ferramentas
tphone, o software logo e um ambiente vir- para emancipação.
tual de aprendizagem são apresentados em
10 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
O USO DO PROGRAMA MECDAISY PARA SURDOCEGO
COM BAIXA VISÃO
RESUMO
A surdocegueira é uma deficiência peculiar onde o indivíduo apresenta perda visual e auditiva simultaneamente
em diferentes graus, o que leva o sujeito a desenvolver diferentes formas de comunicação para interagir com o
meio. Sendo assim, o presente trabalho apresenta o relato de prática pedagógica, sobre a inclusão do educando
N.T.V., no Colégio Estadual Júlio Mesquita, Curitiba-PR, aluno com surdocegueira em decorrência da Síndrome
de Wolfram. Com o seu ingresso na escola inclusiva, ocorreram diversas questionamentos pelos profissionais
com relação às adaptações e metodologia trabalhada, visto que não há produções acadêmicas suficientes que
embasem esta demanda. O projeto livro acessível, Mecdaisy, faz parte do programa de acessibilidade para
pessoas com deficiência visual, baixa visão e cegos. Pensando na necessidade do aluno, realizamos a adaptação
desse programa para viabilizar o acesso desse aluno aos livros didáticos.
1 INTRODUÇÃO
A Conferência Mundial de educação para todos abordou as satisfações básicas de
aprendizagem de crianças, jovens e adultos. A partir desse encontro, foi produzido o do-
cumento Declaração Mundial sobre Educação para Todos (TAILÂNDIA, 1998), o qual asse-
gura em seu artigo 3º, inciso V, que sejam adotadas medidas acessíveis para oportunizar
ao educando fazer parte, integralmente, do sistema educacional. Em 1994, a Declaração de
Salamanca - resolução das Nações Unidas que trata dos princípios, política e prática em
educação especial - foi criada com o objetivo de proporcionar a inclusão social de pessoas
com necessidades especiais. Com isso, a inclusão de pessoas com deficiência se torna cada
vez mais efetiva nas redes de ensino, o que torna pertinente o preparo dos profissionais que
atendem essas escolas.
Desse modo, este relato de prática pedagógica aborda o desenvolvimento do trabalho
experimental realizado com um educando diagnosticado, com um mês de vida, com surdez
bilateral. Este aluno, aos 8 meses de idade, passou a utilizar prótese auditiva e, após um longo
processo, realizou a cirurgia de implante coclear aos 3 anos e meio pelo Sistema Único de
Saúde (SUS), na Universidade de Campinas – São Paulo. Aos 8 anos, ele foi diagnosticado
com Síndrome de Wolfram, que associa a surdez, a Diabetes Mellitus tipo 1 e a atrofia óptica,
além de pautas autistas. Hoje, ele está incluso na rede estadual regular de ensino na cidade
de Curitiba, Paraná.
2 DESENVOLVIMENTO
12 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
apoio recebia o conteúdo antecipado e preparava as adaptações com o material visual; e um
computador em sala permitia a realização de pesquisas. Na transição da escola do município
para a escola estadual, no 6º ano, dois anos antes, a mãe já havia entrado em contato com
a Secretaria de Estado da Educação e realizado algumas visitas para que houvesse toda a
acessibilidade necessária para atendê-lo. Hoje, incluso na rede estadual desde 2016, o estu-
dante, que apresenta resíduo visual, faz uso da língua de sinais em campo visual reduzido
para se comunicar - assim explicado:
Devido ao laudo de pautas autistas, esse educando foi atendido por uma Professora de
Atendimento Educacional Especializado (PAEE). No entanto, esta não atendia integralmente
as necessidades do aluno, pois não tinha fluência na língua brasileira de sinais (Libras). Assim,
para o segundo semestre de 2016, o educando passou a ser atendido por uma profissional
guia-intérprete.
O guia-intérprete é o profissional que:
A princípio, foi indicado o Livro Didático Público - fornecido pela Seed-PR, ampliado
em folha A3, em preto e branco, conforme a imagem a seguir:
Também foi indicado pela professora de reabilitação visual, o uso de folhas pautadas,
como a imagem a seguir:
14 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
No entanto, em um ano, com a progressão da perda visual do educando, os livros
didáticos não supriam mais suas especificidades. De acordo com o parecer da médica que
acompanha o caso, a fonte adequada para possibilidade de leitura do aluno seria 22. Assim,
realizou-se uma nova reunião com a Seed-PR, em que foi indicado o uso do Projeto Livro
Acessível.
O Projeto Livro Acessível visa à acessibilidade para pessoas com deficiência visual.
Ele consiste em tecnologia assistiva de leitores digitais que realizam a leitura de textos bem
como a descrição das imagens do livro, utilizando o sistema Mecdaisy.
Fonte: Mecdaisy.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se com este trabalho que as tecnologias podem auxiliar os profissionais no
trabalho a ser desenvolvido com alunos com necessidades especiais, bem como foi possível
verificar que, por diversas vezes, não é o material que deve ser diferenciado, mas o olhar
dos profissionais que atendem estes sujeitos. Embora o educando ainda esteja em fase de
adaptação ao notebook em sala de aula, o programa Mecdaisy vem auxiliar o trabalho do
guia-intérprete, abrindo um leque de possibilidades, oportunizando o acesso do educando
ao material didático em sua língua materna, a LSB, bem como a equidade em sala de aula.
REFERÊNCIAS
_______. Lei n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação
Nacional. Diário Oficial da União, Brasília, 1996. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/
seesp/arquivos/pdf/lei9394_ldbn1.pdf>. Acesso em: 29 out. 2017.
_______. Lei n.º 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais -
Libras e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 2002. Disponível em: <http://
portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/lei10436.pdf>. Acesso em: 05 nov. 2017.
_______. Subsecretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Comitê de
Ajudas Técnicas Tecnologia Assistiva. Tecnologia Assistiva. Brasília: CORDE, 2009. Disponível
em: <http://www.santoandre.sp.gov.br/pesquisa/ebooks/368389.PDF>. Acesso em: 05 nov.
2017.
16 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
MAIA, Shirley Rodrigues. et al. Surdocegueira e deficiência Múltipla Sensorial: sugestões
de recursos acessíveis e estratégias de ensino. São Paulo: Grupo Brasil de Apoio ao Surdocego
e ao Múltiplo Deficiente Sensorial, 2010.
QUADROS, Ronice Muller de. Educação de surdos: A aquisição de linguagem. Porto alegre:
Artmed, 1997.
TAILÂNDIA. Declaração Mundial sobre Educação para Todos: satisfação das necessidades
básicas de aprendizagem - Jomtien, 1990. Unesco, 1998. Disponível em: <http://unesdoc.
unesco.org/images/0008/000862/086291por.pdf>. Acesso em: 05 nov. 2017.
RESUMO
O uso das tecnologias digitais está cada vez mais presente na vida dos estudantes. Assim como alguns aplica-
tivos facilitam a vida no nosso cotidiano, podemos usufruir dessas tecnologias para fins pedagógicos. É o caso
do aplicativo “QR Code”. O presente trabalho tem por objetivo apresentar uma prática pedagógica com o uso
de uma dessas tecnologias digitais: o celular. A utilização do referido aplicativo como ferramenta para tratar o
assunto dengue, foi uma forma de tornar a aula mais interessante e assim envolver os alunos. O Jogo da Dengue
é uma prática pedagógica que aliou o conteúdo a ser trabalhado a uma caça ao tesouro. Os alunos buscaram
pelas pistas, estrategicamente espalhadas pela escola; para acessar as informações, precisaram posicionar o
código na câmera do aparelho celular com o aplicativo, fazendo a leitura do código. O texto a ele referente é
visualizado e automaticamente salvo na memória do aparelho. Após a aplicação da atividade, percebeu-se que o
envolvimento do aluno com a prática foi bem maior do que quando trabalhado de forma tradicional, com aulas
expositivas ou em forma de texto convencional, além da valorização de alguns elementos como abordagem
problematizadora, leitura científica, atividade em grupo.
1 INTRODUÇÃO
Nossos alunos mudaram radicalmente. Os alunos de hoje não são os mesmos para
os quais o nosso sistema educacional foi criado. É o que afirma Prensky (2001) em seu artigo
que trata de nativos e imigrantes digitais.
Para o autor, houve mais do que uma mera mudança em relação aos anos passados.
Aconteceu uma grande descontinuidade. Houve uma rápida difusão da tecnologia digital na
última década do século XX.
O uso das tecnologias digitais está cada vez mais presente na vida dos estudantes.
Especialmente dentro da sala de aula, mas de maneira não pedagógica.
O problema não é o uso inadequado das tecnologias, nem mesmo o aluno, mas a
falta de orientação sobre seu uso para cada finalidade.
Dentre os fatores responsáveis pela resistência ao uso pedagógico das tecnologias
digitais estão, por parte dos professores e equipe diretiva, distração, conversas virtuais,
bullying. Na maioria das vezes, as propostas de trabalho pedagógico são rejeitadas e acabam
por não acontecer.
Não existe apenas uma forma de ensinar, mas existem alternativas que podem tornar
o momento de aprendizado mais envolvente e próximo da realidade do aluno.
A crescente facilidade de acesso a toda essa tecnologia digital de informação, sem o
devido direcionamento pedagógico, vem distanciando nossos alunos do verdadeiro objetivo
2 DESENVOLVIMENTO
20 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
Constantemente, vemos o QR Code como um recurso de marketing para encami-
nhar o cliente ao produto apresentado sem necessitar digitar o endereço na web. Para ler a
informação contida no código, basta direcionar a câmera de um smartphone que contenha
previamente instalado um leitor de QR Code, para que a informação surja instantaneamente
na tela. Essa praticidade cria incontáveis aplicações pedagógicas. O Jogo da Dengue é uma
dessas aplicações do QR Code.
Bem se sabe que o assunto dengue deve ser tratado em todos os anos da educação
básica ao ensino médio. Exatamente por esse motivo, é importante que o professor procure
formas inovadoras e diferenciadas de abordagem desse problema tão recorrente e presente
em muitas de nossas escolas.
Falar sobre a dengue é hoje tão importante quanto falar de qualquer outra doença
recorrente em nossa sociedade, uma vez que está comprovado que a participação efetiva
das pessoas no que se refere à prevenção da doença pode ser fator determinante para a re-
dução do número de casos. E isso só pode acontecer a partir do momento que conhecemos
as particularidades da doença.
Várias são as formas de abordagem que podem ser escolhidas para tratar desse tema;
há uma grande quantidade de materiais didáticos disponíveis, inclusive disponibilizados pelo
governo, como folders, cartilhas e quebra-cabeças. Por outro lado, embora sejam materiais
bem elaborados e bastante informativos, acabam por não envolver o aluno como partici-
pante ativo dessa tarefa, que é a prevenção. Até porque este deve ser o principal objetivo de
ensinar este tema: auxiliar na formação do cidadão responsável e atuante em sua sociedade.
Sob esse enfoque, o presente relato trata de um jogo, chamado Jogo da Dengue, que
associa o conteúdo a ser abordado sobre a dengue, com o aplicativo de celular QR Code,
aplicado em alunos de 3 turmas do 6° ano, dentro da disciplina de Ciências.
A utilização do QR Code como ferramenta para tratar a dengue foi uma forma de
tornar o assunto mais interessante para os alunos, pois muitas vezes as informações tratadas
são veiculadas pela mídia e acabam fazendo com que eles percam o interesse em debater
sobre essas questões.
Antecipadamente, foi solicitado que os alunos trouxessem, na data marcada, o apli-
cativo já baixado em seus celulares. Para tal, foi enviado um comunicado aos familiares,
explicando a finalidade do aplicativo e a importância de estarem portando seus aparelhos,
lembrando que o uso foi autorizado somente no momento da aula. As condições de uso do
aparelho celular em outros momentos e locais da escola devem continuar sendo respeitadas,
conforme regimento interno.
Para a efetivação da prática, foi montado um texto com as informações que se dese-
javam abordar com o aluno sobre a dengue: características do vetor, criadouros, sintomas,
formas de transmissão, prevenção.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
22 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
Chamados de “nativos digitais”, nossos estudantes de hoje são todos “falantes nati-
vos” da linguagem digital dos computadores, videogames e internet. Isso faz com que nós,
professores, “imigrantes digitais”, tenhamos que ensinar aos nossos alunos numa linguagem
diferente daquela em que aprendemos (PRENSKY, 2001).
Esse é um dos entraves que acabam por estabelecer uma resistência por parte dos
educadores. Compreender que os alunos de hoje podem aprender e construir o conhecimento
de maneira diferente daquela em que nós o fizemos é imprescindível para a efetivação do
processo ensino-aprendizagem.
Acompanhar as mudanças, buscar formas inovadoras de ensinar, tentar se aproximar
daquilo que prende a atenção dos alunos são algumas estratégias que podem levar ao sucesso.
Para tentar uma abordagem mais interessante para o aluno, foi trabalhado o tema
dengue com uso de um aplicativo de celular, na forma de caça ao tesouro.
Após a aplicação da atividade, percebeu-se que o envolvimento do aluno com a prá-
tica foi bem maior do que quando se trabalhou de forma tradicional, com aulas expositivas
ou em forma de texto convencional.
A abordagem na forma de caça ao tesouro, uma vez que os alunos precisavam fazer
a leitura dos códigos para poder compreender e encontrar as próximas pistas, possibilitou
a participação de todos, mesmo que apenas um aluno da equipe tivesse o aparelho para a
leitura do código.
Outra observação interessante foi o compartilhamento dessas informações por parte
de todos. A cada código lido, os alunos repassavam entre si as informações para que os de-
mais componentes do grupo pudessem utilizá-las.
Alguns elementos da prática pedagógica que devem ser valorizados pelo ensino de
Ciências, de acordo com as Diretrizes Curriculares do Ensino de Ciências (PARANÁ, 2008)
puderam ser observados, tais como: abordagem problematizadora, leitura científica, atividade
em grupo.
A ação de problematizar possibilita a aproximação entre o conhecimento alternativo
e o conhecimento científico. O professor problematiza de forma que o estudante sinta a
necessidade do conhecimento escolar para resolver os problemas apresentados. No caso
da atividade desenvolvida, a problematização era resolver os “enigmas” dos códigos para
chegar ao final do jogo, objetivo que foi atingido por todas as equipes com certa facilidade.
A leitura científica possibilita um maior aprofundamento de conceitos. O texto-base
foi escrito de forma a instigar o aluno a trazer para a prática algumas informações que já
faziam parte de seu cotidiano, mas com um cunho científico. Grande parte das informações
já haviam sido trabalhadas em outros momentos ou em outras disciplinas.
No trabalho em grupo, o estudante tem a oportunidade de trocar experiências, apre-
sentar suas proposições, confrontar ideias, desenvolver espírito de equipe e atitude colabo-
REFERÊNCIAS
LOURENÇO, Danielle. Celulares em sala de aula: ampliando o debate. Revista Linha Direta,
v.17, p. 64 - 66, mar. 2014 – Seção Tecnologia.
PRENSKY, Marc. Nativos digitais, imigrantes digitais. On the Horizon. NCB University Press,
v. 9 n 5, out. 2001.
24 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
PLANTAR E COLHER
RESUMO
A educação ambiental é um tópico importante a ser observado na escola na busca de equilibrar a relação en-
tre o homem e a natureza. A Escola do Campo Barão de Lucena é situada em um pequeno distrito da cidade
de Nova Esperança-PR e alguns de seus alunos demonstravam falta de perspectiva quanto ao estudo e a sua
comunidade. Assim, com objetivo de integrar os alunos às atividades que valorizem seu espaço, por meio da
ressignificação do espaço escolar, além de melhorar a alimentação escolar, realizaram-se estudos baseando-se
em questões éticas, sociais, políticas e ambientais, analisando-se os pilares da Educação ambiental. Dessa forma,
a construção da horta escolar propiciou a melhoria da alimentação da escola, que funciona em turno integral, e
incentivou os alunos a construírem suas hortas, por meio do cultivo de mudas para doação. O desenvolvimento
de aulas para montagem de hortas alternativas em potes recicláveis propiciou discussões sobre alimentação
saudável, descarte de matérias, complementou o conteúdo programático das séries, e propiciou a integração
entre a escola e a comunidade, por meio de visitas realizadas por outras escolas ao projeto.
1 INTRODUÇÃO
A educação ambiental tem sido vista em uma visão naturalista que se afasta das ne-
cessidades vigentes na sociedade atual. O ensino reflexivo é a solução para que de forma
interdisciplinar se prime por discussões ambientais que levantem questões éticas e sociais
além das ambientais.
Para isso, é necessário que se incentivem cada vez mais discussões que defendam a
educação concreta e reflexiva que parte das perspectivas dos alunos, para transformar a sua
realidade, no intuito de desenvolver uma sociedade sustentável.
As tendências acerca do assunto Sustentabilidade configuram uma nova visão humana,
a de relacionar-se com a natureza da maneira como sempre deveria ter sido, com respeito
e ética, vinculando suas necessidades a um processo de extração dos recursos naturais, de
forma compensatória, sem agredir ou devastar os sistemas biológicos.
A quebra de relações entre a sociedade e o bem-estar do planeta configura uma nova
necessidade humana: a de procurar meios para o desenvolvimento sustentável, e para isso,
é necessária a integração entre a educação social e a ambiental, em um processo chamado
educação ambiental.
Durante a história da humanidade, tem-se percebido que a própria existência cria o
intuito de dominar técnicas para utilizar a natureza em favor próprio. O homem, diferente-
mente de todos os animais, não é submisso às condições da natureza, é ele que transforma
o meio em que vive para suprir suas conveniências, extraindo do meio ambiente tudo de
que precisa (SAVIANI, 2008).
1 Professora da Rede Estadual
26 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
CIONI, 2002). É crucial a incorporação de discussões relacionadas à preservação ambiental,
gerenciamento político, desenvolvimento social e ética, nas práticas educacionais.
Nas discussões sobre o tema Educação Ambiental, deve-se manter a visão globalizante,
pois valoriza o meio ambiente, trabalhando as suas questões dentro e fora da sala de aula,
tomando atitudes não apenas imediatistas, mas sim, ocasionando mudanças na sociedade
(COSTA, 2012).
Essa visão aproxima os aspectos ambientais, políticos, sociais, econômicos, filosóficos
e culturais, das discussões ambientais. O homem é entendido como um ser social, histori-
camente construído, que deve conviver em comunidade, aprendendo a respeitar não só a
natureza, mas também seus semelhantes, de forma que a integração entre o campo e a cidade
respeitem a ideia de Sustentabilidade.
A educação Ambiental, neste contexto, deve agir em uma visão globalizante, não
prezando apenas práticas antropocêntricas e naturalistas, com intuitos apenas ecológicos.
Os projetos de Educação Ambiental devem passar de apenas formalidade para uma prática
decisiva, para que ocorram discussões com finalidades éticas e sociais, incrementando uma
visão de conjunto acerca dos diversos fenômenos que compõem a dinâmica ambiental.
O educador ambiental deve colocar seus alunos em situações que formem uma atitude
crítica nos mesmos, diante de uma agressão ambiental, por exemplo, apresentando meios
de compreensão do meio ambiente - o que não deve ser difícil, já que o ambiente está em
toda a nossa volta. A educação ambiental dissociada dessa realidade não tem razão de existir
(BERNA, 2004).
A educação sustentável deve ser desenvolvida em um aspecto mais complexo do que
o naturalista, envolvendo um contexto político e social, já que alguns dos motivos da crise
socioambiental estão relacionados com pobreza e as desigualdades sociais, o que implica
em encontrar novas políticas que incluam o pensamento crítico no ensino (LIMA, 2003).
Para Gadotti (2009), as práticas educativas devem considerar o ensino para a susten-
tabilidade, que tem como objetivo melhorar a formação cidadã dos indivíduos para que eles
possam mudar não só o seu futuro, mas o de todo o planeta. Uma educação que não deve
apenas visar o financeiro, mas, que prima pelo bem-estar da humanidade e cuida da vida
do indivíduo para que ele possa manter uma ótima relação social com sua comunidade. A
educação defendida por Gadotti tem uma premissa mais ampla do que apenas discutir uma
saída sustentável para o consumo, pois está relacionada a uma ação mundial, em que deve
fazer parte do cotidiano a boa relação com o ambiente, sendo uma pedagogia de prática
social estruturada.
Uma forma de viabilizar o trabalho interdisciplinar na escola é por meio do desen-
volvimento de projetos. Essa forma de trabalho pode auxiliar os alunos na construção dos
seus conhecimentos em uma perspectiva múltipla. Contudo, vale ressaltar que, para que um
projeto interdisciplinar seja bem-sucedido, é preciso mais que a integração entre disciplinas.
2 DESENVOLVIMENTO
28 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
na construção da horta, como a utilização de ervas para o controle de insetos, a adubação
verde e a construção de um espaço para a compostagem.
O projeto da horta incentivou o cultivo orgânico nas casas dos alunos, que puderam
semear as plantas em rolos de papel higiênico e em sementeiras de potes recicláveis, as quais
foram utilizadas na horta na escola e posteriormente foram distribuídas aos demais alunos.
O trabalho de conscientização sobre a importância do espaço escolar também inte-
grou as ações na horta, a revitalização do pátio e o desenvolvimento de atividades sobre
a valorização da escola e alimentação saudável. Foram realizadas atividades de orientação
sobre a separação de lixo na escola, já que os alunos permanecem na instituição o dia todo
e nela realizam algumas refeições, devendo assim, participarem da organização do ambiente
descartando seu lixo de maneira consciente. Atividades de organização do pátio integraram
as ações de revitalização.
Na sala do sexto ano, o estudo levou à construção de mini hortas em potes recicláveis
e ao plantio de plantas medicinais e frutíferas na escola, de modo que as discussões foram
baseadas no assunto sobre reutilização de materiais, redução do lixo, aliando-se o estudo
dos ecossistemas, que faz parte da grade curricular da série em questão.
A atividade da horta escolar auxiliou no estudo dos seres vivos no sétimo ano, sendo
realizadas na horta experiências sobre a importância dos fungos no processo de decompo-
sição. Desse modo, o projeto não foi somente desenvolvido como um tema transversal, mas
acabou por integrar-se aos assuntos estudados na disciplina de Ciências.
A organização da horta propiciou, além do que já foi mencionado, a integração entre
as escolas do distrito, por meio de visitas da creche e de turmas do ensino fundamental dos
anos iniciais ao espaço.
Para finalizar a atividade de discussões sobre o tema sustentabilidade, um ex-aluno
da escola, que hoje estuda no colégio agrícola, foi chamado para conversar com os alunos
sobre seu curso e como ele pode auxiliar na busca da melhoria da atividade no campo. Ele
discorreu também sobre a valorização da escola do distrito e como ela foi fundamental para
seu desenvolvimento.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BERNA, Vilmar. Como fazer educação ambiental. 2. ed. São Paulo: Paulus, 2004.
30 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
COSTA, Joanne Régis. A percepção ambiental do corpo docente de uma escola pública
rural em Manaus (Amazonas). Revbea, v.7 ,p. 63-67, 2012.
FREIRE. Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 34. ed.
São Paulo: Paz e Terra, 1996.
GADOTTI, M. Educar para a sustentabilidade. São Paulo: Instituto Paulo Freire, 2009.
SAVIANI, Demerval. História das idéias pedagógicas no Brasil. São Paulo: Autores Associados,
2008.
RESUMO
Na disciplina de Fundamentos e Suporte de Computadores II, do curso Integrado em Informática, são aborda-
dos componentes elétrico-eletrônicos, os quais são usados nos mais diversos equipamentos, em específico os
computadores, foco dessa disciplina. Porém, na grade curricular do curso, consta a disciplina de Física somente
nos 3º e 4º anos; portanto se faz necessária uma abordagem de Eletricidade Básica. Assim, a proposta é usar
o simulador YENKA-Crocodile Physics para auxiliar nestes conteúdos. Nessa prática será abordado um dos
efeitos provocados pela corrente elétrica: o Efeito Joule (aquecimento), uma relação direta do conhecimento
da Física, nos componentes eletrônicos, como fusíveis de proteção, usados nas fontes de alimentação dos
computadores. Durante a aplicação desta proposta, foi possível perceber a disposição dos alunos em participar
do processo de ensino-aprendizagem, testificando que aliar a necessidade pedagógica com atividade prática
traz um excelente resultado. Por fim constatou-se que ao ser aplicado uma avaliação teórica sobre o tema,
comprovou-se a eficácia do instrumento pedagógico utilizado.
1 INTRODUÇÃO
Joule encontrou uma relação para a produção de calor por uma corrente voltaica
através das medidas de temperatura da água em contato com uma porção espiralada
de um circuito. Utilizando termômetros sensíveis e fazendo uso de suas habilidades,
Joule encontrou as variações de temperatura em relação às variações da intensidade
da corrente e da resistência. (SOUZA, 2014 p.3)
2 DESENVOLVIMENTO
34 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
Figura 1 - Processo de eletroluminiscência do LED
Fusíveis são dispositivos conectados ao circuito elétrico que tem como função principal
a proteção do circuito contra as sobrecargas da corrente elétrica, evitando possíveis
danos ao sistema elétrico, tais como a queima do circuito, explosões e eletrocuta-
mento. (ANJOS, 2017, p.1)
Portanto, um fusível se utiliza da Lei de Joule, pois o mesmo queima por aquecimen-
to quando a corrente elétrica que passar por ele exceder sua corrente nominal de trabalho,
ocasionado por algum curto circuito, interrompendo a alimentação do circuito o qual esteja
protegendo, ou seja, é um dispositivo de segurança para circuitos elétricos, evitando curto
circuito que pode causar incêndios, explosões ou danos a alguns equipamentos do circuito
(TOFFOLI, 2017). Existem diversos modelos de fusíveis, variando conforme sua aplicação.
Nas fontes de computadores são utilizados os fusíveis de chumbo encapsulados com vidro:
Alguns fusíveis são feitos de uma pequena liga metálica, geralmente o chumbo, de
baixo ponto de fusão, pois quando a intensidade da corrente elétrica ultrapassa o limite
do fusível, essa liga se esquenta e se funde cortando assim a passagem de corrente
elétrica, o tempo que ele demora para fundir é proporcional ao quadrado da corrente
aplicada e da inércia térmica do material da liga metálica do fusível, portanto com
a variação desse material, podemos ter fusível de ação muito rápida, rápida, média,
lenta ou muito lenta. (TOFFOLI, 2017, p. 1)
Após a retomada da teoria envolvida, será apresentado aos alunos o aplicativo que
foi utilizado para a proposta prática, um software Simulador de Circuito Eletrônico Crocodile
Physics da Sundog (Crocodile Clips), que também está disponível para Matemática e para
Química; referenciado no artigo de Mendes, afirmando que:
No site YENKA tem versão Home e versão Trial for School, para Educadores e Estudantes,
portanto livre, simples e fácil para os alunos assimilarem, possui a maioria dos componentes
eletrônicos comercializados. É possível neste momento abordar com os alunos de informática,
a importância dos softwares simuladores no aprendizado e ressaltar que em muitas áreas do
conhecimento humano eles já são uma realidade. Nesse caso, serão utilizados para verificar o
36 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
Efeito Joule, com os seguintes componentes disponíveis no aplicativo: uma fonte de tensão
corrente contínua (C.C.), um interruptor, um resistor, um fusível e um LED.
As atividades propostas com o aplicativo foram baseadas nos procedimentos apre-
sentados abaixo:
1. No site YENKA, seguir os seguintes passos, clicando nas opções que forem sendo
abertas nas janelas subsequentes:
Free Home Use
Free Home Licence for Teachers or Students
Download Yenka and Install it on Your Computer (aqui escolha o tipo de sistema
operacional de seu computador, no caso foi utilizado Windows)
Windows XP or Later
Mac OS X
1. Com o simulador executando, na janela que irá ser aberta Product Chooser escolher
opção Science e depois clicar em Analog Electronics e clicar OK, depois disso, no canto superior
esquerdo escolher o link Edit, assim será aberto uma caixa com as opções dos componentes
da Eletrônica Analógica (fig. 3).
Fonte: YENKA.
Fonte: YENKA.
38 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
acerca dessa corrente elevada e fazê-lo relembrar a Lei de Ohm e as características técnicas
do LED, mencionadas anteriormente.
Fonte: YENKA.
2. Clicar no interruptor S1, esta ação fará com que ele vá para a posição ON - ligado,
observar que o fusível irá queimar por Efeito Joule (figura 6), pois a corrente é elevada. Ques-
tionar o aluno sobre o que poderia ser feito para solucionar a questão da corrente elétrica,
de acordo com as características do LED, e assim não queimar nem o fusível nem o LED.
Figura 6: Circuito Elétrico 2 – ON
Fonte: YENKA.
3. Clicar novamente no interruptor S1, esta ação o colocará na posição OFF – desli-
gado, em seguida clicar no ícone de alerta (triângulo amarelo) que aparecerá no fusível, isso
6. Questionar os alunos o porquê da corrente não ser igual ao calculado. Após refle-
xão, informá-los que o LED, possui uma resistência interna, portanto uma queda de tensão
sobre ele é observada. Dessa forma os valores corretos para a corrente do circuito devem ser
calculados descontando a queda de tensão sobre o LED que é de 1,9 V, usando a expressão
2 chega-se ao valor real.
I= VR 7,1680 = 10,44 mA (2)
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Cada disciplina traz uma ramificação de conteúdos que se encontra com a ramificação
de outras disciplinas e isso precisa ser explorado no seu aspecto positivo. Se o profissional
em educação desenvolver o olhar interdisciplinar, ampliará o seu próprio campo de atuação
e permitirá que seus alunos façam as ligações necessárias entre os temas trabalhados nos
mais variados conteúdos.
Durante o trabalho pedagógico em sala de aula não é incomum encontrarmos obs-
táculos ao aprendizado, que podem ter sua origem em diferentes causas. A dificuldade de
abstração de conceitos é uma das barreiras que impedem o avanço no trabalho com os
conteúdos programados. Essa abstração pode, por sua vez, também ter diversas falhas no
seu desenvolvimento escolar e o professor precisa realizar atividades que avancem na pro-
gressão dos conteúdos, principalmente para os alunos que não conseguem se apropriar dos
conceitos apresentados.
40 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
O profissional em educação deve sempre ter em sua prática a busca por alternativas
pedagógicas para a realização do projeto pedagógico escolar. Utilizar a tecnologia como
ferramenta de trabalho é uma dessas possibilidades com grande probabilidade de sucesso.
Para tanto, é necessário que todos os participantes do processo educacional se aliem, para
que a formação continuada dos profissionais em educação seja efetivada com propostas que
vão de encontro à realidade destas dificuldades, a cada novo ano de planejamento.
O profissional em educação precisa de estudo, planejamento e instrumentalização
prática para que possa concretizar seu trabalho em sala de aula. A tecnologia usada a favor
da educação, traz benefícios ao processo de ensino aprendizagem de maneira muito signifi-
cativa. Durante a aplicação dessa proposta foi possível perceber a motivação e a disposição
dos alunos em participar do processo de ensino-aprendizagem, testificando que, aliar a ne-
cessidade pedagógica com atividade prática traz um excelente resultado. Constatou-se que
esta atividade poderá ser aplicada em qualquer disciplina, tendo em vista, a possibilidade
de adaptações que podem ser aplicadas, como por exemplo alterar valores dos resistores e
confrontar com os cálculos, vale lembrar que nesta ação se faz necessária uma abordagem
de Eletricidade Básica, pois a visualização dos componentes em sua forma real por meio de
imagens digitalizadas, torna a aplicação dos conceitos mais concreta e não gera custo adi-
cional para a sua realização.
REFERÊNCIAS
BOYLESTAD, R. L. Dispositivos eletrônicos e teoria dos circuitos. 8. ed. Rio de Janeiro: LTC,
1998.
NEVES, José R. Riscos de acidentes com energia elétrica no cotidiano do aluno. o professor
PDE e os desafios da escola pública paranaense – produção didático pedagógica. Disponível
em: <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_
pde/2012/2012_uem_fis_pdp_jose_remilton_neves.pdf> Acesso em: 15 out. 2017.
42 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
MÍDIA
E EDUCAÇÃO
44 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
PRODUÇÃO E EDIÇÃO DE VÍDEO COM A TEMÁTICA
“CONSTRUÇÃO DO APARELHO MENTAL SEGUNDO FREUD” - ATUAÇÃO
DO ID, EGO E SUPEREGO.
RESUMO
O presente relato contempla uma prática pedagógica de produção e edição de vídeos a partir de histórias
criadas e encenadas por estudantes do curso de formação de docentes, com o objetivo de possibilitar-lhes a
apropriação de conhecimentos quanto à construção do aparelho mental segundo Freud, especificamente a
atuação do id, ego e superego. O trabalho realizado não somente permitiu o contato direto do estudante com
o conteúdo proposto, como também promoveu a reflexão quanto à aplicabilidade desse assunto na educação
e vida prática. Com o objetivo de aprimorar os conhecimentos que aos poucos iam sendo construídos pelos
estudantes, foram utilizadas diversas mídias tecnológicas, como texto impresso, vídeos do YouTube, celular,
máquina fotográfica, computador, pen-drive, aplicativos em geral, tutoriais, e-mail e redes sociais. As produções
realizadas foram compartilhadas com os demais alunos da turma, sendo possível o aprendizado prazeroso do
conteúdo e, portanto, o alcance dos objetivos propostos.
1 INTRODUÇÃO
46 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
no contexto escolar promoverá maiores possibilidades de transmissão e apropriação de
conhecimentos.
Nesse contexto de busca pela qualidade do ensino através do uso das tecnologias
inovadoras aplicadas à educação é que esta prática pedagógica foi desenvolvida. Ao todo
foram disponibilizadas seis aulas até a conclusão de todo o trabalho.
