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26 e 27 de outubro, 2017
Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil
CEPAN/UFRGS
Porto Alegre – 2018
Comissão Organizadora do Evento – 2017
Coordenação:
Prof. Marcelino de Souza
Organização:
Alexandre Afonso Meyer Fabiano da Silva Ferreira
Alice Munz Fernandes Heitor Vieira Rios
Profª. Ana Cláudia Machado Padilha Jamir Rauta
Ana Paula A. Lima Ferreira Prof. Jefferson Andronio Ramundo Staduto
Andreia Maria Liberalesso Juliano Garrett Galvão
Ângela Cristina Alberello Marins Profª. Kelly Lissandra Bruch
Caeverton de Oliveira Camelo Profª. Leticia de Oliveira
Cainã Lima Costa Lucas Teixeira Costa
Caroline Brasil Saraiva Maria Antônia Ramos Pires
Caroline Soares da Silva Marco Siegmundo Goldmayer
Prof. Christian Bredemeier Marcos Vinícius Araujo
Claussia Neumann da Cunha Martiele Cortes Borges
Débora Tonon Scheiner Miguel Angel Chinchon Perez
Deise de Oliveira Alves Rodinaldo Severo Goularte
Prof. Edson Talamini Tiago Reginaldo Zagonel
IMPORTANTE
Todo conteúdo, direitos autorais, formato de publicação, eventuais erros e divergências de
conceitos são de plena responsabilidade dos autores. A comissão organizadora deste evento
está apenas reproduzindo de forma integral os arquivos submetidos.
SUMÁRIO
Análise da transmissão de preços entre a taxa de câmbio para o preço internacional do complexo
soja (2000-2017)………………………………………………………………………………….49
Mercado e formação do preço dos herbicidas no Brasil: uma análise econométrica com base em
informações primárias coletadas na Mesorregião Noroeste Rio-Grandense……………………...57
A geração de empregos formais pela cadeia produtiva da soja no Rio Grande do Sul no período
2002- 2015………………………………………………………………………………………111
Avaliação do impacto da adoção de boas práticas agropecuárias no manejo de ordenha sobre a CBT
e CCS do leite……………………………………………………………………………………230
Análise da cooperação nos arranjos cooperativos do agronegócio: o caso dos produtores rurais
associados às cooperativas do norte do RS………………………………………………………289
O papel das redes sociais para o desenvolvimento local: um estudo na Rede de Cooperativas da
Agricultura Familiar……………………………………………………………………………..313
E-commerce como canal de comercialización de productos orgánicos: estudio de caso del proyecto
“Ecomercado-Perú”……………………………………………………………………………..321
Resumo. Os avanços da tecnologia e dos dispositivos de armazenamento de dados proverão um grande volume
de dados. Os desafios surgem quando é necessário extrair informações destes dados brutos que sejam relevantes
e uteis na tomada de ações e em processos decisórios. Neste presente trabalho é abordado o uso de técnicas de
mineração de dados para a análise de indicadores de dimensões econômica, social, ambiental e produtiva de
propriedades rurais de um município da região noroeste do Rio Grande do Sul. 54 propriedades rurais do
município de Derrubadas foram escolhidas para este estudo de caso por serem consideradas como prioritárias
para intervenção com políticas públicas. O propósito é construir um modelo preditivo que determine o índice de
desenvolvimento das unidades de produção que um produtor de leite se enquadra com base nos valores dos
indicadores e determinar quais destes são os mais relevantes nesta categorização. Os resultados deste trabalho
podem apontar as razões das altas ou baixas médias de produção de leite deste município, direcionando ações e
políticas públicas que auxiliem os produtores de leite.
Palavras-chave: Propriedades, mineração, indicadores.
1 Introdução
equivale a R$ 4,2 bilhões por ano, o que representa R$ 8,5 milhões por ano para cada um dos
497 municípios gaúchos. O volume total de leite é de 4,5 milhões de litros de leite. Cada
propriedade no RS gera em média uma renda estimada em R$ 2.210, 48 por mês (EMATER,
2017). A produção de leite é a condição de atividade estratégica para a agricultura familiar, por
colaborar para o desenvolvimento de muitas regiões do RS, pelo importante papel na
composição da renda dos agricultores/as no processo de desenvolvimento econômico e social
do país (EMATER, 2013).
A pecuária de leite, além de sua grande importância econômica, apresenta aspectos
sociais relevantes, em função principalmente de proporcionar condições de vida e trabalho para
uma grande quantidade de famílias no meio rural. Na Região Noroeste há uma preocupação
com relação ao êxodo rural e ao futuro dos agricultores familiares, já que na maioria dos casos
a sucessão familiar está muito ameaçada (SILVA et al., 2016). Esta região é a principal
produtora de leite do estado (Figura 2).
Nesta região observa-se que os agricultores que estão localizados no Corede Celeiro
(Figura 3) estão entre os mais pobres do estado. Em torno de 11% das famílias de baixa renda
ou de extrema pobreza estão no meio rural. O que reforça o entendimento do alto grau de
pobreza deste Corede é a posição que os municípios ocupam no ranking do PIB estadual. Neste
Corede estão os municípios com os piores índices do estado.
Neste sentido, a Emater/RS realizou um diagnóstico de propriedades com agricultura
familiar atendendo a chamada pública SAF/ATER nº 07/2013, Lote 23 da secretaria da
agricultura familiar vinculada ao ministério do desenvolvimento agrário com vistas ao
desenvolvimento sustentável das Unidades de Produção Familiar com atividade leiteira
identificadas como prioritárias. O trabalho contou com uma equipe de extensionistas vinculados
aos 24 escritórios municipais (Figura 4) - correspondendo aos municípios integrantes deste Lote
- bem como técnicos do escritório regional de Ijuí, além do apoio de técnicos do Escritório
Central. Os fatores econômicos não são os únicos que podem garantir a permanência do
produtor na atividade. Apesar da sua importância, segundo Ferraz (2003), na avaliação da
sustentabilidade outras dimensões devem ser consideradas a fim de que por meio de indicadores
possam ser analisados os fatores intrínsecos da atividade em cada uma dessas dimensões e
também de suas inter-relações. A carência de indicadores que auxiliem no planejamento dos
agricultores e entre os técnicos constitui um dos grandes desafios a serem superados pela
pesquisa (MARCO REFERENCIAL EM AGROECOLOGIA, 2006).
Neste sentido, para realização deste estudo foi utilizada a versão beta do método para
análise sistêmica e evolução temporal de indicadores que está em fase de desenvolvimento e
validação pela Embrapa e Emater/RS. O método tem como objetivo permitir identificar os
gargalos e principais aspectos que estão estagnados e não avançam; aumentar a eficiência na
coleta, registro e processamento das informações e melhorar o conhecimento sobre territórios.
Na sua concepção serão criados parâmetros específicos que permitem verificar o
comportamento instantâneo e a dinâmica de variação dos indicadores ao longo do tempo.
Espera-se também que as informações geradas pelo instrumento constituam um subsídio
importante para a ação da assistência técnica e extensão rural (ATER), e para trabalhos de
pesquisa que buscam sistemas de produção mais sustentáveis.
Fonte: Atlas Socioeconômico do Rio Grande do Sul, Fonte: Atlas Socioeconômico do Rio Grande do Sul,
2017. 2017.
Figura 3 - Mapa do Corede Celeiro Figura 4 - Localização geográfica dos municípios
pertencentes ao Lote 23 da Chamada Pública
SAF/ATER nº 07/2013.
2 Material e Métodos
produção de leite por vaca e controle leiteiro. Esses indicadores foram uma amostra dos
presentes no questionário que foram selecionadas pela Emater a fim de abastecer o método em
desenvolvimento. Essas informações foram armazenadas e processadas por uma planilha em
Excel.
A aquisição dos dados foi feita com o objetivo de extrair características ou reconhecer
padrões sobre estes produtores. Para a extração de padrões, foram utilizados classificadores.
Para a construção dos classificadores, foram executadas as etapas do processo de DCBD através
da IDE (ambiente de desenvolvimento integrado) RStudio e da linguagem R (FAYYAD,
PIATETSKY-SHAPIRO, SMYTH, 1996). O RStudio é uma ferramenta open source que
funciona nos sistemas operacionais Linux, Windows e Mac OS (RStudio, 2017). Ela possui
ferramentas e bibliotecas para plotagem de gráficos, cálculos estatísticos, além de diversos
algoritmos de mineração de dados.
O pré-processamento de dados constitui as etapas iniciais do processo de DCBD.
Apenas foram executadas as etapas 1, 3 e 4. A etapa 2, integração dos dados, não foi executada,
pois tem-se como única fonte de dados uma planilha eletrônica (.xls). O público-alvo da
pesquisa foram 60 produtores de leite do município de Derrubadas no ano de 2014 e 54 nos
anos de 2015 e 2016. Neste trabalho, foram analisados apenas os dados do ano de 2016.
Inicialmente, os indicadores coletados foram normalizados em valores de 0 a 1 através
de um processo de interpolação com valores de referência da região obtidos com especialistas.
O objetivo é padronizar os dados para facilitar a análise e visualização dos dados e, ainda,
permite a aplicação de algoritmos específicos de mineração de dados.
A etapa 1 consistiu da limpeza dos dados. Havia uma coluna que não possuía dados
válidos para a análise, portanto, foi eliminada e a planilha foi salva em uma nova versão.
A etapa 3 consistiu da seleção dos dados para análise. Foi utilizado o indicador “ID.UPF”
como variável dependente e o restante dos indicadores como variáveis independentes. O
indicador “ID.UPF” é dependente, pois este é a média ponderada dos outros indicadores.
A etapa 4 consistiu da transformação dos dados em padrões apropriados para análise.
Para efetuar essa etapa, foi utilizado o RStudio e a linguagem de programação R. O indicador
“ID.UPF” foi transformado em dado categórico dividido em três faixas. Para determinar as
faixas de valores, foi analisado o histograma deste indicador no ano de 2016, conforme mostra
a figura 5. As categorias “ALTO”, “MÉDIO” e “BAIXO” foram atribuídas, respectivamente,
às faixas de valores [0.00, 0.55], [0.55, 0.625] e [0.625, 1.00].
Figura 8: Relação entre Produção diária de leite, condições das estradas, gestão e ID.UPF.
5 Considerações Finais
Neste trabalho foi analisada a influência dos indicadores no ID.UPF. Pôde-se concluir
que produtores que tem péssimas e razoáveis condições de estradas tendem a ter níveis mais
reduzidos nos outros indicadores. São necessárias políticas públicas que visem auxiliar tais
produtores de leite neste sentido. Também foi apontado que efetuar a gestão econômica e
possuir alta produção diária de leite, além de boas condições de estradas, determina produtores
com altos níveis, em média, em todos indicadores. Como trabalhos futuros, sugere-se:
Uma análise mais aprofundada utilizando algoritmos genéticos para efetuar novas
descobertas de relacionamentos entre indicadores.
Obter mais amostras e dados para otimizar as estimativas dos modelos preditivos.
Referências Bibliográficas
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Disponível em: <http://www.atlassocioeconomico.rs.gov.br/leite>. Acesso em: 16 de setembro de 2017.
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2023/2024, Projeções de Longo Prazo. 5. ed. Brasília: MAPA/ACS, 2014. 100p.
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EMATER, ASCAR-RS, projeto de assistência técnica e extensão rural para promoção da agricultura familiar
sustentável na cadeia produtiva do leite. Porto Alegre, RS, 2013. 108p.
FAYYAD, U. M.; PIATETSKY-SHAPIRO, G.; SMYTH, P.; UTHURUSAMY, R. Advances in Knowledge
Discovery and Data Mining. 1996. AI Magazine, v. 17 n° 3, 1996.
FERRAZ, J.M.G. Proposta Metodológica para a Escolha de Indicadores de Sustentabilidade. In: MARQUES,
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Embrapa Meio Ambiente: 2003. p.59-72.
HAN, J.; KAMBER, M. Data Mining: Concepts and Techniques. 2° ed. Morgan Kauf. Publishers, p. 5–7, 2006.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Disponível em:
<http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?codmun=430632>. Acesso em: 21 de maio de 2017.
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Embrapa Informação Tecnológica, 2006. 70p.
RSTUDIO. RStudio (2017). Disponível em: < https://www.rstudio.com/products/RStudio/> Acesso em: 31 de
agosto de 2017.
SILVA, G. M.; LAMPERT, V. N.; WEILLER, O. H. et al. Indicadores de Sustentabilidade na Visão de
Agricultores Familiares como Instrumento para Gestão de Unidades de Produção com Pecuária de Leite.In:
CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE SISTEMA DE PRODUÇÃO, 11., 2016, Pelotas.
Abordagem sistêmica e sustentabilidade: produção agropecuária, consumo e saúde: anais. Pelotas: SBSP, 2016.
1
Programa de Pós-Graduação em Computação Aplicada (PPGCAP) – Universidade Federal do Pampa
(Unipampa) & Embrapa Pecuária Sul, sandro.camargo@unipampa.edu.br
2
Campus Santana do Livramento - Instituto Federal Sul-Rio-Grandense (IFSUL)
3
Campus Bagé - Instituto Federal Sul-Rio-Grandense (IFSUL)
Resumo. Uma das características típicas da pesquisa científica na era do Big Data é a colaboração, a qual tem se
tornado um elemento fundamental para o progresso científico em diversas áreas do conhecimento humano.
Mensurar o nível destas colaborações é uma tarefa complexa, cujo custo computacional cresce exponencialmente
em função do escopo que se deseja analisar. O presente artigo visa apresentar uma abordagem para identificar e
analisar a evolução da rede de colaboração entre instituições no escopo da pesquisa na ciência do agronegócio no
país, a partir da análise dos artigos publicados nos anais do II, III e IV Simpósio da Ciência do Agronegócio,
ocorridos nos anos de 2014, 2015 e 2016 respectivamente. A abordagem utilizada envolveu a aplicação de técnicas
de Visualização de Dados e Análise de Redes Sociais. As redes de colaboração geradas permitiram identificar o
comportamento histórico das instituições no contexto do Simpósio, enfatizando a característica
predominantemente endógena do evento e a sua dependência da produção oriunda da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul. Espera-se que os resultados aqui apresentados possam fornecer elementos para auxiliar a
organização do Simpósio a aprimorar suas ações de planejamento estratégio e divulgação das próximas edições.
Palavras-chave: Redes, E-science, big data, UFRGS.
Introdução
1 https://www.ufrgs.br/cienagro/
2 Material e Métodos
O presente trabalho utilizou como base os 180 artigos publicados nos Anais do II, III e
IV Simpósio de Ciência do Agronegócio, que estão disponíveis no site do evento 2 . Neste
conjunto de artigos, foram identificados através de uma abordagem não automática: 57
instituições ou empresas sediadas em 13 estados brasileiros, além de duas instituições da
Argentina. Um artigo com autores de duas ou mais instituições diferentes foi considerado como
produto de uma colaboração, de acordo com a abordagem utilizada em Camargo et al. (2017)
e Newman (2004). Tendo-se um artigo qualquer com n instituições, onde n ≥ 2, para a
abordagem de Redes Sociais foram consideradas como colaboração todas as combinações das
n instituições, agrupadas 2 a 2, totalizando Cn,2 colaborações.
Para a visualização interativa de dados georeferenciados foi utilizada a API(Application
Programming Interface) Google Charts 3 , que é um serviço gratuito oferecido pela Google
(ZHU, 2012).
Para a representação das colaborações na forma de uma rede social, foi utilizada a
ferramenta Gephi 0.9.14, que é uma ferramenta gratuita e de código aberto para criação, análise
e exploração de redes complexas (BASTIAN; HEYMANN; JACOMY, 2009). A aplicabilidade
das Redes Sociais para análise de colaboração em uma rede de pesquisa deve-se ao fato de elas
serem uma metáfora amplamente utilizada para representar as relações entre membros de uma
comunidade. A abordagem de Análise de Redes Sociais é um conjunto de técnicas focada no
estudo de uma estrutura social, considerando primariamente os dados dos relacionamentos e o
contexto social dos membros, em detrimento das propriedades dos próprios membros (OTTE;
ROUSSEAU, 2002).
Seguindo a abordagem de Análise de Redes Sociais, uma rede de colaboração pode ser
representada na forma de um Grafo G(N, A), onde N é o conjunto de nós, que aqui representam
as instituições de ensino ou pesquisa, e A é o conjunto de arestas, tendo-se que cada aresta az é
um subconjunto de N com apenas dois elementos (NEWMAN, 2010). O tamanho do nó é
diretamente proporcional ao número de artigos em que algum filiado da instituição foi coautor.
As arestas do grafo foram definidas por A(nx, ny) onde nx e ny são instituições parceiras em um
artigo publicado. Para cada vez em que um par de instituições parceiras se repete, a espessura
desta aresta é incrementada no grafo.
A Figura 1a apresenta uma análise preliminar da quantidade de colaborações
identificadas nos 180 artigos publicados nas últimas três edições do Simpósio, sendo 69 artigos
publicados no ano de 2014, 52 em 2015 e 59 em 2016. Neste contexto, 117 dos artigos foram
escritos por coautores pertencentes a uma única instituição. Com participação de coautores de
duas, três e quatro instituições, foram identificados 45, 15 e 3 artigos, respectivamente. Assim,
verifica-se que em aproximadamente 65% dos artigos publicados não houve colaboração entre
instituições, mostrando o grande potencial para aumento de interação nas pesquisas na área de
Ciência do Agronegócio, no contexto deste evento.
2 https://www.ufrgs.br/cienagro/anais/
3 https://developers.google.com/chart/interactive/docs/
4 https://gephi.org/
Figura 1 – Quantidade de instituições por trabalho (a) e Quantidade de trabalhos por instituição
(b)
a) b)
Fonte: Autoria própria.
A partir da análise da filiação de cada um dos coautores dos artigos, foi gerada a Figura
1b, que apresenta a frequência de participação das instituições nos artigos publicados. A figura
mostra que a abordagem estatística considerou, como dados discrepantes, as situações da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e Universidade
Federal de Pelotas (UFPEL), no ano de 2014, tendo participado de 24, 12, 9 e 6 artigos,
respectivamente. No ano de 2015, somente foi considerada discrepante a quantidade de artigos
da UFRGS. Já no ano de 2016, as situações da UFRGS e UFSM, com 28 e 10 trabalhos são
discrepantes. Tomando-se Q1 como o quartil inferior, Q3 como o quartil superior e d como a
distância interquartílica, dada por d = Q3 − Q1, foram considerados como dados discrepantes
aqueles valores menores que Q1 − 1,5d ou maiores que Q3 + 1,5d. A participação das demais
instituições estaria em um patamar estatisticamente aceitável, estando envolvidas com cinco ou
menos artigos.
Assim, meramente a análise estatística da quantidade de participações, já indicaria
evidências das instituições que mais se sobressaem no contexto da pesquisa na área de Ciência
do Agronegócio. A expressiva participação da UFRGS é potencializada pelo fato do evento ter
uma origem endógena na instituição. Tais evidências mostram que o fortalecimento do evento
deve passar pela criação de parcerias com pesquisadores de outras instituições que desenvolvam
pesquisas na área e que possam participar mais ativamente na organização do simpósio.
Foi também realizada uma análise sobre as cidades dos autores principais dos artigos, a
fim de buscar evidências georeferenciadas sobre a pesquisa na área de Agroinformática. Neste
sentido, a Figura 2 permite identificar uma concentração no desenvolvimento de artigos nas
regiões sul e sudeste do país. Artigos produzidos por autores principais das regiões Norte e
Nordeste foram raros. Corroborando com os resultados apresentados na Figura 2, as cidades
com maior contribuição na produção de artigos para o evento foram: Porto Alegre (63 artigos),
Santa Maria (14), Pelotas (11) e Júlio de Castilhos (8). As demais cidades eram representadas
por autores principais de seis ou menos artigos.
Figura 2 – Cidades das instituições dos autores principais dos artigos de 2014 (a), 2015 (b) e 2016 (c)
a) b)
c)
Fonte: Autoria própria
3 Resultados e Discussão
A rede social apresentada na Figura 3 mostra que o evento tem a dependência de uma
grande rede de colaboração com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul como elemento
mais central, comprovado pelas principais métricas de centralidade de grafos, tais como
Betweenness e Pagerank.
A Figura 3a, referente ao ano de 2014, mostra que 19 instituições fizeram parte da rede
de colaboração da UFRGS e outras 14 instituições, não. As participações da Embrapa, UFSM
e UFPEL também se destacam das demais. São também identificadas três subredes pequenas,
com duas ou três instituições. Outras cinco instituições não participaram de nenhuma
colaboração. Em relação ao peso das colaborações, foram identificadas as colaborações mais
fortes entre a Embrapa e a Agência Paulista de Tecnologia do Agronegócio (APTA), com seis
trabalhos. Também foram identificadas colaborações fortes entre Embrapa, UFRGS e UFPEL,
com cinco trabalhos em colaboração entre os três possíveis pares entre estas instituições, três
colaborações UFSM-Unipampa, e duas colaborações entre Embrapa-Universidade Federal de
São Carlos (UFSCar). Todas as demais colaborações foram fruto de apenas um trabalho.
Já no ano de 2015, a dominância da rede de colaboração da UFRGS foi menos
representativa, contando com colaborações de outras nove instituições. Outras dezesseis
instituições não participam da rede de colaboração principal. São também identificadas outras
quatro pequenas redes de colaboração, compostas por duas ou três instituições. Como no ano
anterior, outras cinco instituições não participaram de nenhuma colaboração. Em termos de
colaboração, foram identificadas poucas colaborações com dois trabalhos em parceria, sendo
elas UFRGS-Universidade Federal da Grande Dourados, UFRGS-UFSM, UFRGS-UESC e
Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD)-Universidade Federal do Mato Grosso
(UFMT). Também pode ser enfatizada a ausência de participação da Embrapa, que foi uma das
instituições mais produtivas no ano anterior, e também com maior número de trabalhos em
colaboração. Todas as demais colaborações foram fruto de apenas um trabalho. Em termos
gerais, o evento deste ano apresentou uma menor quantidade de trabalhos publicados e uma
menor quantidade de colaborações
Figura 3 – Redes de colaboração nos anos de 2014 (a), 2015 (b) e 2016 (c)
a) b)
c)
Fonte: Autoria própria
No ano de 2016, a rede de colaboração da UFRGS tem uma dominância quase completa
sobre os trabalhos publicados nos anais do evento, totalizando colaborações com outras
dezenove instituições. Apenas quatro instituições não faziam parte da rede de colaboração
principal. Em termos de colaboração, foram três trabalhos em coautoria de UFRGS-UFSM, e
dois trabalhos entre Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro)-Centro
Universitário La Salle, Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos)-Universidade de
Passo Fundo (UPF), Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL)-Universidade
Comunitária da Região de Chapecó (Unochapecó), UFRGS-UFGD, UFRGS-Fepagro,
UFRGS-La Salle.
O tamanho dos nodos na figura é proporcional à quantidade de publicações em que a
instituição esteve envolvida. Nodos maiores indicam que a instituição participou que uma
quantidade maior de publicações em relação aos nodos menores. Já a cor do nodo indica a sua
importância dentro do grafo. Cores mais próximas ao amarelo indicam que o nodo tem maior
métrica de betweenness, ou seja, maior importância dentro do grafo. Cores mais próximas ao
verde indicam que o nodo tem menor métrica de betweenness, ou seja, menor importância
dentro do grafo.
Tais análises mostram um claro potencial de incremento dos trabalhos em parceria com
dentre as instituições que já participaram do evento nas últimas edições. A análise da rede social
de pesquisa também permite evidenciar que a maioria das colaborações tem peso baixo,
tipicamente geradas por um único artigo em parceria.
4 Conclusões
Referências
BASTIAN, M.; HEYMANN, S.; JACOMY, M. Gephi: an open source software for exploring and manipulating
networks. In: International AAAI Conference on Weblogs and Social Media. Menlo Park, California: The AAAI
Press, 2009. v. 8, p. 361–362.
CAMARGO, S. S. et al. Um Panorama da Colaboração Científica na Pesquisa Agroinformática Brasileira. Anais
do Simpósio Brasileiro de Agroinformática (SBIAgro). Campinas, Brasil: 2017.
CECHINEL, C. Scientific collaboration between countries in laclo from a social network analysis perspective. In:
Oitava Conferência Latino-Americana de Objetos e Tecnologias de Aprendizagem. Valdivia, Chile: [s.n.], 2013.
(LACLO 2013).
NEWMAN, M. E. J. Coauthorship networks and patterns of scientific collaboration. Proceedings of the National
academy of Sciences of the United States of America, v. 101, n. suppl 1, p. 5200–5205, 2004.
NEWMAN, M. E. J. Networks: An Introduction. New York, NY, USA: Oxford University Press, 2010.
OTTE, E.; ROUSSEAU, R. Social network analysis: a powerful strategy, also for the information sciences. Journal
of information Science, v. 28, p. 441–453, 2002.
SU, Y. F. Study on the Cooperation Network of Spory Research Papers. Shanghai: Shanghai University of Sport,
2010.
WU, Y.; DUAN, Z. Social network analysis of international scientific collaboration on psychiatry research.
International Journal on Ment Health Syst, v. 9, n. 2, Jan. 2015.
YU, S.-Y.; WANG, H.-M. Scientific collaboration: a social network analysis based on literature of animal-derived
regenerative implantable medical devices. Regen Biomater, v. 3, n. 3, p. 197–203, May 2016.
ZHU, Y. Introducing google chart tools and google maps API in data visualization courses. IEEE Computer
Graphics and Applications, v. 32, n. 6, p. 6–9, Nov. 2012.
1
Centro de Estudos e Pesquisas em Agronegócio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(CEPAN/UFRGS), alicemunz@gmail.com
2
Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS),
odilene_rs@hotmail.com
2
Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), ahsdasilva@gmail.com
41
Centro de Estudos e Pesquisas em Agronegócio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(CEPAN/UFRGS) e Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS),
julio.barcellos@ufrgs.br
Resumo. O uso intensivo de dados tende a maximizar o desenvolvimento dos empreendimentos, sobretudo no
contexto agrícola, onde a segurança e a inocuidade alimentar norteiam o desenvolvimento de políticas públicas e
pauta os avanços em ciência e tecnologia. Com vistas à isso, a pesquisa realizada teve por objetivo analisar os
reflexos e contribuições do Big Data nas atividades agrícolas do setor agropecuário e seus agentes. Para tanto,
empregou-se uma revisão sistemática da literatura a partir das publicações científicas disponíveis na base de
dados Web of Science acerca de tal temática. Os resultados obtidos demonstraram que o interesse dos
pesquisadores sobre o tema aumenta anualmente e que as interfaces de tal fenômeno possuem uma abordagem
sistêmica. Também emergiram distintas manifestações do Big Data, como Internet das Coisas, Plataformas da
Web e protótipos. O mapa mental desenvolvido mediante as transformações que este fenômeno provoca (ou
provocará) no setor agropecuário, demonstrou o surgimento de novos modelos de negócios, suporte a tomada de
decisão, desenvolvimento racional de cadeias produtivas, agricultura e pecuária de precisão, inovação
(tecnológica e organizacional) e, consequentemente, vantagem competitiva.
Palavras-chave: Agronegócio. Informação. Pesquisa e Desenvolvimento. Tecnologia.
Abstract. The intensive use of data tends to maximize the development of enterprises, especially in the
agricultural context, where food security and innocuity guides the development of public policies and guides
advances in science and technology. With this in mind, the research carried out was aimed at analyzing how Big
Data's reflexes and contributions in agriculture and livestock. For this purpose, a systematic review of the
literature was made from the scientific publications available in the Web of Science database on this subject.
The results obtained showed that the interest of the researchers on the subject increases annually and that the
interfaces of such phenomenon have a systemic approach. Also emerged distinct manifestations of Big Data,
such as Internet of Things, Web Platforms and prototypes. The mental map developed through the
transformations that this phenomenon provokes (or will provoke) in agriculture has demonstrated the emergence
of new business models, support decision making, rational development of productive chains, agriculture and
precision livestock, innovation (technological and organizational) and, consequently, competitive advantage.
Keywords: Agribusiness. Information. Research and Development. Technology.
Introdução
O desenvolvimento da internet na década de 70 e sua consequente adoção em escala
mundial nos anos 90, maximizaram a geração de dados empresariais, refletindo na
necessidade de gestão e organização para a obtenção de informações utilizáveis. Nesse
sentido, a disponibilidade de grande quantidade de dados pode fornecer subsídios para o
processo decisório e promover vantagem competitiva (CHEN; CHIANG; STOREY, 2012).
O desenvolvimento acelerado de tecnologias fundamentadas na internet promove o
crescimento exponencial de conjuntos de dados, conhecidos como Big Data (XHAFA;
TANIAR, 2015). Nesse sentido, a convergência entre a computação em rede e em nuvem,
bem como a internet das coisas (HSU; JIN; CAPELLO, 2010) tende a aumentar a escala de
dados em níveis sem precedentes (GUBBI et al., 2013). Assim, paralelamente, tem-se
numerosos desafios e oportunidades (HSU, 2014), ou seja, o Big Data promove o “Big
Impact” (CHEN; CHIANG; STOREY, 2012).
Desse modo, existem benefícios significativos que podem ser obtidos a partir do Big
Data, em âmbito genérico e/ou isolado, em termos de qualidade e desempenho
(HAUPTMAN, 2016). No que concerne as atividades agrícolas, os resultados advindos do
Big Data geralmente são expressos na forma de maximização da produtividade ou de
identificação e correção de falhas e/ou problemas (SENTHILVADIVU et al., 2016).
O Big Data, enquanto fornecedor de dados em tempo real, pode proporcionar uma
análise preditiva acerca de tempo, qualidade do solo e do ar, custos e demais aspectos
concernentes às culturas agrícolas. Nesse sentido, trata-se de uma ferramenta que proporciona
inúmeros benefícios às atividades agropecuárias (JANSSEN et al., 2017), como por exemplo,
agricultura de precisão (SABARINA; PRIVA, 2015).
De acordo com Janssen et al. (2017), os negócios e modelos agrícolas do Século XXI
estão progredindo constantemente mediante o uso intensivo de tecnologia, sobretudo quanto
ao gerenciamento de dados e sua aplicação no processo de decisão. Contudo, tal fenômeno
promove a sofisticação e maximiza a complexidade das fazendas, obrigando o produtor a
igualmente se tecnificar. Caso contrário, o gestor rural não consegue se inserir no mercado de
forma competitiva e ao mesmo tempo lucrativa (PARAFOROS et al., 2016).
Não obstante, a inserção do conceito de Big Data no setor agropecuário também é
considerado como uma forma de responder à crescente demanda e apelos socioambientais,
pautado no tripé do desenvolvimento sustentável (econômico – social – ambiental) (FAO,
2016). Para tanto, tem-se a incorporação de dados acerca dos inputse outputs da produção de
culturas, elasticidade da demanda e oferta, preços das commodities e das tarifas, entre outros
aspectos (KUNG; ZHANG; CHANG, 2017).
Com vistas a isso, a pesquisa realizada teve como objetivo analisar os reflexos e
contribuições do Big Data nas atividades agrícolas. Para tanto, realizou-se uma revisão
sistemática da literatura na base de dados Web of Science, cujo portfólio de estudos
analisados foi obtido mediante a determinação de filtros e critérios de inclusão/exclusão. A
análise de tais publicações foi sintetizada em forma de mapa mental representando as
principais transformações que este fenômeno provoca (ou provocará) no setor agropecuário
mundial.
Procedimentos Metodológicos
A pesquisa realizada configurou-se como qualitativa em relação a sua abordagem e
exploratória no que concerne à sua finalidade, operacionalizada mediante uma revisão
sistemática da literatura. Tal procedimento visa propor premissas fundamentadas a partir do
conhecimento acumulado em determinado conjunto de estudos ou aglomerado de literatura
(GINSBERG; VENKATRAMAN, 1985; VAN AKEN, 2001).
Adotou-se a estrutura pragmática de revisão sistemática da literatura proposta por
Tranfield, Denyer e Smart (2003), composta por três estágios, quais sejam: planejamento;
execução, e; relatórios e divulgação. Cada um destes é integrado por distintas etapas
sequenciais, cujo somatório minimiza a subjetividade e a inserção de vícios implícitos dos
pesquisadores na investigação.
Para compor o portfólio de estudos analisados, realizou-se uma busca na base de dados
Web of Science, adotando como orientação a Lei de Zipf ou Lei do Mínimo Esforço, que
11
6
1
2013 2014 2015 2016 2017
Ano
26
16
6
2014 2015 2016 2017
Ano
Resultados e Discussão
Segundo Hofberger et al. (2014) e Tempelman (2015) o Big Data é empregado para
análise da taxa de rotatividade e seleção de genes NB-LRR, bem como para a predição de
Porto Alegre - RS, 26 e 27 de outubro de 2017
27
Considerações Finais
O Big Data configura-se como um fenômeno eminente que tende a transformar a
sociedade, em todos os seus contextos, sobretudo na forma como os empreendimentos se
organizam e operam. Nesse sentido, a produção e processamento de alimentos é destacada,
haja vista a possível crise alimentar prevista para as próximas décadas. Sob tal enfoque, os
resultados da pesquisa realizada demonstraram a necessidade de mudanças estruturais e
comportamentais para o desenvolvimento das atividades agrícola e pecuária, assim como
enfatizaram os esforços dos investigadores quanto as possíveis contribuições e reflexos do
Big Data em tal ambiência.
Como transformações que este fenômeno provoca ou provavelmente provocará nas
atividades agrícolas, identificou-se o desenvolvimento racional de cadeias produtivas, novos
modelos de negócios, suporte ao processo decisório, agricultura e pecuária de precisão,
inovação tecnológica e organizacional, além de vantagem competitiva. No entanto, aspectos
concernentes a rupturas de modelos vigentes, quebras de paradigmas e mudanças em modelos
mentais e culturais foram observados como imprescindíveis para o fomento destas
transformações.
Contudo, reconhecem-se as limitações da investigação quanto a escolha de uma única
base de dados e a inserção de termos sem variações. Para estudos futuros recomenda-se a
realização de pesquisas empíricas a fim de identificar a percepção dos elos e stakeholders de
distintas cadeias produtivas agroindustriais no que concerne à utilização, vantagens e
desvantagens do Big Data. Também recomenda-se a análise aprofundada dos constructos
emergentes a partir dessa revisão, o que possibilitaria o desenvolvimento de premissas que
posteriormente poderiam ser transformadas em hipóteses e testadas estatisticamente.
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1
Doutoranda de Administração - Universidade Federal do Rio Grande do Sul; aline_jansen@yahoo.com.br
2
Doutorando de Administração - Universidade Federal do Rio Grande do Sul; carlos.oliveira.agri@gmail.com
3
Professor no Programa de Pós-Graduação em Administração - Universidade Federal do Rio Grande do Sul;
antonio.padula@ufrgs.br
Resumo
O Brasil é produtor de uma vasta gama de itens agrícolas, não somente relacionados a commodities, como
também, de conhecimentos, métodos e tecnologias. Dentro dessa conjuntura, a produção e comercialização de
alimentos orgânicos vem apresentando um crescimento representativo dentro do mercado, tanto nacional, quanto
mundial. No cenário atual da agricultura, a digitalização das atividades é apresentada como um novo potencial
de crescimento para os produtores e alguns elementos se destacam: Agricultura de Precisão (AP), “Internet das
Coisas” (IoT), Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) e Big Data. Dentro deste contexto, o objetivo
do presente estudo é compreender como a produção orgânica pode interagir com a digitalização na agricultura.
Para atingir esse propósito, foi feita uma pesquisa exploratória com levantamento bibliográfico. Os resultados
demonstram possibilidades de aplicação com foco no sistema de produção, na gestão e na comercialização. Os
produtos orgânicos, geralmente, possuem um diferencial, percebido pelo consumidor e agregam 30% a mais de
valor que os alimentos convencionais. A digitalização pode otimizar a atividade e elevar os ganhos neste nicho
de mercado.
1 Introdução
proposta norteadora exigirá ainda mais em capacidades do gestor rural. A ação de administrar
negócios rurais é complexa, pois envolve aspectos legais, mercadológicos, organizacionais e
de produção, condicionados a recursos naturais, a condições meteorológicas, com um ângulo
de vulnerabilidade e, além disso, de modo geral, os produtos são perecíveis.
O avanço biotecnológico na agricultura nas últimas décadas, por um lado, gerou
transformações positivas dentro de toda a cadeia alimentar, mas, por outro lado, ocasionou
problemas quanto à segurança dos alimentos e à sustentabilidade do meio ambiente
(MOURA; NOGUEIRA; GOUVÊA, 2012). Este panorama geral acarretou em consumidores
cada vez mais exigentes, que procuram qualidade nos produtos alimentícios que compram
dentro de um mercado altamente competitivo.
O crescimento da demanda - e também da oferta - de alimentos orgânicos e
agroecológicos, ilustra o aumento da força do consumo de qualidade (WINTER, 2003). Desta
forma, se apresenta para o produtor rural uma oportunidade para a diferenciação e a
agregação de valor aos seus produtos, visto que este mercado de alimentos orgânicos é
diferenciado e formado por clientes que não definem o preço como principal atributo de
escolha, o que é corriqueiro no sistema mercadológico tradicional de commodities.
Para tanto, o consumidor espera informações precisas de origem e modo de produção
do alimento orgânico. Por outro lado, o produtor necessita de um sistema de produção e
gestão que possibilite repassar aos seus clientes informações confiáveis. Neste contexto, o
emprego de tecnologias de geração e análise de informações torna-se mais uma fronteira a ser
conquistada na produção agrícola (STUBBS, 2016). Diante desse cenário, o objetivo do
presente estudo é compreender de que formas a produção orgânica pode interagir com a
digitalização dentro do setor agrícola.
Além desta introdução, o trabalho está organizado em outros cinco tópicos. A segunda
seção aponta os procedimentos metodológicos desta pesquisa. A terceira seção aborda o
estado da arte atual da digitalização da agricultura, após, trata-se do contexto da agricultura
orgânica e a quinta seção aborda exemplos de digitalização na agricultura orgânica. E, por
fim, na seção que encerra este artigo são expostas as considerações finais.
2 Procedimentos Metodológicos
3 Digitalização da Agricultura
4 Agricultura Orgânica
produtos orgânicos brasileiros são exportados para 76 países, tendo, principalmente, como
destino o mercado europeu. Outra constatação mostra a atual relevância desse tipo de cultivo,
a produção orgânica nacional dobrou nos últimos 3 anos e está presente em 22,5% dos
municípios brasileiros.
O contexto de proximidade com o consumidor é uma vantagem que pode ser
explorada para agregar valor ao alimento orgânico, pois, de acordo com Winter (2003) os
empreendimentos rurais orgânicos, quando ligados à alguma identidade territorial e a
características de determinada região, tendem a ter mais sucesso e possuírem maior
diferenciação frente aos consumidores finais.
Além disso, os agricultores, a fim de buscarem maior agregação de valor, necessitam
planejar os seguintes pontos: a forma como produzir, evitando os agrotóxicos, mas, ao mesmo
tempo, atingindo uma produção em escala satisfatória; onde vender os seus produtos,
posicionando-se estrategicamente neste mercado específico, a fim de atingir o público-alvo
desejado; como vender os alimentos, utilizando embalagens adequadas para a preservação dos
mesmos e que contenham as informações que os consumidores procuram; como utilizar as
certificações para agregação de valor, nesse caso, informando e difundindo isso, a fim de que
essa referência orgânica chegue até o consumidor e seja um diferencial competitivo para o
produtor rural. Estes aspectos são relevantes, pois os produtos orgânicos conseguem agregar
em torno de 30% a mais no preço quando comparados com os convencionais, segundo o
Portal Brasil (2017). Assim, utilizando algumas ferramentas dentro do processo de
digitalização da atividade e aliando aos conceitos de uma agricultura mais sustentável, espera-
se que o agricultor orgânico possa agregar um valor maior no seu produto e, portanto,
precificá-lo de forma distinta.
Áreas de aplicação
Recursos
Sistema de Produção Gestão Comercialização
Identificação de pragas e
doenças por meio de aplicativos Rastreabilidade de
Agricultura de que envolvem reconhecimento insumos adotados; Dados de certificação
Precisão; IoT; de imagens; análise do solo; custos; retornos dos alimentos
Softwares dados meteorológicos; controle financeiros; orgânicos; canais de
Big Data;
Armazenamento em Gerar, gerenciar e analisar bases de dados
nuvem
Fonte: Elaborado pelos autores.
6 Considerações Finais
A partir dessa revisão bibliográfica foi proposto o avanço na literatura sobre a difusão
da digitalização na agricultura orgânica e a adoção deste modelo de produção no Brasil,
estudando a interação entre os dois elementos. É relevante destacar, principalmente a partir
dos exemplos estrangeiros citados neste estudo, que os produtores brasileiros de alimentos
orgânicos podem utilizar a digitalização como uma forma de agregar valor.
Os produtos oriundos da agricultura orgânica, geralmente, possuem um diferencial,
percebido pelo consumidor e já conseguem agregar, em média, 30% a mais no valor do
produto. Considerando que este valor superior pode ser somado a melhoria da eficiência no
sistema de produção, na gestão e na comercialização, o resultado pode ser ainda maior, se o
agricultor conseguir utilizar, eficientemente, a digitalização na sua atividade. Por exemplo,
armazenando e utilizando os dados para tomadas de decisão; na divulgação das características
do produto, que atraem clientes mais exigentes e dispostos a pagar um "prêmio" pela
qualidade do alimento; na rastreabilidade dos insumos e na facilidade de rastreamento pelo
consumidor, fortalecendo a confiança; na estratégia de vendas; nas certificações orgânicas; no
aumento da produtividade; na redução do custo de produção, entre outras possibilidades.
Enfim, o tema da digitalização na agricultura possui um leque de informações e, com
o desenvolvimento tecnológico em todas os setores da economia, a cada ano surgem mais
tecnologias e novas adaptações das mesmas para o mercado agrícola, o que demonstra a
relevância de atualização das pesquisas acadêmicas nessa área. Portanto, sugere-se que
estudos futuros tratem, por meio de pesquisas empíricas, da realidade dos produtores
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Resumo. A interação entre plantas e solo é fundamental para produzir alimentos que fazem parte da cadeia
alimentar de muitos seres vivos. Neste contexto, a qualidade do solo é um fator importante para uma boa
produtividade de pastagens e, de um ponto de vista mais amplo, para compreensão geral dos ecossistemas. Além
disso, uma melhor compreensão da relação solo-planta poderia permitir a predição do nível de produtividade das
pastagens a partir da análise de características do solo, antes mesmo do plantio. Paralelamente, tecnologias Big
Data têm viabilizado a coleta, a partir de sensores, e armazenamento de grandes quantidades de dados em grande
velocidade. Assim, o uso de pequenos sensores para coleta de dados do solo pode embasar o desenvolvimento de
pesquisas de modelagem visando aprimorar as atividades agrícolas. Objetivou-se, neste trabalho, avaliar a
aplicação de algoritmos de aprendizado de máquina, mais especificamente de classificação, para construir modelos
preditivos do nível de produtividade da pastagem de áreas produtivas a partir de características destas áreas e de
outros indicadores, tais como características de vegetação, de características químicas, físicas, biológicas e hídricas
do solo, totalizando 22 indicadores. Dados utilizados, obtidos em um repositório público, referem-se a 36 amostras
coletadas entre os anos de 1973 e 1994, em North Island, Nova Zelândia. Essas áreas produtivas, que foram
submetidas à produção de pastagem e forragem, apresentavam diferentes históricos de manejo, de aplicação de
fertilizantes e de produtividade. Os modelos construídos permitem predizer, com até 92% de precisão, a
produtividade das pastagens.
Palavras-chave: Aprendizado de Máquina, Qualidade do Solo, Modelos Preditivos.
1 Introdução
vegetação devido ao ingresso de ervas daninhas ou estresse ambiental e saúde dos recursos do
solo, pelo fato de impactarem nos efeitos de fertilidade do solo, atividade biológica, condições
físicas, capacidade de retenção de umidade e erosão. Por esta razão, este trabalho enfatiza a
identificação de indicadores que reflitam a produção de forragem, bem como o estado dos
recursos, em um sentido ecológico.
Paralelamente, a capacidade de predizer situações e fenômenos futuros pode ser uma
vantagem competitiva importante em várias atividades humanas. Na área de solos, a criação de
modelos preditivos já tem sido utilizada com sucesso em vários problemas, sendo alguns
exemplos relatados a seguir. Rosa et. al (2013) desenvolveram modelos preditivos da
distribuição do tamanho de partículas do solo. Tais modelos, que utilizaram a abordagem de
regressão linear múltipla, foram construídos com indicadores de terreno: elevação, declividade,
área de captação, índice de convergência e índice de umidade topográfica. O desempenho dos
modelos preditivos atingiu até 70% de precisão, apresentando um desempenho equiparável ao
da abordagem tradicional de mapeamento de solos. Para este caso, foi utilizado um conjunto de
339 amostras de solo de uma pequena bacia hidrográfica de encosta do sul do Brasil. Stum
(2010) utilizou árvores aleatórias para predizer a classe de solo de um divisor de águas de árido
para semiárido no oeste de Utah. Foram utilizados indicadores ambientais obtidos através do
satélite Landsat 7 (ETM+) e modelos de elevação digital (DEM). Para este trabalho, foram
utilizados dados de 561 amostras de descrição de solo. Os modelos conseguiram atingir 55%
de precisão na predição da classe do solo. Jardine e Siikamaki (2014) criaram modelos
preditivos, baseados em árvores de decisão, para estimar a quantidade de carbono no solo de
manguezais. Foram utilizadas mais de 900 amostras, coletadas em 28 países.
Neste contexto, este artigo visa construir modelos preditivos para estimação do nível de
produtividade de pastagens a partir de dados de fatores biofísicos do solo, que podem, em sua
maioria, serem coletados através de sensores de solo. Além dos modelos preditivos, este
trabalho também visa identificar quais fatores biofísicos teriam um maior impacto no nível de
produtividade das pastagens, no escopo do ambiente analisado.
Este trabalho está organizado da seguinte forma: a seção Material e Métodos apresenta
e descreve os detalhes do banco de dados utilizado, além de discutir os métodos e algoritmos
de aprendizado de máquina aplicados. A seção Resultados e Discussão apresenta os modelos
criados, a medição da qualidade da predição, e os indicadores mais relevantes na sua
construção. A seção Conclusões apresenta as considerações finais deste trabalho e comenta as
perspectivas de trabalhos futuros.
