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Resumo: O objetivo do presente trabalho foi avaliar o comportamento do Índice de Qualidade de Vida (IQV-UFF) da
Bacia Ambiental do Rio Imboassú entre 1980 e 2000. Para que fosse atingido esse objetivo, utilizou-se uma nova
unidade de análise de dados socioeconômicos e ambientais, desenvolvida por AZEVEDO et al (2004) e que foi
chamada de ASCs (Aglomerados de Setores Censitários). Quanto a metodologia utilizada, teve os seguintes
procedimentos: Compilação das referências bibliográficas e das variáveis dos Censos Demográficos (1980, 1991 e
2000); Classificação, tratamento dos dados e elaboração das planilhas em Excel; No georeferenciamento dos dados e
na produção dos cartogramas, utilizou-se o software IMPS 4.1 MapView; Interpretação dos dados do IQV-UFF; e,
Redação do relatório. Os resultados dos IQVs de 1980 a 2000, revelaram que:
(1) As mudanças no uso do solo na região, vêm ocorrendo de maneira inadequada e sem planejamento ao longo dessas
duas décadas; (2) Os Poderes Públicos (Municipal, Estadual e/ou Federal) não possuem políticas públicas para diversas
áreas, tais como (habitação, saneamento básico, regularização fundiária); (3) No período de 1991/2000, 50% dos ASCs
tiveram decréscimos populacionais anuais, entre -4,97 e 0,01%; (4) Na análise dos dados dos Censos entre 1980 e
2000, constata-se que 43 ASCs tiveram um crescimento geométrico populacional abaixo da média geométrica (5)
Entre 1980 e 2000, 89 aglomerados tiveram algum tipo de crescimento populacional. Finalmente, a presente pesquisa
poderá ser utilizada na elaboração, desenvolvimento e acompanhamento de projetos que contribuam com a melhoria da
qualidade de vida da população em ASCs específicos. Bem como, no estabelecimento de metas para o
desenvolvimento sustentável dessa região.
Palavras Chave: Qualidade de vida; Análise espacial e temporal; Dados censitários; Sistema de Informações
Geográfica (SIG); e, Aglomerados de setores.
INTRODUÇÃO
Segundo Sjoberg (1972) as primeiras cidades apareceram há cerca de 5.500 anos, sendo que
a localização espacial foi o fator determinante nos seus assentamentos. Na antiga região da
Mesopotâmia, no vale compreendido entre o Tigre e o Eufrates, desenvolveram-se os primeiros
aglomerados urbanos no Oriente Médio, onde o solo fértil e generoso, o abundante suprimento de
água de que dispunha o local, além de um cruzamento de estradas que era, desde séculos, um meio
de comunicação entre povos de diferentes culturas.
Continuando nessa linha de raciocínio, verifica-se no trabalho de Lima & Cordini (2000) que
desde que “o ser humano surgiu na face da Terra até meados do Século XX, ele sempre imaginou
que os recursos da natureza eram inesgotáveis. Por isto, o homem não tinha a menor preocupação
ao explorar o que estivesse à sua volta, desde o que havia no solo e subsolo, incluindo-se os
animais, os vegetais e os minerais. Passando pelos recursos hídricos, envolvendo os mananciais de
águas, os rios, os lagos, lagoas, lagunas, mares e oceanos, atingiu a camada gasosa que envolve o
Planeta, desde a sua utilização como via de transporte aéreo, ou como fonte de extração de gases
naturais como oxigênio, hidrogênio, nitrogênio, ozônio, e outros gases raros utilizados nas mais
variadas aplicações industriais; e, também, como espaço de lançamentos de efluentes gasosos
maléficos, provenientes das indústrias de transformação”.
Como foi expresso anteriormente, cada vez mais os administradores das cidades
necessitam cada de novas tecnologias, ferramentas e/ou metodologias que permitam “modelar ou
predizer as conseqüências das alterações humanas no ambiente” (Kimerling, 2006). Dentre essas
tecnologias vale a pena destacar o uso do SIG durante a última década em várias áreas temáticas.
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Dentre esses estudiosos vale a pena mencionar Morato (2004) que conceitua esse tipo de
qualidade como sendo “um meio sadio, com instalações sanitárias apropriadas e a presença de
vegetação. O nível socioeconômico está relacionado às condições necessárias para a vida sob o
aspecto material, como uma renda suficiente para a família, uma residência de padrão adequado. A
educação está ligada ao acesso à informação e formação, à possibilidade de aquisição conhecimento
de diversas naturezas”.
Preocupado com as unidades geográficas de análise de algumas metodologias de avaliação
da qualidade de vida de alguns pesquisadores que não conseguem ser integradas de uma pesquisa
censitária para outra.
Por esse motivo, o presente trabalho elaborou o histórico evolutivo da área de estudo
referente a duas décadas de informações e para isso, utilizou a metodologia desenvolvida por
Azevedo et al (2004).
OBJETIVOS
O objetivo deste estudo foi analisar o Índice de Qualidade de Vida da UFF da Bacia
Ambiental 1 do Rio Imboassú, a partir de uma nova unidade de planejamento urbano e dos dados
dos Censos Demográficos de 1980 a 2000.
ÁREA DE ESTUDO
O Município de São Gonçalo está localizado no Estado do Rio de Janeiro e detém uma área
de 251,3 km2. Quanto a sua Sede da cidade está localizada nas coordenadas geográficas de
22°49’37” de Latitude Sul e 43°03’14” de Longitude Oeste, a uma altitude de 19 metros e distante
25 km da capital do Estado do Rio de Janeiro (Protetores da Vida, 2004) (Figura 2).
