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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ

CAMPUS TUCURUÍ
CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

GABRIELLE DOS SANTOS MARINHO


SUZY SIMONI DA SILVA

PARASITAS INTESTINAIS EM CÃES DOMÉSTICOS DO MUNICÍPIO DE


TUCURUÍ/PA

TUCURUÍ - PA
2022
GABRIELLE DOS SANTOS MARINHO
SUZY SIMONI DA SILVA

PARASITAS INTESTINAIS EM CÃES DOMÉSTICOS DO MUNICÍPIO DE


TUCURUÍ/PA

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Pará –
IFPA - Campus Tucuruí, como requisito para
obtenção de Grau em Licenciatura em
Ciências Biológicas.

Orientadora: Msc. Luciana Mendes


Fernandes

TUCURUÍ - PA
2022
GABRIELLE DOS SANTOS MARINHO
SUZY SIMONI DA SILVA

PARASITAS INTESTINAIS EM CÃES DOMÉSTICOS DO MUNICÍPIO DE


TUCURUÍ/PA

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Pará –
IFPA - Campus Tucuruí, como requisito para
obtenção de Grau em Licenciatura em
Ciências Biológicas.

Orientadora: Msc. Luciana Mendes


Fernandes

Data da defesa: ___/ ___/ 2022

Conceito: __________________

____________________________________________
Orientadora: Msc. Luciana Mendes Fernandes
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará - Campus Tucuruí

____________________________________________
Membro 1

____________________________________________
Membro 2
Dedicamos este trabalho às nossas
famílias, por todo o amor e apoio.
AGRADECIMENTOS

A Deus, pela luz e proteção ao longo do caminho.


A nossas famílias pelo apoio.
A nossos amigos, pelo companheirismo.
A nossos professores pelos ensinamentos.
A todos que, ao longo de nossa jornada acadêmica, contribuíram com esta vitória.
Deixem que o futuro diga a verdade e avalie cada um de acordo com o
seu trabalho e realizações. O presente pertence a eles, mas o futuro pelo
qual eu sempre trabalhei pertence a mim.

(Nikola Tesla)
RESUMO

Palavras-chave:
ABSTRACT

Keywords:
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Diferentes raças de cão doméstico.


Figura 2: Ovos e larvas em 3° estágio de nematoides intestinais recuperados em
asininos naturalmente infectados.
Figura 3: Microscopia de varredura da parte anterior de Toxocara canis.
Figura 4: Ovo e helmintos adultos de Toxocara canis. (A) Ovo de T. canis. (B)
Helmintos adultos de T. canis.
Figura 5: Morfologia da larva do gênero Trichuris.
Figura 6: estágios evolutivos de Trichuris Vulpis.
Figura 7: ovos férteis de A. lumbricoides.
Figura 8: Ascaris lumbricoides fêmea e macho.
Figura 9: Cistos de E. histolytica.
Figura 10: Localização do município de Tucuruí/PA.
Figura 11: (A): Kits de coleta contendo etiqueta, coletor esterilizado, espátula e luva.
Envelope contendo TCLE e questionário. (B) Amostras contendo o material já
coletado e etiquetado.
Figura 12: Método de Hoffman, Pons e Janer – Ovos pesados. (A) 2g de fezes; (B)
Triturar com bastão de vidro; (C) Filtrar a suspensão; (D) Repouso de 24h. (E)
Lâmina com ovo encontrado com a técnica de HPJ (Toxocara canis).
Figura 13: (A) Amostras submetidas à técnica de Rugai. (B) Lâmina de rugai
mostrando uma larva nematoide.
Figura 14: Técnica de Sheather. (A) Peneirando a solução de fezes com 7ml de
NaCl. (B) Solução do filtrado sendo armazenada em tubo falcon para a
centrifugação. (C) Lâmina com ovo de parasito encontrado com a técnica (Trichuris
trichiura).
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Helmintos de relevância médica, em virtude da capacidade de ocasionar


doenças em humanos.
Tabela 2: Número e porcentagem de amostras fecais de cães domesticados
positivas para diferentes espécies de parasitas zoonóticos gastrointestinais.
Tabela 3: Quantidade de ovos e larvas encontrados por cada testagem (triplicata).

SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
1.1 Justificativa
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
2.2 Objetivos específicos
3 O HOMEM E SUA RELAÇÃO COM ANIMAIS DOMESTICADOS
3.1 O Cão Doméstico
3.2 Os principais parasitas zoonóticos intestinais de cães: helmintos
3.2.1 Ancylostoma sp.
3.2.2 Toxocara canis
3.2.3 Trichuris trichiura
3.2..4 Ascaris sp.
3.3 Os principais parasitas zoonóticos intestinais de cães: protozoários
3.3.1
3.3.2 Entamoeba sp.
1 INTRODUÇÃO

A espécie Canis familiaris, desde sua domesticação, tem com o ser humano
fortes ligações, seja auxiliando como uma força viva de trabalho, atuando em
diversos setores da sociedade como investigações policiais e serviços de segurança
pública ou privada. Ou, de forma ainda mais significativa, como verdadeiros
companheiros de vida com quem o homem estabelece profundas relações
emocionais. Pesquisas recentes têm mostrado como os cães podem auxiliar no
tratamento de quadros clínicos delicados como síndromes genéticas ou depressão.
Dada esta proximidade, torna-se importante voltar um olhar mais preocupado
com a saude destes animais, em virtude tanto do forte valor emocional que eles
carregam quanto devido ao potencial que estes animais têm de transmitir doenças
ao ser humano. Assim, ao falar da saude dos caninos fala-se também,
indiretamente, de uma questão relacionada à saude pública, considerando o tipo de
contato que esta espécie têm com a sociedade, especialmente os cães
domesticados, que, muitas vezes, são considerados verdadeiros membros da
família. Desta forma, deve-se destacar certos tipos de doenças que podem causar,
que são influenciadas pelo tipo de alimentação que têm, além do espaço onde vivem
e a própria dinâmica familiar em que está inserido.
Além de ter o potencial de agravar quadros alérgicos como asma e outras
doenças mais específicas, os cães domesticados podem também, quando não há
uma tutela minimamente consciente e responsável, transmitir muitas verminoses ao
ser humano. Isto acontece, sobretudo em virtude de homem e cão terem o potencial
de servir de hospedeiros para uma grande variedade de zoonoses, principalmente
as que são causadas por helmintos.
Nesta pesquisa percebeu-se que há poucos registros de estudos que revelam
a prevalência parasitária em cães domiciliados na Região Norte do país, sendo
muito mais frequentes nas regiões sul e sudeste do pais, como os estudos de Farias
et al. (1995), Alves et al. (2005), Prates et al. (2009), Pegoraro et al. (2011),
Salamaia et al. (2013), Stalliviere et al (2013), Barnabé et al. (2015), Leal et al.
(2015), Lutinski et al. (2021), Katagiri e Oliveira-Sequeira (2022).
Percebeu-se ainda que estudos desse tipo são praticamente inexistentes na
Macrorregião Sudeste do estado do Pará, especificamente no município de Tucuruí-
PA. Sendo assim, o presente estudo assume grande relevância, esperando
formentar as precauções para a não contaminação e contribuindo para um bom
relacionamento entre humanos e animais e também na conscientização e educação
a respeito da saúde dos animais domésticos.
Dessa forma, tendo consciência de como patógenos zoonóticos caninos
podem ser perigosos tanto para a saude destes animais quanto podem facilmente
ser transmitidos ao homem, podendo prejudicar sua saude também, são
necessários mais estudos que investiguem a prevalencia de parasitoses em cães,
para assim estabelecer medidas profiláticas focadas no controle desses patógenos,
objetivando a segurança e bem-estar dos animais e consequentemente um
convívio saudável com os humanos.
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral

Esta pesquisa busca avaliar a frequência de parasitas intestinais com potencial


zoonótico em fezes de cães domiciliados localizados no município de Tucuruí/PA.

