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Mito e Filosofia

Revisão por Pedro Menezes

Escrito por Emerson Machado


Qual a diferença entre mito e filosofia?

O mito surgiu como narrativas de povos gregos antigos para explicar fenômenos
da natureza que não podiam compreender. Era e é geralmente utilizado para
explicar a origem de acontecimentos.

Já a filosofia é o estudo e reflexão de questões relacionadas à existência


humana. Também reflete sobre o conhecimento, valores morais e estéticos,
pensamento e linguagem.

Ao contrário do mito, que possui suas explicações baseadas na crença, a


filosofia é um conhecimento metódico baseado na razão e na lógica.

Mito Filosofia

Explicação e leitura da Explicação e leitura da


Função realidade realidade

Fundamentação do
conhecimento Crença Razão

Elementos para a construção do


saber Imagens e símbolos Raciocínio lógico

O que é mito?

O conceito de mito é baseado na ideia de que os antigos gregos criavam


narrativas para explicar acontecimentos e fenômenos da natureza que não
podiam entender.

Também é importante citar que um mito, na maioria dos casos, pode ter um
fundo de verdade, baseado em um acontecimento real ou nas relações dos
indivíduos com o mundo.

Por não possuir a lógica como fundamento, os mitos assumem um caráter


fantástico (fantasioso).

No entanto, um mito não significa um “conto de fadas”. Isto porque carrega em


si a explicação para fenômenos relacionados à existência humana.
Os mitos buscavam dar sentido às coisas em uma época que não havia outro
modo para explicá-las. Portanto, um mito é mais que uma narrativa ficcional.

Em civilizações tradicionais que possuem uma consciência mítica não há a


mesma relação e divisão nos dias atuais entre o que é natural e sobrenatural.
Ambas as concepções encontram-se engendradas em explicações e na leitura
do mundo.

É comum que a palavra "mito" seja utilizada como sinônimo de lenda, mas no
geral um mito também pode se referir a acontecimentos históricos. Isto se forem
repletos de simbolismo e importância para determinado grupo de pessoas.

Exemplos de mitos

Os mitos mais famosos surgiram na Antiguidade Grega. Naquela época, os


deuses eram utilizados para representar diversos aspectos da vida e do planeta.
Como exemplo, vamos citar dois mitos gregos:

A Caixa de Pandora

Pandora abre a caixa e liberta todos os males sobre a Terra

Na história, a personagem Pandora tinha ganhado uma caixa do pai dos deuses,
a qual era proibida de abrir.

Movida por sua curiosidade, Pandora abre a caixa e acaba libertando todos os
males no mundo: doenças, guerras, velhice, ódio, ciúme, entre outros.
Arrependida imediatamente, Pandora fecha a caixa, mas já era tarde demais.

A única coisa que sobrou no fundo da caixa era algo pequeno: a esperança.

A moral da história: apesar de todos os males, ter a esperança sempre guardada


no coração, por menor que seja, é um sinal de que tudo pode ser diferente. Afinal,
algo pode ser feito por aqueles corrompidos pelos terrores saídos da caixa.
Os 12 trabalhos de Hércules

Hércules luta contra o Leão de Nemeia

O filho de Zeus com uma mortal desencadeou um ciúme doentio em Hera, a


esposa do deus dos deuses. Por isso, Hera, a deusa dos casamentos, da
maternidade e das esposas, passou a perseguir o semideus de forma ferrenha.

