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LUCAS
- Para de se mexe sua nojenta!
Nesse momento, uma luz forte de farol ilumina a cena, e os outros dois rapazes
soltam Luis.
DESCONHECIDO 3
- É a polícia! Vamos embora daqui! (ele sai correndo).
Lucas solta Lilian e ela cai no chão. Os outros garotos saem correndo. O carro de
policia entra rapidamente na rua a onde eles estavam e vão atrás dos capangas.
LILIAN
- Está sim só o meu pulso que está doendo um pouco (Luis pega na mão dela e puxa,
porém, ela reclama de dor, então ele pega a outra a mão e a levanta).
LUIS
- Melhor irmos para casa, antes que aqueles idiotas voltem.
LILIAN
- Verdade... E o que você ia fazer com eles, Luis? (ela dá uma risada de deboche)
LUIS
- Eu ia quebrar a cara deles!
LILIAN
- Você? (ela começa a rir).
- Só bastaria lhe dar um empurrão que pronto.
LILIAN
- Cala a boca! (ela ri). Na real, eu morri de medo.
LUIS
- Ele baforou aquele negócio em você?
LILIAN
- Não, mas colocou perto do meu nariz e eu senti aquele cheiro horrível.
LUIS
- Bem, eles devem gostar... Igual eu que odeia cheiro de cigarro, mas os que fumam nem
se importam...
LILIAN
- O cigarro deve ter tirado o olfato deles (ela e Luis ri).
LUIS (rindo)
- Provavelmente.
LILIAN
- Bom, obrigada pela companhia, Luis. Por mais que tenha acontecido o que aconteceu,
foi bom ficar com você (eles param em frente à rua onde Lilian mora).
LUIS
- Ah, imagina! Eu também gostei bastante de ficar com você. E vê se não chora mais por
aquele babaca, beleza?
LILIAN
- O.K.
LUIS (sorrindo)
- Eu achava que você era uma garota chata, mas me enganei. – ele dá um sorriso
sincero.
LUIS
- Eu achava que não gostava, mas me enganei por completo.
LILIAN
- Que bom. Eu sempre gostei de você. Sempre te admirei. E sempre te achei lindo.
LILIAN
- Não, é sério. Acompanhei você desde quando chegou à minha sala de aula pela
primeira vez. Você mudou bastante... Pra melhor, é claro.
LILIAN
- Sim. Todo tempo. Garotos são muito burros mesmo, estava tão na cara... (agora ela
começou a ficar com as bochechas rosadas).
LILIAN
- Tudo bem, também preciso entrar. Sair sem dá satisfação para os meus pais. Eles devem
estar uma fera.
LUIS
- Tudo bem então. Tchau, tchau (eles se despedem com um beijo na bochecha cada
um vai para um lado).
(CENA 2 – CASA DE LUIS, COZINHA)
Quando Luis chega em casa, escuta sua mãe na cozinha falando ao telefone. Ele
chega mais perto da porta para ouvir melhor...
MÃE DE LUIS
- Não posso pagar isso agora... (silêncio). São três meses de aluguel, eu não consigo! Por
favor, me ajuda... (silêncio). Tenho apenas duas semanas? Para arranjar mil e quinhentos?
(silêncio). Tá... tá bom. Eu vou dar um jeito... (ela desliga o celular e Luis entra).
LUIS
- Mãe, o que aconteceu?
MÃE DE LUIS
- Nada, filho... É nada, não.
MÃE DE LUIS
- Ah, Luis... Bom, estou há três meses sem pagar o aluguel. São três mil reais para pagar
tudo agora, se não estamos na boca da rua.
LUIS (preocupado)
- Ah mãe... Por que você não me contou? (os dois se sentam a mesa).
MÃE DE LUIS
- Não queria te preocupar querido, mas agora eu não sei de onde irei arranjar a metade
do dinheiro para até duas semanas.
LUIS
- Eu posso tentar te ajudar, é só eu me inscrever na Instituição do Primeiro Emprego. Já
tenho todos os documentos, mãe. Só precisa se inscrever.