2.2 Objetivos específicos

 Detectar formas parasitárias de cães domiciliados no município de


Tucuruí, pela identificação microscópica de ovos e larvas de helmintos,
e de cistos de protozoários;
 Orientar os tutores sobre os principais parasitas zoonóticos que podem
ser transmitidos ao homem, bem como cuidados necessários a saude e
bem-estar desses animais;
 Divulgar a informação obtida a nível local, para que estes tenham
conhecimento do parasitismo que afeta a região e possam adequar as
estratégias de mitigação e controle adequadas ao parasitismo
identificado.
3 O HOMEM E SUA RELAÇÃO COM ANIMAIS DOMESTICADOS

Desde as antigas civilizações a.C. já se tinha relatos do uso de animais para


benefício humano. Admite-se que felinos tenham sido introduzidos voluntariamente
pela população neolítica tal como aconteceu com outros animais, como vacas,
cabras, ovelhas, raposas, porcos e veados (VIGNE et al., 2004). Acredita-se,
todavia, que os cães tenham sido a primeira espécie a ser domesticada e,
atualmente, nenhuma outra espécie animal ocupa tantos e tão diversos papéis na
sociedade humana quanto eles, sendo inestimáveis os benefícios dessa convivência
para a melhoria das condições fisiológicas, sociais e emocionais principalmente de
crianças e idosos (ASANO et al., 2004).
Estudos recentes mostram que esta relação é tão benéfica que pode auxiliar na
melhoria de quadros clínicos delicados. A Terapia Assistida por Animais (TAA) é
uma prática com critérios definidos em que o animal é a parte principal do
tratamento, cujo objetivo é promover a melhoria social, emocional, física e cognitiva
de pacientes humanos (MACHADO et al., 2008). A zooterapia, como também é
chamada a TAA, pode auxiliar no tratamento de diversas patologias como síndromes
genéticas, mal de Alzheimer, depressão entre outras.
Assim, nota-se que a convivência do homem com animais de estimação, em
particular com o cão, torna-se cada vez mais constante e comum, em virtude da
relação proporcionar vantagens emocionais, sociais e afetivas (SCHEIBECK et al.,
2011). Porem, tal aproximação, apesar de benéfica, também é capaz de oferecer
riscos como a exposição do homem a agentes parasitários que podem prejudicar a
saúde humana, em razão desses animais serem capazes de armazenar
internamente parasitos de caráter zoonóticos (BARNABE et al., 2015; LOPES et al.,
2016).
De acordo com Schneider (2011), as parasitoses intestinais estão entre as
doenças que mais afetam os cães na sáude pública e em clínicas veterinárias. E
diversos desses parasitas gastrointestinais que utilizam o cão como hospedeiro
definitivo ou intermediário são capazes de causar doenças ao serem transmitidos
ao homem (ANDRESIUK et al., 2003).

3.1 O Cão Doméstico


O cão doméstico (Canis familiaris) é um mamífero quadrúpede, dotado de
pelos na maior parte do corpo (com exceção de algumas raças) sem a presença de
dimorfismo sexual, que apresenta apenas poucas diferenças entre os sexos, além
da presença dos órgãos genitais, como tamanho e peso. Estes animais têm
mandíbulas dotadas de dentes especializados para apreensão, corte e trituração do
alimento, possuem, como a maioria dos mamíferos predadores, músculos poderosos
e sistema cardiovascular disponível para ações explosivas, corridas e ataques, com
um esqueleto que acompanha tal demanda (DEWEY & BHAGAT, 2002).
A pelagem destes animais varia quanto à textura (duro, sedoso, lanoso),
quanto a densidade, comprimento (curto, longo ou misto), coloração, brilho, padrão
(tigrado, pintada, arlequim, etc.), dentre outras características (Figura 1). Esta
diferenciação comumente está ligada à função de trabalho da raça, bem como com
a condição ambiental a que está associado (DE CICCO, 2022).

Figura 1: Diferentes raças de cão doméstico.

Fonte: Disponível em: https://www.ipetshop.com.br/categorias/cachorro/racas-de-cachorro/. Acesso


em 26 de janeiro de 2022.
Atualmente não há consenso na comunidade científica sobre como se deu o
surgimento do cão doméstico, entretanto, sabe-se que este é descendente do lobo
cinzento (Canis Lupus), o que só foi descoberto a partir da década de 1950, com o
desenvolvimento de estudos em comportamento, vocalização e morfologia do cão
(VILÁ, 1997). Apesar do atual entendimento de que o cão doméstico originou-se de
uma espécie primitiva de lobo, a região e a época em que ocorreu pela primeira vez
a domesticação continua gerando controvérsias (SILVA, 2011).
Vários estudos, em diferentes regiões do planeta, vêm sendo realizados para
tentar desvendar onde iniciou a domesticação. Em 2010 um grupo de pesquisadores
da Universidade da Califórnia, liderados por Robert Wayne (2010), ao analisarem o
DNA mitocondrial e o gene IFG1 (provável responsável pelo tamanho do esqueleto
dos cães domésticos), conseguiram apontar pela primeira vez o local onde os
primeiros lobos foram domesticados, que consistia na atual região do Oriente Médio.
A pesquisa de Wayne mostrou ainda que, apesar das grandes diferenças
morfológicas existentes entre as diversas raças caninas, estes animais possuem um
DNA extremamente parecido e que as diferenças genéticas entre as raças não tem
tanta relação com a região geográfica dos cães, ao contrário do que acontece com
as demais espécies animais, o que sustenta fortemente a teoria de que a seleção
artificial tem muito mais relação com a evolução canina do que a seleção natural.
Alguns anos depois da descoberta de Wayne e sua equipe, Thalmann et al.
(2013) trouxeram novas evidências, por meio de análises genéticas de fósseis
encontrados na Europa, que apontavam que a origem da domesticação deu-se, na
verdade, nesta região, e os dados do estudo sugeriam ainda que a domesticação
iniciou-se há, no mínimo 18.800 anos em território europeu.
Independentemente de quando isso começou a acontecer, sabe-se dizer que
assim que tornou-se parte da comunidade humana, o cão passou a ser treinado
para aproveitar seu potencial na execução de atividades que pudessem auxiliar o
homem. Wilsson e Sundgren (1997) apontam como a maior consequência deste fato
o grande número de raças existentes hoje, sendo cada uma delas obtida através do
controle e manipulação genética por seleção de indivíduos e cruzamentos
programados.
Os cães são animais bastante sociáveis, tanto com os de sua própria espécie
quanto com as outras. Organizam-se de forma hierárquica, normalmente
reconhecendo um líder, que pode ser o próprio ser humano, que possui prioridade
em decisões como alimentação. Muitos apontam este fato como sendo o que
determinou o sucesso do convívio do homem como líder de seus cães (ZIMEN,
1981).
A integração homem-animal, especialmente com o cão, tem sido descrita na
literatura como benéfica, tanto para a saúde física, como para a saúde mental do ser
humano. Tais benefícios podem ser observados desde o momento em que se tem
um animal de estimação em casa, proporcionando relaxamento e afeto, até a
zooterapia e os serviços prestados pelos cães aos deficientes físicos (KITAGAWA;
COUTINHO, 2004).

