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Índice

1. Introdução...........................................................................................................................2

2. As formas de Estado...........................................................................................................3

2.1. O Estado unitário: O Estado unitário centralizado e o Estado unitário regional.........3

2.2. O Estado complexo. A união real. As federações........................................................5

3. Os fins do Estado................................................................................................................6

3.1. As funções do Estado..................................................................................................7

4. Poderes do Estado...............................................................................................................9

4.1. Conceito.....................................................................................................................10

4.2. Formalismo e funcionalismo.....................................................................................10

5. Conclusões........................................................................................................................11

6. REFERÊNCIAS...............................................................................................................12

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1. Introdução

O fenômeno jurídico contemporâneo já não apresenta a mesma conformação de tempos atrás.


Uma análise do contexto global posterior à Segunda Guerra Mundial revela que dentre os
temas mais relevantes discutidos no meio jurídico estão o caráter normativo dos princípios, o
papel exercido pela jurisdição constitucional, o desenvolvimento de renovadas categorias
hermenêuticas e a necessária efetividade dos direitos fundamentais, inclusive sociais, os
quais, em sua acepção objetiva, podem ser entendidos como os valores básicos inspiradores
de toda a ordem normativa.

Os estudos relacionados àqueles temas acabam por congregar diversos doutrinadores em


torno de uma teoria do direito que se tem denominado de neoconstitucionalismo. Longe de
consistir em uma teoria perfeitamente acabada e dotada de homogeneidade entre os seus
integrantes, esta visão contemporânea do direito tem exercido forte influência nos sistemas
jurídicos de diversos países.

Como não poderia deixar de ser, esta tendência de atualização dos métodos de trabalho do
direito como um todo influenciou, de maneira inevitável, o âmbito do Direito Processual, cuja
Teoria Geral e respectivos conceitos têm passado por uma necessária redefinição, que se
destina a contribuir com o aprimoramento da compreensão e aplicação práticas do Direito
Processual, especialmente através da adoção de preceitos claramente influenciados pelos
valores constitucionais.

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2. As formas de Estado

Deve ser tida em consideração a distinção entre Estado unitário e o Estado complexo, com
base na existência de um ou mais poderes políticos no mesmo Estado (sendo que, qualquer
caso, só um deles é soberano).

O critério que está assim, na base da distinção é o do modo de o Estado dispor o seu poder
em face de outros poderes de igual natureza (em termos de coordenação e subordinação) e
quanto ao povo e ao território (que ficam sujeitos a um ou a mais de um poder político).

2.1. O Estado unitário: O Estado unitário centralizado e o Estado unitário


regional

No Estado unitário deve ser feita a distinção entre Estado unitário centralizado e Estado
unitário regional. No primeiro, existe apenas um poder político estadual, enquanto no
segundo existe um fenómeno de descentralização política.

A descentralização política sempre a nível territorial: são provinciais ou regionais que se


tornam politicamente autónomas por os seus órgãos desempenharem funções políticas,
participarem ao lado dos órgãos estaduais, no exercício de alguns poderes ou competências
de carácter legislativo ou governativo.

As experiências de regionalismo político são recentes e remontam à Constituição espanhola


de 1931 e à italiana de 1947.

O Estado unitário regional tem na base uma situação e descentralização política que se traduz
na atribuição a entidades infraestaduais de poderes ou funções de natureza política, relativas à
definição do interesse público ou a tomada de decisões políticas (designadamente, de
decisões legislativas).