2 Material e Métodos
Este trabalho foi dividido em quatro etapas. A primeira etapa envolveu a escolha e
análise da base de dados e preparação do ambiente para execução dos experimentos. A segunda
etapa envolveu a realização do pré-processamento dos dados e de testes preliminares da
abordagem utilizada. A terceira etapa envolveu a aplicação efetiva das abordagens de
aprendizado de máquina e a análise dos resultados. A quarta etapa envolveu a geração final das
regras e dos relatórios descritivos dos resultados. A metodologia para execução deste trabalho
é apresentada na figura 1.
A primeira etapa foi iniciada com uma busca por bases de dados públicas, disponíveis
em repositórios, com medições de indicadores de solos. Foi encontrada a base contendo os
dados coletados por Lambert et al. (1996). O conjunto de dados de produção de pastagem foi
coletado entre 1973 e 1994 e é composto por 36 amostras associadas a 36 diferentes unidades
produtivas, ou piquetes. Essas áreas apresentaram diferentes histórias de manejo, de aplicação
de fertilizante e de produtividade. Neste período os piquetes produziram pastagens e forragens.
O objetivo desta base de dados era o de registrar os efeitos a longo prazo do manejo de
A base de dados foi obtida no UCI Machine Learning Repository, que possui uma
coleção de bancos de dados, teorias de domínio e geradores de dados que são usados para a
análise empírica de algoritmos de aprendizagem de máquina, Lichman (2013). Como uma
indicação do impacto desse repositório, ele já foi citado mais de 1.000 vezes, tornando-se um
dos 100 artigos mais citados da ciência da computação.
Selecionada a base, os dados foram importados para o pacote estatístico R, versão 3.4.1.
Foram também utilizados os pacotes adicionais rPart (Recursive Partitioning and Regression
Trees) versão 4.1-11, rPartPlot versão 2.1.2, RandomForest (Breiman and Cutler's Random
Forests for Classification and Regression) versão 4.6-12 e stats (Statistical Functions) versão
3.4.1. Este último pacote, foi utilizado para a atividade de pré-processamento dos dados. Já os
demais pacotes adicionais foram utilizados a fim de tentar identificar padrões sobre os
indicadores de solo, coletados previamente, que pudessem contribuir para a predição da
produtividade da pastagem, em um momento anterior ao plantio. Priorizou-se a utilização de
algoritmos do tipo caixa-branca, que pudessem identificar os padrões e apresentá-los em um
padrão gráfico compreensível pelos especialistas de solo. Em contraponto, também existem os
modelos caixa-preta, tais como as redes neurais, que apesar de conseguirem identificar os
padrões, não permitem a apresentação dos modelos gerados em uma linguagem compreensível
(CAMARGO, 2010).
Após a seleção dos pacotes de software, foi feita uma tentativa preliminar de
identificação de padrões a partir da geração de modelos sobre os dados, visando predizer a
qualidade do solo. Nessa etapa, os resultados preliminares foram apresentados e discutidos com
os especialistas do domínio da Embrapa Pecuária Sul. Considerou-se necessário que o
algoritmo apresentasse duas características relevantes: a facilidade de interpretação dos
resultados e a acurácia nos valores obtidos. Para validar o modelo, as amostras foram divididas
em conjunto de treinamento e conjunto de teste. Assim, os modelos foram construídos a partir
dos dados de treinamento, e sua capacidade preditiva foi avaliada sobre os dados de teste. Dada
a pequena quantidade de amostras, para avaliar a capacidade preditiva dos modelos gerados,
foi utilizado o processo de validação cruzada leave-one-out, que, conforme a literatura, é
reconhecidamente eficiente nestes casos (Camargo, 2010). De acordo com esta técnica, dada a
existência de 36 amostras, foram utilizadas 35 amostras no conjunto de treinamento e uma
amostra no conjunto de teste. Este procedimento foi repetido 36 vezes, sem reamostragem, de
forma que cada amostra foi utilizada uma única vez no conjunto de treinamento e outras 35
vezes no conjunto de teste. A precisão dos modelos criados foi definida como a média da taxa
de erro das 36 repetições do processo de validação cruzada.
Para validar a abordagem aqui proposta, os modelos construídos, com os padrões
identificados, serão apresentados e discutidos com os especialistas do domínio. Além da
representação gráfica dos modelos, identificando os indicadores mais importantes para a
predição da produtividade nestas unidades produtivas, também serão apresentados seus
percentuais de precisão, resultantes do processo de validação cruzada.
Conforme mencionado anteriormente, os algoritmos utilizados nestes experimentos são
baseados em modelos caixa-branca. O método de classificação utilizado nesse trabalho é
baseado no algoritmo Random Forests (RF) ou Random Decision Forests, proposto por
(Breiman, 2001). O algoritmo RF é um classificador formado por uma coleção de árvores de
classificação, cada qual construída a partir de uma reamostra aleatória do conjunto de
treinamento original. A classificação de um vetor de indicadores de entrada é feita por votação,
submetendo-se o vetor às árvores da floresta e registrando-se a classe mais votada. Para a
construção de cada árvore, o algoritmo RF identifica a importância de cada atributo através do
índice Gini, alocando os indicadores mais importantes mais próximas ao nodo raiz da árvore de
decisão.
3 Resultados e Discussão
quando apresentar valor de massa igual ou superior 30%, torna-se um fator exclusivo para a
garantia da alta produtividade da pastagem, essa definição tem precisão de 33%. Caso esse
índice não seja alcançado a pastagem apresentará um indicador de baixa produtividade, com
67% de acerto do modelo proposto, salvo, tenha um índice foliar (Leaf.P.numeric) acima de
2.044 perfilhos por metro quadrado, então passa para uma média produtividade com acerto de
22% nesse indicador. Existem outras duas possibilidades para a obtenção de uma produtividade
média, quais sejam, o manejo de fertilizante, com indicador de 8% e, ainda, caso o índice de
condutividade hidráulica insaturada (Kunsat) seja maior que 7,9. Para as demais situações o
indicador de produção de pastagem nessas áreas será considerado baixo.
A matriz de confusão detalhando os resultados obtidos pela árvore de decisão apresenta
uma taxa de erro de aproximadamente 19.44%, para as 36 amostras utilizadas, com apenas sete
predições incorretas sendo quatro deslocados de média para baixa produtividade e três
deslocados média para baixa produtividade, conforme exposto na tabela 2.
Conforme apresentado pela árvore de decisão, os principais indicadores correlatos à
produtividade de pastagem e forragem nas unidades pesquisadas, são o indicador de pastagem
responsiva a alta fertilidade, o índice de área foliar e o manejo da terra com fertilizantes. Para
corroborar com os dados apresentados na árvore de decisão, a figura 4 apresentada a superfície
de decisão relativa à árvore de decisão gerada, mostrando as diferentes classes e as 36 amostras
disponíveis na base de dados. Em síntese, o HFRG superior a 30% de massa é a condição
exclusiva para alta produtividade. Por outro lado, valor de HFRG a 30% associado ao índice
foliar (Leaf) acima de 2.044 perfilhos/m2 são fatores que indicam, com alta probabilidade, a
média produtividade de pastagens. Já o HFRG inferior a 30% e Leaf abaixo de 2.044
perfilhos/m2 são elementos que indicam, com alta probabilidade, a baixa produtividade de
pastagem.
Figura 4 - Superfície de decisão gerada pelo algoritmo Random Forest, considerando os indicadores
gramíneas de alta produtividade (HFRG) e índice foliar (Leaf)
Partindo do princípio que a superfície de decisão com apenas dois indicadores já permite
a identificação de padrões dos indicadores relacionados com a produtividade, foi realizado um
processo de poda na árvore de decisão, visando a geração de uma árvore mais simplificada e
com maior capacidade de generalização. Foram testados diferentes valores de corte para a poda,
tendo sido identificado 12% como o valor com menor percentual de erro. O resultado do
processo de poda é observado na figura 5.
Aplicando a poda de 12% na árvore de decisão a matriz de confusão resultante apresenta
um erro de apenas 8%, ou precisão de 92%, quanto a predição da qualidade da pastagem.
Havendo apenas uma ocorrência para predição de média produtividade que foi apresentada
como indicador de baixa produtividade. Na tabela 3 é observada a matriz de confusão resultante
desta poda.
Tabela 3 - Matriz de confusão gerada pelo randomForest, com poda de 12% na árvore de decisão
Matriz de Confusão
Produtividade HI MED LOW %Erro
HI 12 0 0 0
MED 0 11 1 8
LOW 0 0 12 0
Fonte: Autoria Própria
4 Conclusões
Referências
ROSA, A.S.; DALMOLIN, R.S.D.; MIGUEL, P. Building predictive models of soil particle-size distribution. Rev.
Bras. Ciênc. Solo. v.2. 2013
SPRINGETT, J.A. Bio-indicators of sustainability. In: New Zealand Ecological Society Bio-Indicators Workshop,
Flock House, July 1993. p.1-7. 1993.
STUM, A.K. Random Forests Applied as a Soil Spatial Predictive Model in Arid Utah. Utah State University.
2010.
1
Programa de Pós-graduação em Economia & Desenvolvimento, UFSM 1, *<elenpresotto@yahoo.com.br>.
Resumo. Os produtos derivados do complexo soja tem ampla inserção no mercado internacional, especialmente
pela sua atratividade nutricional e pelas múltiplas empregabilidades. O Brasil, valendo-se da disponibilidade de
fatores de produção e dos avanços tecnológicos das últimas décadas, figura entre os principais ofertantes do
mundo. Destarte, o presente estudo tem por objetivo analisar a transmissão de preços entre os preços
internacionais das commodities do complexo soja em função das variações da taxa de câmbio (euro/dólar). Para
tanto, utilizam-se dados em painel a partir do mecanismo de correção de erros com a finalidade de verificar há
presença de Assimetria de Transmissão de Preço (ATP) no mercado europeu. Os resultados apontam que o
mercado estudado é caracterizado por ATP, isto é, que os preços do mercado são integrados e há transmissão de
preços. Sobretudo, o preço do euro frente ao dólar afeta assimetricamente as variações de preços das
commodities estudadas.
Palavras-chave: assimetria de preços, agronegócio, complexo soja, mercado internacional.
Introdução
1
As discussões teóricas a partir deste conceito da LPU estão detalhadas na Seção 2.1.
2
Rotterdam (soja em grão), Holanda (óleo de soja) e Hamburgo (farelo de soja).
preço único, é validada pela processo de arbitragem, em que o bem vai sair do local mais
barato para o mais caro. Os autores demonstram a arbitragem espacial forte,
matematicamente: , em que: é o preço na região j, é o preço na região i e
representa o custo de mover o bem do local para a localização j, este custo pode ser
considerado como custo de transporte3. A versão mais fraca da lei é expressa por:
; a arbitragem garante que os preços de um mercado homogêneo em quaisquer dois locais, em
que serão diferentes, no máximo, se houver custo de mover o bem da região com o preço mais
baixo para a região com o preço mais alto, garantido pela regularidade de transações.
Vale destacar que Meyer e Von Cramon-Taubadel (2004) referem-se a ATP como
uma transmissão de bem-estar diferente da que é praticada sob condições de simetria. Com
ATP, um grupo é beneficiado de uma variação nos preços de maneira desigual defronte a
outro grupo.
Os estudos de ATP de Meyer e Von Cramon-Taubadel (2004) apontam para três
diferentes manifestações de assimetria. O movimento dos preços pode ocorrer em função da
magnitude e velocidade, podendo ser ainda positiva ou negativa. Ainda, em relação aos níveis
de mercado, a assimetria pode ser de forma vertical ou espacial, quando os mercados estão
distantes.
Com essa condição Meyer e Von Cramon-Taubadel (2004) constataram que o modelo
de ATP é estruturado na noção de que os aumentos nos preços são mais rapidamente e
completamente repassados pelo atacado aos consumidores (varejo) do que as reduções. Os
agentes entre o consumidor e o produtor usam o poder de mercado para ganhar vantagem em
determinado período de tempo em função das variações dos preços.
Sobre o critério de presença de assimetria negativa ou positiva em mercados, Meyer e
Von Cramon-Taubadel (2004) consideraram que quando o preço de saída (preço das
commodities) reage mais rapidamente aos aumentos nos preços de entrada (taxa de câmbio),
do que para suas respectivas quedas, a assimetria é considerada como positiva. Caso
contrário, a assimetria será negativa, ou seja, figura a situação correspondente quando os
preços das commodities reagem mais rapidamente as quedas da taxa de câmbio. O terceiro
critério, destacado pelos autores supracitados, refere-se à transmissão assimétrica nos preços
entre os mercados que pode ser do tipo vertical (diferentes níveis de mercado) ou espacial
(entre mercados espacialmente separados).
Esta seção apresenta alguns estudos sobre ATP, com diferentes propostas
metodológicas aplicadas a assimetria espacial e modelos com o uso do mecanismo de
correção de erros (ECT). Knetter (1994) usou dados em painel para o estudo de assimetria de
transmissão de preços entre as exportações da indústria e a taxa de câmbio, ou seja, o
ajustamento dos preços das exportações pode ser assimétrico em relação as flutuações
cambiais. O estudo testou a presença de assimetria de transmissão de preços usando dados em
painel sobre as exportações da indústria alemã e japonesa em função das depreciações e
valorizações cambiais, o período estudado foi de 1973-87 para as exportações japonesas e
1975-87 para as exportações alemãs. Na maioria das indústrias estudadas, para ambos países,
diagnosticou-se a presença de assimetria de preços.
Balcombe, Bailey e Brooks, (2007) diagnosticaram a presença de transmissão de
preços entre os mercados da soja, trigo e milho, entre os países, dos Estados Unidos,
Argentina e o Brasil. A análise dos dados em frequências mensais, corresponde ao período
3
Mais precisamente, é uma soma de todos os custos relevantes para transações de localidade espacialmente
separadas.
entre agosto de 1986 a maio de 2001. Os resultados apontaram evidências de threshold para
três dos cinco pares de preços investigados.
Baptista (2015) estimou pelo Modelo de Correção de Erros (MCE), para o período
diário de 4 de setembro de 2002 até 29 de agosto de 2014. O trabalho diagnostiou a presença
de ATP em relação das variações no preço do café arábica no mercado internacional (bolsa de
New York) em função do mercado nacional de São Paulo, Minas Gerais e Paraná. Os
resultados apontaram para a presença de ATP, ou seja, as reduções de preços são repassadas
mais intensamente do que os aumentos, com excessão de Minas Gerais que não se
revelouassimétrica.
Tifaoui e Cramon‐Taubadel (2016) constaram a existência de assimetria de
transmissão de preços no mercado de manteiga na Alemanha. Testaram a hipótese de que os
preços de vendas temporárias (preços promocionais) são capazes de influenciar os resultados
da análise de transmissão vertical de preços, via modelagem TAR. Usando um conjunto de
dados semanais de 2005 a 2010, compararam as estimativas de transmissão vertical de preços
do atacado ao nível de varejo. Os resultados confirmam que os preços de venda temporários
aumentam a velocidade e a assimetria da transmissão vertical dos preços. Esses resultados
agregam uma causa potencial de assimetria, como o poder de mercado.
Sintetizando, os trabalhos apresentados nesta seção constituem diferentes modelagens
e constatações da presença de transmissão de preços assimétrica para distintos mercados. A
seção que segue descreve a metodologia e a fonte de dados empregados na presente pesquisa.
4 Metodologia
+ −
+∑𝐾 + −
𝑘=1 𝛼4 ∆𝑃𝑇𝐶𝑓,𝑡−1 + 𝛼5 ∆𝑃𝑇𝐶𝑓,𝑡−1
(1)
−
+ ∑𝐾 − + −
𝑘=1 𝛼6 ∆𝑃𝑇𝐶𝑓,𝑡−1 + 𝛼7 𝐸𝐶𝑇𝑡−1 + 𝛼8 𝐸𝐶𝑇𝑡−1 + 𝜀𝑡
Através da estimação do modelo (1) Frey e Manera (2007) discutem diferentes tipos
de assimetrias, neste estudo a serem calculadas são descritos no Quadro 1.
5 Resultados e Discussão
Os resultados desta pesquisa são descritos na tabela 1, que representam o p-valor dos
testes para a equação (1). Como descrito anteriormente, os testes indicam a modelagem via
pooled como mais eficiente para este conjunto de dados.O teste Chow não rejeitou a hipótese
H0 de pooled; o teste de Breusch-Pagan não rejeita a hipótese H0 de modelagem via pooled,
confirmando a modelagem pooled como mais eficiente. O teste de heterocedasticidade
(White) e multicolienariedade (VIF) rejeita a hipótese nula. O teste de VIF demonstrou que as
variáveis de diferença, com somatório, apresentaram valores superior a 10, como já esperado
por estarem correlacionadas com as respectivas diferenças.
6 Conclusão
REFERÊNCIAS
BALCOMBE, K.; BAILEY, A.; BROOKS, J. Threshold effects in price transmission: the case of Brazilian
wheat, maize, and soya prices. American Journal of Agricultural Economics, v. 89, n. 2, p. 308-323, 2007.
BALTAGI, B. H. Econometric analysis of panel data.3 ed.,West Sussex: John Wiley & Sons, 2005.
BAPTISTA, D. de M. Integração e assimetrias na transmissão de preços de café arábica no Brasil. 2015. 94
p. Tese (Doutorado em Economia Aplicada) - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de
São Paulo, Piracicaba, 2015.
BATALHA, M. O. (Coord.), Gestão agroindustrial. Vol. 1. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2007.
FACKLER, P. L.; GOODWIN, B. K. Spatial price analysis. Handbook of agricultural economics, v. 1, p. 971-
1024, 2001.
FREY, G.; MANERA, M. Econometric models of asymmetric price transmission. Journal of Economic
surveys, v. 21, n. 2, p. 349-415, 2007.
GREENE, W. H. Econometric analysis. 6 ed.,New Jersey: Prentice Hall, 2008.
HOUCK, J. P. An Approach to Specifying and Estimating Nonreversible Functions. American Journal of
Agricultural Economics, v. 59, n. 3, p. 570 – 572, 1977.
KNETTER, M. M. Is export price adjustment asymmetric?: evaluating the market share and marketing
bottlenecks hypotheses. Journal of International Money and Finance, v. 13, n. 1, p. 55-70, 1994.
MARSHALL, A. Princípios de economia. São Paulo: Nova Cultura, 2 ed., v.2, 1985.
MEYER, J.; CRAMON‐TAUBADEL, S. Asymmetric price transmission: a survey. Journal of agricultural
economics, v. 55, n. 3, p. 581-611, 2004.
TIFAOUI, S.; CRAMON‐TAUBADEL, S. Temporary Sales Prices and Asymmetric Price Transmission.
Agribusiness, 2016.
UNCTAD, United nations conference on trade and development. Disponível em: <
http://unctad.org/en/Pages/statistics.aspx>. Acesso em 20.03.2017.
1
Universidade Federal de Santa Maria – Palmeira das Missões/RS, Brasil, rpozzer@yahoo.com.br
2
Universidade Federal de Santa Maria – Palmeira das Missões/RS, Brasil, nilson.costa@ufsm.br
3
Universidade Federal de Santa Maria – Palmeira das Missões/RS, Brasil, palomattos@hotmail.com
Resumo. Atualmente, a indústria de defensivos agrícolas se constitui como uma importante atividade econômica,
sobretudo porque contribui decisivamente para o aumento da produtividade agropecuária no Brasil e no Mundo.
As primeiras multinacionais do segmento chegaram ao Brasil a partir de 1975. Posteriormente, o segmento foi
impulsionado pela criação do Programa Nacional de Defensivos Agrícolas. O Brasil é um dos principais
consumidores mundiais e o mercado opera com características de concorrência monopolística, pois os produtores
de defensivos podem exercer controle de preços e atuam estrategicamente na definição das estratégias de
comercialização. Nesta perspectiva, a presente pesquisa tem por objetivo analisar o processo de formação dos
preços dos herbicidas na venda de defensivos agrícolas na mesorregião Noroeste Rio-Grandense, a partir de uma
amostra coletada em empresas envolvidas com o segmento citado. A base de dados de preços contempla o período
01/2014 a 04/2017. A pesquisa, de natureza quantitativa, contemplou a estimação de seis equações econométricas
com vistas a identificar os processos de transmissão de preços entre produtos com princípio ativo equivalentes,
mas de marcas concorrentes. O problema científico da presente pesquisa constituiu-se em responder a seguinte
questão norteadora: em que medida as multinacionais consideram o preço da concorrência para estabelecer o preço
de seus principais herbicidas, no mercado brasileiro de defensivos agrícolas? Verificou-se que o preço dos
herbicidas Cletodim, Glifosato e 2,4-D, de diferentes marcas, são explicados pelo produto concorrente, taxa real
de câmbio e preço da soja.
Palavras-chave: Formação de Preço, Defensivos Agrícolas, Econometria.
1. Introdução
2. Material e Métodos
Em que:
𝐿𝑜𝑔𝑃𝑜𝑞𝑢𝑒𝑟𝑡 é o logaritmo do princípio ativo o Clethodim, marca comercial Poquer, em R$ de 03/2017;
𝐿𝑜𝑔𝑆𝑒𝑙𝑒𝑐𝑡𝑡 é o logaritmo do princípio ativo o Clethodim, marca comercial Select, em R$ de 03/2017;
𝐿𝑜𝑔𝐺𝑙𝑖𝑇𝑟𝑜𝑝𝑡 é o logaritmo do preço do Glifosato marca comercial Trop, em R$ de 03/2017;
𝐿𝑜𝑔𝐺𝑙𝑖𝐴𝑡𝑎𝑛𝑜𝑟𝑡 é o logaritmo do preço do Glifosato marca comercial Atanor, em R$ de 03/2017;
𝐿𝑜𝑔2,4𝐷𝐴𝑚𝑖𝑛𝑜𝑙𝑡 é o logaritmo do preço do 2,4-D, marca comercial Aminol, em R$ de 03/2017;
𝐿𝑜𝑔2,4𝐷𝑁𝑜𝑟𝑡𝑜𝑥𝑡 é o logaritmo do preço do 2,4-D marca comercial Nortox, em R$ de 03/2017;
α é o valor do intercepto geral da equação;
𝐿𝑜𝑔𝑃𝑆𝑜𝑗𝑎𝑡 é o logaritmo do preço da soja em Passo Fundo, em R$ de 03/2017;
𝐿𝑜𝑔𝑇𝑅𝐶𝑡 é o logaritmo da Taxa Real de Câmbio;
βj são os parâmetros a serem estimados;
ε é o termo de erro aleatório da equação e o
𝐴𝑅(1) é o termo autorregressivo de primeira ordem, inserido nas equações para corrigir os problemas
relacionados a autocorrelação nos resíduos.
3. Resultados e Discussões
em outros casos durante todo o ciclo da cultura, como aquelas áreas destinadas à produção de
sementes, já que elas competem com a cultura principal, por água, luz, CO2 e nutrientes.
3.1 Manejo de Herbicidas para o Controle de Plantas Daninhas de Azevém no RS, utilizados
em Pré-Plantio na Cultura do Trigo.
O R-quadrado ajustado da Equação 1 indica que 80% das variações no preço do Poquer
são explicadas pelas variações no preço do Select, da Soja e na Taxa Real de Câmbio. O mesmo
coeficiente de determinação, da Equação 2, indica que 92% das variações no preço do Select
são explicadas pelas variações no preço do Poquer, da Soja e Taxa Real de Câmbio.
O coeficiente 𝜷𝟏 da Equação 1 mostra que o Select exerce influência na formação do
preço do Poquer. Nesta perspectiva, para cada 1% de aumento no preço do Select, espera-se
uma elevação de 0,36% no preço do Poquer, ceteris paribus. Por outro lado, o coeficiente 𝜷𝟏
da Equação 2 foi estatisticamente não significativo, devido a sua alta probabilidade de erro.
O coeficiente 𝜷𝟐 das Equações 1 e 2 apresentaram alta probabilidade de erro. Em função
disto, o modelo econométrico não permitiu isolar o efeito exercido pelo preço da soja na
formação do preço dos produtos em análise.
Por outro lado, o coeficiente 𝜷𝟑 das Equações 1 e 2 permitiu identificar que para cada
unidade percentual de aumento na Taxa Real de Câmbio, espera-se 0,535% de elevação no
preço do Poquer e 0,975% de aumento no preço do Select, ceteris paribus.
Na equação 1, foram encontrados dois outliers, referentes as datas de janeiro e abril de
2015. Ambos os outliers podem ser justificados pelo reposicionamento de preços nestes
períodos específicos. A empresa detentora do Poquer estava com preço bem inferior ao
concorrente no período e elevou os mesmos para os patamares do mercado.
Na equação 2 foi encontrado um outlier em maio de 2015, onde a empresa detentora do
Select, baixou o preço abruptamente para vencer o concorrente que vinha tentando manter o
preço nivelado, o mês de maio escolhido para a baixa do preço é estratégico, já que para este
produto a maior parte de suas vendas acontecem neste mês que é o que antecede o plantio do
Trigo na região Noroeste Rio-Grandense.
A estatística-d de Durbin Watson e o Teste Breusch-Godfrey para correlação serial
indicaram a existência de autocorrelação. Em função disto, as equações foram reestimadas com
o termo autorregressivo de primeira ordem AR(1).
Os testes de Fator de Variância Inflacionária e de Heterocedasticidade de White
permitiram afastar a ocorrência de multicolinearidade e heterocedasticidade.
De acordo com a análise é possível perceber que ambos produtos sofrem interferência
em maior ou menor grau das variáveis preço do produto concorrente, soja e taxa real de câmbio,
e, se acentua em determinados períodos, de acordo com a maior demanda pelo produto, através
de campanhas especificas realizadas para o seu consumo à campo.
3.2 Manejo de Herbicidas para o Controle de Plantas Daninhas, utilizados como Pós
Emergentes e na Dessecação Pré-Plantio das principais culturas, com o uso do Glifosato.
Foram encontrados outliers nas equações, mas se tratam de condições reais de mercado,
por isso foram mantidos.
Assim como no caso do glifosato, o 2,4-D é um produto pós patente comercializado por
um alto número de empresas, quando temos empresas que não investem em pesquisa e pessoas,
estas podem diminuir a sua margem, diminuindo o seu preço, o que ocorre ao inverso com
empresas que investem, por isso o fator preço do concorrente se sobressai na análise.
Deste modo, as multinacionais consideram sim o preço da concorrência para estabelecer
o preço de seus principais herbicidas, no mercado brasileiro de defensivos agrícolas.
4. Considerações Finais
Referências
AGOSTINETTO, D.; VARGAS, L.; BIANCHI, M. A. Manejo e Controle de Plantas Daninhas. Pelotas/RS:
2013.
COSTA, N L; SANTANA, A. C. de. Estudo da concentração de mercado ao longo da cadeia produtiva da soja
no Brasil. Revista de Estudos Sociais, v. 16, n. 32, p. 111-135, 2014.
CORREIA, N. M.; REZENDE, P. M. Manejo integrado de plantas daninhas na cultura da soja. Lavras/MG:
Editora UFLA, 2002.
JUNIOR, O. P. A. et al. Glifosato: Propriedades, Toxicidade, Usos e Legislação. Quim. Nova, Vol. 25, No. 4,
589-593, 2001.
Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal – SINDIVEG. Disponível em:
<http://sindiveg.org.br/balanco-2015-setor-de-agroquimicos-confirma-queda-de-vendas>. Acesso em 22 out.
2016.
SOUZA, G. R.; OLIVEIRA, S. C.; PINTO, L. B. A influência de prêmio, câmbio e preços no mercado
externo sobre o preço da soja no Brasil. 48° Congresso SOBER, Sociedade Brasileira de Economia,
Administração e Sociologia Rural. Campo Grande/MS: 25 a 28 de Julho de 2010.
TERRA, F. H. B.; PELAEZ, V. A história da indústria de agrotóxicos no Brasil: das primeiras fábricas na
década de 1940 aos anos 2000. CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ECONOMIA E
SOCIOLOGIA RURAL, 47. Anais. Porto Alegre/RS: 2009.
Marcelo Badejo
Universidade Federal do Rio Grande (FURG)
E-mail: badejo@gmail.com
growing markets, which are in accordance with the world tendency towards healthier
nutrition.
Keywords: Organic food. Viability. Costs.
Introdução
Por este motivo, o entendimento e a avaliação dos custos de produção das SAFEs
permitirá que sejam feitas projeções para esta atividade. Neste artigo, o termo ecológico
também é utilizado para definir os produtos que não possuem certificação formal de
orgânicos, que estão em fase de transição, mas que são submetidos aos pressupostos de
produção da agricultura orgânica (DE ASSIS, ROMEIRO, 2002).
2 Procedimentos metodológicos
(VAL) e a Renda Agroindustrial (RAI). Todos os cálculos foram baseados em dados anuais
de 2014, fornecidos pelos próprios agricultores durante as entrevistas. Os valores de RAI
puderam ser obtidos por duas fórmulas diferentes, tanto pela dedução do Valor agregado
pela Divisão do valor agregado (LIMA et al., 1995) quanto pela dedução do Produto Bruto
pelos custos totais de produção (HOFFMANN et al., 1989).
Os dados referentes a área de cada empreendimento foram agrupados na Tabela 1. A
partir do cálculo da área média de cada propriedade rural, chegou-se a um valor de 19,5
hectares, demonstrando que estes sistemas produtivos são desenvolvidos em pequenas
propriedades. Na Tabela 1, estão somados valores de áreas próprias e áreas arrendadas de
terceiros, como é o caso do SAFE 1, por exemplo, que possui 1,5 hectares de variadas
produções agrícolas, pecuárias e produção de biogás, e arrenda dois pomares de 2 hectares
cada um.
Tabela 1: Área dos empreendimentos agrícolas
Empreendimento Agrícola Área (ha)
SAFE 1 5,5
SAFE 2 12,5
SAFE 3 7
SAFE 4 23,8
SAFE 5 45
SAFE 6 10
SAFE 7 7
SAFE 8 13
SAFE 9 56
Média 19,5
Fonte: Elaboração dos autores (Banco de Dados Agregados, 2015).
3 Resultados e Discussões
1
Contratados e sócios não foram considerados no cálculo da UTH.
R$ R$ % R$ % R$ %
SAFE 1 916.035,99 782.733,99 85,45% 754.470,24 82,36% 724.188,36 79,06%
SAFE 2 312.394,99 193.619,99 61,98% 86.368,07 59,66% 159.698,19 51,12%
SAFE 3 696.741,19 317.522,24 45,57% 273.028,34 39,19% 259.138,74 37,19%
SAFE 4 450.221,80 305.073,41 67,76% 232.048,01 51,54% 91.701,62 20,37%
SAFE 5 1.749.798,99 1.109.648,99 63,42% 1.070.549,99 61,18% 554.236,55 31,67%
SAFE 6 83.334,99 158.323,19 86,36% 152.618,35 83,25% 145.558,59 79,39%
SAFE 7 276.314,99 224.441,19 81,23% 217.292,69 78,64% 201.404,39 72,89%
SAFE 8 184.214,99 104.869,99 56,93% 94.992,49 51,57% 71.292,49 38,70%
SAFE 9 695.414,99 627.654,99 90,26% 588.119,06 84,57% 322.411,62 46,36%
Média 607.163,66 424.876,44 69,98% 396.609,69 65,32% 281.070,06 46,29%
Fonte: Elaboração dos autores (Banco de Dados Agregados, 2015).
Tabela 3 - Valores de Custo Total, Custos Fixos e Custos Variáveis de cada empreendimento agrícola
Custos
Empreendimento Custo Total Custos Fixos Custos Variáveis
Agrícola R$ Custos Fixos R$ % Variáveis R$ %
SAFE 1 191.847,63 51.613,75 26,90% 140.233,88 73,10%
SAFE 2 152.696,80 12.596,92 8,25% 140.099,88 91,75%
SAFE 3 437.602,45 46.173,90 10,55% 391.428,55 89,45%
SAFE 4 358.520,18 169.931,67 47,40% 188.588,51 52,60%
SAFE 5 1.195.562,44 86.955,64 7,27% 1.108.566,80 92,72%
SAFE 6 37.746,40 10.609,84 28,11% 27.136,56 71,89%
SAFE 7 74.910,60 24.693,50 32,96% 50.217,10 67,04%
SAFE 8 112.922,50 31.712,50 28,08% 81.210,00 71,92%
SAFE 9 373.003,37 298.953,77 80,15% 74.049,60 19,85%
Média 326.090,26 81.471,28 29,96% 244.614,54 70,04%
Fonte: Elaboração dos autores (Banco de Dados Agregados, 2015).
conclui-se que este não chega a 1% do valor total dos custos de produção, em média. Em
apenas dois casos, o valor ultrapassa 1% - no SAFE 6 e no SAFE 7 - cujos valores ficaram em
2% e 1%, respectivamente. É importante ressaltar o Sistema Agroindustrial 5, cujo valor de
formalização encontra-se muito acima da média dos demais empreendimentos: R$
469.036,80, constituindo em torno de 40% do valor dos Custos totais de Produção. Isso se
deve provavelmente ao tamanho do empreendimento (45 ha), bem como à quantidade de
benfeitorias no espaço, que acabam encarecendo o processo de formalização.
De maneira geral, é possível afirmar que os impactos dos custos de
formalização dependem de inúmeros fatores, tais como escala de produção, tipo de produção,
tipo de sistema produtivo adotado, exigências específicas atreladas a este sistema produtivo,
mas também de uma conjuntura regional sociopolítica em que o empreendimento está
inserido. Tal contexto, em sua totalidade, é que permitirá ou não a implementação de
processos consolidados de formalização e certificação orgânica. Além disso, um fator de
grande impacto diz respeito ao acesso aos mercados institucionais com preços melhores. A
demanda por alimento orgânico tem forte relação com essa questão da certificação dos
processos produtivos. Para o caso da região de Porto Alegre, há uma grande variedade de
feiras ecológicas que demandam produtores certificados, havendo, assim, uma maior
demanda para os produtos certificados nestes meios de comercialização.
Em outra análise, pode-se entender que o valor agregado por uma
certificação pode ser, muitas vezes, maior que este valor cobrado. Isso pode não estar sendo
percebido por alguns produtores por ainda manterem todas as suas relações comerciais no
formato face to face em cadeias curtas. Como pode ser percebido na apuração dos resultados,
os SAFEs da região metropolitana de Porto Alegre atuam com margens razoáveis frente aos
seus investimentos. Também se pode perceber que os produtores que são certificados por
auditoria são mais entendedores dos custos dos seus processos, estando mais sistematizados
na área gerencial.
Tabela 4 - Valores dos custos de Formalização e Certificação para cada empreendimento agroindustrial
Auditoria
Empreendimento Formalização Formalização/CT Certificação/CT
Certificação
Agrícola R$ % %
R$
SAFE 1 44.728,69 23,31% 800,00* 0,42%
SAFE 2 17.444,20 11,42% 100,00 0,07%
SAFE 3 13.889,60 3,17% 200,00 0,05%
SAFE 4 51.009,12 14,23% 270,00 0,08%
SAFE 5 469.036,80 39,23% 200,00 0,02%
SAFE 6 6.339,76 16,80% 800,00* 2,12%
SAFE 7 9.168,30 12,24% 800,00* 1,07%
SAFE 8 6.784,00 6,01% 800,00* 0,71%
SAFE 9 22.742,60 6,10% 800,00* 0,21%
Média 71.238,12 14,72% 530,00 0,53%
Fonte: Elaboração dos autores (Banco de Dados Agregados, 2015).
4 Considerações Finais
Uma revelação deste estudo foi a capacidade positiva de geração de riquezas dos
SAFEs. Este fato, consequentemente, permite a sustentabilidade financeira dos negócios, mas,
sobretudo, pode sinalizar atração de novos entrantes no setor da alimentação mais saudável. O
desafio para a saúde pública é viabilizar a massificação de práticas produtivas para os
alimentos que sejam mais seguras ao ambiente e ao homem.
A autonomia dos SAFEs está baseada na produção de seus insumos e das próprias
matérias primas comercializadas in natura ou usadas para o processamento agroindustrial.
Esta produção corresponde a, aproximadamente, 80% dos valores da produção bruta dos
SAFEs. As entrevistas evidenciaram que não há oferta de produtos in natura orgânicos para
que eles possam aumentar sua produção industrial.
Também pode ser percebido que a principal forma de agregar valor à produção é a
agroindustrialização: setenta por cento (70%) dos valores da produção bruta obtida provêm da
comercialização de alimentos e produtos industriais. Complementarmente, a pesquisa
evidenciou que, do total dos valores de produção bruta obtidos pelas iniciativas ecológicas, a
metade deste valor é utilizada para cobrir os custos de produção. Desse modo, restam, depois
de descontados os desembolsos, aproximadamente 50% dos valores da produção bruta, que
são revertidos em renda agroindustrial, servindo para remunerar os membros da família e
manter os SAFEs em funcionamento.
Nesta pesquisa, verifica-se que a produção agroecológica apresenta boa remuneração
aos produtores. Isso se deve à dinâmica dos custos de produção, e indicadores de resultado
econômico foram analisados por área (R$/ha) e per capita (R$/UTHs), demonstrando
existência de um comportamento muito similar das variáveis quando especializadas ou
mesmo quando confrontadas com a riqueza gerada por pessoa ocupada.
Os indicadores de desempenho econômico, tanto por área (R$/ha) e per capita
(R$/UTHs), como o valor agregado e a renda agroindustrial, as cadeias de produção foram
positivos. Desempenhos significativamente positivos puderam ser observados nos SAFEs 1 e
5, enquanto os resultados menos expressivos foram encontrados nos SAFEs 3 e 8.
A pesquisa evidencia que, na região estudada, nem sempre as diversificações dos
sistemas produtivos ecológicos geram maiores valores agregados e renda agroindustrial às
famílias. Neste sentido, os dados são randômicos, pois não possuem um comportamento em
uma única direção, sendo que, em algumas experiências, a diversificação associada a algumas
cadeias produtivas aumenta os indicadores de desempenho econômico e, em outras, os reduz.
Neste caso, talvez, sejam necessários outros estudos, em outros contextos socioeconômicos e
sistemas produtivos, para melhor se avaliar o efeito da diversificação sobre os SAFEs.
Para a região de Porto Alegre, os segundos e terceiros melhores indicadores estão
relacionados à produção de banana e mandioca, com pequena atividade de
agroindustrialização, evidenciando que nem sempre a produção diversificada da agroindústria
e a complexidade dos processos garantem as maiores rendas. Uma das possibilidades está no
alto valor de venda destes produtos nos mercados institucionais, aliados a menores custos de
produção e de consumo intermediário.
Os dados contribuem para o entendimento dos valores pagos pelos agricultores para
formalizar suas atividades como agroindústrias perante o Estado, em seus vários níveis
federativos, levando em conta as diferentes dimensões das legislações agroalimentares
(sanitária, jurídica, ambiental, trabalhista, fiscal, certificação orgânica, entre outras). Além
disso, o trabalho possibilitou comparar as diferenças de custos e rendimentos econômicos das
duas situações: formal e uma simulação de informalidade. De maneira geral, os dados
mostram que, do conjunto de custos de produção mensurados, as depreciações e a divisão do
valor agregado são os que possuem maior peso no processo de formalização institucional dos
sistemas ecológicos. Isso se dá devido à maior necessidade de investimentos em infraestrutura
de produção nos SAFEs, por exemplo, prédio da agroindústria, veículos de transporte,
4 Agradecimentos
Agradecemos ao MCTI/MAPA/MDA/MEC/MAPA e ao CNPQ, pelo financiamento da pesquisa, bem como à
EMATER/RS-ASCAR, pela parceria no estudo.
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The IFOAM Norms for Organic Production and Processing. Basic Standards for Organic
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1
UFRGS, e-mail: bibianamr@gmail.com
2
UFRGS
3
UFRGS
Resumo: O presente trabalho busca de maneira sucinta explanar sobre a integração, através de alguns
conceitos chaves, bem como também descrever a realidade presente no mercado, como forma de se analisar os
prós e contras desta maneira de comercialização e seus liames que compreendem dentro da cadeia dos suínos e
aves. Dentre as condições para realização da integração está a disponibilidade de recursos financeiros para o
investimento inicial, sendo este de interesse da indústria integradora que visa reduzir a imobilização de capital;
acesso à propriedade em qualquer época do ano; ter mão-de-obra permanente na propriedade; disponibilidade de
água com boa qualidade e energia elétrica. Assim, torna-se necessário simular as condições reais desses produtores
na criação de frango de corte ou de suíno via integração, no intuito de identificar quais variáveis mais pesam no
seu orçamento e eventualmente melhor visualizar a viabilidade econômica, além de orientar possíveis produtores
interessados em ingressar na atividade.
Introdução
2.Metodologia
O trabalho que ora se apresenta é constituído por uma revisão bibliográfica, buscando
salientar as atribuições das formações contratuais no sistema integrado, os quais devem apontar
para a melhoria das condições de vida, reduzindo risco s de mercado, buscando a verticalização
da produção, aprimorando os conhecimentos para que se consiga agregar a todos os membros
das propriedades rurais, tornando-se equipes em que todos tenham seus espaços, autonomias e
contribuições.
O processo de revisão da literatura requer a elaboração de uma síntese pautada em
diferentes tópicos, capazes de criar uma ampla compreensão sobre o conhecimento. A revisão
da literatura é um primeiro passo para a construção do conhecimento científico, pois é através
desse processo que novas teorias surgem, bem como são reconhecidas lacunas e oportunidades
para o surgimento de pesquisas num assunto específico. Ingram et al. (2006) lembram que a
revisão da literatura não é uma espécie de sumarização. Ela envolve a organização e a discussão
de um assunto de pesquisa.
O objetivo deste artigo é uma revisão literária do histórico das produções de aves e
suínos conjuminados aos modelos de contrato de integração com empresas como forma de
estabelecer parâmetros para as produções, bem como também demais situações no que diz
respeito a esse assunto. Levando em consideração alguns aspectos que demonstram um risco
menor na venda do mercado, também o aparato que as empresas fornecem para subsidiar as
atividades e busca de inovações tecnológicas e bem-estar animal.
3. Sistema de Integração
A partir do início dos anos 60, surge no sul do país uma avicultura e suinocultura
integrada contratualmente. Trata-se de uma forma de coordenação entre o mercado (onde as
empresas são completamente independentes e livres para realizarem as suas transações com
quem quiserem, sem qualquer compromisso, formal ou não, de repetir a transação com o mesmo
ator) e a integração vertical, que seria a posse, por um mesmo agente econômico, de diversas
fases da produção (SAAB et al., 2009).
A forma contratual permite que empresas diferentes tenham certas garantias, como o
suprimento de matéria prima com as quantidades e especificações previamente determinadas,
de um lado (a indústria), e a venda da sua produção, do outro lado (produtor), mas permaneçam
4. Avicultura
5. Suinocultura
6. Considerações
Como bem destaca Oliveira (2015), o sistema é interessante para a agroindústria, pois
os investimentos em terras, instalações, máquinas e mão-de-obra são transferidos aos
produtores rurais, aumentando a competitividade do produto no mercado.
Para os produtores rurais, o sistema de integração garante o escoamento da sua
produção e assistência técnica, obtenção de melhores insumos de produção, assegura uma
produção ininterrupta, propicia maior facilidade de acesso ao crédito e a incorporação mais
rápida de inovações tecnológicas (SILVA, 2006; FERREIRA, 2007; GOMES; GOMES, 2008).
Partindo-se dos argumentos de Siffert Filho & Faveret filho (1998) de que as grandes
empresas presentes no sistema agroindustrial exercem papel de agentes coordenadores da
cadeia produtiva, pode-se inferir que o desenvolvimento tecnológico na agropecuária está
fortemente condicionado às exigências da indústria processadora, na busca de sustentação de
suas vantagens competitivas. Neste sentido, Farina & Zylbersztajn (1992) afirmam que a
indústria de transformação induz a mudanças tecnológicas na agropecuária e, até mesmo, na
estrutura de distribuição.
Desse modo, o sistema de integração sido fundamental para os setores, uma vez que
proporciona importantes ganhos de eficiência, gerando competitividade ao setor
internacionalmente, além de aumentar a participação no mercado interno de carnes (FARINA,
1995; FERREIRA, 2002; ZILLI, 2003).
Alguns fatores determinantes podem estar mais ligados às questões regionais
relacionadas com arranjos produtivos locais e suas estruturas de mercado, do que com a
eficiência técnica das unidades produtivas, sendo que essas diferenças podem não se expressar
em tal magnitude, ao estudar sistemas em diferentes regiões.
Entretanto, seu rendimento é condicionado a sua eficiência no processo produtivo,
cabendo ressaltar que, em geral, o conhecimento desses produtores integrados sobre a
determinação de quais variáveis que, ao longo da vida útil do investimento, mais oneram seus
custos é bastante reduzido, principalmente no que se refere ao uso alternativo de matérias-
primas.
As principais vantagens da participação do produtor no sistema de integração são a baixa
aplicação de capital de giro próprio na criação e o baixo risco. As principais desvantagens são
Referências
Resumo. O artigo objetivou de comparar o resultado econômico da produção de milho e soja no âmbito de uma
propriedade agrícola, a partir do uso do TDABC na mensuração dos custos indiretos associados. Foi utilizada
metodologia descritiva, qualitativa e no formato de estudo de caso. Quanto aos resultados, apurou-se que o
produtor teve maior lucro no caso do plantio do milho, pois este superou o cultivo de soja (R$ 2.362,53 contra R$
2.211,96 por hectare). Além disso, a análise conjunta das informações obtidas permitiu concluir que o volume
produzido foi o fator preponderante para que o milho superasse o outro produto, mesmo com custos
proporcionalmente maiores em relação à receita bruta de vendas se comparado com o cultivo de soja.
1. Introdução
O setor de agronegócios brasileiro é uma importante fonte geradora de recursos para a
economia do país. Contudo, há uma grande competição neste mercado, o que traz a necessidade
de constantes aprimoramentos da gestão em busca de instrumetos para enfrentar a concorrência
e fidelizar os clientes (JESUS; RÊGO, 2012). Nesse sentido, a evolução da concorrência e da
complexidade do mercado do agronegócio pode ocasionar a necessidade de conhecer
determinadas informações contábeis que auxiliam no processo decisório. Conforme Oliveira
(2010), o produtor rural que tiver conhecimento das informações contábeis acerca do
empreendimento que dirige poderá utilizá-las para controlar os custos de sua produção,
fundamentar melhor suas decisões e adotar estratégias que aumentem a eficiência da
propriedade como um todo.