A organização das atividades ocorreu a partir da seguinte estrutura:
Leitura do texto impresso “Sua personalidade está mais para id, ego ou
1 aula
superego?”, com interpretação oral e pessoal dinamizada.
2 DESENVOLVIMENTO
48 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ALDA, L. S. Novas tecnologias, novos alunos, novos professores? Refletindo sobre o papel
do professor na contemporaneidade. Anais do XII Seminário Internacional de Letras. Programa
de Pós-Graduação em Linguística Aplicada. Universidade Católica de Pelotas (UFPel), junho
2012. Disponível em: <http://www.unifra.br/eventos/inletras2012/Trabalhos/4668.pdf>.
Acesso em: 19 out. 2017.
MORAN, J. M. A educação que desejamos: novos desafios e como chegar lá. 5. ed. Campinas,
SP: Papirus, 2012.
50 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
OS CONTOS FANTÁSTICOS E A FORMAÇÃO DO LEITOR LITERÁRIO:
AÇÕES DISCIPLINARES NO COLÉGIO ESTADUAL NEWTON FELIPE
ALBACH NO MUNICÍPIO DE GUARAPUAVA – PR
RESUMO
O presente artigo apresenta os resultados das atividades de leitura desenvolvidas a partir do gênero conto
fantástico, com enfoque para a obra de Edgar Allan Poe. O Método Recepcional foi o aplicado e proporcionou
condições para que os alunos percebessem que é possível desenvolver hábitos saudáveis de leitura no dia a
dia. Os trabalhos tiveram como objetivo despertar maior interesse pela leitura nos alunos/leitores, para que
compreendessem seus benefícios para o ensino e aprendizagem nas diferentes áreas, principalmente no que
se refere à adequação da oralidade e da escrita. Nessa perspectiva, buscou-se desenvolver atividades incenti-
vadoras e atrativas, que permitissem melhorar o interesse pela leitura literária dentro do ambiente escolar, com
suporte das tecnologias para a construção dos conhecimentos.
1 INTRODUÇÃO
Tomando como referência a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB, Lei nº 9394/96),
bem como as Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa do Estado do Paraná - DCEs
(PARANÁ, 2008), percebe-se a necessidade de se trabalhar práticas de incentivo à leitura
literária nas escolas, já que a literatura tem a capacidade de desenvolver o poder imaginário
do leitor, a argumentação e o senso crítico, vindo, assim, a contribuir em todas as áreas do
conhecimento.
Na disciplina de Língua Portuguesa, os conteúdos curriculares devem ser trabalhados
nos aspectos da leitura, da oralidade e da escrita, com um posicionamento crítico diante de
muitas situações que acompanham a existência humana. O objetivo principal deste traba-
lho foi o de procurar sensibilizar os educandos do 9º ano do Colégio Newton Felipe Albach
sobre a importância de desenvolver o gosto e o hábito pela leitura literária, a partir de uma
postura crítica.
2 DESENVOLVIMENTO
1 Professora de Língua Portuguesa do Colégio Estadual Newton Felipe Albach - EFM. Guarapuava-Paraná.
Por isso o grande desafio foi o de encontrar meios para estimular a cultura literária
no meio juvenil, para tanto, se buscou por meio do Método Recepcional formas para envol-
ver os alunos em leituras que lhes fossem interessantes e agradáveis, por meio de temas e
metodologias que se relacionassem com suas vivências, principalmente que pudessem fazer
uso das tecnologias para auxiliá-los criativamente na construção do ensino e aprendizagem.
Nesse sentido, foi necessário envolver os alunos em atividades que os aproximassem
mais uns dos outros, que estabelecessem contatos afetivos por meio de diálogos, trocas de
ideias, compartilhamentos de leituras e vivências. Conscientemente se buscou fazer uso das
ferramentas tecnológicas para pesquisas, leitura e elaboração de algumas atividades peda-
gógicas, pois seria incoerente e ultrapassada qualquer manifestação contrária ao seu uso
nas práticas desenvolvidas, conforme orientam as DCEs do Paraná, de Língua Portuguesa.
Não se pode excluir, ainda, a leitura da esfera digital, que também é diferente se
comparada a outros gêneros e suportes. Os processos e o modo de ler nessa esfera
também mudam. O hipertexto - texto no suporte digital/computador - representa
uma oportunidade para a prática de leitura. Através do hipertexto inaugura-se uma
nova maneira de ler. No ambiente digital, o tempo, o ritmo e a velocidade de leitura
mudam. Além dos hiperlinks, no hipertexto há movimento, som, diálogo com outras
linguagens (PARANÁ, 2008, p.73).
52 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
É preciso lembrar que na educação as mudanças ocorrem de forma lenta. Mesmo
assim não se pode desistir de lutar por melhorias na qualidade do ensino, sendo necessário
atingir aquele aluno que tem maiores dificuldades, resistência às mudanças. É preciso tentar
aproximar-se, mostrar que é possível superar dificuldades e avançar nos conhecimentos.
Nesse sentido, é que o professor tem o papel de instigador, motivador, colocando-se como
exemplo de leitor, instigando o aluno a perceber a importância da literatura, desvendar mis-
térios, conhecer novas ideias, modificar conceitos, identificar-se com situações e personagens,
questionar-se, entrar nas entrelinhas do texto, investigar, ver aquilo que nem mesmo o autor
deparou-se ao escrever.
Essa proposta de trabalho, de acordo com Bordini e Aguiar (1993), tem como: efetuar
leituras compreensivas e críticas; ser receptivo a novos textos e a leitura de outrem;
questionar as leituras efetuadas em relação ao seu próprio horizonte cultural; trans-
formar os próprios horizontes de expectativas, bem como os do professor, da escola,
da comunidade familiar e social. Alcançar esses objetivos é essencial para o sucesso
das atividades. Esse trabalho divide-se em cinco etapas e cabe ao professor delimitar
o tempo de aplicação de cada uma delas, de acordo com o seu plano de trabalho
docente e com a sua turma. (PARANÁ, 2008, p. 74).
O projeto iniciou-se com uma apresentação por meio da explanação de slides infor-
mativos, mencionou-se o passo a passo a partir de cinco etapas do Método Recepcional e
da teoria que o embasa - Estética da Recepção -, momento que também foi apresentado o
tema leitura, o gênero conto fantástico e a obra literária Histórias Fantásticas, a qual daria
suporte aos trabalhos a serem realizados.
Expôs-se sobre a intenção de organizar um portfólio, material que seria usado como
ferramenta de apoio para os registros e arquivamentos das propostas de atividades. Men-
cionou-se que as atividades perpassariam os três eixos do estudo da Língua Portuguesa
- leitura, oralidade e escrita -, que as atividades contemplariam diferentes habilidades e de
que fariam uso das tecnologias para desenvolverem alguns trabalhos, o que os deixou bem
mais interessados.
54 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
determinou-se o horizonte de expectativas dos próprios alunos, ao que se constatou que
os entrevistados tinham poucas ou quase nenhuma experiência com a leitura. Verificou-se
que o hábito quase não existe, que até gostavam de ler, mas devido à escassez de tempo, a
leitura ficava em segundo plano, ou que preferiam outras fontes de leitura mais rápidas, por
meio das redes sociais. Relataram que dificilmente compraram livros, que só frequentaram
bibliotecas durante a vida escolar e, porque eram quase que obrigados, gostavam mesmo
era de aproveitar aquele momento para dar uma saída da sala, quebrar a rotina.
A maior parte dos entrevistados reconhece a importância da leitura para a vida, para
desenvolvimento intelectual e a contribuição para melhorar o ensino e aprendizagem, mas
que ela é bastante limitada e/ou quase inexiste. Com essa atividade constatou-se aquilo que
já era esperado e conhecido pelos profissionais da educação, de que trabalhar com a leitura
requer novas posturas, mais dinâmicas e atrativas, principalmente dos professores da área.
Como previsto, ao final de cada etapa do método, seria escrito um relatório crítico,
por isso foi solicitado aos alunos que realizassem uma pesquisa sobre as particularidades do
gênero relatório escolar, sendo que esse serviria para análise e avaliação do desenvolvimento
de cada aluno junto às suas atividades. Faz-se necessário esclarecer que todo novo gênero
textual a ser trabalhado foi previamente orientado: conceito, características, função social,
apresentação de um modelo, etc., para que, assim, o trabalho fosse melhor compreendido e
pudesse ser desenvolvido com clareza e objetividade.
Atender o horizonte de expectativas é preciso, portanto foi necessário fazer um traba-
lho de base em que era preciso pontuar claramente o que vem a ser a linguagem literária e
não literária. A atividade foi realizada na biblioteca e essa foi previamente preparada para a
aula com muitos materiais, como: livros, revistas, gibis, jornais, textos de diferentes gêneros
e de outras disciplinas, entre outros. Este foram distribuídos sobre as mesas para que eles os
manuseassem e selecionassem alguns, entre os expostos, e separassem os que considera-
vam literários dos não literários. A partir daí, ocorreram algumas leituras e, aos poucos, com
a intervenção da professora, e da troca de conhecimentos entre os próprios alunos, estes
puderam perceber a diferença entre as linguagens literária e não literária.
O passo seguinte foi apresentar o gênero que seria a base fundamental para o de-
senvolvimento de todo o trabalho: o “conto”; que foi mostrado por meio de áudio do conto
O Conto se Apresenta, de Moacyr Scliar (2002). O texto apresenta em seu enredo a história
do próprio conto, como ele surgiu no meio social desde a antiguidade. Cita, ainda, narrati-
vas conhecidas pela maioria das crianças, contadas a elas por seus pais, avós ou professores
quando ainda eram pequenos. Esse momento gerou muito entusiasmo e participação, ao
relembrarem as histórias ouvidas e lidas por eles durante a infância e citadas no contexto
do conto. Na sequência, após alguns comentários, o conto foi lido pela professora, o que se
deu de forma pausada e com muita entonação, para possíveis intervenções dos alunos, no
que se referia à compreensão da história e seus objetivos.
56 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
É chegada a hora do abalo das certezas, da ruptura do horizonte de expectativas
e a apresentação dos “contos fantásticos”, gênero selecionado para desenvolver este traba-
lho. De início, observou-se que confundiam com gênero assombração ou terror. Então, para
melhor prepará-los, foi realizada uma pesquisa sobre o tema e uma exposição em sala de
aula, onde puderam entender melhor o gênero e suas características, principalmente no que
diz respeito ao real e ao imaginário, o que fica entre o sonho e a fantasia de um persona-
gem, o que instiga o leitor a desvendar os mistérios e a muitos questionamentos sobre os
acontecimentos. Eis a mais importante característica do gênero e que a partir desse ponto
se desvendaria a cada nova história lida e analisada pelos alunos/leitores.
Chegou a hora de conhecer o primeiro conto do gênero fantástico, o que criou muita
expectativa pelo grupo. A princípio apresentou-se o título do conto: Uma Casa, de Moacyr
Scliar, no quadro de giz, com objetivo de instigá-los quanto ao que o conto lhes sugeria,
refletir sobre um possível enredo, de que “casa” se tratava, diferenciar o termo casa de lar,
entre outras inferências.
Depois de realizadas inferências a partir do título, a professora fez a primeira leitura,
de forma bem expressiva, para que os ouvintes já fossem despertando alguns sentimentos,
criando imagens, dialogando com o texto. Na sequência, questionou-se sobre as primeiras
impressões, se gostaram da história e assim seguiram-se alguns comentários, mais no nível
das informações explícitas ao texto. Na sequência receberam os textos impressos e de modo
compartilhado foram convidados a participarem de uma segunda leitura, agora, mais frag-
mentada, com paradas estratégicas, para que fossem sendo conduzidos a refletir e iniciar o
processo de participação na análise das informações, as pistas deixadas pelo autor no texto,
para que, dessa forma, iniciassem o processo de reconhecimento das características próprias
do gênero fantástico. Buscou-se fazer uma leitura bem expressiva, abrindo possibilidades
para que percebessem os mistérios da história, das entrelinhas, a linguagem literária e a
construção do enredo.
A análise do texto foi conduzida e orientada passo a passo para que todos os alunos
percebessem os elementos do gênero, bem como suas características, as pistas deixadas pelo
autor, os sentimentos despertados, imagens construídas, levantamento de fatos considera-
dos reais e/ou imaginários, reflexões sobre o desejo do personagem por querer realizar um
sonho, mesmo estando à beira da morte.
Na sequência da análise, os alunos foram convidados a formarem grupos e darem
continuidade ao conto, apresentando um novo desfecho, sem fugir das características do
gênero, que neste momento já estava clara para eles. O trabalho de produção em grupos
auxiliou ainda mais devido à troca de ideias, e ao término delas, todos os textos foram lidos
e explicados pelos grupos. Os registros escritos foram devidamente arquivados na pasta por-
tfólio, sempre com a intervenção da professora, num processo de orientação para melhoria
dos textos produzidos, entre outras correções que se fizessem necessárias - neste caso, o
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de obstáculos e avanços dos conhecimentos, momento de autoanálise, de reconhecimento,
se houve superação em relação às habilidades com a leitura.
A autoavaliação aconteceu por meio de um debate, encaminhado e orientado pela
professora, em que foram analisadas as diferentes possibilidades de leitura e a qualidade dos
textos até aqui lidos. A todos foram oportunizados momentos para exporem suas impressões,
sem que fossem impostos quaisquer pontos de vista da professora. Seu papel no decorrer de
todas as atividades foi de orientadora e mediadora das discussões, apenas levando os alunos
a perceberem, além dos elementos explícitos nos textos, as informações e os pontos de vistas
implícitos, aqueles capazes de provocar abalos e incertezas profundas nos alunos leitores.
A interação foi bastante interessante e produtiva, a maioria fez questão de falar, mos-
trar o que havia entendido, e de que, principalmente, passou a compreender melhor o que
era e como deveria ser lido um texto literário, as imagens capazes de serem construídas e os
sentimentos despertados, as relações com a vida real, a construção e reconstrução de ideias
mediante a própria vida. Algumas vezes, percebiam-se análises equivocadas ou para além
das possibilidades de interpretação. Quando isso ocorria, era orientado para que buscassem
por pistas interpretativas, e, dessa forma, fossem capazes de reconhecer o distanciamento
de uma interpretação coerente com as pistas fornecidas pelo texto, porque muito embora a
literatura permita múltiplas análises, é preciso haver certa coerência entre os fatos compre-
endidos na hora da interpretação, das suposições e das inferências provocadas pelos textos.
A quinta etapa do método, ampliação do horizonte de expectativas, autonomia em
ação, teve como objetivo verificar as experiências adquiridas com a leitura dos contos traba-
lhados e/ou lidos até aqui pelos alunos/leitores. Momento que coube ao professor instigar
os alunos a buscarem novas leituras, que satisfizesse novos horizontes de expectativas, o
que ocorreu de forma bastante interessada e autônoma. Nessa etapa é possível perceber um
certo amadurecimento em relação às leituras dos alunos, pois se observou que já estavam
conscientes de suas leituras e interpretações, sendo capazes de desenvolver análises muito
mais profundas, atribuírem significados aos textos, entrando nas brechas deixadas pelo autor
e desvendando seus mistérios. Dessa forma, foram capazes de atribuir novos sentidos ao que
liam, realizando interpretações e confrontando com as de seus colegas, compartilhando e
trocando ideias e experiências a partir de suas vivências em vários campos do conhecimento.
O momento foi de continuar incentivando os alunos/leitores para que fossem cons-
tantemente à biblioteca, fizessem suas escolhas e continuassem a ler, que não deixassem
de se projetar nas narrativas, que identificassem nessas leituras personagens e situações de
suas próprias vidas. Foram orientados a explorar profundamente as obras que estavam lendo,
que a leitura fosse atenta e compreendida, para que assim atuassem diretamente sobre seus
sentimentos e imaginário, pois isso é leitura literária, aquela que permite adentrar na obra e
vivê-la, como se dela fizesse parte, e a partir dela elaborar uma análise mais crítica e apurada
em relação aos fatos literários. Conforme liam, eram oportunizados a falar, expor, dialogar com
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
60 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
educador deve demonstrar satisfação e querer que o educando também entre nesse mundo
mágico do processo da leitura, demonstrando ser também leitor assíduo e empolgado com
a fantasia, com a literatura, com a capacidade criativa. E vale lembrar que é preciso agregar
o uso da tecnologia como suporte dinâmico e criativo para a construção do conhecimento.
REFERÊNCIAS
BORDINI, Maria da Glória; AGUIAR, Vera Teixeira de. Literatura: A formação do leitor: Alternativas
metodológicas. 2. ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1993.
POE, Edgar Allan. et al. Histórias Fantásticas. São Paulo: Ática, 1996. (Para Gostar de Ler, v. 21).
ROZA, Jacira Pinto da. O professor e a pesquisa: desafios da docência. In: SCHEIBEL, Maria Fani;
VAISZ, Marinice Langaro. (Org.). Artigo Científico: Percorrendo caminhos para sua elaboração.
Canoas, RS: Ulbra, 2008.
SCLIAR, Moacyr. et al. Era Uma Vez Um Conto. Rio de Janeiro: Editora Schwarcz Ltda, 2002.
(Literatura em minha casa; v. 2).
RESUMO
Tanto se falou do futuro, que ele chegou. As novas tecnologias estão em nossas vidas e tudo que está em nossa
volta acaba se fortalecendo nas salas de aula do mundo inteiro. Não mais a passos curtos, mas por pulos gigan-
tescos, criativos. O professor hoje precisa estar mais do que nunca a par das novas tecnologias educacionais,
tanto para enriquecer sua prática de ensino quanto para ter laços afetivos com os alunos. O futuro é agora. E
com as tecnologias na palma das mãos dos alunos, o professor se torna um facilitador de conhecimento. Com
isso, estimulei os alunos de duas turmas de 9° anos (A e B) do Colégio Estadual José Elias da Rocha, do muni-
cípio de Ponta Grossa-PR, no ano de 2016, a criarem suas próprias histórias por meio de seus celulares - um
curta-metragem, com histórias reais ou fictícias, com duração máxima de 5 minutos. O resultado não poderia ser
mais estimulante, pois os alunos saíram do estado de passividade e se tornaram ativos. Muito se mostrou com
as lentes de seus celulares e, com isso, tivemos nossa própria Mostra de Curta-metragem, em nosso colégio.
1 INTRODUÇÃO
A tecnologia está presente e essa é a nossa realidade. A educação caminha para cada
vez mais dar autonomia ao aluno, mas é bom esclarecer que isso não substitui de forma
alguma o professor em sala de aula. Pelo contrário, dá-lhe um suporte imenso, instigando o
aluno a buscar caminhos para seu conhecimento.
Hoje há uma troca de informações em sala de aula, uma rua de mão dupla. Nossos
alunos já não são como nós fomos um dia, passivos, à espera que o professor fosse o único
detentor de conhecimento. Eles são, cada vez mais, instigados a procurarem conhecimentos,
e a sala de aula se transforma cada vez mais num local de troca. Eles têm muito a nos ensinar
também.
Essa geração não tem limites, tudo é possível. Muito se fala sobre o audiovisual nas
escolas, uso de DVD, televisão, rádio, datashow. Foi o tempo onde exibir um vídeo sobre o
conteúdo da aula era o suficiente.
O professor que não faz uso de algum recurso tecnológico para suas aulas está per-
dendo muitas chances de inovação. Somos professores do futuro e aquele futuro que parecia
longínquo chegou. Hoje existe o ensino híbrido, que oferece aulas práticas e ferramentas
digitais, mescla a tecnologia e a prática, deixando o ensino mais vasto, unindo os meios de
ensino e aprendizagem.
A batalha que percebo hoje consiste em fazer com que os alunos entendam a fun-
cionalidade da internet, para que estudem. Realizei uma pesquisa rápida nas minhas turmas
sobre a utilização da internet, do celular, do notebook, do tablet e da televisão, e o que eles
costumam utilizar e com qual finalidade. As turmas entrevistadas nesse bate-papo foram as
de 9° anos (14 a 17 anos). Do resultado obtido verifiquei que muitos utilizam a internet para
assistir a vídeos de conteúdos diversos e para seguir youtubers - de modo geral vídeos de
entretenimento. Poucos assistem a televisão; e a maioria utiliza o celular para comunicação
com amigos. Também utilizam sites de busca rápida para pesquisas do colégio, sem conferir
se o site é confiável - poucos utilizam livros para pesquisas.
Sou professora de Arte, especialista em arte e educação (2013), com licenciatura em
Teatro pela Faculdade de Artes do Paraná (2012) e técnica em Produção Audiovisual pelo
Colégio Estadual do Paraná (2009). Venho de instituições públicas; toda minha bagagem de
conhecimento vem de colégio e faculdade pública do Estado do Paraná. Escolhi ser profes-
sora do Estado para possibilitar aos alunos o estudo em Arte que não tive em minha época.
Acredito que estou no caminho certo. Se há caminho certo a seguir!
Vou expor aqui uma indagação que as universidades/faculdades também devem en-
fatizar e preparar os novos professores que estão entrando no sistema. Pelo que acompanhei
em minha formação acadêmica e hoje percebo pelo fluxo de estagiários que frequentam o
meu colégio, acredito que dentro das universidades não se prepara o professor para utilizar
a tecnologia em sala de aula. Ainda é ensinada a pedagogia de transmissão de conteúdo em
forma oral e atividades destinadas ao que o professor explicou.
Muito do que se sabe sobre a tecnologia na educação vem da pesquisa que o próprio
professor faz ao longo de sua carreira, pois é de comum aceite que o professor nunca se
estagna, sempre está atrás de recursos e formas de ensino. Desta forma, o técnico em Pro-
duções Audiovisuais veio a me ensinar outras linguagens que estão presentes na arte (rádio,
televisão e cinema). Tive aulas teóricas e práticas. Um novo mundo se abriu. Busquei o curso
para ampliar meus conhecimentos em várias linguagens artísticas, e muito do que aprendi
utilizo em sala de aula hoje, especialmente na produção de curtas-metragens.
64 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
Percebo que dentro do contexto escolar o cinema ainda é usado como ferramenta
pedagógica, como forma de ensinar algo, e não como forma de ensino dele próprio, assim
como aconteceu com o ensino do teatro nas escolas. Assim, o audiovisual vai pelo mesmo
caminho, usado como ferramenta de ensino, deixando de lado o que por muitos anos foi
um recurso inovador de usar o teatro para que os alunos aprendessem ou até mesmo para
o entretenimento de datas comemorativas.
Concordo com Anna Penido, do Instituto Inspirare (2017), segundo a qual “se antes
nós educávamos os alunos para usar a tecnologia, hoje usamos a tecnologia para educar os
alunos”.
Hoje a tradição da escrita ainda é muito forte, como se o aluno só soubesse algo de
verdade se ele for capaz de escrever no papel. Dessa forma, o audiovisual carrega uma carga
muito grande em registrar o momento. Ser criativo, investigativo, transformando o vídeo em
um livro aberto, é um recurso fundamental no momento em que passamos e, justamente por
ser de fácil acesso a vários celulares em sala de aula, é muito útil.
Percebemos que as mudanças estão ocorrendo de forma muita rápida ao nosso re-
dor. O tempo necessário para escrever um pensamento ou ideia é gasto em frente a uma
câmera de celular, para difusão em massa em questão de instantes. Os alunos sabem disso
e gostam. Hoje não precisamos ficar decorando nada, basta guardar nossos documentos em
pastas, aplicativos e rever quando necessário. Outras habilidades para nosso cérebro estão
sendo desenvolvidas.
2 DESENVOLVIMENTO
Ano passado realizei a prática audiovisual com duas turmas de 9° ano (A e B) do Co-
légio Estadual José Elias da Rocha, em Ponta Grossa-Paraná, onde atuo há três anos como
professora de Arte. Em geral nessas turmas o número de alunos era em torno de 30 alunos.
Meu objetivo era fazer com que os alunos utilizassem seus celulares como ferramentas de
aprendizagem, fortalecendo o trabalho em equipe, expressão corporal, pesquisa, entendi-
mento espacial, produção de valores, educando para a cidadania e coletividade.
Parti dos conhecimentos feitos da história do cinema, planos cinematográficos, e
bate-papos sobre o cinema brasileiro do apogeu ao esquecimento e retomada nos anos 90.
Precisaria organizar os conhecimentos entre o saber, reconhecer, fazer e refletir, juntando as
linguagens das artes (artes visuais, teatro, dança, música).
No espaço escolar, essa prática audiovisual é fugir disso. Mostro o cinema, as fer-
ramentas que podem ser usadas, isso quando não ocorre de um ou mais alunos em uma
determinada turma interagirem muito com esse mundo audiovisual e saberem mais que o
professor, o que é bem comum. E quando isso ocorre, é maravilhoso, pois a troca de apren-
dizado acontece de forma espontânea, colocando-se frente a diferentes modos de estar no
mundo e com o mundo.
66 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
celular é mais comum para redes sociais. Poucos grupos tinham habilidades de edição (até
mesmo em computadores ou notebooks), e então eu os ajudei na edição dos curtas-metra-
gens, usando o programa Movie Maker, com o qual tenho maior habilidade para decupar
vídeos. Existem outros programas e até mesmo aplicativos de celular que fazem isso. Os
alunos conhecem muitos aplicativos e utilizam para gravações de entretenimento. Todos os
grupos utilizaram celulares, nenhum grupo possuía filmadora ou tablet.
Essa prática levou em torno de um mês de aulas. Foi o último trabalho em equipe
realizado, pois já estávamos no 4° bimestre. Partimos para a elaboração do roteiro, entreguei
uma história como exemplo escrito e os alunos teriam que seguir o modelo. Pedi que se
subdividissem para a organização das atividades, definissem quem seriam os atores, câmera,
figurinista, diretor, sonoplasta... Depois de feita a história, partiriam para as cenas, realizando
gravações e, no final, a edição. Cada grupo escolheu um lugar da escola e foi trabalhar. No
espaço da biblioteca surgiram vampiros. Esse espaço era também o covil de traficantes, e
também a mostra de ter o prazer de ler um livro. Grupos escolheram espaços de suas próprias
residências para as gravações, e o entorno do colégio também foi utilizado.
Depois que os alunos entendem a proposta e começaram a gravar, depois de terem
a experiência, ver os erros, tentar arrumar, refazer, tomaram gosto pela criação.
No final do processo, marquei a data para a mostra das produções audiovisuais dos
alunos, com o intuito de todos terem a possibilidade de retorno de seus trabalhos. No mo-
mento de assistir aos vídeos, tanto os alunos quanto os professores e a direção acharam
interessante a mostra. Intitulei com “I Mostra de Curta-metragem Cejer”. Os temas escolhidos
eram variados: terror - cômico, com assuntos de assassinato, tráfico, manequim challenge
(todos ficam parados e a câmera se movimenta) relatando a sala de aula, bulling, entre outros.
Reunimo-nos na sala de informática, pois nosso colégio não tem teatro ou auditório,
instalei o datashow e colocamos cadeiras para os alunos e professores. Aquele ar de insegurança
de mostrar o trabalho aos outros se instaurou. Quando tudo se iniciou, risos, sorrisos e olhos
brilhantes surgiram. Após a visualização dos vídeos, abri espaço para a troca de experiências
e perguntas sobre o trabalho uns dos outros. Esse diálogo dos trabalhos pós-realizados é
muito importante, pois assim as equipes discorreram sobre processo criativo, seus anseios,
medos, acertos e erros. Elogios uns para outros foi algo inspirador.
Em sala de aula muitas vezes vemos os alunos mais fechados, vergonhosos, e às vezes
não escutamos algumas vozes nem na chamada, passivos em suas vivências, sem nenhuma
expressão. E com esse trabalho eles tiveram VOZ, tiveram VEZ, mostraram o que sofriam até
mesmo dentro do colégio (bulling). Esses alunos tiveram ação, tiveram sua vez de serem vistos,
ouvidos e respeitados. É muito importante os alunos se verem, se observarem, mostrarem
suas atitudes, como é estar em seu lugar, como os outros os veem. Posso afirmar que nossos
olhares e a convivência dos alunos melhoraram. Segundo Ferrés (1996), o audiovisual:
Esse tipo de prática - que tira os alunos de seu conforto - causa estranhamento. Para
explicar a proposta que o professor quer atingir, é preciso explicar a todo o momento como
deve ser feito, deve ser constante o uso de vídeos que mostrem planos cinematográficos.
Depois que os alunos entendem a proposta e começam a gravar, a ter a experiência, a ver
os erros, a tentar arrumar, refazer, eles tomam gosto.
Precisamos fazer com que nossos alunos narrem suas próprias histórias, sejam atu-
antes e atores principais de suas vidas. É preciso desvincular o protagonismo deles de uma
mera figuração. É um processo lento. Muitas vezes o aluno está tão acostumado a não ser
notado que quando é visto no audiovisual numa “telona”, sua presença cresce, seus colegas o
enxergam com outros olhos, veem o potencial e a criatividade do outro. E o mais importante
disso é a mudança de atitude em sala de aula: eles começam a enxergar o mundo com outros
olhos. Até os professores após essa prática viram seus alunos com outras lentes.
Sobre a prática dos curta-metragens, uma característica marcante, discutida com os
alunos e professores, foi a violência em forma de brigas, armas que mostraram em seus filmes,
que causaram risos, mas não deixaram de ser violentos. Isso nos mostrou certos comporta-
mentos e modos de agir, com comunicações reais de suas vidas. Professor sempre enxerga
algo além do que é mostrado. Podemos perceber muitas vezes que a violência que muitos
alunos sofrem dentro de casa é camuflada. Com as palavras podemos disfarçar o que vivemos,
mas o comportamento, o gesto, não tem o controle sobre nossas atitudes.
Quando a lente captura, a compreensão é rápida. Muitas vezes não compreendemos
certas atitudes de nossos alunos, mas quando ele narra sua própria história para um vídeo/
filme, se caracterizando como um personagem (como se a história não fosse a dele), muito
se entende. Segundo o filósofo chinês Confúcio, “Uma imagem vale mais que mil palavras”.
E concordo com ele, pois se expressar com palavras às vezes se torna difícil.
Os alunos gostaram da prática desenvolvida, e eu mais ainda, por ver o resultado
alcançado. Vemos que com apenas um celular e boa vontade conseguimos grandes feitos.
Logicamente que, se tivéssemos recursos de materiais modernos em nossas escolas estaduais,
muito mais poderia ser alcançado.
Fiz juntamente com a diretora do Colégio um certificado com o nome deles e o título
do curta-metragem que eles produziram, com intuito de guardarem e terem uma lembrança
dessa prática (Fig. 1). Minha intenção de início era premiá-los com o título de melhor curta
desenvolvido, melhor ator, melhor atriz, melhor roteiro, melhor desenvolvimento. Mas acabei
por premiar todos os alunos por sua conclusão de trabalhos em equipe.
68 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
Figura 1 - Modelo de certificado entregue aos alunos que participaram da mostra, no ano de 2016
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Desta forma, termino enfatizando que o recurso que utilizei para minhas aulas de
Arte foi o caminho do audiovisual para contar histórias. Um trabalho amador realizado com
muito afinco, em conjunto com os alunos. Para este primeiro momento de prática ocorrido,
os alunos se demonstraram interessados e abertos à criação. O momento mais difícil para
eles foi o de elaboração do roteiro, pois não estavam familiarizados com a forma da escrita
detalhada, mas, no decorrer das aulas, isso foi acontecendo.
Acredito que muitos professores mudaram suas visões em relação a alguns alunos.
Também foi importante para que os alunos percebessem o seu espaço dentro do colégio; o
espaço em que estão inseridos em sua família; compreendessem que as histórias podem ser
mudadas - até mesmo as suas -; que cinema não é só para ricos; que para ser ator precisa de
muito trabalho de cena, não basta um rosto bonito; e que a criação de personagens se faz
necessária, valorizando também os artistas, pois ainda é percebido que o mundo artístico é
muito glamoroso.
Para Ricoeur (2000), somos seres históricos, constituintes de uma história que é narrada
a partir de valorações e experiências que aprendemos a constituir no viver, com o mundo e no
mundo. Com isso meus alunos perceberam-se no mundo, tiveram voz e vez, se valorizaram
como protagonistas de suas próprias vidas. Assim, o professor deve desafiar seus alunos para
novos saberes. Que objeto poderia ser usado para representar o jovem de hoje? O celular.
Então, dessa forma inseri esse objeto para ferramenta de ensino.
BELLONI, Maria Luiza. O que é mídia educação. Campinas, SP: Autores Associados, 2005.
PENIDO, Ana. Especial tecnologia na educação: por que usar tecnologia. YouTube,
Porvir Educação, ago. 2005. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?time_
continue=12&v=IzsHAiCvxR8>. Acesso em: 20 out. 2017.
RIVOLTELLA, Pier Cesare. L’audiovisivo e la for mazione: metodi per l’analisi. Cedam, Padova,
1998.
70 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
USO DO QR CODE COMO FERRAMENTA NO ENSINO DA MATEMÁTICA
RESUMO
O ensino da Matemática tem enfrentado muitos problemas, o rendimento esperado dos alunos não é satisfató-
rio e, ao observar as avaliações, verifica-se que a aprendizagem não ocorre como o esperado e o desempenho
é baixo. Dessa maneira, busca-se, com as ferramentas tecnológicas, grandes aliadas no processo de ensino e
aprendizagem, incrementar a metodologia e as práticas de trabalho desenvolvidas pelos professores da disci-
plina de Matemática. Afinal, o objetivo cerne do ensino da Matemática é a resolução de problemas. Deve-se,
então, buscar alternativas de enfrentamento dessa realidade, superando dificuldades em uma área de extrema
importância na vida de todos. Procurando inovar na busca de novas metodologias, como dispositivos móveis.