3.2 Os principais parasitas intestinais de cães: helmintos e protozoários

Os parasitas que mais acometem cães são helmintos dos gêneros Toxocara,
Ancylostoma e Trichuris e alguns tipos de protozoários, como Balantioides coli
(LABRUNA et al., 2006). As helmintoses são os principais tipos de verminoses que
acometem os animais domésticos. Estas são ocasionadas por helmintos,
pertencentes a dois filos de grande importância: Platyhlminthes, representados pelas
classes Trematoda e Cestoda e os Nematelminthes, composto pela classe
Nematoda. As verminoses, como também são chamadas, caracterizam-se por
desencadearem uma série de sintomas ao infectar o hospedeiro, como desnutrição,
disturbios gastrointestinais, retardo no desenvolvimento mental e físico de pessoas e
crises de convulsões (MARTINS et al., 1988).
Os platelmintos e nematelmintos podem ser de vida livre ou parasitos, e
caracterizam-se por apresentarem em sua morfologia um corpo achatado no sentido
dorso-ventral (CIRMERMAN et al., 2002). A tabela abaixo (Tabela 1) apresenta a
divisão seguida de suas classes e espécies de helmintos relevantes no Brasil.

Tabela 1: Helmintos de relevância médica, em virtude da capacidade de ocasionar


doenças em humanos.
FILO CLASSE ESPÉCIES

Platyhlminthes Trematoda
-
Cestodo
-
Nematelminthes Nematoda
Total

Fonte: Winkler (2010).

Para Santos et al. (2007), é importante o conhecimento da prevalência de


parasitos nos cães, pois não se trata somente deles, mas sim do convívio com o
homem e, através desse entendimento, é possível adotar medidas de prevenção e
educação sanitária. Se torna assim crucial determinar a prevalência de parasitos
em cães, pois muitos são assintomáticos, o que possibilita maior contaminação no
ambiente contribuindo para o aparecimento de novos casos.
Um ponto importante a ser citado em relação a educação sanitária é o caso
dos cães errantes que vivem nos centros urbanos e são esquecidos quando se trata
de qualquer programa, apesar de manifestarem a permanência e disseminação dos
parasitos no ambiente. No entanto, a população de cães domiciliados também
contribui na infecção dos locais públicos, visto que esses territórios também são
frequentados por esses animais, acompanhados de seus tutores (LABRUNA et al.,
2006).
Os helmintos que mais acomentem os cães são dos gêneros Ancylostoma,
Toxocara e Trichuris, identificados através das fezes por meio de exames
parasitológicos. Dentre esses, existe cerca de 20 espécies de nematóide, 17
espécies de trematódeos e 17 espécies de cestódeos que tem a capacidade de
parasitar os animais (KATAGIRI; OLIVEIRA-SEQUEIRA, 2007).
A seguir, caracterização de alguns dos principais parasitas intestinais que
acometem cães e ser humano, de acordo com a literatura, entre eles helmintos e
protozoários. Aqui privilegiou-se a caracterização de seis dos parasitas que mais
apareceram nas amostras analisadas nesta pesquisa, que foram os seguintes
gêneros: Ancylostoma, Toxocara, Trichuris, Ascaris, Balantidium e Entamoeba.

3.2.1 Ancylostoma sp.

As duas espécies de interesse no Brasil são Ancylostoma caninum e


Ancylostoma brasiliense, pertencentes ao Filo Nematoda. Acredita-se que os
ancilostomídeos são helmintos que, ou foram herdados pela espécie humana
através da evolução simultânea do parasito e do hospedeiro, ou adaptaram-se aos
homens ou aos nossos ancestrais hominídeos, quando esses abandonaram as
florestas para viverem em savanas, margens de rios ou lagos e começaram a
frequentar ambientes favoráveis ao ciclo de transmissão dos helmintos de outras
espécies (ARAUJO, 1988).
Os ovos do parasita ancilóstomo são eliminados no meio por intermédio das
fezes de seu hospedeiro, formando então, entre 18 a 24 horas larvas ditas
rabditoides, que abandonam sua casca para se deslocarem no solo, onde nutrem-se
a partir de bactérias e matérias orgânicas, até se transformarem em larvas de 2º e
de 3º estágio, ao fim de 5 a 7 dias. As larvas de 3º estágio (Figura 2) são as únicas
infectantes para o homem e sua penetração se faz principalmente pela pele das
extremidades inferiores (REY, 2001).

Figura 2: Ovos e larvas em 3° estágio de nematoides intestinais recuperados em


asininos naturalmente infectados.

Fonte: Disponível em: https://www.researchgate.net/figure/Figura-1-Ovos-e-larvas-em-estadio-de-L3-


de-nematoides-intestinais-recuperados-em_fig1_353693017. Acesso em 25 de janeiro de 2022.

Os ancilostomídeos são mais frequentes de parasitar os cães, podendo


hospedarem-se neles por toda a vida do animal, fazendo com que estes
desenvolvam uma forte imunidade contra estes parasitas, somente aqueles com
menos de seis meses de idade e as fêmeas no pós-parto é que eliminam ovos de
ascarídeos nas fezes (URQUHART et al., 1991).

3.2.2 Toxocara sp.

Toxocara sp., é um nematóide parasita de cães e gatos, cujos ovos em estádio


infectante são encontrados contaminando o solo, em locais onde são frequentes
estes animais domésticos (WOODRUFF, 1973). Quanto à sua classificação
biológica, o parasita faz parte do filo Nemathelminthes, classe Nematoda, ordem
Cyclophyllidea, pertencente à família Ascaridae. Fixa-se no intestino delgado do cão
e canídeos silvestres.
Os espécimes do sexo masculino medem aproximadamente 4 a 10 cm, já as
do sexo feminino medem entre 6 a 18 cm de comprimento (DESPOMMIER, 2003).
Possuem como característica marcante três lábios em sua extremidade na parte
anterior do corpo, duas expansões na cervical na forma de aletas (Figura 3).
Apresentam coloração esbranquiçada e como principal hospedeiro o cão
(DESPOMMIER, 2003).

Figura 3: Microscopia de varredura da parte anterior de Toxocara canis.

Fonte: Disponível em: https://slideplayer.com.br/slide/5344210/. Acesso em 26 de janeiro de 2022.