Em um dos episódios em que Hércules perde a cabeça por causa de Hera, o


herói acaba por matar a própria esposa e os próprios filhos. Para se redimir deste
feito terrível, Hércules então é incubido de realizar 12 trabalhos. Eram eles:

• Matar o maior leão do mundo, o Leão de Nemeia;


• Matar a monstruosa Hidra de Lerna;
• Capturar a Corça de Cerineia;
• Capturar o Javali de Erimanto vivo;
• Limpar em um dia os currais do Rei Aúgias;
• Matar e expulsar monstros do Lago Estínfalo;
• Levar o Touro de Creta vivo ao Rei Euristeu;
• Castigar Diómedes, o Rei da Trácia;
• Vencer as amazonas e vestir o cinto da Rainha Hipólita;
• Matar o monstro gigante Gerião;
• Colher os pomos de ouro do Jardim das Hespérides;
• Trazer à Terra o guardião do mundo dos mortos, Cérbero.

Por ser um mito com milhares de anos, a ordem dos trabalhos de Hércules pode
aparecer diferente, dependendo do autor.

Entretanto, todos os trabalhos passaram a ser vistos como uma jornada espiritual
do herói. As metáforas e alegorias utilizadas no mito serviam para a reflexão.
Isto porque Hércules, arrependido de uma das maiores atrocidades que poderia
cometer, enfrentou a morte diversas vezes em busca de redenção.
Estes são exemplos de mitos que até hoje são contados ao redor do mundo.
Entretanto, há diversos mitos recentes, uma vez que podem surgir baseados em
acontecimentos históricos ou que carreguem simbolismo suficiente para que
ganhem a forma de mito.

O que é filosofia?

Do mito ao saber filosófico foi um longo caminho. A palavra filosofia vem do


grego philosophia, que significa “amor pela sabedoria”, em tradução literal. É um
ramo de estudo que procura compreender aspectos fundamentais da existência
humana.

A filosofia também reflete de forma racional sobre o conhecimento, valores


morais e estéticos, a mente humana, a verdade, a linguagem e o universo como
um todo.

Origem da filosofia

Por volta do século VI antes de Cristo, a Grécia era um lugar em que muitas
culturas se encontravam. Por isso, recebia influências de diversas partes do
mundo.

Assim, a partir da relativização das crenças, muitos indivíduos passaram a refletir


sobre o mundo e suas condições de forma crítica. Isto significava não recorrer
às crenças relacionadas à mitologia grega, com o comando dos deuses sobre
os homens a partir de suas vontades.

O termo, filosofia (philo + sophia = amor pela sabedoria), é tradicionalmente


creditado a Pitágoras. Ele cunhou a expressão afirmando que a sabedoria plena
era cabida apenas aos deuses, cabia aos seres humanos o amor pelo
conhecimento.

Os homens, então, poderiam apreciar a sabedoria através da filosofia. Pitágoras


foi a primeira pessoa no mundo a se declarar filósofo.

O Pensador, estátua de Auguste Rodin em Paris


Estudo da filosofia

Por ter uma abordagem racional dos assuntos que debate, é distinta de ramos
como a mitologia e a religião. No entanto, a filosofia é questionada pelo meio
científico por não utilizar métodos empíricos. Ou seja, não é derivada de dados
concretos de uma experiência, mas de argumentos sensoriais.

Porém, a filosofia é extremamente importante para o desenvolvimento de


métodos utilizados em teorias, projetos educacionais e até mesmo em
instituições científicas. Isto porque questiona e analisa racionalmente o
conhecimento humano.

Por estar presente em praticamente todas as áreas de conhecimento, e até no


conhecimento em si, o estudo da filosofia é dividido entre vários segmentos.
Entre eles, destacam-se:

• A metafísica;
• A lógica;
• A ética;
• A política;
• A estética;
• A teoria do conhecimento;
• A filosofia da mente;
• A filosofia das ciências naturais e sociais;
• A fenomenologia;
• A filosofia da linguagem;
• A filosofia da física;
• A filosofia da matemática;
• A filosofia da religião.

Logo, a filosofia é um ramo que busca compreender racionalmente diversos


aspectos da existência humana, e até mesmo a existência humana em si.

Apesar de não contar necessariamente com uma metodologia empírica, é crucial


para o desenvolvimento de teorias e metodologias do conhecimento.

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