A partir de uma conversa com colegas surgiu a ideia de utilizar o QR Code, “um código de barras em 2D que
pode ser escaneado pela maioria dos aparelhos celulares que têm câmera fotográfica”. Desenvolveu-se, então,
uma atividade de caça ao tesouro, utilizando os códigos como pistas, por meio de questões que instigaram o
raciocínio lógico-matemático e possibilitaram a resolução das questões. Também foram utilizados outros recursos
digitais, como os aplicativos Geogebra e Dr. Geo, disponíveis no Paraná Digital. A turma escolhida foi o 9° ano
do Colégio Estadual do Campo de Lustosa e o conteúdo trabalhado diz respeito aos Simulados da Prova Brasil.
1 INTRODUÇÃO
O ensino da Matemática, no Brasil e no mundo, sofre uma grave crise, exigindo dos
professores a reformulação de suas práticas e a ampliação de estratégias metodológicas com a
inclusão de ferramentas tecnológicas. Foi neste sentido que idealizamos um projeto utilizando
o celular dos alunos como alternativa para obtermos maior envolvimento e participação, e
por conseguinte, aprimorarmos o desenvolvimento da aprendizagem. Os simulados da Prova
Brasil são conteúdos já estudados e não geram benefícios imediatos por serem um tanto
complexos, por isso os alunos apresentam resistência à sua aplicabilidade, pois são exercícios
que não motivam os alunos a resolverem os cálculos. Diante disso, foi proposto fazer uso das
tecnologias disponíveis e foram lançados desafios à classe, montando grupos e pistas para
a descoberta de um “tesouro”, esta atividade provocou um clima de suspense e aventura, e
o interesse na resolução dos cálculos aumentou consideravelmente. Essa atividade realizada
em grupo, com questões da Prova Brasil, seria uma atividade introdutória para a resolução
dos simulados de forma individual e, posteriormente, a própria Prova. Os alunos do 9º ano
A do Colégio Estadual do Campo de Lustosa – Ipiranga, sob a regência do professor Alan
Alceu Leachenski, se aventuraram em uma “caça ao tesouro” na busca de uma recompensa.
Organizados em grupos, os alunos aceitaram o desafio de decifrar códigos e realizar cálculos
que remeteriam a novos códigos até o prêmio.
2 DESENVOLVIMENTO
72 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
envolventes e atrativas, que alcançarão um número maior de alunos, além de manter um
clima de ordem e disciplina na sala de aula.
Para Miskulin et al. (2006, p. 107), explorar no âmbito escolar possibilidades de uso
de ferramentas tecnológicas deveria ser considerada uma política educacional, pois se cons-
titui num desafio para professores e alunos, aliás para toda a comunidade escolar, visto que
vivemos em um mundo em constante mudanças. Muitas são as circunstâncias observadas
atualmente que necessitam do conhecimento e da habilidade de dominar as ferramentas
tecnológicas, já que o desconhecimento dessas técnicas contribui com os fatores de exclusão
social por parte dos que delas não se apropriaram, conforme apontam os Parâmetros Curri-
culares Nacionais (BRASIL, 1998). Segundo os PCNs, há quase 20 anos existe a necessidade
de se ofertar uma educação tecnológica nas escolas.
É esperado que, nas aulas de Matemática, se possa oferecer uma educação tecnológica
que não signifique apenas uma formação especializada, mas, antes, uma sensibiliza-
ção para o conhecimento dos recursos da tecnologia, pela aprendizagem de alguns
conteúdos sobre sua estrutura, funcionamento e linguagem e pelo reconhecimento
das diferentes aplicações da informática, em particular nas situações de aprendiza-
gem, e valorização da forma como ela vem sendo incorporada nas práticas sociais.
(BRASIL, 1998, p. 46).
74 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
Figura 1 - QR Code
Após leitura, o aparelho apresentará uma questão a ser resolvida. A seguir temos um
exemplo de questão que está presente no código anterior.
Figura 2 - Questão 1
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com a conclusão do exercício pelas equipes, verificou-se que o rendimento dos grupos
foi muito bom. Foi possível constatar que todos os integrantes das equipes participaram na
resolução dos problemas. Houve discussão dos resultados encontrados pelos alunos quando
havia divergência dos cálculos. A participação foi integral e o clima no Colégio no dia da ati-
vidade ficou bem animado, pois entre as outras classes criou-se uma espécie de torcida e os
códigos escondidos que eram encontrados, logo eram decifrados com ajuda dos celulares.
Com esta tarefa diversificada estamos preparando melhor nossos alunos para encararem com
seriedade os simulados propostos pela Seed-PR e mais tarde a Prova Brasil aplicada pelo
MEC aos 9º anos das escolas.
atividade.
A participação na resolução dos problemas foi realmente efetiva, pois todos buscaram
não somente a conquista do prêmio, mas também o conhecimento. A principal conquista
desta atividade é a participação de todos e a retomada de conhecimentos.
REFERÊNCIAS
76 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
O CORDEL NA ERA DIGITAL: UMA EXPERIÊNCIA NO LABORATÓRIO DE
INFORMÁTICA EDUCATIVA
RESUMO
Este artigo trata de uma pesquisa desenvolvida com o intuito de exploração de condições, para integração
das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), utilizando-se para isso da Literatura de Cordel - em uma
escola do Sistema Municipal de Ensino de Fortaleza/CE. No presente relato de experiência, nos debruçamos na
exposição das oficinas de Cordel realizadas em duas turmas de segundo segmento de Educação de Jovens e
Adultos (EJA IV e V), apresentando a descrição das atividades desenvolvidas nessas turmas, utilizando as TICs
(especialmente a mídia impressa, o vídeo e o computador) além de tecer considerações construídas a partir das
análises realizadas nos trabalhos produzidos pelos alunos. Apresenta-se também uma visão da prática educativa
em informática para a Educação de Jovens e Adultos, no âmbito do ensino fundamental, partindo da experi-
ência vivenciada no laboratório de informática educativa. Neste momento foi possível perceber a importância
de realizar um ensino da informática que estabelecesse relações entre as Tecnologias da Informação e Comu-
nicação com a práxis do profissional do Laboratório de Informática Educativa (LIE), contribuindo, assim, para a
melhoria do processo pedagógico e destacando como tais tecnologias podem ser utilizadas na qualificação e
na produção de impacto na aprendizagem dos alunos da EJA.
1 INTRODUÇÃO
2 DESENVOLVIMENTO
78 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
Quanto às técnicas e instrumentos de pesquisa, escolhemos a observação participante,
segundo a qual “o pesquisador não é apenas um elemento de fora que observa a situação que
está sendo estudada” (SILVA e SCHAPPOO, 2002, p. 104). Esse tipo de observação também
favorece a compreensão dos valores, costumes, comportamentos, relações e características
do grupo (sujeitos) e da instituição (escola) envolvidas nesse estudo.
Para desenvolver e executar o estudo proposto no projeto inicial fez-se necessário,
de forma primária, uma pesquisa bibliográfica para aprofundamento teórico sobre vários
conceitos que fazem parte do universo do cordel, porque entendemos que:
80 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
Literatura de Cordel, em dicionários, textos de revistas e sites da Internet, como, também, em
livretos de poesias e apostilas sobre o Cordel. Além disso, ajudaram no embasamento teórico,
assistir à série de cinco programas da série Literatura de cordel e escola, do site Salto para o
futuro, sendo que o produto desse processo gerou uma apresentação elaborada utilizando
o aplicativo BrOffice.Impress e apresentada aos alunos com o auxílio do projeto multimídia
da escola para que eles pudessem entender melhor a história do Cordel.
A segunda atividade foi a apresentação – também no projetor multimídia – de um
pequeno vídeo “O Lobisomem e o Coronel” com duração de dez minutos, seguido de uma
interpretação de texto escrita, onde os alunos foram convidados a assistir a uma narrativa
sob a forma de cordel e com uma animação baseada em xilogravuras. Foi nessa atividade que
houve a participação do professor de Português das turmas (EJA IV e V) e foi uma atividade
bastante interessante para detectar o nível interpretativo desses alunos, posto que a EJA IV
correspondente aos 6º e 7º anos e a EJA V, aos 8º e 9º anos; no que se constatou os alunos
deixaram muito a desejar no que concerne a seu nível interpretativo-reflexivo que estava
muito aquém do esperado para a série dos mesmos.
A terceira atividade foi outra apresentação sobre a estrutura do cordel, sua rima,
seu ritmo e sua métrica. O objetivo era fazer com que os alunos pudessem compreender as
características básicas do cordel no que concerne ao seu estilo poético e, ainda, a sua finali-
dade/modalidade literária. Essa apresentação também foi elaborada com o BrOffice.Impress
e projetada com o projetor multimídia no LIE para os alunos das duas turmas (EJA IV e EJA
V). Ela foi enriquecida com vários cordéis, onde os alunos pudessem perceber as diferenças
quanto ao número de versos, de rimas, etc.
A quarta atividade foi pensada para que os alunos pudessem pôr em prática todo o
conhecimento teórico que tiveram desde o início do projeto. Constituiu-se na primeira escrita
(ou primeira versão) de seus próprios cordéis. A atividade foi pensada para duplas, mas os
alunos preferiram realizá-la individualmente. Para ajudá-los neste momento de criação foi
dado o seguinte mote: “Como cuidar da vida com alegria, leveza e inteligência? ”. Além dis-
so, elaboramos uma folha digitada com a quantidade de linhas por estrofes e os deixamos à
vontade quanto à quantidade de estrofes. Foi um momento de discussão muito rico sobre o
que deveria rimar com o quê, o que devia ficar, o que retirar, como escrever de forma clara,
dentre outras observações. Esta atividade foi concluída somente pelos alunos da turma de
EJA V, os quais realmente interessaram-se por fazê-la com empenho e seriedade.
A quinta atividade foi a digitação dos cordéis. Cada aluno digitou seu próprio cordel
no LIE, utilizando o programa BrOffice.Writer. Neste momento, aproveitamos para ensinar-
-lhes como o processador de textos pode ser um aliado quanto a ortografia das palavras.
Também aprenderam como formatar fonte (em especial tamanho), zoom e colocar acentos
ortográficos. Além disso, aprenderam a “salvar” seus documentos para não perderem o
trabalho e poder acessar quando quiserem. Pedimos para que eles salvassem com o nome
“cordel_nome_eja5” dentro da pasta criada por eles com o nome Projeto Cordel.
82 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
quando foram trazidas as caixas de sons da professora do LIE para podermos desenvolver a
atividade com o vídeo, posto que ele tinha áudio (falas, músicas, sons, etc.).
Mas, obstáculos à parte, ressaltamos que as atividades foram pensadas e executadas
com sucesso, pois os alunos, paulatinamente, conseguiram sensibilizar-se e envolverem-se
com o projeto. Às vezes um ou outro não queria participar, dizia-se cansado do dia de
trabalho ou mesmo doente (dor de cabeça era o mais comum) e ainda havia aqueles que
pediam para deixar a atividade para outro dia ou terminar em casa, mas foram coisas que
não interferiram no resultado final.
O estudo apresentado neste artigo nos revela alguns indícios interessantes quanto a
utilização das TIC, além de nos remeter a um processo reflexivo que deve ser constante em
nossa prática docente. Esta pesquisa é parte de um corpo investigativo maior que se estendeu
durante aproximadamente dois meses no acompanhamento de nove atividades realizadas
em um laboratório de informática educativa, com objetivos voltados para a realidade prática
na execução de projetos de aprendizagem que utilizam recursos inerentes a integração de
mídias na educação.
As referências teóricas (em especial os módulos estudados durante todo o Curso de
Mídias na Educação, dentre outros subsídios teóricos como textos, artigos, vídeos, slides,
etc.), e os relatos de experiências - entre outras verificações preliminares –, levaram a reali-
zação deste projeto junto aos alunos das turmas de EJA IV e V, do turno da noite, da escola
pesquisada, instituição em que a pesquisadora atua no LIE. Desenvolvemos atividades que
envolveram não só a mídia impressa (o cordel), como o audiovisual (vídeo) e, também, o
computador (informática). Buscamos essas mídias, em especial, por entender que existem
públicos específicos de cada mídia social, e que no caso, os alunos da EJA se interessariam
mais por estas, fato que comprovei durante a realização das atividades.
Com a metodologia aplicada, buscamos viabilizar a participação de todos os segmentos
envolvidos no processo de Educação de Jovens e Adultos, de modo que a proposta expressasse
as reais demandas e expectativas desse coletivo, principais destinatários desta modalidade de
educação. Porém, as professoras do 1º segmento de EJA (EJA I e II) não compraram a ideia,
ficando a experiência restrita às turmas de EJA 2º segmento (EJA IV e V). Como principais
fatores para esse fenômeno, percebemos, dentre outros, a falta de planejamento pedagógi-
co (pois os professores do turno noturno não têm tempo para reunirem-se e elaborar seus
planos (anuais, bimestrais ou mensais), além de não terem acompanhamento pedagógico; a
falta de identificação dos professores – tanto os Polivalentes (EJA I e II), quanto aqueles de
Disciplinas Específicas (EJA IV e V) – com as TIC, pois não há procura destes pelo ambiente
do LIE, sendo suas aulas restritas à sala de aula e sem utilização de recursos midiáticos; e a
ausência de projetos especiais voltados para leitura e escrita da clientela das turmas de EJA,
principalmente pelo fato de não existir um Projeto Político-Pedagógico orientador.
Desde o início da caminhada, em novembro/2010, que culminou neste relato de
experiência em torno de um projeto envolvendo a Literatura de Cordel no laboratório de
84 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
mesmo com as nomenclaturas utilizadas: clicar, marcar, “dar um enter”, zoom, etc.); a criati-
vidade dos alunos na construção dos cordéis propostos; a iniciativa de alguns em não aceitar
o mote que foi sugerido e produzir seu cordel com um mote próprio; e a exposição oral dos
trabalhos produzidos na mostra cultural da escola, ocorrida em fevereiro/2011 (inclusive com
quatro cordéis tendo sido premiados com medalhas pela direção da escola).
Sobre as relações e/ou conexões entre conceitos, os alunos fizeram algumas poucas
correlações, embora com carência de comentários explicativos que pudessem tirar as dis-
cussões da superficialidade, o que pode representar falta de maior entendimento e possíveis
distorções no seu aprendizado escolar. Os alunos participantes corriqueiramente confundiram
conceitos básicos do cordel como: verso, estrofe, rima, dentre outros.
Quanto ao conjunto representativo dos cordéis produzidos pelo grupo, alguns aspec-
tos merecem ser destacados:
- Aspectos de linguagem: a maioria dos alunos teve dificuldade quanto a ortografia
de várias palavras;
- Aspectos de estilo: detectamos que a maioria dos alunos escreveu cordéis bem
sóbrios, nada de comédias ou sátiras. Tenderam a uma poesia que retratasse tudo de uma
forma bem narrativa.
- Aspecto do uso dos computadores: tivemos que diminuir a euforia inicial que era
dada pelos alunos à ferramenta computador em detrimento ao processo de aprendizagem.
Tratamos de conscientizar os alunos de que o computador era apenas mais uma e não única
ferramenta que pode ser utilizada em um laboratório de informática educativa e no desen-
volvimento de algum projeto naquele ambiente que vise a aprendizagem significativa.
Nas xilogravuras produzidas pelos alunos, pudemos notar alguns elementos dentro do
contexto da temática, outros bastante desvinculados das poesias produzidas, necessitando,
porém, de um refinamento melhor nas proporções dos desenhos, aproximando-se mais dos
modelos reais. Notadamente são criações bem primitivas, mesmo porque é visível que as
inteligências espacial e cinestésica precisam ser mais evoluídas naqueles alunos, e tão pouco
foram trabalhadas a contento na idade adequada. Além disso, vale pontuar novamente que
várias das atividades foram desenvolvidas justamente nas aulas de Arte, porque os alunos
não tinham professor dessa disciplina.
Verificamos também que nos cordéis produzidos há necessidade de aperfeiçoamento
das rimas, da métrica e das expressões utilizadas, como forma de aprimorar as poesias escritas
e, consequentemente, a compreensão do que seja verdadeiramente um cordel. Porque, na
verdade, os alunos não conseguiram produzir suas poesias dentro dos padrões de rigor que
a Literatura de Cordel requer e é mais conhecida: estrofe de seis versos e de sete sílabas, com
o segundo, o quarto e o sexto rimados.
Além disso, os textos produzidos pelos alunos (após muito convencimento de minha
parte de que eram capazes de escrevê-los), demonstraram as lacunas deixadas por um ensino
que não privilegia a leitura e a escrita com compreensão, e sim, a decodificação de letras e
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta experiência promoveu a educação tanto das habilidades quanto das sensibilidades
dos alunos, adquiridas no decorrer de suas criações e produções. Além de ter a autoestima
86 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
desenvolvida por meio de atividades em que eles se sentiram capazes de realizar, o trabalho
serviu ainda para envolver os alunos nas aulas de informática educativa, despertando-os para
o fato de que estas aulas não são somente para que eles aprendam a “mexer no computador”,
como eles sempre pontuam, mas para fomentar e despertar seus interesses pelas TIC em geral.
Ressaltamos, ainda, que é o acesso ao conhecimento, à riqueza cultural, à diversidade
de linguagem e às múltiplas possibilidades e complexidades educativas que devemos asse-
gurar na prática pedagógica específica EJA.
Finalmente, esperamos que esta pesquisa contribua para novos trabalhos na área da
integração das TIC, na Educação de forma eficiente, possibilitando diversas oportunidades
de reflexão sobre a escrita, a oralidade e sobre os conceitos estruturais do gênero cordel
por meio prático, no uso interativo das ferramentas de produção textual e no incentivo ao
protagonismo proporcionados pelos momentos de construção, reconstrução e das ações
colaborativas durante o processo de produção dos cordéis, além, claro, para a divulgação
entre as novas gerações dessa expressão tão marcante da cultura brasileira que é a Literatura
de Cordel.
REFERÊNCIAS
GIL, Antonio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 1ª edição. São Paulo: Editora
Atlas, 1999.
MINAYO, M.C.S. Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. 19ª ed. São Paulo: Vozes, 2001.
SILVA, Marise Borba da. SCHAPPOO, Vera Lúcia. Introdução à pesquisa em Educação.
Florianópolis: UDESC, 2002, Caderno Pedagógico; v. 1, 146 p. Cordel.
RESUMO
Este artigo tem como base a experiência pedagógica obtida a partir da criação de um ambiente virtual de
aprendizagem (via Moodle), no qual os alunos de um colégio estadual do campo puderam interagir, colaborar
e cooperar entre si durante a implementação de um projeto PDE nas aulas de Língua Portuguesa e Literatura
(LPL), apropriando-se das modalidades de linguagem oferecidas pelo avanço das tecnologias. Fez-se uso de
um suporte não-convencional, o celular, na mediação da aprendizagem individual e na construção coletiva do
conhecimento escolar por meio de pesquisas no ciberespaço. Com isso buscou-se vencer as barreiras de tempo
e espaço sociogeográficos do aluno do campo, integrando-o por meio da tecnologia, ao que existe de atual
nos estudos da disciplina de língua portuguesa; conectando-o à sociedade tecnológica moderna como sujeito
capaz e ciente de sua identidade; levando-o a compreender os conceitos de link, hiperlink e hipertexto, para
utilização em suas pesquisas escolares.
1 INTRODUÇÃO
Sala Virtual de Pesquisa de Língua Portuguesa e Literatura (Sal@ ViP de LPL) foi o
nome dado à sala de aula virtual de aprendizagem criada na plataforma Moodle2, que serviu
de suporte técnico ao Caderno Pedagógico dirigido aos estudantes do 1º ano do Ensino Mé-
dio do Colégio Estadual do Campo Dr. Munhoz da Rocha, produto de pesquisa PDE/ Turma
2016. Esse colégio está situado na zona rural de Ponta Grossa-PR, no distrito de Guaragi, e
foi escolhido para a implementação do projeto porque tem apenas duas aulas de LPL por
semana, fato que torna insuficiente o tempo em sala de aula para se trabalhar todo o conte-
údo pertinente à grade curricular de língua portuguesa e literatura previsto para essa série.
A sala virtual criada, constituiu-se num Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) na
plataforma Moodle (software livre), e foi utilizada pelos alunos com a finalidade de facilitar o
aprendizado de conteúdos complementares àqueles trabalhados presencialmente na escola.
Essa sala virtual possibilitou a realização de tarefas online a partir de conteúdos previamente
pesquisados e postados pelo professor, para que o aluno pudesse perceber como agir em
suas pesquisas via internet e pudesse utilizar o espaço virtual como um repositório do seu
aprendizado, sobretudo, por meio de sua interação com os demais colegas, pois, segundo
José Manuel Moran:
1 Professor da Rede Estadual de Ensino.
2 A plataforma Moodle é considerada uma ferramenta que tem uma proposta bastante diferenciada: ‘aprender
em colaboração’ no ambiente on-line, baseando-se na pedagogia sócio construtivista. Outra grande vantagem
desse software criado em 2001 pelo educador e cientista computacional Marti Dougiamas, é que ele é gratuito.
Pode ser instalado em diversos ambientes (Unix, Linux, Windows). (MORAES, 2009, p.5).
Assim, diante das possibilidades de interação proporcionadas por essas várias mídias,
é imperioso lembrar que o ensino da língua portuguesa na contemporaneidade está vincu-
lado não só à escrita, mas também à oralidade. Beth Marcuschi, autora que discute o espaço
escolar atual, destaca que “há inquietações no espaço social e mudanças em andamento nos
debates e práticas relacionados às questões que merecem e devem ser exploradas na aula
de língua portuguesa” (MARCUSCHI, 2013, 7), já que a escola está situada num contexto só-
cio-histórico e precisa estar “atenta a seu tempo” (MARCUSCHI, 2013, 7). Portanto, deve-se
levar em consideração os estudos realizados sobre gênero e letramento, que estão sendo
ampliados consideravelmente por profissionais intimamente “familiarizados à formação
inicial e continuada de educadores, às práticas escolares, às políticas públicas e às questões
de pesquisa” (MARCUSCHI, 2013, 8). A prática do professor deve relacionar o ensino com as
reais situações de comunicação da sociedade na qual o aluno se insere. Assim, é primordial
desenvolver nos alunos o interesse por novos conhecimentos e suas possibilidades de uso
no espaço em que vivem. Para Marcuschi, todos os professores envolvidos com o ensino
e aprendizagem de linguagens devem buscar subsídios inovadores “atinentes às ‘múltiplas
linguagens’” (MARCUSCHI, 2013, 16) para que reflitam em suas práticas pedagógicas e “se
sintam estimulados a mudá-las” (MARCUSCHI, 2013, 16).
É preciso aceitar que há uma sintonia e uma familiaridade de nossos alunos com a
internet, neste sentido que é preciso mudar nossa prática pedagógica para lhes dar condições
de aproveitar seus conhecimentos prévios sobre acesso e utilização das mídias para socia-
lização, e também para que possam aproveitar a familiaridade que têm com os suportes de
navegação, obtendo sucesso no ato de estudar.
Dessa forma, o AVA criado se tornou uma extensão da sala de aula oficial e não apenas
uma sala virtual desvinculada da sala de aula física. A intenção deste trabalho também visou
o acesso desse AVA por meio dos diferentes suportes móveis como notebook, tablet, ipad,
iphone e smartphone, oferecendo aos alunos atividades que mostrassem que esses aparelhos
também podem servir de meio para o aprendizado fora da escola, por meio da pesquisa,
sobretudo, com o uso do smartphone, genericamente conhecido como celular - 100% dos
alunos têm acesso a este tipo de aparelho.
A sala virtual de pesquisa esteve disponível no ciberespaço (AVA) durante seis meses
de fevereiro a julho de 2017, enquanto durou a implementação do projeto PDE. Todos os
alunos da turma da 1ª série do Ensino Médio foram inscritos nela e, para acessá-la, tiveram
que criar um login e senha pessoais. Tiveram um espaço para preencher seus perfis, quando
90 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
receberam as notificações dos fóruns, dos comunicados, das mensagens e dos feedbacks
das atividades.
2 DESENVOLVIMENTO
92 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
“como usar o celular em sala de aula”, até mesmo os mais zombeteiros foram sérios em suas
participações. Essa atividade serviu como uma espécie de contrato firmado entre os alunos e
o professor para o uso do celular na sala de aula. O conteúdo desta unidade foi link, hiperlink
e hipertexto; conceitos, exemplos e como navegar por eles.
Na Unidade II, trabalhou-se com a iniciação à literatura, por meio da leitura de alguns
materiais de acesso obrigatório e outros complementares. Alguns conceitos e aspectos histó-
ricos de literatura veiculados por meio de vídeos, slides e páginas da web, ficaram disponíveis
para os alunos por intermédio de links na sala virtual. Novamente durante duas aulas presen-
ciais, o acesso da sala virtual se deu no laboratório da escola – isto porque, anteriormente,
na sala de aula, no acesso ao ambiente virtual (cada um no seu celular), muitos apresentaram
um problema de “falta de crédito” no aparelho. A primeira atividade foi realizar um desenho,
fotografar e postar no espaço próprio delimitado para isso na sala virtual (todos realizaram
a atividade). O desenho até deixou a desejar, conforme a aptidão de cada um deles, mas
todos fotografaram e postaram a atividade a contento. Alguns só reproduziram em ima-
gem o que estava escrito, mas outros atingiram o objetivo que era fazer uma leitura crítica
da carta do descobrimento do Brasil, tal como seria numa produção verbal escrita na sala
presencial. A novidade é que todos sem exceção, realizaram a atividade. Normalmente, uma
atividade solicitada numa folha de sulfite, de almaço ou similar, não teria o mesmo percentual
de participação dos alunos. A próxima atividade consistiu num questionário, atividade que
deveria ser respondida após a leitura de determinados textos. Muitos alunos foram diretos
à atividade sem realizar essa leitura (o mesmo hábito apresentado e reclamado por tantos
professores na sala de aula presencial), porém, a sala virtual permite ao professor visualizar
se o aluno acessou ou não o recurso requerido. Após a devida reprimenda via mensagem a
esses alunos, disponibilizou-se uma segunda tentativa, e aí todos leram os textos que deveriam
ler. A seguir, destaco o seguinte diferencial: na sala presencial poderia haver “cola”, o que é
muito difícil no ambiente virtual, uma vez que a cada acesso as questões e as respostas são
trocadas, embora o tema seja o mesmo. Na atividade seguinte, que foi uma Wiki (criação de
um texto coletivo), todos participaram.
Ao chegar na Unidade III, os alunos já estavam bastante familiarizados com a sala
virtual, e iniciaram o trabalho com a Gramática e a Linguística, conteúdo da grade curricular,
focados nas características rurais do distrito onde moram. A primeira atividade consistiu na
gravação de uma entrevista com uma pessoa mais velha da comunidade, que deveria contar
a trajetória de sua família até chegar no distrito de Guaragi. Todos os alunos gravaram essa
entrevista no celular e postaram a gravação no espaço próprio da sala virtual. Em seguida,
fizeram a transcrição fonética do áudio e o registraram em forma de texto, dentro das regras
formais da língua portuguesa. Isso proporcionou o trabalho com os conteúdos de variação
linguística, fonologia e regras gramaticais como ortografia, concordância e pontuação. A se-
gunda atividade foi um fórum e todos realizaram a atividade a contento. Consistia na busca,
94 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
wiki, um texto coletivo, a respeito de qual seria a identidade deles, moradores do distrito de
Guaragi, e se deviam se orgulhar de suas origens ou não. O texto produzido ficou bastante
interessante, marcado pelo florescer de uma identidade positiva de homem do campo e na
valorização de sua cultura, baseado num relato subjetivo, mas verídico dos alunos do Co-
légio Estadual do Campo Dr. Munhoz da Rocha, do distrito de Guaragi, município de Ponta
Grossa – Paraná.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
MARCUSCHI, Beth. Múltiplas linguagens e suas práticas. In: Múltiplas linguagens para o
Ensino Médio. Clécio Bunzen, Márcia Mendonça (organizadores). São Paulo: Parábola Editorial,
2013.
MORAN, José Manuel. Como utilizar a internet na educação. Ci. Inf. v. 26 n. Brasilia May /
Aug. 1997. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S0100-19651997000200006>. Acesso
em: 12 set. 2016.
96 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
ENSINO-APRENDIZAGEM COM UTILIZAÇÃO DO FACEBOOK
Elias da Costa1
ooh@bol.com.br
RESUMO
Esta proposta visa à melhoria da aprendizagem com a utilização de tecnologia educacional de fácil acesso
para docentes e discentes, o Facebook. Com a formação de grupos fechados nesta rede social, foi criado um
link de aprendizagem de determinados conteúdos de alguma disciplina, curso ou atividade administrativo-
-pedagógicas a ser executada, ou seja, surge um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA). Os participantes
foram estimulados a interagirem entre si, com postagens frequentes de artigos, sons, vídeos, músicas, poemas,
simulações, infográficos, imagens, links dentre outros. Os resultados demonstraram uma fácil conexão entre os
participantes do grupo em questão, com alta interatividade e assimilação de conteúdos, promovendo melhoria
significativa na disseminação de informações sobre os temas propostos, além de aprendizagem significativa e
rápida, mesmo fora de sala de aula.
1 INTRODUÇÃO
1 Professor da Rede Estadual de Ensino do Paraná no Colégio Estadual Regente Feijó. Ponta Grossa - PR.
Criado em fevereiro de 2004, em Harvard, nos EUA por Mark Zuckerberg e três ami-
gos, um deles, o brasileiro Eduardo Severin [...], em dezembro do mesmo ano, a rede
já alcançara a marca de um milhão de usuários [...], foi a rede social mais visitada do
mundo, no ano de 2010, superando a Google, líder absoluta de acessos até então.
[...], assim como todas as outras redes sociais, vem ganhando a preferência dos usu-
ários da Internet na realização de várias tarefas, como compartilhamento de ideias
e notícias, divulgação de fatos e produtos interessantes a um público específico, e
diversão, por meio de seus aplicativos. Além destas, existem outras finalidades como
estabelecer contatos, que muitos julgam ser a mais relevante, adquirir conhecimento
e gerar discussões a respeito de diversos assuntos. (CARITÁ et al, 2017, p.8)
98 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
Figura 1: Dados estatísticos mostram uma linha do tempo com o número m
Pensando nessa realidade, esse artigo tem como objetivo apresentar o relato de expe-
riência sobre o uso da rede social Facebook no processo ensino-aprendizagem. Além disso,
mostrar claramente a importância da inovação e da criatividade na educação paranaense com
o emprego de tecnologias educacionais diversas por meio do uso da internet, acessadas de
celulares, tablets ou outros dispositivos eletrônicos que possibilitem o acesso às redes sociais,
funcionando como instrumento auxiliar de ensino-aprendizagem em cada AVA criado.
2 DESENVOLVIMENTO
Esta proposta de trabalho foi realizada inúmeras vezes com turmas de ensino médio
e de ensino superior na rede pública e privada nos municípios de Ponta Grossa e União da
Vitória no estado do Paraná, considerando os vinte anos de experiência na área de ensino
adquirida pelo docente.
Inicialmente foi realizada uma investigação em sala de aula, observando-se que todos
os alunos das turmas trabalhadas possuíam conta ativa no Facebook. Sendo assim, o profes-
sor criou uma nova conta nominal, com finalidade exclusiva para o ensino da disciplina de
interesse, no caso relatado aqui, foi feito para a disciplina de química, como mostra a figura 2.
Fonte: https://www.facebook.com
Cada aluno foi convidado para ser amigo do professor naquele novo perfil criado para
utilização na disciplina de química.
Após todos os alunos aceitarem o convite do professor, foi possível a criação de um
grupo fechado no Facebook para aprendizagem dos conceitos relacionados à disciplina,
como demonstra a figura 3.
Fonte: https://www.facebook.com/groups/
100 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
Ribeiro (2017) relata em sua dissertação de mestrado que:
O guia, Facebook para Educadores (PHILLIPS, 2012), foi utilizado para a elaboração de
diferentes propostas de trabalho com os alunos participantes do grupo fechado de Química
criado anteriormente.
Para cada disciplina a ser trabalhada foi criado um perfil ilustrativo diferente, com
auxílio dos próprios alunos participantes na escolha de imagens e demais detalhes da página
de trabalho, como é mostrado na figura 4.
Fonte: https://www.facebook.com/
Foi avaliado pelo professor a participação efetiva dos alunos nas postagens, o feedback
realizado pelos pares, bem como o grau de aprofundamento e relevância dado pelos parti-
cipantes em suas respostas e comentários, durante o tempo estipulado para cada atividade
desenvolvida em sala de aula ou à distância como mostra a figura 5
Fonte: https://www.facebook.com/
O uso do celular em sala de aula pode ser feito tranquilamente, tendo em vista que
grande parte dos alunos acessam a Internet e o Facebook pelo celular ou outro dispositivo
eletrônico similar, por meio de plano de dados móveis disponível em todas as operadoras
de celular, de maneira barata e acessível ou por sinal wireless de uma rede disponível na
escola ou em casa.
A utilização do Facebook, por meio de grupos de trabalho fechado com diversas
turmas distintas, demonstrou inúmeras vantagens no processo ensino/aprendizagem como:
simplicidade e gratuidade de utilização dos recursos, redução do uso de papéis e canetas
nos trabalhos, permitiu que alunos tímidos possam se destacar nos grupo de trabalho, fee-
dback instantâneo, ajuda na inserção de alunos novos em atividades coletivas ou individuais,
não há horário limitado de estudo, permite comunicação com alunos ou pais, promove boa
cidadania no meio digital, permite encontrar toneladas de aplicativos para a aprendizagem
em sala de aula incluindo as fórmulas matemáticas ou químicas bem como aplicações para
apresentação de slides, notas de aula dentre outros.
Mais recursos do Facebook para a Educação de forma detalhada, incluindo diretrizes
passo a passo, sobre como eles devem ser usados no processo ensino-aprendizagem podem
ser baixados por meio do site.
