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Apresentando o Currículo Lattes

Conteudista: Prof. Dr. Elton Bruno Ferreira


Revisão Textual: Profa. Dra. Selma Aparecida Cesarin

O Surgimento do Currículo Lattes

Material Complementar

Referências
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O Surgimento do Currículo Lattes

O surgimento do Currículo Lattes é intimamente ligado ao desenvolvimento das Tecnologias de


Comunicação e Informação, principalmente no que diz respeito ao compartilhamento de dados via
rede de computadores ou Internet.

Contudo, a preocupação com um possível sistema de coleta e organização de dados e informações a


respeito de pesquisadores e suas pesquisas data de período anterior.

O protótipo do Currículo Lattes remonta à década de 1980. Naquele momento, a alternativa


encontrada pelos cientistas do CNPq foi a utilização de um formulário padrão, no qual o currículo dos
pesquisadores brasileiros fosse registrado.

Com o formato analógico, a expansão do modelo era inviável, portanto, a dificuldade de ter acesso à
produção científica de forma generalizada era latente.

Leitura
CNPq: como funciona o financiamento de pesquisas no Brasil?
O CNPq foi criado em 1951, e chamava-se, à época, Conselho Nacional de
Pesquisas. Em 1974, por conta de algumas mudanças no seu regime
jurídico, instituiu-se outro Órgão em seu lugar, o Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico. A sigla, no entanto, assim como
suas funções, permaneceu a mesma desde a sua criação. Seu objetivo é
fomentar a pesquisa e o desenvolvimento científico no país.

Em termos mais precisos, o CNPq é uma fundação pública, ou, em outras


palavras, um órgão privado criado por ato legislativo para realizar funções
públicas. Embora ele tenha autonomia para gerir suas atividades, a maioria
dos seus recursos tem origem nos cofres da União. Por isso, em última
instância, o CNPq está atrelado ao Poder Público.

Ao contrário do que muitos imaginam, o CNPq não responde ao Ministério


da Educação (MEC), e sim, ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e
Comunicações (MCTIC), atualmente comandado pelo engenheiro e
astronauta, hoje ministro, Marcos Pontes.

Apesar do financiamento público, a atuação do órgão se estende ao


âmbito privado. Muitos alunos e professores de redes privadas recebem
auxílio para desenvolver seus trabalhos de pesquisa.

INSTITUTO BRIDJE. CNPq: como funciona o financiamento de pesquisas no


Brasil? Politize, 2020. 

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Alguns objetivos também já estavam especificados quando se estudava a melhor forma de organizar,
em um modelo curricular, a produção científica realizada no Brasil.

Acreditava-se que a função de uma Plataforma, nesse sentido, mesmo que analógica, deveria servir
para que o currículo do pesquisador fosse avaliado.
Também havia a preocupação para que existisse uma base de dados que possibilitasse a seleção de
consultores e especialistas, facilitando, portanto, a busca a respeito de determinados temas
científicos, bem como seus respectivos desenvolvedores.

Por último, buscava-se a geração de estatísticas sobre a distribuição da pesquisa científica no Brasil.
Seria essa uma forma eficiente de acompanhar o desenvolvimento da Ciência em sentido
abrangente e perceber possíveis carências e avanços.

Contudo, a ausência de uma Plataforma digital era sentida pelo CNPq, sendo traduzida nas
dificuldades de registro dos currículos.

Se comparado aos dias atuais, é possível perceber os desafios enfrentados pelos pioneiros desse
sistema.

No decorrer dos anos, já nos primórdios da década de 1990, algumas mudanças e inovações se
fizeram presentes e, dentre elas, destaca-se o uso do Sistema Operacional DOS, por parte do CNPq,
para o desenvolvimento de um formulário eletrônico para captar as informações dos currículos dos
pesquisadores brasileiros.

Saiba mais
MS-DOS - Conceito, e o que é
O MS-DOS (acrônimo que corresponde a Microsoft Disk Operating System) é
um Sistema Operacional de tipo DOS produzido de 1981 a 2000 pela
Microsoft.

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ACESSE
A ausência de uma Rede de Internet popularizada ainda era um empecilho a ser transposto. A saída
encontrada naquele momento era a entrega dos currículos a partir de disquetes, diretamente ao
CNPq.

Foi apenas no final da década de 1990, precisamente em 1999, que houve o lançamento do
Currículo Lattes.

Naquele momento, o acesso à Internet passava a ser uma realidade, mesmo que ainda com diversas
limitações, inclusive de velocidade, se comparado aos dias atuais.

O nome da Plataforma que passava a hospedar o currículo acadêmico nos meios virtuais
homenageia o cientista brasileiro, César Lattes.

A sustentação da Plataforma ficou a cargo do CNPq, Órgão vinculado ao Ministério da Ciência,


Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).