Apesar do conhecimento dos benefícios que as informações vindas da contabilidade têm
para todos os setores da economia, na agricultura percebe-se certa resistência em realizar esse
tipo de controle. Para Fonseca et al. (2015) este fenômeno ocorre devido ao desinteresse dos
produtores rurais em utilizar as informações contábeis para a gestão das propriedades, visto que
tem servido apenas como uma ferramenta empregada em questões tributárias. Entretanto, no
caso da gestão de custos as contribuições oriundas podem ajudar a otimizar o resultado da
atividade, ou melhorar a mensuração dos resultados operacionais.
Então, como forma de evidenciar algumas dessas possibilidades, neste artigo se buscou
responder a seguinte questão de pesquisa: qual o resultado econômico da produção de milho e
soja de uma propriedade rural, considerando o uso do Time-driven Activity-based Costing
(TDABC) na avaliação dos custos indiretos de produção? Para tanto, foi estabelecido o objetivo
de comparar o resultado econômico da produção dessas duas culturas no âmbito de uma
propriedade agrícola, a partir do uso do TDABC na mensuração dos custos indiretos associados.
Estudos como esse se justificam, do ponto de vista econômico, devido à relevância do
agronegócio na economia brasileira. Ou seja, em 2016, para um Produto Interno Bruto (PIB)
em valores correntes de R$ 6,266 trilhões, a agropecuária participou com R$ 295,20 bilhões,
equivalentes a 4,71% do PIB brasileiro (SENKOVSKI, 2017). Além disso, as incertezas do
ambiente mercadológico nacional sinalizam que o aprimoramento do processo de gestão nas
propriedades rurais é cada vez mais importante para que tenha um controle adequado dos custos
da produção agrícola e se possa melhorar a rentabilidade da propriedade.
2. Revisão da literatura
Dogan, Arslan e Köksal (2013) asseveram que a contabilidade rural é uma das
especialidades da contabilidade que é responsável pela contabilização das atividades de
empresas rurais, sendo que este tipo de contabilidade utiliza dados vindos dos controles
financeiros, de custos e gerenciais. Nessa direção, Marion (2005) cita que se pode dividir a
contabilidade em “geral” ou “particular”. Mas, sempre que a contabilidade é direcionada ao um
ramo específico ela recebe como complemento a atividade daquele ramo. Portanto, a
contabilidade rural visa o estudo do patrimônio das empresas rurais. Por sua vez, Crepaldi
(1998) defende que a contabilidade rural tem como objetivo controlar o patrimônio das
empresas rurais e a apuração dos resultados das atividades deste tipo de organização,
disponibilizando informações importantes sobre o desempenho para diversos usuários.
Sobre a importância da contabilidade para propriedades rurais, Borilli et al. (2005)
destacam que as práticas contábeis podem gerar informações relevantes para suportar o
processo de tomada de decisões em uma entidade rural. Aduz, ainda, que é necessário um
processo de gestão eficiente para que uma empresa rural possa aproveitar melhor as
informações geradas pela contabilidade.
Contudo, Crepaldi (1998) menciona que a contabilidade rural é pouco utilizada, pois a
maioria dos produtores acredita que esta consiste em uma técnica de execução complexa e que
traz pouco retorno efetivo ao agricultor. Considera que isso pode ser causado por razões como
(i) a adaptação de sistemas estrangeiros e de contabilidade comercial e industrial, inadequados
para retratar as características da agropecuária brasileira; (ii) a falta de profissionais capacitados
na transmissão de tecnologias administrativas aos fazendeiros e (iii) a não inclusão da
contabilidade rural como instrumento de políticas governamentais agrícolas ou fiscais.
Para Dal Magro et al. (2009) uma empresa rural de sucesso não é aquela que possui uma
produtividade elevada motivada pela utilização de melhorias tecnológicas no processo
produtivo, mas também aquela que consegue controlar os custos de produção de forma que
garanta sempre um resultado favorável em suas atividades.
fizeram com que tivesse uma baixa aceitação pelas organizações e que vários projetos que
utilizavam-no fossem descontinuados.
A partir disso, Kaplan e Anderson (2007) desenvolveram o Time-driven Activity-based
Costing (TDABC) objetivando a simplificação do processo de custeio por atividades. Com isso,
criaram um método de custeio que demanda menos investimentos que o ABC e cuja elaboração
é mais simplificada.
Nessa direção, um dos principais diferenciais da utilização do TDABC para custeio é
que esta metodologia dispensa a criação de variáveis distintas para elaboração das estimativas
de custos, pois essa variável em todos os casos é o “tempo consumido” pela execução da
atividade. Isso permite que as características individuais de cada atividade sejam respeitadas e
tratadas individualmente (KAPLAN; ANDERSON, 2004). Nesse rumo, Monroy, Nasiri e
Peláez (2014) citam que o TDABC analisa o custo de uma atividade através do tempo
consumido por ela, resultando em uma equação que determina o custo com base nas
características do próprio objeto.
Para exemplificar a utilização das metodologias de custeio, Kaplan e Anderson (2007)
descrevem o processo de elaboração de um pedido de venda que, nas metodologias tradicionais,
necessita da criação de uma variável direcionadora de custos, que poderia ser o número total
de itens do pedido. Já no TDABC essa variável é o tempo consumido, o que respeita as
características individuais de cada tipo de pedido. Assim, para se elaborar um modelo de custos
através do TDABC é necessário realizar a estimativa de dois parâmetros que permitem
determinar o custo de cada objeto de custeio que são: o custo unitário de um recurso e o tempo
necessário do recurso para realizar uma atividade.
Quanto aos procedimentos visando a elaboração de estimativas de custos utilizando o
TDABC, Everaert e Bruggeman (2007) defendem que o processo de criação seja dividido em
seis etapas: (i) identificar os grupos de recursos e atividades necessários; (ii) determinar o custo
de cada grupo; (iii) estimar a capacidade prática de cada grupo de recursos; (iv) calcular o custo
por unidade de tempo; (v) determinar quantas unidades de tempo são necessárias para cada
atividade e (vi) calcular o custo por transação. Citam, também, que a facilidade na
implementação e atualização do TDABC disponibiliza aos gestores informações a respeito dos
custos e da rentabilidade dos produtos e serviços de uma forma mais simples e com menor custo
que o Custeio Baseado em Atividades (ABC).
3. Metodologia
No que tange à metodologia empregada nesta pesquisa, em relação à tipologia quanto
aos objetivos esta pode ser classificada como descritiva, porque esta modalidade consiste em
descrever as características de determinada população ou fenômeno ou estabelecer relação entre
as variáveis (GIL, 2004). Quanto ao aspecto dos procedimentos adotados, caracteriza-se como
estudo de caso, de vez que se concentra especificamente numa propriedade rural e suas
conclusões limitam-se ao contexto desse objeto de estudo (YIN, 2005). No âmbito da forma de
abordagem do problema pode ser classificada como qualitativa, de vez que é assim que
Richardson (1999) denomina os estudos que visam descrever a complexidade de determinado
problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar processos vividos
por grupos sociais.
A respeito dos dados coligidos, estes foram obtidos em propriedade rural situada na
região oeste de Santa Catarina e visaram a produção de milho e soja. A escolha destas duas
culturas deveu-se à grande relevância das mesmas para a economia da região estudada e está
de acordo com o posicionamento de Osaki e Batalha (2015) no sentido de se priorizar as culturas
que possuam maior participação e importância no contexto regional. É válido destacar, ainda,
que a propriedade em tela é composta por 197 hectares de área cultivável, sendo dividida em
setores onde o produtor planta as culturas de milho e soja de forma alternada para garantir maior
eficiência produtiva e diminuir riscos ligados às oscilações de preços e outros que possam
atingir apenas uma das culturas. Em relação às fontes de dados e ao período abrangido, a
pesquisa priorizou os registros mantidos pelo produtor rural acerca das safras que ocorreram no
período de 05/09/2015 a 02/02/2016 (para o milho) e de 15/10/2015 a 03/03/2016 (para a soja).
4. Resultados e discussão
A primeira etapa percorrida para a identificação do custo de produção de cada uma das
culturas analisadas consistiu em identificar os gastos despendidos na manutenção das atividades
da propriedade, que normalmente assumem o caráter de “indiretos” (ou seja, que não são
alocados diretamente no cultivar a ser produzido). Nessa direção, para facilitar a mensuração
desses custos optou-se por trabalhar com um ciclo de produção de 150 dias para a cultura da
soja e de 140 dias para a do milho. Além disso, para os custos com periodicidade mensal foi
multiplicado o valor de um mês pelo número de meses equivalente ao ciclo produtivo de cada
um dos dois itens abrangidos no estudo. No que concerne aos valores dos gastos anuais, estes
foram divididos pelo número de safras esperadas para o período e os valores apurados para uma
safra estão evidenciados na Tabela 1.
Tabela 1 - Custos indiretos das duas culturas por safra (valores em R$)
Tipo Soja Milho
Folha de pagamento 23.606,61 22.032,84
Energia elétrica 350,00 326,67
Depreciação de equipamentos 29.091,25 31.003,75
Manutenção de equipamentos 19.600,00 21.100,00
Seguros diversos 1.758,47 1.758,47
Contribuição sindical rural 361,00 361,00
Total 74.767,33 76.582,73
Fonte: elaborada pelos autores.
Destarte, constata-se que o valor estimado dos custos indiretos é de R$ 74.767,33 para
uma safra de soja e de R$ 76.582,73 para uma produção de milho, com base nos volumes que
a terra agriculturável da propriedade pesquisada suporta. Então, como o TDABC está calcado
no tempo utilizado nas atividades, na segunda etapa foi estimado o tempo de trabalho disponível
do quadro de trabalhadores para medir a capacidade prática da propriedade. A respeito disso,
na Tabela 2 consta o detalhamento dos cálculos efetuados para cada tipo de produto.
Tabela 2 - Capacidade prática da propriedade
Itens Descrição Soja Milho
a) Número de pessoas 3 3
b) Número de dias trabalhados 100 94
c) Horas diárias 8,8 8,8
d=a*b*c) Horas totais 2.640 2.481,60
e) Minutos por hora 60 60
f=d*e Capacidade prática da propriedade 158.400 148.896
Fonte: elaborada pelos autores.
Portanto, estimou-se que será necessária uma capacidade total de trabalho de 158.400
minutos para desenvolvimento das atividades relacionadas com a cultura de soja e de 148.896
minutos para a cultura de milho. Com base nos dados disponíveis foi possível determinar a taxa
de custo unitário por minuto, como apresentado na Tabela 3.
Tabela 3 - Taxa de custo da capacidade
Itens Soja Milho
1) Custo da capacidade fornecida (R$) 74.767,33 76.582,73
2) Capacidade prática da propriedade (minutos) 158.400 148.896
5. Considerações finais
O artigo objetivou comparar o resultado econômico-financeiro da produção dessas duas
culturas no âmbito de uma propriedade agrícola, a partir do uso do TDABC na mensuração dos
custos indiretos associados. Então, conforme o relatado nas seções precedentes, os autores
consideram que esse objetivo foi alcançado, de vez foi utilizado tal metodologia de custeio para
alocar os custos indiretos a cada cultura e computado o custo direto (sementes, defensivos,
adubos etc.) que cada cultura consome para determinar o resultado operacional para um hectare
de terra cultivada de soja e de milho.
Quanto aos resultados, apurou-se que o produtor teve maior lucro no caso do plantio do
milho, pois este superou o cultivo de soja (R$ 2.362,53 contra R$ 2.211,96 por hectare). Além
disso, a análise conjunta das informações obtidas das tabelas apresentadas permitiu concluir
que o volume produzido foi o fator preponderante para que o milho superasse o outro produto,
mesmo com custos proporcionalmente maiores em relação à receita bruta de vendas se
comparado com a soja.
Porém, é relevante destacar que a manutenção do cultivo das duas culturas deve ser
cogitada como forma de diluir os riscos da atividade agrícola. Ou seja, além das corriqueiras
oscilações nos preços de venda conforme o período do ano, como os custos operacionais
agrícolas e os investimentos necessários são elevados e a produção pode ser impactada por
fatores relacionados com o clima, doenças, pragas etc., manter o plantio dos dois produtos pode
ser uma alternativa viável de minimizar riscos inerentes a esse tipo de empreendimento.
No que concerne às limitações do estudo, convém salientar dois aspectos. O primeiro é
que, por ser um estudo de caso, as conclusões restringem-se a esse contexto pesquisado, não
permitindo extrapolações para outras propriedades assemelhadas.
O segundo ponto é que não foram computadas as despesas da atividade e nem foi
calculado o custo de oportunidade, tendo em vista que especialmente este último pode ser
representativo em termos percentuais da receita.
Ainda, a título de recomendações para trabalhos futuros sugere-se fazer esse
comparativo com mais culturas ou mesmo com atividades produtivas distintas (agricultura
versus produção de leite e/ou peixes) que podem ser executadas concomitantemente numa
propriedade rural.
Referências
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Lima
Resumo. O trabalho foi desenvolvido com o intuito de buscar melhorias econômicas na geração de receita em
propriedades rurais junto a um sistema de produção leiteira, no presente estudo foram avaliadas 45 vacas
holandesas de alta produção nos meses de junho, julho e agosto em dois anos diferentes, 2016 e 2017, sendo que
no primeiro ano a dieta das vacas de alta produção tinha como base a pastagem de inverno composta por aveia e
azevem sendo fornecida a vontade, 8 kg de concentrado como 17% de PB e 20 kg de silagem de milho. No segundo
ano de avaliação a dieta manteve como base o fornecimento de pastagem de inverno de aveia e azevem à vontade,
8 kg de concentrado com 17% de PB, e 20 kg de silagem de sorgo. O trabalho avaliou durante os 03 meses a
produção média dessas 45 vacas e usou como padrão o valor de R$1,20 pago pelo litro produzido pelo produtor.
Também foi avaliado o custo de produção dessa silagem desde a semeadura até a ensilagem das duas cultivares.
Introdução
Diversas transformações, dentre outros fatos, têm contribuído para que os produtores de
leite reflitam sobre a necessidade de administrarem bem a atividade leiteira, tornando-se mais
eficientes e, consequentemente, competitivos.
Nessa nova realidade, ter controle adequado e, principalmente possuir um sistema de
custo de produção de leite que gere informações para a tomada de decisões rápidas e objetivas
é essencial para o sucesso da propriedade (LOPES et al., 2004).
A necessidade de analisar-se economicamente a atividade leiteira é importante para o
produtor passar a conhecer e utilizar, de maneira inteligente, os fatores de produção (terra,
trabalho e capital), e a partir daí, concentrar esforços gerenciais e tecnológicos, para obter
TRATAMENTO A TRATAMENTO B
MILHO 2016 SORGO 2017
Figura 1 – Barracão tipo tratador usado pra alimentação das vacas leiteiras.
TRATAMENTO A TRATAMENTO B
CUSTO TOTAL: R$ 14.900,00 CUSTO TOTAL: R$ 13.040,00
45 VACAS X 29,30 LTS X 92 DIAS: 121.302 LTS 45 VACAS X 28,75 LTS X 92 DIAS: 119.025 LTS
TRAT. A 121.302 – TRAT. B 119.025 = 2.277 LTS CUSTO: A 14.900 – B 13.040 = R$ 1.860,00
2.277 LTS X R$ 1,20 = R$ 2.732,40 R$ 2.732,40 – R$ 1.860,00 = R$ 872,00
Fonte: Elaborado pelos autores, 2017.
A silagem de milho possui boa produção de massa por unidade de área (NEUMANN,
2003) e alta concentração energética (ROCHA, 2006), é uma fonte de volumoso que pode ser
usado com sucesso para o balanceamento de dietas de vacas leiteiras de alta produção, e quando
combinado com outro tipo de volumoso, proporciona uma dieta com elevado perfil nutricional.
O milho tem sido a forrageira de maior utilização no processo de ensilagem, entretanto,
o sorgo tem se apresentado como boa opção em substituição ao milho, principalmente devido
à maior resistência e menor custo de produção (DIAS, 2001).
Entre os trabalhos que a literatura emprega junto à cultura do sorgo tem-se estudado a
competição entre cultivares, observando-se a oscilação na variação na produção de matéria
seca.
A cultivar do sorgo forrageiro constitui a opção mais viável economicamente para
atender a demanda dos pecuaristas, destacando-se principalmente por ser um alimento de alto
valor nutritivo, que apresenta alta concentração de carboidratos solúveis, essenciais para
adequada fermentação lática (NEUMANN, 2002) e apresenta, em média, 85% a 90% do valor
nutritivo das silagens de milho (ZAGO, 1997), apresentando excelente conservação deste
alimento sob a forma de silagem, pelos teores elevados de proteína bruta (WHITE, 1991).
No presente estudo avaliado tivemos uma diferença sobre o custo de produção entre
uma cultivar e outra de R$ 1.860,00, onde o milho se sobre saiu quando comparado a cultivar
do sorgo. Porem já na produção leiteira foi encontrado uma produção superior com a cultivar
do milho em 2.277 litros de leite, quando multiplicado pelo preço base pago a produtor de
R$1,20 o valor encontrado de receita bruta foi de R$ 2.732,40.
Agora quando comparado o valor de R$ 1.860,00 economizados no processamento da
cultivar do sorgo em relação a cultivar do milho e subtrair pelo valor de R$ 2.732,00 de receita
encontrada a mais em produção das vacas com a cultivar do milho chegamos ao valor de R$
872,00.
Com base nos resultados desta pesquisa, foi possível observar que apesar da cultivar do
sorgo ser mais barata no processo de ensilagem quando comparada ao milho, a mesma se
mostrou inferior a cultivar do milho na produção leiteira, podendo ser concluído assim que a
cultivar de eleição para o processo de ensilagem como base na alimentação de vacas leiteiras é
o milho, porém o sorgo se mostra como uma opção alternativa nesse meio de produção.
Referências
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Queiroz”, 1991. p.169-217.
Patricia Batistella1
Elen Presotto¹
Lauana Rossetto Lazaretti¹
Denise Gomes de Gomes¹
Resumo. O segmento de suco de laranja brasileiro se destaca devido ao seu potencial competitivo e elevado
volume de exportações. Sendo assim, o estudo busca identificar se este produto de origem brasileira possui
vantagem comparativa perante o mercado internacional. Para tanto, diversos índices foram calculados no período
de 1997 a 2013, sendo eles: Índice de Vantagem Comparativa Revelada e Simétrica; Indicador de Contribuição ao
Saldo Comercial e Índice de Comércio Intra-setorial. Os dados foram obtidos junto a FAOSTAT. Os principais
resultados do estudo apontam que o suco apresenta vantagem comparativa, mas a mesma vem diminuindo nos
últimos anos. Os índices de comércio intra-setor encontrados foram baixos para todos os anos do período analisado
e demonstram pouca tendência de aumento, apenas nos dois últimos anos do período. Dessa forma, é possível
caracterizar o comércio entre o Brasil e o resto do mundo para com as exportações do seu suco como sendo
intersetorial ou do tipo Heckscher-Ohlin, ou seja, o país tende a exportar bens que utilizam mais intensivamente
os recursos relativamente mais abundantes.
Abstract. The Brazilian orange juice segment stands out due to your competitive potential and high volume of
exports.Thus, the study seeks to identify if this product of brazilian origin has comparative advantage vis-à-vis the
international market. To this end, various indices were calculated for the period of 1997 to 2013: index of Revealed
comparative advantage and symmetrical; Indicator of contribution to the Commercial Balance and Intra-industry
Trade Index. The data were obtained from the FAOSTAT. The main results of the study show that the juice
presents comparative advantage, but the same comes decreasing in recent years. Intra-setor trade indices were low
for all years of the analysis period and shows little tendency to increase, just in the last two years of the period. In
this way, it is possible to characterize trade between Brazil and the rest of the world to your juice exports as
Heckscher-type or intersectoral Ohlin, i.e. the country tends to export goods that use more intensively the relatively
more abundant resources.
Keywords: exports; orange juice concentrate; competitiveness; comparative advantage
Introdução
para o sabor de laranja, com aproximadamente 39% do Market Share dos produtos do gênero
(AIJN, 2014). A União Europeia se constitui como o maior importador de suco concentrado de
laranja, enquanto o Brasil, Bélgica, Países Baixos e Estados Unidos como maiores exportadores
(FAO, 2016).
Contudo, o cenário global é caracterizado pela alta concorrência e em médio e longo
prazo os níveis de competitividade dos países podem ser alterados. Diante de tal fato, o trabalho
buscará responder se os níveis de competitividade do Brasil e sua indústria citrícola são
suficientemente capazes de continuar promovendo a expansão do setor e de sua participação de
mercado em nível internacional?
Com vistas a responder tal questionamento, optou-se por calcular os seguintes
indicadores de comércio internacional: (i) índice de Vantagem Comparativa Revelada (IVCR);
(ii) índice de Vantagem Comparativa Revelada Simétrica (IVCRS); (iii) Indicador de
Contribuição ao Saldo Comercial (ICSC); e (iv) Índice de Comércio Intra-setorial.
O trabalho está divido em cinco seções. A primeira consiste nesta introdução, na
segunda seção, contém o referencial teórico trazendo uma abordagem das principais teorias
sobre vantagens comparativas e competitividade. A terceira seção compreende a metodologia
utilizada para alcançar os objetivos propostos. A quarta seção é composta pelos resultados e
discussão. Por fim, a quinta seção irá conter as principais conclusões.
2 Competitividade
sendo a capacidade de transformar insumos em produtos. Desta forma, observa-se uma divisão
entre o ex-ante e o ex-post da indústria.
Kupfer (1992) define competitividade como sendo atrelada a uma direção extrínseca a
firma ou ao produto. O padrão de concorrência é uma variável determinante e a competitividade
é a variável determinada. Portanto, a competitividade são processos complexos de noções de
concorrência e padrões de concorrência, buscando incorporar a inovação tecnológica no
processo.
As novas discussões sobre competitividade foram tomando novas formas, novas
concepções e abordagens, as quais buscaram explicar e argumentar sobre as limitações dos
conceitos clássicos. Santana (2002) buscou em seus estudos enfatizar o importante processo de
transição dos estudos sobre competitividade, onde revisa vários conceitos. Para o autor alguns
dos principais elementos que determinam o ambiente competitivo são: a estrutura e
concentração de mercado, em função do número de concorrentes, a diferenciação e elasticidade
dos produtos e as condições para entradas de novos concorrentes.
Outro modelo que buscou atribuir características dinâmicas na análise de
competitividade foi o modelo Estrutura, Conduta e Desempenho (ECD), proposto inicialmente
por Mason em 1939 e depois por Bain em 1950 e 1960. Mas, a partir dos anos 80 quando
surgiram as propostas de Porter sobre competitividade industrial, houve a interação com o
modelo da ECD e juntos abordaram os custos de transação, a integração vertical, os modelos
de governança e a diversificação de produtos (SANTANA, 2002).
Portanto, como é possível observar, as leituras sobre as vantagens comparativas e os
níveis de competitividade de países e organizações industriais permite elencar um conjunto de
atributos os quais vão muito além do ambiente interno de uma empresa e agregam elementos
de sociologia econômica, de organização industrial, de políticas públicas, de políticas
macroeconômicas, de padrões de governança e de gestão das cadeias produtivas.
3 Metodologia
𝑋𝑖𝑗⁄
𝐼𝑉𝐶𝑅𝑖𝑗 = 𝑋𝑖⁄ (1)
𝑋𝑤𝑗⁄
𝑋𝑤
Onde:
O índice apresentado na seção anterior é apontado muitas vezes por apresentar uma certa
restrição, onde a desvantagem e a vantagem comparativa assumem dimensão assimétrica.
Sendo que a primeira varia no intervalo de 0 e 1 e a segunda entre 1 e infinito. Sabendo de tal
limitação, Laursen (1998) desenvolveu um novo índice, aprimorando o anterior (HIDALGO,
MATA, 2014). O novo índice passa então a assumir a seguinte forma:
(𝑉𝐶𝑅𝑖𝑗 − 1)
𝑉𝐶𝑅𝑆𝑖𝑗 = ⁄(𝑉𝐶𝑅 + 1) (2)
𝑖𝑗
Este índice 𝑉𝐶𝑅𝑆𝑖𝑗 assume valores entre de -1 a 1, dessa maneira se o valor encontrar-se
entre 1 e 0, então a região/país j irá possuir vantagem comparativa revelada no produto i.
Entretanto, caso os valores se situem entre -1 e 0, a região/país apresentará desvantagem
comparativa revelada no produto em análise.
Além dos índices já apresentados, outro indicador a ser calculado no presente estudo diz
respeito ao Indicador de Contribuição ao Saldo Comercial. O mesmo também corresponde ao
índice de vantagem comparativa, que diferentemente dos já propostos passa a levar em
consideração as importações. Este indicador foi desenvolvido por Lafay (1990) conforme
especificado na equação abaixo:
100 (𝑋−𝑀)((𝑋𝐼 +𝑀𝐼 ))
𝐼𝐶𝑆𝐶𝑖𝑗 = 𝑋+𝑀 [𝑋𝑖 − 𝑀𝑖 − (𝑋+𝑀)
] (3)
2
Em que;
𝑋𝑖 : exportações do bem i (neste caso i, representa o seu suco concentrado de laranja);
𝑀𝑖 : importações do bem i;
𝑋; 𝑀: exportações e importações, respectivamente, totais do país/região;
𝑋𝑖 − 𝑀𝑖 : representa a balança comercial do bem i;
(𝑋−𝑀)((𝑋𝐼 +𝑀𝐼 ))
(𝑋+𝑀)
: representa a balança comercial teórica do bem i.
Conforme destacado por Feistel, Hidalgo e Casagrande (2014), o ICSC tem por
embasamento a relação entre o saldo comercial observado para cada produto e o saldo
comercial teórico para cada produto. Sendo possível, então, verificar a existência ou não de
vantagens comparativas reveladas por meio da diferença entre o saldo comercial observado e o
teórico. Desta forma, quando o 𝐼𝐶𝑆𝐶𝑖𝑗 apresentar valor maior que zero, o produto i apresentará
vantagem comparativa revelada. Caso o 𝐼𝐶𝑆𝐶𝑖𝑗 seja menor que zero, o produto i possuirá uma
desvantagem comparativa revelada.
Porto Alegre - RS, 26 e 27 de outubro de 2017
99
O último indicador a ser utilizado neste estudo trata-se do Indicador de Comércio Intra-
setorial (CIS), desenvolvido por Grubel e LlOyd em 1975. Segundo Feistel, Hidalgo e
Casagrande (2014), o CIS tem por objetivo identificar qual é o tipo de comércio entre dois
países ou regiões, o qual pode ser intra-setor ou intersetorial.
Hidalgo e Mata (2004) assinalam que o comércio intra-indústria pode ser descrito como
uma troca de produtos que são classificados dentro de um mesmo setor, este tipo de comércio
passou a se intensificar com o aumento da similaridade tecnológica dos países desenvolvidos,
os quais efetuam trocas intrasetoriais de maneira mais intensa. Em contra partida, tem-se o
comércio intersetorial o qual se dá pela troca de produtos advindos de setores diferentes, mas
em um mesmo horizonte temporal definido entre duas economias.
De maneira equivalente, o índice de comércio intra-setor (𝐶𝐼𝑆𝑖 ) ao grau de cada produto
i é apresentado por:
(𝑋 − 𝑀 )
𝐶𝐼𝑆𝑖 = 1 − (𝑋𝑖 + 𝑀𝑖 ) (4)
𝑖 𝑖
Onde 𝑋𝑖 representa as exportações do setor i e 𝑀𝑖 representa as importações do mesmo
setor i para a economia. O índice varia de zero a um, sendo que se o valor for igual a zero, o
comércio será do tipo interindustrial, ou seja, um comércio do tipo Heckscher-Ohlin. Caso
contrário, se for unitário, o comércio será do tipo intra-industrial.
4 Resultados e Discussão
O suco de origem brasileira é uma das bebidas mais consumidas em todo mundo, em
cada cinco copos bebidos de suco de laranja, três deles são provenientes do Brasil. Contudo, ao
mesmo tempo que o Brasil lidera as exportações de suco concentrado, tem-se a inserção de
novos produtos, que competem diretamente com suco brasileiro (NEVES et al. 2010).
Neste item, pretende-se descobrir se o segmento de exportações de sucos de laranja, no
Brasil, é suficientemente competitivo para ampliar ainda mais sua participação neste mercado.
Tabela 1 - Índices de Vantagem Comparativa Revelada e Vantagem Comparativa Revelada
Simétrica, 1997-2013
Produto Suco Concentrado de Laranja
Período IVCR IVCRS
1997 7.89 0.77
1998 8.65 0.79
1999 9.40 0.81
2000 8.48 0.79
2001 7.62 0.77
2002 6.70 0.74
2003 7.20 0.76
2004 6.49 0.73
2005 5.58 0.70
2006 6.13 0.72
2007 5.78 0.71
2008 5.51 0.69
2009 4.98 0.67
2010 3.85 0.59
2011 2.10 0.36
2012 3.92 0.59
2013 4.16 0.61
Média 6.14 0.69
Fonte: elaborado pelos autores, dados da pesquisa (2016).
A Tabela 1, apresenta o IVCR e IVCRS no decorrer de 1997 a 2013, como é possível
verificar apesar do índice apresentar vantagens comparativas as mesmas estão sofrendo
constantes quedas nos últimos períodos analisados, apresentando os menores índices no ano de
2011.
O Brasil possui destaque mundial por ser o maior produtor de laranja, sendo que 90%
deste total são destinados para a produção do suco concentrado, o qual no decorrer dos 17 anos
analisados apresentou vantagens em ambos os índices. O valor máximo dos índices se deu no
ano de 1999, neste mesmo período o país foi responsável por 37% das exportações mundiais
de suco de laranja.
Mas, a partir de 2000 o índice passou a ter sucessivas quedas, não alcançado mais os
patamares elevados como final da década de 1990, chegando a ter seu menor desempenho no
ano 2011 (2,10 e 0,36). Com é possível verificar em nível internacional o segmento está
perdendo importância relativa, onde as exportações brasileiras estão diminuindo
consideravelmente, enquanto as exportações mundiais crescem. Essa tendência acaba por afetar
diretamente tais indicadores.
Vários são os fatores que afetam diretamente as exportações, no caso do suco de laranja
brasileiro, podem ser destacados : a queda no consumo do produto, elevadas barreiras tarifárias
e não tarifárias, dentre outros fatores que impulsionam negativamente o setor.
Atribuído como principal fator que colabora para perca de competitividade das
exportações brasileiras são as barreiras tarifárias e não tarifárias, pois desde que o Brasil se
tornou o maior produtor de laranja, o mesmo passou a ser alvo de rigorosas barreiras às
exportações da laranja e do próprio suco. Por exemplo, atualmente o Brasil paga US$ 415,00 a
tonelada do produto, para acessar o mercado nos Estados Unidos (ROSA et al. 2013).
Em compensação, são isentos de tarifas os sucos originários do Caribe, norte da África
e México. Enquanto, o suco pronto para beber brasileiro é tarifado em US$ 42/ton, as
importações originárias da América Central, México e Caribe são isentas de tarifas (NEVES et
al. 2010). No caso da Europa, principal mercado do suco brasileiro, as principais exigências
dos importadores europeus são em relação à segurança do consumidor, qualidade, autenticidade
e rastreabilidade do produto. É exigido que as regras do Codex Alimentarius2 sejam respeitadas,
uma coletânea de normas aceitas mundialmente que aborda assuntos da produção de alimentos
e segurança alimentar (NEVES; JANK, 2006).
Com o intuito de complementar a análise das vantagens comparativas reveladas, e
também de incorporar as importações na análise de competitividade, na Tabela 2, são
apresentados os índices de Contribuição ao Saldo Comercial (ICSC) e Indicador de Comércio
intra-setororial. A comparação destes se torna relevante, pois compõe um processo de filtragem
para conhecer melhor os produtos com vantagem comparativa revelada. Dessa forma, se possuir
vantagem comparativa o valor do ICSC será maior que zero.
Tabela 2 – Indicador de Contribuição ao Saldo Comercial e Indicador de Comércio intra-
setorial
ICSC Suco CIS Suco de Laranja
Período Concentrado de
Laranja
1997 0.4683 3.5891E-05
1998 0.6129 1.58436E-06
1999 0.6422 0.000127921
2000 0.4621 0
2001 0.3489 0
2002 0.3566 2.30068E-06
2003 0.3011 0
2004 0.1974 2.02611E-05
2005 0.1606 2.76332E-05
2
O Codex Alimentarius, ou "Código Alimentar", é um conjunto de normas, orientações e códigos de práticas
adoptados pela Comissão do Codex Alimentarius (FAO, 2016).
5 Conclusões
Referências
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SANTANA, A. C. de; Análise da competitividade sistêmica da indústria de madeira no Estado do Pará.
Revista de Economia e Agronegócio, v (1) n.2. 2002.
1
Faculdade Horizontina (FAHOR) – cc001742@fahor.com.br
2
Faculdade Horizontina (FAHOR) - kalkmannmarciol@fahor.com.br
³
Faculdade Horizontina (FAHOR)- ruppenthalivetel@fahor.com.br
Resumo. As propriedades rurais independentemente de porte, necessitam de estratégias para tomada de decisões.
Diante deste contexto, este estudo mapeia e avalia três fontes de recursos em uma determinada propriedade rural,
com o objetivo de descrever a gestão de negócios em pequenas propriedades rurais, enfatizando a necessidade de
uma avaliação ideal sobre a viabilidade das atividades econômicas, como ferramenta de gestão estratégica trazendo
dados, demonstrativos e resultados alcançados, de forma trazer uma melhor percepção do segmento agrícola para
propriedades rurais e trazendo dados analisados através de modelos matemáticos que possam maximizar os lucros
da propriedade em estudo. Para delinear a pesquisa caracteriza-se como exploratório-descritiva, sendo classificada
em dois aspectos, quanto aos fins, foi de natureza aplicada. Quanto aos meios, a pesquisa foi bibliográfica,
documental e estudo de caso. A coleta de dados se deu por meio de pesquisa bibliográfica, documental e entrevista,
para posterior análise e discussão dos resultados. Foi necessário obter custos das atividades, assim como produção
total, faturamento e preços praticados no mercado, para assim ter bases de cálculos afim de analisar e descrever os
custos de oportunidades presentes das três atividades da propriedade, para decidir onde ser direcionados os
investimentos da propriedade. Sendo assim, através deste estudo pode-se identificar que nas atuais condições, a
produção leiteira é inviável, trazendo um modelo ótimo de maximização de lucro que seria a produção conjunta
de milho e soja, maximizando assim o lucro.
Introdução
O atual cenário mundial retrata a necessidade de mudanças e inovações constantes
dentro das mais diversas formas de organizações. A busca pela estabilidade se caracterize em
forma de aperfeiçoamento constante dentro das empresas. Tais considerações se fazem
presentes em uma organização rural, onde são comercializados commodities agrícolas, que
possuem as mesmas ou mais significativas características de sazonalidade nos preços de
mercado. As propriedades rurais estão em constante fomento, haja vista a necessidade de
O objetivo desta seção é apresentar uma breve discussão a respeito da gestão eficiente
que é o pilar fundamental para que qualquer projeto consiga ter um bom desenvolvimento para
algum formato de negócio. Empreendedores de negócios rurais enfrentam várias dificuldades
diante do desafio de gerir um empreendimento ou empresa deste setor.
Nos dias de hoje, as empresas estão em um processo de constante revisão dos seus
modelos de negócios, organização e gestão. A análise de métodos e conceitos eventualmente
desgastados, bem como a reavaliação de procedimentos, são atividades indispensáveis ao modo
operante e produtivo que as atuais práticas demandam, e que precisam ser aplicadas em
diferentes níveis dentro de uma estrutura organizacional, assim esses modelos podem ser
aplicados nas empresas rurais, onde que um modelo de negócio vem agregar valor ao cenário
atual das propriedades (ROSA, 2013).
Para Padovane (2006), contabilidade é a ciência social que visa ao registro e ao controle
dos atos e fatos econômicos, financeiros e administrativos das entidades, e, contudo, estuda o
patrimônio. Trata-se de um sistema de informação e avaliação destinado a prover seus usuários
2.3 Agronegócio
3 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO
O presente estudo, quanto à sua natureza, trata-se de uma pesquisa aplicada, com
finalidades imediatas às quais geram produtos ou processos. Sendo assim, utilizou o
conhecimento da pesquisa básica para resolver problemas relacionados a aplicações concretas.
Com relação aos objetivos, utilizou-se a pesquisa exploratório-descritiva, este estudo se
classifica como exploratório descritiva por que visou descrever a propriedade e de qual forma
está estruturada, após coleta de dados foi realizado a análise que serviu como base para a
estruturação da analise econômica, sendo assim explorou os dados de receitas e custos que tem
na propriedade, para assim ter um embasamento para o plano.
Quanto à abordagem, este estudo classificou-se como quanti-qualitativa, pesquisa
qualitativa visou trazer a análise e descrições de gestão em pequenas propriedades rurais,
contemplando o primeiro objetivo, trazendo assim consigo a análise dos fatores de produção e
das atividades econômicas da propriedade que traz o segundo objetivo, já a quantitativa
contemplo o quarto objetivo para o levantamento de dados das receitas e das despesas na
propriedade, a fim de trazer a análise em números, para assim ter uma melhor compreensão.
Quanto aos procedimentos técnicos, fez-se uso dos métodos documental, bibliográfico
e estudo de caso. Ja pesquisa bibliográfica cumpriu o objetivo de descrever sobre gestão em
propriedades rurais, estratégias empresariais, principalmente em pequenas propriedades,
enfatizando uma análise econômica, como ferramenta de gestão estratégica. Enquanto a
pesquisa documental cumpriu o objetivo de caracterizar a gestão de negócios da propriedade
rural em estudo, onde realizou-se o levantamento de receitas, custos, lucros (sobras), despesas
(investimentos) e endividamento da atividade econômica na propriedade estudada, pelos quais
estes dados foram coletados em notas fiscais e anotações do produtor.
Portando, o estudo de caso cumpriu o objetivo de mapear os fatores de produção e
detalhar as atividades econômicas atualmente desenvolvidos na propriedade, dados os quais são
específicos da mesma, não se aplicando a demais propriedades devido a suas particularidades.
Desta forma, fica caracterizada esta pesquisa: de natureza aplicada, em relação aos
objetivos como pesquisa exploratório-descritiva, com abordagem quanti-qualitativa, utilizando
procedimentos documental, bibliográfico e estudo de caso.
Para a coleta de dados, foi aplicada uma entrevista estruturada para o proprietário com
o objetivo de levantar informações da gestão da propriedade onde o entrevistador obteve amplo
e ilimitado acesso aos documentos e informações, e o entrevistado foi solicitado a responder as
perguntas em várias ocasiões. Sendo assim foram realizadas as análises das informações
obtidas com intuito de elaborar uma análise econômica do negócio pertinente ao caso estudado,
os valores expressos na análise do estudo foram corrigidos a preços de 2014, aonde se utilizou
o deflator com base no IPCA (índice de preços ao consumidor).
Após a coleta de dados foram utilizadas as seguintes ferramentas para auxílio na análise
dos dados: Microsoft Excel para elaboração de planilhas de custos e receitas assim como
modelação dos gráficos, modelo matemático (solver), utilizado também programação linear
para auxilio da análise e elaboração do quarto objetivo.
A propriedade rural estudada neste trabalho encontra-se localizada em Vila São Miguel,
no interior do município de Tucunduva-RS. É classificada como uma pequena propriedade,
pois a mesma possui uma área entre um a quatro módulos fiscais. A propriedade rural em
estudo, possui atualmente 25 hectares no total, o que compreende 1,25 módulos fiscais. Desses
25 hectares, 3 são destinados a reserva legal, 17 hectares destinados a cultura do milho e da soja
e 5 hectares destinados exclusivamente a produção leiteira. A propriedade trabalha com 3 fontes
de recursos, ou seja, produção de leite, milho e soja; da produção de milho parte é destinada
para consumo da produção leiteira e parte é vendida no mercado, assim como a soja que, é
totalmente comercializada no mercado.
Figura 1 – Gráfico do faturamento Bruto por Ano/Safra a preços de mercado
culminando em uma diminuição de 15% no valor total faturado da safra de 13/14 para a 14/15,
já com base na safra 15/16 observou-se um aumento de 30% na produção, isso devido ao
aumento de 1 hectare de área plantada, contudo o valor nominal médio praticado no mercado
teve um aumento de aproximadamente 51% em relação à safra anterior sendo assim teve um
faturamento, 95 % maior que o faturamento obtido na safra anterior, a valores reais tem-se um
aumento de apenas 68,22% em faturamento e o preço praticado no mercado de 25,90% em
relação ao ano de 2014.
Na cultura da soja, observado na propriedade houve um aumento de produção assim,
como o aumento do faturamento bruto, analisando entre safra de 2013/2014 para 2014/2015
teve um aumento de 39% na sua produção total, contando também com um aumento de 61%
no faturamento nominal bruto, tendo em vista os valores reais praticados no mercado esse
aumento de faturamento obteu-se em 27,76%, o preço médio praticado a valores reais teve uma
queda de 25,48% em relação a 2014, na safra de 2015/2016 tampouco houve um aumento de
88% no faturamento e 27% de aumento da produção, isso tudo devido também ao aumento de
3 hectares de área plantada, ou seja, um aumento de 30% na área plantada.
Analisando e comparando os anos baseados na safra de 2013/2014 obtém-se uma grande
diferença entre os valores reais e nominais, como pode-se ver nos faturamentos por safra,
nominalmente a safra de 2015/2016 teve um aumento de 140,33 % em seu faturamento
comparando com dados da safra 2013/2014, mas trazendo a valores reais de mercado esse
aumento deu-se apenas de 42,88 %, assim como a comparação feita com a cultura do milho que
teve nominalmente um aumento de faturamento de 68,22% quando na realidade esse aumento
foi de apenas 1,06% trazendo grande impacto nos números da propriedade. Um caso
interessante observa-se na produção leiteira que o faturamento nominal foi de 25,90 %, mais
quando traz-se a valores reais a propriedade teve uma queda de 36,73% no faturamento, tudo
isso devido a inflação instaurada no período estudado.
Observados os dados relativos com base na produção leiteira considera-se o ano civil,
ou seja, tudo o que foi produzido e faturado no período de 01/01 a 31/12 de cada ano do período
estudado, já das culturas do milho e da soja considera-se o ano agrícola que se refere dos meses
maio a abril, contando junto o faturamento e produção nas áreas plantadas englobando, safra e
safrinha.
Foram montados três relatórios de sensibilidade, onde foram feitos cálculos para
lucratividade produzindo o total de área com milho, outro com soja, e outro com produção em
conjunta, ou seja, metade da área utilizada para milho e metade utilizada para soja, visto que
este seria um dos mais indicados por meio da rotação de culturas, salientando que os custos e
valores praticados estão a valores presentes e os mesmos podem sofrer variações, tanto para
cima ou para baixo nos próximos anos. A partir dos dados obtidos foram encontrados os
seguintes resultados.
Como demonstra com base nos dados obtidos no modelo matemático, a atividade que
maximizaria os lucros a ser desenvolvida pela propriedade seria o caso da cultura da soja, pela
qual traz uma lucratividade de R$ 50.948,48 por safra, produzindo os 22 hectares disponíveis
na propriedade e utilizando dos recursos que a propriedade tem a oferecer, superior a produção
apenas de milho que teria uma lucratividade de R$ 48.653,22, e a atividade leiteira seria
completamente inviável para a propriedade, ou seja, teria que ter uma diminuição de no mínimo
de R$ 2137,98 no custo da produção leiteira para começar a ter lucro.
Mesmo que o modelo matemático que apresenta como ideal somente produção de soja,
pois maximiza o lucro, sugere-se a produção conjunta, pois como descrito anteriormente
existem outros fatores que interferem na produção. Assim, a terra depende de manejo especial
para não esgotar sua produtividade, sendo que a rotação de cultura é um dos aspectos ideais
para fortalecer a terra em produção.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Uma análise econômica para pequenas propriedades serve para serem tomadas decisões,
mas isso exige um embasamento muito grande, quando estão envolvidos altos valores. Caso
contrário corre-se o risco de realizar investimentos de forma equivocada, ou mesmo deixar de
alocar um recurso pelo qual traria um maior retorno para a propriedade. Um planejamento para
pequenas propriedades hoje em dia é de suma importância. Muitas vezes, um planejamento
mais concreto não ocorre com propriedades de pequeno porte, pois os produtores geralmente
possuem uma baixa renda e tem seu sustento vindo da pequena área produtiva que está
disponível na sua propriedade. Esses produtores, via de regra não, tem um bom embasamento
e conhecimento para planejar sua produção ou melhorar seus resultados.
Neste sentido, por meio do modelo matemático pode-se evidenciar as atividades mais
lucrativas com os recursos disponíveis na propriedade, sendo esta considerada uma ferramenta
adequada para gestão e análise econômica, evidenciando através de números concretos a
realidade de uma propriedade, servindo por base para a tomada de decisão.
6 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
1
Universidade Federal de Santa Maria, angelicacristinarhoden.ufsm@gmail.com
2
Universidade Federal de Santa Maria, nilson.costa@ufsm.br
3
Universidade Federal Rural da Amazônia, acsufra@gmail.com
4
Universidade Federal do Pará, carlosacmattos@hotmail.com
Resumo. O objetivo do presente artigo é caracterizar a Cadeia Produtiva da Soja no Brasil a partir dos códigos
de atividade contidos na Classificação Nacional de Atividade Econômica (CNAE) e mensurar a geração de
empregos formais no estado do Rio Grande do Sul. A pesquisa se propôs a identificar em que proporção os
empregos formais gerados ao longo da cadeia produtiva da soja contribuem para o desempenho do mercado
formal de trabalho no Rio Grande do Sul e para a economia dos municípios do estado do Rio Grande do Sul. A
definição da cadeia produtiva se deu a partir do método PENSA e a quantificação dos resultados por meio do
programa de Disseminação das Estatísticas do Trabalho (PDET), que permitiu acesso à base de dados on-line da
Relação Anual de Informações Sociais (RAIS). Entre os principais resultados encontrados, destaca-se o
crescimento no número de postos de trabalho no elo central de produção e a grande participação do elo à
montante da produção, responsável por fornecer insumos para a lavoura de soja. O estudo conclui que a cadeia
produtiva em questão é responsável pelo fomento econômico de muitos municípios do interior do estado do RS.