REFERÊNCIAS
ALLEGRETTI, Sonia Maria Macedo. et al. Aprendizagem nas redes sociais virtuais: o potencial
da conectividade em dois cenários. Revista CET, v. 1, n. 02, abril de 2012. São Paulo: PUCSP:
2012.
102 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
CARIA, Érica. Rede social: uma proposta pedagógica para educação ambiental. Monografia
(Licenciatura em Pedagogia) Faculdade de Educação da Unicamp - Campinas, SP: [s.n.], 2012.
RIBEIRO, Cristiane Uebe. O uso do facebook e suas interfaces com o processo ensino-
aprendizagem em uma escola mineira de Ensino Médio. 2017. 286 f. Dissertação
(Mestrado em Processos Socioeducativos e Práticas Escolares) – Universidade Federal
de São João del Rei, 2017. Disponível em: <https://www.ufsj.edu.br/portal2-repositorio/
File/mestradoeducacao/DissertacaoCristianeUebeRibeiro.pdf>. Acesso em: 29 out. 2017.
SANTOS Ieda M.; NAGLA Ali; HILL Anthony. Students as co-designers of a virtual learning
commons: results of a collaborative action research study. The Journal of Academic
Librarianship, 2015. v. 42, p.8-14.
THE STATISTICS PORTAL. Number of Facebook users in Brazil from 2015 to 2022 (in
millions). Disponível em: <https://www.statista.com/statistics/244936/number-of-facebook-
users-in-brazil/>. Acesso em: 30 out. 2017.
RESUMO
Este trabalho busca elucidar as contribuições das culturas afro-brasileiras (africana, indígena e europeia) de
diferentes etnias, na produção dos conhecimentos sobre o mundo físico e natural, especialmente dialogando
com a Astronomia Cultural. Salienta-se que a Etnoastronomia pode tornar visível outras matrizes culturais de
riquíssima produção de saberes astronômicos. A cultura escolar brasileira, quanto à questão da diversidade étnica,
demonstrou avanços com a promulgação de Lei nº 11.645, de 20 de março de 2008. Mas, para a sua efetivação,
ainda é necessário superar a tradição cartesiana lógico-matemática no ensino da Física escolar. Apontam-se
contribuições ao apresentar duas dimensões que dialogam entre si e permitem uma reflexão sobre as questões
da produção de conhecimentos e saberes e os resgates às injustiças históricas, a saber: a) relação histórica e
políticas educacionais com as etnias indígenas, africana e afro-brasileira, e b) relação com a epistemologia do
conhecimento sobre o mundo físico e natural, sob o olhar étnico (ethos). Finalmente, relata a contribuição de
prática pedagógica, de vocação transdisciplinar, mediada pelas tecnologias e pela ressignificação da sala de
aula, que permitiu aos estudantes construir um objeto de estudo mais global e complexo: a astronomia como
uma construção antropológica e cultural.
1 INTRODUÇÃO
1 É graduado em Licenciatura em Física, Mestre em Educação, ambos pela Universidade Federal do Paraná.
Atualmente é estudante do curso de Pedagogia pela Universidade Estadual de Ponta Grossa e professor na
rede pública de ensino do Estado do Paraná (vínculo REPR), atuando nas áreas de docência, na pesquisa em
Educação e em ensino de Ciências e Física.
106 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
Quanto à justificativa do trabalho, destaca-se que na cultura escolar brasileira o tra-
tamento de questões relativas à diversidade étnica, principalmente das matrizes indígenas e
africanas, fruto de diversas disputas e embates, tem demonstrado avanços com a promulgação
de Lei nº 11.645, de 20 de março de 2008, que alterou a LDBEN nº 9.394/96. Essa mudança
acrescentou também a história e a cultura indígena como elemento obrigatório no Ensino
Fundamental e Médio, em estabelecimentos de ensino público e privado, ampliando a Lei
nº 10.639, de janeiro de 2003. Além disso, a Lei nº 11.645/2008 trouxe uma nova redação ao
Artigo 26-A da LDBEN, em seus dois parágrafos. Assim, a legislação dispõe que é no âmbito
de todo o currículo escolar que devem ocorrer a inclusão de “conteúdos referentes à história
e cultura afro-brasileira e dos povos indígenas brasileiros” (BRASIL, 1996 Art. 26-A, § 2º), bem
como necessita serem levados em conta os conteúdos programáticos de diversos aspectos
da história e da cultura das duas principais etnias, que caracterizam a formação da população
brasileira, incluindo ainda:
a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena bra-
sileira e o negro e o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas
contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil”
(BRASIL, 1996, Art. 26-A, § 1º).
108 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
umas com as outras. De modo geral, no período Pombalino havia uma política educacional
centrada nas relações econômicas anglo-portuguesa, com a necessidade de preparar pessoas
capazes de assumir cargos no Estado absolutista e engendrar o aumento da população como
forma de criação de mercados (SECO; AMARAL, s/n).
Período Joanino: Segundo Boaventura (2009), compreende a época da chegada da
família real portuguesa ao Brasil Colônia, em 1808, incluindo o retorno de Dom João VI para
Portugal, em 1821, portanto, anterior à proclamação da independência do Brasil. De acordo
com o mesmo autor, foi no período da permanência da família real que a educação no Bra-
sil passou para a secularização do ensino público, que era destinado para uma pequena e
exclusiva parcela da sociedade. Simultaneamente, ao considerar o contexto de guerra, com
Napoleão a dominar a Europa, no Brasil acarretou uma intensa formação de médicos militares,
principalmente na Bahia e no Rio de Janeiro. Nesta última cidade, criou-se a Academia Real
da Marinha (1808) e, posteriormente, a Academia Real Militar (1810). Além disso, criaram-se
várias instituições culturais e administrativas, tais como: escolas de ensino profissionalizan-
te; Escolas de medicina; Biblioteca Real (1810); Jardim Botânico (1811); Impressa Régia para
diversas publicações; entre outras instituições necessárias para aquele momento histórico e
contexto (BOAVENTURA, 2009). Desta forma, a educação popular no período Joanino ficou
quase no esquecimento e o ensino estava voltado às elites para formar burocratas para o
Estado, especialista na produção de bens materiais e subprodutos, assim como formar pro-
fissionais liberais. (BOAVENTURA, 2009).
Embora, a brevidade das características histórica e políticas apresentadas nos perí-
odos acima não deem conta da totalidade do contexto nacional e internacional, pode-se
evidenciar que as ênfases das ações dos colonizadores estavam em conformidades com as
características que sustentavam uma sociedade escravista (SHIGUNOV NETO; MACIEL, 2008).
Nestas condições, não eram atribuídos direitos políticos aos africanos trazidos forçadamen-
te e a seus descendentes, porém, contraditoriamente, eles consistiam na principal força de
trabalho. No caso dos indígenas, também inicialmente escravizados, com intensa violência
ocorrida por meio de embates e lutas pela dominação e sobrevivência com os colonizadores,
foram considerados libertos em 1755; ou seja, antes da chegada da família real portuguesa
em 1808. Assim, salienta-se a comparação – apenas cronológica –, de que com a Lei Áurea,
a libertação dos africanos foi instituída apenas no Império, em 1888, após 133 anos da liber-
tação dos indígenas. No entanto, a abolição instituída no Império, em maior medida, fora
influenciada pela saturação do sistema econômico e político. Mas há ainda uma imensidão de
outras questões que permeiam a história de nossa sociedade brasileira, que ainda se colocam
como desafios na superação das desigualdades econômicas, sociais e culturais.
Um índio, ao menos um índio sem contato com a sociedade exterior - que os “bran-
cos” chamam sem escrúpulos de “civilização”, vive ao ritmo da sucessão de sóis que
marcam cada dia de sua existência. (...) Um índio afastado da sociedade exterior é
uma criatura mágica, no sentido de pertencer a um universo mágico, enquanto, na
sociedade exterior, somos reféns da realidade cartesiana, ainda que a maioria de nós
nem desconfie disso. (CAPOZOLLI, 2016).
110 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
passar quatro meses com a tribo tupinambá do Maranhão (da família tupi-guarani), contém
registros de que os indígenas brasileiros explicavam o fenômeno do fluxo e refluxo do mar
pela influência da Lua, distinguindo muito bem as duas marés altas que ocorriam próximas
das fases de lua cheia e lua nova. Ademais, acrescenta Afonso (2009, p. 1, grifos meus), que
“somente em 1687, setenta e três anos após a publicação de d’Abbeville, Isaac Newton de-
monstrou que a causa das marés é a atração gravitacional do Sol e, principalmente, da Lua
sobre a superfície da Terra”.
Ao considerar o conhecimento escolar (LOPES, 1999) e a tradição no ensino escolar
de Ciências e de Física, acerca da astronomia, percebe-se que há uma omissão gravíssima
pela exclusão das contribuições dos indígenas brasileiros. Por conseguinte, nos textos des-
tinados às escolas e aos professores em formação, os indígenas deveriam ser considerados
os “primeiros astrônomos do Brasil” (AFONSO, 2006b), mediante as observações de ciclos
na natureza e a produção de saberes de sua cultura.
Além disso, tendo em vista a rica cultura africana e indígena, é mister confrontar que
tais culturas não herdaram integralmente aspectos da cultura ocidental europeia na produ-
ção de conhecimentos sobre o mundo físico. Aquelas culturas (afro-indígenas) produziram
saberes e conhecimentos astronômicos com observações da natureza e mitos interessantes
(da origem do mundo, origem do Sol e da Lua, explicações do movimento das constelações
no céu, da aparição do planeta Vênus nas fases da Lua, etc.), mediante múltiplas relações com
a linguagem e seus costumes, crenças, religiosidades, rituais, sexualidade, sobrevivência e
resistência, valores sociais e emocionais, entre outras características (AFONSO, 2006a, 2006b;
GARCIA et al, 2016). Podendo inclusive considerar, conforme Afonso (2006b), que se entrela-
çaram saberes dos africanos trazidos como escravos ao Brasil com os saberes dos indígenas
nativos, constituindo relações afro-indígenas pela associação dessas etnias no contexto de
resistência à escravidão, desde o período colonial e inclusive após a proclamação da república.
Por outro lado, quanto à visão ocidental do mundo físico, por intermédio de traços
dos costumes e da Filosofia trazida ao Brasil pelos europeus – inicialmente por questões
militares e econômicas, com a criação da Academia Real Militar (1808) e do Observatório
Nacional (1827), e, posteriormente, pelas mudanças devido às características progressivas da
globalização e internacionalização da economia –, argumenta-se que o sistema educacional
brasileiro e o Ensino de Ciências herdaram algumas formas de compreensão da realidade.
Entre essas formas ocidentais de compreender o mundo físico e natural, no movimento de
mudanças e continuidades, podemos citar duas faces que se entrelaçam e se mostram atu-
almente limitadas: a) o dualismo cartesiano-mecanicista, que separou radicalmente a ma-
téria e o espírito, ou o corpo e a mente, explicando os acontecimentos essencialmente pelo
sistema dual causa-efeito; b) nas tendências contemporâneas, o reducionismo materialista
presente nas Ciências da Natureza, que encaminha os sujeitos a pensarem que o “todo” pode
ser continuamente explicado pela “soma de suas partes”. (SANTOS, 2003). Entre os exem-
112 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
preparo da sala; três aulas no dia da apresentação para finalização das atividades; e duas
aulas para as apresentações dos estudantes (que durou 15 minutos cada).
Técnicas, materiais, mídias e recursos didático-pedagógicos: apresentação au-
diovisual, com projetor multimídia e computador, dos episódios da série “ABC da Astrono-
mia” (canal da TV-Escola no YouTube): “Astronomia”, “Estrelas”, “Constelações” e “Cruzeiro
do Sul”; apresentação em slides sobre as interpretações das constelações sob os aspectos
das culturas greco-romano, chinesa, africana e indígena brasileira; utilização do programa
“Celestia”, com projetor multimídia e computador, para estudo das fases da Lua; pesquisa
bibliográfica e leitura do artigo Relações afro-indígenas, do astrônomo indígena-brasileiro
Germano Bruno Afonso, publicado na revista Scientific American Brasil; Rolo de TNT preto e
colorido, bolinhas natalinas de plástico, barbantes, papel laminado, pistola e bastões de cola
quente, cartolina, canetas coloridas e fita adesiva.
REFERÊNCIAS
AFONSO, Germano Bruno. Mitos e Estações no Céu Tupi-Guarani. Scientific American Brasil.
Edição Especial, v. 14, p. 46-55, 2006a. Disponível em: <http://www.mat.uc.pt/mpt2013/files/
tupi_guarani_GA.pdf>. Acesso em: 20 out. 2017.
APPLE, M. Trabalho docente e textos: economia política das relações de classe e de gênero
em Educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
CAPOZOLLI, Ulisses. Tributo a um Pajé Indígena. Scientific American Brasil. Artigo, 2016.
Disponível em: <http://www2.uol.com.br/sciam/artigos/tributo_a_um_paje_indigena.html>.
Acesso em: 20 out. 2017.
CHEVALLARD, Yves. La transposición didáctica: Del saber sábio al saber a ser ensinado.
Trad. Claudia Gilman. 3.ª ed. 2ª. reimpressão. Buenos Aires: Aique Grupo Editor S.A., 2005.
114 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
FORQUIN, J. C. Escola e culturas: as bases sociais e epistemológicas do conhecimento escolar.
Porto Alegre, RS: Artes Médicas, 1993.
GARCIA, Caroline da Silva. et al. “As coisas do céu”: etnoastronomia indígena como subsídio
para a produção de material paradidático. Revista Latino-Americana de Educação em
Astronomia - RELEA, n. 21, p. 7-30, 2016.
SANTOS, Boaventura de Souza. Um discurso sobre as Ciências. São Paulo: Cortez, 2003.
SECO, Ana Paula; AMARAL, Tania Conceição Iglesias do. Marquês de Pombal e a reforma
educacional brasileira. HISTEDBR. São Paulo: Faculdade de Educação da Unicamp, s/n.
SILVA, Éder Francisco da. Os livros didáticos de Física do Ensino Médio: com a palavra os
alunos. 2012, 183f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Setor de Educação, Universidade
Federal do Paraná, Curitiba, 2013.
SHIGUNOV NETO, A.; MACIEL, L. S. B. O ensino jesuítico no período colonial brasileiro: algumas
discussões. Educar, n. 31, p. 169-189, Curitiba: Editora UFPR, 2008. Disponível em: <http://
www.scielo.br/pdf/er/n31/n31a11>. Acesso em: 22 out. 2017.
VEIGA, Ilma Passos A. Organização didática da aula: um projeto colaborativo de ação imediata.
In: VEIGA, I. P. A. (Org.). Aula: gênese, dimensões, princípios e práticas. Campinas: Papirus,
2008, p. 267-298.
RESUMO
Ws revistas eram vendidas com o intuito de se pagar as despesas; e com o lucro adquirir revistas em quadrinhos
para os participantes. No curso eram trabalhados elementos específicos no desenho, como figura humana e
noções técnicas de composição de revistas em quadrinhos. As reuniões aconteciam em horas vagas disponíveis
ao professor (sendo até a hora do almoço utilizada em alguns momentos), a escola cedia o espaço e os materiais
de desenho, assim como os custos de impressão gráfica e os materiais de arte.
1 INTRODUÇÃO
1 Professor de Arte do Colégio Estadual Prof. Algate Lickfeld Maus - EFM; Escola Estadual Boa Esperança - EF.
Piraquara - Área Metropolitana Norte.
2 DESENVOLVIMENTO
Muitas histórias em quadrinhos são criadas por uma única pessoa, que elabora tanto
os desenhos quanto as legendas. Em certos casos, é toda uma equipe que divide entre os
trabalhos de escrever a história e de traçar os desenhos. O brasileiro Maurício de Souza, cria-
dor da Mônica, adota esse sistema, que é tipicamente americano. Além disso, muitos autores
de HQs têm seu próprio sistema de distribuição.
Da gráfica da Editora Abril Jovem saíam mais de 760 edições em um ano (isto regis-
trado em 1993) e, para tanto, uma publicação deve ser revisada diversas vezes. Na década
de 1990 eram produzidas 3.000 páginas por ano e na época o Brasil era o segundo maior
consumidor de histórias da Disney, atrás apenas da Dinamarca. As vendas da década de 1950
foram o principal combustível na construção da editora, pois quem era criança na época e
lia gibis, quando adulto acompanhou os outros segmentos editoriais.
Para se iniciar um quadrinho é necessário, primeiramente, a ideia, adaptada a um roteiro
ou argumento; é aí que serão estabelecidas as ambientações, as falas das personagens e toda
a ação. Quando o roteirista é exigente e o desenhista tem alguma “limitação imaginativa”, o
roteiro pode ter esboços. Este é um caso do escritor Alan Moore, capaz de rabiscar as suas
ideias para deixar bem claro como devem sair seus pensamentos.
O desenhista é o responsável pela definição artística e estética do roteiro, e sua técnica
irá ditar o ritmo e o visual do quadrinho. O desenhista tem liberdade criativa e, se quiser,
pode trabalhar em um roteiro extremamente detalhista, em que pode estabelecer estatura
dos personagens, marca do carro que aparece em algum quadro, cor do céu, etc.
O letrista é o responsável pelos balões. Pode também trabalhar com onomatopeias
(o som dos quadrinhos – crash: batida, Pou: soco, Bang: tiro, etc.), sempre respeitando o
conceito estético do desenho e quadro. Hoje, praticamente, tudo isso é feito pelo compu-
tador.
118 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
A cor é realizada pelo colorista, feita quase que exclusivamente no computador, uti-
lizando softwares específicos que revolucionaram o trabalho com histórias em quadrinhos.
Esse é o processo técnico da construção de uma história em quadrinhos, e serviu de
base para a criação do curso Mangá Arte.
O Mangá Arte foi divulgado por meio de cartazes afixados no interior da escola, em
lugares com grande circulação de pessoas, e nas salas de aulas. Ele aconteceria no contraturno
no qual o aluno estudava. A inscrição era feita mediante preenchimento de uma ficha, em
que os principais dados pessoais do educando deveriam ser preenchidos pelo responsável
legal. O aluno deveria, ainda, respeitar determinadas exigências para cursar, sendo uma delas
estar matriculado na escola onde ocorreria o Mangá Arte. Em alguns casos, alunos de outras
escolas puderam participar do curso e, em uma parceria entre escolas, alunos participaram
do processo de elaboração da revista física.
Após a conclusão da elaboração das HQs, os trabalhos eram recolhidos e era feita uma
seleção das histórias que iriam compor a revista. As HQs tinham um tratamento direcionado à
impressão em preto e branco, o que diminuía o custo com impressões gráficas, as quais eram
feitas em lugares terceirizados. Um contrato firmado com uma gráfica e escola possibilitou
uma cota de impressão ao curso e, com as revistas impressas, havia um trabalho extenso de
divulgação para a venda do produto. Cada autor recebia uma quantidade específica para
vender e também era montado um quiosque em alguma dependência da escola; e em ho-
rários como o recreio, as edições eram vendidas. O lucro era destinado à compra de edições
em quadrinhos em livrarias de revistas usadas. Em dia estipulado, os integrantes do curso se
dirigiam à livraria e com um valor específico poderiam comprar suas edições escolhidas. A
escola custeava o lanche.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O curso de Mangá Arte não foi apenas um curso que visava a aprimorar a capacidade
artística do aluno, mas uma experiência que motivou a continuidade em estudos em arte,
no meio acadêmico, e motivou um trabalho remunerado - tivemos desde estudantes em
faculdades públicas, desenhistas profissionais no ramo da animação e vários tatuadores. O
esforço próprio do aluno e o trabalho em conjunto com o professor e a escola possibilitaram
essa jornada de sucesso.
Apenas avaliar um educando não é o bastante na disciplina de Arte. Aqueles que detém
um conhecimento específico na composição das artes visuais, por exemplo, acabam por criar
uma necessidade de implantar algo que possa contemplar essa especificidade. Infelizmente
a rotina escolar não propicia a esse público o devido espaço no mercado de trabalho ou na
continuidade em seus estudos, visto que a localização regional é em região de carência de
amparo.
LUYTEN, Sonia Bibe. Mangá – o poder do quadrinho japonês. Ed. Hedra, 2000.
120 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
PROJETO ÁSIA: UMA METODOLOGIA PARA DESPERTAR O INTERESSE
SOBRE OS CONTEÚDOS POR MEIO DAS NOVAS TECNOLOGIAS
Juliane M. F. S. Lunardon1
juli_mfsl@yahoo.com.br
RESUMO
Este artigo apresenta um relato de experiência ocorrida, no primeiro semestre de 2017, na escola Estadual Ângelo
Trevisan, com os alunos do nono ano do ensino fundamental. Trata-se de uma experiência onde buscou-se aliar
o uso das novas tecnologias (celulares e redes sociais) para promover o conhecimento curricular de uma forma
mais atrativa aos alunos. Pretende-se com o relato desta trajetória apresentar as contribuições da experiência para
a formação do professor à medida em que a mesma representa uma, entre tantas outras, alternativa de tornar
o trabalho em sala de aula mais interessante aos alunos e, portanto, minimizar problemas como a indisciplina e
o desinteresse pelas aulas. Neste sentido, esta experiência contribui no processo de construção de uma escola
integrada a realidade em que vive a grande maioria dos alunos desta faixa etária, repleta de virtualidades, sem
se perder a essência dos objetivos a serem alcançados com o conhecimento dos conteúdos em questão ou de
outros que possam vir a ser adaptados ao encaminhamento proposto nesta experiência.
1 INTRODUÇÃO
2 DESENVOLVIMENTO
Desta forma, acredita-se que, ao propor um trabalho como este, está sendo criado um
ambiente propício para que a curiosidade seja instigada e possa ser utilizada como mecanis-
mo que desperte a vontade de aprender nos alunos. O professor, por sua vez, sai da posição
de detentor de todo o conhecimento, até porque já não o tem em sua totalidade, visto a
grande quantidade de informações criadas diariamente na internet, e ganha um novo papel,
o do professor de espantos, parafraseando uma máxima de Rubens Alves. Esse professor de
espantos, tem como principal papel semear no seu aluno a vontade de pensar.
Foi dentro desta concepção metodológica que este projeto foi criado e desenvolvido,
buscando despertar no aluno a vontade de aprender, e com base nas vivências em sala de
aula, onde fica cada vez mais nítida a necessidade de se repensar a cada aula as práticas
pedagógicas.
122 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
O projeto foi apresentado aos alunos das quatro turmas de nono ano existentes na
escola no início do segundo trimestre, quando os conteúdos da disciplina, de acordo com
o planejamento elaborado, deveriam abordar o continente asiático, seus aspectos naturais,
políticos, socioeconômicos e culturais. Para aguçar a sua curiosidade, foi mostrada a eles
uma apresentação utilizando o aplicativo Prezi na qual puderam observar diferentes paisa-
gens e aspectos da Ásia. Tal apresentação tinha o caráter de suscitar nos alunos o interesse
e dar os aspectos gerais sobre este que é o maior continente do planeta. Neste momento os
alunos tiveram acesso a todos os assuntos que seriam abordados nas aulas subsequentes,
bem como o que deveria ser avaliado em cada etapa e receberam o encaminhamento do
projeto tomando ciência de como elas deveriam ser cumpridas, bem como os objetivos de
cada uma delas.
No momento em que receberam o encaminhamento do trabalho e perceberam que se
tratava de um projeto onde poderiam utilizar em sala de aula seus celulares, computadores,
ipads, etc., e mais ainda, perceberam que o trabalho seria feito utilizando o facebook, ficaram
muito entusiasmados. Neste momento foi possível perceber que o primeiro objetivo havia
sido alcançado pois havia sido despertado neles a curiosidade em aprender. Então, durante
uma aula, foi-lhes explicado como o projeto deveria ocorrer: em um primeiro momento, or-
ganizados em grupos de até cinco alunos, com cada grupo responsável por uma das regiões
da Ásia, eles deveriam pesquisar diversos aspectos naturais, sociais, culturais e econômicos
de cada região. Tal pesquisa tinha como objetivo levar o aluno a conhecer os diferentes as-
pectos das regiões que compõem a Ásia. Para esta etapa foram utilizadas duas aulas, uma
vez que, entre outros, também era objetivo do trabalho sanar a dificuldade geral dos alunos
em pesquisar na internet. Esta dificuldade já havia sido percebida anteriormente em outro
trabalho, quando os alunos necessitaram pesquisar um assunto para produzir apresentações
em Power Point, e foi constatado uma grande dificuldade em buscar as informações na rede,
bem como selecionar fontes confiáveis e referenciá-las.
Diante deste quadro, optou-se pela realização das pesquisas na escola utilizando-se
para isso dos aparelhos celulares dos alunos, de seus tablets, ou computadores. Para aque-
les que não possuíam nenhum tipo de equipamento eletrônico, foram disponibilizados os
computadores do laboratório de informática da escola. Em alguns casos, também foi possível
a orientação aos alunos em sala para que posteriormente realizassem a pesquisa em casa.
Concluída a etapa de pesquisa e levantamento de dados, os alunos foram questionados
sobre o que haviam aprendido sobre a região pesquisada e uma série de características da
Ásia vieram à tona, sendo possível a partir daí, montar um perfil de cada região.
Assim, teve início a segunda etapa do projeto. Nesta fase os alunos deveriam criar um
personagem cujas características físicas e de personalidade pudessem espelhar os aspectos
sobre a região da Ásia que havia sido pesquisada. Desta forma nasceram personagens como:
Aladin e Jade Haddad, casal criado por alunos que haviam pesquisado sobre o Oriente Médio;
124 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
Quando perguntados sobre o que haviam achado do encaminhamento do trabalho,
a grande maioria dos alunos afirmou ter gostado muito de tê-lo feito desta forma, que a
metodologia aplicada havia facilitado a aquisição do conhecimento e, apesar de ter sido
trabalhoso, foi mais rápido do que haviam imaginado. Tal aceitação foi percebida também
com os demais alunos da escola a medida em que tomavam conhecimento do trabalho por
meio dos cartazes e do QR code. Foi muito gratificante perceber o interesse dos alunos do
oitavo ano, por exemplo, questionando se eles também poderão fazer este trabalho no ano
que vem.
Apesar de ter um retorno muito positivo, por se tratar de uma experiência e, como
tal, deve ser aprimorada, é necessário abordar e refletir sobre os pontos que não deram
certo, sobre as dificuldades encontradas ou situações que, em outros contextos, poderão vir
a dificultar a aplicabilidade desta prática de ensino. Para isso, serão abordados dois tópicos,
com os quais percebeu-se maior dificuldade: questões técnicas e operacionais e o uso do
celular na escola. Não será tratado aqui de um terceiro dilema: a questão da necessidade de
domínio sobre as novas tecnologias por parte dos professores, por ser este um assunto muito
amplo e o qual não se pode dar conta em poucas linhas como se fosse um tema coadjuvante.
Para tanto, serão abordados apenas os tópicos citados anteriormente, pois os mesmos estão
diretamente relacionados ao projeto em questão.
É possível que muitas escolas públicas não possam contar, ainda nos dias de hoje,
com acesso irrestrito à internet em todas as suas dependências internas. Na verdade, talvez
o Ângelo Trevizan seja uma exceção à regra geral. Também não se pode ignorar o fato de
que a grande parcela dos estudantes de colégios públicos, no país, vem das classes sociais
menos privilegiadas o que, portanto, pode limitar o acesso ao aparelho celular.
No entanto, há que se pensar em alternativas para que o acesso à internet e às novas
tecnologias seja facilitado. Uma boa alternativa é utilizar, quando houver, o laboratório de
informática da escola. Para tanto, será necessário observar a capacidade da aparelhagem
disponível, se há realmente conexão com a internet e, principalmente, se existem computa-
dores suficientes para atender a demanda.
Caso o uso do laboratório de informática seja inviável, também é possível encaminhar
o projeto e cada uma das suas fases para serem feitas em casa. Nesta versão adaptada do
trabalho, o professor poderá inverter a sequência das fases iniciando pela terceira, na qual são
criados os grupos no facebook. Desta forma, ficará mais fácil monitorar o desenvolvimento
do trabalho dos alunos, pois toda produção realizada será acompanhada pelo professor.
Recomenda-se que, caso opte-se por essa forma de encaminhamento, o projeto seja de-
senvolvido de forma individual e não em grupo, uma vez que a maior parte do mesmo será
realizada fora de sala de aula.
Ao optar pela realização do projeto desta forma, é prudente, antes de começa-lo, fazer
um levantamento em sala de aula para saber quantos alunos não têm acesso à internet em
casa ou próximo de casa. Caso perceba-se que é a grande maioria, será mais difícil realizar o
Sendo assim, é possível supor que uma mudança na forma como se vê o processo de
ensino-aprendizagem juntamente com a formação de professores de espanto possa ajudar
a responder não só às questões relacionadas ao uso do celular em sala como instrumento da
desatenção, mas também tantas outras que permeiam a vida do educador em sala de aula.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Mundo mudou, sociedade mudou, a escola também deve mudar. Existe um novo
perfil de aluno que tem acesso aos conhecimentos de diferentes formas, não mais como a
alguns anos atrás quando o livro e os professores eram as únicas fontes de saber. Hoje, o
conhecimento está on line e os estudantes são, além de espectadores, protagonistas das
notícias que circulam pela internet.
126 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
Neste sentido, o fazer educacional pode e deve acompanhar essas mudanças, ressig-
nificando o papel dos atores envolvidos neste processo, tal como afirmam Beber & Fialho:
É preciso, portanto, uma reformulação no ato de dar aulas, e estas mudanças são
urgentes, pois sem elas corre-se o risco de a escola se encontrar sem o posto definido na
sociedade, uma vez que o papel que muitas escolas insistem em desempenhar já não cabe
no mundo atual.
Mas, para que tais mudanças sejam feitas, não é preciso soluções mirabolantes ou
que demandem recursos exorbitantes. Para além disso, o uso da criatividade, da imaginação
e o despertar da curiosidade, tão inerentes ao povo brasileiro, podem ser os maiores aliados
nesses dias nebulosos de busca por perguntas que o Google não possa responder.
REFERÊNCIAS
RESUMO
Neste relato de experiência realizado com a ferramenta Mapa Conceitual criada por Novak, apresenta-se a dinâ-
mica de maximização do encadeamento de ensino e Aprendizagem Significativa de Ausubel (1980) partindo da
metodologia da sala de aula invertida passando pela utilização do software livre CmapTools e na WEB por meio
do aplicativo Sway. Descreve-se a dinâmica da construção do conhecimento de forma mais interativa entre os
alunos e culminando com a apresentação em grupos dos temas estudados bem como a investigação coletiva
dos conceitos. Destaca-se no relato de experiência, a fundamentação teórica da construção do mapa conceitual,
bem como sua melhor estratégia na didática das práticas educativas no processo de ensino e aprendizagem,
no cotidiano escolar e nas práticas educativas desempenhadas pelo professor de História, e a sua dedicação
reflexiva sobre as ações empreendidas pelo autor na consolidação de uma prática reflexiva. Destaca-se, conclu-
sivamente, que este instrumento apresenta várias potencialidades e algumas dificuldades que se evidenciaram
no decorrer do processo construtivo do mapa conceitual. O relato de experiência ocorre com duas turmas de
alunos do 3º ano do ensino médio do período matutino na disciplina de História, pertencentes a um colégio
estadual de Ensino Fundamental, Médio e Técnico, localizado no centro da cidade de Curitiba – PR, e no qual
o autor deste relato atua como docente na disciplina de História.
1 INTRODUÇÃO
2 DESENVOLVIMENTO
Importa ressaltar que a prática laboral deste professor de História proporciona apren-
dizagens significativas aos alunos conforme destacado na centralidade da teoria de Ausubel
(1980), ocasionado quando uma informação nova aparece e se relaciona de forma não ar-
bitrária e de modo substantivo e não literal, evidenciando aspectos relevantes da estrutura
cognitiva do indivíduo. Destacando-se o conhecimento já pertencente ao discente, os mapas
conceituais podem ser dispostos como instrumentos de avaliação, detectando o que este
já acumula, relevando-se de forma absoluta com a teoria da aprendizagem significativa de
Ausubel, na qual ocorre a apreensão da aprendizagem significativa pertencente à sua teoria.
O sujeito deste processo já traz conhecimentos acerca dos conteúdos abordados. Importante
não menosprezar os conhecimentos prévios para que não sejam produzidos ou assimilados
conhecimentos inadequados.
Compreende-se que um novo conhecimento é possível ser construído quando, por
meio da aprendizagem significativa, for acompanhado e relacionado a outro conhecimen-
to preexistente. Este processo é possível ser construído apenas quando tiver manifestação
de interesse do sujeito para a aprendizagem. Concomitantemente se fazem necessários, o
planejamento do professor que de maneira potencialmente significativa valora a origem, o
contexto do discente e a inserção social do objeto a ser apreendido.
130 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
mediação dos mapas conceituais, representam instrumentos adequados ao monitoramento
das perspectivas de aprendizagem, propiciando práticas docentes centradas na mediação
pedagógica por tornarem-se representações alheias aos esquemas cognitivos. Eles tornam-se
um instrumento na integração de diferentes conceitos.
Por meio da Teoria da Aprendizagem Significativa são estabelecidas conceituações
iniciais de aprendizagem reorganizando o cognitivo, ou seja, os novos processos que a ho-
dierna informação se relaciona com determinado aspecto dos conhecimentos trazidos pelo
estudante, que podem levar a transformações cognitivas de forma significativa na tentativa
de atribuir sentido nestas relações dos novos conhecimentos e os conceitos pertencentes
ao discente.