A primeira infecção por Toxocara em cães foi relatada em 1907, a partir de


estudos realizados em necropsia em cães na cidade de Cambridge, Reino Unido,
por pesquisadores que identificaram esse parasito e, com o passar do tempo, o
mesmo foi classificado como T. canis (NUTTALL; STRICKLAND, 1908). Entretanto,
infecções por T. canis em seres humanos só foi descrito pela primeira vez através
de Beaver et al. (1952), quando foi publicado o caso clínico de três crianças, as
mesmas estavam com eosinofilia crônica, hepatomegalia com granulomas
eosinofílicos, febre, tosse e hiperglobulinemia. Isto ocorreu devido a larva do
parasito ter penetrado no fígado e posteriormente migrado para outros órgãos.
Devido a ocorrência desses relatos clínicos, autores usaram o termo síndrome
da Larva Visceral para relatar a migração da larva mediante órgãos de hospedeiro
humano. As T. canis fêmeas possuem capacidade de eliminar milhares de ovos nas
fezes de seus hospedeiros, ao dia. Os apresentam como característica coloração
castanha, subglobulares, uma membrana espessa com escavações. No solo,
quando em condições que os beneficiem desde temperatura a umidade, se
embrionam, desenvolvendo larvas, em aproximadamente 28 dias, chegando em seu
estádio infectante L3 ou estágio 3 (NIJSSE et al., 2015).
Esses ovos possuem bastante resistência quando se trata de fatores hostis
pois conseguem permanecer no meio ambiente por bastante tempo, isso devido à
alta resistência da sua membrana externa. Fator que expõe cães e a população
humana a riscos de infecções e doenças (NIJSSE et al., 2015).
Os ovos de T. canis, quando são eliminados nas fezes de cães, não são
embrionados ou infectantes. Esses podem desenvolver-se ao estádio de infectante
após três a seis semanas, podendo permanecer viáveis pelo período de um ano,
isso sob condições favoráveis do meio como temperatura e umidade
(OVERGAAUW; VAN KNAPEN, 2013).
O T. canis é transmitido para o cão de forma horizontal, através da ingestão de
ovos embrionados ou larvas do helminto (Figura 4) que podem estar em hospedeiros
paratênicos vertebrados ou invertebrados. Também pode ocorrer a transmissão
vertical mediante vias transplacentária e transmamária (lactogênica) (OVERGAAUW;
VAN KANAPEN, 2013). Estudos tem mostrado a transmissão vertical do T. canis
com modelos experimentais onde foi constatado a presença de larvas de parasito no
cérebro de camundongos fêmeas, assim como suas proles em três gerações
continuamente (SCHOENARDIE et al., 2013).

Figura 4: Ovo e helmintos adultos de Toxocara canis. (A) Ovo de T. canis. (B)
Helmintos adultos de T. canis.
Fonte: Peters e Gilles, 1995.

Geralmente, os filhotes de cadelas parasitadas são contaminados através da


via intrauterina durante a gestação e a prole infectada tende a carregar no seu
desenvolvimento o parasito até sua fase adulta no intestino. O diagnóstico da
infecção é dado mediante técnicas parasitológicas ou necropsia (OVERGAAUW;
VAN KNAPEN, 2013).
Quando os filhotes de cães completam dois meses de vida passam a
desenvolver uma resistência ao parasito, e quando se infectam novamente as larvas
seguem para a circulação arterial e são distribuídas para diversos tecidos, e alguns
ficam em latência. Quando as fêmeas estão gestantes as larvas saem da
quiescência, provavelmente devido à queda de imunidade provocada pela ação
hormonal, movem-se da placenta e migram até o fígado do feto (MACPHERSON,
2013).

3.2.3 Trichuris sp.

Trichuris é um gênero de nematoides da família Trichuridae, cuja espécie


Tricuris trichiura provoca uma verminose em humanos denominada de tricuríase. O
gênero em si é bastante amplo e inclui inúmeras espécies que podem ocorrer no
intestino tanto do homem quando de outros animais, entre eles o cão doméstico.
Rodrigues (2016) descreveu a morfologia comum da larva do gênero Trichuris
(Figura 5), sendo suas características marcadas por corpo longo e com a porção
posterior mais espessa do que a anterior, boca sem lábios, o esôfago em geral é
longo, a porção anterior muscular curta e posterior glandular longa (FIG.8.8). A
fêmea do parasita tem vulva próxima ao final do esôfago (FIG.8.9) e ânus na
extremidade posterior, que é romba (FIG.8.10). O macho, por sua vez, possui a
porção posterior do corpo espiralada e espículo em bainha lisa ou espinhosa
(FIG.8.11 e FIG. 8.12).

Figura 5: Morfologia da larva do gênero Trichuris.


Fonte: Rodrigues (2016).

Uma espécie que costuma parasitar cães e ocasionar infecções nestes animais
é o Trichuris vulpis, que, na maioria dos caninos, não manifesta sintomas, porém em
infecções severas são capazes de provocar diarreia acompanhada de sangue e
muco, perda de peso, vômitos e anemia. No homem, suas formas adultas podem
levar a infecções no intestino, episódios de vômitos, náuseas, dores no abdômen e
diarreia, seguida de muco e sangue (SAKANO et al., 1980).
O Trichuris vulpis é um comumente encontrado nas regiões do ceco e cólon de
canídeos. Uma vez que este agente etiológico apresenta alta resistência e pode
permanecer no ambiente por anos, a infecção se dá por meio da ingestão dos ovos
embrionados do parasita presentes no solo e água contaminados (ZINSSTAG,
2016). Como o parasita adulto habita o intestino grosso do hospedeiro, há, desta
forma, eliminação de ovos não embrionados nas fezes dos animais infectados, e
posterior contaminação do ambiente (ELSEMORE et al., 2014).
O parasita de Trichuris vulpis é também conhecido por ser um verme em forma
de chicote, como todos de seu gênero, e seus ovos são amarelos, em forma de
limão e com um opérculo em cada extremidade, tal como mostra a Figura 6
(URQUHART, 1996). Quando em condições favoráveis, estes ovos maturam para
sua forma embrionada contendo a larva em estágio L1, que é a forma infectante, e,
ao serem ingeridos pelo hospedeiro, eclodem no intestino liberando as larvas, que
penetram a parede do intestino grosso, realizando a muda e, quando adultos,
migrando para a porção mais posterior do ceco ou cólon, reiniciando o ciclo
novamente (LONGO et al., 2008).

Figura 6: estágios evolutivos de Trichuris Vulpis.

Fonte: Alho et al., 2013.

3.2.4 Ascaris sp.

A espécie Ascaris lumbricoides é a mais conhecida entre os nematódeos por


ser bastante comum na espécie humana. Ainda hoje constitui um importante
problema de saúde pública, sobretudo nos países em desenvolvimento. As crianças
são as mais atingidas e apresentam as repercussões clínicas mais significativas da
infecção parasitária (MACEDO et al., 1998).
Quanto à estrutura morfológica dos ovos de A. lumbricoides, estes são brancos
e adquirem cor castanha devido ao contato com as fezes. São grandes, com cerca
de 50 µm de diâmetro, tem formato ovais e com cápsula espessa, em razão
da membrana externa mamilonada, secretada pela parede uterina e formada por
mucopolissacarídeos (Figura 7). São mais alongados, possuem membrana
mamilonada mais delgada e o citoplasma granuloso. Frequentemente pode-se
encontrar nas fezes ovos inférteis. (CÂMARA, 2015).

Figura 7: ovos férteis de A. lumbricoides.


Fonte: Câmara, 2015.

Quando adulto as fêmeas medem de 20 a 35 cm com uma cauda reta e os


machos são menores, medindo de 15 a 31 cm e tendem a ter uma cauda curvada
(Figura 8). A transmissão geralmente ocorre através da ingestão de água ou
alimentos contaminados com os ovos, mas a literatura registra grande número de
artigos que avaliam a contaminação por outros meios, como as águas de córregos
que são utilizadas para irrigação de hortas, além de poeira, aves e insetos
(sobretudo moscas e baratas) que também são capazes de veicular mecanicamente
ovos de A. lumbricoides (CÂMARA, 2015).

Figura 8: Ascaris lumbricoides fêmea e macho.

