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CAMPUS TUCURUÍ
CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
TUCURUÍ - PA
2022
GABRIELLE DOS SANTOS MARINHO
SUZY SIMONI DA SILVA
TUCURUÍ - PA
2022
GABRIELLE DOS SANTOS MARINHO
SUZY SIMONI DA SILVA
Conceito: __________________
____________________________________________
Orientadora: Msc. Luciana Mendes Fernandes
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará - Campus Tucuruí
____________________________________________
Membro 1
____________________________________________
Membro 2
Dedicamos este trabalho às nossas
famílias, por todo o amor e apoio.
AGRADECIMENTOS
(Nikola Tesla)
RESUMO
Palavras-chave:
ABSTRACT
Keywords:
LISTA DE FIGURAS
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
1.1 Justificativa
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
2.2 Objetivos específicos
3 O HOMEM E SUA RELAÇÃO COM ANIMAIS DOMESTICADOS
3.1 O Cão Doméstico
3.2 Os principais parasitas zoonóticos intestinais de cães: helmintos
3.2.1 Ancylostoma sp.
3.2.2 Toxocara canis
3.2.3 Trichuris trichiura
3.2..4 Ascaris sp.
3.3 Os principais parasitas zoonóticos intestinais de cães: protozoários
3.3.1
3.3.2 Entamoeba sp.
1 INTRODUÇÃO
A espécie Canis familiaris, desde sua domesticação, tem com o ser humano
fortes ligações, seja auxiliando como uma força viva de trabalho, atuando em
diversos setores da sociedade como investigações policiais e serviços de segurança
pública ou privada. Ou, de forma ainda mais significativa, como verdadeiros
companheiros de vida com quem o homem estabelece profundas relações
emocionais. Pesquisas recentes têm mostrado como os cães podem auxiliar no
tratamento de quadros clínicos delicados como síndromes genéticas ou depressão.
Dada esta proximidade, torna-se importante voltar um olhar mais preocupado
com a saude destes animais, em virtude tanto do forte valor emocional que eles
carregam quanto devido ao potencial que estes animais têm de transmitir doenças
ao ser humano. Assim, ao falar da saude dos caninos fala-se também,
indiretamente, de uma questão relacionada à saude pública, considerando o tipo de
contato que esta espécie têm com a sociedade, especialmente os cães
domesticados, que, muitas vezes, são considerados verdadeiros membros da
família. Desta forma, deve-se destacar certos tipos de doenças que podem causar,
que são influenciadas pelo tipo de alimentação que têm, além do espaço onde vivem
e a própria dinâmica familiar em que está inserido.
Além de ter o potencial de agravar quadros alérgicos como asma e outras
doenças mais específicas, os cães domesticados podem também, quando não há
uma tutela minimamente consciente e responsável, transmitir muitas verminoses ao
ser humano. Isto acontece, sobretudo em virtude de homem e cão terem o potencial
de servir de hospedeiros para uma grande variedade de zoonoses, principalmente
as que são causadas por helmintos.
Nesta pesquisa percebeu-se que há poucos registros de estudos que revelam
a prevalência parasitária em cães domiciliados na Região Norte do país, sendo
muito mais frequentes nas regiões sul e sudeste do pais, como os estudos de Farias
et al. (1995), Alves et al. (2005), Prates et al. (2009), Pegoraro et al. (2011),
Salamaia et al. (2013), Stalliviere et al (2013), Barnabé et al. (2015), Leal et al.
(2015), Lutinski et al. (2021), Katagiri e Oliveira-Sequeira (2022).
Percebeu-se ainda que estudos desse tipo são praticamente inexistentes na
Macrorregião Sudeste do estado do Pará, especificamente no município de Tucuruí-
PA. Sendo assim, o presente estudo assume grande relevância, esperando
formentar as precauções para a não contaminação e contribuindo para um bom
relacionamento entre humanos e animais e também na conscientização e educação
a respeito da saúde dos animais domésticos.
Dessa forma, tendo consciência de como patógenos zoonóticos caninos
podem ser perigosos tanto para a saude destes animais quanto podem facilmente
ser transmitidos ao homem, podendo prejudicar sua saude também, são
necessários mais estudos que investiguem a prevalencia de parasitoses em cães,
para assim estabelecer medidas profiláticas focadas no controle desses patógenos,
objetivando a segurança e bem-estar dos animais e consequentemente um
convívio saudável com os humanos.
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Os parasitas que mais acometem cães são helmintos dos gêneros Toxocara,
Ancylostoma e Trichuris e alguns tipos de protozoários, como Balantioides coli
(LABRUNA et al., 2006). As helmintoses são os principais tipos de verminoses que
acometem os animais domésticos. Estas são ocasionadas por helmintos,
pertencentes a dois filos de grande importância: Platyhlminthes, representados pelas
classes Trematoda e Cestoda e os Nematelminthes, composto pela classe
Nematoda. As verminoses, como também são chamadas, caracterizam-se por
desencadearem uma série de sintomas ao infectar o hospedeiro, como desnutrição,
disturbios gastrointestinais, retardo no desenvolvimento mental e físico de pessoas e
crises de convulsões (MARTINS et al., 1988).