Sendo assim, é possível compreender que a utilização dos mapas conceituais como
ferramenta auxiliar de averiguação do conhecimento dos discentes, pode ser compreendida
nos diagramas hierarquizados que refletem a organização dos conceitos de determinada
disciplina. No decorrer do processo de ensino aprendizagem, os mapas conceituais podem
ser usados como instrumentos auxiliares na demonstração das relações hierarquizadas dos
conceitos que estão sendo transmitidos em uma aula, ou aprendidos pelo discente de forma
autônoma.
Os mapas conceituais são ferramentas gráficas para organizar e representar o co-
nhecimento. Eles incluem conceitos, geralmente encerrados em círculos ou caixas de
algum tipo, e relações entre conceitos indicados por uma linha de conexão que liga
dois conceitos. As palavras na linha, referidas como palavras de ligação ou frases de
ligação, especificam a relação entre os dois conceitos. Definimos o conceito como uma
regularidade percebida em eventos ou objetos, ou registros de eventos ou objetos,
designados por um rótulo. (NOVAK, CAÑAS, 2008).
132 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
Ao analisar de forma empreendida intelectualmente o mapa conceitual, é válido
destacar que se torna uma ferramenta auxiliar valiosa ao trabalho docente, pois, permite
desenvolver algumas práticas avaliativas, na intenção de disseminar de forma diversificada,
os processos de aprendizagem dos discentes em diversos momentos. Nessa perspectiva, é
possível utilizar o mapa conceitual para introduzir de forma alternativa os conteúdos, realizar
sínteses ou ainda como um instrumento diferenciado de avaliação, uma forma diagnóstica
dos conhecimentos.
O software livre CmapTools foi a opção para construção de mapas conceituais com
os discentes, pois além de fácil manuseio, possibilita ao usuário ao gravar a locução, iniciar,
pausar ou reproduzir a gravação. Também é permitida a explicação passo a passo da expla-
nação, ou ainda reproduzir dinamicamente a qualquer instante, todos os movimentos dispo-
nibilizados pelas ferramentas, com a permissão de retomar a cada momento no processo de
construção. Este software disponibiliza diversas oportunidades de intercâmbios de interação
entre os usuários e pesquisadores. O mapa conceitual é, ao mesmo tempo, simples, mas
também complexo com significados profundos. Dessa forma, mapear conceitos, contribui
para o aprendizado e criação de novos conhecimentos, capazes de proporcionar melhores
condições de forma estruturada e autônoma.
No que concerne à importância da utilização desta ferramenta é possível observar
que este software facilita aos estudantes e, porventura outros usuários de outras idades, a
alteração e a modificação dos mapas conceituai, facilitando à interpretação e análise do in-
terlocutor bem como processar com maestria o texto representado em forma esquemática.
É totalmente possível vincular as diversas qualidades dos mapas conceituais aos benefícios
tecnológicos. Assim, torna-se viável disponibilizá-los na rede mundial de computadores para
que qualquer pessoa interessada consiga acessá-los obtendo conhecimento dos conceitos
registrados no mapa conceitual. (NOVAK, CAÑAS, 2008).
Mediar o processo de ensino e aprendizagem com mapas conceituais representa um
caminho alternativo para diversificar as práticas pedagógicas dos docentes de História no
ambiente escolar. Com isso, possibilita-se ao discente alcançar novos lugares e construir novos
saberes que permitem possuir criticidade e comprometimento com um aprender significa-
tivo e com saberes que podem ser inseridos na abrangência das dimensões pedagógicas e
didáticas. Utilizou-se o Sway (https://sway.com/my) que é um aplicativo do Office 365 para
contribuir com o esclarecimento e na expressão coletiva das ideias, usando uma tela inte-
rativa alicerçada na Web. Os mecanismos de design do Sway contribuem para a produção
de forma agilizada e fácil compreensão, com designs atrativos e interativos, fazendo uso de
imagens, textos, gráficos, declarações diversas, vídeos, mapas e outros. Com o Sway é possível
produzir uma destacada aparência de criação e pode ser compartilhado concomitantemente
com os alunos ou outros interessados, sendo para isso suficiente enviar o link. Este aplica-
tivo funciona como uma ferramenta autoral, com capacidade mais eficaz do que utilizar os
134 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
alunos constroem um único mapa conceitual, registrando em uma cartolina e permitindo
uma maior visibilidade e compreensão dos conceitos resultantes desta interação;
h) em outra aula, os alunos são deslocados para o laboratório de informática e
são orientados a registrarem este mapa no software livre denominado CmapTools. Esta parte
da atividade também é construída coletivamente e sob a orientação do professor;
i) ao finalizarem os alunos são orientados a encaminhar para o e-mail do pro-
fessor o resultado final deste mapa conceitual. Por sua vez, o professor disponibiliza todos
os mapas conceituais no https://sway.com/, no qual todos os alunos terão acesso a todos
os mapas conceituais construídos por todos os grupos e, por consequência, todos os temas
estudados;
j) para finalizar o processo, cada grupo apresenta o mapa conceitual para toda
turma de alunos, integrando o conjunto de conteúdos trabalhados, enriquecendo a apren-
dizagem ao relacionarem conceitualmente com os assuntos estudos e disponibilizados ao
coletivo. Apresentam na sala de aula amparados pelo mapa conceitual, pelo https://sway.
com/ e também auxiliados pela TV Pendrive.
k) para evitar situações desagradáveis na qual alguns alunos constroem a tarefa e
outros não participam, mas incluem seus nomes no trabalho, o critério de apresentação foi
determinar que todos do grupo participassem da apresentação para toda turma.
l) a avaliação ocorre de forma processual e participativa na qual o aluno é convida-
do, no momento seguinte, a dissertar e registrar os conteúdos auxiliado pelo mapa conceitual
como forma de avaliação final. Portanto, permitiu-se ao aluno exercer a compreensão autô-
noma e individual, interagir com o coletivo e enriquecer sua aprendizagem na compreensão
interativa dos conteúdos propostos.
m) finaliza-se atribuindo uma nota numérica para cada etapa da construção do
mapa conceitual e posteriormente divulgada aos alunos com respectivos feedbacks coletivos
e individualizados.
Figura 2 – estágio inicial na construção do Mapa Conceitual
Sendo assim, a utilização dos mapas conceituais permitiu aos alunos assimilar os
conteúdos por meio de um instrumento inovador no processo de aprendizagem com uma
perspectiva que o situa e percebe como sujeito no ambiente escolar. Favorece, dessa forma,
organizar suas ideias e estreitar laços com o acesso a construção de saberes diferentes da-
queles evidenciados inicialmente, pois os significados são geralmente individuais. Com isso,
a aprendizagem de conteúdos por meio da representação esquemática do mapa conceitual,
estimula e propicia a capacidade de criar nas novas relações que se constituem, permitindo
novos níveis de integração e com condições para o surgimento de novas etapas de apren-
dizagem.
Essa dinâmica de aprendizagem no processo de construção do mapa conceitual valoriza
a autonomia dos alunos, ao permitir maior controle sobre seu processo de aprendizagem e,
simultaneamente, propicia a retroalimentação do conhecimento. Importante destacar que a
utilização no processo de aprendizagem com o mapa conceitual valoriza aspectos atitudinais,
cognitivos revelando-se no seu processo de construção, integração de aspectos motivacionais
com a capacidade de agir e pensar.
136 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
AUSUBEL, D.P.; NOVAK, J.D. e HANESIAN, H. (1980). Psicologia educacional. Rio de Janeiro,
Interamericana. Tradução para português, de Eva Nick et al., da segunda edição de Educational
psychology: a cognitive view.
138 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
A TECNOLOGIA EM FAVOR DOS CLÁSSICOS
RESUMO
O trabalho tem por objetivo apresentar reflexões e resultados sobre o ensino da Literatura utilizando Objetos
Educacionais Digitais (OEDs), tais como smartphones, celulares, notebooks, computadores, biblioteca digital e
datashow. Levar os alunos do Ensino Médio a ler os clássicos literários é um desafio constante, dessa forma
buscou-se despertar nos jovens e adolescentes o gosto pela leitura literária e o conhecimento do contexto de
produção das obras estudadas, inovando a metodologia de leitura, pesquisa, produção e avaliação. O trabalho
desenvolveu-se a partir da leitura e produção de vídeos de obras literárias. Os sujeitos da atividade foram os
alunos do 2º ano do Ensino Médio, do Colégio Ludovica Safraider, Rio Bonito do Iguaçu. Como resultado desse
processo, compreendemos e constatamos que é necessário utilizar metodologias diferenciadas, bem como orientar
a pesquisa e a produção com os objetos educacionais digitais, ao invés de afastá-los e repudiá-los da escola.
1 INTRODUÇÃO
Numa sociedade em que se busca praticidade e velocidade, nada mais parece tão
inconveniente e antiquado que sentar, tomar um livro nas mãos e lê-lo por bel prazer, pelo
gosto à arte, pelo livro bem escrito que traz em suas páginas as mais ocultas atitudes e
comportamentos dos homens e das mulheres de variados tempos e lugares. Atualmente, há
uma grave crise de leitura literária na escola e, frequentemente, observam-se estudantes que
chegam ao término do Ensino Médio sem terem lido um livro literário inteiro.
Uma nova sociedade configura-se e a escola não consegue e nem deve ficar alheia a
tais mudanças:
O novo panorama escolar, vigente até os dias de hoje, caracteriza-se pela ruptura
com a história do ensino de literatura, porque se dirige a uma clientela para a qual a
tradição representa pouco, já que aquele provém de grupos aos quais não pertence
e com os quais não se identifica. (ZILBERMAN, 2009, p.15-16).
2 DESENVOLVIMENTO
140 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
literária: “[...] propor palavra cruzada, sugerir identificação com uma, ou outra personagem,
dramatizar textos e similares atividades que manuais escolares propõem, é periférico ao ato
da leitura, ao contato solitário e profundo que o texto literário pede” (LAJOLO, 2000, p. 15).
Bem, sabe-se que a leitura não é uma das atividades preferidas do brasileiro, segun-
do os resultados da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, os índices de 2015 estão muito
próximos dos de 2007, em relação aos leitores e não leitores. Em 2007: 45% da população
não tinha lido nenhum livro nos últimos três meses que antecederam a pesquisa e 55% leu
um livro inteiro ou em partes. Em 2015, os números de não leitores foi de 44% e de leitores,
de 56%. Esses números consideram qualquer livro, seja ele literário ou não.
Em relação à leitura literária, a situação é mais impactante e deprimente. Quando
perguntado aos participantes se leem livros de literatura indicados pela escola, como contos,
romances ou poesias, os que leem todos os dias, ou quase todos os dias, são apenas 5%,
e àqueles que não lêem somam, os assustadores, 65%. Ora se os que mais têm acesso aos
livros não leem, o que dizer do restante da sociedade?
Diante desse cenário, percebemos que os adolescentes e jovens não são convencidos
de que ler literatura é necessário e fundamental para a sua formação humana. O discurso
do professor tornou-se ineficaz. E se a literatura como cânone desaparecer da escola, o que
restará? Para Cosson (2014),
Faça-se necessário lutar para que a literatura permaneça e sobreviva na escola. A escola,
para muitos brasileiros, talvez seja o primeiro e o único espaço de contato com obras clássicas
O espaço da sala de aula passa a ter outra configuração, outras possibilidades, que
nem sempre o professor sente-se à vontade, devido à complexidade que a sala de aula ad-
quire. Para esse novo perfil de estudante, a abordagem dada pelo professor aos conteúdos
também precisa de metodologias diferenciadas:
Cabe ao professor estar atento a essa nova fonte de informações para transformá-las,
junto com os alunos, em conhecimento. Essa é uma das características do letramento digital
que busca associar informações e ter uma perspectiva crítica diante delas, transformando-as
em conhecimento. (FREITAS, 2010, p. 14).
Para a sociedade atual, já não cabe mais um ser humano que seja letrado. Para conseguir
sobreviver na sociedade pós-moderna, precisamos ser multiletrados. E para ser professor,
precisamos correr atrás dos nativos digitais, a fim de tentar compreendê-los, interagir, curtir
e compartilhar de seu mundo, porque alcançá-los é quase impossível.
2.3.3 A PROPOSTA
Os alunos, em grupo, durante o 2º trimestre, deveriam ler extraclasse uma obra literária
do Romantismo ou Realismo. Posteriormente, produzir e apresentar para a classe um vídeo
da obra lida, de até 5 minutos.
142 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
Em relação a produção de vídeos escolares, Gouveia (2007) diz que:
Devido ao uso excessivo do celular pela turma para fins não didáticos e pedagógicos,
decidimos incentivá-los a olhar esse objeto como ferramenta para suas produções escolares
e, consequentemente, como um aliado na aprendizagem.
Para auxiliá-los a encontrar as obras que, em sua maioria, não tinha na biblioteca
da escola, disponibilizei, numa rede social da turma, links da Biblioteca Digital e do site do
Domínio Público. No mesmo grupo, ainda orientava e esclarecia dúvidas que surgiam no de-
senvolvimento da atividade. Essa disponibilidade de atender e orientar os alunos a “qualquer
hora” fora da sala de aula aproximou-nos. E, assim, a sala de aula saiu de um local predial e
expandiu-se, sendo redimensionada e reconfigurada.
144 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
Quando se trata de pesquisa na internet, os alunos costumam trilhar seus próprios
caminhos. Constatamos isso ao observar que menos da metade dos alunos utilizou os links
disponibilizados pela professora. Como nativos digitais que são, não necessitam de ajuda para
buscar na rede. No entanto, há também uma parcela considerável que precisa de orientação
e auxílio do professor para que consiga fazer uma pesquisa adequada e de sucesso. Segundo
Maria Tereza Freitas (2010): “[...] nessa era da internet, o professor possa fazer de sua sala de
aula um espaço de construções coletivas, de aprendizagens compartilhadas”.
Nós não ensinamos os alunos a integrar nem mesmo desenhos e diagramas à sua
escrita, quanto menos imagens fotográficas de arquivos, videoclips, efeitos sonoros,
voz em áudio, música, animação, ou representações mais especializadas (fórmulas
matemáticas, gráficos e tabelas etc.). (LEMKE, apud ROJO; MOURA, 2012 p. 22).
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho como a literatura no Ensino Médio tem sido prejudicado pelo insuficiente
número de aulas e o vasto rol de conteúdos a serem desenvolvidos. Utilizar-se da tecnologia
para tentar amenizar essa incongruência é uma possibilidade.
Em relação à prática aqui apresentada, percebemos que não são atividades mirabolan-
tes, fora do mundo real, distante de nossas possibilidades, que mudarão o cenário educacio-
nal em que estamos inseridos. Uma atividade simples de transformar uma leitura feita num
vídeo para ser apresentado à turma, já bastou para que os alunos se sentissem motivados.
A possibilidade dos colegas terem acesso ao trabalho dos demais ampliou o conhecimento
sobre todas as obras: “Achei muito interessante a ideia da professora, tenho certeza que
com essa técnica todos tiveram a oportunidade de conhecer as obras lidas.” (Aluna. Dados
da pesquisa, 2017).
Podemos destacar também a interação e a dedicação dos alunos no desenvolvimento
da atividade: “Eu achei que foi um trabalho bem diferenciado, que a gente se empenhou em
fazer um trabalho bem feito e também porque a classe interagiu muito além de ser divertido”
(Aluna. Dados da pesquisa, 2017).
Para que possamos ter um ensino eficiente utilizando-se de tecnologias, não precisamos
descartar tudo o que temos, como pensam alguns; ao contrário, devemos utilizar-se daquilo
que possuímos para modificar o nosso cotidiano escolar. Bem sabemos que as mudanças
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são lentas e nem sempre conseguimos atingir todos os objetivos que almejamos. Todavia, é
preciso dar o primeiro click!
REFERÊNCIAS
COSSON, Rildo. Círculos de leitura e letramento literário. São Paulo: Contexto, 2014.
FREITAS, Maria Tereza. Letramento digital. Educação em Revista, Belo Horizonte, v.26, n. 3,
dez. 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/edur/v26n3/v26n3a17.pdf>. Acesso em:
03 set. 2013.
GOUVEA, José Timoteo de. A aula feita em vídeo, o vídeo feito em aula: uma transformação
no ensino de Química. Cadernos PDE,2007. Disponível em: <http://www.gestaoescolar.diaadia.
pr.gov.br/arquivos/File/producoes_pde/artigo_jose_timoteo_gouvea.pdf>. Acesso em: 03 set.
2013.
RODRIGUES JÚNIOR., Adail Sebastião et. al. Internet & Ensin: novos gêneros, outros desafios.
2. ed. Rio de Janeiro: Singular, 2009.
ROJO, Roxane; MOURA, Eduardo (Orgs.). Multiletramentos na escola. São Paulo: Parábola
Editorial, 2012. 264p.
ZILBERMAN, Regina. Que literatura para a escola? Que escola para a literatura? Revista do
Programa de Pós-Graduação em Letras pela Universidade de Passo Fundo, n. 1, v. 5, p.
9-20, jan./jun. 2009.
RESUMO
A videorreportagem é uma das formas de utilizar as tecnologias utilizando o smartphone de maneira a pro-
mover a participação efetiva dos alunos e alunas na construção do conhecimento. Esta produção foi resultado
do Projeto Junho Verde realizado no Colégio Estadual Professor Meneleu de Almeida Torres, como forma de
enfatizar o dia 05 de Junho, considerado o dia mundial do meio ambiente. A proposta está fundada na meto-
dologia de educar pela pesquisa, e baseava-se em uma forma de avaliação bimestral, onde cada equipe das
turmas do ensino fundamental e médio produziram um documentário em forma de videorreportagem sobre
os impactos socioambientais identificados em suas respectivas comunidades. Os resultados foram satisfatórios
visto a qualidade das produções tanto nos aspectos relacionados às técnicas de filmagem, som e edição quanto
aos conteúdos abordados.
1 INTRODUÇÃO
O cotidiano de sala de aula nas instituições de ensino em geral, assumiu uma rotina
que tem como perspectiva a aula expositiva com limitadas formas de trabalhar os conteúdos
curriculares e consequentemente uma frágil apreensão dos conhecimentos em relação aos
discentes.
Ainda há que se considerar a forte presença das culturas e equipamentos digitais na
vida dos nossos discentes, proporcionando-lhes outras formas de acessos a informações,
conhecimentos, conteúdos e relacionamentos aos quais a escola, enquanto ambiente privile-
giado para a promoção do processo ensino e aprendizagem, não consegue acompanhar estes
avanços, nem quanto à estrutura física, e nem quanto às dimensões didáticas e pedagógicas.
Neste contexto cabe ao professor, segundo Demo (2003, p. 15), propor seu modo
próprio e criativo de teorizar e praticar a pesquisa, renovando-a constantemente e manten-
do-a como fonte principal de sua capacidade inventiva.
Portanto a pesquisa é um método de ensino que deve ser incentivado como uma
das formas de fomentar o interesse dos alunos pela iniciação científica no ambiente escolar.
No Colégio Estadual Professor Meneleu de Almeida Torres, Ponta Grossa, Pr, desen-
volvemos na disciplina de Geografia o projeto intitulado “Planeta Menaltor – pensar e agir
localmente para pensar e agir globalmente” sendo realizado tanto no ensino fundamental,
quanto no médio e técnico integrado, totalizando doze turmas nos períodos matutino e
vespertino.
2 DESENVOLVIMENTO
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Para tanto, convidamos o projeto Lente Quente, do Curso de Jornalismo da Univer-
sidade Estadual de Ponta Grossa - UEPG, para ministrarem oficinas de como produzir uma
videorreportagem, demonstrando as técnicas de filmagens e edição a partir dos smartphones.
Os acadêmicos e acadêmicas da UEPG, abordaram desde técnicas de ângulo de filma-
gem, iluminação, direção do vento até aspectos positivos e negativos deste tipo de produção.
Após esta capacitação, os países fictícios tiveram duas aulas para planejarem e des-
creverem em uma ficha própria os impactos ambientais identificados, suas possíveis soluções
e um prazo de duas semanas para a produção de suas videorreportagem.
Em seguida as produções foram apresentadas em todas as turmas e utilizadas como
material didático aproximando os conteúdos teóricos auxiliando na compreensão dos con-
ceitos de impactos socioambientais.
Como exemplo, o país fictício identificado como República de Criságuian do 1º Ano
Integrado do Curso Técnico em Administração identificou como impactos ambientais negati-
vos entulho jogado em terreno baldio e em outro local inapropriado; Poluição de um riacho,
através de esgoto e do descarte de lixo.
As duas situações foram comprovadas pela equipe retratando os referidos impactos
mencionados, filmando o arroio e o entulho próximos às residências dos alunos e alunas.
Desta maneira constataram efetivamente que os resíduos sólidos urbanos geram inú-
meros problemas socioambientais e que principalmente há soluções relativamente simples
que podem minimizar tais impactos.
Além disso, a produção do vídeo atendeu todos os critérios e técnicas propostas pelos
acadêmicos do Projeto Lente Quente da UEPG, configurando-se como uma videorreportagem
com significativo conteúdo jornalístico.
Ao todo foram 13 videorreportagens produzidas pelos países que se transformaram
em material documental e didático, retratando as realidades socioambientais da comunidade
escolar do entorno do Colégio Meneleu.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa. 6. ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2003. 130 p.
DEMO, Pedro. Ser Professor é cuidar que o aluno aprenda. Porto Alegre: Mediação, 2004.
80 p.
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APRENDIZAGEM DOS CONCEITOS BIOLÓGICOS POR MEIO DO
SMARTPHONE
Gilberto Chudzik1
chudzik@live.com
RESUMO
Percebemos que no dia a dia, se intensifica o uso de recursos tecnológicos educacionais dentro do ambiente
escolar. Inúmeros professores estão cada vez mais utilizando o smartphone em suas aulas, para ter o acesso
mais rápido aos objetos de aprendizagem. O smartphone permite rapidamente o acesso à internet, a vários tipos
aplicativos, imagens, vídeos entre um outro número muito grande de objetos educacionais, o que proporciona
ao aluno uma aprendizagem significativa. O objetivo deste trabalho foi desenvolver atividades na forma de
hipertexto para que possam ser usadas pelos smartphones para o ensino de Biologia, visando à interação dos
alunos com as informações recebidas por meio do recurso Bluetooth. A pesquisa do aproveitamento educacional
por meio do smartphone foi realizada com a turma do terceiro ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Castro
Alves de Cornélio Procópio. Os alunos, na sua grande maioria, 95%, aceitaram o uso das atividades propostas,
apresentando durante as aulas pouca ou quase nenhuma distração durante o desenvolvimento das atividades,
apresentando rendimento escolar acima da média da turma.
1 INTRODUÇÃO
O século XXI aponta para uma nova visão na área educacional, apresentando grandes
mudanças na educação por meio das novas tecnologias, que alteram/modificam a solução
de antigos problemas, como a transferência e obtenção das informações buscadas pelos
alunos e professores, levando-os a uma nova forma de adaptação no processo de ensino-
-aprendizagem.
A formação profissional de um professor implica em entender que o processo de
aprendizagem se torna cada vez mais contínuo, redimensionando os conceitos que devem
estar alicerçados na compreensão das novas tecnologias educacionais, considerando que
à escola cabe o papel de preparar os alunos para uma formação científica e tecnológica.
“Segundo Ponte, Oliveira e Varandas as tecnologias estão a cada dia mais” (SEED, 2013, p. 7)
presentes na escola, onde facilitam o acesso à informação em qualquer situação.
Para o professor, torna-se necessário atualizar-se a cada dia, para assim promover
todas as condições especiais para a realização de um trabalho dinâmico, inovador, utilizando
as tecnologias digitais móveis. Por isso, Moran (2004) destaca que uma sala de aula precisa
de professores bem preparados, motivados, bem remunerados e com formação pedagógica
atualizada.
1 Professor PDE de Biologia do Colégio Estadual “Castro Alves”, Cornélio Procópio - Núcleo Regional de Cor-
nélio Procópio.
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importante que o professor use técnicas e recursos que integre as dinâmicas tradicionais com
as inovadoras e que permitam a união da escrita do audiovisual, do texto com o hipertexto.
A maior dificuldade no uso do smartphone como recurso em sala de aula é a neces-
sidade de que o professor apresente conhecimentos suficientes para manuseá-los correta-
mente e entender como é o comportamento dos alunos quando estão usando no processo
de aprendizagem e por causa disto, muitos professores restringem o uso do celular do tipo
smartphone por oferecer distrações quando do seu uso em sala de aula. A partir das novas
tecnologias educacionais, o professor ganha novas formas de ensinar chamando a atenção
de seus alunos para as informações a serem recebidas (RISCHBIETER, 2009, p. 56).
Os novos aparelhos smartphone possibilitam o envio de figuras, textos, fotos, vídeos
e imagens via bluetooth, sem acesso à internet, fazendo com que o professor tenha menos
ou quase nenhuma distração quando do uso da rede mundial de computadores. Destaca
Moran, (2008), a internet é uma tecnologia que facilita a motivação dos alunos, pela novidade
e pelas possibilidades inesgotáveis de pesquisa que oferece. Com o uso da internet em sala
de aula, o smartphone permite o compartilhamento de figuras, textos fotos, vídeos e imagens
por meio de comunicadores instantâneos tipo WhatsApp.
A educação ganha novas possibilidades de aprendizagem com a incorporação da
tecnologia móvel oferecida por estes aparelhos inteligentes dentro da escola, criando espaço
diferenciado com recursos que estavam a sua disposição e que não eram efetivamente utili-
zados dentro da escola, onde o aluno pode viajar pelo espaço do conhecimento sem precisar
se locomover para outro espaço. As tecnologias móveis estão cada vez mais presentes no
cotidiano das escolas, contribuindo não só para a comunicação, mas o compartilhamento de
informações. Para Corrêa (2006), o uso das inovações tem como meta estabelecer um novo
ponto de contato entre educação e tecnologia.
Cada vez mais ampliam-se as formas de conceber a aprendizagem por meio da tec-
nologia, com possibilidades infinitas de novas práticas pedagógicas para aprender, onde o
desenvolvimento intelectual acontece de forma natural, aprimorando a capacidade de pensar.
As informações se transformam em conhecimento, sendo imediatamente incorporadas ao
processo de ensino e aprendizagem, transformam-se em uma nova fonte de saberes, onde
a aula expositiva com a lousa de giz, deixa de ser interessante ao aluno e se transforma cada
vez mais em um ambiente monótono e sem atrativo.
A sala de aula torna-se cada vez mais um ambiente tecnológico, onde o processo de
aprendizagem se torna prazeroso, permitindo a interação intensiva entre o aluno e o ambien-
te virtual da informação por meio do uso dos smartphones, que passa a apresentar maior
riqueza de informações e comunicação, desenvolvendo novas atitudes, novas habilidades
e valores necessários à educação tecnológica dos estudantes do Ensino Médio. Conforme
Ferreira (2007), os novos recursos didático-pedagógicos permitem desenvolver um tipo de
aula diferente, de forma mais dinâmica e proveitosa.
A presença das tecnologias por meio dos smartphones em sala de aula propicia no-
vos desafios para os professores, como suprimir as distrações que interferem no processo
educacional, portanto, quando o professor direciona o seu uso, passa a ter a sua disposição
toda essa tecnologia que pode servir como excelente ferramenta pedagógica e disciplinar. O
uso das inovações tecnológicas na área educacional condiciona e influencia todo o processo
de ensino e aprendizagem, otimizando o tempo na sala de aula. De acordo com Moreira
(1986), o processo de informatização da educação favorece as mudanças nas condições e
no processo ensino-aprendizagem. Conforme Santos (1997), a tecnologia da comunicação
permite inovações que aparecem, não apenas juntas e associadas, mas também para serem
propagadas em conjunto.
Cada vez mais, a informática educacional oferece à comunidade escolar novas ferramen-
tas que ultrapassam todos os obstáculos físicos, permitindo descobrir e conhecer o mundo.
Lopes (2004) afirma que a tecnologia causa mudanças no modo que um indivíduo
pensa e se relaciona com o mundo. De acordo com SACCOL A. et al (2011), “o conhecimento
é fruto de construção do indivíduo com a colaboração de professores e colegas, interagindo
com as tecnologias virtuais”.
A possibilidade de integrar o smartphone como um instrumento tecnológico a um
projeto pedagógico inovador, incrementando as aulas, oferecendo conteúdos mais interativos,
despertando o interesse e a motivação nos alunos, aproximando-o do uso correto destes
recursos, deu origem a este trabalho, que se iniciou a partir do primeiro trimestre do ano de
2017 com 20 (vinte) alunos, sendo 7 alunos e 13 alunas, do terceiro ano do Ensino Médio
do período matutino, do Colégio Estadual Castro Alves – E.F.M.P., da cidade de Cornélio
Procópio, no estado do Paraná.
Em sala de aula, o professor utilizou as ferramentas necessárias para desenvolver uma
consulta de preferência do uso dos recursos didáticos, utilizados no ambiente escolar, por
meio de um questionário, figura 1, que apresentava indagações sobre qual tipo de recurso
didático mais agrada aos alunos, contendo as figuras dos seguintes aparelhos: aparelho de
som, DVD player, livro didático público, lousa de giz, retroprojetor, tablet, TV Multimídia/
Pendrive e o smartphone. Esta consulta por meio de um questionário apresentava abaixo de
cada recurso, a seguinte indagação para os alunos: preferem e não preferem.
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Figura 1 - Pesquisa sobre Recursos didáticos preferidos pelos alunos.
A preferência dos alunos pelo uso dos smartphones como recurso pedagógico em
sala de aula pode ser explicado por vários fatores (relato dos próprios alunos em uma con-
versa na forma de uma mesa redonda dentro da sala de aula): fácil de transportar, tamanho
reduzido facilidade de uso; acesso à rede mundial de computadores; grande capacidade de
armazenagem de dados; expande a capacidade do aluno na busca pelo conhecimento; po-
dem compartilhar diversos materiais de estudo em tempo real e ainda, pode ser guardado
em pequenos locais.
Para o Professor da Classe, o uso do smartphone oferece uma prática educacional
inovadora, atraente e ao mesmo tempo instigante, permitindo que cada aluno faça a ma-
nipulação do conteúdo de acordo com sua curiosidade, podendo ser considerado com um
mini projetor (Datashow) particular e ainda, auxiliam e ampliam o conhecimento prévio do
aluno. Para Ausubel (2003), o conhecimento prévio são conceitos preexistentes na estrutura
cognitiva do aluno que explicitam as representações do indivíduo.
O envio do hipertexto pode ser feito facilmente por meio do uso de um recurso pre-
sente em todos os smartphones, o bluetooth, que pode ser utilizado pelo professor para o
envio dos arquivos com a extensão em PDF para o smartphone dos alunos, não havendo
a necessidade de uma conexão ativa com a Internet, seja por meio de uma operadora de
telefonia ou pelo Wi-Fi, o que causa menos distrações em sala de aula.
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Figura 3 - Representação do envio do texto por bluetooth
O professor, ao utilizar esse aparelho, possibilita aos alunos o acesso aos modernos e
instigantes hipertextos, construído de maneira interativa, onde os conceitos foram previamente
determinados/selecionados para permitir ao aluno, o desenvolvimento mental e intelectual.
O hipertexto construído a partir dos conceitos/conteúdo da Coleção Biologia - Volumes 1, 2
e 3 dos autores Sônia Lopes e Sergio Rosso foi denominado: Qual a importância ecológica
dos vegetais? Conforme a figura 4, e enviando inicialmente pelo professor para dois alunos
por meio do bluetooth, figura 3, que momento mais tarde, repassaram para os demais alunos
na sala de aula em um tempo inferior a 4 minutos, na forma de uma teia.
O texto, por meio do hipertexto, permite realizar uma leitura em qualquer parte do
planeta, a qualquer hora do dia e por mais de um leitor simultaneamente (Xavier, 2004). Para
o professor, o grande desafio dentro da sala de aula, é conscientizar o aluno a utilizar correta-
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mente esta nova ferramenta de aprendizagem e comunicação, permitindo a transferência de
informações com responsabilidade e maturidade para efetivar a aquisição do conhecimento
de forma diferenciada e instigante.
3 CONSIDERAÇÕES
REFERÊNCIAS
BOLTER, J. D. Writing Space: the computer, hypertext, and the history of writing. Hove and
London: Lawrence Erlbaum Associates, Publishers,1991.
BLOG Brasil Escola. A tv, o vídeo e o celular em sala de aula: relato de uma experiência
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desafios-para-promover-melhorias-no-ensino-aprendizagem-da-area-de-ciencias-naturais-
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JUNIOR, Wilmo; BARROS, Aline; GARCIA, Viviane; OLIVEIRA, Ana Carolina. Um Estudo das
Analogias sobre Equilíbrio Químico nos Livros Aprovados pelo PNLEM 2007. In. Ensaio:
162 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
pesquisa em educação em Ciências/Universidade Federal de Minas Gerais. Faculdade de
Educação. Centro de ensino de Ciências e MatemáticaVol 1, n.1 (1999). Belo Horizonte UFMG/
FAE/CECIMIG v.13 n.2 ago. 2011.
LANDOW, G. Hypertext 2.0: the convergence of contemporary critical theory and technology.
Baltimore and London: The Johns Hopkins University Press, 1997.
MATO GROSSO. Secretaria de Estado, de Educação, esporte e lazer. Propostas e desafios para
promover melhorias no ensino aprendizagem da área de ciências naturais e matemática
no âmbito escolar. Mato Grosso: SEDUC, 2009. Disponível em: <http://www2.seduc.mt.gov.
br/-/propostas-e-desafios-para-promover-melhorias-no-ensino-aprendizagem-da-area-de-
ciencias-naturais-e-matematica-no-ambito-escol-1>. Acesso em: 07 out. 2017.
RISCHBIETER, Luca. Os inimigos da infância. São Paulo: Folha de São Paulo. 26 de julho 2009.