Já, a bacia ambiental em estudo (Rio Imboassú) possui uma área de 39,92 km2 , localiza-se
na porção noroeste do município e detinha 117.895 habitantes no Censo Demográfico de 1980,
distribuídos em 27.268 Domicílios Particulares Permanentes (DPP) (IBGE, 2001a). Nessa linha de
raciocínio, vale a pena registrar que na pesquisa demográfica de 1991 foram pesquisadas nessa
região 138.525 pessoas em 36.892 domicílios (IBGE, 2001b). Por último, foram registradas
147.488 habitantes em 43.806 DPP no Censo de 2000 (IBGE, 2001c) (Figura 2).
1
Bacia ambiental é o espaço territorial de conformação morfológico-funcional resultante do cruzamento de mapas do quadro
temporal de conflitos e de qualidade social e ecológica. Ainda, nesse contexto, é uma unidade de planejamento ambiental estratégico
para regiões urbanas com a intenção de incorporar à dimensão morfológica questões relativas ao papel dos protagonistas, dos
indicadores ambientais de avaliação e das premissas de gestão (Rutkowski, 2004).
Área 4 – TRN
Azevedo, J. de et. al. - SIG APLICADO ANÁLISE DO ÍNDICE DE ...
Setores
Censitários
de 2000
Município
MATERIAIS E MÉTODOS
2Comunicação pessoal do Engenheiro Carlos Alberto Moreira Moscoso (Coordenador de Limpeza Urbana
da PMSG ), através de entrevista sobre "Estimativa do número de domicílios particulares permanentes em
1980 na região de influência da Bacia do Imboassú que dispunham a coleta direta de lixo", na Secretaria
Municipal de Infra-estrutura e Ambiental - SEMIEUA, localizada no interior da Prefeitura Municipal de São
Gonçalo, em 05/07/04.
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
Primeiramente, cabe mencionar que dos 108 ASCs 3 obtidos para a bacia ambiental do Rio
Imboassú, um desses não poderá ser analisado por ser um Setor Censitário Especial (asilo) antes da
realização do Censo Demográfico de 1980 (AZEVEDO et al, 2004).
Comparação das condições de qualidade de vida nos Aglomerados de Setores Censitários entre os
Censos Demográficos de 1980, 1991 e 2000
Comparando-se os resultados dos IQV’s de 1980 e 1991, observa-se que 88 (82,24%)
ASCs melhoram e/ou mantiveram a situação do IQV-UFF em praticamente em toda a bacia
ambiental (Figura 3). Além disso, cabe informar que os 19 (17,76%) aglomerados que pioraram de
situação estavam distribuídos pelos três cursos da bacia ambiental. Sendo, principalmente
observado essas mudanças na área central da área de estudo.
Já, entre o período de 1991/2000, constata-se que 71 ASCs haviam melhorado e/ou
mantido na mesma situação e que 36 ASCs tinham piorado de situação. Portanto, observando-se a
Figura 3, verifica-se novamente, que a maior modificação ocorreu na região central da área de
estudo. Esse comportamento pode ser justificado, pela atração de uma população de renda e
escolaridade mais baixa para essa região. Provavelmente, um dos fatores que colaborou para esse
comportamento, foi à existência de melhores condições de infra-estrutura de serviços públicos
(p.ex.: acesso ao saneamento básico, hospitalar e transporte).
Analisando-se agora a evolução do IQV-UFF entre 1980 e 2000, verifica-se que 94
(87,85%) ASCs melhoraram ou mantiveram as mesmas condições para esse índice. Seguindo nessa
linha de interpretação dos dados, constata-se que 13 (12,75%) aglomerados dos setores censitários
que pioraram de situação, observa-se que 8 ASCs formaram uma faixa continua na área central da
área de estudo (Figura 3).
Quanto à questão da universalização do serviço de saneamento básico na bacia ambiental,
contribui com a melhora a qualidade de vida da população, bem como a proteção ao meio ambiente
urbano. Pois, melhorando a salubridade ambiental nessa região, certamente diminuirão a incidência
de doenças e as internações hospitalares.
No tocante aos recursos hídricos existentes na região em estudo, reitera-se a importância
do saneamento ambiental por garantir a qualidade da água existente nos recursos hídricos e nos
solo.
Finalmente, melhorando a qualidade ambiental, o município torna-se atrativo para
investimentos externos, podendo inclusive desenvolver sua vocação turística nas APA’s do
Engenho Pequeno e de Guapimirim.
3
Aglomerados dos Setores Censitários (ASCs) = Clusters dos Setores Censitários (CSCs) Î É a unidade espacial de planejamento urbano, que
possui como uma das principais vantagens, poder representar espacialmente a ocorrência dos fenômenos ocorridos entre 1980 e 2000 (p.ex.:
representação espacial e temporal dos dados censitários) no mesmo território AZEVEDO et al (2004). As palavras aglomerados ou clusters no texto,
têm o mesmo significado de ASCs.
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EVOLUÇÃO
do IQV EVOLUÇÃO
1980 / 1991 do IQV
1991 / 2000
EVOLUÇÃO
do IQV
1980 / 2000
Figura 3 – Evolução das condições de qualidade de vida nos Aglomerados de Setores Censitários
entre os Censos Demográficos de 1980, 1991 e 2000, Segundo a bacia ambiental do
Rio Imboassú
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CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Como se pode perceber, os resultados dos IQV’s entre 1980 e 2000, foram bastante
satisfatórios através da utilização da metodologia de Azevedo et al. (2004), por proporcionar um
melhor conhecimento das diferenças espaciais e temporais existentes na área de estudo.
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Lima, Obéde Pereira de; CORDINI, Jucilei. Os municípios brasileiros de pequeno porte e o Plano
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