Segundo o prof. Jorge Miranda, existem várias categorias de Estados regionais:

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a) Estado regional integral – aquele em que todo o território se divide em regiões
autónomas e Estado regional parcial – aquele em que o território não está todo
dividido em regiões autónomas e em que encontram-se regiões politicamente
autónomas e regiões ou circunscrições só com descentralização administrativa,
verificando-se pois, diversidade de condições jurídico-políticas da região para região;
b) Estado regional homogéneo – aquele em que a organização das regiões é, senão
uniforme, idêntica (a mesma no essencial para todos) e Estado regional heterogéneo –
aquele em que a organização das regiões “… pode ser diferenciada ou haver regiões
de estatuto comum das regiões de estatuto especial;
c) Estado com regiões de fins gerais – aqueles em que as regiões são constituídas para a
prossecução de interesses (e, em princípio, de todos os interesses) específicos das
pessoas ou das populações de certas áreas geográficas e Estado com regiões de fins
especiais – aqueles em que a descentralização política regional e moldada em razão de
algum ou alguns interesses específicos (v.g. interesses culturais) e é, porventura,
mesmo a partir da comunidade desses interesses que se recortam os territórios
regionais.

2.2. O Estado complexo. A união real. As federações.


No Estado complexo deve ser feita a distinção entre união real e federação. Na primeira,
existe uma estrutura de poderes políticos sobrepostos, enquanto na segunda existe uma
estrutura de fusão de poderes políticos das entidades componentes.

A união real

Na união real, estamos em presença de uma associação ou união de Estados, que dá lugar à
criação de um novo Estado, na qual alguns dos órgãos dos Estados associados passam a ser
comuns.

Em conformidade, a união real é baseada na fusão ou na colocação em comum de alguns dos


órgãos dos Estados que a constituem, de tal modo que fica a haver, ao lado dos órgãos
particulares de cada Estado, um ou mais órgãos comuns (pelo menos, o Chefe de Estado é
comum) com os respectivos serviços de apoio e execução. Exemplos de união real: Portugal e
Brasil de 1815 a 1822, a Suécia e a Noruega de 1815 a 1905 e a Áustria e a Hungria de 1867
a 1918.

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Distinguir a união real da união pessoal, que é a situação em que o Chefe de Estado é comum
a dois Estados, embora somente a título pessoal e não orgânico; o que é comum é o titular do
órgão e não o próprio órgão. Exemplo de união pessoal: Portugal e Espanha de 1580 a 1640.

 As federações

Na federação, estamos em presença de uma associação ou união de Estados, que dá lugar à


criação de um novo Estado, e em que surgem novos órgãos de poder político sobrepostos aos
órgãos dos Estados federados.

Em conformidade, para o prof. Jorge Miranda, o Estado federal ou federação é baseado numa
dualidade:

a) Por um lado, numa estrutura de sobreposição, a qual recobre os poderes políticos


locais (isto é, dos Estados federados), de modo a cada cidadão fica simultaneamente
sujeito a duas Constituições - a federal e a do Estado federado a que pertence – e ser
destinatário de actos provenientes de dois aparelhos de órgãos legislativos,
governamentais, administrativos e jurisdicionais;
b) e, por outro lado, numa estrutura de participação, em que o poder político central
surge como resultante da agregação dos poderes políticos locais, independentemente
do modo de formação: donde a terminologia clássica de “Estado de Estados”.

A federação tem na sua origem uma Constituição federal, resultante do exercício de um poder
constituinte autónomo, que contem o fundamento de validade e de eficácia do ordenamento
jurídico federativo; e é ele que define a competência das competências.

Distinguir federação de confederação que é uma associação de Estados em que os Estados


participantes limitam a sua soberania em determinadas matérias em resultado de um tratado
internacional com esse objectivo.

Nestes termos, “do pacto confederativo resulta uma entidade a se, com órgãos próprios (pelo
menos, uma assembleia ou dieta confederal). Não chega a emergir um novo poder político ou
mesmo uma autoridade supraestadual com competência genérica”.

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3. Os fins do Estado

Os fins do Estado são objectivos prosseguidos pelo poder político do Estado. São
normalmente considerados três fins do Estado: segurança, justiça e bem-estar.

 A segurança, tem várias facetas: a segurança interna, ou ordem interna, e a segurança


externa, ou defesa da colectividade perante o exterior; a segurança individual,
proporcionada pela definição, através de normas jurídicas executadas pelos órgãos do
Estado, dos Direitos e deveres reconhecidos a dado cidadão, e a segurança colectiva,
enquanto realidade que envolve toda a comunidade considerada.
 A justiça visa a substituição, nas relações entre os homens, dos arbítrios por um
conjunto de regras capaz de consensualmente estabelecer uma nova ordem e, assim
satisfazer uma aspiração por todos sentidos.