Os platelmintos e nematelmintos podem ser de vida livre ou parasitos, e
caracterizam-se por apresentarem em sua morfologia um corpo achatado no sentido
dorso-ventral (CIRMERMAN et al., 2002). A tabela abaixo (Tabela 1) apresenta a
divisão seguida de suas classes e espécies de helmintos relevantes no Brasil.
Platyhlminthes Trematoda
-
Cestodo
-
Nematelminthes Nematoda
Total
Figura 4: Ovo e helmintos adultos de Toxocara canis. (A) Ovo de T. canis. (B)
Helmintos adultos de T. canis.
Fonte: Peters e Gilles, 1995.
Uma espécie que costuma parasitar cães e ocasionar infecções nestes animais
é o Trichuris vulpis, que, na maioria dos caninos, não manifesta sintomas, porém em
infecções severas são capazes de provocar diarreia acompanhada de sangue e
muco, perda de peso, vômitos e anemia. No homem, suas formas adultas podem
levar a infecções no intestino, episódios de vômitos, náuseas, dores no abdômen e
diarreia, seguida de muco e sangue (SAKANO et al., 1980).
O Trichuris vulpis é um comumente encontrado nas regiões do ceco e cólon de
canídeos. Uma vez que este agente etiológico apresenta alta resistência e pode
permanecer no ambiente por anos, a infecção se dá por meio da ingestão dos ovos
embrionados do parasita presentes no solo e água contaminados (ZINSSTAG,
2016). Como o parasita adulto habita o intestino grosso do hospedeiro, há, desta
forma, eliminação de ovos não embrionados nas fezes dos animais infectados, e
posterior contaminação do ambiente (ELSEMORE et al., 2014).
O parasita de Trichuris vulpis é também conhecido por ser um verme em forma
de chicote, como todos de seu gênero, e seus ovos são amarelos, em forma de
limão e com um opérculo em cada extremidade, tal como mostra a Figura 6
(URQUHART, 1996). Quando em condições favoráveis, estes ovos maturam para
sua forma embrionada contendo a larva em estágio L1, que é a forma infectante, e,
ao serem ingeridos pelo hospedeiro, eclodem no intestino liberando as larvas, que
penetram a parede do intestino grosso, realizando a muda e, quando adultos,
migrando para a porção mais posterior do ceco ou cólon, reiniciando o ciclo
novamente (LONGO et al., 2008).
A B C
Figura 11: (A): Kits de coleta contendo etiqueta, coletor esterilizado, espátula e luva.
Envelope contendo TCLE e questionário. (B) Amostras contendo o material já
coletado e etiquetado.
Em cada uma destas técnicas foi feito a testagem triplicata, isto é, de três
lâminas para cada amostra, visando aumentar a quantidade de larvas encontradas,
para fins de facilitar a análise.
Figura 13: (A) Amostras submetidas à técnica de Rugai. (B) Lâmina de rugai
mostrando uma larva nematoide.
Fonte: registros feitos em laboratório pelas autoras, 2021.
Figura 14: Técnica de Sheather. (A) Peneirando a solução de fezes com 7ml de
NaCl. (B) Solução do filtrado sendo armazenada em tubo falcon para a
centrifugação. (C) Lâmina com ovo de parasito encontrado com a técnica (Trichuris
trichiura).
C
Findo o período de análise das amostras a dupla voltou com os tutores dos
cães para entregar os laudos da pesquisa (Apêndice C). Como a maioria deles
positivou para a presença de parasitas zoonóticos, percebeu-se a necessidade de
oferecer orientações aos donos dos animais sobre os riscos relacionados à
contaminação. Afinal, muitas pesquisas mostram que cães podem transmitir suas
parasitoses ao homem, sendo as crianças um grupo de risco ao entrarem em
contato com solos de praças e parques ou mesmo nas próprias residências, onde
podem entrar em contato com os parasitas (MARQUES et. al., 2012).
Em virtude destes riscos, a intensa convivência com pequenos animais exige a
adoção de medidas de guarda responsável, que quando não são cumpridas
propiciam a disseminação de zoonoses, o que é extremamente preocupante em
termos de saúde pública (WESTGARTH et al., 2010). Apesar de alguns tutores
possuírem noções básicas sobre os cuidados necessários com seus cães de
estimação, existe sempre a necessidade de se orientar a comunidade sobre a posse
responsável de animais domésticos, o que pode ser considerado essencial para
controlar a propagação de enfermidades caninas (PANEGOSSI et al., 2017).
Assim, no ato da entrega dos laudos foi repassado orientações sobre as
parasitoses, as formas de evitar contaminação, bem como a forma correta de
descartar as fezes dos animais, e um folder informativo com todas essas orientações
escritas (Apêndice D).
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
TOTAL 100 76 - -
Fonte: Elaborada pelas autoras (2022), baseada na tabela de Tesserolli et al., 2005 (p.33).