MÃE DE LUIS
- Não, não quero que você fique preso a um trabalho por causa dos meus problemas.
Você ainda é muito jovem e tem que aproveitar.
MÃE DE LUIS
- Filho, se fizer isso eu vou ficar chateada contigo.
LUIS
- Desculpe mãe, mas já me decidi. (ele a dá um beijo na testa e sai).
(CENA 3 – QUARTO DE LEANDRO)
LEANDRO (ao celular)
- E ai, Anderson! Beleza?
MOTORISTA
- Isso vai depende dos seus sentimentos, garoto. Se você se sentir alegre você irá para
um lugar divertido e animado, mas se em você estiver sentindo raiva e angustia, você será
levado ao lugar a onde ninguém tem coragem de ir, mas muitos vão e nunca mais volta. (Luis
estranha, continua a subir as escadas do ônibus, escolhe um lugar e se senta).
O ônibus começa a se movimentar. Luis está sozinho dentro do ônibus. Ele olha
para o seu reflexo no vidro da janela ao lado e começa a perceber que há algumas
manchas em seu rosto onde antes não tinha nada. Ele nota até uma cicatriz no canto
do olho esquerdo, que nunca esteve ali antes. À toca a cicatriz, ele se lembra o que
havia acontecido, porém ele sente como se a lembrança não fosse dele e sim de outra
pessoa, pois sabe que nunca aconteceu nada para que ele tenha essa cicatriz e isso fez
ele começar a ficar confuso. Luis encosta a cabeça no vidro da janela. Nesse momento,
ele começa a se lembrar dos caras que encurralaram ele e Lilian. Seu coração começa a
arder de raiva. É tanta que chega a ser sufocante. Então Luis percebe que a noite
chegou de uma hora para outra. O ônibus começa a passar por uma ponte, uma ponte
longa. Ele ainda sente muita raiva e então os postes da ponte começaram a desabar. O
ônibus tentou se desviar e acabou batendo em um carro, como não havia muito
espaço na pista uma parte do ônibus teve que passar por cima de um dos postes
fazendo o ônibus travar e capotar para o lado. Luis começa a gritar, se levanta com
muito esforço e vai até onde o motorista está. Quando ele vê, uma pessoa encapuzada
está sentada no lugar do motorista, parado olhando para frente.
HOMEM ENCAPUZADO
- Eu sou... (o homem de capuz vira o rosto para olha-lo. Luis dá um grito de
horror).
- ... A morte!
LUIS (pensando)
- Era eu e ao mesmo tempo não era. Era o meu corpo, lembranças que não me lembro
de ter acontecido comigo, mas aconteceu (Ele coloca a mão no lugar onde estava a
cicatriz).
- Eu tinha marcas no rosto que nunca tinha visto, e não tenho e o pior disso tudo, era o
motorista do ônibus em que eu estava, virou na própria morte. Que sonho confuso e
completamente estranho.
(CENA 6 – CASA DE LEANDRO, SALA DE JANTAR)
CLARISSA
- Olha só, o senhor Leandro acordado. A última vez que eu vi isso acontecer você tinha
apenas onze anos...
LEANDRO
- Há-há, que engraçado! Em vez de ficar fazendo piadinhas sem graça poderia servir o
meu café, por favor?
CLARISSA
- Eia! Mas não perdeu o mau humor, ehm (ela se retira).
LEANDRO
- Quem fica de bom humor terça de manha? (ele pensa alto, puxa uma cadeira, se
senta e grita pelo nome de Sebastião).
SEBASTIÃO
- Chamou senhor?
LEANDRO
- Pode indo se preparar, por favor, pois hoje irei um pouco mais cedo.
SEBASTIÃO
- Como quiser senhor (ele se retira e Clarissa chega com o café da manhã).
CLARISSA
- Está aqui, Leandro, do jeitinho que você gosta.
LEANDRO
- Que bom! Ah... E os meus pais Clarissa?
CLARISSA
- Eles estão dormindo.
LEANDRO (espantado)
- O que? Eles não foram trabalhar?
CLARISSA
- Não sei... Só sei que ainda estão em casa.