Palavras-chave:Cadeia Produtiva da Soja. Mercado de Trabalho. Renda.
1. Introdução
2. Fundamentação teórico-metodológica
2.2 Percurso metodológico: uma proposta de estimação dos empregos gerados pela Cadeia
Produtiva da Soja
3. Resultados e discussões
Quadro 1 - Atividades econômicas vinculadas à produção de insumos para a lavoura de soja no Brasil:
2006 a 2015.
CNAE CLASSIFICAÇÃO
08.91-6 Extração de minerais para fabricação de adubos, fertilizantes e outros produtosquímicos
20.12-6 Fabricação de intermediários para fertilizantes
Por considerar que a série histórica analisada neste estudo inicia em 2002 e que até o
ano de 2005 vigorou a CNAE 1.0, sendo substituída pela CNAE 2.0 a partir de 2006, os
códigos de atividade econômica vinculados à cadeia produtiva da soja nos anos anteriores as
2006 correspondem aos códigos da CNAE 1.0, de acordo com a tabela de correspondência
entre a CNAE 1.0 x CNAE 2.0 (BRASIL, 2006).
3.2 O mercado de trabalho formal da Cadeia Produtiva da Soja no Rio Grande do Sul
2,500,000 1,5%
2,000,000 1.50%
3,109,179
3,082,991
3,005,549
2,993,031
2,920,589
2,804,162
2,602,320
2,521,311
2,425,844
1,500,000
2,320,747
2,235,473
2,193,332
1.00%
2,079,813
2,027,416
1,000,000
0.50%
500,000
0 0.00%
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Figura3 - Número de vínculos na Cadeia Produtiva da Soja no Rio Grande do Sul: 2006-2015
Elo à Montante Elo Central Elo à Jusante
Thousands
70
11
11
60 10 11 11
9 16
Número de Vínculos
50 8 8 15 16
16 17
8 15
40 4 15
4 4 6 14
30 12 13
4 12 13 13
8 46 43
20 36 40 41 39
30 31
22 24 22 25
10 19 20
0
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Fonte: Elaboração própria com base em Brasil(2016).
Passo Fundo, Santa Rosa, Horizontina e Porto Alegre respondem por 51% dos empregos
gerados no segmento que fornece insumos para a lavoura. Não por acaso, se constituem como
Polo nos segmentos de máquinas e equipamentos para a agropecuária e de fertilizantes.
Em termos reais, estes postos de trabalho foram responsáveis por uma massa salarial
de R$ 170,1 milhões na economia gaúcha no ano de 2015 e chegou a injetar R$ 183,4 milhões
no ano de 2013. A partir da Figura 4 é possível verificar que a maior parte da massa salarial
está no elo à montante da produção, mas os elos central e à jusante também são importantes,
na medida em que aumentaram significativamente suas massas salariais e em 2015
responderam por R$ 29,4 e 25,9 milhões na economia do RS.
Figura4 -Massa Salarial (em R$ milhões de 2015) dos Empregados Formais da Cadeia Produtiva da Soja
no Rio Grande do Sul: 2002 - 2015
Elo à Montante Elo Central Elo à Jusante
200
Massa Salarial R$ Milhões
180
26.33 26.01
160 25.91
21.92 24.30 25.94 26.86
140
18.47 29.24
120 16.25 22.97 22.44
15.19 20.85
100 14.78 21.38
18.69
80 9.49 8.91 9.23 12.92 17.32
13.64 14.13 16.21 131.12 129.63
60 8.31 17.80 114.92
9.88 110.40 111.72
89.21 95.79
40 71.33 81.11
59.80 60.06 61.78 53.20
20 48.04
0
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Os dados mostram que em pelo menos 442 municípios gaúchos foram identificadas
carteiras de trabalho assinadas com códigos vinculados à cadeia produtiva da soja. Também,
para 74 municípios, a massa salarial da cadeia produtiva da soja representou pelo menos 10%
do total. Em municípios como Não-Me-Toque, Horizontina e Panambi, a massa salarial da
cadeia produtiva chegou a representar, respectivamente, 63%, 42% e 40% do total.
Em termos médios, os salários mais elevados estão no elo que fornece insumos para a
lavoura, que em 2015 foi de R$ 2.983,87. O elo de processamento da produção possui média
salarial relativamente menor, de R$ 2.411,06, enquanto que a média salarial dos empregados
nas fazendas é de R$ 1.731,21.Em relação ao número de empregadores, foi possível
identificar crescimento de 3.865 para 7.660 no período analisado, com destaque para o elo de
produção que foi responsável por cerca de 70 a 80% dos estabelecimentos da cadeia.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Amer. J. Agr. Econ. 2010. 554–570P.
Resumo. O mercado de erva-mate vem crescendo e ganhando importância nos países e Estados produtores, e
devido ao aumento da demanda em mercados diferenciados julga-se necessário a realização de pesquisas que
determinam e avaliam os fatores condicionantes de desempenho visando a gerar informações para subsidiar
ações prioritárias de melhoramento para o setor e aumento da sua eficiência. Neste sentido, o principal objetivo
do estudo é analisar a influência das instituições nas indústrias ervateiras e apresentar os principais fatores que
são determinantes do seu desempenho. Como aporte teórico para subsidiar a análise dos dados utilizou-se a
teoria da Economia dos Custos de Transação. Os dados primários foram coletados através de questionários
estruturados, de forma quantitativa, com o uso da escala Likert de 1-7 pontos. Os questionários foram aplicados
via Google Docs e posteriormente de forma presencial com os agentes das indústrias no polo ervateiro do Alto
Taquari/RS. O método de análise dos dados constituiu-se na aplicação da matriz importância - desempenho
proposta por Slack, Chambers e Johnston (2002), na qual fornecem informações sobre o nível de importância e
de desempenho atribuído aos fatores que compõem cada uma destas dimensões. Com os resultados da pesquisa
conclui-se que na dimensão “ambiente institucional”, os fatores referentes aos indicadores macroeconômicos,
legislação ambiental e o processamento agroindustrial, a legislação ambiental e a produção rural, inspeção
sanitária e o processamento agroindustrial e o acesso às condições de crédito para a indústria também necessitam
de ações de melhoramento para aumentar o seu desempenho.
1. Introdução
O produto erva-mate cada vez mais vem se destacando no Brasil e no Mundo, não
apenas pelo consumo do chimarrão, mas também pela diversidade de produtos que vêm
surgindo, atendendo consumidores de vários locais e chamando a sua atenção pelas
importantes propriedades da matéria-prima. Atualmente, fala-se de erva-mate para a produção
de chás, cervejas, energéticos, chá-mate, farinha, cosméticos, cápsulas de mate expresso,
refrigerantes, gastronomia e nutrição de animais, entre outros.
A indústria ervateira possui tradição e significativa importância econômica, e no RS
possui uma estrutura onde as empresas competem entre si. A produção mundial de erva-mate
está concentrada em três países sul-americanos, Brasil, Argentina e Paraguai. A produção
brasileira está concentrada principalmente nos três Estados do Sul do Brasil, Rio Grande do
Sul (RS), Santa Catarina (SC) e Paraná (PR), além do estado do Mato Grosso do Sul (MS),
ainda com pouca expressividade.
O setor ervateiro no Brasil é caracterizado por possuir um grande número de pequenas
propriedades rurais, que possuem pequenos ervais e um grande número de pequenas
indústrias ervateiras, imprimindo maior competitividade no mercado interno e melhor
distribuição da riqueza gerada pelo setor (JABOINSKI, 2003).
Em relação ao ambiente institucional, na qual constitui-se como elemento central de
análise deste estudo, este é caracterizado como as “regras do jogo”, pois são referentes às leis,
hábitos, regras e costumes, tanto informais quanto formais que exercem influência sobre o
funcionamento dos mercados.
Neste sentido, as principais questões a serem respondidas no presente estudo são: Qual
a influência do ambiente institucional no desempenho das indústrias ervateiras? Quais os
respectivos fatores relacionados ao ambiente institucional que são determinantes do
desempenho das indústrias ervateiras da região do Alto Taquari no Rio Grande do Sul?
Diante desta questão norteadora, o principal objetivo do estudo é analisar a influência
das instituições nas indústrias ervateiras e apresentar os principais fatores que são
determinantes do seu desempenho.
O aporte teórico para dar suporte a esta análise foi a Nova Economia Institucional
(NEI) e especificamente a Economia dos Custos de Transação (ECT), na qual constitui-se
como a corrente da NEI que estuda a análise das macroinstituições.
A NEI é apoiada no reconhecimento de que a operação e a eficiência de um sistema
econômico são limitadas pelo conjunto de instituições que regulam o jogo econômico. A NEI
2. Materiais e Métodos
A pesquisa foi realizada no pólo ervateiro do Alto Taquari – RS, mais especificamente
nos municípios de Ilópolis, Arvorezinha, Anta Gorda e Putinga, os principais municípios
produtores de erva-mate do Estado.
Para a obtenção dos dados quantitativos, utilizou-se um questionário estruturado, na
qual cada pergunta sobre o ambiente institucional apresentou dois níveis de escala Likert, a
primeira varia de 1-7 pontos, 1 para pouco importante até 7 para muito importante e a
segunda varia também de 1-7 pontos, 1 para pouco grave até 7 para muito grave.
A dimensão ambiente institucional contemplou os seguintes fatores: a legislação
ambiental e a produção rural, legislação ambiental e o processamento agroindustrial, inspeção
sanitária e o processamento agroindustrial, a legislação trabalhista e a produção rural, a
legislação trabalhista e o processamento agroindustrial, o acesso e condições de crédito, os
indicadores macroeconômicos, a existência de ações governamentais voltadas para a indústria
ervateira, a cooperação e ações conjuntas entre os agentes/elos da cadeia produtiva, a atuação
do governo na defesa dos interesses do setor e o desenvolvimento de pesquisa e inovações
tecnológicas (inovação em produto e processo).
A análise dos dados quantitativos do questionário deu-se através da estatística
descritiva e posteriormente utilizou-se o valor da média em relação à importância e ao
desempenho de cada fator para compor a matriz importância – desempenho, proposta
metodológica do estudo, na qual foi proposta por Slack, Chambers e Johnston (2002).
Em uma matriz importância - desempenho mostra-se as prioridades de melhoramento
dadas a cada fator competitivo na qual pode ser avaliada, com base em sua importância e em
seu desempenho. A matriz posiciona cada fator competitivo de acordo com seus escores ou
classificações. A Matriz Importância x Desempenho é dividida em zonas de prioridades de
melhoramento, são elas: zona de excesso, zona adequada, zona de melhoramento e zona de
ação urgente (SLACK, CHAMBERS E JOHNSTON, 2002).
Segundo um estudo realizado por Betto, Ferreira e Talamini (2010), a importância e o
desempenho de cada uma de suas variáveis de acordo com a percepção dos clientes e da
empresa através da aplicação da matriz importância - desempenho observou-se que este
método fornece à empresa estudada subsídios necessários e informações valiosas a respeito
das experiências e expectativas de seus clientes e da própria empresa. Isto contribui para a
tomada de decisão tornando-a mais competitiva no mercado. Ainda, afirma-se que a pesquisa,
neste caso, esclarece a percepção e a satisfação das populações estudadas quanto aos produtos
e serviços oferecidos pela empresa.
3. Resultados e Discussões
Tabela 1: Relação da Média Referente a Importância e ao Desempenho dos Fatores que Compõem o
Ambiente Institucional
FATORES DE DESEMPENHO SIGLA ESTATÍSTICA DESCRITIVA
Média
Importância Desempenho
Legislação Ambiental e a Produção Rural 1 5,63 3,81
Legislação Ambiental e o Processamento Agroindustrial 2 5,48 3,70
Inspeção Sanitária e o Processamento Agroindustrial 3 6,11 3,96
Legislação Trabalhista e a Produção Rural 4 5,59 4,26
Legislação Trabalhista e o Processamento Agroindustrial 5 5,48 4,11
Acesso e Condições de Crédito 6 4,56 2,96
Indicadores Macroeconômicos 7 5,11 3,59
Ações Governamentais para a Indústria 8 5,52 4,15
Ações Conjuntas entre os Elos da Cadeia Produtiva 9 5,81 4,44
Atuação do Governo na Defesa do Setor 10 5,96 4,52
Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação Tecnológica 11 6,04 4,26
Fonte: Elaborado pelos Autores, 2017.
Os fatores (8), (5), (4), (9), (10) e (11), os quais estão alocados na zona adequada,
possuem o valor da média da importância e o valor da média do desempenho proporcional,
sendo assim, não necessitam de ações para o seu melhoramento. Dos valores obtidos das
médias do grau de importância, o fator (11) obteve o maior valor, que foi igual a 6,04, já em
relação ao grau de desempenho, o valor mais baixo da média foi igual a 4,11, o que demonstra
um equilíbrio entre a importância destes valores e o grau de desempenho.
Os itens que estão alocados na zona de melhoramento, como é o caso do (7), (2), (1),
(3) e (6), possuem importância relativamente alta, mas o desempenho mais baixo, não
ultrapassando 4 pontos na escala likert. Os fatores como a legislação ambiental e a produção
rural (1) e a inspeção sanitária e o processamento agroindustrial (3) possuem as médias mais
altas em relação à importância, chegando a 6,11 no fator (3) com a média de desempenho
igual a 3,96. Os fatores como a legislação ambiental e o processamento agroindustrial (2) e os
indicadores macroeconômicos (7) possuem as médias em relação à importância mais baixas
que os outros dois, porém as médias em relação ao desempenho também foram mais baixas,
por isso, estão alocados mais próximos dentro da matriz.
O fator acesso e condições de crédito (6) está alocado mais distante dos outros fatores
e mais próximo da zona de ação urgente, pois a média em relação ao grau de desempenho foi
extremamente baixa, igual a 2,96 e a média em relação a importância também foi mais baixa,
igual a 4,56, sendo assim, esta atividade ainda não necessita de ações tão urgentes, devido ao
valor atribuído à importância. Porém, esta atividade necessita de maior atenção, considerando
que o valor mais frequente apontado na amostra para o desempenho foi de 1 ponto.
Os itens que estão alocados na zona adequada apresentam importância mais alta, mas
um desempenho proporcional, conforme a Figura 1. No ambiente institucional, os itens que
estão nesta zona são: ações governamentais para a indústria (8), legislação trabalhista e o
processamento agroindustrial (5), legislação trabalhista e a produção rural (4), cooperações e
ações conjuntas entre os elos da cadeia produtiva (9), atuação do governo na defesa do setor
(10) e o desenvolvimento de pesquisa e inovações tecnológicas (11).
4. Conclusão
Referências
BETTO, L., FERREIRA, G. M. V., TALAMINI, E. Aplicação da Matriz Importância – Desempenho no Varejo
de Alimentos: Um Caso no Rio Grande do Sul. Revista da Micro e Pequena Empresa, v.4, n.2, p. 64-79.
Campo Limpo Paulista, 2010.
GIL, A. C. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
SLACK, Nigel; CHAMBERS, Stuart; JOHNSTON, Robert. Administração da Produção. 2 ed. São Paulo: Atlas,
2002.
Resumo:
Este trabalho tem como objetivo apresentar a importância dos Alternative Food Movements na promoção de
novos paradigmas socioeconômicos e na criação de redes alternativas e cadeias curtas capazes de promover
progresso econômico, justiça social, valorização cultural e proteção da biodiversidade. Para exemplificar, é
estudo o caso da criação da Rota dos Butiazais dentro do movimento Slow Food, originado na Itália, por Carlo
Petrini, na década de 1980. Uma adaptação dos projetos desenvolvidos pelo movimento é necessária para que se
encaixe melhor na realidade brasileira, respeitando tanto aspectos socioculturais, quanto a dimensão geográfica e
a biodiversidade. A Ecoeconomia tem como objetivo estudar o surgimentos desses novos mercados, criados
através desses movimentos sociais, que visam valorizar as iniciativas que protegem produtores e consumidores,
valorizando o saber-fazer local e preservando o ambiente.
Palavras-chaves: Ecocomonia; Alternative Food Movements; Mercados.
Introdução
O ano de 2008 foi marcado pela segunda maior crise financeira do capitalismo, entre
suas consequências podemos citar a desvalorização das commodities, entre elas as
commodities agrícolas (com redução do preço médio em mais de 33%1). Ainda que em dois
anos o nível anterior de preços fosse alcançado novamente, e ultrapassado, a crise gerou
desconforto com os discursos neoliberais que até então prevaleciam no cenário internacional,
exaltando a globalização e o livre mercado.
Somando-se à crise, a preocupação mundial com os impactos ambientais gerados pelo
atual modelo produtivo, principalmente em relação às mudanças climáticas, e com a projeção
de um aumento populacional para 9,7 bilhões, fez com que o atual sistema agroalimentar
passasse a ser mais questionado e criticado, abrindo espaço para o surgimento de ideias
alternativas ao “business as usual” na produção de alimentos. Segundo Marsden e Franklin
(2013, p.640), essa crise não é apenas uma crise na forma de produção, ela é agravada pela
atual forma de consumo, desigual e desregulado:
(...) the current crisis of neoliberalism is not only to do with its limits
associated with existing and future expansionism of resource exploitation –
in fact a new crisis of production. It is also associated with the related crisis
of bothover and under consumption, and a failure to in any way equitably
regulate consumption in a sustainable fashion. In the food sector, not least,
this is increasingly being recognised with the growth in unequal
malnutrition, and over-consumption at record levels. Unequal and
1
Valores disponíveis em <<http://www.indexmundi.com/commodities/>>. Acesso em: 11/03/2017.
2
Fundado em 1986, pelo italiano Carlo Petrini, e tem como princípio básico o direito ao prazer da alimentação,
utilizando produtos artesanais de qualidade especial, produzidos de forma que respeite o meio ambiente e as
pessoas envolvidas na produção, os agricultores. O movimento opõe-se à tendência do fast food, assim como à
“mundialização” da alimentação.
3
Movimento criado pelo inglês Rob Hopkins, em 2006, com o objetivo de transformar as cidades em modelos
sustentáveis, mais resistentes a crises externas, tanto econômicas como ecológicas. Hoje o movimento está
presente em 14 países. Fonte:<< http://transitionbrasil.ning.com/ >> Acesso em:11/03/2017.
Para Brunori (2007), essas iniciativas e estruturas podem ser chamadas de “Fórmula
Slow Food”, a qual possui a capacidade de atribuir capital simbólico a redes de produtos e
agricultores. Além disso, segundo Wilkinson (2006), esse movimento, a partir de
características únicas das diversas localidades e suas práticas, desenvolveu uma versão
original do conceito de “apelação de origem”, a qual visa a renovação das cozinhas regionais.
Nesse sentido, existe a tentiva da inclusão da Rota dos Butiazais enquanto fortaleza do
Slow Food, fato que pode representar um novo incentivo à comercialização dos produtos
desenvolvidos a partir da biodiversidade local. Além disso, possibilita benefícios para os
agricultores/extrativistas envolvidos na produção dos butiazais, com a valorização e a
agregação de valor dos subprodutos gerados, aumentando a geração de renda das populações
que se envolvem na iniciativa. A aproximação de chefs, bares e restaurantes que participam e
compartilham da filosofia do Slow Food com a Rota dos Butiazais a partir da criação da
fortaleza, além de aumentar as possibilidades de comercialização dos butiás fortalece a
organização interna dos agricultores envolvidos com a Rota a partir de ações dos projetos
fortalezas.
A abrangência geográfica da Rota dos Butiazais é um de seus maiores obstáculos no processo de
transformação em fortaleza. A área de ocorrência abrange o Uruguai, a Argentina, passa por grande
parte do território do estado Rio Grande do Sul e também do sul do estado de Santa Catarina.
Uma das características exigidas para a formulação de um território é que esse tenha
4. Conclusão
Iniciativas locais, que relacionam sustentabilidade, bem-estar e saúde ganham
destaque não apenas nos movimentos sociais, mas também nas políticas públicas. Ainda que
neste texto traga apenas alguns exemplos de políticas brasileiras, essas mudanças ocorrem em
diversos países. Entretanto ainda é cedo para afirmar que estamos vivenciando uma mudança
de paradigmas, ultrapassando o neoliberalismo e indo em direção a um modelo que promova
a sustentabilidade, mas também esteja centrado nas necessidades e demandas sociais. As
iniciativas e informações aqui citadas nem sempre estão acessíveis a grande população,
ficando muitas vezes restritas a um pequeno grupo com grande capital cultural4.
Através de uma adaptação do projeto de sustentabilidade do Slow Food, podemos
pensar na sua implementação de acordo com a realidade brasileira sem perder a identidade
proposta pela organização, a partir de diretrizes próprias oriundas da cultura local e dos seus
modos de fazer. Para além de um produto ecogastronômico, a Rota dos Butiazais representa a
preservação da paisagem associada à possibilidade de criação de iniciativas de Turismo Rural
nos territórios em que ela se faz presente, além de ampliar a rede de consumo do fruto,
possibilitando sua promoção em bares, em restaurantes e nas mesas dos consumidores
urbanos.
5. Referências
BRUNORI, Gianluca. Local food and alternative food networks: a communication
perspective. In: Anthropology of food. Mar. 2007.
4BOURDIEU, Pierre. Os três estados do capital cultural. In:NOGUEIRA, Maria Alice; CATANI, Afrânio
(Org.). Escritos de educação. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1998.
GRISA, Cátia; SCHNEIDER, Sérgio. Três gerações de políticas públicas para a agricultura
familiar e formas de interação entre sociedade e Estado no Brasil. In.: Org. GRISA, C.
SCHNEIDER, S. Políticas Públicas de Desenvolvimento Rural no Brasil. Porto Alegre:
Editora da UFRGS, 2015. 624 p.
MARSDEN, Terry. FARIOLI, Francesca. Natural powers: from the bio-economy to the eco-
economy and sustainable place-making. Integrated Reasearch System for Sustainability
Science. 10:331 – 344, 2015.
MARTINS, Mayara. OLIVEIRA, Ana Lúcia. CUERVO, Maria Rita. O engajamento pela
alimentação: experiências sobre o Slow Food Brasil. . In: CRUZ, Fabiana Thomé. MATTE,
Alessandra, SCHNEIDER, Sérgio (Org.). Produção, consumo e abastecimento: Desafios e
novas estratégias. Porto Alegre: Editora UFRGS, 2016.
MILANO, Serena; PONZIO, Raffaella; SARDO, Piero. As Fortalezas Slow Food: Como
criar uma Fortaleza, estabelecer relações com os produtores, organizar as atividades do
projeto. Bra: Slow Food, 2013.
1
Contador, Mestrando em Agronegócios/UFRGS, Professor no Curso de Ciências Contábeis/UNIRITTER
garrett_contabil@hotmail.coml
2
Licenciado em História, Mestrando em História/PUCRS
maiconlopesdossantos7@gmail.com
Resumo. De acordo com os dados do PIB (Produto Interno Bruto) e do saldo da balança comercial, o
agronegócio é caracterizado como uma das principais atividades econômicas do Brasil e nos últimos anos tem
favorecido o avanço da economia brasileira em nível mundial, colocando o Brasil como um dos maiores
produtores e exportadores do mundo, em especial na produção e exportação de alimentos. Com base nisso, o
objetivo deste artigo é propor uma reflexão sobre a história do Agronegócio no Brasil e analisar como esse
assunto ainda pode ser explorado na atualidade. Para tanto, foram demonstrados neste artigo a evolução histórica
e seu destaque na economia brasileira. A importância de uma análise histórica da evolução do agronegócio
brasileiro pode ser compreendida desde o século XVI, desde as produções e exportações de matérias primas para
a Europa. Desta forma, passando principalmente por uma grande mudança tecnológica e logística no século XX,
o Agronegócio se expande e pode estar presente nos âmbitos políticos, econômicos e de relações entre a
agricultura familiar e comercial de larga escala. Apesar de desafios que o setor ainda possui, existem excelentes
perspectivas, se bem explorado.
Palavras-chave: Agribusiness; Agronegócios; História do Agronegócio; Crescimento Econômico
Abstract. According to GDP (Gross Domestic Product) and trade balance, agribusiness is characterized as one
of the main economic activities of Brazil and in recent years has favored the advancement of the Brazilian
economy worldwide, placing Brazil as one of the world's largest producers and exporters, in particular in the
production and export of food. Based on this, the objective of this article is to propose a reflection on the history
of Agribusiness in Brazil and to analyze how this subject can still be explored at the present time. In order to do
so, we have demonstrated in this article the historical evolution and its prominence in the Brazilian economy.
The importance of a historical analysis of the evolution of Brazilian agribusiness can be understood since the
sixteenth century, from the production and export of raw materials to Europe. In this way, agribusiness is
expanding and can be present in the political, economic and relationships between large-scale family and
commercial agriculture. Despite challenges the industry still has, there are excellent prospects, if well explored.
Keywords: Agribusiness; History of Agribusiness; Economic growth
Introdução
Dentro do âmbito da economia brasileira, estudos sobre o PIB (Produto Interno Bruto)
do Brasil caracterizam o agronegócio como uma das principais atividades econômicas, que
principalmente nos últimos anos do século XXI, tem colocado o Brasil como um dos maiores
produtores e exportadores do mundo, no que se refere à produção e exportação de alimentos,
seja de origem animal ou vegetal, segundo Novaes, et al. (2009).
Segundo o último relatório e balanço entregue pelo MAPA (Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento), sobre a situação das exportações brasileiras do agronegócio até o
mês de maio de 2017, foi atingido em rendimentos econômicos um total de US$ 9,68 bilhões,
superando em 12,8% o valor registrado no mesmo mês do ano anterior. Já as importações
tiveram crescimento de 30%, passando para US$ 1,3 bilhão em maio deste ano. O superávit
comercial do agronegócio brasileiro aumentou de US$ 7,59 bilhões para US$ 8,38 bilhões no
mesmo período, sendo o terceiro maior da série histórica para meses de maio, abaixo apenas
dos valores de 2012 e 2013, segundo o mesmo balanço entregue pelo MAPA (2017).
O cenário nos últimos anos apontava o Brasil como sendo o maior produtor agrícola
em 10 anos, Borges (2007). Visto que o agronegócio brasileiro era, e ainda é, considerado
uma atividade próspera e rentável, devido a condições que variam desde um clima
diversificado, chuvas regulares, energia solar abundante e quase 13% de toda a água doce
disponível no planeta, o Brasil tem 388 milhões de hectares de terras agricultáveis férteis e de
alta produtividade, dos quais 90 milhões ainda não foram explorados, como nos diz Lourenço
e Lima (2009). Todos esses fatores fazem do país um lugar de vocação natural para a
agropecuária e todos os negócios relacionados à suas cadeias produtivas.
O Brasil situa-se neste momento como sendo o grande celeiro, e principal país em
crescimento, em termos do agronegócio mundial. Mesmo que as previsões de 10 anos atrás
não tenham se concretizado, colocando o país como o principal produtor e exportador do
mundo em gêneros alimentícios de origem vegetal e animal, é importantes destacarmos que
um estudo publicado no ano de 2016 pela FAO, Organização das Nações Unidas para a
Agricultura e Alimentação (FAO, na sigla em inglês) coloca o Brasil como sendo, em 10
anos, o maior produtor e exportador de soja do mundo, bem como também, até o ano de 2025,
o maior produtor mundial de açúcar.
Todo esse cenário brasileiro atual do agronegócio enquadra-se em uma evolução que
remonta ao século XVI. Com isso, faz-se necessário ressaltar seus antecedentes históricos até
o cenário atual. O artigo teve como objetivo geral identificar o cenário atual do agronegócio
brasileiro, por meio de uma pesquisa bibliográfica, e como objetivos específicos mostrar a sua
evolução, os seus problemas, seus desafios e reflexões para o futuro.
Um dado importante a ressaltar é o que nos diz Lourenço (2008), destacando o aspecto
social, pois a agricultura é o setor econômico que mais ocupa mão de obra, em torno de 17
milhões de pessoas, que somados aos 10 milhões dos demais componentes do agronegócio,
representa 27 milhões de pessoas, no total. É o setor que ocupa mais mão de obra, também,
em relação ao valor de produção: para cada R$ 1 milhão, o número de ocupados, em 1995, era
de 182 para a agropecuária, 25 para a extração mineral e 38 para a construção civil.
Neste caso, mesmo reconhecendo os benefícios da transformação de uma sociedade
agrária para uma industrial-urbana, não se pode esquecer que esta tem capacidade limitada de
absorver mão de obra. Principalmente, em regiões menos desenvolvidas, os setores da
Figura 1 - Evolução anual da balança comercial brasileira e do agronegócio - 1997 a 2016 - (em US$
bilhões).
Fonte: MAPA
Tabela 1 – Demonstrativo comparativo das exportações no Brasil nos meses de maio entre 2016 e 2017.
M aio
Expo rtação (US$ milhõ es) Impo rtação (US$ milhõ es) Saldo
Fonte: MAPA
Mais ainda, o MAPA nos traz dados em relação às exportações do agronegócio por
blocos econômicos e regiões geográficas em maio de 2017: a Ásia permaneceu como o
principal destino dos produtos brasileiros, com a soma de US$ 5,15 bilhões. A expansão de
15,0% em relação a maio de 2016 foi causada pelo incremento nas vendas de soja em grãos
(+US$ 544,13 milhões), açúcar (+US$ 87,76 milhões) e celulose (+US$ 62,49 milhões). Com
isso, a participação asiática nas vendas externas de produtos agropecuários brasileiros
apresentou crescimento, de 52,2% para 53,2%.
Já o segundo principal destino das exportações brasileiras, a União Europeia, teve a
sua participação diminuída de 21,0% para 17,4%, em virtude da queda de 6,6% nas vendas do
agronegócio brasileiro para o bloco econômico (de US$ 1,81 bilhão em 2016 para US$ 1,69
bilhão em 2017). Os produtos que mais influenciaram nessa diminuição foram: farelo de soja
(-US$ 108,25 milhões), soja em grãos (-US$ 61,04 milhões) e carnes (-US$ 32,94 milhões).
Além dos dois principais destinos, destaca-se na Tabela 2: aumento de 202,3% nas vendas
para os demais países da América, que alcançaram o montante de US$ 24,90 milhões; África
(+38,1% e US$ 571,07 milhões); Oriente Médio (+31,6% e US$ 689,33 milhões); e NAFTA
(+25,0% e US$ 700,27 milhões).
Fonte: MAPA
Fonte: MAPA
5 Conclusão e recomendações
Referências
NOVAES, Amilton Luiz, et al. “Análise dos fatores críticos de sucesso do agronegócio
brasileiro”. Anais do Congresso Sociedade Brasileira de Economia, Administração e
Sociologia Rural, Campo Grande, MS, Brasil. Vol. 48. 2009.
Resumo. Nos últimos anos, a gestão do conhecimento tem se tornado uma alternativa para desenvolver
estratégias competitivas e auxiliar na tomada de decisão nas organizações, independente do setor de atuação a
fim de obtenção de vantagem competitiva. Nesse sentido, a pesquisa realizada teve por objetivo caracterizar as
publicações científicas que abordam a gestão do conhecimento no meio agrícola. Para tanto, empregou-se uma
investigação quantitativa descritiva, operacionalizada mediante análise bibliométrica. A busca foi realizada na
base de dados Scopus, cuja orientação consistiu na Lei de Zipf considerando a ocorrência dos termos
“knowledge management” e “agric*” no título, resumo e/ou palavras-chaves. A partir da inserção de demais
critérios de inclusão/exclusão, o portfólio de estudos analisados totalizou 230 artigos. Os resultados obtidos
demonstraram que na última década, os estudos que compreendem tal temática têm se intensificado. Na área do
conhecimento das publicações, constatou-se que as ciências agrárias e biológicas abrangeram a maioria das
investigações (85%) e no que concerne a origem dos autores, a China foi destacada (33 autores).
Palavras-Chave: Agronegócio. Informação. Tomada de Decisão.
1 Introdução
Apesar das transformações em todos os contextos da sociedade destacarem o papel
fundamental da gestão do conhecimento para o desenvolvimento socioeconômico das
organizações, no setor agrícola sua relevância ainda é precariamente percebida (GROTTO,
2001). De acordo com Dowbor (2001), a intensa gama de dados, informações e
conhecimentos são inúteis se não atingem ao indivíduo interessado e que detém potencial para
aplicá-los.
Indo mais além, Bernardo, Binotto e Farina (2017) apontam que a gestão do
conhecimento pode contribuir para a tomada de decisão. Entretanto, para os autores, no
âmbito das cooperativas agrícolas, por exemplo, as atividades de gestão do conhecimento
concernentes a avaliação, utilização e contribuição ainda apresentam dificuldades. Diante
disso, a necessidade de melhoria da produtividade dos sistemas agroalimentares a fim de
suprir a crescente demanda mundial por alimentos e de atender aos apelos de segurança e
inocuidade alimentar, direciona a atenção para o gerenciamento do conhecimento disponível
(TSCHIEDEL; FERREIRA, 2002).
Porto Alegre - RS, 26 e 27 de outubro de 2017
141
Todavia, Ling (2016) explica que as atividades primárias ainda não conhecem ou
investem na gestão do conhecimento como mecanismo de eficiência organizacional para a
geração de vantagem competitiva devido à natureza abstrata de tal fenômeno. Ou seja, a
dificuldade de mensuração ou visualização imediata configura-se como um entrave a
implantação de tal modelo.
Com vistas a isso, a pesquisa realizada teve como objetivo caracterizar as publicações
científicas que abordam a gestão do conhecimento no contexto agrícola. Para tanto,
empregou-se uma análise bibliométrica na base de dados Scopus, cujos descritores de busca
possibilitaram obter um portfólio de artigos nos quais foi observado aspectos como ano de
publicação, periódicos, autores, afiliação e país de origem destes. Devido a
multidisciplinariedade dos construtos verificados, considerou-se também a área de
conhecimento na qual foram classificados.
Ademais, além da introdução, este estudo é composto por outras quatro sessões. A
revisão de literatura, onde apresentam-se aspectos conceituais acerca de gestão do
conhecimento e de agropecuária, enfatizando sua relevância e representatividade. O método,
concernente aos procedimentos de coleta e análise dos dados. Conseguinte, os resultados e as
discussões, contrastando-os com os postulados das Leis da Bibliometria. E, por fim, as
considerações finais, que circunscrevem a investigação e apontam as limitações desta e
sugestões para estudos futuros.
2 Revisão da Literatura
2.1 Gestão do Conhecimento
A gestão do conhecimento vem se tornando cada vez mais um grande diferencial para
as organizações, independente do setor, uma vez que configura-se como um fator
determinante para a manutenção e sucesso destas (ZABOT; SILVA, 2002). Para Clari
(2010), identificar e analisar o conhecimento existente, bem como planejar ações para
desenvolvê-lo junto à organização, é relevante para a obtenção dos resultados almejados.
Diante disso, tem-se o modelo proposto por Nonaka e Takeuchi (1997) que objetiva auxiliar
as empresas a transformar o conhecimento de seus colaboradores em conhecimento
organizacional.
O acúmulo do conhecimento tácito no nível individual pode ser ampliando a toda
organização por meio dos quatro modos de conversão, formando um espiral do
conhecimento, ou seja, a interação do conhecimento tácito e explícito constitui uma escala
cada vez maior. O modo de conversão do conhecimento tácito em tácito é denominado
socialização. É o processo de compartilhamento de experiências diretamente de outras
pessoas a partir da observação e ideias, gerando a criação do conhecimento tácito de um
indivíduo à outro (NONAKA; TAKEUCHI, 1997).
A partir do conhecimento tácito, surge o processo de externalização, que consiste
na criação do conhecimento nas organizações, uma vez que se desenvolvem novos conceitos
explícitos a partir do conhecimento tácito. Este por sua vez, é compartilhado por meio de
linguagem falada ou escrita, metáforas, conceitos e modelos (NONAKA; TAKEUCHI,
1997).
Gaspar (2010) aponta que a conversão do conhecimento tácito em explícito, ganha
importância no momento em que a codificação do conhecimento se torna mais real. Para o
autor, essa conversão ocorre quando o conhecimento tácito é transmitido pelo processo de
comunicação para a organização, ou seja, se torna um conhecimento explícito, sendo
facilmente comunicado e entendido pelas pessoas. A partir da formalização do
conhecimento explícito, este por sua vez, poderá ser combinado com outros
conhecimentos explícitos e ser disseminado para toda a organização. Entretanto, o
conhecimento explícito gerado na organização pode voltar a ser tácito quando
Porto Alegre - RS, 26 e 27 de outubro de 2017
142
3 Método
A pesquisa realizada caracteriza-se como quantitativa em relação abordagem do
problema e descritiva quanto a finalidade. Como procedimento técnico empregou-se análise
bibliométrica que consiste na técnica de mensuração dos fatores de produção científica
(ARAÚJO, 2006). De acordo com Oliveira Lobo (1999), esse tipo de investigação
proporciona identificar as potencialidades de determinados grupos e/ou instituições de ensino,
bem como realizar um diagnóstico da origem das publicações que compõem um conjunto
específico de conhecimento científico.
Para tanto, a bibliometria é fundamentada em três leis básicas, quais sejam: Lei de
Lotka, Lei de Zipf e Lei de Bradford. A primeira, também conhecida como Lei do Quadrado
Inverso, refere-se a produtividade dos autores através da relação tamanho-frequência destes
em um determinado conjunto de manuscritos. A segunda, é conhecida como Lei do Mínimo
Esforço, que concerne acerca da frequência e/ou ocorrência de aparecimento de palavras em
documentos. Por fim, a terceira é a chamada Lei da Dispersão, que postula sobre os
periódicos nos quais os artigos foram publicados (VANTI, 2002).
Diante disso, realizou-se uma busca na base de dados Scopus, haja vista que esta
configura-se como a maior fonte de resumos e citações literárias revisadas por pares
(ELSEVIER, 2017). Como orientação de busca adotou-se a Lei de Zipf considerando a
existência no título, resumo e/ou palavras-chaves do termo “knowledge management” e das
variações concernentes à “agricultural” (agric*). A simultaneidade da ocorrência de tais
termos foi assegurada pela inserção do boleano “and”. O tipo de documento analisado foi
artigo, cujo período de publicação correspondeu a todos os anos até a data de 15 de setembro
de 2017.
A Figura 1 apresenta a representação esquemática do método de pesquisa, apontando
os critérios de inclusão dos manuscritos analisados, bem como a representatividade destes no
âmbito dos documentos acerca da temática abordada. Também ilustra a contribuição das Leis
da bibliometria na análise dos resultados.
Assim, ao passo que a Lei de Zipf foi empregada para a obtenção dos estudos que
compuseram o portfólio analisado, as Leis de Lotka e de Bradford foram utilizada para pautar
a análise dos resultados. Deste modo, os achados são contrastados com os postulados de tais
leis, a fim de identificar a forma como estas explicam determinadas características das
publicações científicas sobre gestão do conhecimento no contexto agrícola ou agropecuário.
4 Análise e Discussão dos Resultados
De acordo com os critérios de buscas na base de dados Scopus foram encontrados 512
documentos, 230 deles são artigos, os quais compõem o portfólio para análise dos resultados.
Com base nos dados, a primeira publicação ocorreu no ano de 1973, todavia, o tema se
manteve discreto nas investigações empíricas. Somente 17 anos depois da primeira publicação
surgiram novos estudos. A Figura 2 apresenta a distribuição temporal das publicações.
A partir de 2005 as publicações se intensificaram, 2008 foi o ano com maior número
de estudos, chegando a 26 artigos (11,30%). Deste modo, observou-se que um número
significativo de trabalhos foi publicado a partir deste ano, mantendo uma média de 19,9
artigos por ano até 2017. Ademais, os últimos dez anos são responsáveis por 86,52% das
publicações que abordam gestão do conhecimento no meio agro negocial, denotando o
interesse crescente por este assunto no campo científico na última década.
As publicações estão distribuídas em 157 periódicos diferentes, demonstrando a
abrangência e diversidade de fontes científicas que possuem em seu escopo tal temática,
todavia, entre eles, 124 (53,91%) possuem apenas um artigo publicado. O periódico
Computers and Electronics in Agriculture se destaca com o maior número de artigos, possui
um total de 14 documentos (6,08%). Tal periódico contempla as áreas de ciências agrárias e
biológicas, com ênfase em horticultura. Apresentam destaque também outros quatro
periódicos, quais sejam: Nongye Gongcheng Xuebao Transactions of the Chinese Society of
Agricultural Engineering (7 artigos); Knowledge Technology (5 artigos); Environmental
Science and Policy e Kasetsart Journal Social Sciences, ambos com 4 artigos.
Desta forma, a Lei de Bradford sugere que os artigos que possuem maior relevância
em determinada área geralmente são encontrados em um número pequeno de periódicos
(HAYASHI et al., 2007), assim permite uma análise do nível de destaque nas áreas do
conhecimento científico (GUEDES; BORSCHIER, 2005). Desta forma, infere-se que dentre
as publicações que abordam a gestão do conhecimento no campo agro negocial na base de
dados consultada, os artigos que apresentam maior relevância encontram-se no periódico com
maior número de publicações, ou seja, no periódico Computers and Electronics in
Agriculture.
Quanto aos autores que abordam a temática em questão, identificaram-se no portfólio,
157 autores. Destes 124 possuem apenas uma publicação tratando o tema, o que representa
53,91% dos artigos. Deste modo, o restante dos resultados trazem 27 autores com dois artigos
cada e outros oito com três trabalhos. Os principais autores são: Bochtis, Feng, Fountas,
Lwoga, Nash, Nikkilã, Pesonen e Wiebensohn.
Deste modo, verifica-se que tais autores representam 10,43% das publicações, este
fato vai ao encontro do sugerido pela Lei de Lotka no que se refere a produtividade dos
autores (VANTI, 2002). De acordo com a Lei, constata-se que um número reduzido de
autores possuem “muitas” publicações (MALTRÁS BARBAS, 2003), desta forma, quanto
maior for o número de publicações na área, cada vez mais são reconhecidos na mesma,
adquirindo maiores condições de aperfeiçoar suas pesquisas tal (MERTON, 1968).
Referente às instituições de afiliação dos autores, identificaram-se 160 instituições.
Contudo, destas 98 (61,25%) possuem apenas um autor afiliado e, por conseguinte, 42
(26,25%) instituições apresentam vínculo com dois autores. A Wageningen University and
Research Centre obteve destaque, apontada como afiliação de 8 autores, seguida de China
No que se refere ao país de origem dos autores, de acordo com os resultados, foram
encontrados 73 nacionalidades diferentes. Desatacam-se os chineses, com 33 autores,
seguidos dos americanos com 28, Reino Unido com 22 e Itália com 19 autores. Enfatiza-se
que o Brasil é o 12° país na origem dos autores que desenvolveram estudos acerca da gestão
do conhecimento no contexto agrícola, indicado por 8 indivíduos. Assim sendo, a Figura 4
apresenta os principais países de origem dos autores.
Figura 4 – Principais países de origem dos autores
China
Estados Unidos
Reino Unido
Itália
Alemanha
França
Índia
Holanda
Austrália
Canadá
Tailândia
Brasil
Finlândia
0 5 10 15 20 25 30 35
Por fim, a Figura 5 apresenta a área do conhecimento na qual os artigos que abordam
a temática estudada foram publicados. Ressalta-se que a categoria “outras” compreende as
áreas cuja representação individual foi menor que 2%.
Observa-se que a maioria (85 artigos) foi publicada contemplando a área das Ciências
Agrárias e Biológicas. Neste contexto, pode-se inferir que tal achado justifica-se pela
relevância da temática enquanto ferramenta para a tomada de decisão no meio agrícola.
Todavia, outras áreas também tiveram representatividade, tais como: ciências sociais (63
artigos); ciência ambiental (59 artigos); ciência da computação (50 artigos), entre as demais
áreas com menor participação.
5 Considerações Finais
De acordo com os resultados obtidos, observa-se que a gestão do conhecimento no
contexto agrícola configura-se como uma temática abordada nas investigações empíricas há
mais de quatro décadas. Porém, nos últimos dez anos as publicações se tornaram mais
frequentes, o que pode ser justificado pela percepção da contribuição de tal processo na
tomada de decisão no meio agro negocial, objetivando o sucesso das organizações.
Constatou-se que 86,52% dos artigos foram publicados na última década, denotando a
relevância e o crescente interesse pelo tema no ambito científico. O ano de 2008 representou
11,30% do portfólio analisado. Concernente aos periódicos relacionados, o Computers and
Electronics in Agriculture se destacou, possuindo 6,08% das publicações. Quanto aos autores,
identificou-se que 8 autores representam 10,43% das publicações, de modo que consistem
naqueles dotados de maior propriedade acerca da temática. No que se refere às instituições de
pesquisa às quais os autores são afiliados, a Wageningen University and Research Centre
obteve destaque apontada como afiliação de 8 autores vinculados.
Constatou-se ainda que o país com maior representatividade em estudos abordando tal
temática foi a China, correspondendo a 33 autores. No que concerne à área do conhecimento à
qual as publicações pertencem, verificou-se que as ciências agrárias e biológicas possuem
mais estudos relacionados ao seu escopo (85 artigos). Todavia, reconhecem-se as limitações
do estudo realizado quanto a utilização de apenas uma base de dados. Como sugestão para
investigações futuras, recomenda-se ampliar a busca em outras bases de dados, a fim de
caracterizar de forma mais abrangente a gestão do conhecimento nas publicações científicas
relacionados ao meio agrícola. Sugere-se ainda o uso de outros termos e boleanos, buscando
encontrar um foco menor de análise que permita construir uma revisão sistemática da
literatura, com o intuito de aprofundar o conhecimento sobre tal temática, corroborando para
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1
Mestranda em Agronegócios da UFRGS - alynni_lima@hotmail.com
2
Professor do PPG Agronegócios da UFRGS - marcelino.souza@uol.com.br
Resumo. A sericicultura representa atualmente uma importante fonte de renda para agricultores com pequenas
áreas, a atividade contribui com o desenvolvimento socioeconômico nas localidades a qual se insere, diante
disso, cabe ressaltar que atualmente o município de Diamante do Sul – PR é o terceiro maior produtor de casulos
verdes do Paraná com 103 famílias trabalhando na atividade. Portanto, esse trabalho teve como objetivo
identificar o perfil socioeconômico do sericicultor do município de Diamante do Sul no Estado do Paraná. O
presente trabalho foi construído com base em uma pesquisa exploratória e descritiva, em particular, para sua
elaboração, foram utilizados dados coletados por meio de revisão bibliográfica e entrevistas com 42
sericicultores do município estudado, a amostra foi selecionada a partir do cálculo de amostra aleatória simples.