RESUMO
O presente artigo é composto por três partes, a primeira contém as ideias que fomentaram a criação do Projeto
Cestac no Ar, a segunda apresenta toda a estrutura do projeto, o passo a passo da execução, o encaminha-
mento metodológico total, junto com o referencial teórico que embasa sua criação. A terceira parte trata das
adequações tecnológicas necessárias a se fazer na escola e apresenta um breve relato dos primeiros resultados
observados após a publicação dos primeiros vídeos.
1 INTRODUÇÃO
A análise da Devolutiva do Questionário Guia Edutec, deu origem a esse projeto, o re-
ferido questionário foi respondido em novembro de 2016 e sua análise que utilizou o método
Four in Balance, desenhou o perfil do Colégio Estadual Santa Clara – Candói, PR, de acordo
com o nível de adoção de tecnologia em que a escola se encontra. Sendo cinco possíveis
níveis: exploratório, básico, intermediário, avançado e muito avançado. De acordo com
as respostas emitidas na pesquisa em questão, recebemos neste ano a devolutiva que aponta
a classificação da escola no Nível Avançado.
Na devolutiva alguns pontos ficaram bem evidentes, houve a identificação da neces-
sidade de melhorarmos a comunicação entre professores e equipes pedagógica e diretiva,
bem como entre escola e alunos e, entre escola e comunidade, principalmente, verificou-se
que a comunicação é um dos pontos mais frágeis e que potencialmente precisa ser melho-
rada, outro ponto levantado foi a validade da contribuição dos recursos tecnológicos para o
aprendizado dos alunos, já que a escola se delineia num perfil avançado quanto à utilização
desses recursos, e também, como se dá esse aproveitamento é outro ponto apresentado
para reflexão. Ainda pautados pelos questionamentos do Guia Edutec, o envolvimento dos
alunos e da comunidade escolar foi sugerido mais de uma vez, até mesmo nos momentos de
discussão e no processo de avaliação dos recursos. A sistematização coletiva das informações
do cotidiano da escola para que novos professores possam se beneficiar das experiências,
foi evidenciada dentro das constatações, é necessário que a tecnologia promova inovações
no ambiente escolar, segundo palavras escritas na própria Devolutiva (2017):
Para que novas práticas sejam divulgadas e inseridas no PPP é preciso levar tais prá-
ticas para uma experiência, testar essas situações para verificar todas as adequações para
finalmente inseri-las em documento oficial.
A última sugestão do Guia é que se criem grupos com professores e alunos para ex-
perimentar, avaliar e por fim sistematizar o uso de novas tecnologias, aumentando assim a
participação dos alunos nas decisões sobre os recursos tecnológicos, essa participação pode
se dar também na criação e divulgação de conteúdos digitais, vejamos o que o Guia Edutec
(2017) nos aponta:
Escutar o que os alunos pensam sobre como a escola pode se inserir cada vez mais
na Cultura Digital pode facilitar a transição para o estágio mais avançado na visão da
utilização de novos recursos e fazeres com as tecnologias (protagonismo estudantil,
núcleos de produção estudantis, coautoria, etc). (CTE, 2017, p.6)
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2 CESTAC NO AR
É sabido que atualmente o meio mais eficaz para se informar qualquer assunto a
qualquer pessoa, é pelo uso das mídias, principalmente se aliado às Redes Sociais, tem maior
alcance.
O acesso à internet popularizou muito, considerando as facilidades trazidas pelo uso
dos smartphones, conforme resultados da pesquisa de SOARES apresentados a seguir:
Tendo como base essa pesquisa, e sabendo que o aumento do uso dos celulares para
esse fim é exponencial, acreditamos que o alcance da comunidade escolar por meio das
redes sociais, faria um efeito quase imediato, como de fato se constatou, o canal foi ativado
e em uma semana o primeiro vídeo alcançou mais de 600 visualizações, o primeiro objetivo
fora alcançado, o vídeo publicado tem o formato de um jornal de bancada, onde dois alunos
do sexto ano, apresentam a pauta escrita anteriormente, de maneira informal e leve, esse
formato intencional, tem o objetivo de tornar o vídeo agradável de se assistir e sendo curto,
torna-se de fácil assimilação e compartilhamento.
A escolha dos alunos do sexto ano para apresentá-lo também foi intencional, esse
público é o mais novo na escola, assim sendo não tem muita popularidade entre os colegas
‘veteranos’, o canal dá uma maior visibilidade a esses pequenos alunos que passam a ter um
reconhecimento dentro da instituição, e hoje eles são o rosto e a voz do colégio nas mídias
sociais, outro ganho imensurável é pela simpatia que esses alunos possuem, a informalida-
de no repasse das informações atribui um caráter quase lúdico aos vídeos, mas não retira a
seriedade dos assuntos em questão.
O canal comporta vídeos feitos semanalmente, e como num jornal de bancada dois
alunos o apresentam em um contínuo diálogo, fazendo o repasse de informações cotidia-
nas, levando ao conhecimento dos pais e comunidade em geral ações propostas dentro do
colégio, aulas diferenciadas, campanhas, e demais ações que priorizam a participação da
comunidade. Muito do material utilizado no vídeo que vai ao ar, é produzido em sala de
A principal função do professor não pode mais ser uma difusão dos conhecimentos,
que agora é feita de forma mais eficaz por outros meios. Sua competência deve
deslocar-se no sentido de incentivar a aprendizagem e o pensamento. O professor
torna-se um animador da inteligência coletiva dos grupos que estão ao seu encargo.
(LÈVY apud SOARES, 2016 p.5)
Nativos Digitais, estes indivíduos caracterizam-se por uma geração que passou
grande parte de seu tempo interagindo com aparelhos de televisão, computadores,
telefones celulares, câmeras de fotografia e de vídeo digitais, smartphones, tablets,
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assim como sites, blogs, redes sociais, e outros recursos emergidos deste contexto.
(PRENSKY apud INDALÉCIO, 2015, p.14)
Dessa forma eles passam a sentir-se, de fato, parte do processo educacional, e como
tal sua predisposição para aprender aumenta. A proibição do uso do celular em sala de aula
pode vir a ser revogada, este é o próximo passo que almejamos alcançar, se com essa iniciativa
os alunos e professores entenderem que tem no celular, nas mídias e redes sociais um grande
aliado do processo educacional, podemos pensar a educação de um patamar superior, onde
alunos e professores, desenhem junto um novo modelo de educação, não devemos revogar
tudo que é tradicional e alicerce para a educação contemporânea, mas devemos sim recriar,
reinventar a educação em novos moldes, pois essa clientela que temos hoje é toda nova e
diferente, não podemos continuar a dar aulas analógicas para um público digital, com toda
certeza, boa parte da mensagem, não será compreendida, precisamos de um decodificador
para o processo. Nossa metodologia não pode ficar restrita a quadro e giz, nem tão pouco
fadar nossos alunos a assistir às nossas aulas, o ideal é que eles participem ativamente do
processo de criação e de execução. Não é um desafio simples, mas é necessário.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As situações que deram origem às ideias que fundamentam o projeto, foram mo-
mentaneamente sanadas. O número de acessos e compartilhamentos dão conta de informar
mais de seiscentos acessos na primeira semana, o pequeno informativo foi compartilhado,
assistido e curtido por um número de pessoas correspondente a 50% do número dos alunos
matriculados no Colégio Santa Clara, por meio dessa comparação, podemos dizer que atingiu
um bom número de acessos.
O espaço para comentários no canal ficou em aberto, assim sendo, qualquer pessoa
que tenha um login ativo no Youtube pode deixar seus comentários, o que vem sendo feito
de fato, os alunos passaram a produzir mais materiais, fotos e vídeos e levá-los até a coor-
denação do projeto, todos desejando ser notícia de forma positiva, o que reforça o caráter
didático-pedagógico do projetos em questão, atitudes positivas sendo reforçadas e o desejo
de estar nas mídias, a ilusão de ser celebridade momentânea, ter seus cinco minutos de fama
no vídeo da semana, motiva os alunos a fazerem e registrarem seu melhor, levando até os
olhos dos pais o que acontece dentro dos muros da escola, realçando assim o protagonismo
estudantil.
Dar vistas aos mais novos alunos dentro da escola, para que se sintam acolhidos e
parte integrante de um projeto que já se desenrolava muito antes deles chegarem, o colégio
estadual, fazer parte desse processo povoou o sonho de muitos desses alunos por alguns
anos, e esse que foi o desejo deles, tornou-se agora possível, dando voz e rosto ao colégio,
portadores das notícias, muitos alunos já procuraram a coordenação manifestando a vontade
de apresentar a próxima edição.
Tendo uma vez sido lançado na rede, estes vídeos eternizam o momento atual da escola,
dando um caráter de imutabilidade na condição de escola conectada, avançando no perfil
mais um pequeno espaço, criando uma nova cultura e forma de fazer, possibilitando assim,
firmar a escola no intuito de definir um norte, dando assim a chance a todos os profissionais
de continuarem a rumar pelo mesmo viés que delineia hoje o perfil que há tempo almeja-
mos alcançar, fazer das tecnologias disponíveis um serviço a mais para os alunos, modificar
a condição de passividade dos alunos diante dos aparatos tecnológicos, abrir novos espaços
e desenhar um caminho para que os celulares ocupem dentro da escola e do processo de
escolarização, um local de respeito como material paradidático à favor do conhecimento, e
não mais, como objeto alheio e passível apenas de ser distração aos alunos.
O Canal no Youtube foi nomeado Santa Clara e os vídeos deste projeto são deno-
minados CESTAC NO AR, o primeiro vídeo pode ser acessado neste link: <https://youtu.be/
170 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
UM5Uset4ZdA>, onde está hospedado, ali ele pode ser visto, compartilhado, comentado da
forma mais democrática possível e principalmente, após assistir, não esqueça de dar um LIKE.
REFERÊNCIAS
GARCIA, E.; PETARNELLA, L. Resenha Homo Zappiens: educando na era digital resenha.
Caxias do Sul: Conjectura v. 15, n. 2, 2010.
SOARES, Luiza Carla da Silva. Dispositivos móveis na educação: Desafios ao uso do smartphone
como ferramenta pedagógica. Anais do Encontro Internacional de Formação de Professores
e Fórum Permanente de Inovação Educacional. Bahia, 2016. Disponível em: <https://eventos.
set.edu.br/index.php/enfope/article/view/2531/732>. Acesso em 28 out. 2017.
RESUMO
O uso de novas tecnologias está presente em quase todos os aspectos das vidas de nossos alunos, seja nos
grandes centros ou em periferias, um dos locais onde essa prática não era recorrente é a sala de aula. No
entanto no Colégio Tenente Sprenger, na cidade de Pinhais, os alunos estão se familiarizando com uma nova
forma de avaliação: o uso de formulários on-line. Essa nova fórmula permite que os alunos tenham uma nova
experiência de poderem fazer a prova em qualquer hora e qualquer lugar sem a pressão da sala de aula, ou
mesmo de seus colegas, em seu ambiente ou então em laboratório ou até mesmo nos seus celulares. Tudo
isso gerando um ambiente melhor, uma nova abordagem avaliativa, economia de tempo para o professor em
virtude de correções automáticas, possibilidade de autoavaliação do professor, maior interação com os alunos,
análise detalhada dos resultados além de uma grande economia de recurso financeiros para escola em razão
da não impressão de provas.
1 INTRODUÇÃO
2 DESENVOLVIMENTO
Antes de iniciar como professor da rede pública de ensino, tive algumas experiências em
escolas particulares que se propunham a ter materiais digitais para seus alunos. Logo depois
em uma outra experiência em uma editora internacional trabalhando com treinamento de pro-
fessores, tive oportunidade de conhecer várias realidades, uma que chamou a minha atenção
174 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
contato com o sistema, aqueles que não tinham acesso a computadores devido ao número
restrito de máquinas disponíveis, foi franqueado o acesso por rede sem fio presente no labo-
ratório, onde os alunos puderam utilizar seus próprios equipamentos celulares para realizar
a avaliação. Após esse primeiro contato com o sistema em ambiente controlado, o padrão
da aplicação de provas era disponibilizar um link para que os alunos tivessem acesso fora da
escola e normalmente teriam de vinte e quatro a quarenta e oito horas para completar esse
teste, após esse prazo os sistemas seriam fechados pelo professor que faria então a correção.
Especificamente para essas avaliações, utilizei questões de múltipla escolha e para a
correção foi utilizado o complemento do google form chamado Flubaroo. Esse complemento
após devidamente configurado pelo professor, possibilita a correção automática dos testes
de múltipla escolha e o envio imediato aos alunos de suas provas devidamente corrigidas
bem como o gabarito correspondente.
Fonte: Flubaroo.
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da avaliação enviada pelo aluno com todas suas respostas, data e hora do envio, tornando
um documento válido.
Outro fator que chamou a atenção dos professores foi a possibilidade de correção
automática da maioria das questões, o que reduziu consideravelmente o tempo dispendido
na correção manual, muitas vezes fazendo em poucos minutos um trabalho que se fosse
para ser realizado manualmente demoraria horas para apenas poucos minutos. Um fator
de extrema importância pedagógica é a possibilidade que o sistema permite de fazer uma
análise estatística das questões, mostrando o gráfico de cada questão, número de alunos
que erraram ou acertaram determinada questão se mostrou uma ferramenta de grande valia
para os professores, possibilitando que, baseado nessa análise pudesse ser feito por parte do
professor uma auto avaliação, tendo acesso em tempo real a um relatório de quais temas ou
assuntos deveriam ser retomados em sala de aula (com base nas questões com menor número
de acertos) ou até mesmo a anulação de uma questão que se mostrou fora do contexto ou
não foi compreendida pelos alunos, possibilitando ainda atividades de recuperação muito
mais direcionadas e pontuais, em alguns casos inclusive de uma forma individual, persona-
lizada de acordo com o gráfico do aluno. Agora, ao invés de apenas citar um evento para o
aluno analisar em uma avaliação de história por exemplo o professor tem a possibilidade de
colocar um vídeo para o aluno ver e subsidiar sua resposta, tornando a aprendizagem muito
mais significativa e usando a avaliação no seu real significado, de forma a ter realmente um
diagnóstico completo de suas turmas.
Após vencidas as barreiras iniciais, o problema principal mostrou-se ser falta a forma-
ção para uso das tecnologias por parte dos professores interessados, uma vez que alguns
não faziam ideia de como trabalhar no sistema. Como disseminador da ideia, tomei a inicia-
tiva de dar os treinamentos necessários durante minhas horas atividade no colégio e outros
momentos livres para os interessados. No decorrer do uso foram sendo dirimidas dúvidas
pontuais e auxiliando na preparação das avaliações. Com o apoio da direção do Colégio foi
possível também desenvolver uma oficina para os professores durante a semana pedagógica
no colégio, o que levou a mais professores conhecerem e se interessarem pelo projeto. Hoje
é um projeto em expansão, constando no planejamento de vários professores.
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Para ter uma fundamentação teórica para a aplicação das avaliações, procurei por
vários autores, nacionais e estrangeiros, porém o local onde encontrei a melhor definição e
embasamento para uso dessas tecnologias foi o documento base, que é o documento que
norteia os trabalhos Disciplinares, as DCE – Diretrizes Curriculares da Educação Básica, que
em seu texto orienta e ao mesmo tempo desafia os professores a repensar suas práticas
pedagógicas.
Não há sentido em processos avaliativos que apenas constatam o que o aluno apren-
deu ou não aprendeu e o fazem refém dessas constatações, tomadas como sentenças
definitivas. Se a proposição curricular visa à formação de sujeitos que se apropriam
do conhecimento para compreender as relações humanas em suas contradições e
conflitos, então a ação pedagógica que se realiza em sala de aula precisa contribuir
para essa formação. (DCE LEM).
Desafio aceito.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Um projeto que iniciou como algo inovador e solitário, hoje foi abraçado por um
colégio inteiro, somos quase 1000 pessoas entre corpo docente e discente pensando tec-
nologia e imaginando qual será nosso próximo passo. Usando celulares em sala sem que
isso signifique menos participação nas aulas. Os alunos se sentindo mais à vontade em fazer
as avaliações, os professores com mais tempo para planejar e aplicar seus conhecimentos,
a direção sentindo que a inovação passou a fazer parte do dia a dia e alunos perguntando
qual será o próximo passo.
Como efeito colateral desse projeto, ainda embrionário, temos somente esse ano nos
colégios cinco professores que usam hoje as provas on-line, que juntos tem uma previsão
de economizar cerca de 20.000 cópias, que em nosso colégio é terceirizada a um custo de
R$ 0,05 (cinco centavos de real) por cópia preto e branco, totalizando uma economia de R$
1.000,00 para o colégio.
Fora do contexto específico de avaliação em sala de aula, fomos além, fizemos também
uma experiência de pré-conselho também com formulário on-line, cujo retorno foi altamen-
te positivo e também um formulário de ocorrências em sala de aula destinado a auxiliar os
professores e pedagogos do colégio especificamente nas questões disciplinares, permitindo
um registro em tempo real pelo professor.
A reflexão final é que não importa o local da escola, as tecnologias podem facilitar
tanto o processo de aprendizagem quanto o processo avaliativo, para tanto é essencial a
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formação dos professores de todas as áreas voltados ao uso de tecnologias e também o
investimento em equipamentos e especialmente em rede de dados. Isso é inserção social.
REFERÊNCIAS
PARANÁ. Diretrizes Curriculares para a Educação Básica: LEM. Curitiba: SEED, 2007.
LIMA, Elvira Souza Lima. Avaliação na Escola. São Paulo. Sobradinho 107. 2003.
RESUMO
Este trabalho consiste no relato da experiência sobre a utilização da tecnologia no processo de ensino e apren-
dizagem no cotidiano de escolas do campo, por meio da criação e sistemática utilização de um blog, que,
embora simples, tem sido altamente funcional e eficiente, pois se constitui num espaço em que os alunos têm
a oportunidade de acessar links, vídeos, infográficos, mapas interativos, bem como, diversas outras atividades
educativas e divertidas, podendo ainda, realizar avaliações on-line sobre os conteúdos curriculares. Por meio da
experiência, tem-se atingido entre outros objetivos, a promoção do sucesso escolar dos alunos e a consequente
melhoria na qualidade da aprendizagem; a contribuição para a permanência do aluno na escola, a partir do
desenvolvimento de práticas inovadoras e alternativas; maior participação da família no processo de apren-
dizagem dos alunos; a inclusão educacional, social, étnica e digital de alunos do campo, e a potencialização
da formação ética, artística, cultural e cidadã dos educandos. Foi demonstrado por meio de seus resultados
positivos, a possibilidade e a viabilidade de implantação em outras realidades educacionais.
1 INTRODUÇÃO
2 OBJETIVOS
182 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
• Levar os conteúdos curriculares bem como as atividades produzidas pelos alunos
para além dos muros da escola, estabelecendo contato entre o conteúdo produ-
zido e o público externo;
• Contribuir para a permanência do aluno na escola, a partir do desenvolvimento
de práticas inovadoras e alternativas capazes de tornar a aquisição de conteúdos
mais atrativa e favorecer o sucesso escolar, reduzindo assim, os índices de repe-
tência e evasão;
• Desenvolver o hábito de registro e divulgar boas iniciativas possibilitando aos
estudantes, uma forma alternativa de desenvolver a sua criatividade;
• Instigar e valorizar o acompanhamento e participação da família no processo de
aprendizagem dos alunos, tendo em vista que, conforme expresso em seu Proje-
to Político Pedagógico, a Escola Estadual do Campo de Volta Grande - EF almeja
promover de forma contínua, o senso investigador de toda a comunidade escolar,
a fim de cumprir com sua função social e cultural, capaz de dar respostas aos de-
safios constantes da sociedade;
• Promover a inclusão educacional, social, étnica e digital de alunos do campo, por
intermédio da implementação da tecnologia no espaço educativo, a fim de que o
aluno ao sair da escola, esteja apto a entender e a manipular as novas tecnologias
utilizadas pela sociedade atual. Isso é fundamental pois, como expõe Ferretti:
O papel das informações, na atualidade, tem se tornado cada vez mais importante.
Todas as necessidades humanas precisam se apoiar numa base de informações con-
fiável e, se possível, cada vez mais completa e são afetadas quando essa base passa
a ser objeto de disputa e elemento para a reprodução das desigualdades sociais.
A disponibilidade destes recursos deve integrar a pauta de reivindicações por uma
sociedade mais justa e igualitária. (FERRETTI, 1994, p.185):
• Potencializar a formação ética, artística, cultural e cidadã dos educandos pois, em-
bora distante dos grandes centros urbanos, os colégios do campo, que são objeto
dessa experiência, possuem em comum o nobre objetivo de promover um ensino
de qualidade, buscando a construção de um ser humano realizador, que seja capaz
de interagir e intervir na realidade de forma responsável, crítica, dinâmica, ética,
autônoma e efetiva;
• Possibilitar uma forma avaliativa atraente, desafiadora, capaz de mobilizar o inte-
resse dos alunos. Filizola salienta que:
3 METODOLOGIA
Conforme expresso no resumo desse artigo, esse relato pretende explanar a respeito
do impacto positivo das tecnologias de informação ocorrido no processo de ensino e apren-
dizagem no cotidiano de escolas do campo, por meio da criação e utilização de um blog e de
um sistema de Avaliação on-line nele implantado, como ferramentas auxiliares na aquisição
de conhecimento dos conteúdos curriculares e na expressão escrita dos estudantes.
A experiência é bastante simples, porém, altamente funcional. Ela consiste na criação
e sistemática utilização de um blog, o <http://profclaudineihistgeog.blogspot.com>, que se
constitui num espaço em que todos os alunos, especialmente nas disciplinas de História e
Geografia, têm a oportunidade de acessar links, vídeos, infográficos, mapas interativos, bem
como diversas outras atividades educativas e divertidas, e ainda realizar avaliações on-line
sobre os conteúdos curriculares. Serve ainda, de um espaço privilegiado para a publicação
dos trabalhos que os próprios alunos desenvolvem. Já os pais e familiares tem a possibilidade
de acompanhar, interagir e prestigiar os trabalhos desenvolvidos por seus filhos.
Tudo começou no ano letivo de 2011, quando assumi o concurso público na disciplina
de Geografia. Sempre tive interesse e vontade de lecionar e dessa forma, dar minha contri-
buição para o desenvolvimento educacional de nossa nação (pedi exoneração do concurso
de técnico administrativo para atuar como professor). Também sempre imaginei utilizar da
melhor forma possível, as ferramentas tecnológicas, pois, antes de ser professor e mesmo
durante o ano letivo de 2011, desempenhava a função de Administrador Local (Admlocal) do
Programa Paraná Digital (PRD), implantado em todas as escolas da rede pública do estado
do Paraná.
Sendo assim, desde o início da minha função docente utilizei diversas tecnologias
como exibição de áudio, imagens e vídeos por meio da TV Multimídia e também o labora-
tório de informática. Porém percebia que faltava alguma coisa, algum detalhe, pois quando
conduzia os alunos ao laboratório de informática, mesmo com roteiro previamente definido
da atividade a ser realizada e os sites antecipadamente testados, perdíamos muito tempo.
Muitas vezes os computadores travavam e os alunos embora eufóricos, tinham dificuldade
em digitar corretamente o endereço dos sites, realizando essa busca por meio do Google.
Com isso acabavam sendo atraídos para outros sites, perdendo-se muito tempo e tornando
o trabalho improdutivo.
184 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
Diante de tais circunstâncias senti a necessidade de trabalhar apenas com aplicativos
e sites leves, que não travassem as máquinas, assim os educandos acessam as atividades
pretendidas, diretamente. Precisava-se então, testar e selecionar os sites a serem trabalhados,
levando-se em conta se seria ou não possível sua execução na estrutura que o estabelecimen-
to oferecia. Desta forma percebi que é necessário a criação de algum lugar para hospedar e
organizar os conteúdos curriculares.
Decidi realizar a experiência com um blog, algo simples, mas que poderia atender
minhas necessidades e a de meus alunos e viabilizar a utilização do laboratório de infor-
mática. Iniciei essa experiência disponibilizando apenas os links para os sites que iríamos
utilizar, para trabalharmos com infográficos e outras atividades educativas. Posteriormente
constatei que o trabalho estava sendo viável, pois as máquinas não estavam mais travando
(já que colocava links apenas de sites leves). Assim os alunos não perdiam tempo, já que
iam direto ao conteúdo a ser trabalhado e não perdiam o foco. Percebi que poderia turbinar
ainda mais a utilização do blog, postando notícias relevantes aos alunos e à comunidade,
como apresentações de trabalhos realizados no estabelecimento, informações de interesse
público, etc. A postagem dessas notícias foi proveitosa, pois todos os envolvidos se sentiram
valorizados, aumentando ainda mais a popularidade e credibilidade do blog. Como os alunos
se sentiram valorizados ao ver seus trabalhos publicados no blog, notei que a organização e
compartimentação dos conteúdos curriculares por turma, lhes daria uma maior identidade,
então procedi desta maneira.
Posteriormente, mesmo apresentando aprovação e viabilidade amplamente satisfatórios,
percebia a necessidade de incorporar algo diferente ao blog, algo atrativo e que fosse capaz
de prender a atenção dos alunos e fazer com que eles estudassem e continuassem estudan-
do até que realmente fizessem a aquisição do conhecimento sobre o conteúdo trabalhado.
Foi então que descobri e passei a utilizar o Quizlet, uma ferramenta educacional po-
derosa, cujo objetivo é a criação de flashcards, possibilitando a criação de avaliações on-line
sobre qualquer conteúdo, bastando fazer um cadastro para começar sua utilização. Feito tal
procedimento, as avaliações on-line se tornaram uma verdadeira mania para meus alunos,
pois, após trabalhar o tema em sala, elaboro e posto no espaço da turma sua respectiva
avaliação, seja ela bimestral, trimestral ou por tema.
Como o programa roda sem qualquer problema, os alunos aprendem e se divertem
com o recurso. Quando o aluno conclui sua prova, basta clicar em Checar Respostas e ime-
diatamente será gerado seu percentual de acerto, logo o aluno deverá chamar o professor
para que esse faça o registro da nota atingida.
Porém no intuito de maximizar a aquisição do conhecimento por parte do aluno, o
professor faz o registro da nota obtida e dá ao aluno a possibilidade de refazer a prova e me-
lhorar sua nota. Para isso basta o aluno clicar em Gerar um novo teste, como sugere a própria
4 CONSIDERAÇÕES
186 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
estendi a experiência ao Colégio Estadual do Campo Olídia Rocha – EFM, localizado no Distrito
de Poema, desta vez, na disciplina de História. Posteriormente implementei a experiência no
Colégio Estadual do Campo Vinícius de Moraes – EFM. Mesmo em diferentes estabelecimentos
de ensino os resultados positivos e o sucesso continuam.
Conclui-se dessa forma que, diante dos inúmeros desafios e possibilidades oferecidos
pelo mundo atual, exige-se cada vez mais o desenvolvimento de abordagens pedagógicas
criativas e atrativas, como esta desenvolvida por mim, capazes de desenvolver de maneira
plena, ou ao menos satisfatória, mesmo numa escola do interior dotada de uma limitadíssima
infraestrutura, o desenvolvimento das competências e habilidades essenciais para o sucesso
de nossos estudantes. Estes estudantes, embora humildes e com acentuada dificuldade de
acesso à tecnologia, têm-se demonstrado capazes e dispostos a aprender.
Embora seja algo relativamente simples, acredito que qualquer coisa que façamos na
vida, por mais simples que seja, para ser bem feita exige significativo compromisso e dedi-
cação, e com essa experiência não é diferente, pois alimentar e sempre estar à procura de
novidades para que o blog continue atrativo exige, muito esforço e dedicação, mas como há
resultado positivo, vale a pena.
Sou um amante da utilização da tecnologia na educação e, sendo assim, sempre estou
disposto a aprender, a fim, de aperfeiçoar minha prática pedagógica. Para tanto, recorro e invisto
em formação realizando cursos que abordam tal temática, além disso, sempre disponibilizo
muitas horas do meu descanso semanal buscando novidades que possam contribuir tanto
para melhoria da minha prática pedagógica, quanto para a aprendizagem de meus alunos.
REFERÊNCIAS:
FERRETTI, João Celso et. al. Novas tecnologias, trabalho e educação: um debate multidisciplinar.
Petrópolis: Vozes, 1994.
MORAN, José Manuel. A Escola que Desejamos e Seus Desafios. Disponível em: <http://www.
eca.usp.br/prof/moran/site/textos/educacao_inovadora/escola.pdf>. Acesso em: 11 nov. 2009.
Paraná. Secretaria de Estado da Educação. Cadernos de Expectativas de Aprendizagem.
Curitiba, 2012.
______. REGIMENTO ESCOLAR. Escola Estadual do Campo de Volta Grande. Nova Tebas, 2014.
SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal.
Rio de Janeiro: Record, 2008.
188 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
O USO DO SOFTWARE LOGO NO DESENVOLVIMENTO DAS
INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS
RESUMO
Este trabalho apresenta o conceito de inteligências múltiplas e suas diversas formas. Para isso há que se rever os
aspectos da teoria da estimulação para reconhecer a relação que pode ter com o software Logo e sua aplicação
para desenvolver as inteligências. Tomamos por base relatos de professores que atuam na Rede Municipal de
Ensino de Guarapuava que utilizam o Logo em suas aulas de Robótica Educacional, procuramos compreender
qual o papel do computador frente ao desenvolvimento da aprendizagem dos alunos.
1 INTRODUÇÃO
190 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
A essa nova visão sobre as habilidades, Gardner denomina de Inteligências Múltiplas,
agrupando elementos da psicologia, da neurologia, e estudando casos separadamente, ele
põe em xeque a visão tradicional de inteligência que não podia simplesmente ser basea-
da em uma ou outra habilidade específica, Gardner utiliza-se de um exemplo prático para
fundamentar suas pesquisas, o gênio do drible, Mané Garrincha, obteve em um teste de QI
o resultado de sua capacidade mental como irrisória, totalmente abaixo da média, em con-
trapartida, ninguém pode negar sua genialidade com a bola nos pés, sua noção cinestésica
corporal, espacial e sua lógica era vista por qualquer pessoa que observasse sua criatividade
em campo.
Como interpretar tal divergência? Simples, o campo das faculdades mentais não é uma
ciência exata, pelo contrário, é um vasto campo de ciência humana, passível das maiores va-
riações. Gardner identificou além das inteligências linguística e lógico-matemática, a espacial,
a musical, a corporal-cinestésica, a interpessoal, a intrapessoal e naturalista. Sendo que cada
uma dessas se refere à alguma habilidade nata, mas que apesar de estarem intrinsecamente
ligadas entre si não dependem de forma alguma uma da outra para existir ou coexistir.
Baseado em estudos de Celso Antunes, descreveremos, na sequência, cada uma das
inteligências que compõem o quadro de aprendizagem.
A Inteligência Linguística, segundo Antunes “caracteriza-se por extrema sensibilidade
a estrutura, som, significado e funções da palavra na linguagem e as áreas cerebrais básicas
de sua ação” (ANTUNES, 2001, p.23), refere-se, portanto, às questões da língua, facilidades
em aprender a ler e a escrever, inclui também o conhecimento aprofundado nas questões
de origem da língua e linguagem e às facilidades em aprender um novo idioma além de sua
língua materna. Diz respeito ainda a sensibilidade em assimilar sons, ritmos e significados
das palavras. É uma das inteligências notáveis em pessoas envolvidas com a palavra, poetas,
escritores, novelistas, oradores, teatrólogos, humoristas, compositores, dentre outros que
usam da língua para bem se comunicar, externam bem seus sentimentos através da fala, é
perceptível nas crianças que relatam histórias originais com precisão e que criam suas histórias
de faz-de-conta e as relatam com facilidade.
A Inteligência lógico-matemática por Antunes é vista como a que “manifesta-se pela
capacidade e sensibilidade para discernir padrões lógicos ou numéricos e a capacidade de
trabalhar com longas cadeias de raciocínio” (ANTUNES, 2001, p.24). Quem possui acentua-
damente a Inteligência Lógico Matemática, tem simpatia por padrões, sistemas e organiza-
ção, essa habilidade explora as capacidades de realizar relações, criar padrões, raciocinar de
maneira lógica, é a habilidade dos físicos, matemáticos, cientistas, programadores de com-
putador, banqueiros, enfim, é relacionado às ciências exatas, determinadas pelo raciocínio
lógico. A criança que manifesta esta habilidade aprende facilmente operações matemáticas,
faz correlações seguindo normalmente uma lógica própria.
192 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
Por fim a Inteligência Naturalista, que têm relação com a natureza, o conhecimento
de plantas e suas diversidades, bem como o funcionamento do mundo natural como um
todo e sua preservação, essa é a inteligência dos biólogos, botânicos, geógrafos e paisagistas
entre outros.
Segundo as pesquisas de Gardner, todos temos essas habilidades com maior ou me-
nor intensidade, apesar de elas existirem separadamente, de forma individual, dificilmente
fazemos uso delas de forma isolada, utilizamos um conjunto de habilidades para resolver
cada situação em particular. Por isso algumas profissões são citadas como exemplo em mais
de uma inteligência. Se cada um de nós possui tantas e diversas habilidades, não é possível
afirmar que só é inteligente quem conquista boas notas em determinados assuntos esco-
lares, um aluno com Inteligência Cinestésico-corporal apurada, pode não obter boas notas
Linguística ou Matemática, isso não o torna menos inteligente que outro que tem excelentes
notas em ambas as disciplinas, e em contrapartida não sabe dançar ou jogar futebol. O que
Gardner tenta explicar é que o currículo escolar é fechado e voltado apenas para conteúdos
pré-determinados que valorizam um ou outro tipo de habilidade, o ideal seria que o ensino
escolar estivesse centrado nas habilidades diversas dos alunos em geral e os ajudasse a de-
senvolvê-las, não padronizando, mas valorizando as diferenças.