Deve ser tida em consideração a distinção entre:

 Justiça comutativa – parte de uma ideia de igualdade abstracta e formal, que em


paridade de circunstâncias, exige igualdade de tratamento e equivalência de
prestações e contraprestações.
 Justiça distributiva – parte de uma ideia de igualdade material, o que implica que se
forem desiguais as características ou a situação em que cada um se encontra, a
igualdade terá de ser reposta pelo recurso à proporcionalidade ou a critérios de
equitativa compensação, pois nada há de mais injusto, acentuava-o já Aristóteles, do
que tratar como igual o que é desigual.

3.1. As funções do Estado

As funções do Estado como actividades desenvolvidas pelos órgãos do poder político do


Estado, tendo em vista a realização dos objectivos que se lhes encontram constitucionalmente
cometidos.

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O prof. Marcelo Rebelo de Sousa, citado por Bastos (1999) propõe um esquema
hierarquizado das funções do Estado:

 Em primeiro lugar, a função constituinte, através da qual o poder político define as


regras essenciais da existência colectiva criando a lei das leis, a Constituição;
 Em segundo lugar, a função de revisão constitucional, através da qual vai revendo a
Constituição para a adaptar ao devir colectivo;
 Em terceiro lugar, as funções independentes, principais ou primárias, constituídas por:
 A função política que traduz-se na definição e prossecução pelos órgãos do
poder político dos interesses essenciais da colectividade, realizando, em cada
momento, as opções para o efeito consideradas mais convenientes;
 E, em quarto lugar, as funções dependentes, subordinadas ou secundárias, constituídas
por:
 A função jurisdicional que “…consiste no julgamento de litígios, resultantes de
conflitos de interesses privados, ou público e privados, bem como a punição da
violação da Constituição e das leis, através de órgãos entre si independentes,
colocados numa posição de passividade e imparcialidade, e cujos titulares (os
juízes) são inamovíveis e, em princípio não podem ser sancionados pela forma

4. Poderes do Estado

A teoria da separação dos Poderes de Montesquieu, na qual se baseia a maioria dos Estados
modernos, afirma a distinção dos três Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e suas
limitações mútuas. Por exemplo, em uma democracia parlamentar, o legislativo (Parlamento)

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limita o poder do executivo (Governo): este não está livre para agir à vontade e deve
constantemente garantir o apoio do Parlamento, que é a expressão da vontade do povo. Da
mesma forma, o poder judiciário permite fazer contrapeso a certas decisões governamentais
(especialmente, no Canadá, com o poder que a Carta dos Direitos e Liberdades da Pessoa
confere aos magistrados).

O conceito da separação dos Poderes, também referido como princípio de trias política, é um
modelo de governar cuja criação é datada da Grécia Antiga. A essência desta teoria se firma
no princípio de que os três Poderes que formam o Estado (poder legislativo, executivo e
judiciário) devem atuar de forma separada, independente e harmônica, mantendo, no entanto,
as características do poder de ser uno, indivisível e indelegável.

4.1. Conceito

Aliada a essa visão, aqueles que historicamente advogavam em nome do constitucionalismo


foram enfáticos em reconhecer o papel estratégico a ser desempenhado por uma estrutura
governamental na sociedade; contudo, atentaram também para o fator essencial de se limitar e
controlar o exercício desse poder.

Dentre todas as teorias políticas que visaram a amenizar essa dicotomia relevância da
função/limitação de poder a doutrina da "separação dos Poderes" foi a mais significativa,
vindo a influenciar diretamente os arranjos institucionais do mundo. Adquirindo, inclusive, o
status de um arranjo que virou verdadeira substância no curso do processo de construção e de
aprimoramento do Estado de Direito, a ponto de servir de "pedra de toque" para se afirmar a
legitimidade dos regimes políticos.