Fonte: Disponível em: https://ibapcursos.com.br/ascaridiase-ou-lombriga-sintomas-tratamento-


prevencao-transmissao-e-ciclo/.
A prevalência elevada de A. lumbricoides costuma estar associada a precárias
condições sanitárias, podendo ser um importante indicador do estado de saúde de
uma população. Diversos fatores são capazes de interferir em sua prevalência, tais
como área geográfica estudada, tipo de comunidade (aberta ou fechada), nível
socioeconômico, acessibilidade a bens e serviços, estado nutricional, idade e
ocorrência de predisposição à infecção parasitária (STORES; USINGER, 1989).

3.3.1 Balantidium sp.

A espécie Balantidium coli foi descoberta em 1857 em dois pacientes com


desinteira aguda. Inicialmente foi nomeado de Paramecium coli, em vista de ser
morfologicamente parecido com os indivíduos do gênero Paramecium (ZAMAN,
1978). O B. coli é um protozoário e importante parasita com potencial zoonótico,
frequentemente ignorado, mas que costuma infectar humanos e um grande número
de animais, sendo o porco considerado o mais importante hospedeiro (LI et al.,
2020).
Quanto à sua morfologia são ciliados e contém diversos macronúcleos e dois
vacúolos contráteis e seu formato costuma variar de acordo com a quantidade de
alimentos ingerido, podendo assumir formas diferentes (Figura x). Quando em
culturas é privado de amido aparece alongado, mas quando tem o carboidrato
ingerido assume formato mais ovoide (ZAMAN, 1978).

Figura x: (A) Estágio trófico do Balantidium. A superfície do organismo é


uniformemente coberta por cílios, estão evidenciados um vacúolo contractil (CV), o
macronúcleo (Mn) e o aparelho oral (OA). (B) Lúmen intestinal com dois tróficos
ciliados. (C) Ciliado encistado. O citoplasma é protegido do stress ambiental dentro
de uma cobertura de parede dupla.

A B C

Fonte: (SCHUSTER; RAMIREZ-AVILA, 2008).


A balantidíase, doença provocada pelo parasita B. coli, é adquirida pelos seres
humanos pela via fecal-oral do hospedeiro normal, o porco, onde é assintomática. A
água costuma ser o veículo para a maioria dos casos, mas também pode ocorrer a
transmissão de humano para humano. Quando nos humanos, a infecção pode ser
assintomática ou desenvolver uma disenteria similar à causada pela Entamoeba
histolytica (SCHUSTER; RAMIREZ-AVILA, 2008).

3.3.1 Entamoeba sp.

Entamoeba é um gênero de ameboides, do reino protista, encontrados como


parasitas no intestino de animais. A espécie Entamoeba histolytica é um protozoário
intestinal do homem e de animais domésticos (SOULSBY, 1982). O E. histolystica é
causador da doença chamada amebíase, considerada importante causa de morbi-
mortalidade no homem. Esta parasitose apresenta ampla distribuição geográfica
com alta prevalência nas regiões tropicais, onde as condições de higiene e
educação sanitária são consideradas deficientes (SILVA et al., 2005).
Os cistos de E. histolytica são esféricos e medem cerca de 8 a 12 µm de
diâmetro. Possuem até 5 núcleos e uma cromatina pequena centralizada (Figura
9). O cisto consegue sobreviver ao suco gástrico graças a sua membrana e pode
atingir alguns órgãos após alcançar a corrente sanguínea (CAXIAS, 2018).

Figura 9: Cistos de E. histolytica.

Fonte: Caxias, 2018.


O solo e a água estão entre as principais fontes de contaminação humana
por parasitos intestinais diversos. O homem quando parasitado contamina seu
próprio ambiente com ovos, larvas ou cistos dos enteroparasitos quando não dá
destino e tratamento adequados para os seus dejetos, os quais, por sua vez,
contaminarão a água, o solo e, por conseguinte, os alimentos (NEVES; MASSARA,
2009).
As enteroparasitoses têm ampla distribuição geográfica, sendo encontradas
tanto em zonas rurais quanto urbanas, e apresentam prevalência elevada onde são
mais precárias as condições socioeconômicas da população (GARCIA et al., 1989).
Entre os principais agravos relacionados às enteroparasitoses estão dores
abdominais, mal-estar, cólicas, perda de apetite, diarreia, emagrecimento e, em
casos mais graves, as localizações ectópicas que levam o paciente à mesa de
cirurgia e podem levar até mesmo a óbito (OMS, 2008).
4 METODOLOGIA

Nesta pesquisa sucederam análises de amostras de fezes de cães


domiciliados de bairros distintos do município de Tucuruí – PA, durante o período de
novembro a dezembro de 2021. A participação de cada indivíduo no estudo foi
através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido/TCLE
(Apêndice A), documento contendo todas as informações necessárias referentes à
pesquisa, e garantindo a possibilidade da desistência do participante a qualquer
momento, bem como a o sigilo de todas informações repassadas às autoras da
pesquisa.
Esta pesquisa foi de caráter descritivo – com abordagem quantitativa – e
também uma pesquisa de campo. De acordo com Hymann (1967), uma pesquisa do
tipo descritiva é aquela que descreve um fenômeno e o registra da maneira que este
ocorre e também como experimental quando há interpretações e avaliações na
aplicação de determinados fatores, ou simplesmente dos resultados já existentes
dos fenômenos. Já a pesquisa de campo é a qual utiliza-se de observação e
conhecimento empírico (DALFOVO et al., 2008).

4.1 Área de estudo

A cidade de Tucuruí está situada à margem esquerda do rio Tocantins, a


300km em linha reta de distância da capital paraense (VASCONCELOS, 1981).
Segundo último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/IBGE de
2020, a população da cidade é de cerca de 116.605 habitantes (Figura 10). A
economia da cidade é bastante dependente da atividade industrial, sobretudo da
produção de energia hidrelétrica, responsável pela geração da maioria dos
empregos formais (PENA et al., 2014).
No município, ao longo do rio Tocantins, também está situada a Usina
Hidrelétrica de Tucuruí (UHE Tucuruí), a segunda maior do estado do Pará, que
possui um papel de destaque no quadro natural e socioeconômico da região Norte
do país (SANCHES; FISCH, 2005). O produto interno bruto (PiB) da cidade está
entre os maiores do estado devido ao royalty pago pela UHE Tucuruí. Todavia, a
infraestrutura é precária com relação aos serviços básicos de saneamento ambiental
(CALIJURI et al., 2009).

Figura 10: Localização do município de Tucuruí/PA.

Fonte: Moura, 2006.

Foram escolhidos aleatoriamente 10 bairros da cidade de Tucuruí dos 47 totais


para ser feito coletas para esta pesquisa. Estes bairros foram: Beira rio, Bairro da
Matinha, Jadim colorado, Pimental, Paravoá, Getat, Jardim américa, Santa isabel,
Vila permanente e bairro Colinas.

4.2 A coleta dos dados

Foi feito levantamento de dados em campo por meio de questionários


(Apêndice B), entregues na casa dos tutores que aceitassem participar da pesquisa.
Nele havia algumas perguntas básicas referentes aos tutores como renda familiar e
escolaridade, bem como perguntas referentes a seus cães como a raça, idade e
sexo. Logo abaixo das perguntas foi feito uma pequena nota informando a forma
correta de coletar as amostras fecais.
Por uma necessidade dada pelas técnicas utilizadas para a análise do material,
precisava-se que as fezes estivessem o mais frescas possíveis, o que dificultou que
elas mesmas fizessem a coleta, considerando a impossibilidade de saber o
momento exato em que os animais iriam defecar.
Dessa forma, entregaram um kit de coleta aos tutores, contendo uma luva de
látex, um coletor universal estéril, uma espátula de plástico e uma etiqueta
identificadora (Figura 11), junto com orientações sobre a forma correta de como
recolher e conservar o material em refrigerador ou geladeira para que as
pesquisadoras buscassem no dia seguinte.