Identificou-se o perfil do sericicultor e descreveu-se de forma sintética o processo produtivo da lagarta de bicho-
da-seda. Concluiu-se que o sericicultor é em suma homens com baixo nível de escolaridade, com uma média
44,1 anos e com pequenas áreas (média de 6,65 hectares), também concluiu-se que a atividade é impulsionadora
da agricultura familiar no município, contudo, destacou-se o baixo envolvimento dos jovens na condução da
atividade.
1 Introdução
A sericicultura é uma das mais antigas atividades agroindustriais que se tem notícia na
história. Ela se originou na China há aproximadamente 5.000 anos (FERNANDEZ, et al.,
2005). A criação do bicho-da-seda (Bombyx mori) e a cultura da amoreira (Morus) são as duas
principais atividades realizadas pelos sericicultores (OLIVEIRA et al., 2016).
A atividade teve início no Brasil no século XIX, com a fundação da Companhia
Seropédica Fluminense, no Rio de Janeiro. Contudo, sua intensificação acorreu somente a
partir de 1920 com a chegada ao país dos imigrantes japoneses (CONAB, 2016). O Estado de
São Paulo, a partir do início do século XX, foi o Estado que mais se destacou na sericicultura,
assegurando à mesma o titulo de atividade agroindustrial e á destacando no cenário
agropecuário nacional (PORTO, 2014). Contudo, com o passar dos anos, o Estado foi
perdendo sua notoriedade sobre a atividade devido, principalmente, aos desinteresses e crises
no mercado internacional que afetaram diretamente as exportações de seda (OLIVEIRA, et
al., 2016). Desde então, o Estado do Paraná se impulsionou na atividade tornando-se o líder
em produção nacional, sendo responsável por mais de 80% da produção brasileira (CONAB,
2016) e também destacando-se no cenário internacional por obter o título de melhor seda do
mundo (GAZETA DO POVO, 2013).
O Brasil destaca-se por ser o único produtor de fio de seda em escala comercial no
Ocidente (CONAB, 2016) sendo o quarto maior produtor mundial de fios de seda crua,
ficando atrás apenas da China, Índia, e Uzbequistão. Cerca de 90% da produção brasileira de
fios de seda é destinada à exportação em forma de fio de seda crua, com baixo valor agregado
(VALE DA SEDA, 2017).
Nos dias de hoje, a agroindústria responsável por cuidar de todas as etapas da criação
do bicho-da-seda é a Fiação de Seda BRATAC S/A, sendo esta a única empresa atuante do
segmento no Brasil (CONAB, 2013). Ela trabalha no modelo de produção integrada
“indústria-sericicultor” (CONAB, 2013; BUSCH, 2010). Nessa lógica, a indústria fornece
estrutura técnica, assistência técnica, mudas de amoreiras e insumos necessários para
desenvolver a atividade na propriedade (BRATAC, 2017).
Uma importante vantagem ligada à sericicultura é que o produtor pode desenvolver
culturas alternativas paralelamente, uma vez que a área cultivada com amoreiras não precisa
ser extensa, viabilizando a produção paralela de café, milho, pecuária leiteira, entre outras
(BUSCH, 2010). Somando a isso, a sericicultura apresenta um baixo custo de insumos, rápido
retorno do capital investido, pequeno custo de produção em virtude do alimento consumido
pelo bicho-da-seda se restringir apenas a folhas de amoreira, e garantia de venda total da
produção, uma vez que a produção final é comprada diretamente pela BRATAC (ver
OLIVEIRA et al., 2016).
A “Sericicultura é uma atividade que se desenvolve no meio rural por meio do
processo de criação do bicho-da-seda e do plantio de amoreiras, que é fonte de alimentação
das lagartas” (OLIVEIRA et al, 2016 p. 530), como descrito a seguir.
O êxito na criação do bicho-da-seda provém principalmente, da qualidade da amora
utilizada na alimentação da lagarta. Portanto, é importante conhecer a planta para obter uma
cultura do bicho-da-seda bem-sucedida. De acordo com Oliveira et al, (2016), existem
basicamente três tipos de espécies de amoreiras que são utilizadas com fonte de alimento para
o bicho-da-seda, sendo que a mais utilizada no Brasil é a Morus alba L. Tal espécie de
amoreira é utilizada devido a sua adaptação ao clima tropical do país (FONSECA e
FONSECA, 1988). Seu cultivo pode ser feito de duas formas, plantio direto ou convencional.
Para se desenvolver, o amoreiral deve receber adubação orgânica e complementação química,
logo após a poda de inverno. As adubações são importantes, pois as plantas recebem cortes
intensivos durante a safra, levando ao esgotamento dos nutrientes do solo (ZANETTI, 2003).
A amoreira é uma planta perene, que pode viver de 25 a 30 anos, no entanto, a partir
dos 10 anos seu rendimento começa a se reduzir, tornando necessário reformar a cultura por
meio da remoção de todas as plantas e consequente plantio de novas mudas no seu lugar
(ZANETTI, 2003).
Outro ponto importante sobre a cultura da amora é que seu plantio não deve ser
realizado próximo a lavouras que utilizam inseticidas ou em locais onde ocorrem
pulverizações aéreas, pois pode ocorrer a contaminação das folhas e a intoxicação e morte das
lagartas do bicho-da-seda (ZANETTI, 2003).
De acordo (OLIVEIRA et al, 2016) existem oito diferentes espécies de bicho-da-seda,
mas apenas duas são consideradas adequadas à indústria. A Bombycidae e a Saturniidae são
responsáveis pela totalidade de seda natural produzida no mundo, sendo que a primeira se
ramos do depósito. Para preservar o alimento fresco e úmido, é necessário que não haja
circulação de vento e presença de luz no interior do depósito (OLIVEIRA et al, 2016),
também deve-se cortar os ramos de amora no campo sempre no inicio de cada dia e no final
da tarde afim de que, os ramos não sejam armazenados quentes.
O bicho-da–seda é uma larva muito sensível e frágil que é facilmente atacada por
doenças contagiosas, frequentemente seus agentes patogênicos alojam-se nas sirgarias,
chocadeiras e equipamentos utilizados na produção, para evitar isto, antes e depois de cada
criação é obrigatório realizar a desinfecção do ambiente com uma solução de formol. Deve-se
pulverizar as paredes, teto, piso e camas de criação, deixando-os expostos pelo produto por ao
menos 15 horas. Nas sirgarias deve-se, também, fazer uma pintura à base de cal virgem no
piso e paredes antes de iniciar a criação para auxiliar na assepsia (ZANETTI, 2003).
Diante do exposto sobre o processo de produção do bicho-da-seda, destaca-se o fato
da atividade estar ligada, geralmente, a pequenas propriedades rurais, sendo, portanto, um
bom negócio para a agricultura familiar. O processo produtivo do bicho-da-seda assume uma
significativa importância no alcance econômico e social de uma região. Geralmente, o ciclo
de produção de um casulo é relativamente curto, com duração média de um mês (Tabela 1),
garantindo renda mensal ao produtor por até 9 meses do ano (DO NASCIMENTO et al.,
2010; 34º EES1). Atualmente o Estado do Paraná possui 165 municípios com produção, 1867
criadores, 1972 barracões, 8600 pessoas envolvidas, 3855 hectares com amoreiras,
produzindo em média 2,4 toneladas de casulos verdes/ano e um valor bruto de produção de
R$ 40.210.500,00 (34º EES). Dessa forma, além do desenvolvimento econômico das
localidades nas quais se encontra inserida, a sericicultura contribui também para geração de
empregos, renda e impostos.
Segundo Cirio (2016) a criação de bicho-da-seda no município de Diamante do Sul -
PR, durante a safra 2015/2016 contemplava um total de 103 famílias, sendo, o terceiro maior
produtor de casulos verdes do Paraná. Nesse contexto, a sericicultura pode ser vista como
uma importante atividade econômica para o município e para Estado do Paraná contribuindo
para a geração de renda para as famílias envolvidas, e consequentemente auxiliando na
diminuição do êxodo rural (CONAB, 2013).
Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2010) o município
de Diamante do Sul possui cerca de 3500 habitantes, sendo que, cerca de 60% da população
reside no perímetro rural do município. Dados referentes ao censo demográfico mostram que
o PIB do município é constituído principalmente da agropecuária (75%), indústria (7%),
serviços (18%) (IBGE, 2013). As principais atividades agropecuárias exercidas pelos
residentes rurais são: as culturas de soja, milho, hortifruti, a produção de aves, leite e criação
do bicho-da-seda (MUNICÍPIO DE DIAMANTE DO SUL, 2017).
Portanto, diante da presente exposição, o presente trabalho tem como objetivo
apresentar o perfil socioeconômico do produtor de casulos de bicho-da- seda de Diamante do
Sul, PR, utilizando-se de dados coletados por meio de entrevista diretamente com a amostra
selecionada de sericicultores do município em estudo.
Espera-se que este trabalho contribua para a geração e disseminação de informações e
conhecimentos sobre a sericicultura. Além disso, espera-se expor a importância da atividade
para a promoção da agricultura familiar.
2 Procedimentos Metodológicos
1 O Encontro Estadual de Sericicultura é um evento que ocorre anualmente, em 2017 a 34ª edição do encontro foi sediada
pelo município de Rondon – PR. O encontro tem como objetivo reunir os segmentos envolvidos na cadeia produtiva da seda,
para uma maior integração entre governos, empresas, sericicultores e entidades representativas.
Este trabalho tem como base uma pesquisa de caráter exploratório e descritiva.
Basicamente, uma pesquisa exploratória é elaborada por meio de pesquisas bibliográficas e
entrevistas com pessoas que possuem experiência no assunto estudado. Por sua vez, a
pesquisa descritiva tem como foco descrever características e peculiaridades de uma certa
população ou fenômeno (GIL, 1996). Em particular, os resultados desse trabalho foram
obtidos a partir da aplicação de entrevistas semiestruturada com o objetivo de identificar o
perfil do sericicultor da cidade de Diamante do sul no estado do Paraná. Devido a abordagem
do problema, o presente estudo é classificado como quantitativo. A pesquisa quantitativa
considera que tudo pode ser quantificável, ou seja, traduzir em números opiniões e
informações para classifica-las e analisá-las. Esse tipo de análise de dados exige o uso de
recursos e de técnicas estatísticas (MORESI, 2003).
Como o objeto desse trabalho é identificar o perfil dos sericicultores do município em
questão, optou-se pelo emprego da amostragem aleatória simples. Esta escolha se justifica
pelo fato de que, a composição do universo da amostra mostrou-se numerosa para a
investigação, foi identificado um universo de 103 sericicultores no município conforme Cirio
(2016). A amostra aleatória simples, segundo Santos (2017) é uma ferramenta estatística na
qual todos os elementos de interesse têm a mesma probabilidade de serem selecionados, sua
equação pode ser visualizada logo a baixo:
3 Resultados
Referências
Porto Alegre - RS, 26 e 27 de outubro de 2017
155
1
Discente do programa de Pós-Graduação em Agronegócios (PPGAGR) – Mestrado Acadêmico, da Universidade
Federal de Santa Maria (UFSM). ricardinajaneque17@gmail.com
2
Docente e Coordenador do PPGAGR/UFSM. nilson.costa@ufsm.br
3
Discente do PPGAGR/UFSM. angelicarhoden.iff@gmail.com
4
Discente do PPGAGR/UFSM. maiaratolfo@gmail.com
Introdução
A partir de meados da década de 1970, a África começou a importar soja, óleo de soja
e farelo de soja dos EUA. As importações totais de soja, provenientes dos Estados Unidos,
passaram de zero em 1975 para um máximo de 102.000 toneladas em 1977, recuaram para
23.000 toneladas em 1981, passando para 85761 toneladas em 1982. As importações de
petróleo aumentaram constantemente de 11.000 toneladas em 1975 para 62.377 toneladas em
1981, caindo ligeiramente para 59.371 toneladas em 1982. As importações de alimentos
passaram de 21.000 toneladas em 1975 para um pico de 61.000 toneladas em 1978, caindo para
38.743 toneladas em 1982. Essas importações eram relativamente pequenas em comparação
com outros continentes e nações (Soya Bluebook) (SHURTLEFF; AOYAGI, 2007).
As exportações de soja entre 1944 e 1952 subiram para um pico de 4.314 toneladas.
Esses grãos de soja foram cultivados como parte da contribuição de Uganda para as
necessidades de guerra e pós-guerra na Grã-Bretanha. Posteriormente, o mercado entrou em
colapso e a produção caiu para um nível baixo, mas persistiu, no entanto, em grandes áreas do
Uganda. De acordo com os dados do Uganda Department of Agriculture, foram obtidos
rendimentos experimentais de 1,00 Kg/ha em 1955 sem o uso de fertilizantes (SHURTLEFF;
AOYAGI, 2007).
Figura 1. Área cultivada da soja, em ha, em alguns países do continente africano em 2014
2.000.000
1.800.000
399.205 300.735
1.600.000 410.344
97.783
95.106
1.400.000 392.229 113.759
79.714 124.858
Área Plantada (ha -1)
Zimbabwe; 74.951 ;
3% South Africa; 948.000
; 40%
Benin; 99.738 ; 4%
Malawi; 120.903 ; 5%
Zambia; 214.179 ; 9%
Nigeria; 679.000 ;
29%
Em 2014 (Figura 2), os maiores produtores africanos foram África do Sul (948.000
toneladas), Nigéria (679.000), Zâmbia (214.179), Malawi (120.903), Benin (99.738), Zimbabué
(74.951), Egito (39.872) e Etiópia (72184) (FAOSTAT, 2014). Juntos, estes países são
responsáveis por 95% da produção de soja no continente. Contudo, desde o início dos anos
1960 até 1976, a produção de soja em África aumentou lenta e constantemente, mas em 1977
começou a decolagem, alimentada pelos avanços na produção do Egito e Zimbábue. Em 1981,
a produção total africana havia passado para 265.000 toneladas, sendo os quatro maiores
produtores Egito (136.000 toneladas), Zimbábue (97.000), Nigéria (80.000) e África do Sul
(26.000) (SHURTLEFF; AOYAGI, 2007).
Tabela 1. Produtividade média de soja (kgha-1) em países do continente africano: 2000 - 2014
∆% 2000/
País 2000 2005 2010 2011 2012 2013 2014
2014
Egito 2.720 3.400 2.845 3.120 3.619 3.477 3.328 22%
Etiópia 918 250 1.405 1.850 1.998 2.000 2.047 123%
África do Sul 1.636 1.817 1.817 1.699 1.377 1.520 1.885 15%
Zâmbia 1.707 1.637 1.841 1.943 2.394 2.091 1.883 10%
Quênia 852 851 950 1.258 1.500 1.617 1.417 66%
Zimbábue 2.262 1.427 1.356 1.205 1.326 1.316 1.331 -41%
Camarões 638 613 844 828 1.398 1.323 1.257 97%
Burkina Faso 852 1.099 1.256 887 1.095 1.351 1.141 34%
Benin 836 805 888 900 894 1.019 1.020 22%
Tanzânia 691 840 868 868 960 1.105 1.020 48%
Morrocos 1.200 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 960 -20%
Nigéria 830 940 1.295 822 973 762 944 14%
Côte d'Ivoire 969 750 901 937 929 935 929 -4%
Malawi - 580 976 998 1.043 979 870 -
Gabão 924 893 860 875 857 889 864 -7%
Burundi 727 778 776 777 728 955 822 13%
Mali 1.599 1.717 688 790 791 722 645 -60%
Angola 233 379 445 529 164 440 584 150%
República Democrática do
483 483 483 483 494 501 508 5%
Congo
Uganda 1.208 1.097 1.210 1.359 1.142 145 500 -59%
Madagascar 610 593 595 590 600 587 475 -22%
Ruanda 471 563 789 780 586 675 474 1%
Togo - 423 400 407 429 500 470 -
Libéria 398 401 405 413 427 434 427 7%
Média 1.035 972 1.037 1.055 1.114 1.098 1.075 4%
Desvio Padrão 600,5 656,1 538,8 590,6 715,1 688,5 656,6 9%
Máximo 2.720 3.400 2.845 3.120 3.619 3.477 3.328 22%
Mínimo 233 250 400 407 164 145 427 83%
Fonte: FAOSTAT (2017).
Angola, Etiópia e Camarões foram os países que mais evoluíram, em termos de ganhos
de produtividade, no período. O Egito é o único país que apresenta níveis de produtividade
equivalentes aos principais produtores internacionais: Estados Unidos, Brasil e Argentina.
Porto Alegre - RS, 26 e 27 de outubro de 2017
162
Considerações finais
Referências Bibliográficas
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1
Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Agronegócios na Universidade Federal de Santa Maria -
Campus Palmeira das Missões (PPGAGR/UFSM), maiaratolfo@gmail.com
2
Coordenador do PPGAGR/UFSM, nilson.costa@ufsm.br
3
Docente da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) e do Doutorado em Desenvolvimento Sustentável
do Trópico Úmido da Universidade Federal do Pará (UFPA)
4
Mestranda no PPGAGR/UFSM, ricardinajaneque17@gmail.com
Resumo. Nas últimas décadas, a agricultura brasileira passou por importantes transformações e tornou-se destaque
pela capacidade de incorporar novas tecnologias, gerar divisas internacionais e ampliar mercados, tendo na soja a
cultivar de maior destaque e melhor desempenho competitivo. Em função disto, o objetivo desta pesquisa é analisar
o desempenho competitivo da agroindústria exportadora de soja brasileira no período de 2000 a 2016, a fim de
evidenciar a capacidade competitiva do Brasil para ampliar mercados e se manter como líder no comércio
internacional da oleaginosa. A pesquisa pode ser classificada como quantitativa, pois utiliza-se da mensuração de
indicadores para responder ao objetivo proposto. Os principais indicadores calculados foram o Market Share (MS)
e Índice de Herfindahl-Hirschman (IHH). A base de dados foi obtida no United States Department of Agriculture
e o período analisado compreende os anos 2000 a 2016. Os resultados mostraram que a cadeia produtiva da soja,
no Brasil, avançou no período analisado. Foi possível confirmar a crescente inserção do Brasil no mercado da
oleaginosa. Ao calcular o Market Share dos principais países inseridos no mercado de soja, identificou-se que
Estados Unidos, Brasil e Argentina possuem maior parcela de mercado internacional. Com o cálculo do Índice de
Herfindahl-Hirschman pode se identificar que o mercado de exportações de soja é altamente concentrado, em
favor de dois principais países produtores de soja, Estados Unidos e o Brasil. Por fim, confirmou-se a hipótese de
que a agroindústria exportadora de soja brasileira está superando-se e liderando o mercado de exportação de soja
em grãos.
Introdução
Materiais e métodos
Indicadores de concentração
Os dados utilizados para estimar as equações (1), (2) e (3) foram obtidos no United
States Department of Agriculture (USDA, 2017a) referente as exportações em dólares de soja
do Brasil e dos países exportadores no mundo em 1000MT para o período de 2000 a 2016.
Γj = ∑ γij (1)
i=1
Em que:
𝛤𝑗 é a capacidade da indústria Γ;
γi é a capacidade de produção da i-ésima da firma da indústria i (i = 1, 2, 3...n) ;
Nesse sentido, a participação de mercado da firma individual Pij é explicada por um
indicador que varia de 0 á 100. Dado que:
( 100 x γ)ij
Pij = (2)
Γj
O índice resulta no percentual de mercado que cada empresa possui.
Para o Brasil, é necessário um domínio de mercado de 20% pela empresa, para que esta
seja considerada relevante, segundo a lei nº 8.884/1994 (COSTA, 2012). Em analogia,
considerar-se-á concentrado o mercado cuja participação percentual das exportações do país
for superior a 20% do total. Por dedução, se o país possui mais de 20% do mercado e a tendência
é de ampliação da participação de mercado, considerar-se-á que este país é competitivo.
A cadeia produtiva da soja pode ser conceituada como o agregado das atividades
econômicas vinculadas à produção de soja e derivados, desde a indústria que fornece insumos
para a lavoura, as atividades que ocorrem dentro das fazendas, o beneficiamento do grão,
englobando os mercados atacadista e varejista (COSTA, 2012).
Apesar, dos gargalos existentes, principalmente de natureza logística, o Brasil é o
segundo maior produtor mundial (114 milhões de toneladas), maior exportador mundial (61
milhões de toneladas) e é o quarto maior esmagador (41,3 milhões de toneladas), conforme é
possível observar na Figura 1.
117,21
140
114
120
86,5
91
100
80
58,51
57,8
51,44
61
39,49
60
41,3
36,03
44
27,71
40
11,56
10,67
14,6
13,8
12,9
4,65
3,95
20
2,38
6,6
0,68
0,51
0,24
0,22
0,01
4,2
0,12
3,2
2,3
1,5
7
0,2
0
0
Brasil Estados Argentina Paraguai União China México Japão Outros
Unidos Europeia
Atualmente (ano safra 2016/17) a China se constitui como o principal mercado para a
soja mundial, pois produz apenas 12,9 milhões de toneladas e esmaga cerca de 86,5 milhões de
toneladas e importa aproximadamente 91 milhões de toneladas. Depois da China, União
Europeia, México e Japão são os principais importadores (USDA, 2017b).
Juntos, Brasil e Estados Unidos são responsáveis por 82,4% das exportações de soja em
grãos.
Nos últimos anos, o complexo soja tem sido responsável por parcela considerável das
exportações brasileiras, chegando a representar 29,93% das exportações totais (MAPA, 2017).
A fim de verificar o poder de mercado de cada país nas exportações de soja ao longo
das safras nos anos de 2001 a 2016, estimou-se a equação (1) – Market Share. São cinco os
principais países: Brasil, Estados Unidos, Argentina, Paraguai e Canadá, considerando-se a
parcela de mercado dominado por outros países. O Brasil é o principal exportador, e aumentou
sua participação de 30% para 46,7% entre as safras 2000/01 e 2015/16 (Figura 2).
90
30,44
80
42,95
46,71
30,00
37,56
70
44,56
33,22
41,99
32,01
33,25
31,10
36,43
39,33
40,13
34,16
42,90
60
50
40
60,75
52,57
30
49,86
48,59
47,42
46,35
46,11
45,48
45,25
43,05
42,47
42,43
41,45
40,34
39,76
36,99
20
10
0
2000/2001
2004/2005
2008/2009
2001/2002
2002/2003
2003/2004
2005/2006
2006/2007
2007/2008
2009/2010
2010/2011
2011/2012
2012/2013
2013/2014
2014/2015
2015/2016
Ano safra
Fonte: Elaboração própria com base USDA (2017a).
Por outro lado, em USDA (2017b) é possível observar que as exportações brasileiras de
farelo de soja tendem a alcançar 14,25 milhões de toneladas métricas, enquanto que da
Argentina tende a chegar a 31 milhões de toneladas métricas (estimativa para a safra 2016/17).
Em relação às exportações de óleo de soja, USDA (2017b) destaca que a tendência é de que a
agroindústria brasileira exporte cerca de 1,34 milhões de toneladas enquanto que a agroindústria
da argentina chegue a 5,5 milhões de toneladas métricas. Esta situação chama atenção,
principalmente porque nos últimos anos o crescimento das exportações brasileiras de soja em
grãos foi exponencial enquanto que o crescimento das exportações de farelo e óleo foram
lineares e com taxas baixas.
Uma das possíveis explicações para esta situação é o forte efeito da Lei Kandir, que
desonerou as exportações de produtos primários e estimulou as exportações de soja em grão. A
desvalorização cambial, em 1999, também foi importante para os ganhos de competitividade
da soja, pois aumentou a liquidez e assegurou preços melhores aos produtores. O Programa de
Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e Colheitadeiras
(Moderfrota), criado em 2000, contribuiu para o avanço tecnológico nas lavouras e, junto com
a biotecnologia, permitiu ganhos de competitividade (CORONEL; MACHADO;
CARVALHO, 2009).
Por outro lado, é possível verificar em WTO (2017) que as barreiras comerciais
impostas aos produtos de valor agregado dificultam as exportações de farelo e óleo. Exemplo
desta situação é o mercado chinês, que isenta as importações de soja em grãos (SH 120101),
cobra ad-valorem de 9% nas importações de óleo (SH 150710 e SH 150790) e adota 5% de ad-
valorem nas importações de resíduos farelo e sólidos de soja (SH 230400).
4500
926
4000
1.844
3500
2.182
900
1.410
1.103
1.986
3000
1.025
1.106
1.763
1.327
967
1.547
1.167
1.610
1.841
2500
3.691
2000
2.764
1500
2.486
2.361
2.249
2.149
2.126
2.068
2.048
1.853
1.804
1.801
1.718
1.627
1.581
1000
1.368
500
0
2008/2009
2000/2001
2001/2002
2002/2003
2003/2004
2004/2005
2005/2006
2006/2007
2007/2008
2009/2010
2010/2011
2011/2012
2012/2013
2013/2014
2014/2015
2015/2016
Ano safra
2016
Fonte: Elaboração própria com base USDA (2017a).
O IHH do Brasil, nos anos iniciais da análise, se encontrava com nível moderado de
concentração de mercado, mas ao longo do período se tornado o país com maior concentração
de mercado. Isto mostra que as políticas públicas e o investimento privado estão resultando em
maior participação no mercado internacional de soja em grãos.
Considerações finais
Referências
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WTO. World Trade Organization. Tariff Download Facility. 2017. Disponível em <http://tariffdata.wto.org/>
Acesso em: 30 de agosto de 2017.
1
Relações Públicas Coordenadora da Assessoria de Comunicação da Faculdade Palotina de Santa Maria
(FAPAS), email carolinasouzads@yahoo.com.br.
2
Assessora administrativa de Prospecção e Negociação de Projetos na Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul (PUCRS), email raquel.bernardon@pucrs.br.
Resumo. Este artigo oferece um retrato interdisciplinar das interações entre Supply Chain Management com foco
na informação ao longo da cadeia e da Comunicação Organizacional juntamente com a Comunicação Rural, no
intuito de identificar as potencialidades desta aproximação entre teorias. Com este trabalho, pretende-se apontar
quais são as contribuições das teorias advindas da Comunicação no que diz respeito ao fortalecimento da base
teórica acerca dos fluxos de informação e dos relacionamentos ao longo da cadeia de suprimentos no agronegócio.
Trata-se de um trabalho qualitativo, cujos objetivos o enquadram como exploratório-descritivo, buscando a
correlação entre os temas. Portanto, este estudo busca elucidar o funcionamento dos relacionamentos e os fluxos
de informação de uma determinada organização – ou, no caso da cadeia, determinadas organizações – com seus
públicos internos e externos, seguindo a perspectiva sistêmica das teorias que o fundamentam. Futuros estudos
nesta temática poderão aprofundar as perspectivas suscitadas neste trabalho, usando-o como base.
Palavras-chave: Supply Chain Management, Comunicação Organizacional, Comunicação Rural, Fluxos de
Informação, Agronegócio.
Introdução
Acontece que hoje em dia, a comunicação rural está muito ligada à comunicação de
conhecimentos, sob um espectro muito estreito, apenas no sentido de transmissão de tecnologia
(BORGATO, 2001), sem considerar fluxos de informação que originam diálogos. É por isso
que se defende a construção de uma nova Comunicação Rural, ou ainda, uma Comunicação
Organizacional-Rural, que compreenda as transformações dos agentes e dos cenários, as
peculiaridades e, principalmente, compreenda o aspecto estratégico das relações no âmbito do
agronegócio.
Há um verdadeiro arsenal de meios de comunicação à disposição para promover uma
aproximação entre os agentes rurais. Dentro desta perspectiva, estão inclusos “todos os canais
tradicionalmente usados pelos habitantes do campo – feiras, exposições, líderes naturais, [...]”
(BORDENAVE, 1983, p. 57) e somados a estes, estão os meios modernos de comunicação,
ligados às novas tecnologias. O contexto rural está mudando notoriamente, e a comunicação,
por sua vez, acompanha esta mudança. É de sua competência atuar como “ponte de diálogo”
(BORDENAVE, 1983), contribuindo para a construção de um cenário onde o caráter da
comunicação se torne mais participativo ao invés de meramente difusor de informações.
Isso confere à comunicação algumas novas funções para o exercício de atividades
ligadas ao setor rural. As principais são: promover o diálogo e facilitar o diagnóstico da
realidade do homem do campo (BORDENAVE, 1983), desconstruindo mitos e possibilitando
o planejamento baseado em dados. Neste processo, os agricultores são peças-chave: são eles
que realmente sabem das questões da agricultura, e é essencial que sejam ouvidos. Eles podem
“indicar o tempo e os locais apropriados para a chegada dos insumos necessários”
(BORDENAVE, 1983, p. 98). E aqui, a informação está inclusa no conceito de insumo, uma
vez que, sem ela, o produtor não possui subsídios para a tomada de decisão, tanto no processo
de produção quanto no processo de comercialização dos produtos. É uma sequência básica:
ouvir para saber o que, onde, quando e como informar.
Além disso, com a atual configuração da sociedade em rede, todos estão conectados a
todos instantânea e incessantemente, e a população rural começa a potencializar o seu discurso
a partir da inclusão digital. Braga & Carvalho (1999) previam a necessidade de uma
Comunicação Rural decodificadora dos novos valores trazidos pelas transformações que
começavam a acontecer na sociedade. Estas transformações reconfiguraram a sociedade, e, da
mesma forma, a progressiva velocidade da informação cria novas “leis”, que exigem uma
especialização para cada parte do processo. Concluindo, associado à velocidade da informação
está o também progressivo acesso a ela, que resulta na obrigação dos comunicadores tanto de
inserir o cenário rural no meio urbano quanto de representar, identificar e atender as
necessidades comunicacionais do público rural junto às empresas.
Considerações Finais
enquanto propulsora da aproximação. Isso porque trata-se de um estudo preliminar, com o qual
se pretendeu verificar a fertilidade proveniente de uma nova abordagem.
A SCM foi abordada objetivamente, de forma sucinta, apenas para ilustrar e refrescar o
conceito ao leitor. Admite-se a vastidão de literatura sobre o assunto, bem como suas diferentes
abordagens. Porém, pelas limitações óbvias deste trabalho, optou-se por uma conceituação
breve, a fim de demonstrar a similaridade com as outras teorias que seriam apresentadas. É
possível afirmar que as semelhanças vão do mesmo sustentáculo na teoria sistêmica, passando
pela importância dos relacionamentos e enfocando os fluxos de informação, logo, considerando
a comunicação. A articulação entre Comunicação Organizacional e Comunicação Rural foi
necessária porque, simultaneamente, envolve empresas e públicos (objetos da Comunicação
Organizacional), que fazem parte do cenário rural (o que os caracteriza como escopo da
Comunicação Rural).
Assim, entende-se que, na agricultura, a informação permeia todo o funcionamento da
cadeia produtiva e de comercialização, e que dela depende as decisões dos agricultores. Na
união entre a comunicação organizacional e a comunicação rural, devem ser consideradas
questões culturais e ambientais associadas às questões econômicas, produtivas e tecnológicas,
que correspondam à realidade do homem do campo de acordo com a sua atividade. Há, sim,
mudanças ocorrendo no cenário rural, e considerá-las implica visualizar efeitos práticos como
melhorias de renda e de qualidade de vida e, o que é ainda mais gradual, mudanças de
pensamento e de ação capazes de assimilar a hibridização entre o campo e a cidade.
Enfim, com a realização deste trabalho, acredita-se ter contribuído para o
desenvolvimento de um novo olhar e de uma nova possibilidade, tanto de pesquisa quanto de
atuação, para aqueles que estudam a gestão das relações entre as organizações e seus mais
variados públicos, especialmente dentro das cadeias produtivas. Ficam registradas aqui as
correlações iniciais sobre o assunto. Também ficam assinalados, implicitamente, os desafios,
mas, sobretudo, estão apontadas as direções dos futuros estudos na área, e, quiçá, até mesmo
de um novo campo teórico.
Referências
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3. ed. rev. atual. Florianópolis: Laboratório de Ensino a Distância da UFSC, 2001.
Resumo. Um dos maiores produtores e exportadores de carnes do mundo, o Brasil não pode abrir mão de
ampliar as discussões e iniciativas sobre o bem-estar animal. O tema é cada vez mais frequente nos ambientes
acadêmico, produtivo, público e empresarial. O caminho é inevitável e representa uma exigência de uma
sociedade cada vez mais crítica sobre a ética adotada nos processos produtivos. Pesquisas indicam que há
benefícios econômicos em sistemas que priorizam o bem-estar animal, assim como existe espaço para conquistar
o consumidor interessado em um produto diferenciado. Mas não são poucos os desafios nesta trajetória.
Capacitação e adequação de profissionais e empresas são imprescindíveis. O consumidor também precisa
receber informação de qualidade para que tenha as ferramentas necessárias para escolher o alimento que levará
para casa. São transformações significativas que poderão resultar no incremento de competitividade da cadeia da
carne brasileira.
Palavras-chave: pecuária, bem-estar, consumo, ética.
Introdução
Quadro 2 – Recomendações da OIE para que animais não sofram nos períodos pré-abate e abate
Os animais devem ser transportados apenas se estiverem em boas condições físicas;
Animais machucados ou sem condições de moverem-se devem ser abatidos de forma
humanitária imediatamente;
Os animais não devem ser forçados a andar além da sua capacidade natural,
procurando-se evitar quedas e escorregões;
Não é permitido o uso de objetos que possam causar dor ou injúrias aos animais;
Animais conscientes não podem ser arrastados ou forçados a moverem-se caso não
estejam em boas condições físicas;
No transporte, os veículos deverão estar em bom estado de conservação e com
adequação da densidade;
A contenção dos animais não deve provocar pressão e barulhos excessivos;
O ambiente da área de descanso deve ser iluminado e apresentar piso bem drenado,
respeitando o comportamento natural dos animais;
No momento da espera no frigorífico, deve-se supri-los com suas necessidades básicas
como fornecimento de água, espaço, condições favoráveis de conforto térmico;
O abate deverá ser realizado de forma humanitária, com equipamentos adequados para
cada espécie;
Equipamento de emergência deve estar disponível, em caso de falha do primeiro
método de insensibilização.
Fonte: Adaptado de LUDTKE et al. (2012).
Ainda que existam iniciativas oficiais e envolvimento por parte do Governo Federal na
área de bem-estar animal, há indicativos de que o Brasil caminha lentamente sobre a questão
em comparação com outros países (AVICULTURA INDUSTRIAL, 2017).
Segundo Abramovay (2017), “desde 2015, um grupo de investidores com uma carteira
de US$ 1,2 trilhão vem alertando as grandes empresas responsáveis pela oferta global de
carnes que o bem-estar animal está deixando de interessar exclusivamente aos budistas, aos
veganos, aos historiadores e aos filósofos”. Dessa forma, o BEA se torna um componente
central do risco dos investimentos feitos neste setor. Para o autor, o Brasil poderia beneficiar-
se de tal mudança estratégica desde que seus dirigentes governamentais e empresariais
atentem para o fato de que as demandas do Século XXI serão cada vez mais pautadas por
temas de natureza ética.
Pesquisas e experiências realizadas nos últimos anos vêm demonstrando a crescente
atenção de consumidores ao tema e os benefícios que empresas do setor podem agregar aos
negócios com a adoção de práticas que visem o bem-estar dos animais de produção. O
primeiro dos argumentos aos empresários diz respeito ao fato de que animais que vivem sob
condições de vida adequadas e confortáveis tornam-se mais produtivos (CERTIFIED
HUMANE BRASIL, 2017).
Ao mesmo tempo, grandes empresas com atuação mundial vêm legitimando políticas
de compras de carnes e outros alimentos derivados de animais apenas de produtores que
seguem boas práticas. Um dos exemplos é do Grupo GPA, detentor de marcas como Pão de
Açúcar, Extra e Qualitá. A empresa pretende conquistar, junto ao setor avícola brasileiro, a
viabilização até 2025, da comercialização de 100% de ovos das suas marcas exclusivas
provenientes da criação de galinhas fora de gaiolas (GPA, 2017).
Relatório global realizado pela organização Business Benchmark on Farm Animal
Welfare (BBFAW) desde 2012 indica que vem aumentando o número de empresas que se
dedicam a políticas de BEA. Em 2016, o estudo envolveu 99 companhias no mundo todo e,
entre os resultados, 73% das empresas publicaram políticas de bem-estar animal em 2016,
contra 46% em 2012. Também 65% das companhias divulgaram metas para o BEA em 2016,
contra 26% em 2012 (BBFAW, 2017).
No Brasil, algumas granjas produtoras de aves e suínos vêm procurando se adaptar às
tendências que indicam um consumo mais consciente. No caso dos suínos, a maior parte da
produção ainda é realizada com gaiolas de gestação, em sistemas que são criticados por
organizações internacionais (ABCS, 2014).
A Associação Brasileira de Criadores de Suínos vem monitorando bons exemplos
empregados em propriedades brasileiras. Um deles é o da Granja Miunça, no Distrito Federal
(ABCS, 2014). No local, um estudo comparativo foi realizado pela World Animal Protection
para analisar o desempenho de produtividade em duas condições: em um deles os leitões
nascem e são alimentados em baias coletivas, o sistema recomendado pelas boas práticas de
bem-estar animal. Na outra condição, em sistema convencional, a matriz dá à luz e amamenta
os leitões em gaiolas individuais, onde há pouquíssima possibilidade de movimento dos
animais (CERTIFIED HUMANE BRASIL, 2017).
As conclusões da pesquisa indicam que o sistema de baias coletivas ampliou o número
de leitões nascidos vivos em 3,5% e o peso no desmame em 14%. A Tabela 1 apresenta mais
resultados.
Tabela 1 – Comparativo de desempenho entre dois sistemas de criação de suínos em granja brasileira
Baias coletivas Gaiolas individuais
Leitões nascidos vivos 14,24 13,76
Peso desmamado (kg) 5,76 5,02
Receita bruta por matriz (R$) 3.363 2.885
Custo por matriz (R$) 271 378
Fonte: Adaptado de Certified Humane Brasil e WAP (2017).
Considerações finais
Referências
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nesse momento. 16 Março 2017. Disponível em: <http://www.aviculturaindustrial.com.br/imprensa/ministro-
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1, 3
Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e
Agronegócio, guilherme.asai@gvmail.br
2
Universidade Federal da Grande Dourados, Professor do Curso de Ciências Econômicas
Resumo.
O presente trabalho tem como objetivo investigar e quantificar os ganhos de produção e exportação da soja frente
ao emprego de capital na terra para as macrorregiões brasileiras. Para isso, simulou-se um cenário de aumento de
capital empregado no aumento da área plantada de soja que gerou resultados de aumento do valor da produção e
das exportações para as regiões Nordeste, Centro-oeste, Sudeste e Sul. Esse aumento do valor da produção
contribuiu com a diminuição dos preços para as mesmas regiões. Embora o aumento do valor de produção não
tenha sido proporcional, evidenciou que o emprego de capital contribui com a performance do setor.
Palavras-chave: preço de terras; soja; equilíbrio geral computável; mercado de terras.
Introdução
A crescente produção brasileira de grãos, principalmente oleaginosas como a soja, faz
o país figurar entre um dos principais players mundiais dessa commodity. De acordo com o
Departamento do Agronegócio (DEAGRO, 2017) da Federação das Indústrias do Estado de
São Paulo (Fiesp), ao se ferir a produção, o Brasil, tem a segunda maior produção mundial de
soja com cerca de 104 milhões de toneladas para a safra 2016/2017, atrás dos Estados Unidos
da América. Com relação a exportação da soja em grão, o Brasil, é o principal país exportador
com cerca de 59 milhões de toneladas exportadas para a safra 2016/2017.
Para que seja atingida esse nível de produção e exportação da soja a área plantada total
sofreu um incremento médio anual de 5,78% durante as últimas sete safras. A Figura 1 ilustra
o aumento da área planta de soja desde a safra 2010/2011 até a safra 2016/2017.
Figura 1 – Evolução da área planta de soja para as safras de 2010/2011 até 2016/2017
40
Mil hectares
35
30
25
20
15
10
0
2010/2011 2011/2012 2012/2013 2013/2014 2014/2015 2015/2016 2016/2017
A produção de soja também teve importante papel na ocupação territorial do país nas
décadas de 1980 e 1990 como demonstra o estudo de Barbosa e Assumpção (2001) que ilustra
o caminho da regionalização da produção da soja com inicio na Região Sul do país e se
alastrando para as regiões Sudeste e Centro-oeste. Tal fato histórico indica a concentração da
produção atual nas Regiões Sul e Centro-oeste conforme ilustrado no Figura 2.
Figura 2 – Evolução da produção de soja nas regiões brasileiras para as safras de 2000/2001 até 2016/17
60.000
50.000
40.000
30.000
20.000
10.000
A partir da safra 2010/2011 a produção na Região Nordeste começa a ter uma leve alta.
Isto ocorre por causa da nova fronteira agrícola na região conhecida como Mapitoba, que
segundo Freitas (2011) se destaca na produção de soja por causa do clima estável, um regime
pluviométrico equilibrado e uma topografia plana que possibilitam retornos aos produtores
pioneiros dessa região.
Paralelamente ao aumento na produção, na exportação e na área plantada da soja ouve
um aumento no preço de terras. Estudos como os de Ferro e Castro (2013), Gurgel e Asai (2014)
e Asai e Piffer (2016) indicam que houve valorização das terras nas últimas décadas, tanto em
áreas de cultivo tradicional de soja, como a Região Oeste do Paraná, quanto em áreas de
fronteira agrícola como o MAPITOBA – área compreendida entre os estados do Maranhão,
Piauí, Tocantins e Bahia.
Assim, o valor da terra passa a ser importante para o cultivo da soja uma vez que nela
se torna possível o plantio e o ganho de competitividade do produto nacional frente o mercado
interno e externo. Autores como Sayad (1977), Reydon e Plata (2000), Dias, Vieira e Amaral
(2001), Rahal (2003) e Reydon et al. (2014) apontam a valorização da terra como parte do
processo ligado as atividades agropecuárias, ou seja, o preço das terras é influenciado pela
atividade ligada a ela, ou seja, o próprio plantio e criação agropecuário.
Ainda entre os fatores advindos da própria atividade agrícola que afetam o preço da
terra, são citados por Oliveira e Costa (1977) os preços recebidos na agropecuária e os preços
pagos pelos insumos, além do índice tecnológico empregado nas lavouras. Rangel (2000)
também cita as inovações agronômicas como fator que influencia o valor da terra.
Dentro do contexto de aumento de produção de grãos aliado com valorização da terra
objetivo deste trabalho é investigar e quantificar os ganhos de produção e exportação da soja
frente ao emprego de capital, via valorização da terra, no período de 2002 a 2016 nas
macrorregiões brasileiras.
Metodologia
1
Uma limitação do trabalho é o modelo PAEG representar dados da economia de 2011 segundo a última Matriz
Insumo Produto disponível, sendo que a variação utilizada abrange um período recente, de 2002 a 2016.
Resultados
O aumento no preço das terras agrícolas tem sido alvo de estudos nos últimos anos.
Autores como Reydon et al. (2014), Gurgel e Asai (2014) e Bacha, Stege e Harbs (2016)
apontam a valorização crescente nos preços das terras.
Por meio dessa valorização, esse trabalho simulou um cenário que apresenta o aumento
de capital investido na formação da área planta de soja para as regiões brasileiras. Para isso,
considerou-se a valorização média da terra nas macrorregiões brasileiras calculado pelo CAGR
no período de 2002 a 2016.
A Tabela 2 demonstra os valores adotados como cenário do modelo de ECG.
Tabela 2. Valorização média dos preços de terras nas regiões do Brasil (em %)
Região CAGR
Centro-oeste 14,16
Norte 15,20
Nordeste 12,63
Sul 13,54
Sudeste 13,07
Fonte: elaboração própria.
Dados: Agrianual, 2002 – 2016.
Nota-se um aumento da produção de soja com exceção a região Norte. Esse aumento de
produção é comprovado pelo aumento no valor da produção em conjunto com a diminuição dos
preços, uma vez que o valor é calculado com a multiplicação da quantidade produzida e do
preço comercializado.
O aumento de produção da soja nas regiões Sul, Sudeste, Centro-oeste e Nordeste já era
esperado, uma vez que a houve aumento de produtividade, nas áreas plantadas e nas melhoras
tecnológicas.
A região Centro-oeste teve o melhor ganho percentual no valor da produção, o que
representa uma consolidação desta área como grande produtora de soja. Tal fato também pode
ser comprovado pela Figura 2, cuja linha de produção do Centro-oeste destoa das demais. Já a
região Nordeste, em especial, apresentou um ganho percentual de 0,221 no valor da produção
justamente por ser uma região de fronteira agrícola que vem crescendo pós década de 2000 e o
crescimento eleva consigo os preços as terras, mas também trás benefícios de infraestrutura
para a região sendo responsável por polos de crescimento e atração.
Considerações finais
O presente trabalho teve como objetivo investigar e quantificar os ganhos de produção
e exportação da soja frente ao emprego de capital nas macrorregiões brasileiras. Dessa forma o
trabalho simulou um cenário de acréscimo de capital, via investimento em novas áreas, para o
plantio de soja.
Como resultado, o aumento de capital favoreceu o aumento da produção, do seu valor,
das exportações e contribuiu com a queda nos preços dessa commodity para as regiões Nordeste,
Centro-oeste, Sul e Sudeste. Entretanto, os ganhos obtidos não são proporcionais ao capital
empregado o que denota uma disparidade e indica que outros fatores devem ser considerados
para o aumento da produção e exportação da soja.
Isto posto, o aumento de capital deve vir aliado a outros fatores para que ocorra um
incremento maior de produção conforme observado ao longo dos anos. Associar um conjunto
de fatores para obter melhores produções torna-se característica do setor, como comentado nos
trabalhos de Rahal (2003), Jank, Nassar e Tachinardi (2005), Lazzarotto e Hirakuri (2010)
Reydon et al. (2014) e Hoffmann e Ney (2016).
Portanto, o aumento de capital para obtenção de novas áreas de plantio de soja contribui
com uma parcela da performance do setor na economia brasileira.