Cryptoeba; Strongyloides
Spirocerca
Ancylostoma; Toxocara
Entamoeba
Ascaris
0 1 2 3 4 5 6 7 8
LARVA DE 0 9 35 44
TRICURIS SP.
Toxocara sp. 631 477 1 1.109
LARVA DE 0 20 87 107
TOXOCARA SP.
Ascaris sp. 48 100 2 150
Enterobios 1 5 0 6
vermiculares
Cytoisospora sp. 5 8 0 13
Entamoeba sp. 30 10 0 30
Balantidium coli 8 10 0 18
Diphyllobothrium 0 14 0 9
caninum
Taenia sp. 5 8 0 13
Strongyloides spp 5 8 2 15
Eimeria sp. 7 4 0 11
Spirocerca lupi 0 3 0 3
Gráfico 2: Relação entre a ocorrência de parasitas nas amostras das raças caninas
e a quantidade geral destes parasitas.
O c or rê nc i a x qua nti da de
Asc ar i s sp . 7 150
En t am o eab a sp . 5 30
A n c y l o s t o m a s p 4. 3989
T o x o c a r a s p4. 1216
Tr i c u r i s sp . 2 96
Variáveis Jardim Pimental Paravoá Beira Getat Santa Jardim Colinas Matinha Vila TOTAL
Colorado Rio Isabel América Permanent
e
N. N. N. N. N. N. N. N. N. N. Ne%
Escolaridade
Analfabeto - - - - - - - - - - 0
Ensino
fundamental - 4 - - 1 - - 1 - - 6 6%
Ensino médio 7 4 2 3 7 9 4 4 7 - 47 47%
Ensino 3 2 8 7 2 1 6 5 3 10 47 47%
superior
Renda familiar
Menos de um - 1 1 - - - - - - - 2 2%
salário
mínimo
1 a 3 salários 6 8 9 10 7 7 6 5 10 1 69 69%
mínimos
4 a 7 salários 2 1 - - - 1 4 4 - 9 21 21%
mínimos
Não informou 2 - - 3 2 - 1 - - 8 8%
Residência
Própria 8 10 10 10 10 10 7 10 10 - 85 85%
Alugada 2 - - - - 3 - - 10 15 15%
Cedida - - - - - - - - - - -
Quantidades de residentes na casa
1a3 3 8 2 8 5 1 7 3 4 4 45 45%
4a7 6 2 8 2 5 9 3 7 6 6 54 54%
Acima de 7 1 - - - - - - - - - 1 1%
Tipo de Quintal
Cimentado 2 6 9 10 1 3 6 7 4 4 52 52%
Terra 2 - - - 8 4 1 2 - 17 17%
Misto 6 4 1 - 1 7 - 2 4 6 31 31%
Destinação de lixo na residência
Coleta 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 100 100%
Publica
Despejados - - - - - - - - - - -
no rio - - - - - - - - - - -
Despejados - - - - - - - - - - -
em céu aberto
Rede de esgoto
Sim 10 10 10 10 8 10 3 7 8 10 86 86%
Não - - - - 2 - 7 3 2 14 14%
Quantidades de cães na casa
1 2 5 2 2 3 - 1 2 2 5 24 24%
2a3 5 5 4 3 4 5 5 8 8 4 51 51%
4a5 3 - 4 - 3 - 4 - - 1 15 15%
Mais de 5 - - - 5 - 5 - - - - 10 10%
Presença de outros animais domésticos
Sim 5 4 5 5 6 8 4 7 6 1 51 51%
Não 5 6 5 5 4 2 6 3 4 9 49 49%
Os dados referentes à quantidade de cães nas residências mostram que 51%
possui de 2 a 3 cães na casa, 24% possui apenas um cão, 15% de 4 a 5 cães e pelo
menos 10% possui mais de cinco. A quantidade significativa de cães domésticos nas
residências do município pode ser um sinal de alerta para a presença de maior risco
de contaminação, pois, segundo Lallo et al (2016), cães criados com outros cães
possuem maior risco de apresentar parasitos intestinais do que os que são criados
sozinhos.
Quanto à presença de outros animais domésticos 51% das casas possui mais
outros tipos de animais de companhia, e 49% não possui. A presença de outros
animais reforça novamente a necessidade do cuidado em relação à contaminação
por parasitas intestinais. De acordo com Lima e Luna (2012), a convivência com
animais agrega diversos benefícios psicológicos, fisiológicos e sociais ao homem,
entretanto não deve-se ignorar a possibilidade de transmissão de doenças e a
contaminação ambiental que estes podem ocasionar, sendo necessário assim, uma
tutela consciente.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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STORER T. I., USINGER R. L. Zoologia geral. São Paulo: Editora Nacional; 1989.
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APÊNDICES
APÊNDICE A – TCLE
APÊNDICE B – Questionário destinado aos tutores
APÊNDICE C – Laudo de um dos cães
APÊNDICE D – Folder informativo entregue aos tutores.
(Frente)
(Verso)