Figura 11: (A): Kits de coleta contendo etiqueta, coletor esterilizado, espátula e luva.
Envelope contendo TCLE e questionário. (B) Amostras contendo o material já
coletado e etiquetado.

Fonte: registros feitos em campo pelas autoras, 2021.

Assim, ao todo, foram coletadas 100 amostras de fezes de cães domésticos


para fins de estudo parasitológico. Estas foram encaminhadas dentro de caixas
térmicas devidamente conservadas e etiquetadas para o Laboratório de
Microbiologia/Parasitologia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
do Pará (IFPA), campus Tucuruí, para serem analisadas.

4.3 A análise do material coletado


Em laboratório, as amostras foram analisadas seguindo as técnicas que melhor
se adequaram ao objetivo principal deste trabalho que era a identificação de agentes
parasitários zoonóticos. Estas técnicas são:

 Método de Hoffmann, Pons e Janer, conhecido como método da


sedimentação espontânea ou HPJ, usado na identificação de infestações
parasitárias, como ovos, larvas e cistos de protozoários;
 Método de Rugai, que baseia-se no termohidrotropismo, possibilitando testar
positivo ou negativo para a existência de larvas;
 Método de Sheather, conhecido como flutuação no açúcar, utilizado para
detectar presença de ovos de helmintos.

Em cada uma destas técnicas foi feito a testagem triplicata, isto é, de três
lâminas para cada amostra, visando aumentar a quantidade de larvas encontradas,
para fins de facilitar a análise.

4.3.1 Método de Hoffman, Pons e Janer (HPJ)

O Método de Hoffman, Pons e Janer, consiste em detectar a presença de ovos


em fezes, principalmente pesados. Aqui seguiu-se a orientação de Roque et al.
(2005, p.156) para execução correta da técnica. Assim, colocou-se 2g de fezes em
um frasco de Borrel com 5 ml de água destilada, misturada com o auxílio de um
bastão, para ser dissolvida. Foi acrescentado em seguida mais 20 ml de água
destilada, misturou-se novamente para ficar homogeneizada. A mistura foi coada em
suspensão, utilizando gaze cirúrgica umedecida, dobrada em quatro partes e
colocada em uma peneira pequena de plástico, em um cálice cônico que possui
capacidade para 200 ml.
Os detritos que ficam retidos na gaze cirúrgica são novamente lavados com
mais 20 ml de água destilada. A suspensão permanecia em repouso por 24 horas,
isso devido à após esse tempo de sedimentação, larvas de helmintos e cistos de
protozoários são encontrados com mais facilidade. Após esse processo, era
desprezado o sobrenadante com cuidado, o sedimento era homogeneizado e com o
auxílio de uma pipeta Pasteur era retirado amostra do sedimento do vértice do
cálice, colocada sobre lâmina, corada com lugol e coberta por uma lamínula (Figura
12).
Figura 12: Método de Hoffman, Pons e Janer – Ovos pesados. (A) 2g de fezes; (B)
Triturar com bastão de vidro; (C) Filtrar a suspensão; (D) Repouso de 24h. (E)
Lâmina com ovo encontrado com a técnica de HPJ (Toxocara canis).

Fonte: registros feitos em laboratório pelas autoras, 2021.

4.3.2 Técnica de Rugai

A Técnica de Rugai fundamenta-se no termo hidrotropismo positivo das larvas


de nematoides e foi realizada nesta pesquisa seguindo as orientações de
(GOTTARDI; SANTOS, 2007, p.4). Dessa forma, foram envolvidas as fezes das
amostras em gaze, formando uma pequena “trouxa”, em seguida foi colocado com
sua abertura voltada para baixo, em cálice de sedimentação, contendo água
aquecida com temperatura de 45°C, uma quantidade suficiente para que entrasse
em contato com as fezes (Figura 13, A).
Assim é deixado em repouso por cerca de 1 hora. Após este período, com o
auxílio de uma pipeta Pasteur, é coletado o sedimento do fundo do cálice e colocado
sobre uma lâmina corada com lugol e sobreposta por uma lamínula (Figura x, B).

Figura 13: (A) Amostras submetidas à técnica de Rugai. (B) Lâmina de rugai
mostrando uma larva nematoide.
Fonte: registros feitos em laboratório pelas autoras, 2021.

4.3.3 Método de Sheather

O Método de Sheather é uma técnica de centrífugo-flutuação criada


inicialmente com a finalidade de detectar a presença de ovos de helmintos nas fezes
de gado bovino. Posteriormente percebeu-se que também era capaz de diagnosticar
outras parasitoses (SOUZA; UCHÔA, 2020).
Nesta técnica, também conhecida como flutuação em açúcar, as fezes são
dissolvidas em partes iguais na solução fisiológica de NaCL. Em seguida a mistura é
filtrada em gaze dobrada em quatro partes iguais, o filtrado então é recolhido em um
tubo falcon, apropriado para a centrífuga, completado até metade.
A outra metade é completada por solução de sacarose até atingir a borda. O
tubo então é coberto com o auxílio de uma lamínula e fixado com fita crepe.
Homogeneizado através de agitação. Depois disso os tubos contendo as amostras
são levados para centrifugação por cinco minutos a 1.500rpm. A lamínula então é
retirada com cuidado, colocada sobre uma lâmina contendo Lugol para ser corada e
analisada (Figura 14).

Figura 14: Técnica de Sheather. (A) Peneirando a solução de fezes com 7ml de
NaCl. (B) Solução do filtrado sendo armazenada em tubo falcon para a
centrifugação. (C) Lâmina com ovo de parasito encontrado com a técnica (Trichuris
trichiura).
C

Fonte: registro feito em laboratório pelas autoras, 2021.

4.4 Identificação dos parasitas e organização dos dados

A identificação dos parasitas deu-se por meio de bibliografia específica


(NEVES, 2016), necessária para reconhecimento do tipo de cistos, ovos ou larvas
encontrados. Visando maior organização dos dados encontrados utilizou-se o
programa Excel para a elaboração dos gráficos. Os dados do questionário utilizado
aqui foram baseados no mesmo elaborado por Magalhães (2019), tendo esta
pesquisa oferecido também bons direcionamentos para o presente estudo.

4.5 O retorno à comunidade e entrega dos laudos

Findo o período de análise das amostras a dupla voltou com os tutores dos
cães para entregar os laudos da pesquisa (Apêndice C). Como a maioria deles
positivou para a presença de parasitas zoonóticos, percebeu-se a necessidade de
oferecer orientações aos donos dos animais sobre os riscos relacionados à
contaminação. Afinal, muitas pesquisas mostram que cães podem transmitir suas
parasitoses ao homem, sendo as crianças um grupo de risco ao entrarem em
contato com solos de praças e parques ou mesmo nas próprias residências, onde
podem entrar em contato com os parasitas (MARQUES et. al., 2012).
Em virtude destes riscos, a intensa convivência com pequenos animais exige a
adoção de medidas de guarda responsável, que quando não são cumpridas
propiciam a disseminação de zoonoses, o que é extremamente preocupante em
termos de saúde pública (WESTGARTH et al., 2010). Apesar de alguns tutores
possuírem noções básicas sobre os cuidados necessários com seus cães de
estimação, existe sempre a necessidade de se orientar a comunidade sobre a posse
responsável de animais domésticos, o que pode ser considerado essencial para
controlar a propagação de enfermidades caninas (PANEGOSSI et al., 2017).
Assim, no ato da entrega dos laudos foi repassado orientações sobre as
parasitoses, as formas de evitar contaminação, bem como a forma correta de
descartar as fezes dos animais, e um folder informativo com todas essas orientações
escritas (Apêndice D).
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Dados clínicos