Saiba mais
Um dos maiores cientistas brasileiros, o físico Césare Mansueto Giulio
Lattes, mais conhecido como César Lattes, tornou-se um ícone na
produção científica mundial e um símbolo para o Brasil, servindo de
inspiração e estímulo para as gerações seguintes.

Lattes, no período da Segunda Guerra Mundial, iniciou pesquisas que


contribuiriam para o avanço da Ciência em relação à estrutura atômica. A
descoberta do méson pi (partícula efêmera, com massa entre a do elétron
e a do próton) foi essencial para os estudos sobre radiação. Para efetuar
suas pesquisas Lattes, com notável espírito empreendedor, montou o
Laboratório de Chaclataya, na Bolívia. Em parceria com outros
pesquisadores, obteve importantes avanços, como a reprodução artificial
dos píons. Em trabalho conjunto com japoneses, fez descobertas como o
fenômeno das “Bolas de Fogo”, nome dado às nuvens de mésons no interior
dos átomos. Apesar de ser crítico de Einstein, suas pesquisas foram
fundamentais para o desenvolvimento da “Teoria da Relatividade”, pois
foram precursoras para a concepção dos “quarks”. Dessa forma,
apresentam fundamentos das teorias sobre a criação e a expansão do
universo” 

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Figura 1 – Césare Mansueto Giulio Lattes
Fonte: Wikimedia Commons
Atualmente, o cadastro na Plataforma Lattes é uma exigência no universo acadêmico.

A base de dados serve como ferramenta para avaliar pesquisadores, professores e alunos. Se até o
final da década de 1990 a proposta engatinhava, agora já não é mais possível àqueles envolvidos nos
meios acadêmicos não ter um Currículo Lattes.

Com o sucesso da Plataforma na sua proposta de organizar a produção científica em uma base de
dados com a criação de um currículo acadêmico, a proposta foi exportada.

O CNPq, movido pelo interesse na criação de Bases Nacionais de Currículos, passou a licenciar de
forma gratuita o software, fornecendo, também, consultoria técnica para a implantação do Currículo
Lattes em outros países.

Na América Latina, o modelo alcançou países como Colômbia, Equador, Chile, Peru e Argentina e,
levado a outros continentes, também marcou presença em Portugal e Moçambique.

Trocando Ideias...
Em 2021, a Plataforma que hospeda o Currículo Lattes ficou indisponível
por alguns dias. Os problemas começaram em 21 de julho. O entrave serviu
para mostrar a importância que o Currículo Lattes tem atualmente na vida
acadêmica dos pesquisadores brasileiros. A euforia e um certo pessimismo
tomaram conta de diversas pessoas que se pronunciaram também pelas
redes sociais temendo que os danos fossem irreparáveis. Entre os temores,
estava o da possível dificuldade de processos para acesso de
documentações e o pagamento das bolsas para os pesquisadores em todo
o país. 

É importante lembrar que as bolsas são, muitas vezes, a única renda


financeira de estudantes que desenvolvem o conhecimento nas mais
diversas áreas a partir de pesquisas, desde a iniciação científica até os
cursos de stricto sensu (mestrado e doutorado). Imediatamente, o CNPq
tratou de informar sobre a preservação dos dados da Plataforma,
alegando a existência de backups para os conteúdos que haviam ficado
indisponíveis. No mesmo comunicado, a Instituição garantiu que a oferta
de bolsas para pesquisas não seria afetada pelo problema.

Conhecer a trajetória que levou à criação do Currículo Lattes, bem como a importância desse Banco
de Dados, atualmente, serve como base de resposta para a dúvida que possa surgir a respeito da
necessidade de ter esse currículo específico.

Sabendo, também, das necessidades materiais dos seres humanos e que para a sua supressão é
recorrente que os estudantes tenham como principal objetivo ter acesso a um emprego, surgem
algumas dúvidas cruciais.

Alguns se perguntam se é preciso ter um Currículo Lattes, outros, se não seria melhor focar no
Currículo Vitae e mais alguns indagam sobre a diferença entre eles.

Tentando responder a essas questões, de forma geral, aceita-se que é importante às pessoas com
formação universitária ou em processo de formação terem os dois currículos.

Cada um cumpre uma função definida e são essenciais dentro da proposta a qual se colocam.

O Curriculum Vitae (em latim, “trajetória de vida”) é aquele apresentado por um candidato a uma vaga
de emprego. Nele, o pretendente precisa, de forma resumida, apontar suas experiências
profissionais, bem como suas qualificações, passando pelo processo de formação que o coloca em
situação de requerer determinada vaga de emprego.

