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A PASSAGEM Do mito

ao logos
CONTEÚDO

ORIGENS DA FILOSOFIA O QUE É MITO? MITO E FILOSOFIA


01
ORIGENS DA FILOSOFIA
FILO + SOFIA
(Φιλο) (σοφία)
Etimologia da palavra filosofia:

φιλο: Amor, amizade, amor fraternal.

σοφία: Sabedoria, Conhecimento.


TESES SOBRE A ORIGEM DA FILOSOFIA

TESE ORIENTALISTA MILAGRE GREGO TERCEIRA VIA


A filosofia tem uma A filosofia é um O contato com os orientais
origem oriental. acontecimento espontâneo contribuiu para os gregos
de um povo execpcional. criaram algo novo.
ORIENTALISMO E “ORGULHO NACIONAL”

 Num contexto em que a filosofia ganha o status de um conhecimento superior em


relação ao mitos, ser o povo responsável pela origem dessa forma de
conhecimento se torna motivo de orgulho nacional.

 EGÍPCIOS: Na época da dinastia ptolomaica, os sacerdotes egípcios tomaram


conhecimento da filosofia grega e passaram a defender que ela seria uma
reprodução dos antigos saberes do povo egípcio.

 HEBREUS: em Alexandria no final da era pagã, hebreus que absorverem a cultura


helênica passaram a defender que a filosofia grega variava das doutrinas de
Moisés. Os cristãos adotaram estratégica semelhante, pois tal interpretação
poderia ser usada para demonstrar o vínculo da sabedoria de Cristo com a
sabedoria dos filósofos gregos.
ARGUMENTOS CONTRA A TESE ORIENTALISTA

CITAÇÃO: Na época clássica, nenhum filósofo ou historiador grego indica


minimamente para uma pretensa origem oriental da filosofia. Não há
citações sobre isso, embora haja citações de Aristóteles de que os egípcios
criaram a matemática.

TEXTOS: Não há nenhum indício de que os primeiros filósofos gregos


tenham tomado conhecimento de algum escrito oriental. Não há sequer
registros de que textos orientais tenham chegado na Grécia antes de
Alexandre Magno.

TRADUÇÃO: Nada indica que os primeiros filósofos fossem capazes de ler


ou entender discursos feitos por sacerdotes egípcios. O hieróglifos, por
exemplo, só foram plenamente decifrados no século XVIII.
ARGUMENTOS CONTRA A TESE DO MILAGRE GREGO
Se o mundo oriental teve alguma influência na Grécia antiga, a tese do milagre grego
se mostra equivocada. Dois pontos atestam a importância dos orientais:

ALTERIDADE: O contato com povos que tinham outras crenças religiosas impulsionou
os gregos a questionarem a própria mitologia. E a filosofia começa justamente quando
filósofos passavam a questionar os mitos.

CONHECIMENTO PRÁTICO E “PURO”: Os egípcios e os babilônicos estudaram


matemática e os astros antes dos gregos. No entanto, estes eram saberes práticos.
Isto significa que, por exemplo, os egípcios estudam a matemática para agrimensura, e
os babilônicos estudam os astros para fazer previsões. Os filósofos gregos
desenvolvem um conhecimento “puro”, este não surge de uma necessidade prática
imediata. Exemplo: a discussão dos filósofos pitagóricos para entender o que são os
números irracionais não visa solucionar um problema prático de matemática.
Tese mais
aceita
Portanto, a tese da terceira via
é a explicação sobre a origem
da filosofia mais adotada pelos
estudiosos
02
O QUE É
MITO?
ETIMOLOGIA
Mito. Do grego mythos (μυθος), significa “o
que se diz”, “palavra expressa”, “narrativa”.
A consciência mítica é dominante em
culturas de tradição oral, que transmitem
o conhecimento verbalmente.
O texto a seguir é um mito retirado da mitologia grega:

Para se vingar de Prometeu que roubou o fogo e deu de presente aos homens, Zeus, o
deus supremo da mitologia grega, enviou Pandora aos homens. Pandora trazia
consigo um presente dado pelo pai dos deuses: uma jarra, que ficou conhecida como
caixa de Pandora. O recipiente estava bem fechado, e Zeus recomendou que ela não
abrisse. Mas, tomada pela curiosidade, um dia Pandora decidiu levantar só um
bocadinho da tampa, para ver o que lá se escondia. De imediato dela se escaparam
todos os males que até aí os homens não conheciam: a doença, a guerra, a velhice, a
mentira, os roubos, o ódio, o ciúme, dentre outros. Assustada com o que fizera,
Pandora fechou a jarra tão depressa quanto pôde, colocando-lhe de novo a tampa.
Mas era demasiado tarde: todos os males haviam invadido o mundo para castigar os
homens. Lá muito no fundo da jarra, restara apenas uma pequena e tímida coisa, que
ocupava muito pouco espaço, a esperança.

QUAIS características podemos IDENTIFICAR NESSA HISTÓRIA?


ESTRUTURA DO MITO
CRIAÇÃO VERACIDADE
O mito narra a criação O mito é percebido como
ou surgimento de verdadeiro, não como falso
algum aspecto do real. por quem o ouve, a sua maneira, o
mito se refere à realidade

SACRALIDADE EXEMPLARIDADE
O mito é uma história O mito fornece exemplos, isto é,
sagrada com personagens modelos de como se comportar
O filósofo Mircea Eliade estudou sobrenaturais e fabulosos. e como não se comportar.
a estrutura do mito identificando
algumas características.
MITO E
03 FILOSOFIA
Quais as diferenças e semelhanças entre mito e
filosofia? Há uma ruptura ou uma continuidade
entre essas formas de conhecimento?
diferenças semelhanças
LINGUAGEM ESPANTO
A filosofia adota uma linguagem Tanto o mito quanto a filosofia
racional-argumentativa, já o mito surge diante do espanto dos
recorre a narrativas com seres seres humanos diante da
sobrenaturais e fabulosos. realidade.

Dogma e crítica Busca do sentido


A narrativa mítica é dogmática, Ambos procuram dar um
aquilo que é dito é considerado sentido para essa realidade
um dogma. Já o conhecimento que “espanta”.
filosófico é aberto à crítica.
OS MITOS NOS
textos
FILOSÓFICOS
O filósofo Platão muitas vezes usou e
criou mitos em seus diálogos. Esses
mitos apareciam no texto como
metáforas, recursos didáticos para a
compreensão de uma tese filosófica

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