Das 100 amostras, 76 (76%) testaram positivo para a existência de parasitas


intestinais, seja em infecções únicas ou associadas, sendo que as infecções
associadas foram significativamente maiores que as infecções únicas. Quanto às
raças dos animais percebeu-se que os cães da categoria “sem raça” foram os que
positivaram em maior número para a ocorrência de parasitas gastrointestinais (82%),
ao passo que a categoria correspondente à raça Fila não positivou para nenhum
tipo de parasita nas três técnicas utilizadas.
Estes dados confirmam estudos realizados por Silva (2018), que mostraram
que cães sem raça definida (SRD) têm maiores chances de adquirir endoparasitas
do que os cães de raça. O motivo para isso, segundo o autor, seria que os cães
SRD não costumam receber a atenção adequada dos tutores, ou pelo menos não
tanto quanto recebem os cães de raça, e provavelmente também não são
desvermifugados ou passam por consulta veterinária regular.
Tanto os números e porcentagem quanto o tipo de parasita encontrado está
disposto na tabela a seguir:

Tabela 2: Número e porcentagem de amostras fecais de cães domesticados


positivas para diferentes espécies de parasitas zoonóticos gastrointestinais.

RAÇA NÚMERO AMOSTRAS PARASITAS ENCONTRADOS


DE CÃES POSITIVAS %
Toxocara sp.; Ancylostoma sp.
Tricuris sp.; Ascaris sp.
Sem raça 34 28 82,35 Cytoisospora sp.; Strongyloides spp.
Cryptosporidium spp.; Entamoeba sp.

Pastor alemão 1 1 100 Ascaris sp.

Poodle 18 12 66,66 Cytoisospora sp.; Ancylostoma sp.


Tricuris sp.; Ascaris sp.
Diphyllobothrium caninum
Entamoeba sp.
Chow chow 3 2 66,66 Ascaris sp.; Spirocerca lupi

Shih tzu 4 3 75 Ascaris sp.


Enterobios vermiculares
Rottweiler 2 2 100 Hymenolepis nana; Spirometra spp.

Pinscher 21 15 71,42 Ancylostoma sp.; Ascaris sp.


Enterobios vermiculares
Toxocara canis; Entamoeba sp.
Eimeria sp.; Diphyllobothrium
caninum
Pit bull 8 5 62,50 Ascaris sp.; Spirometra spp.
Ancylostoma sp.; Balantidium coli
Eimeria sp.
Labrador 2 2 100 Toxocara sp.; Spirocerca lupi

Yorkshire 2 2 100 Spirocerca lupi; Entamoeba sp.

Spitz 1 1 100 Balantidium coli

Shih poo 1 1 100 Toxocara sp.

Dachshund 2 2 100 Cryptosporidium spp.


Entamoeba sp.
Fila 1 0 0,00 -

TOTAL 100 76 - -

Fonte: Elaborada pelas autoras (2022), baseada na tabela de Tesserolli et al., 2005 (p.33).

Os parasitas mais recorrentes foram dos gêneros Ascaris, presente nas


amostras de pelo menos sete categorias (sem raça, poodle, pastor alemão, chow
chow, shih tzu, pinscher e pit bull) e Entomoeba, presente em cinco categorias (Sem
raça, poodle, pinscher, yorkshire e dachshund). Em terceiro lugar os parasitas mais
frequentes foram Toxocara e Ancylostoma, ocorrentes em quatro categorias cada.
Muitos destes parasitas intestinais são causadores de zoonoses importantes
para a saúde pública como o Toxocara canis e Cryptosporidium spp, ambos com
rota de transmissão oral-fecal e o maior componente para sua disseminação é a
presença de ovos ou cistos no meio ambiente (SANTOS et al., 2021).
A ocorrência dos parasitas nas categorias está simplificada no gráfico a seguir:

Gráfico 1: Distribuição de parasitas pela quantidade de vezes que aparecem nas


categorias/raças.
ocorrência de parasitos nas raças x por tipo de parasito

Cryptoeba; Strongyloides

Tricuris; Balantidium; Cryptosporium; Cytoispora; Diphylloborium; Eimeria; Spirometra

Spirocerca

Ancylostoma; Toxocara

Entamoeba

Ascaris

0 1 2 3 4 5 6 7 8

Fonte: elaborado pelas autoras, 2022.

Cada uma das três técnicas utilizadas encontrou diferentes quantidades de


larvas ou ovos, de acordo com sua especificidade. Assim, naturalmente, algumas
são mais eficazes que outras para determinar larva ou ovos. A exemplo podemos
citar a técnica de Sheather, que encontra muito mais ovos de Ancylostoma do que a
técnica de Rugai, e esta, em contrapartida, mostra-se muito mais eficiente na busca
pelas larvas do parasita, tendo encontrado uma quantidade significativamente maior
delas, como mostra a tabela a seguir:

Tabela 3: Quantidade de ovos e larvas encontrados por cada testagem (triplicata).

PARASITO SHEATHER HOFFMAN RUGAI TOTAL


OVOS DE 3.691 88 1 3.780
ANCYLOSTOMA
SP.
LARVA DE 1 2 206 209
ANCYLOSTOMA
SP.
TRICHURIS SP. 10 42 0 52

LARVA DE 0 9 35 44
TRICURIS SP.
Toxocara sp. 631 477 1 1.109

LARVA DE 0 20 87 107
TOXOCARA SP.
Ascaris sp. 48 100 2 150

Enterobios 1 5 0 6
vermiculares
Cytoisospora sp. 5 8 0 13

Entamoeba sp. 30 10 0 30

Balantidium coli 8 10 0 18

Diphyllobothrium 0 14 0 9
caninum
Taenia sp. 5 8 0 13

Strongyloides spp 5 8 2 15

Eimeria sp. 7 4 0 11

Spirocerca lupi 0 3 0 3

Fonte: elaborado pelas autoras, 2022.

Percebeu-se que as infecções por helmintos foram muito maiores em


quantidade de parasita do que as infecções por protozoários. Nota-se que o parasita
protista do gênero Entamoeba, apesar de ter tido 5 ocorrências nas categorias (5
raças positivaram para o parasito), ainda assim apresentou baixa quantidade de
parasitos gerais encontrados nas amostras (30 cistos) em comparação com outros
parasitas como o Toxocara sp., que, apesar da ocorrência em apenas 4
categorias/raças, têm uma quantidade geral significativamente maior de parasitas
encontrados, seja em larvas ou ovos (mais de 1000 parasitas e mais de 100 larvas).
O gráfico a seguir relaciona a quantidade de ocorrência nas raças pela
quantidade geral de parasitas encontrados nas amostras analisadas (Gráfico 2):

Gráfico 2: Relação entre a ocorrência de parasitas nas amostras das raças caninas
e a quantidade geral destes parasitas.
O c or rê nc i a x qua nti da de

Ocorrência nas raças Quant. geral

Asc ar i s sp . 7 150

En t am o eab a sp . 5 30

A n c y l o s t o m a s p 4. 3989

T o x o c a r a s p4. 1216

Tr i c u r i s sp . 2 96

Fonte: elaboração das autoras, 2022.