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1
PPGA, Universidade Federal do Pampa, fidorneles@gmail.com
2
Universidade Federal do Pampa
3
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
4
Univerisdade Federal de Santa Maria
Resumo. A produção de leite no Brasil é significativa nos âmbitos econômico e social, sendo o país um dos
principais produtores da proteína animal do mundo. Considerando sua representatividade para o cenário do
agronegócio brasileiro, objetivou-se analisar os indicadores referentes ao setor leiteiro brasileiro nos anos de 2010
a 2016. Para tanto, procedeu-se a metodologia descritiva com abordagem quantitativa, coletando e analisando os
dados disponibilizados pelas instituições de pesquisa: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, da Companhia
Nacional de Abastecimento e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, onde considerou-se os
dados de 2010 a 2016. Desse modo, observa-se que a produção de leite brasileira aumentou nos últimos anos,
atingindo a região sul a margem de 35% de aumento no ano de 2015. Ainda, o preço bruto pago ao produtor teve
um aumento de 89% do ano de 2010 para o de 2016. E, além disso, o consumo per capita também teve um aumento
de 3,45%, o que permite concluir que a cadeia produtiva do leite está se mantendo como um dos importantes elos
do agronegócio brasileiro.
Palavras-chave: Agronegócio, Pecuária Leiteira, Mercado.
Introdução
A produção de leite no Brasil teve seus primeiros indícios registrados pela Organização das
Nações Unidas para Alimentação e Agricultura em 1961, quando o país produziu 5,2 milhões
de toneladas (FAO, 2016). Já o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística iniciou suas
publicações acerca da produção do setor em 1974 (IBGE, 2016; VILELA, 2017). Vilela (2017)
ainda destaca no panorama histórico da produção um crescimento de 1961 a 1973, onde se
registrou um aumento de 50% na produção. Neste contexto, considerando toda a linha de tempo
da produção, de 1961 a 2015, obteve-se um acréscimo de 30 milhões de toneladas. Além disso,
Fischer et al. (2011) destaca que o Brasil passou de um dos maiores importadores mundiais de
lácteos a exportador, isto em apenas sete anos por conta do aumento significativo da produção.
No contexto do aumento da produção de leite, recebendo notoriedade para a economia e
para o setor de agronegócio, surge também em disparada o consumo do produto animal pela
população do Brasil, pois o leite é tido como alimento de destaque pelas propriedades
nutricionais que possui. Assim, a exploração da atividade leiteira oferece oportunidades para
vários sistemas econômicos como agricultura familiar, empresas rurais, cooperativas de
produção entre outros (MARQUES, 2004; BRUM et al., 2016; LIMA, 2017).
Metodologia
Metodologicamente, esta pesquisa assenta num estudo descritivo usando banco de dados de
três instituições de pesquisa: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, da Companhia
Nacional de Abastecimento e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada. O
procedimento de coletas deu-se através dos portais virtuais das instituições, buscando por
indicadores e dados estatísticos referentes a produção de leite e do consumo do produto de
origem animal. Considerou-se na análise os dados dos anos de 2010 a 2016, incluindo
excepcional em uma das análises o ano de 2017.
A amostragem foi de natureza quantitativa, sendo a análise dos dados realizada
primeiramente através das leituras feitas no IBGE, CONAB e CEPEA, e posteriormente, outros
dados analisados no programa Microsoft Excel 2017.
A cadeia produtiva que mais se transformou no setor agropecuário nos últimos anos foi a
do leite. Gomes (2001) destaca que grandes mudanças no início da década de 1990 ocorreram
na cadeia produtiva do leite, transformações estas intervindas pelo governo, ocorrendo da
produção ao consumo. Por outro lado, Marques (2004) aponta que a produção de leite recebe
destaque no mercado por suas propriedades nutricionais e pelo seu grande papel econômico e
social nas propriedades produtoras.
A partir do contexto da importância da cadeia produtiva de leite e seus derivados, tanto para
o setor agropecuário e do agronegócio como para a economia como um todo, na Figura 1
apresenta-se a escala de evolução da produção desta matéria-prima no Brasil.
Observa-se que ocorreu um grande salto na produção de leite nas regiões Sul e Sudeste do
país, reação do setor que ocorreu a partir de 1996 na região Sudeste e um crescimento
significativo a partir do ano de 2004 na região Sul. O IBGE (2015) destaca que a região Sul
ocupa desde 2014 a primeira posição na produção de leite no Brasil, sendo responsável, em
2015, por uma margem de produção de 35,2% frente as outras regiões no cenário nacional.
A partir da conjuntura da produção no período apresentado, revela-se a importância que o
setor do leite e seu crescimento possui para o agronegócio brasileiro, pois quanto mais a
produção de leite aumenta, maior é o crescimento do setor do agronegócio e da sua participação
no PIB brasileiro, superando setores importantes como o da siderúrgica. Para mais, a cadeia
produtiva do leite apresenta outras vantagens, sendo a responsável pela redução do êxodo rural
(EMBRAPA, 2003; FISCHER et al., 2011).
Com a expansiva taxa de crescimento na produção de leite, também ocorreu aumento no
valor médio bruto pago ao produtor na aquisição do leite, sendo possível observar na Figura 2
um crescimento de 89,9% no preço médio pago de 2010 a 2016, passando de R$0,705467 para
R$1,340192. Quanto ao valor médio líquido pago referente aos anos de 2010 a 2016, a taxa de
crescimento foi de 85,3%. Os dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada,
CEPEA, ainda mostra que no ano de 2016 a diferença entre o valor bruto e do valor líquido
pago foi de 8,7%, passando de R$1,340192 e R$1,232842.
1,6
1,4
1,2
0,8
0,6
0,4
0,2
0
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017*
174
172
170
168
166
164
2011 2012 2013 2014 2015 2016
Neste contexto, nota-se que houve um aumento de 3,45% no consumo de leite por habitante
brasileiro, saindo da margem de 168,1 litros em 2011 para 173,9 no ano de 2016. Ainda quanto
ao consumo, observa-se no cenário da produção-consumo, que as regiões que se destacam pelo
aumento da produção de leite também registraram maior aumento no consumo de produtos
Considerações Finais
Referências
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2007.
RESUMO: O Brasil é um dos maiores produtores de leite do mundo e ainda tem alto potencial para melhorar a
sua eficiência produtiva. Diante disso, o artigo tem por objetivo analisar a produção láctea do Rio Grande do Sul,
apontando possíveis ações para maximizar a eficiência produtiva. Trata-se de um estudo exploratório, por meio
de dados secundários obtidos junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e à Empresa de
Assistência Técnica e Extensão Rural. Observa-se que o crescimento anual baixo da produção está relacionado,
entre outros fatores, à ineficiência produtiva do setor. Mas, apesar disso, apontam-se uma tendência de aumento
da produção nos próximos anos. Dados demonstram um aumento na eficiência produtiva, principalmente em
relação ao aumento da produção de leite por animal. Com vistas a propor melhorias ao setor, dentre outras
possibilidades, seria a incorporação de um modelo de integração entre produtores rurais e agroindústrias
processadoras.
ABSTRACT: Brazil is one of the largest dairy producers in the world and still has high potential to improve its
productive efficiency. The objective of this paper is to analyze the dairy production of Rio Grande do Sul,
pointing out possible actions to maximize the productive efficiency. This is an exploratory study, through
secondary data obtained from the Ministry of Agriculture, Livestock and Supply and the Technical Assistance
and Rural Extension Company. It is observed that the low annual growth of production is related, among other
factors, to the productive inefficiency of the sector. But in spite of this, there is a tendency to increase production
in the coming years. Data show an increase in the productive efficiency, mainly in relation to the increase of
milk production per animal. In order to propose improvements to the sector, among other possibilities, it would
be the incorporation of a model of integration between rural producers and agroindustries.
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
O estudo teve como foco a produção leiteira do estado do Rio Grande do Sul – Brasil.
Trata-se de um estudo exploratório, por meio de dados secundários, a fim de analisar as
evidências do setor lácteo. Os dados foram obtidos no Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento – MAPA e Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural – EMATER/RS.
As variáveis analisadas foram: a) produtividade, b) volume estimado de leite, c) rebanho, d)
média da produção de leite por animal, e) número de propriedades rurais que produzem leite,
f) área média por propriedade, g) produção diária de leite, h) capacidade industrial instalada,
i) produtores de leite comercializado para as indústrias ou processam em agroindústrias
próprias legalizadas, j) empresas que captam leite, k) média de empresas captadoras por
município.
As variáveis foram comparadas entre o período de maio de 2015 a junho de 2017, com
o intuito de analisar as variações observadas. A partir das variações, foram apontadas as
possíveis ações de melhorias para o setor lácteo do Rio Grande do Sul.
RESULTADO E DISCUSSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2013.
Resumo: A presente pesquisa teve como objetivo, identificar e analisar junto a cadeia produtiva da erva-mate, a
prática da sustentabilidade e avaliar como se dá essa relação entre a duas, à luz da gestão do conhecimento que
compreende a produção e o processo de aprendizado (o que se herdou e o que se pretende deixar). O estudo foi
desenvolvido em duas etapas: na primeira fase do estudo aplicou-se a técnica Delphi on-line em três rodadas, já a
segunda fase foi composta por um levantamento documental e aplicação de um questionário desenvolvido a partir
da primeira etapa da pesquisa, para compor o grupo dos especialistas teóricos buscou-se, pesquisadores, que
investigaram algumas das variáveis, foco de estudo, junto as cooperativas de Erva Mate de Ilópolis, identificou-se
20 produtores e 10 especialistas. Os dados coletados, através da observação direta, foram analisados pela técnica
de Analise de conteúdo, buscando-se elencar os mesmos junto os construtos alvo da pesquisa. Conclui-se que o
modelo de avaliação da prática da sustentabilidade, junto aos produtores de Erva Mate da região de Ilopolis/RS, é
um modelo peculiar que apresenta características, pertinentes a própria cultivar, o que torna o modelo exclusivo
para realidade deles e impede sua replicação em outros cenário.
Palavras- Chave: Gestão do Conhecimento, Metodologia Delphi, Produção Erva-Mate, Sustentabilidade.
INTRODUÇÃO
A produção de erva-mate, é um atividade com essência florestal, milenar a qual tem sua
origem ligada a cultura indígena, sendo historicamente utilizada na alimentação humana,
principalmente junto as regiões Sul e Centro-Oeste brasileiro tanto na alimentação, quanto na
bebida (chimarrão e tererê), a mesma tem pouco aproveitamento industrial, bem como não
representa altos índices de exportação, um vez que , 80% destina-se ao mercado doméstico,
sendo 96% na forma de chimarrão e 4% como chá e refrigerantes (IBGE, 2014).
Historicamente, a erva-mate tem sido um dos principais produtos agrícolas da região
Sul do Brasil e, atualmente, é o principal produto não madeireiro do agronegócio florestal desta
região. Devido ao seu grande potencial econômico, social e ecológico, a cultura ervateira
representa uma das melhores opções de emprego e de renda, especialmente para os pequenos e
médios produtores rurais.
Com relação a área de produção, tem-se que o cultivo, no Brasil, corresponde
aproximadamente, 700 mil ha, localizados em mais de 480 municípios, distribuídos em cerca
de 180 mil propriedades e proporciona 700.000 postos de trabalho. O desenvolvimento de
técnicas silviculturas e da disponibilização de tecnologias aumentaram a demanda junto ao setor
ervateiro, incluindo as pequenas e médias propriedade rurais.
Com relação a representatividade industrial da erva-mate, destina-se em algumas
regiões, para a produção de produtos tais como: corante natural, conservante alimentar,
medicamentos diversos, produtos de higiene, cosméticos e produtos de despoluição.
A cultivar erva-mate, possui propriedades ativas e baixo valor calórico, bem como tem
a cafeína em sua composição, a qual proporciona efeitos fisiológicos e psicológicos e
organolépticos agradáveis, além de ser um elo de integração sociocultural onde é consumida
(SOUZA et. all, 2003).
Com relação a produtividade da cultivar erva-mate, a mesma possui representação
mundial, sendo os maiores produtor: O Brasil que produz cerca de 860 mil toneladas de erva-
mate verde; A Argentina (690 mil toneladas) e o Paraguai (85 mil toneladas) conforme dados
da EMBRAPA floresta (2015). Tem-se também que quase 80% da produção brasileira de erva-
mate destinam-se ao mercado interno, sendo que 96% são consumidas como chimarrão e 4%
na forma de chás e outros usos, porém por ser uma planta cuja composição química possui
compostos de interesse e propriedades benéficas ao organismo, pode-se ainda ser utilizadas, em
algum ramo ainda não explorado a fim de ampliar o mercado para a erva-mate e também a
aumentar o valor agregado do produto.
Os processos produtivo da erva-mate, compreende diversas etapas pelos quais a erva-
mate perpassa até chegar ao consumidor, ou seja, conforme Miele, Waquil e Schultz (2011) a
cadeia produtiva da erva-mate, é composta por vários segmentos e transações, que estabelecem
um ciclo produtivo e comercial, que tem seu início junto Indústria de insumos e equipamentos,
Agropecuária, Agroindústria, Distribuição até o Consumidor final.
O Estado do Rio Grande do Sul, mesmo sendo o estado brasileiro com maior
representatividade em termos de consumo e oferta da erva-mate, detendo cerca de 62% da
produção nacional e plantando 43,6% da área total desta cultura no país, nas últimas três
décadas, perdeu participação relativa (IBGE, 2014). Entretanto, Paraná, Santa Catarina e Mato
Grosso do Sul, também destacam-se pelos altos índices de produtividade e vem ganhando
espaço no mercado da Erva Mate.
Sendo que, a partir de 2011 o mercado de erva-mate, passou a sofrer com as influências
das mudanças observadas junto ao cenário socioeconômico brasileiro, uma vez que as
constantes transformações na economia mundial estimulada pelo processo de integração de
mercados comerciais e financeiros assim como pela difusão de um novo paradigma tecnológico,
vêm modificando as estruturas produtivas tanto em países desenvolvidos quanto em países
cujas bases industriais ainda se encontram em processo de desenvolvimento.
Com relação, ao desenvolvimento regional, das regiões produtoras de erva-mate,
observa-se que a economia ervateira destaca-se, por sua história, enquanto ramo comercial e
produtiva, mas principalmente por sua herança cultural (pelo hábito do chimarrão).
O conhecimento extremo, da cadeia produtiva e do agronegócio da erva-, também
constitui um elemento vital para processo de desenvolvimento regional, principalmente pelas
demandas tecnológicas e da produção deste produto que tem grande potencial de mercado
mundial, garantindo uma atividade econômica sustentável ao produtor rural, à indústria e ao
consumidor; a oferta de um produto com grande apelo cultural e com reconhecidas propriedades
medicinais (FERRARI,2004).
MÉTODOS
Ilópolis. Sendo que dos foi identificado 20 produtores e 10 especialistas, dos quais passaram
pelos seguintes propostas, descritas no quadro 01.
Os dados coletados, através da observação direta, foram analisados pela técnica de
Analise de conteúdo, buscando-se elencar os mesmos junto os construtos alvo da pesquisa,
porém reforça-se que o projeto de pesquisa seguiu todos os preceitos éticos estabelecidos pela
Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, que regulamenta a ética em pesquisa com
seres humanos e das demais normas complementares do Conselho Nacional de Saúde.
Com base nos dados coletados junto aos 18 produtores, buscou-se ponderar as respostas
dos mesmos junto com os elementos chaves da pesquisa, sempre tentado evidenciar a relação
de causa e efeito a fim de construir o modelo de avaliação da prática da sustentabilidade.
Com base nas entrevista, ficou evidente, embora não fosse o foco de investigação da
pesquisa, que há uma certa frustação com relação aos incentivos e preços pagos ao produto erva
mate, o que muitas fezes acaba norteando a decisão de alguns produtores por não buscar novas
tecnologias ou até mesmo, por buscarem novas alternativas de geração de renda e deixar
atividade da produção de erva-mate.
Outro fator evidenciado, é a carência de novas pesquisas que busquem melhorar as
práticas existentes ou desenvolvam novas tecnologias, a qual segundo os entrevistados ainda é
limitada ou de alto custo, o que desestimula a busca ou restringe o acesso.
Com relação ao objetivo desta pesquisa, de analisar e identificar junto a produção de
erva-mate, a prática da sustentabilidade e como ela é tratada frente a gestão do conhecimento e
processo de aprendizado organizacional, buscou-se mensurar as respostas dos entrevistados
junto a figura 01, que evidencia os principais achados da pesquisa, frente as variáveis em
análise, e que servirão de base para a construção do modelo, frente a realidade investigada.
Variação do modelo de
NONAKA, I.;
TAKEUCHI, H - 2009
acabam indo buscar novas oportunidades, muitas destas sem relação com a produção de erva-
mate. O processo de aprendizagem, tem-se dado pela própria prática ou capacitações oriundas
da IBRAMATE, porém ainda é incipiente e necessita de mais entendimento.
Desta forma entende-se, que esse modelo deve passar por constante avaliação a fim
realizar adequação conforme as atualizações ligadas à área.
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produção e de transformação de erva-mate no planalto norte catarinense. Congresso Sul-americano da erva-
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WAQUIL, P. D; OLIVEIRA, S. V. Dinâmica de produção e comercialização da erva-mate no Rio Grande do Sul,
Brasil. Ciência Rural, v.45, n.4, abr, 2015.
1
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, aneliseschinaider@gmail.com
2
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, leonardo.xavier@ufrgs.br
Resumo. O consumo vegano atrai cada vez mais adeptos e instiga o meio acadêmico em busca de compreender a
produção científica a seu respeito. Embora seja um campo incipiente de pesquisa, o veganismo traz uma
preocupação relacionada à saúde, ao meio ambiente, aos direitos dos animais e a um estilo de vida. Neste sentido,
tem como objetivo reunir informações que relatam sobre o consumo vegano na produção científica. Para isso, foi
aplicado o método PRISMA, a fim de realizar uma revisão bibliométrica com os seguintes indicadores: evolução
temporal; principais áreas de conhecimento e periódicos; principais países; e palavras-chave mais citadas nos
artigos. A base internacional de dados escolhida foi a Elsevier's Scopus, considerando as palavras de busca vegan
AND consumption, resultando em 54 artigos. Percebe-se que o consumo vegano cresce exponencialmente a partir
de 2015, sendo um dos países que mais pesquisam sobre o assunto é os Estados Unidos, com 22 artigos. Diante
do exposto, nota-se que o consumo vegano tem importância no meio acadêmico, abrangendo questões de saúde,
do meio ambiente, de estilo de vida e do direito dos animais. Aderir à dieta vegana seria uma das possibilidades e
estratégias para diminuir o aquecimento global e assim, propor um meio ambiente menos degradado. Como
pesquisa futura, é interessante caracterizar o perfil do consumidor vegano, uma vez que ele já está inserido neste
nicho de mercado.
Palavras-chave: Consumo vegano, Dieta alimentar, Indicadores Bibliométricos, Veganismo.
1 Introdução
Várias pesquisas da Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO) e
discussões da COP21 apresentam uma preocupação com o meio ambiente e seu estado atual, e,
portanto, subentende-se que a dieta alimentar do ser humano é dos fatores que também contribui
para o aquecimento global e para o “famoso” efeito estufa. Segundo estudos, aproximadamente
18% das emissões de dióxido de carbono são provindos da produção pecuária, 70% de terras
agrícolas do mundo são utilizadas para essa produção e 30% dos gases tóxicos são provindos
da dieta alimentar de uma família normal média alemã (STEINFELD et al., 2006; CONRAD,
2012; FROEHLICH, 2016). Ainda, conforme Kedouk (2013), o Brasil é o quinto maior emissor
de dióxido de carbono (CO2) no mundo e quase 52% dos gases estufa são decorrentes do
desmatamento.
Para contrapor essas causalidades, a dieta alimentar vegetariana e vegana vêm sendo
aceita por muitos adeptos que defendem várias questões e que incorporam um novo estilo de
vida. Saba (2001) revela que 60% dos consumidores europeus estão preocupados com as
Porto Alegre - RS, 26 e 27 de outubro de 2017
215
questões ambientais em relação ao que consomem e Barcellos (2007) corrobora que dietas
alternativas tais como o veganismo são cada vez mais crescentes no Reino Unido, Alemanha e
Holanda. Nesse sentido, o movimento vegano ganha destaque no consumo de alimentos sem
interferir no ecossistema, acreditando numa filosofia de vida, na ética, no direito dos animais,
na preservação do meio ambiente, na saúde, entre outras questões.
Os veganos (ou vegans), como são chamados, têm como propósito não consumir
produtos de origem animal, tais como, carne, ovos, leites, gelatinas, mel, couro, seda, lã, ou
produtos que são testados em animais (TRIGUEIRO, 2013; TAFFAREL, 2012). Ou seja, são
pessoas que possuem uma dieta alimentar e estilo de vida diferente dos consumidores
convencionais e vegetarianos. O veganismo se torna uma expressão de uma projeção reflexiva
onde os indivíduos tentam dar um rumo à sociedade, objetivando as condições de vida, ética,
social e ambiental que norteiam a relação entre a sociedade e a natureza (TRIGUEIRO, 2013).
Sendo assim, tem-se como objetivo reunir informações que relatam sobre o consumo
vegano na produção científica, através da aplicação do método PRISMA, a fim de mensurar
alguns indicadores bibliométricos, tais como: evolução temporal; principais áreas de
conhecimento e periódicos; principais países; e palavras-chave mais citadas. Além desta
introdução, este artigo contempla mais três seções. Na segunda seção são descritos os
procedimentos metodológicos utilizados na pesquisa. Posteriormente, são apresentados, por
meio de figuras os resultados obtidos; e na última seção são descritas algumas considerações
desta pesquisa.
2 Procedimentos Metodológicos
A pesquisa caracteriza-se por uma apresentação de indicadores bibliométricos de artigos que
foram selecionados pelo método PRISMA, o qual propõe um passo a passo das etapas a serem
seguidas. A pesquisa foi realizada pela base de dados internacional de produção científica Elsevier's
Scopus, sendo uma base multidisciplinar que abrange as áreas de ciência, tecnologia, medicina,
ciências sociais, artes e humanidades (ELSEVIER, 2016). Em seguida, foram inseridas as palavras
de busca Vegan AND Consumption, com objetivo de encontrá-las no título, no resumo e nas
palavras-chave no tipo de documento “artigos”. Nessa etapa, foram encontrados 152 artigos.
Posteriormente, introduziu-se a metodologia do protocolo PRISMA, conforme a Figura 1.
A Figura 1 apresenta o fluxograma do PRISMA onde ocorreu as quatro fases para aplicação
do método. Na fase da Identificação, foram encontrados 152 artigos, excluindo 2 artigos que foram
publicados em livros. Na fase da Seleção, foram excluídos 70 artigos, após realizada a leitura do
resumo, uma vez que não atendia o propósito da pesquisa. Na fase da Elegibilidade foram excluídos
26 artigos, sendo 15 artigos incompletos ou que não se encontravam disponíveis na web e 11 artigos
em outros idiomas (português, francês, polonês, alemão). Dessa forma, na fase de Inclusão foram
selecionados para a revisão bibliométrica 54 artigos, atendendo o objetivo da pesquisa.
3 Resultados e Discussão
Inicialmente, na Figura 2, foi realizada uma análise temporal desses 54 artigos, objetivando
apresentar a evolução temporal, conforme figura abaixo. Percebe-se que há uma discussão sobre o
tema em 2001, porém é perceptível a evolução a partir de 2009, onde houve um crescimento na
produção científica e se ascendendo significativamente em 2015 e 2016, com publicações de 7 e 12
artigos em cada ano. Nota-se que debater sobre o consumo vegano é algo ainda desconhecido para
a maioria das pessoas. Porém, o movimento ganhou força a partir de 2015 e, atualmente, vem
evoluindo exponencialmente no mercado de consumo, resultando na inovação e criação de produtos,
restaurantes diferenciados para este público ou, até mesmo, um espaço social para atender esse novo
nicho de mercado. Conforme a SVB (2016), no Brasil, existe aproximadamente cerca de 240
restaurantes vegetarianos e veganos. Esse crescimento tem relação com as tendências mundiais,
como no Reino Unido, onde houve um crescimento de 360% no número de veganos no país nos
últimos dez anos (2005-2015), e nos Estados Unidos, esse o número de veganos dobrou nos últimos
6 anos.
Figura 5 – Principais países que pesquisam sobre o consumo vegano de 1986 a 2016
Verifica-se que os Estados Unidos são pioneiros em pesquisas sobre o consumo vegano,
possuindo 22 artigos publicados na base internacional Elsevier's Scopus, em seguida vem Reino
Unido com 12 artigos e Austrália, Alemanha, Itália e Holanda com 4 artigos cada país. Considera-
se que esses países já têm uma dieta alimentar vegana e estilo de vida, pois conforme Dyett et al.
(2013), em um estudo realizado com 100 veganos dos Estados Unidos, revelam que a dieta vegana
vem sendo adotada por questões de saúde, uma vez que coincide com exercícios regulares; pouca
ingestão de álcool e tabagismo; consumo de legumes, nozes e grãos, proporcionando baixo teor de
gordura corporal. Nota-se que são países desenvolvidos que estão na frente colocando em prática
uma dieta alimentar e defendendo um novo estilo de vida que traz pontos positivos para a saúde,
meio ambiente e para o ser humano em si.
O último indicador bibliométrico dessa pesquisa tem por objetivo gerar uma nuvem de
palavras das principais palavras-chave descritas nos 54 artigos, conforme a Figura 6.
Figura 6 – Principais palavras-chave citadas nos artigos de 1986 a 2016
Nesta nuvem de palavras, foram mensuradas 373 palavras-chave dos 54 artigos avaliados
nesta pesquisa. Após feita essa observação, verifica-se que as palavras Diet, Vegan, Animal,
Vegetarian, Food e Meat tiveram maior presença na Figura 6, demonstrando que são palavras que
vão ao encontro do consumo vegano e com as principais causas que estão associadas ao veganismo.
Além disso, as palavras Health, Lifestyle, Sustainable, Ethics, Comsumption e Agricutural são
palavras-chave que retratam os aspectos positivos no ato de se tornar um consumidor vegano. Judge
e Wilson (2015) relatam uma variedade de resultados positivos e negativos em relação aos
consumidores com a dieta à base de plantas vinculados à saúde, ao meio ambiente, à moralidade na
sociedade e à ética nos indivíduos.
4 Considerações Finais
Este artigo buscou realizar uma revisão bibliométrica com alguns indicadores na produção
científica relacionada ao consumo vegano. Diante do exposto, nota-se que o consumo vegano tem
importância no meio acadêmico, abrangendo questões de saúde, do meio ambiente, de estilo de vida
e do direito dos animais. Aderir à dieta vegana seria uma das possibilidades e estratégias para
diminuir o aquecimento global e assim, propor um meio ambiente menos degradado.
Logo, mudar os hábitos ou rotinas pode levar um certo tempo, porém as dietas alimentares
individuais evoluem frequentemente dentro de um tempo de vida, inclusive quando se inclui
encontros com a família, com os amigos, com o pessoal do trabalho, etc., que possam influenciar na
mudança da dieta alimentar e no estilo de vida. Questões vinculadas à sustentabilidade e direito dos
animais também vêm sendo um dos fatores preocupantes para a sociedade em si, uma vez que é
preciso pensar no que será deixado como legado para as gerações futuras. Por fim, como pesquisas
futuras, recomenda-se caracterizar o perfil do consumidor vegano, uma vez que existem pesquisas
que apresentam que ele está inserido no mercado e que há variáveis que possam traçar esse perfil
claramente.
Referências Bibliográficas
Resumo
A partir das mudanças sociais e produtivas advindas da revolução industrial, nas quais se destacam os problemas
ambientais, alta concentração populacional, urbanização acelerada e o consumo excessivo de recursos de fontes
primárias, foram se desenvolvendo alternativas para sanar alguns desses problemas, como é o caso de políticas
com prioridades de redução de resíduos de fontes geradoras de energia, redução da disposição final do solo, o
máximo reaproveitamento dos resíduos, coleta seletiva, e da reciclagem. A partir desse cenário o objetivo deste
estudo foi dividido em duas etapas, primeiramente identificar os processos inerentes na cadeia de suprimentos de
uma empresa de reciclagem e posteriormente mensurar as emissões de gases de efeito estufa decorrente de sua
cadeia de suprimentos. Dessa forma, primeiramente foi caracterizado os processos da cadeia de suprimentos de
uma empresa de reciclagem de resíduos sólidos instalada em Aparecida do Taboado – MS por meio de um estudo
de caso. Em um segundo momento, foi utilizado o conceito de avaliação do ciclo de vida para quantificar e
mensurar as emissões de gases de efeito estufa decorrentes da cadeia de suprimentos. Os resultados encontrados
indicam que a reciclagem dos resíduos sólidos para a venda como matéria prima secundária possibilitam uma
diminuição expressiva do volume de poluentes gerados por essa ação, quando comparado com a ação de extração
natural e utilização de matérias-primas primárias. Assim, a atividade de reaproveitamento para a obtenção de
matéria prima vem ganhando destaque mundial por gerar benefícios ambientais e econômicos.
INTRODUÇÃO
gestão de resíduos sólidos, representando uma mudança para governos, sociedade, e a indústria.
A partir dessas mudanças, foram incluídas como prioridades a redução de resíduos de fontes
geradoras de energia, redução da disposição final no solo, o máximo reaproveitamento dos
resíduos, coleta seletiva, e da reciclagem, incluindo a participação da sociedade com os
catadores, assim como o processo orgânico e o reaproveitamento da energia (MARCHI, 2011).
Entretanto, com o crescimento da população, intensa urbanização e ampliação do consumo, tem
ocasionado o crescimento da geração de resíduos.
Com o objetivo de reduzir os impactos ambientais negativos inerentes ao descarte de
resíduos, a Agenda 21 considera a prática dos 3R´s (reduzir, reutilizar, reciclar) como essencial
para mitigar os impactos resultantes ao meio ambiente nos aterros sanitários (MARCHI, 2011).
A reutilização consiste em ações que permitam a utilização dos resíduos para outras finalidades,
otimizando o uso energético deste material. Já a reciclagem pode ser descrita como um conjunto
de técnicas que permite aproveitar os resíduos e inseri-los novamente no ciclo de produção que
saíram.
Com a implantação da Lei 12.305 de 23 de dezembro de 2010, instituindo a proibição a
partir do ano de 2014 da disposição em aterro sanitário de qualquer tipo de resíduo que possa
ser reutilizável ou reciclado, surge a necessidade de técnicas e pesquisas que possibilitem o
aproveitamento energético desses resíduos (PECORA et al., 2012). Com esse avanço, viu-se
assim a necessidade de reaproveitar esses resíduos, contando com empresas e cooperativas que
trabalham realizando a separação de materiais e resíduos sólidos, ou seja, são empresas
intermediarias que realizam esse processo para as indústrias especializadas em efetuar o
processamento de reciclagem, revertendo em novos produtos tornando-os aptos para o
consumo.
De acordo com Souza, Paula e Pinto (2012), as cooperativas exercem um papel
fundamental com a vida útil de produtos e embalagens, utilizando a coleta seletiva e reciclagem,
assim como a separação e o fornecimento de matéria-prima secundária para o setor industrial.
No entanto, os brasileiros dispõem aproximadamente 76 milhões de toneladas de lixo por mês,
das quais 30% poderiam ser reaproveitados, no entanto, apenas 3% deste volume são destinados
a reciclagem (SOUZA et al., 2005).
Dessa forma o estudo propõe responder as seguintes questões: Quais são os processos
da cadeia de suprimento de uma empresa de materiais recicláveis e quais as emissões de gases
de efeito estufa inerente dessa atividade? Como objeto de estudo, têm-se uma empresa que atua
no ramo da reciclagem na cidade de Aparecida do Taboado/MS, que atualmente trabalha com
a coleta, desmonta e a separação de resíduos sólidos de indústrias e lixo urbano.
REFERENCIAL TEÓRICO
Reciclagem
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em relação à área de atuação, a empresa atua nos municípios Campo Grande, Paranaíba,
Chapadão do Sul, assim como algumas cidades da região noroeste do estado de São Paulo. Seus
principais fornecedores de resíduos são as indústrias locais, comércio, catadores e a população
local. Possui em seu processo de produção, maquinários, como a prensa, caçambas e caminhões
que fazem a logística de coleta e entrega aos clientes.
Entrega
Resíduo Beneficiamento e
Coleta Triagem Venda ao Cliente
sólidos acondicionamento
cliente
Para a armazenagem dos resíduos a empresa tem como estratégica fornecer caçambas
que ficam instaladas nas indústrias para o correto descarte. Além das indústrias parceiras, a
empresa conta com a coleta dos resíduos comerciais e com a venda dos materiais coletados por
catadores. Essas caçambas são coletadas conforme a quantidade que é depositada e a
necessidade de produção da empresa de reciclagem, onde a coleta é realizada por caminhões da
própria empresa.
No processo produtivo, todos os materiais que chegam na empresa passa pela triagem,
sendo feita a separação de acordo com os tipos de resíduos, prensagem, pesagem e estocagem.
Após esse processo, os resíduos são comercializados conforme sua classificação para as
empresas que transformam esses resíduos em matérias-primas para outras empresas de
fabricação.
O volume médio mensal de resíduos coletados é de 310 toneladas (Tabela 1), tendo
como principal produto resíduos derivados de ferro com 48 % do volume, seguido de resíduos
de papelão com 39% (Figura 2). Uma explicação para menor representatividade do alumínio
se deve ao fato de que os resíduos são coletados e vendidos somente pelos catadores da cidade,
diferentemente dos outros resíduos, quais são coletados diretamente nas indústrias.
3%
Ferro
Plástico
39% 48%
Papelão
Alumínio
10%
Nos veículos de transporte, o controle é realizado somente pelo peso transportado, não
havendo separação da carga. Desta forma, o consumo mensal de diesel da empresa (1189,70
litros) foi distribuído pelo total de toneladas processadas mensalmente (310 toneladas),
resultando na média de 3,87 litros por tonelada transportada. A partir disso, foram alocados o
consumo de diesel por resíduo processado de acordo com o volume (Tabela 1). O mesmo
processo foi realizado para a energia elétrica, distribuindo o total de 1388,8 Kwh pelo volume
mensal processado e posteriormente alocando para cada tipo de resíduo.
A determinação das emissões de CO2 oriundas da queima de diesel e consumo de
energia elétrica foram realizadas a partir da utilização de fatores de emissão para o Brasil.
Fatores de emissão são coeficientes resultantes da divisão do total de emissões resultantes de
um determinado setor pelo volume do produto consumido (BRASIL, 2014). O fator de
conversão para o diesel é de 2,48 kg de CO2 x litro (BRASIL, 2014), ou seja, em média, a cada
litro de óleo diesel consumido no Brasil, resulta na emissão de 2,48 quilos de CO2 (Tabela 2).
Tabela 2 - Consumo, fator de emissão, CO2 por tonelada e total de CO2 resultante a partir do consumo de
óleo diesel.
Combustível fóssil (diesel)
Resíduos Toneladas
processados processadas Consumo por Fator de emissão CO2 por
tonelada (lts) (Kg CO2 x lt) tonelada (Kg) Total CO2 (Kg)
Ferro 150 3,87 2,48 9,60 1439,64
Plástico 30 3,87 2,48 9,60 287,92
Papelão 120 3,87 2,48 9,60 1151,71
Alumínio 10 3,87 2,48 9,60 95,97
Total 310 2975,25
Fonte: Dados da pesquisa e Brasil (2014).
Para calcular a quantidade de CO2 resultante por tonelada de resíduo transportado foi
multiplicado o consumo médio de diesel por tonelada (3,87 litros) pelo fator de emissão CO2 a
partir da queima do óleo diesel (2,48 kg), resultando em 9,6 quilos de CO2. Para determinação
do total de emissão de CO2 por tipo de resíduo, foi multiplicado o volume processado mensal
pelas emissões de CO2 por tonelada. Assim, o total de emissões de CO2 oriundas da queima de
óleo diesel foi de 2975,25 quilos.
Para mensurar as emissões do consumo de energia elétrica, foi realizado o mesmo
processo descrito anteriormente. Primeiramente foi dividido o consumo médio de energia
elétrica em Kwh (1388,8) pelo volume médio de resíduos processado (310 toneladas),
226
resultando em 4,48 Kwh por tonelada processada (Tabela 3). Para identificar o potencial de
emissão de CO2 a partir do consumo de energia elétrica foi utilizado o fator de conversão de
0,0322 kg de CO2 por Kwh consumido (PACHECO; YAMANAKA, 2006).
Tabela 3 - Consumo, fator de emissão, CO2 por tonelada e total de CO2 resultante a partir do consumo de
energia elétrica.
Energia elétrica
Resíduos Toneladas Consumo por Fator de
processados processadas CO2 eq por
tonelada (Kwh) emissão (Kg Total CO2 eq
tonelada
CO2 x Kwh)
Ferro 150 4,48 0,0322 0,1442 21,6384
Plástico 30 4,48 0,0322 0,1442 4,3277
Papelão 120 4,48 0,0322 0,1442 17,3107
Alumínio 10 4,48 0,0322 0,1442 1,4426
Total 310 44,7194
Fonte: Dados da pesquisa.
Multiplicando o consumo médio de kwh por tonelada pelo fator de emissão, obteve-se
o valor de 0,14442 kg de CO2 por tonelada de resíduo processada, totalizando 44,72 quilos de
CO2 para as 310 toneladas de resíduos processados mensalmente. Comparando com as emissões
a partir da queima do diesel, a energia elétrica representa apenas 1,5% de suas emissões.
Considerando a soma das emissões de queima de óleo diesel e consumo de energia elétrica, as
emissões totais de CO2 foram de 9,7442 kg por tonelada e de 3019,97 para o volume de 310
toneladas processados mensalmente.
A princípio, uma emissão mensal de gases de efeito estufa acima de 3 toneladas
mensalmente pode ser considerado um dado preocupante, no entanto, é necessário comparar as
emissões do processo de reciclagem com o processo de extração das matérias-primas. Com este
objetivo, foi levantado dados na literatura científica e em relatórios de indústrias de emissões
do processo de extração de beneficiamento de ferro, plástico, papelão e alumínio (Tabela 4).
Tabela 4 – Comparação das emissões de CO2 de matérias primas reutilizadas com fontes primárias.
Resíduos Quantidade Aproveitamento de resíduos Utilização de fontes primárias
processados (toneladas) CO2 x ton Total CO2 eq x ton Total
Ferro 150 9,74 1461,29 1700 255000
Plástico 30 9,74 292,26 2100 63000
Papelão 120 9,74 1169,02 426 51120
Alumínio 10 9,74 97,42 2661 26610
Total de resíduos
processados 310 - 3019,97 - 395730
Fonte: ABAL (2017), Albano, Kirst e Diz (2011), Green CO2 (2011) e Brasken (2012).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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aplicadas ao setor madeireiro III. Jerônimo Monteiro-ES, 196-246, 2008.
230
O presente estudo teve como objetivo identificar o impacto da adoção de boas práticas agropecuárias (BPA’s) no
manejo de ordenha sobre as contagens de células somáticas e bacteriana total (CCS e CBT) e quantificar a
participação das BPA’s mesmos visto que, são fatores determinantes para um produto de qualidade. Os dados
foram obtidos em 11 propriedades localizadas na região metropolitana de Porto Alegre, Rio Grande do Sul.
Foram realizadas 6 visitas com respectivas coletas de leite em intervalos quinzenais, onde a cada visita, os dados
de utilização das BPA’s foram quantificados através de um checkllist e o leite foi avaliado quanto a CCS e CBT.
Com base na realização do primeiro checklist, foram feitas orientações de BPA’s para os produtores no manejo
de ordenha visando a diminuição da CBT e CCS para posteriormente realização de uma comparação entre as
visitas conforme a adesão dos produtores as boas práticas agropecuárias. Após analise da média, chegou-se a
uma diminuição de 79,3 % no índice de CBT e 6,4% na CCS entre a primeira e a última vista resultados esses
obtidos pela adoção de boas práticas como, descarte dos três primeiros jatos antes da ordenha, realização do teste
da caneca de fundo preto, utilização de pós-dipping e descarte do leite considerado mastítico. A realização de
BPA’s no momento da ordenha influencia positivamente em um produto de melhor qualidade. A CBT é fator
que mais responde as BPA’s por ser dependente da higiene do sistema e ser possível de modificar a cada
ordenha.
This research aimed to identify the impact of good agricultural practices (GAPs) at milk production on somatic
cell counts and total bacterial (SCC and TBC) and identify the participation of GAPs to define milk quality.
Data were obtained from 11 farms located in the metropolitan area of Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Six
visits with respective milk collections were carried out at intervals of 15 days. At each visit, data on the use of
GAP were quantified through a checklist and the milk was evaluated for CSCC and TBC. Based on the
accomplishment of the first checklist, GAPs guidelines were formulated for the producers to reduce SCC and
TBC for subsequent comparison of the visits according to the adhesion of the producers to the good agricultural
practices. After analysis of the average, we observed a decrease of 79.3% in the TBC index and 6.4% in the
SCC from the first to the last visit, by adopting good practices such as discarding the first three jets before
milking, post-dipping and discart of mast milk. The achievement of BPAs at milking time can improve milk
quality. TBC is a factor that most responds to BPAs because it is dependent on the hygiene of the system and it is
possible to modify each milking.
Introdução
A região sul do Brasil ocupa a primeira posição do ranking de produção de leite das
grandes regiões desde 2014, quando ultrapassou, pela primeira vez, a região Sudeste e foi
responsável, em 2015, por 35,2% da produção (IBGE, 2015). Do total de 441 mil
estabelecimentos rurais no Rio Grande do Sul, 134 mil são produtores de leite, sendo que
70% são caracterizados como produtores familiares que comercializam menos de 100 litros
do produto por dia (IBGE 2006).
O leite e seus derivados merecem destaque por constituírem um grupo de alimentos de
grande valor nutricional, uma vez que são fontes consideráveis de proteínas de alto valor
biológico, além de conterem vitaminas e minerais. O consumo habitual desses alimentos é
recomendado, principalmente, para que se atinja a adequação diária de ingestão de cálcio, um
nutriente que, dentre outras funções, é fundamental para a formação e a manutenção da
estrutura óssea do organismo (MUNIZ et al., 2013). Além disso, o leite é fonte muitas vezes
única de renda de produtores familiares que dependem do leite para sobrevivência.
A qualidade do leite é mensurada pela quantidade de seus componentes (proteína,
gordura, sólidos, entre outros) e pela contagem de células somáticas e de bactérias. Segundo a
Instrução Normativa n° 62 (BRASIL, 2011), para 2016, os níveis de contagem bacteriana
total (CBT) deveriam chegar em 100.000 unidade formadoras de colônia/ mL e a contagem de
células somáticas (CCS) em 400.000 células somáticas/mL.
A CCS está diretamente ligada com inflamação na glândula mamária como é o caso da
mastite, doença hoje, que mais acomete os rebanhos leiteiros e preocupa os produtores e a
indústria. Caracterizada por um processo inflamatório da glândula mamária, a mastite, trata-se
de uma doença complexa de caráter multifatorial, envolvendo diversos patógenos, o ambiente
e fatores inerentes ao animal (BRESSAN, 2000).
A CBT é um índice de importância na qualidade do leite isso porque, sua presença em
níveis elevados causa prejuízos na qualidade da matéria prima já que sua alta contagem causa
deterioração do leite e produção de ácido lático pelas bactérias que deterioram a lactose. A
CBT é afetada diretamente pela higiene dos processos de produção do leite e sua condição de
armazenamento sendo facilmente alterada pelos manejos adequados.
VILELA et al. (2001) identificam diversas limitações ao desenvolvimento da cadeia
produtiva do setor leiteiro, entre as quais a baixa efetividade dos serviços de assistência
técnica. Segundo BAIRROS & FONTOURA (2009), é necessário um estudo de cada
propriedade através da análise de seus índices produtivos e zootécnicos e demais dados
relacionados à produção de leite, a fim de caracterizá-los e permitir a tomada de decisões mais
cabíveis à situação, mantendo a competitividade do produtor.
Os principais entraves na qualidade sanitária do leite estão relacionados a falhas
envolvendo principalmente o manejo de ordenha e ausência de práticas gerenciais voltadas
para a adoção de boas práticas agropecuárias (ALMEIDA et al., 2016).
De maneira geral, a baixa qualidade do leite pode ser atribuída a deficiências no
manejo, à higiene na ordenha, à sanidade da glândula mamária, à manutenção e desinfecção
inadequada dos equipamentos e à refrigeração ineficiente, ou, até mesmo, inexistente
(NERO et al., 2005). Por isso, cuidados higiênicos para evitar a contaminação do leite devem
ter início na ordenha e seguir até o seu beneficiamento (SANTANA et al., 2001). Isso pode
ser obtido por meio das boas práticas agropecuárias (BPA) (EMBRAPA, 2005).
As BPAs, na pecuária leiteira, constituem um conjunto de atividades desenvolvidas
dentro da fazenda com objetivo de garantir a saúde, o bem estar e a segurança dos animais, do
homem e do ambiente. Essas práticas estão associadas ao processamento de derivados lácteos
Objetivo
O objetivo deste trabalho foi identificar o impacto da adoção de boas práticas
agropecuárias no manejo de ordenha a partir da contagem bacteriana total e (CBT) e da
contagem de célula somática (CCS), para obtenção de um produto inócuo e seguro em
propriedades participantes do Programa Ordenha Melhor da Secretaria da Agricultura,
Pecuária e Irrigação do Rio Grande do Sul.
Metodologia
Resultado e Discussão
No que se refere a BPA’s (Tabela1), observou-se que na primeira visita realizada, 72,7
% das propriedades realizavam a higienização das mãos antes da ordenha, 18,1% não lavavam
os tetos, 9% secavam os tetos, desprezavam os primeiros jatos e realizavam pós- dipping,
nenhuma realizava pré- diiping e teste de caneca, 36,3% realizavam CMT e 72,2%
descartavam o leite caracterizado mastitico.
Tabela 1. Número de propriedades que utilizam as BPA’s ao longo das visitas. (HM: Higienização das
mãos; LT: Lavagem dos tetos; ST: Secagem dos tetos; DJ: espreza os primeiros jatos; PRE.D: Pré-
dipping; POS.D: Pós-dipping; TC: Teste da caneca; CMT: California test mastite; DM: Descarte de leite
mastítico).
N Visita 1 Visita 2 Visita 3 Visita 4 Visita 5 Visita 6
HM 11 8 8 8 8 8 8
LT 11 9 9 9 9 9 9
ST 11 3 2 1 1 1 1
DJ 11 1 3 9 9 9 8
PRE.D 11 0 1 1 2 1 2
POS.D 11 1 1 2 5 5 5
TC 11 0 0 0 7 5 6 ∕11
CMT 11 3 4 11 10 10 10
DM 11 8 8 9 8 8 6
Gráfico1. Distribuição da CBT(x1000 mL-1) e CCS (x1000 mL-1) ao longo das seis coletas.