Para Antunes, o estímulo às inteligências múltiplas se dá por meio das mais diversas
formas, entre elas os jogos e atividades lúdicas:
Dentre todas essas possibilidades, o Logo pode ser uma das opções que emerge com
as novas tecnologias. Com este software dando a possibilidade de o próprio aluno criar jogos
e controlá-los, aumentando gradativamente o nível de dificuldade explorar várias áreas do
conhecimento, abordar diversos temas transformando as informações em conhecimento lógico,
e assim, evoluir diariamente. Antunes ainda diz que “práticas escolares e jogos pedagógicos
podem ser usados como meio de estímulo das Inteligências Linguística, Lógico-Matemática,
Espacial, Sonora, Cinestésico-Corporal, Naturalista, Intra e Interpessoal” (ANTUNES, 2001, p.
23). Antunes oferece uma possibilidade simples e ilimitada que pode vir a integrar o dia-a-dia
de qualquer sala de aula, ressaltando que:
Não é essencial que um professor tenha notável Inteligência Lógico Matemática, por
exemplo, para que possa solicitar aos seus alunos, seja qual for a disciplina que esteja
desenvolvendo, que construam gráficos, desenvolvam médias, pesquisem estatísticas,
percebam a geometria de formas nos fatos que assimilam. Mas, impossível negar que
194 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
deará se ordenado. Cada um deles exige uma variável que se refere às quantidades de cada
ordem, ou seja, quanto a tartaruga deve andar ou girar.
Esse exemplo demonstra como funciona o programa na prática, os comandos primi-
tivos são executados um após o outro e por fim a figura é concluída, há também o comando
“Repita” que colocado antes do comando faz com que o mesmo seja executado um número
de vezes pré-determinados. Com esses primeiros comandos, o aluno pode desenvolver en-
tão um procedimento, que vem a ser uma série de comandos que depois de programados
poder ser utilizado como um comando primitivo, ou seja, o comando é executado apenas
pelo nome do procedimento sem precisar repetir o passo a passo.
Figura 1 : Procedimentos
Nas figuras acima estão o passo a passo para a construção de um quadrado, o editor
de procedimentos onde a criança salva esse passo a passo e depois, com o procedimento
salvo a execução apenas pelo nome “quadrado”. Evidenciando o raciocínio lógico utilizado
para criar o procedimento e sem perceber a criança já está programando o computador.
Esses procedimentos já definidos podem ser utilizados para compor outros procedimentos.
Um procedimento é utilizado como sendo um comando primitivo, essa assimilação
de ideias ocorre quando a criança incorpora um conhecimento anterior à uma necessidade
emergente.
A diferença entre as mídias tradicionais, ou mesmo o computador sendo utilizado de
outra forma e a Linguagem Logo, é que, o Logo é programado pela criança e não o contrário,
ou seja, a criança passa a ser agente ativo da aprendizagem, quando ela “ensina” a tartaruga,
comanda e executa ações ela passa a ser sujeito dessa aprendizagem e não apenas receptora
de informações. As possibilidades do programa não se limitam a desenhar, nele é possível
realizar contas, escrever, fazer animações dentre tantas outras.
As operações matemáticas podem ser resolvidas de forma simples: É possível criar e
resolver situações utilizando os mais diversos enunciados. Na primeira situação, o aluno deve
A pesquisa foi realizada por meio de um questionário com questões fechadas, aplicado
aos professores que trabalham com Robótica Educacional na rede municipal de ensino de
Guarapuava. Esse projeto atende aproximadamente, 2084 alunos na faixa etária de 8 a 14
anos sendo que, 12 escolas oferecem a robótica educacional em seus currículos.
O desenvolvimento do projeto de robótica educacional acontece da seguinte maneira,
os alunos fazem seus projetos escritos, criam seus robôs com sucata tecnológica, automatizam
e com o software Logo os controlam por meio de uma interface educacional.
Fazendo uso do software Logo, cada professor encaminhou suas aulas de forma livre
abordando os conteúdos e, de acordo com o ritmo de cada turma e seu aproveitamento, os
professores vão avançando nos conteúdos, pois tem autonomia para incluir os conteúdos
que julgarem necessários ao entendimento da aula dada.
De acordo com as respostas, muitos conteúdos programáticos são trabalhados durante
as aulas de robótica, pois com o uso do software Logo é possível ensinar matemática, língua
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portuguesa, geografia, artes e muito mais, é possível explorar a influência da robótica no dia
a dia das pessoas, como por exemplo, os materiais recicláveis que podem ser utilizados na
robótica e ainda conhecer a programação Logo, o desenvolvimento de pequenos projetos,
e desenhos em 3D.
O fato é que cada exercício explorado aborda um ou mais conteúdos programáticos,
quando o aluno tenta desenhar suas primeiras linhas, ele está trabalhando oralidade - já que
tudo é feito primeiro oralmente em uma mesa de testes - escrita - quando registra em seu
caderno - e ortografia – já que o programa não executa comandos se a escrita não estiver
grafada corretamente, some-se à ortografia o uso de acentos e sinais gráficos.
A mesa de testes é uma mesa separada na sala na qual deve haver um círculo que
demonstre todas as possibilidades de giro de 0 a 360º, e a criança pode riscar e planejar, indi-
vidual ou coletivamente, suas atividades antes de colocar em prática na tela do computador.
Tudo isto em apenas uma aula, quando o aluno começa a compor seus procedimentos,
ele explora a construção de listas, o uso de parênteses, colchetes e aspas. Os conteúdos de
geometria, trabalhados comumente em matemática, se entrelaçam ao programa durante todo
o processo, o aluno enquanto utiliza o programa cria retas, figuras geométricas, polígonos
de maneira geral exploram área, ângulos, espaço e forma. O uso da lateralidade é diário, no
uso da geometria intrínseca é primordial o conhecimento de direita e esquerda, isso leva a
conteúdos de geografia como uso de pontos de referência, localização e dimensão espacial.
Cabe ainda ressaltar os trabalhos relacionados às artes como cores quentes e cores frias – já
que o programa possibilita pintar, mudar a cor do pincel e do preenchimento, dentre outras
possibilidades - monocromia, criação, composição e estética. Ainda é possível criar plantas
baixas e maquetes.
Os professores trabalham também a leitura informativa dos conteúdos e a escrita tan-
to no programa como no diário de bordo, frações, números e variáveis, dobraduras, lógica,
operações matemáticas, elaboração e resolução de situações problema, simetria e assimetria,
conteúdos de informática, cooperação, respeito, entre outros.
Em vista dessas atividades realizadas pelos professores podemos confrontar cada
uma das habilidades elencadas por Gardner e descrever quais atividades colaboram para o
estímulo de cada uma delas.
Na área da Linguística os professores citaram a oralidade que é estimulada durante a
realização das atividades, o diário de bordo, que é onde as crianças registram as aulas durante
sua realização, a correção ortográfica que ocorre durante a programação – já que a tartaruga
só executa ordens que estejam corretamente grafadas, (incluindo os acentos gráficos), cita-
ram ainda a construção de listas que utilizam na construção de procedimentos, as leituras
informativas sobre temas de robótica e eletrônica necessárias para as aulas, o uso de aspas,
parênteses e colchetes, bem como a leitura do próprio diário.
O uso do raciocínio lógico matemático é o mais facilmente identificável no uso da
linguagem Logo, posto que o deslocamento da tartaruga se dá na maioria das vezes por
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É essencial o trabalho realizado, utilizando o corpo como ponto de referência para
seguirmos determinadas direções, pois quando realizam com os comandos eles conseguem
abstrair os conceitos, já que o ponto de referência é adotado seguindo o posicionamento da
tartaruga, a criança deve pensar na direita e esquerda da tartaruga e não as do seu campo
visual “Algumas crianças têm a necessidade desse tipo de atividade”, retrata uma professora.
O desenvolvimento dessa potencialidade, portanto, pode ser observado desde o início dos
trabalhos, antes mesmo de começar a utilizar o programa Logo, os alunos puderam utilizar
seus corpos como base para cumprir trajetos, identificar ângulos e o espaço da sala de aula,
tendo como ponto de referência os objetos ali presentes.
A Inteligência – Musical pode ser estimulada utilizando o programa X-Logo, que
executa músicas que podem ser copiadas ou ainda compostas pelos alunos. Exibir músicas
conhecidas já programadas pode ser um bom começo, partindo daí, é possível propor que
eles programem músicas de sua escolha e por fim, quem sabe, compor suas próprias melodias.
A Inteligência Intra – Pessoal, é com certeza a mais difícil de ser avaliada ou descrita
quantitativamente, porém no relato dos professores, há sinais que demonstram a preocupa-
ção com os questionamentos pessoais, como por exemplo:
Trabalhar a inteligência pessoal, talvez tenha sido a tarefa mais difícil, pois envolve
emoções e abrir mão de idéias e posicionamento, sem sentir-se diminuído. Durante as
atividades no Logo, muitas vezes, os alunos discutiam pontos relacionados às figuras,
cores, tamanhos, medidas, etc. Porém, quando isso acontecia, as argumentações sus-
tentavam as idéias e diante disso, sempre alguém tinha de abrir mão do que queria
em prol do bom andamento do trabalho. (Professora 2, 2017)
Quando um aluno precisa aceitar sugestões, repensar seus pontos de vista, sua ha-
bilidade intrapessoal é testada, se ele edita um novo procedimento, e por qualquer razão
que seja o programa não executa da maneira esperada, cria-se uma situação adversa onde
o aluno deve buscar o erro e corrigi-lo.
Segundo uma das professoras:
O que se percebe em alguns alunos é a busca através de tentativas, erros e acertos, para
solucionar questionamentos relacionados aos comandos que precisam ser efetuados.
A busca para resolver indagações é realizada através de tentativas e questionamentos.
O objetivo da maioria das atividades propostas é fazer com que o aluno pense e, a
partir do problema proposto, ele deverá chegar a uma conclusão. (Professora 3, 2017)
Nos relatos pode-se perceber que alguns alunos demonstram insegurança, mas com
incentivo para a tentativa, percebem que conseguem realizar as atividades e que, são capazes
de elaborar novas tentativas, isso aumenta sua auto-estima. Devido às atividades desafiadoras
os alunos conseguem desenvolver autoconfiança e vão em busca de novos conhecimentos
para solucionar problemas. Segundo professora: “O mais importante nisso tudo é que é níti-
da a busca por solução, eles querem aprender” (Professora 4). Outra professora afirma que:
Figura 3: Estruturas
Como se trabalha com pequenos grupos, existe uma troca de conhecimentos que,
em determinadas atividades, alguns alunos participam com sugestões orais coletivas
ou em pequenos grupos, o que possibilita para os colegas a compreensão até então
de algo não percebido. (Professora 5, 2017)
A comunicação é uma das ferramentas mais usadas, os alunos se comunicam com a
máquina, com os colegas e o professor em todos os momentos. O que, com certeza, enri-
quece o trabalho e as inter-relações.
A última das Inteligências descritas por Gardner (1995) é a Naturalista, tratada na Ro-
bótica, fica por conta do lixo tecnológico que é reaproveitado para a construção de novos
robôs, além de poupar a natureza o aluno aprende que nem tudo que se descarta é de fato,
lixo. Nos projetos executados em sala, os procedimentos são descritos passo-a-passo, neles
o aluno descreve o que utilizou para construir seu próprio projeto.
200 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FANELLI, Daniele. Múltiplas Inteligências. Revista Mente e cérebro, n. 75. Ago. de 2007. On-line.
Disponível em: <http://www2.uol.com.br/vivermente/reportagens/multiplas_inteligencias.
html.>. Acesso em: 10 ago. 2010.
GARDNER, Howard. Inteligências múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre: Artes Médicas,
1995.
PAPERT, Seymour. A Máquina das Crianças: repensando a escola na era da informática. Porto
Alegre: Artmed, 1995.
202 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
DO CAMPO PARA O MUNDO
Lenilton Kovalski1
lenilton kovalski@gmail.com
RESUMO
Neste relato é descrita uma experiência pedagógica realizada no Colégio Estadual do Campo Brasilio Antunes
da Silva, localizado em Ponta Grossa. Uma turma de oitavo ano participou da atividade realizada nas aulas de
Matemática. A prática foi norteada pela metodologia de ensino denominada Modelagem Matemática. Os es-
tudantes foram orientados a escolher temas de interesse para estudo, sendo escolhidos: meio ambiente; lixo;
água e trânsito. A partir deste encaminhamento, foram desenvolvidas atividades que buscavam relacionar os
temas com a realidade dos estudantes, bem como compreender e estudar a Matemática envolvida nos assun-
tos debatidos. Para finalizar, a turma produziu um vídeo informativo, com roteiro elaborado a partir dos dados
levantados dentro dos temas escolhidos, relacionando-os com a realidade em que vivem. O vídeo intitulado
pelos estudantes “Do Campo Para o Mundo” foi apresentado durante a reunião de pais e mestres e também
divulgado em redes sociais. Como resultados da atividade, foi possível evidenciar a importância da Matemática
na transmissão da informação, a conscientização dos estudantes e comunidade escolar, a respeito da impor-
tância do lugar onde vivem para toda a sociedade, e que o uso de tecnologias, como o celular, pode facilitar o
processo de ensino e de aprendizagem na educação básica.
1 INTRODUÇÃO
O ato de educar sempre foi e é algo desafiador para aquele que escolhe a posição
de educador. Desafiado pela falta de interesse dos estudantes na disciplina de Matemática
procuro desenvolver com certa frequência atividades diferenciadas visando motivar e facilitar
a compreensão, através da ligação entre os conteúdos e a realidade dos estudantes, por meio
de elementos que fazem parte de suas rotinas.
No ano de 2016 tive, pela primeira vez, a oportunidade de trabalhar como professor
de Matemática em uma escola do campo, o Colégio Estadual do Campo Brasilio Antunes da
Silva, localizado no Distrito de Itaiacoca em Ponta Grossa. No segundo bimestre, optei por
desenvolver um trabalho nos moldes da metodologia de ensino denominada Modelagem
Matemática, a qual tenho estudado nos últimos anos. Nesta metodologia os estudantes são
motivados a escolher um tema, de interesse dos mesmos, e, a partir deste tema, desenvol-
ver o estudo de algum conteúdo matemático que surja naturalmente dentro do assunto.
Segundo Burak (2004) a escolha do tema pode ser feita a partir de sugestões trazidas pelo
professor ou pelos próprios estudantes. Com base nesta ideia, optei por apresentar revistas
da coleção Agrinho, aos estudantes das turmas que lecionava, na instituição em questão.
Estas revistas estavam à disposição dos professores para utilização em práticas pedagógicas.
Visando motivar uma discussão a respeito das informações relacionadas aos diversos temas
2 DESENVOLVIMENTO
A experiência pedagógica foi realizada com uma turma de oitavo ano, 20 estudantes,
do Colégio Estadual do Campo Brasilio Antunes da Silva, localizado no distrito de Itaiacoca
da cidade de Ponta Grossa. Inicialmente os estudantes foram motivados a fazer uma primeira
leitura superficial da Revista Em Total Conexão para identificar pelo menos duas matérias de
maior interesse e então aprofundar a leitura sobre os temas escolhidos. Cada aluno deveria
escolher um tema para ser comentado com a turma, promovendo assim um possível debate.
Como os temas abordados na revista: Em Total Conexão, número 8, da coleção Agrinho 2016,
204 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
eram vários, a saber; lixo/ resíduos sólidos, trânsito, meio ambiente, importância do campo,
sexualidade, artes, drogas, água, dengue, línguas, atividade física entre outros, as escolhas
dos vinte estudantes da turma foram diversificadas, o que não possibilitou que todos expres-
sassem a sua opinião sobre os temas escolhidos de forma imediata.
Neste primeiro momento os comentários foram, de certa forma, vagos, talvez pela
timidez dos estudantes. Assim foi decidido pelo professor que seriam formados quatro
grupos que aprofundariam quatro temas da revista. Para a escolha do tema de cada grupo
foram anotados no quadro os temas, mencionados anteriormente, e a quantidade de alunos
que escolheu cada um deles. Com este procedimento foi possível identificar que os temas
que despertaram maior interesse por parte dos estudantes foram: a importância do campo;
água; trânsito e lixo.
Na aula seguinte os grupos se reuniram novamente para preparar a forma como
iriam expor o assunto para as outras equipes. Então foi dado início ao debate que em vários
momentos levantou questões matemáticas utilizadas na transmissão das informações, o que
era esperado pelo professor. Também ficou evidente a ligação existente entre os temas, por
exemplo, o cuidado que devemos ter com o meio ambiente para a preservação de nascentes
de água e, uma forma de cuidar do meio ambiente é dando um destino correto para o lixo.
Os quatro grupos fizeram comentários sobre as informações apresentadas na revista,
destacando os dados relacionados à Matemática. Ao fim do debate, o professor levantou a
questão de como estes dados contidos nas matérias da revista Em Total Conexão, e de forma
similar em quase todos os informativos de qualquer espécie, são processados para chegar
ao ponto de serem inseridos nos textos informativos. Desta forma cada grupo foi motivado
a aprofundar o estudo dos dados numéricos encontrados nos temas escolhidos, fazendo de
certa forma um caminho inverso a partir das informações encontradas nos textos da revista.
Segundo Klüber e Burak, (2008, p. 21 e 22), na concepção sobre modelagem matemá-
tica apresentada por Dionisio Burak, que é a concepção adotada nesta prática pedagógica,
são sugeridas etapas para o desenvolvimento da atividade, que são: 1) escolha do tema, 2)
pesquisa exploratória, 3) levantamento dos problemas, 4) resolução dos problemas e desen-
volvimento dos conteúdos matemáticos no contexto do tema, 5) análise crítica das soluções.
Neste ponto, as duas primeiras etapas já haviam sido vividas com a escolha do tema geral,
bem como dos subtemas de cada grupo, e através da leitura e coleta dos dados tendo como
base para a pesquisa exploratória, a revista em Total Conexão do material Agrinho. Os estu-
dantes estavam na terceira etapa realizando o levantamento dos problemas.
Os problemas levantados pelos quatro grupos sugeriram os seguintes conteúdos
matemáticos: estatística, porcentagem, regra de três, velocidade média, diferentes represen-
tações numéricas e tratamento da informação. Trabalhando em grupo, os estudantes pro-
curaram encontrar a origem dos dados matemáticos dentro do tema escolhido. Novamente
cada equipe apresentou as conclusões a que chegaram para toda a turma. Neste momento
Água: os estudantes deste grupo relataram que a região é muito farta em nascentes,
rios e riachos. Comentaram que a maioria das famílias utilizam, para todas as necessidades,
água coletada em nascentes ou arroios. Levantaram a questão a respeito da qualidade desta
água, que nem sempre é própria para o consumo devido à contaminação por agrotóxicos e
fertilizantes por exemplo. Relataram também que na comunidade denominada Biscaia, existe
um poço artesiano que foi construído no terreno da escola e que este poço fornece água
para os moradores da região. Os moradores que utilizam esta água pagam um valor mensal
em torno de vinte reais para a manutenção dos equipamentos do poço artesiano. Alunos
que moram na localidade do Riberãozinho e do Passo do Pupo comentaram que o governo
está construindo poços artesianos nestes lugares também, porém ainda não concluíram o
trabalho, e os moradores destes lugares continuam obrigados a consumir água das nascentes
e riachos, sendo que possivelmente a água do poço artesiano teria uma melhor qualidade.
Esta equipe realizou uma pesquisa informal com os estudantes de três turmas da escola,
anotando a quantidade de famílias que utilizam água de nascentes ou riachos, chegando à
206 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
conclusão que cerca de oitenta por cento das famílias da região utilizam água destas fontes.
Os conteúdos matemáticos tratados pela equipe foram a porcentagem de água disponível no
planeta, a quantidade média de água que uma pessoa necessita para suas atividades gerais
e ainda a estatística básica através da pesquisa que realizaram.
Lixo: a equipe responsável por este subtema coletou informações com uma enfermei-
ra da unidade de saúde, próxima ao colégio, a respeito do número aproximado de famílias
da região do Distrito de Itaiacoca, descobrindo que são cerca de setecentas e cinquenta
famílias na região. Fizeram então uma estimativa considerando que cada família descarta no
mínimo cinco embalagens de algum tipo de produto por dia chegando ao número de 3750
embalagens, número que surpreendeu os estudantes. Relataram também que, apesar de
tantas informações disponíveis, muitas pessoas ainda hoje tem o costume de queimar o lixo
gerado em suas casas. Os estudantes apresentaram a informação de que um programa de
coleta seletiva do lixo, chamado de feira verde, atende a nove localidades da região. Neste
programa o governo municipal troca frutas e verduras por material reciclável, favorecendo
os moradores e o meio ambiente. Destacaram ainda que o lixo descartado na natureza pode
tornar-se criadouro do mosquito Aedes Aegypti, transmissor de doenças. Coletaram na in-
ternet informações sobre o total de casos de dengue no Brasil, até o mês de maio de 2016,
pois na revista este dado era referente ao ano de 2012. Um aluno fez, por iniciativa própria
um vídeo com três dicas de como evitar a reprodução do mosquito Aedes Aegypti.
Após a apresentação de tantas e ricas informações pelos grupos, foi dada nova ênfase
aos conteúdos relacionados à matemática, enfatizando que a mesma serve para a interpretação
de situações das mais variadas áreas do conhecimento. Uma revisão desses conteúdos foi feita
aproveitando as considerações levantadas pelos estudantes. Foi percebido pelo professor a
necessidade de abordar de forma mais detalhada o conteúdo regra de três, pois os alunos
demonstraram pouco conhecimento do assunto, porém com os exemplos concretos da rea-
lidade dos mesmos o trabalho tornou-se relativamente tranquilo facilitando a compreensão
para todos. Até o momento já haviam sido utilizadas sete aulas na atividade.
etapa marcada pela criticidade, não apenas em relação à matemática, mas também a
outros aspectos, como a viabilidade e a adequabilidade das soluções apresentadas,
que, muitas vezes, são lógica e matematicamente coerentes, porém inviáveis para a
situação em estudo. É a etapa em que se reflete acerca dos resultados obtidos no
processo e como esses podem ensejar a melhoria das decisões e ações, contribuindo,
dessa maneira, para a formação de cidadãos participativos, que auxiliem na transfor-
mação da comunidade em que participam (BURAK e KLÜBER, 2008, p. 21-22).
Com base nesta colocação a respeito da análise crítica das soluções, e após tantos
debates e discussões mediados pelo professor, foi possível perceber a possibilidade de se
fazer uma releitura das matérias da revista Em Total Conexão relacionadas aos sub temas
aprofundados pelos estudantes, pois a qualidade das informações a respeito da realidade
dos mesmos era rica. Os estudantes sugeriram a ideia de trazerem imagens da região rela-
cionadas com o tema da equipe.
A ideia empolgou a turma e na aula seguinte os estudantes já trouxeram belas imagens
em fotos e vídeos para o trabalho, como é possível perceber na figura 1 que apresenta uma
imagem feita próxima ao colégio, que pode ser considerada como uma releitura da figura 2
que está contida na revista: Em total conexão, volume 8.
Figura 1: Original
208 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
através de um vídeo informativo, que facilmente poderia ser disponibilizado nas redes so-
ciais com custo quase zero. Praticamente todos os estudantes ficaram alvoroçados com esta
possibilidade e, como neste dia a turma teria duas aulas de Matemática, o professor decidiu
que seriam iniciadas imediatamente as gravações, pois os grupos já estavam com muitas
informações disponíveis a respeito de cada tema. Esta decisão foi tomada também prevendo
que os estudantes teriam dificuldades na maneira de se expressar em um vídeo formal, assim
todos teriam uma ideia do que deveria ser organizado para as gravações definitivas. Como
a maioria dos estudantes estava com seus aparelhos celulares, estudantes e professor foram
para frente do colégio fazer os primeiros testes de gravações.
Neste momento várias aulas já haviam sido dedicadas à atividade, porém, pela quali-
dade dos materiais organizados pelos estudantes, o professor decidiu destinar mais algumas
aulas para as gravações. A direção e equipe pedagógica foram comunicadas e, para surpresa
de todos, a pedagoga do colégio também era formada em jornalismo e se dispôs a ajudar nas
filmagens. Assim, nos dias dezessete e vinte de junho, foram realizadas as gravações onde os
estudantes dedicaram-se para a conclusão do trabalho como é possível perceber na figura 3.
Figura 3: Alunos
Para a gravação do vídeo foi elaborado um roteiro partindo de pequenos textos pro-
duzidos por cada uma das equipes. Estes resumos continham os dados matemáticos que
foram trabalhados nas aulas e também as informações da região coletadas pelos estudantes.
O professor fez a junção destes textos melhorando a questão de escrita. Juntamente com a
turma foi decidido que a estrutura do vídeo teria a forma de um documentário, onde a equipe
que tratou da importância do campo teria o papel de apresentadora mediando as matérias
apresentadas pelos outros grupos que trataram dos temas trânsito, água e lixo.
Com estas gravações realizadas, mais o material trazido anteriormente pelos estu-
dantes, o professor iniciou a edição do vídeo. Esta atividade não pôde ser realizada pelos
estudantes devido à precariedade dos computadores disponíveis na escola. Um primeiro
vídeo foi concluído e apresentado aos estudantes que juntamente com o professor concor-
daram que havia muitas falhas no processo, principalmente na forma de se expressar dos
estudantes, com gestos repetidos, movimentos do corpo, talvez motivados pelo nervosismo
Figura 4: Alunos
Finalmente, no dia oito de julho, as gravações foram concluídas e foi possível realizar
a edição final do vídeo que ficou com uma duração aproximada de quinze minutos. Foi es-
colhido pelos estudantes um nome para o informativo. Entre algumas sugestões a que mais
agradou a todos foi “Do Campo Para o Mundo”.
No dia vinte e nove de julho o vídeo foi exibido na semana pedagógica da escola para
professores e funcionários. A equipe pedagógica solicitou ao professor que apresentasse o
vídeo na reunião de pais e mestres que aconteceria no dia treze de agosto. No dia primeiro
de agosto o vídeo foi apresentado para a turma que estava ansiosa para ver como ficou o
trabalho. Como os grupos realizaram as gravações de forma independente, pois o texto foi
dividido entre as equipes, os estudantes não tinham ideia de como ficaria o vídeo completo.
Este momento foi muito descontraído e agradável a todos! A mensagem sobre a ligação
entre o campo e a cidade, destacando problemas e riquezas da realidade do lugar onde
os estudantes vivem pode ser transmitida satisfatoriamente! O professor comentou com a
turma o pedido da equipe pedagógica para que o vídeo fosse apresentado aos pais e todos
concordaram. Assim, após as devidas autorizações de uso de imagens dos estudantes serem
assinadas pelos seus responsáveis, o vídeo foi apresentado na reunião de pais e mestres
(figura 5). Era visível a satisfação dos pais dos estudantes que apareceram no vídeo.
210 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
Figura 5: Alunos
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
212 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
FRANKENSTEIN: LITERATURA, IMAGEM E SOM
RESUMO
O presente artigo tem por objetivo apresentar duas atividades educacionais voltadas para o uso da tecnologia
em sala de aula desenvolvidas com alunos de 1º ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Conselheiro Quielse
Crisóstomo da Silva, do município de Bocaiúva do Sul. As atividades foram produzidas para compor o Caderno
Pedagógico intitulado “Frankenstein na sala de aula”, desenvolvido para o PDE – Programa de Desenvolvimento
Educacional da Secretaria de Estado da Educação do Paraná, no projeto de Língua Estrangeira Moderna – Inglês
intitulado “A formação do leitor crítico por meio da literatura: redescobrindo Frankenstein”. Para a realização
dessa proposta, os estudantes leram a obra Frankenstein, de Mary Shelley, em inglês, em nível básico. Os exer-
cícios mencionados neste artigo foram realizados durante a implementação pedagógica no primeiro semestre
de 2014. A primeira produção descrita é uma fotonovela que foi realizada durante a leitura da obra. A segunda
é um documentário em vídeo realizado após o término do livro.
1 INTRODUÇÃO
Uma das vantagens da literatura é que os alunos são estimulados a usar uma variedade
de estratégias de leitura ou audição. A linguagem nem sempre é explícita e, portanto,
eles podem precisar aprender a entender por implicação, por associação de ideias...
e por adivinhação. (HOLDEN, 2009, p. 159).
Com o intuito de formar leitores mais críticos e mais participativos, o material foi
elaborado para que fosse possível realizar exercícios diversificados de leitura, uma vez que
cada aluno possui um ritmo e uma forma diferente de aprendizado. Atividades individuais
e em grupos foram realizadas, bem como de pesquisa extraclasse, com o intuito de refletir
sobre o contexto de produção da obra, além da reflexão sobre os acontecimentos da história
e sobre as atitudes e comportamentos das personagens.
Vale ressaltar que os recursos tecnológicos de que os estudantes dispunham no
momento de estudo (rádio, televisão, celular, máquina fotográfica, filmadora, impressora,
notebook e os computadores do laboratório de informática do colégio) foram elementos
importantes para o desenvolvimento da proposta, uma vez que os envolvidos puderam
utilizar esses equipamentos de forma colaborativa. É igualmente importante destacar que
cada aluno tinha um exemplar do livro para estudo e também um caderno pedagógico para
a realização das atividades.
214 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
Frankenstein é um romance que instiga a curiosidade e provoca o leitor. A escolha
por esse clássico da literatura motivou os alunos a conhecerem o contexto de produção da
obra, uma vez que a personagem principal, o cientista Victor Frankenstein, utilizou métodos
e aparatos tecnológicos avançados para o período em questão.
As questões de uso de tecnologia presentes no livro fizeram parte das discussões e
reflexões durante o desenvolvimento da proposta. Além disso, Frankenstein é mundialmente
conhecido, popularizado pelo cinema e pelas diferentes mídias, e continua a ser discutido,
apesar dos duzentos anos que o separam da atualidade. De acordo com Cereja, “Os diálo-
gos no campo da literatura e da cultura transcendem fronteiras geográficas e linguísticas”
(CEREJA, 2005, p. 200).
Os alunos realizaram todas as etapas de leitura previstas no material, tiveram a opor-
tunidade de conhecer o Romantismo inglês, estudaram sobre a autora Mary Shelley e como
ocorreu o processo de escrita do romance, interagiram com os demais colegas de turma, com
outros estudantes do colégio e com a comunidade escolar por meio das apresentações dos
resultados de suas reflexões, pesquisas e produções e realizaram as atividades de fotonovela
e documentário em vídeo, que são objetos de estudo neste artigo.
2 DESENVOLVIMENTO
Pela leitura ele é mobilizado a emitir um juízo, fruto de sua vivência do mundo fic-
cional e do conhecimento transmitido. Ignorar a experiência aí depositada equivale
a negar a literatura enquanto fato social, neutralizando tudo que ela tem condições
de proporcionar. (ZILBERMAN, 2010, p. 110)
216 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
A organização ocorreu da seguinte forma:
Os alunos concluíram a leitura. Em seguida, aproveitaram as imagens que foram uti-
lizadas durante o desenvolvimento da implementação pedagógica. Elas representavam os
locais que inspiraram a obra bem como a autora, e também um cartaz de divulgação de um
filme inspirado no livro.
De posse das fotos reais dos lugares, eles organizaram uma sequência para a produção
do documentário, escreveram as frases em inglês que descreveriam e explicariam as imagens.
Na sequência, cada aluno ficou responsável pela leitura de uma ou mais frases. Eles liam as
frases em inglês e gravavam os áudios no celular. As gravações foram depois inseridas no
vídeo, de forma a descrever em inglês o teor de cada imagem e/ou a reflexão acerca da obra,
da autora ou do contexto de criação.
Após essa etapa, legendas em português foram inseridas com o intuito de facilitar a
compreensão para quem assistisse ao documentário. Para finalizar a edição, outra professora
de Inglês do colégio foi convidada para tocar clarinete, com a música Ode to Joy, de Ludwig
van Beethoven, para ser a trilha sonora do trabalho.
As duas atividades foram apresentadas, juntamente com outras produções para toda
a comunidade escolar ao final da implementação pedagógica. As mesmas encontram-se
publicadas no site do Colégio Estadual Conselheiro Quielse Crisóstomo.
A fotonovela está disponível para acesso no endereço: <http://www.buvqcsilva.seed.
pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=169>. E o documentário está disponível no
endereço: <http://www.buvqcsilva.seed.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=171>.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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literatura. 5. ed. São Paulo: Atual, 2005.
HOLDEN, Susan. O ensino da língua inglesa nos dias atuais. São Paulo: SBS, 2009.
LIMA, Luciano Rodrigues; Guimarães, Sinézio Cotrim. Texto e discurso no ensino de inglês
como língua estrangeira. In: LIMA, Diógenes Cândido (Org.). Ensino Aprendizagem de língua
inglesa: conversas com especialistas. São Paulo: Parábola Editorial, 2009. p. 47-51.
MEDEIROS, Valéria da Silva; VIEIRA, Miliane Moreira Cardoso. Doces bárbaros: Refletindo sobre
alteridade, língua e cultura. In: BRAWERMAN-ALBINI, A; MEDEIROS, V. S. (Orgs.). Diversidade
cultural e ensino de língua estrangeira. Campinas, SP: Pontes, 2013.
SHELLEY, Mary. Frankenstein. Adaptado por Margaret Tarner. Nível: Elementary. Macmillan
Readers, 2005.
218 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
SOUZA, Lynn Mario Trindade Menezes de. O professor de inglês e os letramentos no século
XXI: métodos ou ética?. In: Jordão, Clarissa. M.; Martinez, Juliana. Z.; Halu, Regina. C. (Orgs.).
Formação “desformatada”: práticas com professores de língua inglesa. Campinas: Pontes
Editores, 2011.