Pelo gráfico percebemos que a ocorrência de determinados parasitas não


necessariamente implica em maior infecção, uma vez que há fortes disparidades
entre os números, como podemos ver no caso do gênero Ascaris, que foi o qual
revelou maior ocorrência nas raças (7 raças testaram positivo para este parasito) em
comparação com todos os demais gêneros, todavia sua quantidade total de
parasitas encontrados (150) foi bem baixa em comparação com os demais de menor
ocorrência (Ancylostoma e Toxocara, 4 ocorrências).
Neste estudo percebeu-se quantidades significativas de parasitas dos gêneros
Ancylostoma e Toxocara, corroborando com Araújo (2006), que afirma serem estes
helmintos os que ocorrem com maior frequência no mundo, sendo por isso os
parasitas que, frequentemente, recebem maior atenção devido ao seu alto potencial
zoonótico.

5.2 Dados sociodemográficos

A Tabela 4 a seguir traz informações sobre as características socioeconômicas


e sanitárias dos entrevistados. Quanto à escolaridade, 47% dos entrevistados
possuem ensino médio e 47% possuem ensino superior, sendo que o restante (6%)
possui ensino fundamental. Em relação aos à renda familiar 69% ganha de 1 a 3
salários mínimos, 21% ganha de 4 a 7 salários mínimos, 2% apenas ganham menos
de um salário e 8% não informou renda.
É perceptível que a escolaridade dos entrevistados é relativamente alta, sendo
que quase metade dos participantes tem ensino superior e outra parte significativa
possui ensino médio. E, quanto à renda, também percebe-se que apenas uma parte
pequena recebe menos de um salário. Existe uma relação intrínseca entre
escolaridade e renda, no qual um aspecto impacta no outro, de acordo com os
estudos de Bonadia (2008), que diz que escolaridade maior pode implicar na
possibilidade de renda maior, em boa parte dos casos.
Os dados referentes à quantidade de residentes na casa informam que 45%
das casas habitam de 1 a 3 pessoas, 54% das casas têm de 4 a 7 moradores e
apenas 1% tem mais de 7 moradores. A maioria dos entrevistados (85%) possui
casa própria e o restante (15%) reside em casas alugadas. Em relação aos quintais
destas residências 52% são cimentados, e 17% quintal de terra, e os outros 31%
são quintais mistos, com uma parte cimentada e outra de terra. O lixo de todas as
casas desta pesquisa (100%) são destinados à coleta pública feita pela prefeitura da
cidade. Em relação à presença de rede de esgoto 86% possui e 14% não possui.
Tabela 4: caracterização sociodemográfica.

Variáveis Jardim Pimental Paravoá Beira Getat Santa Jardim Colinas Matinha Vila TOTAL
Colorado Rio Isabel América Permanent
e
N. N. N. N. N. N. N. N. N. N. Ne%
Escolaridade
Analfabeto - - - - - - - - - - 0
Ensino
fundamental - 4 - - 1 - - 1 - - 6 6%
Ensino médio 7 4 2 3 7 9 4 4 7 - 47 47%
Ensino 3 2 8 7 2 1 6 5 3 10 47 47%
superior
Renda familiar
Menos de um - 1 1 - - - - - - - 2 2%
salário
mínimo
1 a 3 salários 6 8 9 10 7 7 6 5 10 1 69 69%
mínimos
4 a 7 salários 2 1 - - - 1 4 4 - 9 21 21%
mínimos
Não informou 2 - - 3 2 - 1 - - 8 8%
Residência
Própria 8 10 10 10 10 10 7 10 10 - 85 85%
Alugada 2 - - - - 3 - - 10 15 15%
Cedida - - - - - - - - - - -
Quantidades de residentes na casa
1a3 3 8 2 8 5 1 7 3 4 4 45 45%
4a7 6 2 8 2 5 9 3 7 6 6 54 54%
Acima de 7 1 - - - - - - - - - 1 1%
Tipo de Quintal
Cimentado 2 6 9 10 1 3 6 7 4 4 52 52%
Terra 2 - - - 8 4 1 2 - 17 17%
Misto 6 4 1 - 1 7 - 2 4 6 31 31%
Destinação de lixo na residência
Coleta 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 100 100%
Publica
Despejados - - - - - - - - - - -
no rio - - - - - - - - - - -
Despejados - - - - - - - - - - -
em céu aberto
Rede de esgoto
Sim 10 10 10 10 8 10 3 7 8 10 86 86%
Não - - - - 2 - 7 3 2 14 14%
Quantidades de cães na casa
1 2 5 2 2 3 - 1 2 2 5 24 24%
2a3 5 5 4 3 4 5 5 8 8 4 51 51%
4a5 3 - 4 - 3 - 4 - - 1 15 15%
Mais de 5 - - - 5 - 5 - - - - 10 10%
Presença de outros animais domésticos
Sim 5 4 5 5 6 8 4 7 6 1 51 51%
Não 5 6 5 5 4 2 6 3 4 9 49 49%
Os dados referentes à quantidade de cães nas residências mostram que 51%
possui de 2 a 3 cães na casa, 24% possui apenas um cão, 15% de 4 a 5 cães e pelo
menos 10% possui mais de cinco. A quantidade significativa de cães domésticos nas
residências do município pode ser um sinal de alerta para a presença de maior risco
de contaminação, pois, segundo Lallo et al (2016), cães criados com outros cães
possuem maior risco de apresentar parasitos intestinais do que os que são criados
sozinhos.
Quanto à presença de outros animais domésticos 51% das casas possui mais
outros tipos de animais de companhia, e 49% não possui. A presença de outros
animais reforça novamente a necessidade do cuidado em relação à contaminação
por parasitas intestinais. De acordo com Lima e Luna (2012), a convivência com
animais agrega diversos benefícios psicológicos, fisiológicos e sociais ao homem,
entretanto não deve-se ignorar a possibilidade de transmissão de doenças e a
contaminação ambiental que estes podem ocasionar, sendo necessário assim, uma
tutela consciente.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados desta pesquisa mostraram que a maioria das amostras de cães


testaram positivo para a presença de parasitos intestinais, o que reflete na
necessidade de aumentar as ações sanitárias de cuidado e prevenção de infecções
gerais gastrointestinais, visando proporcionar uma relação saudável entre caninos e
humanos, que seja benéfica para ambos.
A presença maior de certos tipos de parasita como os do gênero Ancylostoma,
Toxocara e Ascaris nas amostras analisadas confirma o que foi visto na literatura de
que estes são os casos de infecções mais comuns em cães domesticados. Esta
pesquisa, ao oferecer educação preventiva sobre os cuidados que se deve ter na
tutoria responsáveis de cães domésticos, também foi importante no sentido de
alertar sobre os perigos que podem ocorrer nos casos de infecção por verminoses
em cães, em vista do grau de proximidade que esta espécie tem com o ser humano.
Aqui reforça-se que há uma lacuna em estudos que investiguem e registrem a
ocorrência de parasitos intestinais zoonóticos em animais de estimação na região
norte do país, sobretudo na Macrorregião sudeste do estado do Pará. E, por isso,
espera-se que esta pesquisa possa contribuir e incentivar estudos futuros nesta
área, em virtude da importância deste tema.
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APÊNDICES

APÊNDICE A – TCLE
APÊNDICE B – Questionário destinado aos tutores
APÊNDICE C – Laudo de um dos cães
APÊNDICE D – Folder informativo entregue aos tutores.
(Frente)

(Verso)

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