Cabe ainda, nesse documento, destacar quais são os objetivos e as aptidões para o cargo pretendido.
Espera-se que, como um cartão de visitas, o Currículo Vitae não seja demasiado extenso, mas
consiga ser convincente quanto à capacidade do pretendente.
O Currículo Lattes, diferente do Vitae, precisa conter todos os detalhes da vida acadêmica do
indivíduo.

Além disso, também segue um modelo padrão, que é gerado pela Plataforma Lattes. O Currículo
Vitae, apesar de seguir determinadas normas, não tem um modelo exclusivo e nem um portal oficial
no qual deve ser cadastrado e registrado.

O Currículo Lattes é um documento no qual todas as experiências voltadas, principalmente, à


produção acadêmica devem ser registradas de forma detalhada.

Depois da criação, sua constante atualização é uma necessidade, em vista de que ele contempla
toda vida pregressa e atual dos universitários e dos que desenvolvem pesquisas no Brasil.

Se o Currículo Vitae, como um cartão de visitas, deve ser agradável e não tão extenso, o Lattes, ao
contrário, é um documento longo e abrangente.

Muitas das informações adicionadas na Plataforma são conferidas pelo CNPq por meio dos Diplomas
e dos Certificados.

Não é aconselhável, portanto, o cadastro de quaisquer atividades que não possam ser verificáveis ou
que contenham informações falsas.

Trocando Ideias...
Em junho de 2020, Carlos Alberto Decotelli foi escolhido pelo governo para
ser Ministro da Educação, contudo, controvérsias no seu Currículo Lattes
acabaram por impossibilitar a sua posse como Chefe da Pasta. Entre as
dificuldades enfrentadas por Decotelli, constava uma acusação de plágio
na Dissertação de Mestrado. Apresentado como Doutor e Pós-Doutor, o
próprio reitor da Instituição (Franco Bartolacci) na qual ele teria concluído
o Doutorado se pronunciou, afirmando que ele não havia concluído o Curso
na Universidade Nacional de Rosário – Argentina.

Leitura
O histórico de polêmicas de Carlos Alberto Decotelli, que não será ministro
da Educação
BBC News. O histórico de polêmicas de Carlos Alberto Decotelli, que não
será ministro da Educação. 2020.

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Neste módulo, buscou-se resgatar a criação do Currículo Lattes, desde o protótipo, na década de
1980, acompanhando todo processo aliado ao desenvolvimento tecnológico, para que hoje seja
possível cadastrar e consultar esse documento acadêmico.

Sua importância é patente atualmente, lembrando-se de que dar prosseguimento aos estudos
acadêmicos e às pesquisas é uma forma de se atualizar e se qualificar para o Mercado de Trabalho.
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Material Complementar

Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta disciplina:

 ARTIGOS 
A Plataforma Lattes como ferramenta de trabalho do pesquisador
TOMMASELLI, A. M. G. A Plataforma Lattes como ferramenta de trabalho do pesquisador. Unesp, s.d.

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Entenda a importância da Plataforma Lattes para a Ciência brasileira


ENTENDA a importância da Plataforma Lattes para a ciência brasileira. Revista Galileu, 2021.

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Informações inseridas no Currículo Lattes são autodeclaradas e raramente verificadas


BOTALHO, A. Informações inseridas no Currículo Lattes são autodeclaradas e raramente
verificada. Folha de São Paulo, 2020.

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 VÍDEOS 
Um Cientista, Uma História
UM CIENTISTA, Uma História. 1 vídeo (4 min 58 s). Publicado pelo Canal Futura, 2015.
Neste vídeo, produzido pelo Canal Futura, você saberá mais sobre a história de César Lattes e suas
descobertas.

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Referências

CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO – CNPq. Plataforma


Lattes. Sobre a Plataforma Lattes. Brasília: Plataforma Lattes, 2018a. Trata-se da Seção Memória do
CNPq, no Portal Lattes, a respeito da criação da Plataforma Lates. Disponível em:
<http://mamoria.cnpq.br/web/portal-lattes/sobre-a-Plataforma>. Acesso em: 3/01/2022.

CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO – CNPq. Plataforma


Lattes. Césare Giulio Lattes. Brasília: Plataforma Lattes, 2018b. Trata-se da Seção Memória do CNPq,
no Portal Lattes, a respeito da trajetória de Césare Giulio Lattes. Disponível em:
<http://mamoria.cnpq.br/web/portal-lattes/cesare-giulio-lattes>. Acesso em: 3/01/2022.

CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO – CNPq. Plataforma


Lattes. Histórico. Brasília: Plataforma Lattes, 2018c. Trata-se da Seção Memória do CNPq, no Portal
Lattes, a respeito do histórico da Plataforma Lattes. Disponível em:
<http://mamoria.cnpq.br/web/portal-lattes/hitorico>. Acesso em: 3/01/2022.

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