LEANDRO
- Ah, ótimo - Está muito estranha essa história, eles não são assim - (pensou Leandro)
CLARISSA
- Bem, com licença. Vou ir arrumar o seu quarto.
LEANDRO (assustado)
- NÃO! Quer dizer... Não precisa. Está muito cedo.
CLARISSA
- Não tem problema. Eu... (ela é interrompida).
CLARISSA
- Você já foi, pra mim, um filho. Pena que agora é um moleque que só quer chamar
atenção dos pais e não sabe como. E pior, desconta sua frustração em qualquer um que vê
pela frente (ela sai da frente do menino. Leandro fica no mesmo lugar por um tempo
pensativo, sobe as escadas e vai para o seu quarto).
Quando chega, Leandro pega sua roupa que está em cima da cama, coloca na
mochila e sai.
SEBASTIÃO
- Sim?! (ele sai de uma porta que tem ao lado da escada).
LEANDRO
- Tudo pronto?
SEBASTIÃO
- Sim! Prontinho senhor.
LEANDRO
- Ótimo. Então vamos!
SEBASTIÃO
- Agora senhor?
LEANDRO
- Claro que é agora! Em que momento seria, ahm?
SEBASTIÃO
- Mas são sete e meia ainda. Sua aula só começa às oito e meia e você só leva dez
minutos daqui até lá. – Leandro mostra impaciência.
LEANDRO (impaciente)
- Te pedi alguma explicação? Que difícil! Anda! Se eu estou falando que vamos agora,
então, vamos agora.
SEBASTIÃO
- Tudo bem senhor.
LEANDRO
- Até que enfim! (ele vai para o hall de entrada que fica à esquerda da escada).
LUIS (tonteado)
- Ahm, que? (Luis acorda).
YURI
- Luis? Responde cara! Sei que está ai. Estou ouvindo o som do chuveiro.
LUIS
- Yuri? Ah, foi mal. Peguei no sono enquanto estava no banho. Já estou saindo.
YURI
- Rápido cara. Vamos acabar chegando atrasados na escola.
LUIS
- Tudo bem, tudo bem.
SEBASTIÃO
- Mas sua escola é para o outro lado.
LEANDRO
- Começa a obedecer mais e perguntar menos, por favor! (e o carro para).
- O que aconteceu?
SEBASTIÃO
- Não vamos sair do lugar enquanto você não me dizer aonde está querendo ir.
LEANDRO
- Por que Deus?! Por que comigo? (Leandro olha para cima).
- Continua a dirigir esse carro agora, Sebastião!
SEBASTIÃO
- Eu vou dar meia volta e voltar para casa se não me contar. (Sebastião volta a ligar o
carro).
LEANDRO
- Então eu vou sair. (ele abre a porta do carro e sai e vai ate o vidro do motorista
que estava aberto)
- Deixa que eu pego um ônibus, mas fique sabendo que assim que eu voltar para casa
farei questão de mandar você para olho da rua! Seu incompetente!
SEBASTIÃO
- Que bom! Estarei esperando. (Sebastião da meia volta com o carro e vai embora).
LEANDRO (raivoso)
- “Urrrrr!” Insuportável! São todos uns insuportáveis!
Leandro começa a andar pela rua até encontrar uma parada de ônibus.
GAROTA DESCONHECIDA
- E aí meninos, tudo bom? (eles se viram para trás).
YURI
- Ah, oi Renata! Tudo ótimo e com você?
RENATA
- Bem também (ela dá um sorriso para Yuri e Luis nota).
- Então, posso ir com vocês para a escola?
LUIS
- Claro, por que não? (Renata fica no meio dos dois e os três voltam a andar).
YURI
- Gente, vamos combinar de ir essa noite na sorveteria?
RENATA
- Ual! Ótima ideia.
LUIS
- Poxa gente... Eu não vou poder.
RENATA
- Ah, por quê?
LUIS
- Eu vou ter compromisso. (ele mente).
YURI
- Poxa, que mal cara! Então vamos Renata? Apenas eu e você? (Luis olha para Yuri,
mas ele não percebe).