Conclusão
Referências
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ZUCALI, M.; BAVA, L.; TAMBURINI, A.; BRASCA, M.; VANONI, L.; SANDRUCCI, A. Effects of season,
milking routine and cow cleanliness on bacterial and somatic cell counts of bulk tank milk. Journal of Dairy
Research, v. 78, p. 436-441, 2011.
1
graduanda em Ciências Econômicas na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS),
ana.mergel@ufrgs.br
Resumo. A energia eólica tem se destacado entre as alternativas renováveis na geração de energia elétrica, e o
seu desenvolvimento faz parte de um esforço global para combater as mudanças climáticas. Enquanto isso, o
agronegócio é grande responsável pelo crescimento econômico e pelo acúmulo de riquezas de diversos países
subdesenvolvidos/em desenvolvimento. Com o objetivo de conectar brevemente os campos do Agronegócio, da
Energia Eólica e do Desenvolvimento Socioeconômico, é proposta uma discussão sobre as relações e
contribuições entre eles, promovendo um estudo bibliométrico conciso a respeito da inserção de complexos
eólicos em zonas rurais. A rápida análise sobre a cidade de Osório visa permitir uma melhor perspectiva sobre
como a energia eólica é inserida no meio rural.
Palavras-chave: Energia eólica, Agronegócio, Desenvolvimento socioeconômico, Zonas rurais.
Introdução
Objetivo e Hipótese
Metodologia
Este trabalho faz uso de duas formas de pesquisa: revisão bibliográfica e pesquisa
empírica. A revisão bibliográfica foi escolhida como um dos métodos de pesquisa para que
fosse possível chegar a argumentos sólidos sobre a energia eólica apresentar-se como fator
decisivo, porém não exclusivo, no desenvolvimento socioeconômico de um país. Foram
considerados relevantes, artigos publicados em anais de congressos (nacionais e
internacionais) e em revistas especializadas em Economia e/ou Energia - também estudos
específicos sobre a matriz energética brasileira e seus impactos econômicos realizados pela
comunidade científica brasileira, assim como livros de autores especializados em
Desenvolvimento Socioeconômico, Desenvolvimento Sustentável, Meio Ambiente e Energia.
Páginas da internet que reúnem essas publicações como Scopus, Google Scholar, Scielo
plataforma Capes e Lume (UFRGS) foram utilizados para a busca de conteúdo, além de obras
disponíveis na biblioteca da faculdade.
contribuem para a geração de energia quanto consomem - em 2015, o setor agropecuário foi
responsável por 5,1% do consumo de energia elétrica, enquanto contribuiu com 1,42% da
geração de eletricidade no mesmo ano (EPE, 2016). Um raciocínio bem simples seria
considerar que o ciclo produtivo do setor necessita de energia para a transformação da
matéria-prima ou para o funcionamento de determinadas máquinas.
Como pode ser visto no gráfico abaixo, a participação da energia elétrica no consumo
energético - assim como o consumo absoluto - tem uma trajetória ascendente, sugerindo que
este fator estará cada vez mais presente na constituição do valor dos produtos do setor
agropecuário.
shore1 (em torno de três vezes a potência atualmente instalada, de 4 mil MW); em parques
terrestres devem ser acrescentados mais aproximadamente 44 GW. Para méritos de
comparação, note-se que no Brasil, em 2017 verificou-se uma capacidade de produção de
energia eólica de 11,67 GW, em torno de 8,34% do potencial eólico brasileiro próximo a 140
GW, com as ressalvas de que nem toda ela está conectada à rede de distribuição
(ABEEÓLICA, 2017). De acordo com Castro et al. (2009), a capacidade mundial de geração
de energia eólica evoluiu de 17.400 MW em 2000 para 120.000 MW em 2008, o que
representa um crescimento de quase 690% em oito anos. Tal movimento, contínuo desde
2000, também aconteceu no Brasil, sendo ainda mais surpreendente nos anos mais recentes,
com a participação da energia eólica na matriz elétrica passando de menos de 3% em 2014
para 7,6% em 2017, com a capacidade, em termos absolutos, mais que duplicando nesse
intervalo de três anos (ABEEÓLICA, 2017).
Os autores referem-se repetidamente à energia eólica como um meio de os países
periféricos promoverem o catch up e alcançarem os níveis de produção, qualidade de vida,
crescimento econômico e influência que os países mais ricos - ou desenvolvidos - detêm.
Eles ressaltam, porém, que “[...] o desenvolvimento dos países pobres (baseado no uso
intensivo de tecnologias altamente poluentes, ou seja, sob o mesmo paradigma no qual foi
baseado o desenvolvimento dos países ricos), não apenas representa um risco às próprias
populações e à biodiversidade local e nacional, como um risco a todas as demais regiões do
planeta.” (PODOBNIK, 20062 apud RAIZER, 2011, p. 123). Também salientam o papel do
Estado para lograr essa convergência entre periferia e centro da forma descrita previamente,
defendendo estratégias de governo desenvolvidas para a difusão da energia eólica, ao afirmar
que “As políticas de governança visam à ampliação e à equalização do investimento nesse
setor [da energia eólica], garantindo transferência de tecnologias para os países pobres,
sobretudo para os em desenvolvimento.” (RAIZER, 2011, p. 106), permitindo que o caminho
a ser percorrido pelos países em desenvolvimento não seja o mesmo que foi trilhado pelos
países desenvolvidos.
A terra que antes era destinada à prática agrícola e à pecuária, agora é cortada por
gigantes moinhos eólicos. No Brasil, os únicos limites para a construção de parques eólicos
são os ambientais - evitando áreas habitadas por aves migratórias ou ameaçadas de extinção -
e os de potencial de geração elétrica.
Foi na Alemanha onde surgiu a preocupação com a função da terra na zona rural,
quando esta passa a servir não mais para atividades agrícolas, mas para a instalação de
complexos eólicos. Num país com disponibilidade de terras agricultáveis reduzidas, presume-
se que este fator possa realmente vir a ser uma externalidade negativa da fonte eólica. No
Brasil, estudos sobre o caso não são difundidos, uma vez que existe terra ociosa em
abundância, raramente reparando-se que a zona com maior potencial eólico é justamente a
região costeira do Brasil e parte do interior nordestino: áreas agricultáveis e produtivas ou
abrangidas por reservas ambientais.
Além de as áreas rurais apresentarem potencial eólico superior aos das zonas urbanas,
as vantagens da instalação dos complexos eólicos nestes locais, em sua maioria com baixo
desenvolvimento econômico e altos níveis de desemprego, consistem na geração de empregos
– temporários (durante a construção do parque) e permanentes (nas atividades de Operação e
Manutenção – O&M); renda extra através do arrendamento de terras ocupadas pelos
1
Em alto mar.
2
PODOBNIK, Bruce. Global Energy Shifts: fostering sustainability in a turbulent age. Philadelphia:
Temple University Press, 2006.
aerogeradores, que pode ser investida em outras atividades produtivas, uma vez que a
propriedade não fica inutilizada; aumento do consumo de bens e serviços; e ainda possíveis
compensações exigidas pelo poder público para a construção do complexo. Isto representa
maior infraestrutura, renda, qualidade de vida e, no médio prazo, desenvolvimento para a
região (RAIZER, 2011; SIMAS; PACCA, 2013).
Em média, os contratos para fornecimento de energia eólica vigoram por 20 anos.
Depois que estes vencem, não necessariamente um parque eólico torna-se obsoleto. Além de
os contratos serem passíveis de renovação, no caso de surgirem novas tecnologias, os
aerogeradores antigos podem ser substituídos por novos (SIMAS; PACCA, 2013) - caso em
que ocorre o processo de repowering3. Isto significa que o potencial eólico da região poderá
ser sempre e permanentemente aproveitado, e os benefícios da instalação do complexo eólico
serão duradouros, favorecendo a comunidade local.
Além disso, há a possibilidade de os produtores rurais instalarem seus próprios
geradores eólicos para a autossuficiência em energia. O investimento ainda é alto logo no
início do projeto - aproximadamente 75% do investimento total nos parques eólicos
correspondem ao custo apenas com equipamentos (SIMAS; PACCA, 2013), porém o custo-
benefício tende a ser baixo, visto que a área pode ser duplamente aproveitada: para a geração
eólica e para a agropecuária; a energia que não é consumida na produção é inserida na rede e
torna-se crédito de energia, e ainda há, como foi anteriormente comentado, a possibilidade de
investir a renda proveniente do arrendamento da terra para a instalação de aerogeradores na
própria produção agrícola, dando impulso na produtividade. Na Alemanha, por exemplo, no
início dos anos 2000 - antes da difusão dos complexos eólicos -, os proprietários de terras,
através de políticas públicas que visavam diminuir os riscos e que garantiam uma tarifa
mínima pela energia gerada, possuíam em torno de 75% da capacidade eólica instalada no
país, o que na época já correspondia a 6500 MW (MOSHER; CORCADDEN, 2012). Estes
mesmos proprietários e agricultores que passaram, num segundo momento, a arrendar parte
da terra para os grandes investidores em tecnologias de energia renovável.
Osório
Através de uma breve pesquisa empírica sobre a cidade de Osório, no estado do Rio
Grande do Sul, pretende-se corroborar a teoria dos autores abordados neste estudo. O
município foi escolhido por ter sido a cidade pioneira no Brasil e na América Latina quanto à
instalação de aerogeradores eólicos para a produção de energia em grande quantidade. O
parque eólico foi inaugurado em 2006, com 150 MW de capacidade de geração eólica. Alguns
indicadores disponíveis na página do IBGE4 serão abordados e rapidamente analisados nesta
pesquisa para validar a ideia de que os impactos no meio rural são positivos.
O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do município passou de 0,671 em 2000
para 0,751 em 2010. Nota-se inclusive, que as duas cidades mais próximas a Osório -
Maquiné e Santo Antônio da Patrulha - também tiveram seus índices elevados (de 0,579 para
0,682 e de 0,620 para 0,717 respectivamente). Poderia depreender-se deste movimento do
índice que não apenas a cidade de Osório, mas também a região próxima ao parque
experimentou impactos positivos com a instalação dos moinhos eólicos, mas para efeitos de
comparação, cabe destacar que o IDH do Estado do Rio Grande do Sul também aumentou de
0,664 para 0,746, ou seja, em proporções similares. Outros pontos precisam ser verificados
para que a hipótese deste artigo seja verificada.
Segundo as estatísticas disponibilizadas, a produção agrícola nas lavouras temporárias
- e mais próximas ao parque - teve a produtividade elevada, apesar de a área plantada ter sido
3
Repotenciação.
4
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Considerações Finais
Uma vez que existem fatores que geram desconfiança da população quanto ao uso de
fontes renováveis com mais intensidade na matriz energética, cabe ao Estado, a
responsabilidade pela conscientização desta população, tanto quanto às causas, como quanto
às soluções dos efeitos climáticos: combustíveis fósseis e energias renováveis,
respectivamente (MALLON, 20065 apud RAIZER, 2011). Quanto mais esta população estaria
disposta a pagar pela produção apenas de energias provenientes de fontes renováveis? O
planejamento melhor estruturado com uma “linha mestra melhor definida”, termo usado por
Castro et al. (2016, p.11), prezando pela maior constância nos planos energéticos, .
“A adoção de energias renováveis em projetos de desenvolvimento pode cumprir os
objetivos dos países sem passar pela intensidade de consumo de combustíveis fósseis com que
foi marcado o crescimento de países desenvolvidos.” (ZERRIFFI; WILSON, 2010 6 apud
SIMAS; PACCA, 2013). A comparação com a Alemanha dedica-se a fundamentar, na prática,
a necessidade de uma estratégia de governo que tenha as ER (energias renováveis) como
prioridade, tendo em vista o desenvolvimento sustentável, sem perseguir o paradigma
proposto pelos países desenvolvidos. Isto posto, o Brasil pode aprender com as ideias alemãs
que levaram o país europeu à posição de liderança no ramo da energia eólica, seja por meio da
conscientização da necessidade de se obter independência e segurança energéticas; da
importação de tecnologias eficientes na busca por geração de energia limpa; da contratação de
pessoal capacitado para produzir estes equipamentos em território nacional; ou na melhor das
hipóteses, por meio da capacitação da população brasileira para que o país seja capaz de
produzir complexos eólicos desde o projeto até a sua construção e a sua operação. Por
conseguinte, os efeitos multiplicadores gerariam ainda mais renda – de forma mais distribuída
– e desenvolvimento socioeconômico.
Pode-se notar determinado consenso entre os autores utilizados como referência neste
artigo quanto aos benefícios da introdução da energia eólica na matriz elétrica brasileira,
principalmente no que se refere ao uso da terra. Existe ainda um receio quanto aos impactos
negativos (ambientais, visuais e sonoros principalmente) que não incluem mudança na função
da terra. São poucos estudos divulgados sobre o assunto, e os existentes são, em sua maioria,
estrangeiros. Com base na revisão da literatura e na verificação dos dados respectivos ao
município de Osório, constata-se que a implantação de complexos eólicos em áreas rurais,
5
MALLON, K. Renewable Energy Policy and Politics: A Handbook for Decision-Making. Mallon, K. (Ed.),
Earthscan Publications Ltd (Publs.), 2006.
6
ZERRIFFI, H.; WILSON, E. Leapfrogging over development? Promoting rural renewables for climate change
mitigation. Energy Policy, v.38, n.4, p.1689-700, abr. 2010.
apesar de ocupar uma parte do território, permite o aumento da produtividade agrícola, além
de elevar a renda do município e da região próxima, permitindo que indicadores do
desenvolvimento estejam em constante avanço.
Referências
1
Pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinicius.lampert@embrapa.br
2
Professor do curso de Engenharia de Produção da Universidade Federal do Pampa (Unipampa)
3
Mestrando no PPG em Zootecnia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel)
4
Mestranda no PPG em Zootecnia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Resumo. A construção de métricas para avaliar o desempenho das cadeias produtivas é fundamental para a
melhoria da competitividade da pecuária de corte. A análise de sustentabilidade com indicadores confiáveis
pode, ainda, auxiliar no direcionamento de políticas públicas eficientes. Este trabalho objetivou construir uma
matriz com indicadores em potencial para monitorar e avaliar os aspectos de sustentabilidade envolvidos na
produção de bovinos de corte no Rio Grande do Sul. Para o desenvolvimento dessas métricas de análise da
sustentabilidade foi utilizada uma metodologia participativa e multidisciplinar baseada em três etapas: pesquisa
bibliográfica e sistematização dos dados (1); coleta e validação dos indicadores com especialistas (2) e
priorização a partir da identificação de importância relativa (3). Um painel com especialistas foi realizado para
validação e outro painel para priorização com o auxílio de um questionário utilizando a escala de Likert (1 a 5).
Foram descritos 70 indicadores para quatro dimensões, sendo oito para a dimensão ambiental, 16 para a
econômica, 25 para a produtiva e 21 para a social. Com o levantamento foi possível identificar a importância
relativa para as diferentes dimensões de sustentabilidade, sendo 4,44 para econômica, 4,33 para a social, 4,31
para a produtiva e 4,17 para a ambiental. Devido ao alto grau de subjetividade de alguns deles, a próxima etapa
da pesquisa busca classificar os indicadores em níveis de dificuldade de obtenção de dados, precisão da
informação obtida, se a coleta é manual ou precisa de algum instrumento, e se requer algum conhecimento ou
especialização técnica para obtenção dos dados.
Palavras-chave: Competitividade, Desempenho, Métrica.
Introdução
Material e Métodos
realizados nas dependências da Embrapa Pecuária Sul, no município de Bagé, Rio Grande do
Sul (RS), totalizando a participação de 20 pessoas.
Em um primeiro momento foi aberto espaço para os especialistas apresentarem sua
percepção sobre a importância do uso de indicadores, bem como sua aplicação atual e
perspectivas futuras de uso nos sistemas de produção de bovinos de corte.
Após esta etapa, foi realizado um brainstorming de indicadores por escrito, em que os
especialistas listaram, individualmente, de cinco a 20 sugestões de indicadores. Após o painel,
os indicadores sugeridos foram organizados numa planilha e somados à listagem preliminar.
Essa listagem, chamada de candidatos a indicadores, foi aplicada num outro painel para um
conjunto diferente de especialistas, na forma de questionário, utilizando a escala de Likert. A
escala de Likert apresenta uma série de cinco proposições, em que o entrevistado deve
selecionar uma opção referente à importância do indicador, podendo ser: muito importante,
importante, neutro, pouco importante ou muito pouco importante. Após, foi calculada a média
das respostas considerando uma cotação nas respostas que varia utilizando uma pontuação de
1 a 5.
Resultados
Tabela 1. Nível de importância por indicador de cada dimensão, conforme escala de Likert (1 - 5), e ranking
geral de importância dos indicadores.
Nível de importância por
Dimensão Indicador
dimensão
Lucro da propriedade (R$/ha) 4,64
Figura 1. Importância relativa entre as dimensões econômica, social, produtiva e ambiental na produção de
bovinos de corte no Rio Grande do Sul num determinado período de tempo (2016)
Econômica 4,44
Social 4,33
Produtiva 4,31
Ambiental 4,17
Conclusões
Agradecimentos
Referências
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CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE SISTEMA DE PRODUÇÃO, 11., 2016, Pelotas.
Abordagem sistêmica e sustentabilidade: produção agropecuária, consumo e saúde: anais. Pelotas: SBSP, 2016.
1
Mestranda em Agronegócios na UFRGS, mariaantoniadomingues@hotmail.com.
Resumo. Este trabalho trata-se de um levantamento de caráter exploratório, que objetivou estabelecer qual a
significância de relacionar a sustentabilidade (ambiental, econômica e social) como elemento para tomada de
decisão qual a evolução da temática ao longo do tempo, quais países se destacam na pesquisa do assunto. Esta
revisão utilizou somente artigos revisados por pares e constantes na base de dados Scopus. Apoiado nas métricas
obtidas, conclui-se que o tema tem evoluído constantemente desde o final da década de 90 e ganhou impulso
especial a partir de meados dos anos 2000, refletindo a preocupação crescente com a preservação da vida, no que
se refere a produção de alimentos e sustentabilidade ambiental. Pelos resultados obtidos a tendência mundial não
é uma realidade no Brasil, apenas um trabalho foi realizado em instituição de pesquisas brasileira, num total de
255 artigos envolvidos neste levantamento.
Abstract. His work is an exploratory survey, which aimed to establish the significance of relating sustainability
(environmental, economic and social) as an element for decision making, the evolution of the theme over time,
which countries stand out in the research of the subject. This review used only peer-reviewed articles and listed
in the database of Scopus. Based on the metrics obtained it, is concluded that the theme has been constantly
evolving since the late 1990s and gained special momentum starting in the mid-2000s, reflecting the growing
concern for the preservation of life, refers to food production and environmental sustainability. For the results
obtained, the world trend is not a reality in Brazil, only one study was carried out in a Brazilian research
institution, in a total of 255 articles involved in this survey.
Introdução
Metodologia da pesquisa
Este trabalho possui caráter exploratório, trata-se de uma pesquisa com a intenção de
estabelecer o “estado da arte” ou “estado do conhecimento” referente relação entre tomada de
decisão e sustentabilidade, quando nos referimos ao agronegócio. Para obtenção dos dados
foram realizadas buscas na base de dados Scopus, para a busca foram utilizadas as palavras
chaves “decision making”, sustenability, agri* e method*.
Para este trabalho foram selecionados artigos de acesso livre na base de dados Scopus, no
período compreendido entre 1995 e 2016, também foram desconsiderados documentos de áreas
alheias ao estudo como: Enfermagem, história, química e outras, resultando a busca em 215
documentos para análise. Os resultados obtidos no levantamento serão analisados na próxima
seção deste resumo.
Resultados e discussão
sustentabilidade ambiental tem uma importância substancial e com ela surge a análise de ciclo
de vida como ferramenta para dimensionar os impactos ambientais relacionados aos processos
produtivos de modo geral.
A figura 2 apresenta a relação dos 15 países que mais publicaram trabalhos relacionando
sustentabilidade, tomada de decisão e produção agrícola. Nele verificamos que os Estados
Unidos, apesar de sua posição controversa, onde o poder do capital muitas vezes sobrepõe a
preservação ambiental, é o país que mais pesquisa sobre o assunto, nele o Brasil aparece em
décima quinta posição indicando a necessidade de maiores estudos, sobretudo pela importância
da produção agropecuária do Brasil no cenário internacional.
sob o título ”Ethanol from Indian agro-industrial lignocellulosic biomass - a life cycle
evaluation of energy, greenhouse gases, land and water” (MANDADE; BAKSHI; YADAV,
2015).
A abordagem que relaciona sustentabilidade e tomada de decisão, aplicada ao
agronegócio é um assunto de interesse da academia, especialmente pelo grande desafio da
atualidade, de produzir cada vez mais e com menores impactos ao meio ambiente e a vida.
4 Conclusão
Referências bibliográficas:
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Resumo: Pastagens naturais compreendem ao redor de 40% da superfície global. Grande parte desta área é
utilizada por diferentes sistemas de produção pecuária cujos produtos comerciais são carne, lã, forragens, couro e
grãos. Nos últimos anos as pesquisas sobre pastagens naturais têm focado outros tipos de bens e serviços
chamados de serviços ecossistêmicos. Estes serviços são produzidos por sistemas pecuários bem manejados e
conservados e regulam processos ambientais como ciclo hidrológico, proteção contra erosão, ciclagem de
nutrientes, polinização e muitos outros. Esta pesquisa objetivo coletar informações sobre os serviços
ecossistêmicos das pastagens naturais globais. Para isto utilizou-se a metodologia Prisma. As buscas foram
realizadas nas bases de dados Scopus, Scholar Google e Web of Science, e grupos de pesquisadores como o
Research Gate. Foram selecionados 26 artigos. A busca resultou em sete grupos de serviços de provisão, 10 de
regulação, 2 de suporte e 11 culturais. Dados preliminares mostram um grande número de trabalhos sobre
sequestro de carbono, ciclagem de nutrientes, ciclo hidrológico, redução da pegada de carbono e recursos
genéticos. Por outro lado, poucos estudos tem focado os serviços culturais. Este estudo pode embasar futuros
trabalhos de pesquisa envolvendo serviços ecossistêmicos das pastagens naturais com foco no Bioma Pampa e
os sistemas produtivos existentes.
Palavras-chave: serviços ecossistêmicos, pastagens naturais, rangeland, campos naturais.
Abstract:
Grasslands ecosystem occupy around 40% of the word´s surface. A great part of this area is used by different
livestock-production systems whose commercial products are meat, wool, forages, leather and grains. In the last
years researches are focusing other kind of goods and services called Ecosystem Services. These services are
produced by conserved and well managed systems and regulate all environmental process such as hydrologic
cycle, protection against erosion, nutrients cycling, pollination and many others. This research aimed at
collecting information about grasslands ecosystem services all around the world. It was followed the Prisma
protocol. The searches where performed in databases Scholar Google, Web of Science, Scopus and research
groups such as Research Gate. It was selected 26 articles. The search resulted in 7 groups of provision services,
10 in regulation services, 2 supporting services and 11 cultural. Preliminary data suggests a great number of
work groups involved in carbon storage, nutrient cycling, water cycle, reduction of carbon footprint and genetic
resources. On the other hand, there are few studies focusing cultural services. This work can support future
researches about grasslands cultural services in the world and mainly focusing Pampa Biome.
Keywords: ecosystem services, grasslands, rangeland, native pastures.
Introduction
Grasslands occupy 40% of the world’s land surface (excluding Antarctica and
Greenland) and support diverse groups, from traditional extensive nomadic to intense
livestock-production systems. Population pressures mean that many of these grasslands are in
a degraded state, particularly in less-productive areas of developing countries, affecting not
only productivity but also vital environmental services such as hydrology, biodiversity, and
carbon cycles; livestock condition is often poor and household incomes are at below poverty
levels (KEMP et al., 2013).
For millennia grass dominated ecosystems has been one of the foundations of human
activities and civilizations by supporting production from grazing livestock. This is still the
situation, particularly for developing countries where 68% of grasslands are located. These
biomes also provide numerous foods, goods and services, and are central to the livelihoods
and economies of many including over a billion low-income people (BOVAL & DIXON,
2012).
Apart from saleable livestock products, grasslands can also provide a variety of social
and economic goods, and cultural services which constitute important components of the
agricultural economy. These products such as meat, fiber, grains, bioenergy and goods
provided by ecosystems are called Ecosystem Services.
The Millennium Ecosystem Assessment (2005) defines Ecosystem Services as “the
benefits people get from ecosystems” in provisioning, regulating, supporting and cultural
services. Provisioning services are the products directly obtained from ecosystems (e.g., food,
fiber, timber), regulating services are the benefits obtained from the regulation of ecosystem
processes (e.g., climate regulation, water regulation, pest and disease regulation), supporting
services are indirect services, as they are necessary for the production of provisioning,
regulating or cultural services (e.g., soil formation, nutrient cycling, photosynthesis), and
cultural services are nonmaterial benefits people obtain from ecosystems (e.g., aesthetic
values, recreation and ecotourism, cultural diversity).
The current challenge is to optimize management practices that result in “win-win”
outcomes for grasslands, the environment, and households (KEMP et al., 2013).
Management of grassland ecosystems must balance many competing demands
including food production, livelihoods and ecosystem services. Production of meat and milk
to meet increasing global demand will require increased herd productivity within constraints
for sustainability of grassland ecosystems and continuing provision of livelihoods and
services (BOVAL & DIXON, 2012).
Hence, considering the great relevance of ecosystem services for society and the
scarcity of researches focusing grasslands ecosystem services the world, this paper provides a
systematic review of studies that assess grasslands ecosystem services. Thus, the objectives
of this systematic review are to analyze the Ecosystem Services provided by different kind of
grasslands ecosystems all over the world.
Sistematic Review
The paper follows the Prisma Protocol for systematic review (MOHER et al., 2009).
The purpose of using this method is to reduce the subjectivity in drawing conclusions
(ZAMAGNI et al. 2012); in fact, a systematic review may be defined as a structured
evaluation of the literature with the goal of answering a specific research or application
question with a synthesis of the best available evidence, generally published to share these
results with a wide audience for consideration and implementation (ZUMSTEG et al. 2012).
The literature search (Figure 1; Table 1) was performed from april to may 2017 with
the use of Web of Knowledge (ISI), Scopus and Google Scholar. Other papers that also fit the
inclusion criteria defined below were also selected, such as the ones provided by researchers,
colleagues, Research gate and work groups.
Table 1. Expressions used in the search and results obtained from database.
Keywords Google Scopus Web of
- Scholar Science
“Grasslands ecosystem services” AND/OR 69 22 1
“Rangeland ecosystem services” AND/OR 322 7 4
“Multifunctionality of grasslands” AND/OR 21 1 0
Grasslands multifunctionality” AND/OR 4 2 0
Genetic Resources, Biodiversity, conservation of Barral e Maceira (2012); Sanderson et al. (2013);
wild birds Zeme et al. (2015); Fraser et al. (2015); Fontana et
al., (2015); Rolando et al. (2017); Wang et al. (2017);
Hungate et al. (2017)
Provision of fibers, energy, shelter, wood Barral e Maceira (2012); Asbjornsen et al. (2012);
Rolando et al. (2017)
Forages for wild and domestic animals Nabinger (2011); Boval e Dixon (2012); O’mara
(2012); Lobato et al. (2014); Zeme et al. (2015)
Nutritious, savory and free hormones meat, Certified Nabinger (2011); Devicenzi et al. (2012) ; Lobato et
meat al. (2014); Freitas et al. (2014)
Provision of chemical molecules and medicinal Asbjornsen et al. (2012); Zeme et al. (2015)
products
Bioenergy production Sanderson et al. (2013)
Prevention of hydric and aeolic erosion Sanderson et al. (2013); Zeme et al. (2015)
Pollination of native and cultivated species Asbjornsen et al. (2012); Zeme et al. (2015); Rolando et
al. (2017)
Microclimatic regulation Asbjornsen et al. (2012); O’mara (2012); Rolando et al.
(2017)
Soil protection; soil aggregation; Barral e Maceira (2012); Panettieri et al. (2017); Scott et
al. (2017)
Habitat conservation; nestling and food for birds Fontana et al. (2016)
Maintenance of agriculture production; indirect Sanderson et al. (2013); Zeme et al. (2015)
benefits to agriculture
This study found few cultural services (Table 4) such as landscape formation and
multifunctional activities, improvement of income and quality of life, social, cultural and
religious aspects for locals, opportunity for tourism, ecotourism and fisheries, social and
economic relevance; employment, income and sociocultural aspects; local for photography
and bird watching; local for scientific investigation; aesthetical benefits; local identity for
owners; food security; biodiversity conservation.
Cultural Services are usually difficult to evaluate and have a great influence of
researcher´s interpretation compared to other ecosystem services that are feasible to assess
and understand.
Table 4. Ecosystem Services obtained from grasslands in the world.
Conclusions
This study is under preliminary phase, were we are selecting which papers will be
used. In this paper we are presenting preliminary data from 26 articles that are being studied.
The next phase will only include original articles to synthesize the benefits grasslands
ecosystem services can provide and the effects different kind of managements can have upon
grasslands ecosystem.
Preliminary data suggests a great number of work groups involved in carbon storage,
nutrient cycling, water cycle, reduction of carbon footprint and genetic resources. On the
other hand, there are few studies focusing cultural services.
This work can support future researches about grasslands cultural services in the
world and mainly focusing Pampa Biome.
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Acessado em: 20 de maio de 2017.
Resumo. Com este trabalho de pesquisa buscou-se avaliar o desempenho organizacional de gestão da
Cooperativa Agroindustrial Amambai – COOPERSA, sob os aspectos econômicos e sociais da sustentabilidade.
A metodologia adotada é de caráter exploratório e descritivo e, a partir de entrevistas com gestores e cooperados
foi possível coletar dados que foram tratados e transformados nos diversos indicadores necessários para a
construção do modelo de Índice de Sustentabilidade e Desempenho Organizacional (ISDOR). O ISDOR, na sua
composição, teve como referência a Literatura sobre indicadores e desempenho organizacional. Trata-se de um
índice composto por 75 indicadores, divididos em 15 subíndices, que representam as dimensões econômica e
social da sustentabilidade, respectivamente o IDE (Índice de Desempenho Econômico) e ISUS (Índice de
Sustentabilidade Social). A aplicação do modelo na Cooperativa Agroindustrial Amambai - COOPERSA
demonstra que na dimensão social, a cooperativa possui um alinhamento entre as estratégias e práticas, e os
resultados são percebidos e valorizados pelos cooperados, apontando um nível de sustentabilidade 0.80,
considerado ótimo. Na dimensão econômica a cooperativa apresenta um resultado de 0.64, o que aponta que as
estratégias e as práticas econômicas precisam ser alinhadas para que os resultados obtidos e percebidos pelos
cooperados sejam melhorados. Portanto, o ISDOR apresentou o resultado de 0.72 para a cooperativa analisada, o
que indica de acordo com a metodologia adotada, boa sustentabilidade no que tange o seu desempenho
organizacional.
Introdução
Entre as organizações, com e sem fins lucrativos, a busca por estratégias que
proporcionem sustentabilidade se dá por meio de uma gestão eficiente (ROBINSON, 2012;
GRUBA et al., 2013; XIE, 2016). Essa é uma necessidade presente nas organizações
cooperativas brasileiras (BERTUOL et al., 2012), que buscam avaliar se suas atividades são
3 Metodologia
A primeira etapa consistiu, na definição dos indicadores e a divisão dos subíndices nas
dimensões econômica e social da sustentabilidade. A segunda etapa buscou parametrizar os
indicadores cujos valores pudessem variar entre zero e um, de forma que os valores mais
próximos a um apontassem maior sustentabilidade (SILVA, 2007), a saber:
(vo - pv)
Índice =
(mv - pv)
Onde:
vo = média do valor observado para o indicador
pv = pior valor
mv = melhor valor
Fonte: Silva (2007, p. 125).
Na terceira etapa, foi atribuído a cada um dos subíndices que compõe a dimensão
econômica e a social (Figura 1) um peso, de acordo com o grau de representatividade na
composição do índice ISDOR. Atribui-se peso um para os subíndices IRE, IMB, IPT, ICR e
IPRO da dimensão econômica que compõe o IDE, além de peso dois para o IEG e peso três
para o IPG. Na dimensão social representada pelo índice ISUS, os subíndices IAS, IAT,
ICAP, IED, ISAT, IDD tiveram peso um, para o IES peso dois e para o IPS peso três. Tais
pesos foram atribuídos por considerar as práticas sociais e de gestão mais relevantes para a
obtenção do índice de sustentabilidade da cooperativa, e chancelados pela consulta aos
especialistas com a técnica Delphi. Portanto, a partir da composição dos dois índices parciais
(IDE, ISUS), o ISDOR será composto da seguinte forma:
ISDOR = IDE + ISUS
2
Em que:
ISDOR = Índice de Sustentabilidade e Desempenho Organizacional
IDE = Índice de Desempenho econômico
ISUS = Índice de Sustentabilidade Social
4 Resultados e Discussão
Porém, é importante destacar que o papel dos cooperados, enquanto gestores de suas
propriedades, e dos gestores da cooperativa, são estratégicos para a modernização das
atividades agrícolas, enquadrando-as na realidade denominada “Padrão Agrário Moderno”,
integrando a agricultura ao complexo industrial (FAJARDO, 2016). Promovendo melhores
resultados nos indicadores econômicos e, consequentemente, desenvolvendo conhecimento,
qualidade na produção, acesso às tecnologias e promovendo maior envolvimento dos
cooperados no processo de crescimento da cooperativa.
Portanto, é possível afirmar que a forma de gestão adotada, direciona as propriedades
e a cooperativa no caminho da sustentabilidade, tanto na dimensão econômica como social
(STRAND, 2009; SAES, 2010; SANTOS, 2012; MAGALHÃES, 2014; XIE, 2016). E, que a
inclusão social e o desempenho econômico precisam ser analisados juntos para a elaboração
de estratégias de melhorias.
Com base nos resultados constatados em cada dimensão, e a construção dos Índices
IDE e ISUS, define-se o ISDOR, conforme apresentado na Tabela 3, a seguir:
Tabela 3 – Índice de Sustentabilidade e Desempenho Organizacional da COOPERSA em 2017
Dimensão Índice de Classificação
Sustentabilidade
Econômica (IDE) 0,64 Bom
Social (ISUS) 0,80 Ótimo
ISDOR 0,72 Bom
Fonte: Autor (2016).
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Resumo. O presente artigo teve como principal finalidade analisar a configuração das agroindústrias familiares
rurais do município de Constantina-RS, bem como a visão dos agricultores sobre os fatores desencadeadores de
potencialidades e dificuldades no desempenho da atividade. A pesquisa de campo ocorreu nos meses de janeiro e
fevereiro de 2017 e considerou a população de agroindústrias familiares rurais no município, no caso, 11
agroindústrias. Os dados foram obtidos a partir de um roteiro de pesquisa, que continha questões abertas e
fechadas, as últimas organizadas a partir da escala de Likert. Os resultados indicam que estes agricultores tem
baixa escolaridade e ainda possuem idade acima dos 40 anos. Os principais produtos beneficiados são a carne
suína e derivados, leite e derivados e cana-de-açúcar e derivados. A agroindustrialização, no entanto, é vista como
uma atividade secundária nestas propriedades rurais, implantada devido à disponibilidade de mão de obra, geração
e diversificação das fontes de renda. Entre as potencialidades da atividade majoritariamente um percentual
importante dos entrevistados destacam o aumento da produção, o acesso ao crédito e o aumento da renda familiar.
Entre os principais fatores limitantes os entrevistados apontam a dificuldade de sucessão familiar, a dificuldade de
gerar novidades na agroindústria, o atendimento à legislação sanitária e ambiental. É importante salientar que
apesar das dificuldades os agricultores não tem entraves de realizar a comercialização dos produtos
agroindustrializados, uma vez que, esse tipo de produto, associado à tradição e aos mercados locais, tem sido cada
vez mais valorizados, dada a relação com a segurança alimentar.
Palavras-chave: Agroindústria familiar. Agricultura. Alimentos.
Introdução
A produção de alimentos agroindustrializados atualmente tornou-se uma importante
área de análise, essencialmente quanto a sua oferta, bem como a discussão voltada aos agentes
responsáveis pelas agroindústrias familiares rurais. De um modo geral a perspectiva da
transformação do produto, junto ou advindo dos mercados locais, ganha força sobretudo quando
o consumidor passa a se preocupar cada vez mais com a origem e a qualidade dos alimentos.
Os debates em torno da segurança alimentar, a nível internacional, ganham força nos últimos
dez anos, sobretudo pela sua associação com a temática do combate à fome e pertinente a
questão da garantia alimentos para todos.
De acordo com Gazolla e Schneider (2007) a oferta de alimentos todavia, estabelece
uma conexão com múltiplas condições, sejam elas a produção artesanal, a produção sem adição
de agrotóxicos e conservantes, consideração dos hábitos e preferências dos indivíduos. Por
conseguinte a segurança alimentar está estreitamente relacionada com agricultura familiar, a
mesma condiciona a multifuncionalidade dentro das pequenas unidades rurais, e é capaz de
desenvolver a pluriatividade respeitando os princípios éticos e sustentáveis.
Destarte Schneider (2004) menciona que os estudos voltados para a área do agronegócio
visam examinar os meios de gestão, mercados, inovação e demais variáveis, sendo assim esta
vertente além das provocações do capitalismo industrial, investigam as condições dos
agricultores responsáveis pela produção dos alimentos. O autor cita ainda que este segmento
durante a década de 1980 sofreu impasses pelo ideal de integração aos complexos
agroindustriais, que levaria a perda da autonomia dos pequenos produtores familiares.
Nesta perspectiva as agroindústrias familiares rurais de Constantina-RS carregam
consigo, em larga medida, a influência da tradição, nas formas de como manejam a produção,
derivada dos ensinamentos de seus antepassados colonos europeus. Como o município, em sua
maioria, comporta pequenas propriedades rurais estes se tornam terrenos propícios para a
diversificação de atividades estabelecendo, desta forma, alternativas para a manutenção e a
sobrevivência das famílias no meio rural. Assim, no presente estudo objetivou-se analisar a
configuração das agroindústrias rurais de Constantina-RS. Também buscou-se identificar a
visão dos agricultores sobre algumas questões que podem ser percebidas por eles como
positivos e que podem ser potencialidades para a manutenção e expansão da
agroindustrialização, bem como fatores que dificultam, e/ou se transformam em entraves para
o desenvolvimento da atividade.
O artigo portanto, está estruturado a partir da introdução das considerações finais por
três seções, a primeira trata de uma revisão bibliográfica acerca da agricultura e agroindústria
familiar, a segunda considera os procedimentos metodológicos e a terceira os resultados e
discussões.
Revisão Bibliográfica
Atualmente existe uma enorme variedade de estudos sobre as diversas cadeias
agroalimentares. Independente da perspectiva adotada nota-se que há uma preocupação com a
questão da segurança alimentar, ressalta-se que está temática é um dos eixos condutores quando
se trata dos estudos em agricultura e agroindústrias familiares. A este respeito Silveira e
Sulzbacher (2010) apontam que as agroindústrias familiares rurais caracterizam-se como um
espaço onde são beneficiados produtos de origem vegetal e animal, cujo sua transformação
utiliza da mão de obra familiar.
Para Mior (2005) a agroindústria familiar teve seu desenvolvimento quando o contexto
social teve uma percepção de valorização destes empreendimentos, na qual os consumidores
voltaram a atenção aos benefícios que os produtos artesanais comportam como a origem,
confiança e a sanidade. O pano de fundo da valorização destes mercados alternativos de
alimentos agroindustrializados está no modelo das grandes redes de distribuição alimentar que
implantaram o modelo de fast food, cujo significado de comida rápida, adaptou-se com o estilo
de vida moderna onde o tempo tornou-se mais escasso. Deste modo a agroindústria familiar se
reproduziu pelo fato de que os agricultores trabalham de maneira justa onde faz-se importante
a produção artesanal mais natural possível.
Alguns aspectos tornam-se importantes para a viabilização de uma agroindústria de
alimentos sejam eles agroindustrializados ou comercializados in natura como a confiança e a
agregação de valor, que por sua vez são transparecidos no sabor, na aparência, na adição
mínima de conservantes e em muitos casos pela forma orgânica de produção.
De fato a região sul do Brasil destaca-se pela diversificação nas atividades econômicas
dentro das propriedades. Esta tradição na região sul do país deve-se a colonização europeia que
trouxe levas principalmente de italianos e alemães, que produziam alimentos para o consumo
das famílias e posteriormente depararam-se com a necessidade de trocar alguns produtos
beneficiados nas propriedades por produtos das casas de comércio, estes ainda geravam
excedentes econômicos para auxiliar no custeio da propriedade (ARAÚJO, 2007).
Como destaca Wilkinson (2008) a agroindústria familiar ampara-se em fatores como a
produção artesanal oriunda dos moldes contemporâneos de produção, que conservaram-se com
o passar do tempo. Estas tradições familiares que antes eram utilizadas para o autoconsumo
posteriormente tornaram-se meios de comercialização, como ainda destaca Wilkinson (2002)
os estabelecimentos de produção agroalimentar desenvolvem-se pela conexão que se estabelece
entre os produtores e consumidores.
De acordo com Schneider (2007):
Para Maluf (2004) a agroindústria familiar apresenta-se como uma alternativa para
custear as oscilações e imprevistos na propriedade, possibilita autonomia e a redução dos riscos.
Ainda aborda Schneider (2007) que o empreendedorismo dos agricultores familiares gera uma
produção diversificada e a maior integração social no mercado, deste modo reduzindo a
vulnerabilidade e auxiliando no desenvolvimento rural.
Procedimentos de Pesquisa
Este estudo foi realizado no município de Constantina-RS situado na região norte do
Rio Grande do Sul. O município estudado abrange uma área de 203 Km² e composto por uma
população em que apesar de ser majoritariamente urbana ainda possui uma população rural bem
acima da média brasileira e do estado, conforme o IBGE (2017) o Censo Demográfico de 2010
demonstrou que cerca de 34% das dos habitantes residem na área rural e 66% residentes no
perímetro urbano.
O método utilizado para a análise neste artigo foi uma pesquisa de campo que
considerou 11 estabelecimentos de produção agroindustrial na área rural do município de
Constantina-RS. As entrevistas ocorreram no período que compreende os meses de janeiro e
fevereiro de 2017 através de visitas realizadas agroindústrias familiares rurais.
A pesquisa construiu-se através da elaboração de um roteiro de pesquisa estruturado a
partir de questões abertas e fechadas. As questões fechadas em sua grande maioria foram
formuladas através da escala de Likert, escala de um a cinco, demonstrando os níveis de
concordância dos entrevistados, onde um (1) discordo totalmente até (5) concordo totalmente.
As questões abertas foram realizadas com intuito de captar o comportamento de questões
chaves sobre o funcionamento das agroindústrias e também para validar as questões de natureza
mais quantitativa.
Resultados e Discussão
Considerando que o estudo compreende uma análise de um mercado diferenciado,
torna-se importante destacar que os estabelecimentos abordados situam-se na área rural que as
11 agroindústrias referem-se a 100% das agroindústrias rurais transformadoras e beneficiadoras
Tabela 1: Nível de escolaridade dos agentes ocupados com as atividades nas agroindústrias
Tabela 3- Produção e estimativa de lucro nas agroindústrias familiares rurais de Constantina –RS
Resumo: O presente trabalho versa sobre a análise da capacidade disponível de produção de pães caseiros em
agroindústrias familiares. Para isso, foi realizado um diagnóstico da empresa, e constatado que a principal
necessidade era neste tópico. Com isso, o objetivo deste trabalho é identificar a capacidade disponível de produção.
Para atingir o objetivo foi realizado o mapeamento dos processos produtivos de pão caseiro de cada agroindústria
e realizada uma entrevista com as proprietárias, E por fim foi mensurada a capacidade disponível de produção de
pão caseiro de cada agroindústria. Desta forma, pode-se constatar que em alguns processos produtivos apresentam
perdas, estas classificadas como perda por ociosidade, e ociosidade por descanso obrigatório. A pesquisa
demonstrou que se a capacidade disponível algumas das agroindústrias aumentariam sua produção em até 40%.
Assim como outras, apresentam uma boa utilização, apresentados perdas apenas pela ociosidade por descanso
obrigatório. Por fim, pode se afirmar que por meio deste levantamento, as agroindústrias podem mensurar de
maneira ótima a sua produção, e melhorar a sua produtividade. .
Abstract:The present work is about an analysis of the available capacity of production of homemade cases in
family agribusiness.Thereby, was performed a company diagnosis, that demonstrate a gap in the production area.
The problematic in this paper has as objective identify the available production capacity. To achieve this, firstly
was performed a process mapping in the production process of in homemade bread from each agribusiness.
Interviewed the owners and measured the available production capacity. It was identified loses in the production
process, classified in idleness losses, and mandatory ret losses. In some of the agribusiness the losses for idleness
reach 40%, and in other there are only mandatory losses. Lastly, it can be affirmed that trough this measure is
possible to identify points to improve the agribusiness productivity.
1. INTRODUÇÃO
agricultores, pensando no produtor como um todo e não alguém ligado apenas com a produção
agrícola. (MINISTÉRIO DE DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO, 2004)
A agroindústria familiar rural é uma infraestrutura localizada no meio rural, com função
de processamento de produtos agropecuários originários de propriedades, as quais possuem
mão de obra familiar. A produção deve apresentar uma simultaneidade entre a capacidade de
produção da matéria-prima e do processamento. (SULZBACHER, 2009).