RESUMO
No contexto sóciohistórico que compreende a contemporaneidade, é primordial pensar as práticas pedagógicas,
principalmente, quando o assunto é a inserção de novas tecnologias, mais especificamente, das tecnologias
educacionais. Diante deste desafio é que buscou-se compreender e refletir sobre o uso das novas tecnologias
e como estas exigem metodologias educacionais inovadoras no ambiente escolar. Apresenta-se também um
relato de experiência realizada no ano de 2016, no Colégio Estadual Antonio Francisco Lisboa na cidade de
Sarandi – Paraná, por alunos do 9º C, período da manhã. Tal atividade, foi desenvolvida conjuntamente com
a Professora de Arte e com a Professora responsável pelos recursos midiáticos do referido colégio. Os alunos
elaboraram uma produção textual, do gênero conto e com base nestes textos produziram curtas-metragens,
utilizando como ferramenta principal o celular. A ideia deste trabalho era tornar o aluno o protagonista, usando
para isso uma metodologia de ensino que favorecia a construção efetiva do conhecimento.
1 INTRODUÇÃO
1 Professora da Rede Estadual de Ensino do Paraná, no Colégio Estadual Antonio Francisco Lisboa, município
de Sarandi.
2 DESENVOLVIMENTO
222 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
sua fase de formação. É compreensível a sua resistência em interessar-se pela produção de
texto na escola.
Por outro lado, fora da escola, crianças e adolescentes interagem por escrito nas redes
sociais com frequência, sendo assim, vi a necessidade de elaborar uma atividade de produção
textual que envolvesse: Leituras de textos literários, discussões, atividades de interpretação,
produção inicial com algumas propostas do livro didático, reescrita e o diferencial da atividade:
produção de curtas-metragens. Dessa forma, quando o leitor leva para o texto suas expec-
tativas, suas experiências passadas, seguindo pistas deixadas pelo autor, elabora hipóteses
e constrói um sentido para tal materialização linguística e isso é um processo de interação
entre o leitor e o texto, tornando-o um coparticipante na produção de sentido deste.
224 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
sor tem o papel de possibilitar ao aluno um ambiente educativo estimulante, bem como o
desenvolvimento da autonomia dos mesmos. Quanto ao papel do aluno, a autora destaca
que esse se dá pelo desenvolvimento da capacidade de procurar informação sobre vários
assuntos, de serem mais críticos e criativos. Portanto, quando as práticas pedagógicas estão
bem definidas quanto ao uso das tecnologias educacionais, o aluno é capaz de desenvolver
as habilidades descritas anteriormente, e ainda, inserir-se no contexto dos novos paradigmas
educacionais que compreendem a uso das novas tecnologias.
3 RELATO DE EXPERIÊNCIA
3.1 DIAGNÓSTICO
A escola em que leciono recebe alunos, majoritariamente, da periferia de Sarandi-Pr,
a comunidade enfrenta os mais diversos problemas sociais, tais como falta de saneamento
básico, falta de segurança, além da indisciplina, que é uma das dificuldades enfrentadas, outro
fator relevante é a presença de muitos alunos com laudos dos mais diversos distúrbios de
aprendizagem. No entanto, a escola oferece sala de recurso e sala de apoio aos que neces-
sitam de atendimento especializado.
Vale destacar que a instituição não possui equipamentos de última geração, mas
conta com dois laboratórios de informática e com uma funcionária responsável pela parte
tecnológica relacionada a aspectos pedagógicos.
A curto e a médio prazo é preciso providenciar novos equipamentos para melhor
equipar as salas de aula. A sala, na qual a atividade foi realizada estava composta por bons
alunos, quanto aos trabalhos realizados, a maior parte dos alunos envolvidos entregavam
dentro dos prazos e se mostraram bastante participativos. Durante o desenvolvimento do
trabalho estabeleceu-se um vínculo afetivo que contribuiu para que as atividades pudessem
ser concretizadas de maneira satisfatória.
226 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
contistas brasileiros. Como tecnologia, os alunos utilizaram celulares para realizarem as gra-
vações e computadores para edição das imagens. Destaco, portanto, que aproveitar essas
ferramentas, as quais eles já utilizam em seu cotidiano fora da escola, nas aulas de produção
textual abre a possibilidade de maior envolvimento com a escrita durante as aulas, é um passo
auspicioso, não apenas pela novidade da inserção de instrumentos não comuns no espaço
escolar, mas pelo emprego de recursos já incorporados pelos alunos em seu contexto social.
Aproxima-se, dessa forma, a produção escrita no contexto escolar. Quando há uma
fusão dos horizontes - perspectiva do leitor e perspectiva da obra - de acordo com Iser,
(1999, Vol.2) o leitor é conduzido à reflexão sobre suas concepções de vida e visão de mun-
do. Segundo o referido autor, nessa situação, a leitura se torna de fato uma comunicação,
um diálogo, onde o leitor exerce sua atividade produtiva, pois o texto força-o a uma tomada
de posição e ainda o autor afirma que a leitura só se torna um prazer no momento em que
nossa produtividade entra em jogo.
3.4 REFLEXÃO
A experiência aqui relatada me foi de um crescimento profissional e pessoal sem pre-
cedentes, me emociono a cada vez que assisto ao vídeo feito pelos alunos. Não possuímos
recursos tecnológicos ditos de última geração, mas o empenho dos profissionais da escola,
dos funcionários, da direção e, principalmente, dos alunos, garante a prática de trabalhos que
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. 4 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
228 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
COX, Kenia Kodel. Informática na educação escolar. Campinas, SP: Autores associados, 2003.
ISER, Wolfgang. O ato da leitura: uma teoria do efeito estético. Tradução: Johannes Kretschmer.
São Paulo: Ed. 34, 1999, v. 2.
OLIVEIRA, Tania Amaral et.al. Tecendo Linguagens: Língua Portuguesa. 9º ano. 3. ed. São
Paulo: IBEP, 2012. p. 49-50.
RESUMO
Uma das maneiras mais dinâmicas de se aprender inglês é por meio dos filmes. Com o objetivo de proporcionar
aos alunos uma oportunidade de compreensão e produção oral da língua inglesa em diferentes contextos de
uso, assim como perceber características da linguagem oral, como pausas, hesitações, aspectos fonéticos, fono-
lógicos, pronúncias e entonações, desenvolveu-se o projeto Lights, Camera and Action (Luzes, Câmera e Ação)
para vivenciar esses aspectos por meio da experiência de reproduzir uma cena de um filme. O trabalho teve
como tarefas: assistir um filme em inglês percebendo as características da fala; pesquisar na internet, em sites
oficiais, a sinopse do filme em inglês para copiar, colar e formatar; buscar no youtube o trailer oficial do filme e
fazer o download; usar recursos midiáticos para recortar uma cena do filme; reproduzir, filmar e editar a cena.
1 INTRODUÇÃO:
Aprender inglês assistindo a filmes e ouvindo músicas é uma forma dinâmica de apren-
dizado, possibilitando ao aluno o acesso a palavras, frases e estruturas gramaticais em inglês.
1 Professora de Língua Inglesa da Secretaria de Educação do Estado do Paraná. Atua no Instituto de Educação
Estadual Professor César Prieto Martinez – Ponta Grossa-Pr.
2 DESENVOLVIMENTO
O projeto “Lights, Camera and Action” foi desenvolvido no Instituto de Educação Es-
tadual Professor César Prieto Martinez com as turmas B,C,D, E e F do segundo ano do Ensino
Médio do período matutino. Tendo como ponto de partida o estudo do gênero sinopse de
filmes, trazido pelo livro didático Way to Go, volume 2, adotado pelas turmas do Ensino Médio
desta instituição, bem como as atividades propostas pelo livro em torno do tema.
Inicialmente os alunos realizaram uma análise de algumas imagens de cenas de filmes
trazidas no livro didático e classificaram seus gêneros escolhendo entre: action-adventure,
animation, comedy, cult, documentary, drama, horror, musical, romance, Science-fiction,
thriller and western, identificando e compreendendo os significados das palavras em inglês.
Esta proposta foi trabalhada, com base nas cenas dos filmes analisados pelos alunos no livro
didático Way to go, volume 2, p, 103.
Em seguida, de maneira lúdica, utilizou-se a brincadeira “hot-potato”, para fixação dos
gêneros e adjetivos relacionados a filmes.
A brincadeira “hot-potato” é assim: os alunos devem estar sentados em círculo, uma
caixa-surpresa contendo flashcards com gravuras de filmes de um lado e o gênero do filme,
escrito em inglês, do outro lado, é passado de aluno para aluno enquanto toca uma música.
Quando a música para, o aluno que estiver segurando a caixa deverá retirar um flashcard e
responder as questões da professora em inglês:
232 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
Esta atividade tem a intenção de fixar o vocabulário sobre gênero de filmes, a estru-
tura gramatical present perfect e desenvolver a habilidade oral. Abaixo algumas imagens
utilizadas nos flashcards.
Na sequência, foi feita a leitura da sinopse do filme Rio e de um texto referente ao
cinema, ambos do livro didático Way to Go, volume 2, p. 99 e 100. Nesse momento praticou-
-se a leitura oral, com análise do vocabulário e atividades de compreensão geral e específica
dos textos.
Utilizando uma das salas multimídia da escola, assistimos aos trailers dos filmes X-Men
3: The Last Stand e Swing Vote, e trabalhando com o livro didático lemos suas sinopses para
análise e prática gramatical.
Concluída as etapas de trabalho de leitura, compreensão de significados de vocabu-
lário e estruturas gramaticais desenvolvidas nos textos que foram analisados, foi proposto
aos alunos a participarem do Projeto “Lights, Camera and Action”, que teve como principais
objetivos a prática da oralidade da língua inglesa, fazer uso das várias mídias e tecnologias,
promover a aprendizagem criativa e valorizar a autonomia.
O trabalho foi desenvolvido em grupos pelos alunos, organizados por eles mesmos,
e teve como tarefas:
Os grupos se organizaram para a realização das tarefas tendo o prazo de um mês para
a conclusão das atividades e na data combinada apresentaram os trabalhos. No percurso
deste prazo foram planejadas e orientadas as tarefas, esclarecidas as dúvidas, buscado apoio
do técnico de informática da escola que se mostrou sempre solícito e preparado para ajudar,
e ainda, os textos foram corrigidos e foi organizada uma prévia para testar as mídias que
seriam usadas nas apresentações.
O uso das tecnologias está muito próximo dos alunos dessa faixa etária e fazer uso
dela para a preparação e desenvolvimento de tais atividades foi motivador e desafiador,
percebeu-se que foram capazes de desenvolver um trabalho em equipe e isso proporcionou
mais confiança para desenvolverem a oralidade na língua inglesa.
A autonomia para a realização das atividades ofereceu oportunidade aos alunos tes-
tarem as capacidades de administração do tempo, da organização e distribuição das tarefas,
bem como lhes proporcionou uma aprendizagem significativa.
Os relatos sobre o projeto foram em sua maioria positivos, a autoavaliação feita pelos
alunos mostrou que eles ficaram surpresos com suas capacidades de usar a tecnologia como
suporte à prática pedagógica e não apenas como lazer e que não havendo organização e
comprometimento de todos do grupo não seria possível atingir o resultado esperado.
REFERÊNCIAS
AUN, Eliana; MORAES, Maria Clara; SANSANOVICZ, Neuza. English for all: Inglês, vol. 2. São
Paulo: Editora Saraiva, 2010.
MAZZOCO, Bruno. Como trabalhar filmes na aula de inglês? Disponível em: <https://
novaescola.org.br/conteudo/254/como-trabalhar-filmes-nas-aulas-de-ingles>. Acesso em:
22 out. 2017.
MENEZES, V.; BRAGA, J.; FRANCO, C. Alive High: Inglês, vol. 2. São Paulo: Editora SM, 2017.
TAVARES, Kátia & FRANCO, Claudio. Way to Go: Inglês/Ensino Médio – Editora Ática. São
Paulo. 2014
Trailer do filme: Swing Vote (2008) HD Trailer 1080p. Disponível em: <https://www.youtube.
com/watch?v=6q4_mpwBsP8>. Acesso em: 22 out. 2017.
234 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
TER OU SER? QUEM SOU, O QUE QUERO E O QUE REALMENTE
PRECISO?
RESUMO
A proposta de trabalhar os temas: “Ser jovem” e “Consumismo”, utilizando músicas de maior circulação na mídia
e imagens relacionadas aos temas, fazendo apologia ao consumo e a necessidade do "ter2 ", dando ênfase no
"ser3 ", ressaltou em um olhar diferente sobre a falta de valores sociais e morais presentes em nossa sociedade.
Após longo trabalho intertextual, entrevistas e debates sobre a problemática, os alunos produziram paródias
expressando o aprendizado adquirido. Estas paródias foram gravadas e filmadas com os próprios celulares, em
seguida apresentadas em multimídia e ao vivo aos demais alunos do colégio. Cada grupo com sua escolha de
música, seu contexto e espaço, produziu, gravou, apresentou e publicou sua atividade nas redes sociais. Além
disso, percebe-se que o conteúdo, repleto de significados, possibilitou o alcance do objetivo da educação.
1 INTRODUÇÃO
2 DESENVOLVIMENTO
É no processo de interação social que a palavra significa [...] Ensinar a língua materna,
a partir dessa concepção, requer que se considerem os aspectos sociais e históricos
em que o sujeito está inserido, bem como o contexto de produção do enunciado,
uma vez que os seus significados são sociais e historicamente construídos. A palavra
significa na relação com o outro, em seu contexto de produção. […] As palavras estão
carregadas de conteúdo ideológico, elas “são tecidas a partir de uma multidão de
fios ideológicos e servem de trama a todas as relações sociais em todos os domínios
(DCE, 2008, p. 41).
236 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
Nesse sentido, considerar a escola como um espaço social de aprendizagem, nos re-
mete a responsabilidade de atribuir significado em tudo o que propomos aos nossos alunos.
A tarefa de garantir com que o conteúdo faça sentido para eles, nem sempre é fácil. Contudo,
a partir do momento em que interagimos com nossos discentes adquirimos conhecimentos
sobre a vida cotidiana destes, e com isso, temos as condições ideais de propor atividades
que façam sentido na vida dos nossos adolescentes.
Sabe-se que as diferentes metodologias utilizadas para o repasse do conteúdo pro-
movem a motivação para que ocorra o letramento dos alunos e a consequente prática do
uso adequado da língua, tanto na oralidade quanto na escrita, para fazer uso social deste
aprendizado e saber interagir e se posicionar perante situações que permeiam seu cotidiano.
Esta prática garante “o envolvimento do sujeito com as práticas discursivas, alterando
seu estado ou condição em aspectos sociais, psíquicos, culturais, políticos, cognitivos, lin-
guísticos e até mesmo econômicos” (DCE, 2008, p. 18).
Corroborando com a citação acima, Bakhtin, afirma “um texto não é um objeto fixo
num dado momento no tempo, ele lança seus sentidos no diálogo intertextual, ou seja, o
texto é sempre uma atitude responsiva a outros textos, desse modo, estabelece relações
dialógicas”. (BAKHTIN, 2008).
Estas relações dialógicas atribuem um sentido aos textos, fazendo com que haja inter-
-relações repletas de significados. O diálogo proveniente destas, possuem um sentido amplo
e profundo, visto que promovem o posicionamento dos sujeitos frente ao tema abordado,
permitindo que estes participem ativamente da construção enquanto sujeitos na sociedade.
Para que este processo se concretize de maneira tranquila para os alunos, deve ha-
ver o direcionamento do professor. Este, por sua vez deve estar preparado para realizar tal
tarefa, que se diga de passagem, é de grande responsabilidade, mesmo porque, cabe a ele,
o planejamento, a escolha dos textos, a proposição dos objetivos, a metodologia, as estraté-
gias e a avaliação a serem aplicadas em cada um dos conteúdos, garantindo o sucesso dos
objetivos da educação.
Ainda sobre a relevância de um planejamento, as diretrizes curriculares discorrem
sobre a inserção e o uso de tecnologias:
O planejamento das atividades com o uso das TIC também deve ser elaborado, a fim
de contemplar as necessidades tanto curriculares, quanto de aprendizagem dos alu-
nos. A contextualização continua sendo imprescindível também quando da utilização
das tecnologias para que o resultado final das produções promova conhecimentos
que levem à transformação, com vistas a uma sociedade mais participativa, crítica e
igualitária (DCE, 2010, p.14).
Esta transformação tão desejada, na busca de uma sociedade mais igualitária, de su-
jeitos mais críticos e participativos é o resultado de um aprendizado coerente, como vimos
acima. Isto é possível quando nos apropriamos de metodologias e estratégias que envolvam
A preparação do PTD para o segundo trimestre do ano de 2017 partiu dos temas: “O
brilho do consumo e Ser jovem é “, ambos contemplados no livro didático: Português Lin-
guagens, material de apoio escolhido para orientar os conteúdos e atividades para a turma
238 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
do nono ano, matutino, Ensino Fundamental II, do CEFS, pertencente ao Núcleo Regional de
Educação de Toledo, Paraná.
A implementação das diversas atividades sobre os temas ocorreu na maior parte
do tempo em sala de aula. Contudo, as entrevistas feitas com os pais e/ou responsáveis,
as filmagens e montagens dos vídeos e vídeo clipes aconteceram em contra turno, mesmo
porque alguns grupos optaram em fazer as produções em ambientes como o supermercado,
por exemplo.
Introduziu-se o trabalho de reflexão no final de uma aula anterior ao início da unida-
de, com uma pergunta: Como é a sua relação com seus pais, quando falamos em adquirir,
desde pequenas coisas como lanches a objetos mais caros, como celulares, tênis de marca
e/ou roupas da moda? Os alunos tiveram dois dias para pensar numa resposta coerente e
real. Na aula seguinte, as informações foram socializadas, causando um tremendo impacto,
principalmente porque a lacuna de opiniões e a percepção da realidade existente entre pais
e filhos veio à tona.
O poema Ser jovem, de Carlos Queiroz Telles serviu de inspiração para a intertextua-
lidade com o texto A crueldade dos jovens, de Walcyr Carrasco, os vídeos clipes sobre Funk
ostentação: Top do Momento, do MC Donado; Tá Patrão, do MC Guimê; Tá bombando do
MC Samuka e Nego; É classe A, do BackDio e BioG3, bem como com as imagens intituladas
de Ser jovem é....
Durante o processo, os alunos tomaram nota de alguns questionamentos elencados.
E, partindo destes, criou-se um roteiro de entrevista em grupo, no qual foi aplicado pelos
alunos aos pais e/ou responsáveis. Em seguida, realizou-se o registro destes dados coletados.
Na aula seguinte, propôs-se um debate, no qual a turma foi dividida em grupos, e, cada um
destes recebeu uma posição a ser defendida. Entre elas: a visão dos pais que dão tudo aos
filhos, sem questionar; a visão dos pais que têm dificuldades em atender as “necessidades”,
mas acabam cedendo; a visão dos pais que têm dificuldades em atender as “necessidades”
e não cedem; a visão dos filhos que não entendem o porquê de não terem os pedidos aten-
didos; a visão dos filhos que entendem, mas continuam insistindo; a visão dos filhos que
entendem e acabam concordando com a posição dos pais.
A atividade foi realizada no saguão da escola, devido ao espaço e à empolgação dos
alunos em defender suas posições. O que fez com que não apenas a turma do nono ano se
envolvesse, mas, sem planejar, tivemos plateia. Os que ali passavam, sentiram-se instigados
a participarem como espectadores, entre eles: agentes I e II, professores em hora atividade,
cantineira, pedagoga, e alunos que eventualmente saiam para tomar água ou ir ao banheiro.
Partindo do resultado deste debate, propôs-se aos alunos a produção de pesquisas
na internet para a escolha de uma música e a produção de uma paródia desta, considerando
os temas: ser jovem e consumismo.
Após a produção e reprodução, os alunos ensaiaram, gravaram e filmaram com seus
celulares, a paródia realizada. Em seguida, as produções foram enviadas via Whatsapp ao
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Trabalhar os temas: Ser jovem e Consumismo, fazendo uso dos recursos tecnológicos
para a aquisição dos conteúdos e a realização das práxis com a turma do nono ano, foi uma
experiência prazerosa e relevante.
A proposta de aprofundar os temas por meio da intertextualidade, com uso do poema:
Ser jovem, o texto: A crueldade dos jovens e os vídeoclipes de maior circulação na mídia,
como o Funk ostentação, entre outros que fazem apologia ao consumo e a necessidade do
Ter, foi essencial, visto que a ênfase no processo pedagógico é a humanização, o Ser.
Todo este processo requereu o uso constante das TDIC. Vale ressaltar que o colégio
estava com o laboratório de informática sem condições adequadas para o uso com as turmas,
porém disponibilizava o sistema Wi-Fi, desse modo, todos os alunos tiveram a liberdade de
usar a rede em seus dispositivos móveis, desde que orientados pelos professores, a escola
conta também com a instalação de multimídias, telões e caixas de som em todas as salas de
aula.
É sabido que nem todos possuem aparelhos celulares com internet e que alguns não
têm acesso em casa e não sabiam usar estas ferramentas. Contudo, houve a preocupação
por parte dos demais em auxiliá-los na produção proposta.
Nesta sequência didática buscou-se ressaltar a falta de valores sociais e morais pre-
sentes em nossa sociedade, e após o trabalho realizado, ficou evidente que o objetivo foi
alcançado. Isto não está apenas presente nas paródias produzidas, as quais foram utilizadas
também como atividades do curso Conectados que ocorre no colégio, mas no cotidiano em
sala de aula.
Como o curso Conectados foi responsável pela proposição da metodologia e estraté-
gias de aprendizado, os próprios alunos votaram e escolheram duas das atividades realizadas
por eles e uma das entrevistas para servir de postagem de resultados deste curso. A primeira
paródia criada a partir da música: Trem Bala de Ana Vilela, em que duas alunas tocavam violão
e cantavam, enquanto outro aluno gravava e filmava a atividade em seu celular. Já, a segunda
atividade escolhida, trata-se de uma produção de paródia também fazendo o uso da música
240 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
Trem Bala de Ana Vilela, contudo, com letras de música diferentes e a montagem de um
mini vídeo utilizando-se de imagens extraídas do Google e do acervo pessoal destes alunos.
Finalizando as atividades, porém, sem ter planejado no PTD, propôs-se a realização
de entrevistas entre os colegas, também filmadas e apresentadas, nas quais, estes avaliaram
livremente a proposta de trabalho realizada e o conhecimento adquirido neste processo de
trabalho durante o trimestre. E, para a grande surpresa, o que às vezes parecia bagunça, como
se pode ver na foto, proporcionou um resultado positivo superior ao esperado.
Figura 1: Turma 9ª A
Observa-se hoje, uma turma unida, alunos solidários e preocupados com questões
que envolvem o ser. Uma humanização visível, diferente da banalização do consumismo que
nos sufoca todos os dias. Alunos ansiosos por mais aulas, motivados na busca do conheci-
mento através do uso das TDIC como ferramentas de apropriação do conhecimento, para a
construção de uma visão de mundo mais justa e igualitária.
Pode-se afirmar então que, a contextualização do conteúdo na realidade em que
nossos jovens educandos estão inseridos, está repleta de signos e a visão de mundo destes
foi transformada. Percebe-se um público em potencial, com um futuro promissor.
CEREJA, William Roberto. Português Linguagens: 9º ano. 9ªed. São Paulo: Saraiva, 2015.
NETO, Antonio Garcia. Análise do Discurso na Visão de Bakhtin. Disponível em: <https://
antoniogarcianeto.wordpress.com/2012/10/08/analise-do-discurso-o-discurso-na-visao-de-
bakhtin/>. Acesso em: 20 maio 2017.
242 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
LITERATURA INGLESA E NORTE AMERICANA NAS AULAS DE INGLÊS
RESUMO
O presente artigo busca relatar a experiência obtida ao se aliar o ensino de literatura inglesa e norte americana,
durante as aulas de língua inglesa, por meio do uso de várias tecnologias de informação e comunicação, com
turmas do ensino médio da rede pública do estado do Paraná. Os alunos tiveram a oportunidade de perceber
semelhanças e diferenças ao relacionarem as obras e poetas estudados, com o que geralmente nos deparamos
em nossa realidade, cultura e literatura. Além disso, ampliaram seus conhecimentos tecnológicos e ao apresen-
tarem seus seminários, utilizaram-se de e-mails, slides e armazenagem na nuvem.
1 INTRODUÇÃO
2 DESENVOLVIMENTO
Muito além de regras e estruturas gramaticais, o ensino de língua inglesa deve pro-
porcionar aos alunos momentos lúdicos, para que possam vivenciar a língua estrangeira de
fato e se desenvolverem como sujeitos atuantes na realidade em que se encontram inseridos.
Porém, devido a quantidade de aulas disponibilizadas para a disciplina de língua es-
trangeira e ao número de alunos em sala, vivemos uma realidade em que o ensino de língua
estrangeira ainda é muito fragilizado, e com isso, o professor, na ânsia de cumprir todo o
conteúdo distribuído em seu planejamento e cumprir o sistema de avaliação escolar, além de
datas de fechamentos de notas, entre outros, acaba por muitas vezes, focar prioritariamente
em regras estruturais e muito pouco na prática da fala. Sem contar a questão da indisciplina
e diferenças socioeconômicas que são situações relevantes e que fazem parte de qualquer
Assumir um currículo disciplinar significa dar ênfase à escola como lugar de socialização
do conhecimento, pois essa função da instituição escolar é especialmente importante
para os estudantes das classes menos favorecidas, que têm nela uma oportunidade,
algumas vezes a única, de acesso ao mundo letrado, do conhecimento científico, da
reflexão filosófica e do contato com a arte (DCE, 2008, p. 14)
Conhecer literatura estrangeira é algo pouco explorado nas aulas de língua estrangei-
ra, e é justamente neste momento em que o conhecimento literário deveria ser abordado,
oportunizando além de explicações gramaticais, uma ampliação de suas visões de mundo e
consciência crítica como cidadão e leitor.
Uma das dificuldades vividas pelos professores de língua estrangeira é a pouca dis-
ponibilidade de obras em outras línguas disponíveis para leitura nas bibliotecas das escolas,
ficando a cargo do professor selecionar, organizar, confeccionar, imprimir ou xerocar cópias
e pagar por elas para então ofertar aos seus alunos este acesso. Infelizmente, muitas vezes,
o aluno conclui o ensino médio sem nenhum contato com obras literárias estrangeiras.
Com a ampliação das tecnologias, esse trabalho de seleção e impressão do professor
foi facilitado, e o computador pode substituir, nesta situação, o papel:
244 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
Essa diferenciação é importante, pois as aulas, no regime anual, são apenas duas na
semana, mas no sistema de blocos semestrais, passam a ser de quatro aulas semanais. Com
menos interrupções, o rendimento das aulas é ampliado e o foco dos alunos, com menos
disciplinas no semestre, passa a ser ampliado também.
Os alunos, como sabemos, são conectados a várias redes sociais e utilizam sites, blogs,
canais do youtube, entre outras, fazem uso de celulares e computadores, além de estarem
ligados a internet a todo momento. Apesar disso, o uso das TICs ainda é muito limitado,
restringindo-se apenas a conversas e interações sociais. A grande maioria não sabe utilizar
as TICs como um recurso didático ou profissional, por exemplo, não sabem criar um slide e
salvá-lo na nuvem, ou formatar um texto, muitos não sabem inclusive imprimir o que produ-
zem nos computadores. Muitos alunos têm acesso a redes sociais, mas não sabem acessar
e enviar e-mails, sendo que para se ter acesso a uma rede social o principal é possuir uma
conta de e-mail ativa.
Apesar dos benefícios que essas ferramentas podem trazer para o processo de
ensino e aprendizagem da língua estrangeira, uma série de considerações deve ser
levada em conta para que a integração das TICs nas salas de aula seja realizada com
sucesso. [...] Os resultados deste estudo mostram que os motivos principais para o
baixo nível de integração de ferramentas de TIC entre professores da língua inglesa
naquele contexto são os problemas relacionados à falta de infra-estrutura e software
de computadores. Além disso, as dificuldades enfrentadas pelos professores incluem
a falta de apoio por parte da administração escolar para uso de ferramentas de TIC e o
treinamento insuficiente de TIC que os professores recebem, resultando numa atitude
negativa para sua implementação. Como a TIC é um meio complexo de informação e
comunicação que está evoluindo rápida e constantemente, o treinamento contínuo
dos profissionais da educação é indispensável. (MACHADO, 2008, p.3)
A maioria das escolas públicas possui o acesso à Internet limitado, às vezes os labora-
tórios de informática não funcionam plenamente e, muitos, contam apenas com um projetor
funcionando.
A partir do projeto Conectados, o colégio estadual Yvone Pimentel recebeu, em 2015,
200 tablets educacionais, cursos de formação aos professores sobre o uso do tablet além
do uso de aplicativos on-line que poderiam ser empregados de uma forma didática, como o
Google Drive, o Google Forms e o Google Classroom. A escola também conta com internet
de qualidade em todas as salas, além de dois laboratórios de informática e de duas salas
multimídias, facilitando assim o acesso e uso das TICs.
Para o projeto de literatura inglesa e norte americana foram necessárias 8 aulas, e como
as aulas no bloco são geminadas, foram necessários 4 dias de aula para pesquisa, produção
e apresentação dos trabalhos.
Nas duas primeiras aulas, a turma foi dividida em quartetos primeiramente, então
os nomes dos poetas Edgar Allan Poe, Robert Frost, Elisabeth Bishop, Emily Dickinson, E. E.
Cummings, Willian Blake, Lord Byron e Willian Shakespeare foram escritos no quadro e foi
fornecido um pequeno resumo biográfico e literário de cada poeta. Como os alunos conhe-
246 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
Figura 2: Alunos no laboratório de informática realizando
a pesquisa e produzindo os slides
As quatro últimas aulas serviram para apresentação dos seminários, na sala multimídia
da escola, onde cada grupo apresentou oralmente sua pesquisa e análise literária e utilizaram
Salvar os arquivos de forma on-line é uma prática cada vez mais comum, como Google
Drive, pois permite ao aluno editar, salvar, complementar algo em casa ou em qualquer outro
momento que precise, sem precisar se deslocar a escola ou a casa de amigos.
Além disso, perceber as diferenças e semelhanças existentes em diferentes países e
relacioná-las ao nosso país, perceber nos textos as diversas ideologias, sentidos e formas de
ver e pensar uma outra realidade e ser capaz de associar ou confrontar com a nossa realidade
é um dos objetivos que o estudo literário possibilita ao aluno.
Conhecer novas culturas implica constatar que uma cultura não é necessariamente
melhor nem pior que outra, mas sim diferente. É reconhecer que as novas palavras
não são simplesmente novos rótulos para os velhos conceitos. A análise linguística
não é apenas uma nova maneira de arrumar e ordenar as palavras, e as novas pro-
núncias não são somente as distintas maneiras de articular sons, mas representam
um universo sócio-histórico e ideologicamente marcado. [...]. Passa a ser função da
disciplina possibilitar aos alunos o conhecimento dos valores culturais estabelecidos
nas e pelas comunidades de que queiram participar. Ao mesmo tempo, o professor
propiciará situações de aprendizagem que favoreçam um olhar crítico sobre essas
mesmas comunidades. Cabe ao professor criar condições para que o aluno não seja um
leitor ingênuo, mas que seja crítico, reaja aos textos com os quais se depare e entenda
que por trás deles há um sujeito, uma história, uma ideologia e valores particulares
e próprios da comunidade em que está inserido. Da mesma forma, o aluno deve ser
instigado a buscar respostas e soluções aos seus questionamentos, necessidades e
anseios relativos à aprendizagem. (DCE, 2008, p.64-65)
248 Secretaria de Estado da Educação do Paraná . Superintendência da Educação . Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho buscou aliar o ensino de literatura inglesa e norte americana com
o uso de recursos tecnológicos disponíveis na escola.
Foi perceptível que, ao sugerir que o trabalho fosse realizado no laboratório de in-
formática para posteriormente ser apresentado na sala multimídia, houve um sentimento de
empolgação por parte dos alunos.
À medida que eles puderam conhecer mais sobre a biografia dos escritores e des-
cobriram curiosidades sobre os mesmos, pode-se perceber o gosto que os alunos estavam
tomando pela realização do trabalho.
A parte que mais gerou dúvidas foi relacionar as características literárias encontradas
na Internet com o poema escolhido. Muitos alunos perceberam falhas nas traduções e nas
informações de alguns sites e as melhoraram em seus trabalhos.
Alguns, inclusive encontraram vídeos com os poemas sendo declamados e charges
sobre os poetas estudados, enriquecendo mais ainda suas apresentações.
A bagagem de conhecimento literário que cada aluno traz foi ampliado, muitas vezes
o aluno estabelecia relações entre algumas características do romantismo estadunidense com
o ultrarromantismo no Brasil.
Além disso, puderam ampliar seus conhecimentos sobre o uso de e-mails, salvamento
on-line, uso de editor de textos, slides, manipulação de imagens e vídeos. Também puderam
melhorar suas habilidades de leitura e escrita, de fazer sínteses e selecionar os itens mais
importantes, perceber informações errôneas disponibilizadas na Internet e esmerar sua fala,
pronúncia e expressão corporal no momento de apresentar o seminário aos colegas de turma.
REFERÊNCIAS
SAITO, Fabiano Santos e SOUZA, Patrícia Nora de. Multiletramentos digitais na escola: o
que revelam as práticas discursivas de professoras que se relacionam com as TIC’s. ALAB:
2008. Disponível em: <https://drive.google.com/file/d/0B8FnzLN5Pg5NWnE2N3lmdVBsSlU/
view>. Acesso em: 24 out. 2017.
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MÍDIA E EDUCAÇÃO . RELATOS . VOLUME 2 251