RENATA
- Claro! A gente pode chamar a Lilian também.
YURI
- Também vou convidar um amigo meu, o Lucas.
RENATA
- Legal! Então está combinado!
YURI
- Nem esquenta, outra hora a gente marca.
MOTORISTA
- Não, mas passa por ela.
LEANDRO
- Tá, já serve (Ele sobe as escadas do ônibus, paga o cobrador e procura um lugar
para se sentar).
- Eu culpo com todas as minhas forças meus pais por me humilhar desse jeito! Onde já
se viu eu tendo que pegar ônibus público... Essa nojeira!
CLARISSA (preocupada)
- Oi, oi! O que foi? (ela chega até o hall de entrada)
- Sebastião? Em casa já?
SEBASTIÃO (preocupado)
- É o Leandro! Ele não foi para escola. Vai para outro lugar e não quer que ninguém saiba.
CLARISSA
- Ah meu Deus! Preciso contar para dona Larissa.
LARISSA
- Me contar o que Clarissa? (ela e Carlos Eduardo chegam).
CLARISSA
- É o Leandro! Acho que ele vai fugir. Não foi para a escola hoje e saiu de casa com
mochila e tudo.
LARISSA
- Pra onde esse menino está pensando em ir, ehm?
CLARISSA
- Permita ir ao quarto dele. Ele não queria que eu entrasse lá há pouco tempo atrás.
Deve ter alguma coisa que nos dê uma pista.
LARISSA
- Isso! Vai lá, Clarissa. (Larissa se vira para Carlos).
- Amor. Vamos nós dois buscar ele, está bem?
CARLOS EDUARDO
- Vamos sim! Vou pegar o meu carro. Enquanto isso, você vá com o Sebastião. Assim
podemos nos separar para encontrá-lo mais rápido.
LARISSA
- Tudo bem. Eu vou atrás da Clarissa pra ajudá-la a encontrar alguma coisa (Larissa sai
correndo para o quarto do filho).
Clarissa começa a procura alguma que dê alguma dica de onde Leandro possa
estar, até que ela escuta algo pitar debaixo da coberta. Ela ergue a coberta e o celular
de Leandro cai no chão. Ela o pega o e no mesmo momento, Larissa entra.
LARISSA
- É o celular dele. É o celular do Leandro.
CLARISSA
- É? Que celular mais estranho, nem tem botão.
LARISSA
- Deixe-me ver. (Ela vê no celular a notificação da mensagem do Anderson
perguntando se Leandro estava chegando)
- Já sei para onde ele está indo...
(CENA 12 – QUINTAL DA CASA DE LEANDRO)
Larissa sai correndo de casa, chega até o marido que estava pronto para sair com
o carro.
LARISSA
- Ele está indo para Marrotas, onde mora o Anderson.
CARLOS EDUARDO
- Para o Anderson?! Eu não gosto desse garoto... Tá! Vamos correr para a rodoviária. Se
tivermos sorte pegamos o Leandro antes dele embarcar.
LARISSA
- Tá, eu vou com você (ela entra no carro de Carlos e dispensa Sebastião).
(CENA 13 – RODOVIÁRIA)
Leandro já está dentro da rodoviária esperando o seu ônibus chegar, quando
percebe que não está com o seu celular.
LEANDRO
- Caraca! Onde foi que eu o coloquei? (ele começa a procurar em todo canto, mas
não encontra).
- Merda! Deixei em cima da cama. Que burrice a minha!
VOZ FEMININA
- Atenção! São exatamente oito e cinquenta e cinco e o ônibus com o destino para
Marrotas já está estacionado.
LEANDRO
- Até que enfim!
Leandro vai para a fila de embarque. Ele entra no ônibus, escolhe um lugar,
coloca sua mochila no guarda-volume em cima, se senta e espera o ônibus sair
enquanto Carlos e Larissa ainda estão na metade do caminho.
O ônibus começa a lotar. O motorista entra e liga o motor. Leandro olha no
relógio e indicando que falta três minutos para as nove horas...