4.2. Formalismo e funcionalismo

No estudo da etimologia do conceito, Vile demonstrou que, simplesmente enquanto teoria do


governo, a "separação de Poderes" falhou abruptamente em proporcionar a estabilidade do
sistema político. Sendo assim, a esse conceito — e com o passar dos anos – foram
combinadas outras ideias da área política, tais como a teoria do "governo misto", "ideia de
balanço" e a concepção de pesos e contrapesos (ou controlos e equilíbrios, de checks and
balances, em inglês); culminando no complexo de teorias constitucionais que dão o substrato
teórico para os modernos sistemas políticos.

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5. Conclusões.

Não obstante a resistência de parte relevante da doutrina quanto à aceitação dos pressupostos
teóricos do neoconstitucionalismo e do neoprocessualismo, pode-se concluir que na verdade,
em sua maioria, as críticas levantadas se dirigem mais ao aspecto terminológico do que
propriamente à metodologia de trabalho adotada por aquelas teorias.

Fato facilmente observável é que o panorama constitucional e também o processual foram


recentemente alvo de fortes influências exercidas pela reaproximação entre o Direito e a
moral, bem como pelo papel central exercido pelos direitos fundamentais no Estado
Constitucional contemporâneo.

Demonstrou-se que a configuração contemporânea do Direito Processual é composta por


conceitos como o direito fundamental a uma tutela jurisdicional justa, efetiva e célere, bem
como o da cooperação processual para a construção de uma decisão constitucionalmente
adequada. Impõe-se, portanto, o esforço no sentido da previsão legislativa e do manejo
judicial adequado de técnicas e instrumentos processuais hábeis à adequada tutela dos direitos
fundamentais discutidos no caso concreto.

Mais revelador do que o próprio uso do termo neoprocessualismo, mostrou-se o


reconhecimento de que esse renovado panorama processual decorre da atualização de
diversos institutos e instrumentos processuais aos preceitos constitucionais, que, cada vez
mais, se voltam para a efetividade dos direitos. Como consequência, o neoprocessualismo,
ainda que não venha a ser entendido como teoria processual autônoma, há que ser
reconhecido ao menos como uma consequência da tendência de constitucionalização do
processo e, nesse sentido, deve continuar trazendo renovação para a ciência processual, tendo
como um dos seus desafios o necessário equilíbrio entre a instrumentalidade e o garantismo
processuais.

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6. REFERÊNCIAS

ALEXY, Robert. Teoria da argumentação jurídica: a teoria do discurso racional como teoria
da fundamentação jurídica. Trad. Zilda Hutchinson Schild Silva. 3ª ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2011.

BARCELLOS, Ana Paula de. Neoconstitucionalismo, direitos fundamentais e controle de


políticas públicas. In: Revista Diálogo Jurídico – nº 15 – jan / fev / mar de 2007 – Salvador:
2007.Disponível em . Acesso em: 18 jun. 2013.

BARROSO, Luís Roberto. Fundamentos teóricos e filosóficos do novo direito constitucional


brasileiro (pós-modernidade, teoria crítica e pós-positivismo). In: BARROSO, Luís Roberto
(Org.). A nova interpretação constitucional: ponderação, direitos fundamentais e relações
privadas. 2ª ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2006.

______. Neoconsituicionalismo e constitucionalização do Direito (o triunfo tardio do Direito


Constitucional no Brasil. Revista Eletrônica sobre a reforma do Estado RERE. Salvador,
Instituto Brasileiro de Direito Público, nº. 9, março/abril/maio 2007. Disponível em: . Acesso
em: 01 mar. 2013.

______. O direito constitucional e a efetividade de suas normas. 5ª ed. Rio de Janeiro:


Renovar, 2001. BARROSO, Luís Roberto; BARCELLOS, Ana Paula de. O começo da
história: A nova interpretação constitucional e o papel dos princípios no direito brasileiro. In:
BARROSO, Luís Roberto (Org.). A nova interpretação constitucional: ponderação, direitos
fundamentais e relações privadas. 2ª ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2006.

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