Você está na página 1de 12

ANA CAROLINA FERNANDES DE

OLIVEIRA
MATRÍCULA 03-93631

ESCOLA GUIGNARD
Licenciatura em Artes Plásticas

Pesquisa patrimônio histórico


de manifestação cultural afro brasileira

Cultura Afro-Brasileira
Bárbara Oliveira Ahouagi

BELO
HORIZONTE
2023

Reconhecendo e exaltando a
cultura afro-brasileira

O Brasil tem mais de 520 anos e sua história tem muita contribuição dos africanos e
seus descendentes na formação cultural do nosso país. É um legado vivo e marcante
no nosso dia-a-dia. Porém, nos registros oficiais de memória histórica vem caindo no
esquecimento.

o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em em seus 86 anos


de existência, registrou o tombamento de mais ou menos 380 bens culturais materiais
do Brasil - sendo apenas 13 que fazem parte da cultura afro-brasileira. O que
representa menos de 4% do total, considerando que os afrodescendentes representam
56,1% da população do país.

PATRIMÔNIOS MATERIAIS AFRO-BRASILEIROS*


Reconhecidos pelo Iphan entre os anos de 1938 e 2018
Museu de Magia Negra (RJ - 1938)

Serra da Barriga União dos Palmares (AL - 1986)

Terreiro da Casa Branca Ilê Axé Iyá Nassô Oká (BA - 1986)

Terreiro do Axé Opô Afonjá (BA - 2000)


Terreiro Casa das Minas Jeje (MA - 2005)

Terreiro de Candomblé Ilê Iyá Omim Axé Iyamassé/Gantois (BA - 2005)

Terreiro do Alaketu, Ilê MaroiáLáji (BA - 2004)


Terreiro de Candomblé do Bate-Folha (BA - 2005)

Terreiro de Candomblé Ilê Axé Oxumaré (BA - 2014)

Terreiro Zogbodo Male Bogun Seja Unde/Roça do Ventura (BA - 2015)


Terreiro Culto aos ancestrais - Omo Ilê Agbôulá (BA - 2015)

Terreiro Tumba Junsara (BA - 2018)

Terreiro Ilê Obá Ogunté Sítio Pai Adão (PE - 2018)

Otair Fernandes de Oliveira, pesquisador e professor do programa de pós-graduação


em patrimônio, cultura e sociedade da Universidade Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ),
diz que:
“Ao longo do processo de colonização, as culturas dos povos africanos foram
represadas, silenciadas, aniquiladas e subalternizadas, submetidas à cultura
hegemônica dos colonizadores europeus.
Esses povos escravizados e seus descendentes desenvolveram processos de criação,
reinvenção e recriação da memória cultural, preservando laços mínimos de identidade,
cooperação e solidariedade [com seus povos de origem].”
Regina Lucia Santos coordenadora do Movimento Negro Unificado (MNU) em São
Paulo, fala que o racismo no Brasil é uma ideologia de poder e opressão, o que explica
a ausência quase total de bens da cultura afro-brasileira na memória construída pelo
Iphan. “É simbólico que o primeiro tombamento [feito pelo Iphan] se chame Museu
de Magia Negra, pois dá a noção do que se pensa sobre a nossa produção cultural”.
Os terreiros de religiões de matriz africana são fontes de cultura que influenciaram a
linguagem, a cultura, a culinária e o folclore brasileiro. Além de preservar, pela
oralidade, a história de muitos territórios”, afirma Regina.

A partir de 2000, o Iphan passou a reconhecer também bens imateriais como parte do
patrimônio histórico do Brasil. Onde as manifestações artísticas, atividades, festas,
tradições e bens intangíveis da cultura afro-brasileira têm chances de ser reconhecidas.

PATRIMÔNIOS IMATERIAIS AFRO-BRASILEIROS


Reconhecidos pelo Iphan entre 2004 e 2017

Samba de Roda do Recôncavo Baiano (2004)

Ofício de Baiana de Acarajé (2005)

Jongo do Sudeste (2005)


Tambor de Crioula (2007)

Matrizes do Samba no Rio de Janeiro: partido-alto, samba de terreiro e samba-


enredo (2007)

Ofício dos Mestres de Capoeira (2008)


Roda de Capoeira (2008)

Complexo Cultural do Bumba meu boi do Maranhão (2010)

Festa do Senhor Bom Jesus do Bonfim (2013)

Maracatu Nação (2014)


Maracatu Baque Solto (2014)

Cavalo Marinho ( 2014)

Caboclinho (2016)

Conclusão

A discussão sobre o patrimônio cultural afro-brasileiro é importante na medida em que


atinge a questão étnico-racial. São várias as possibilidades de combate ao racismo na
sociedade em articulação com as representações criadas em grupos sociais que
compõem a nação.

Ampliando a visibilidade sobre as manifestações populares, afro-brasileiras,


permitimos o surgimento de uma nova frente de discussão sobre os problemas raciais
que envolvem a elaboração e reelaboração cultural das populações afro-brasileiras e
dos demais envolvidos aos bens culturais pertencentes a esse universo.
Claro que não podemos esperar que uma política cultural possa resolver outras
dificuldades que atingem as populações afro-brasileiras, mas podem contribuir para
dar visibilidade a esses grupos e possibilitar, um conjunto de ações a outras instâncias
governamentais, ampliando alguns direitos sociais que dialoguem com a política
patrimonial.
Finalizo esse trabalho com a sensação de ter conseguido abrir um campo interessante
no campo do patrimônio cultural, Porém, ainda hoje necessita de mais visibilidade e
atenção dentro da própria instituição: o Patrimônio Cultural Afro-brasileiro.

Referências:
Dossiê Final das Atividades da Comissão e do Grupo de Trabalho de Patrimônio
Imaterial. Departamento de Patrimônio Imaterial/Iphan, 2003.

https://youtu.be/XIXbotwyicE
https://leia.org.br/o-patrimonio-cultural-afro-brasileiro-apagamento-e-resistencia/

IPHAN. Revista do Patrimônio, nº 35. 2017.

Você também pode gostar