As constantes mudanças trazem riscos às empresas, mas também abrem oportunidades
e vantagens que é o cooperativismo entre as empresas, ou seja, ao invés de competir de forma
individual, cada empresa reforça suas competências próprias, unindo-se a outras empresas que
possuem competências complementares. Assim, a cooperação traz às empresas envolvidas mais
agregação de valor à cadeia produtiva e às próprias empresas, aumentando seu poder
competitivo diante do mercado. (FENSTERSEIFER, 2000)
Um diferencial para a empresa tornar-se competitiva é a área de produção, a qual
transforma recursos em produtos ou serviços, atendendo às necessidades de um nicho do
mercado. Para atender essas necessidades no tempo adequado, a empresa deve ter bem definida
a sua capacidade de produção. (MARTINS; LAUGENI, 2015). Staudt, Coelho e Gonçalves
(2011) caracterizam capacidade disponível como “a quantidade máxima que um processo pode
produzir durante a jornada de trabalho disponível. Também não considera as perdas”. Soares
(2014 apud TAKAKI e SOUZA, 2003) define que a capacidade disponível é medida pela
divisão da carga horária (CH) pelo tempo de produção do produto (TP).
Definindo bem a capacidade produtiva, a organização saberá se consegue suprir a
demanda do mercado e, também, se pode expandi-lo para outros tipos de clientes. Essas
medidas trazem como benefícios mais lucratividade, solidez e competitividade para a empresa.
(KOTLER; ARMSTRONG, 2003).
2. RESULTADOS E DISCUSSÕES
2.1 AGROINDÚSTRIA 1
Para calcular a capacidade disponível e a produção diária, semanal e mensal, foi levado
em consideração que cada kg de pão é constituído de 20 unidades de pãezinhos e o tempo para
produzir uma receita, de acordo com a observação e construção do fluxograma de produção
deste produto, é de 4 horas.
A cada receita de pão de é produzido 39 kg, ou seja, 780 unidades de pãezinhos. Não
sendo consideradas as perdas, os retrabalhos, os estragos das máquinas e os eventos atípicos, a
capacidade disponível utilizada, as perdas por ociosidade, as perdas por descanso obrigatório,
a produção estimada mensal está disposta, conforme a tabela 1.
no período de descanso, pode ser realizada a atividade de preparação de outra receita. Pois, o
tempo das atividades anteriores ao descanso da massa é menor do que o tempo desta atividade.
Assim, extinguiria essa ociosidade do processo de produção e, consequentemente, utilizaria de
uma melhor forma a capacidade disponível da empresa.
Também, se for realizada a atividade 1 a 33, enquanto a massa anterior descansa não
seria necessário ter a atividade 37, na qual é esperado o pré-aquecimento do forno, assim
diminuiria a ociosidade no processo de produção do pão.
2.2 AGROINDÚSTRIA 2
Cada receita de pão caseiro leva 4 horas para ser finalizada. Através dessa informação
e das horas trabalhadas durante o dia, foi possível calcular a capacidade disponível de produção
deste produto. Com cada receita de pão caseiro pode-se produzir 30 quilos de pão, e cada
unidade de produto pesa 550 gramas. A produção mensal está disposta conforme a Tabela 2.
processo produtivo, o tempo de realização de cada tarefa disposto em segundos, minutos e horas
e também as distâncias dos transportes dentro do processo produtivo, medidas em metros.
Seguindo o método de observação e análise do fluxograma vertical, notou-se que, na
atividade de mistura dos ingredientes na amassadeira, não é necessário que as pessoas
trabalhem no processo diretamente. Com isso, elas poderiam adianter alguma atividade do
processo produtivo, diminuindo o tempo de processo para relizar uma receita. Uma das
atividades que os produtores poderiam antecipar é a untagem das formas, com isso diminuiria
o tempo de processo de produção do pão caseiro.
Na atividade 26, período de descanso das massas, ocorre uma espera, na qual as pessoas
que trabalham no processo produtivo desenvolvem outras atividades dentro da agroindústria
que não correspondem ao processo de fabricação de pão caseiro, assim ocorre uma ociosidade
na atividade.
Para acabar com essa ociosidade, enquanto ocorreria o período de crescimento das
massas, é possivel amassar outra receita de pão, de tal modo que, quando os pães estiverem
prontos para ir ao forno, a segunda receita iria para o armário de descanso, consequentemente
na segunda receita produzida, a atividade 29, pré-aquecimento do forno, seria extinta, pois o
forno continuaria aquecido. Com essas melhorias acabaria com esse tempo de ociosidade e a
capacidade disponível de produção seria utilizada de melhor forma.
2.3 AGROINDÚSTRIA 3
Para realizar uma receita completa de pão caseiro, leva-se 4 horas. Cada receita
completa rende 12 pães, cada um pesando 600 gramas, ou seja, 7 quilos e 200 gramas.
Considerando que será produzido apenas o pão caseiro durante o dia, semana e mês e não
levando em conta os retrabalhos, estrago de máquinas e outros acontecimentos inesperados, a
produção de pão caseiro pode ser verificada conforme a tabela 3.
na atividade de crescimento das massas, ocasionado uma perda de 528 unidades por mês. Essa
quantidade é equivalente à capacidade utilizada de produção. Outra ociosidade detectada é com
relação às perdas por descanso obrigatório, ocorrendo uma ociosidade de 20%, ocasionando
uma perda de 528 unidades de pães por mês.
As perdas com relação ao descanso obrigatório ocorrem devido às quatro pessoas que
trabalham no processo de produção desta agroindústria fazerem o seu período de descanso ao
mesmo tempo. Assim, a produção da agroindústria fica parada durante aquelas horas, gerando
perdas na utilização da capacidade disponível. A solução para eliminar essas perdas poderia ser
que, enquanto uma dupla sai apara o período de descanso, a outra dupla continua desenvolvendo
as atividades do processo de produção de pão caseiro. Assim, elimina-se essa ociosidade e
aumenta a produtividade diária.
O mapeamento do processo produtivo do pão caseiro foi construído mediante a
entrevista, observação e o preenchimento do formulário do fluxograma. No fluxograma vertical
contém as distâncias dos transportes do processo produtivo medidas em metros, todas as
atividades numeradas e classificadas e também o tempo de cada atividade cronometrada em
segundos, minutos e horas. O mapeamento do processo de produção foi omitido por questões
de espaço, porém está disponível se solicitado.
Utilizando os métodos para realizar a pesquisa contatou-se que esta agrondústria possui
grande número de mão de obra para realizar seu processo produtivo. Portanto, na atividade 29,
período de crescimento dos pães, em que as pessoas realizam outras atividades dentro da
agroindústria.
Para diminuir a ociosidade no processo produtivo, enquanto as massas da primeira
receita ficam em descanso, as pessoas envolvidas realizariam a preparação de outra massa, já
que o periodo de descanso é maior do que o tempo de preparação da massa Consequentemente,
quando os pães estariam indo para o forno, a outra receita estaria indo para o armário para
descanso.Com isso, a ociosidade diminuiria e extinguiria a atividade 32, pré-aquecimento do
forno, pois o forno já estária aquecido, assim o processo produtivo é relizado em menos tempo.
Na tabela acima pode ser observado que cada agroindústria possui percentuais
diferentes em sua capacidade utilizada, isto ocorre devido aos gargalos nas atividades do
processo produtivo de cada agroindústria. Tais, percentuais ressaltam que a três agroindústrias
pesquisadas possuem grandes perdas por ociosidades, seja ela no processo produtivo como
também nas perdas por descanso obrigatório.
Porto Alegre - RS, 26 e 27 de outubro de 2017
287
Pode-se também observar que todas elas possuem uma perda de 20% na sua capacidade
produtiva que corresponde a forma que é realizada o descanso obrigatório em cada
estabelecimento.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho foi realizado a partir de uma estrutura teórica para fundamentar os
assuntos abordados, de acordo com os objetivos da pesquisa, a fim de analisar a capacidade
produtiva disponível das agroindústrias de panificados.
Foi possível compreender quais são os três produtos que possuem maior demanda dentro
das agroindústrias. E, a partir disso, realizar o mapeamento do processo produtivo da produção
de pão caseiro e identificar a capacidade disponível de cada agroindústria de panificado e por
fim, sugerir melhoria na produtividade destas agroindústrias.
Pode ser observado através deste trabalho que as agroindústrias possui uma grande
capacidade disponível de produção, apenas é necessários realizar alguns ajustes tanto no
processo produtivo para eliminar os gargalhos detectados nas atividades, bem como eliminar a
ociosidade do descanso obrigatório.
Com isso, o objetivo geral deste trabalho, o de analisar a capacidade disponível de
produção das agroindústrias de panificados associadas à Cooperativa Mista de Produtores
Familiares de São Francisco de Assis, foi atingido com êxito. A pesquisa resultou no
conhecimento sobre os processos produtivos dos três produtos que possuem maior demanda
dentro de cada agroindústria.
Ademais, teve-se a oportunidade de detectar os pontos fortes e fracos de cada
agroindústria, bem como as dificuldades enfrentadas por elas nos seus processos produtivos.
Desta forma, por meio das sugestões de melhorias no processo produtivo de cada agroindústria,
espera-se que as sugestões sejam implantadas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Encontro Nacional da Geografia Agrária, p. 1-25, São Paulo, 2009.Disponível em:
<http://www.geografia.fflch.usp.br/inferior/laboratorios/agraria/Anais%20XIXENGA/artigos/Sulzbacher_AW.p
df >. Acesso em: 31.10.2016.
1
Universidade de Passo Fundo, amanda-rl@hotmail.com
2
Universidade de Passo Fundo, anapadilha@upf.br
3
Universidade Federal da Grande Dourados, e-binotto@oul.com.br
Resumo: A atual competitividade do agronegócio nacional tem forçado pequenos produtores a reverem suas
estratégias de atuação no meio rural. Frente a isso, surgem como alternativa de sobrevivência e desenvolvimento,
as organizações cooperativas. Nesse contexto, o objetivo do estudo é compreender os elementos presentes nos
arranjos cooperativos organizacionais do agronegócio que facilitam e dificultam a cooperação dos sócios. Em
termos metodológicos, a pesquisa realizada foi exploratória, com abordagem qualitativa e quantitativa, sendo os
participantes da pesquisa os produtores rurais associados às cooperativas do norte do RS. Como resultados
significativos, pode-se observar que as cooperativas têm um papel central na organização de produtores rurais
que possuem objetivos comuns, uma vez que este tipo de organização contribui na oferta de informações,
comercialização da produção, assistência técnica e, especialmente, a possibilidade de troca de conhecimento. No
que se refere à cooperação, um elemento que emerge é a confiança das relações entre cooperados e cooperativa,
bem como a fidelidade, infidelidade, entre outros aspectos. Portanto, nota-se que o modelo cooperativo tem seus
benefícios, mas, também, algumas distorções em termos de privilégios para produtores com maior escala de
produção.
Palavras-chave Arranjos cooperativos. Confiança. Cooperativas.
Introdução
conseguem barganhar preço e contratos mais atrativos do que os produtores com baixa escala
de produção, os quais se tornam alijados do mercado, especialmente o de commodities.
Nesse sentido, outras formas de competição para produtores rurais emergem e ganham
força ao longo do tempo. A construção desses arranjos podem ser explicados pela cooperação,
a qual promove informações e a possibilidade de troca de conhecimento entre produtores de
diferentes portes e atividades produtivas que, juntos, somam forças em prol de objetivos
comuns. Para Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000), os arranjos cooperativos de modo geral
são as alianças interorganizacionais entre parceiros que buscam realizar um projeto em
comum, em uma relação com certo grau de interdependência que gere benefícios para ambos
os parceiros. Para Campos et al. (2003, p.25), “cooperar é atuar junto, de forma coordenada,
no trabalho ou nas relações sociais para atingir metas comuns. As pessoas cooperam pelo
prazer de repartir atividades ou para obter benefícios mútuos”.
No âmbito do agronegócio, as organizações cooperativas, em seus diferentes ramos,
surgem como alternativa de resposta às questões complexas de mercado. Para Irion (1997, p.
45) a cooperativa tem duas faces, uma social e uma econômica. Na face econômica, a
cooperativa se orienta pelo princípio de que a cada um cabe um retorno, segundo sua
participação nos negócios cooperativos. Por outro lado, a face social se expressa pela
afirmativa: “a cada um segundo suas necessidades de assistência social”. A cooperativa, por
estar presente em um cenário competitivo e globalizado, tem buscado adequar-se e antecipar-
se às tendências do mercado, respeitando os princípios que a constituiu (HOFF, BINOTTO e
PADILHA, 2009).
No Brasil, as cooperativas desempenham papel fundamental na estruturação do setor
agrícola no Brasil, contribuindo para fixação do homem no campo e para a melhoria da
distribuição de renda no setor agrícola, com importância social e econômica. Nesse contexto,
Estivalete (2007) menciona que novas formas interorganizacionais que estão se espalhando no
segmento do agronegócio, trazem a necessidade de ampliar a compreensão de como a
evolução dos relacionamentos. Para a autora, estas formas de cooperação buscam reduzir
riscos, incertezas e possíveis perdas, e ao mesmo tempo são compartilhados conhecimentos e
ganhos, empresas com competências complementares se unem para ofertar produtos ou
serviços em uma relação que oferece tanto comportamentos de confiança, quanto de
oportunismo.
Realizadas estas ponderações, o objetivo do estudo é compreender os elementos
presentes nos arranjos cooperativos organizacionais do agronegócio que facilitam e dificultam
a cooperação dos sócios.
Revisão da Literatura
A opção por um tipo de aliança estratégica pode ser feita não apenas pelo que tem
sentido imediato, mas também pela consideração da necessidade de se estabelecer uma
relação de respeito e confiança. O sucesso das alianças estratégicas depende do ajuste
estratégico entre os produtos, mercados e objetivos dos parceiros (KUMAR, 1996). A
cooperação refere-se à motivação e ao comportamento das organizações específicas em
questão (OLIVER, 1990), ou a sua vontade de agir voluntariamente no interesse de objetivos
comuns ou complementares. Nas relações de cooperação, todas as partes podem ganhar,
enquanto em relações competitivas, os objetivos relevantes de diferentes partes, não podem
ser satisfeitos simultaneamente (WILLIAMS, 2005).
De acordo com Amanto Neto (2000), é através de parcerias estratégicas que se é
possível solucionar muitos problemas que as organizações enfrentam quando atuam de forma
individual. Khamiss, Kamel e Salichs (2007), mencionam os objetivos da cooperação,
destacando os seguintes: cooperação para alcançar propósitos individuais ou comuns,
distribuição de tarefas, divisão do trabalho, forma de evitar conflitos, receber o máximo de
recompensa, integração de sistema, manter a funcionalidade do sistema, aquisição e
compartilhamento de conhecimento e informação, tomada de decisão coletiva, formação de
inteligência coletiva.
Outro aspecto relaciona-se à fidelidade e confiança no processo de cooperação no
contexto dos arranjos cooperativos. Para Móglia et al. (2004), a fidelidade dos cooperados é
um comportamento baseado em engajamento, deveres e incumbências, sendo um elemento
essencial para uma cooperativa se desenvolver e obter êxito.
De outro lado, Giarola et al. (2012), menciona que a infidelidade prejudica não só a
cooperativa, mas também, outros cooperados que são fieis à este tipo de organização. Para
Ferreira (2014), a confiança é a principal relação que se deve existir dentro de uma
cooperativa, é o fruto dos valores, de autoajuda, de cooperação e de solidariedade que são a
essência do cooperativismo.
Método
Resultados
Considerações finais
Em algumas regiões do Brasil e do RS, não se pode deixar de considerar o papel social
e agente de desenvolvimento das cooperativas. De acordo com Gianezini et al. (2009), estas
organizações, de um lado, em determinados momentos desprovidas de aparato institucional,
ou mesmo de um envolvimento efetivo de seus associados, pode não contribuir concretamente
para o desenvolvimento local e, de outro lado, sem o envolvimento das associações e
cooperativas locais em processos de desenvolvimento propostos por outras instituições,
também dificultam a realização de um desenvolvimento concreto.
Um aspecto importante que integra, por natureza, a cooperação, assenta-se nos
princípios de confiança nos relacionamentos. Os resultados empíricos evidenciaram a
existência de um certo espaço para a ampliação deste tipo de relacionamento, uma vez que o
sucesso ou fracasso da cooperação implica no grau de confiança entre os stakeholders. Porém,
pode-se destacar como “distorção” do sistema cooperativista oportunismo, o qual respalda-se
no atendimento das demandas individuais em detrimento do coletivo. Nesse aspecto, um
longo caminho ainda é preciso percorrer no análise destas relações em cooperativas
brasileiras.
No que se refere à fidelidade dos associados às cooperativas, os entrevistados veem-na
como uma oportunidade de ampliação e fortalecimento das relações comerciais. De acordo
com Padilha e Silva (2010), o posicionamento estratégico da gestão das cooperativas no
desenvolvimento de programas ou projetos que fortaleçam e estreitem os laços cooperativos
na direção da fidelização do quadro social, pode ser um elemento promotor da cooperação,
solidariedade e desenvolvimento deste tipo de organização e seus associados.
Pode-se inferir que o sistema cooperativista ainda é uma alternativa interessante para o
desenvolvimento do agronegócio nacional, especialmente quando observados pequenos
produtores da agricultura familiar.
Em se tratando das limitações do estudo, pode-se citar a falta de tempo dos produtores
para participarem da pesquisa tendo em vista que muitos foram abordados em feiras onde a
entrevista era interrompida diversas vezes, o que fez com que a coleta de dados se estendesse
por mais tempo que o planejado. Outra limitação se refere ao fato de que os dados analisados
limitaram-se apenas à percepção dos associados, não sendo entrevistados os gestores e demais
envolvidos nas funções estratégicas, táticas e operacionais nas cooperativas. Por se tratar de
uma pesquisa exploratória, a generalização dos resultados não pode ser realizada.
Por fim, as sugestões para a realização de estudos futuros podem incluir as limitação
mencionadas, bem como a ampliação da amostra de associados e investigação em outros
ramos do cooperativismo nacional.
Referências
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médias empresas. São Paulo: Atlas. 2000.163p.
BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1997.
CAMPOS, F. C. A.; SANTORO, F. M.; BORGES, M. R. S.; SANTOS, N. Cooperação e aprendizagem on-
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CASTELLS, M. A Sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
DAL-SOTO, F., MONTICELLI, J. M. Coopetition strategies in the Brazilian higher education. RAE-Revista de
Administração de Empresas, v.57, n.1, p.65-78, 2017.
DIEHL, A. A.; TATIM, D. C. Pesquisa em ciências sociais aplicadas: métodos e técnicas. São Paulo: Prentice
Hall, 2004.
ESTIVALETE, V. F. B. O processo de aprendizagem em redes horizontais do elo varejista do agronegócio:
do nível individual ao interorganizacional. 2007. 267 f. Tese (Doutorado em Agronegócios) – Programa de Pós-
Graduação em Agronegócios, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2007.
Resumo. A fragilidade no acesso aos mercados monopolizados, por parte dos agricultores, impulsiona a
procura por novos processos e práticas que emergem paralelamente aos grandes impérios alimentares. Neste
contexto emergem novos mercados, que coexistem com os circuitos comerciais já existentes, como as feiras,
mercados integrados ao turismo, agroindústrias familiares e os institucionais, criando novos circuitos mercantis.
O objetivo deste trabalho foi analisar como os arranjos produtivos locais, podem fomentar a diversificação da
agricultura familiar, relocalizando a produção de alimentos, através das cadeias curtas, estimulando a
heterogeneidade e promovendo o desenvolvimento local. A pesquisa foi realizada a partir do APL Agroindústria,
estrutura de governança que impulsiona a instalação de agroindústrias no Vale do Taquari, RS; a metodologia
utilizada foi a análise documental e entrevista aos gestores do APL Agroindústria e à proprietários de
agroindústrias integrantes do APL. Políticas públicas de fomento para a implementação e fortalecimento dos
APLs, constituem-se estratégias que podem fortalecer a agricultura familiar, promovendo a construção e o
acesso a novos mercados, a criação e o desenvolvimento de novos produtos , promovendo a fixação das famílias
no campo, diversificando as atividades produtivas, gerando renda, promovendo novos arranjos sociais e
estruturas de governança horizontalizadas.
Introdução
A fragilidade no acesso aos mercados monopolizados, por parte dos agricultores,
impulsiona a procura por novas dinâmicas de desenvolvimento. Neste contexto emergem novos
mercados, que coexistem com os circuitos comerciais já existentes, como as feiras, mercados
integrados ao turismo, agroindústrias familiares e os institucionais, criando novos circuitos
mercantis. Qual o papel dos mercados na construção da autonomia, na manutenção da
heterogeneidade e na reprodução social dos agricultores familiares?
Em um mundo em que cresce a quantidade de alimentos produzidos e processados
industrialmente, também aumenta a preocupação com sua origem e a forma como são
elaborados. Críticos têm destaco que “rótulos” vêm sendo empregados por produtores de
alimentos, varejistas e outros intervenientes na cadeia alimentar, as quais buscam promover a
diferenciação do produto, no entanto nem sempre representam características de qualidade em
seu direito (ILBERY et al., 2005; MARSDEN; MURDOCH, 2006). Estas preocupações com
10
6 6
5 5 5
3 3 3
2 2 2
1 1
8 9
3 3 2 2 2 2 3
5 Considerações finais
Cada vez mais integrados aos mercados, agricultores familiares estão subordinadas ao
sistema capitalista e com crescente perda de autonomia sobre a unidade produtiva. A fragilidade
no acesso aos mercados monopolizados, por parte dos agricultores familiares, impulsiona a
procura por novas dinâmicas de desenvolvimento. Neste contexto emergem novos mercados,
que coexistem com os circuitos comerciais já existentes, como as feiras, mercados integrados
ao turismo, agroindústrias familiares e os institucionais, criando novos circuitos mercantis e
novas formas de organização social e institucional.
A criação de sistemas produtivos locais é geralmente associada a trajetórias históricas
relacionadas com a construção de identidades e vínculos territoriais (regionais e locais). Estes
sistemas são mais propensos a se desenvolver em ambientes que favorecem a interação, a
cooperação e o desenvolvimento de confiabilidade e confiança entre os atores. Políticas
públicas de implementação e fortalecimento dos APLs, são estratégias que podem fortalecer
a agricultura familiar, gerar empregos, produzir e redistribuir renda, aproximar agricultores e
consumidores, promovendo o desenvolvimento local.
6 Referências
ABRAMOVAY, R Agricultura familiar e desenvolvimento territorial. Reforma Agrária – Revista da Associação
Brasileira de Reforma Agrária, vols. 28 nºs 1,2 3 e 29, nº1, Jan/dez 1998 e jan/ago 1999.
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WORTMANN, Johan C., Dennis R. Muntslag, and Patrick JM Timmermans. "Why customer driven
manufacturing." Customer-driven Manufacturing. Springer Netherlands, 1997. 33-44.
1
Doutoranda em Agronegócios (UFRGS), mestre em Administração (UNIR), karol.estefanie@gmail.com
Resumo. A pesquisa tem por objetivo analisar os estudos referentes à abordagem da aposentadoria rural
inseridas no contexto da agricultura familiar. Para tanto, uma pesquisa bibliométrica foi conduzida com base nas
dissertações e teses presentes na Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (IBICT). Assim, foram
identificados vinte e um estudos que tratam da aposentadoria rural e a agricultura familiar. Os resultados obtidos
demonstraram a emergência de distintos construtos, enfatizando a relevância da aposentadoria para a agricultura
familiar, sendo considerada como principal composição e/ou incremento de renda para as famílias. O ano com
maior número de trabalhos foi 2008, com quatro e a universidade com maior produção foi a Universidade do Rio
Grande do Sul, com cinco trabalhos, sendo que, ao todo, 33% das pesquisas foram realizadas no Estado e 48%
foram desenvolvidas no Sul do país. A Previdência Social constitui-se principal política pública, mais vantajosa
que o PRONAF e as aposentadorias pagas aos segurados especiais tiveram um incremento positivo, para as
mulheres, 26%, superior ao dos homens, com 21%, Todavia, em termos de distribuição, os dados apontaram um
desfavorecimento do grupo feminino em detrimento do masculino. Constatou-se também que a aposentadoria é
vista como forma de manutenção do homem no campo onde reduz desigualdades e aumento da capacidade de
consumo das famílias. É Financiadora da produção, onde movimenta o comércio sendo fonte dinamizadora da
economia local e fator de sustentabilidade das comunidades.
Palavras-chave: Previdência Social, Agricultura Familiar, Desenvolvimento.
1 Introdução
realizou-se uma análise bibliométrica, cujo portfólio foi composto por dissertações e teses
presentes na Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (IBICT), a partir de
determinados critérios e filtros para seleção.
2 Referencial Teórico
2.1 Agricultura familiar
3 Metodologia
4 Resultados e discussão
2003
2001
2002
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
0 1 2 3 4 5
Fonte: Dados da Pesquisa. Fonte: Dados da Pesquisa.
Com base nisso, 33% das pesquisas foram realizadas no Estado do Rio Grande do Sul
(UFRGS e UFPEL) e 48% foram desenvolvidas no Sul do país (acrescentando os trabalhos
realizados na UNIOESTE).
A fim de identificar as principais temáticas abordadas, foi realizado um levantamento
das principais palavras que constituem o título (FIGURA 3). As palavras que mais aparece no
Porto Alegre - RS, 26 e 27 de outubro de 2017
308
Porém, apenas com a nuvem de palavras não é possível fazer uma análise profunda
dessas temáticas. Dessa forma, tendo a necessidade desta análise, se fez necessário averiguar
as teses e dissertações como um todo.
Os diversos trabalhos demonstraram que a aposentadoria é considerada como
composição de renda para as famílias (AMORIM, 2007; ALVES FILHO, 2008; FIALHO,
2002; MENEZES, 2002; RIBEIRO, 2001; SILVA, 2006; SIMÕES, 2008). Desse modo,
distintas variáveis e construtos emergiram da relação entre agricultura familiar e a
aposentadoria rural. A Figura 4 apresenta, por meio de um mapa mental, a teia de
relacionamento entre tais elementos.
rendas como as aposentadorias e outras rendas não agrícolas que consolidam a pluriatividade
como estratégia entre os membros da família (SILVA, 2011).
A garantia de uma renda de aposentadoria influencia na tendência de redução da mão-
de-obra, por conta do envelhecimento. E também se considera que este crescimento relativo
de uma população envelhecida tem influenciado o estancamento do êxodo rural da última
década pela baixa propensão a migrar, dada pela garantia de renda dos benefícios
previdenciários e pelo arraigamento cultural destes com a vida no campo (SILVA, 2011).
Nos estudos de Silva (2006) a aposentadoria era a principal renda incrementada, na
qual os aposentados representavam uma parcela significativa da população. Para Caldas
(2008) os resultados indicam que as aposentadorias e pensões são essencialmente importantes
na perspectiva da redução das desigualdades e para Menezes (2002) é fator de
sustentabilidade das comunidades locais, como o caso do Projeto de Assentamento
Agroextrativista Praialta e Piranheira, município de Nova Ipixuna no Pará.
Souza (2014) analisou o acesso à previdência social rural sob a perspectiva de gênero.
Os resultados mostraram que, as aposentadorias pagas aos segurados especiais tiveram um
incremento positivo, para as mulheres, 26%, superior ao dos homens, com 21%. Todavia, em
termos de distribuição, os dados apontaram um desfavorecimento do grupo feminino em
detrimento do masculino. Das mulheres, em média 74% estavam aposentadas, para os
homens, a média de aposentados foi superior, com 84% no período.
Sá (2010) afirma que a aposentadoria e os benefícios concedidos às mulheres
melhoram as condições de acesso ao alimento e a certeza do recebimento é percebida como
um alívio. E esse benefício, que é concedido às mulheres, representa substancial reforço no
orçamento familiar.
Os resultados da pesquisa de Bezerra (2006) revelam que o acesso ao benefício da
aposentadoria rural contribui para a valorização e inserção social e cultural dos idosos,
deixando de serem vistos como indivíduos incapazes, resultando, desta forma, em uma nova
configuração entre força de trabalho e atividades desenvolvidas nas unidades de produção
familiar. Biolchi (2002) afirma que esse recebimento tem contribuído para a inserção social
dos aposentados, principalmente em atividades desenvolvidas nas suas comunidades.
Para Souza (2012) a previdência rural, dadas às adversidades para o desenvolvimento
da agricultura familiar, da ineficácia operacional das políticas públicas e das poucas
oportunidades de geração de renda existente nas economias locais, é a principal responsável
pela redução da pobreza e, consequentemente, pelas melhorias das condições de vida das
famílias de e com idosos no meio rural da microrregião Serra de São Miguel-RN.
Já para Biolchi (2002) a Previdência Social constitui-se em uma das principais
políticas públicas para a agricultura familiar gaúcha, em termos de abrangência e valores
concedidos, contribuindo para melhorias nas condições econômicas e sociais das famílias
beneficiárias.
Neste mesmo tema de políticas públicas, Copetti (2008) mostrou que as
aposentadorias e pensões são vistas como mais vantajosas que o Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), pois os recursos advindos das mesmas
não se tratam de uma dívida adquirida (como é o caso do PRONAF), e ainda quando os
agricultores contraem empréstimos pessoais consignados, mesmo tendo que pagar juros mais
altos, o fato de receberem todos os meses a aposentadoria faz com que eles vejam tais
financiamentos como bem menos arriscados e burocráticos para serem realizados do que
contratar um crédito do PRONAF.
Ribeiro (2009) relata ter grande quantidade e importância a aposentadoria rural para
pecuaristas da região da Campanha do Rio Grande do Sul. Sendo que, das famílias
exclusivamente agrícolas, 79% recebem aposentadoria. Isso contribui para a manutenção, de
certa forma contribui para uma situação de estabilidade que possibilita que as famílias não
sejam obrigadas a buscar outras atividades externas. Por um lado é garantia de maior
segurança da família e, ao mesmo tempo, uma menor vontade de correr riscos e realizar
investimentos na produção.
O autor ainda aponta que a principal política pública a que os pecuaristas têm acesso
atualmente é a aposentadoria rural que se constitui como amortecedor, em relação às crises,
quer na manutenção da renda da família, quer para custeio e investimento na atividade
produtiva.
Almeida (2012) afirma que políticas não relacionadas à atividade agrícola como o
Bolsa-família e as aposentadorias rurais (que estão relacionadas á inatividade) tem
apresentado fundamental importância para manutenção da vida no campo. Pode-se perceber o
uso dos benefícios previdenciários como estratégia para permanência no meio rural e no
exercício da atividade agrícola onde 75% das famílias que percebem tais rendas as utilizam no
financiamento das atividades produtivas. Isso porque, conceitualmente, a aposentadoria é
concedida pela velhice, que acarreta na redução da capacidade laborativa e no
comprometimento das condições de vida dos trabalhadores. Então, contrariando o pressuposto
da “inatividade” intrínseco à aposentadoria, estes agricultores a utilizam para financiar sua
atividade laboral.
Porém alguns estudos abordam algumas dificuldades de acesso à aposentadoria.
Garcia (2013) analisou que, diante dos obstáculos para comprovar a atividade rural por meio
de documentos, alguns trabalhadores do campo dificilmente conseguem sua aposentadoria por
idade na esfera administrativa. Destaca-se, dessa forma, o papel do Poder Judiciário na
concretização do direito à previdência dos trabalhadores rurais.
Christ (2010) trata da perda da aposentadoria por parte dos boias-frias e Santos (2015)
fala sobre da dificuldade legal de aposentadoria para trabalhadores que atuam exclusivamente
na mineração ou garimpo principalmente por prevalecer a informalidade nesse ramo de
atividade. Enquanto que, na agricultura há sindicatos e associações que auxiliam e direcionam
seus membros.
5 Considerações Finais
artigos científicos tanto nacionais quanto internacionais, bem como a aplicação de estudos
empíricos a fim de verificar, a percepção dos produtores.
Referências
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familiares no município de Remígio-PB. 2012. 161 f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Regional) -
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RESUMO: Ao longo dos anos ocorreram significativas transformações no meio rural brasileiro. Tendo em
vista que o ser humano escolhe, em seu próprio espaço e de ser ou fazer o que ele deseja, é uma forma sensata de
analisar assim seu desenvolvimento, uma vez que cada um tem sua trajetória, com suas crenças, as quais devem
ser respeitadas e, culturas adaptadas ao meio ambiente em que vivem. O trabalho que ora apresentamos é
constituído por pesquisa bibliográfica e de campo com o intuito de melhor conhecer e analisar a formação e o
trabalho desenvolvido através da Rede de Cooperativas da Agricultura Familiar no que tange a questão da
sustentabilidade articulada por seus associados, principalmente sobre as agroindústrias familiares presentes neste
cenário. Para o desenvolvimento da pesquisa foram utilizados o método qualitativo, com técnicas de entrevista
semiestruturada e observação assistemática para a coleta de informações e análise de conteúdo para o processo
analítico. Incorporando esta análise para a compreensão do associativismo rural, pode-se inferir que na
organização de uma associação, mesmo que os produtores familiares objetivamente vislumbrem a produção
econômica, subjetivamente eles podem alcançar a reprodução social do grupo e, consequentemente da
dinamização da unidade familiar que cada sujeito pertence.
The role of social networks for local development: a study in the Network of
Family Agriculture Cooperatives
Abstract: Over the years there have been significant changes in the Brazilian countryside. Given that human
beings choose, in their own space and be or do what he wants, it is a sensible way to thus analyze their
development, since each has its history, its beliefs, which must be respected and crops adapted to the environment
in which they live. The work presented here consists of bibliographic and field research in order to better
understand and analyze training and work through the Cooperative Family Agriculture Network regarding the
issue of sustainability articulated by its members, particularly on family farms present in this scenario. For the
development of the research were used qualitative method with semi-structured interview techniques and
systematic observation to collect information and content analysis to the analytical process. Incorporating this
analysis to the understanding of rural associations, one can infer that the organization of an association, even if
the family farmers objectively envisage economic output, subjectively they can achieve social reproduction of the
group and consequently the promotion of family unit each subject belongs.
INTRODUÇÃO
A agricultura familiar possui um papel importante para geração de renda, desenvolve
papéis sociais, além de gerar a disponibilidade de alimentos. No entanto, esse segmento possui
muitos desafios, que se trabalhados de forma conjunta, através de redes de cooperação, podem
minimizar alguns gargalos existentes na produção e comercialização de seus produtos.
A Nova Sociologia Econômica (NSE) estuda os fenômenos econômicos à luz de uma
abordagem sociológica, na busca de demonstrar que o mercado e os demais fenômenos
econômicos são construções sociais (SERVA; ANDION, 2006). E, que os indivíduos acessam
pessoas que acessam ainda outras e, de acordo com essa ação de cooperação, o indivíduo pode
obter seu emprego num movimento semelhante ao analisado por Granovetter (1973).
Na sequência, Barnes (1987) trata a noção de rede social como um conjunto de relações
interpessoais que aproximam indivíduos a outros. A identificação de alternativas de
sobrevivência com base nas potencialidades locais pode ser considerada uma política
econômica local, em que os atores locais são personagens centrais da definição, execução e
3. CULTURA DE COOPERATIVAS
Adentramos então na conceituação das cooperativas, pois são elas os primeiros elos das
redes que mais tarde passam a formar a cadeia e fazerem parte da construção social que
dinamiza as produções e agrega tanto questões logísticas quanto de melhoria e implantação de
novos mecanismos. Tendo em vista que as mesmas assumem, devido aos seus princípios
doutrinários, a dupla função de associação, enquanto reunião de pessoas, e de empresa,
enquanto reunião de capital. Por outro lado, os cooperados também assumem o duplo papel de
dono e, ao mesmo tempo, de usuário do empreendimento. Diante dessas características
peculiares das cooperativas, na maioria delas ocorre o processo de autogestão, pois são geridas
pelos próprios donos/usuários.
Porto Alegre - RS, 26 e 27 de outubro de 2017
315
4. MÉTODOS
A metodologia do presente artigo caracteriza-se como método qualitativo, com técnicas
de entrevista semiestruturada e observação assistemática para a coleta de informações.
Realizou-se também o método de análise de conteúdo para o processo analítico. Para Minayo
(1994), a pesquisa qualitativa trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações,
crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos
processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis.
Foi realizada uma pesquisa, in loco (Figura 1), junto aos associados da Rede de
Cooperativas, Associações e Agroindústrias do Território Missões – Rede Missioneira da
Agricultura Familiar (REMAF), onde entrevistou os membros da diretoria e, tiveram como
complemento a análise de dados secundários, como materiais de divulgação da Rede para
melhor compreender as modificações e inovações presentes.
Figura 1: Mapa dos municípios que fazem parte da REDE.
5. RESULTADOS ENCONTRADOS
A Rede de Cooperativas, Associações e Agroindústrias do Território Missões – Rede
Missioneira da Agricultura Familiar (REMAF) constitui-se como fruto de uma construção
social do Território Missões. Ela tem por finalidade congregar, orientar, assistir, instruir
e estimular a cooperação entre os empreendimentos associados no que diz respeito à
organização, prospecção de novos mercados e clientes, eficiência na aquisição de
produtos, mercadorias e serviços.
Para explicar essa perspectiva de formação Granovetter (2007) faz a conexão do
conceito das redes pessoais e as organizações, colocando a importância dessas ligações no fato
de atuarem como um canal importante de informações, em que a posição do indivíduo e a
qualidade dessas redes são elementos essenciais. Essa reflexão sobre imersão social é que dá a
esse autor a sustentação para a análise das instituições em termos de construção social. As
instituições são condicionadas pelo conteúdo e pela estrutura das relações sociais nas quais a
ação econômica está imersa, isto é, pela configuração das redes sociais.
Com base na pesquisa realizada com alguns membros, constatou-se que os territórios
Noroeste e Missões possuem um total de 41 famílias certificadas como produtoras de alimentos
orgânicos, sendo observado que os trabalhos voltados para a agroecologia tiveram início ao
final da década de 90 através da Organização Não Governamental ASTRF (Associação de
Sindicatos dos Trabalhadores Fronteiriços), com sede em Porto Xavier. Da Organização Não
Governamental AREDE com sede em Santa Rosa e, reforçado pelo trabalho da ASCAR
EMATER no governo do Estado de 1999/02, com cursos sobre agroecologia, palestras de
conscientização ecológica, orientações técnicas em adubação verde e produção de caldas,
extratos, homeopatia animal e intercâmbios nas experiências existentes. Com a normatização
da produção orgânica através da Lei nº 10.831/13, do Decreto nº 6.223/07 e do Decreto
Presidencial nº 7.794 que cria o PNAPO restou garantida a segurança para a certificação
participativa através da REDE ECOVIDA.
Podemos entender então que as s redes são uma característica fundamental da sociedade
moderna, em função das circunstâncias econômicas, nas quais a competição passa a ser uma
questão de posicionamento de uma cooperativa dentro da rede, ao invés de um ataque ao
ambiente. De acordo com Jarillo (1998), rede é entendida como um arranjo que pode ser
manejado intencionalmente com o objetivo de obter vantagem competitiva.
No que se refere à produção de frutas, polpa de frutas, sucos integrais, hortigranjeiros e
cana de açúcar, na cana de açúcar são produzidos melado, e açúcar mascavo. A produção mais
de 100 toneladas ano de alimentos orgânicos, sendo conforme informações dadas pela entidade
REMAF, é alicerçada nas utilizações de recursos sustentáveis. Há uma visível perspectiva de
que ocorra um aumento desses números uma vez que mais de 15 famílias estão no processo de
organização para obterem a certificação de conformidade Orgânica nos municípios de Cerro
Largo, Salvador das Missões e Rolador. E 400 famílias na Chamada pública da agroecologia.
O mercado predominante, conforme indicações, são as comercializações realizadas
através das feiras permanentes, nos pontos fixos da agricultura familiar, no Programa Nacional
de Alimentação Escolar, no Programa de Aquisição de Alimentos e na compra de grupos de
consumidores da região Missioneira e de parte do Estado. Salientando que a Universidade
Federal Fronteira Sul que há pouco tempo instalou-se no município de Cerro Largo, sendo
concretizada através da concessionária do Restaurante Universitário que efetua compras dos
produtos orgânicos que ainda não estão certificados, para alimentação de seus alunos e
colaboradores. Para tanto, diversas as famílias do município de Cerro Largo estão aguardando
a auditoria dos grupos da Rede ECOVIDA.
6. CONSIDERAÇÕES
Pode-se dizer que na Universidade precisamos aprender para daí transmitirmos o que
estudamos visando melhorar o cotidiano das pessoas, por isso este artigo visa divulgar e debater
as atribuições e as atividades da gestão da REMAF, bem como suas contribuições no
desenvolvimento rural frente ao mercado agrícola, e servir para reflexão das alterações
necessárias para que cada vez mais os movimentos sociais se tornem consistentes e agreguem
melhorias através dos programas de incentivo para a agricultura e pecuária familiar.
O meio rural sempre estava sendo definido pela agricultura, talvez por essa, na maior
parte dos casos, oferecer oportunidades de emprego e geração de renda. Assim, há profundas
confusões entre o espaço agrícola e o espaço rural. No entanto, não é aconselhável defini-las
por seu caráter agrícola, é preciso ver toda sua natureza territorial e não somente a setorial.
Portanto, justifica-se a necessidade de observar as economias regionais para formular uma
melhor definição espacial e multissetorial, onde a agricultura é um mero integrante do rural.
Para que ocorram as mudanças qualitativas e tornar-se desenvolvimento local, é
necessário que esteja presente como parâmetros fundamentais os princípios como democracia,
solidariedade e justiça social em praticamente todos os domínios da sociedade. A essência da
atual fase de globalização é que introduz conjuntos de normas e parâmetros generalizados que
governam todas e quaisquer práticas locais e específicas.
O uso de redes, como possibilidade de análise, permite obter um melhor entendimento
do processo de formação de uma rede, do seu desenvolvimento e dos resultados esperados, a
partir dessa nova configuração entre os atores, considerando a posição dos mesmos, a
arquitetura da rede ou pela natureza do conteúdo trocado nas relações estabelecidas.
Menegetti (2009) explica que a construção de um novo paradigma implica,
necessariamente, na mudança da ótica da pesquisa, do ensino em ciências agrárias; no
ajustamento das políticas macroeconômicas, agrícolas e agrárias; em apoio efetivo da sociedade
(governo e sociedade civil) a um projeto de conversão da agricultura; na defesa, restauração e
fortalecimento da agricultura familiar; na ênfase aos processos locais e regionais de
desenvolvimento, sem se isolar do contexto macro, com uma efetiva participação da população
na discussão, proposição, execução e gestão social dos processos locais de desenvolvimento; e
implica também, na formação de uma consciência social crítica.
No contexto atual, a sobrevivência sustentável da agricultura familiar com imóveis de
pequeno e médio porte, depende da capacidade de intensificar a geração/agregação de valor. A
maior parte das estratégias de agregação de valor passa, necessariamente, pela criação e gestão
de formas associativas que congreguem um conjunto de agricultores familiares. Estas
instituições associativas podem ter formas e objetivos diferentes.
Incorporando esta análise para a compreensão do associativismo rural, pode-se inferir
que na organização de uma associação, mesmo que os produtores familiares objetivamente
vislumbrem a produção econômica, subjetivamente eles podem alcançar a reprodução social do
grupo e, consequentemente da dinamização da unidade familiar que cada sujeito pertence. Isto
remete à necessidade de se pensar em formas de como proporcionar a aproximação dos grupos
sociais em questão e, por conseguinte, reencontrar os projetos político-ideológicos destes
sujeitos sociais que conduzem o processo produtivo no meio rural, tendo como principal trunfo
a força do trabalho familiar.
7. REFERÊNCIAS
1
Universidad Federal de Rio Grande del Sur, hmanuel132@gmail.com
2
Universidad Federal de Rio Grande del Sur, leonardo.xavier@ufrgs.br
Resumen. A nivel mundial el mercado y la agricultura de productos orgánicos tuvo un crecimiento, para el 2015
el mundo tuvo un giro económico de US$ 81.6 billones, con respecto a la producción, fue utilizado 50.9 millones
de hectáreas cultivadas y participaron en esta actividad 2.4 millones de productores a nivel mundial. En el Perú
para la misma fecha cultivo 607872.39 hectáreas a nivel nacional, participaron 97857 productores y tuvo un giro
económico de US$ 16.6 millones. En este contexto, el siguiente trabajo tiene como objetivo describir y analizar,
sí el e-commerce, es un canal de comercialización dentro del mercado de productos orgánicos, e identificando en
el tipo de canal que podría encuadrarse. El trabajo realizo un estudio de caso sobre el proyecto “Ecomercado -
Perú”, el cual es una plataforma web que relacionada productores y consumidores orgánicos a nivel nacional y es
administrada por la Red de Agricultura Ecológica de Perú (RAE). La metodología utilizada en esta investigación
fue descriptiva, preocupa en observar, registrar, analizar, clasificar e interpretar los hechos que suceden en el
funcionamiento del proyecto. Los resultados de este trabajo muestran que el e-commerce es un canal de
comercialización para los productos orgánicos en el mercado peruano, y la relación generada entre el productores
con el consumidor final, nos lleva a la conformación de los circuitos cortos de comercialización de venta directa,
lo que conlleva a una autonomía y libertad para organizar la producción, el procesamiento, la distribución, la
negociación y sobre todo ampliar las relaciones socio-ambientales.
Palabras-clave: E-commerce. Canal de comercialización. Productos orgánicos. Perú.
1 Introducción
ciclos biológicos y la actividad biológica del suelo basado en el uso mínimo de insumos
provenientes de fuera de la propiedad y en prácticas de manejo que restauran, conserven y
enriquecen el ambiente ecológico, ofreciendo un producto más seguro para el consumidor
(OTA, 2002).
De esta manera la agricultura orgánica visa atender la demanda de los consumidores por
la utilización de procesos más limpios de producción, evita la contaminación y degradadores
ambientales y también incorpora a las poblaciones rurales en el proceso de desenvolvimiento,
representado el cambio de una agricultura de insumos para una agricultura de manejo, visando
ser ambientalmente correcto, socialmente justa y económicamente viable (ARAUJO, 2007). Y
complementado esta idea Khatounian (2001), señala que la agricultura orgánica es un opción
viable a la agricultura familiar y al movimiento ambientalista.
Así, al mismo tiempo en que se preocupa en atender una demanda alimentar, ocurre una
tendencia en incorporar a ese padrón de producción otros conceptos, entre ellos el respeto al
medio ambiente y de las consecuencias de la utilización de productos agroquímicos en la salud
humana (KHATOUNIAN, 2001).
En el mercado de los productos orgánicos, el proceso de comercialización se constituye
como uno de los principales obstáculos para el desenvolvimiento de la agricultura orgánica. La
creación y mantenimiento de los canales de comercialización dependen de la diversificación,
padronización de productos y regularidades en la oferta de la producción (DAROLT, 2001),
según Souza y Alcântara (2003) otro de los obstáculos para el desenvolvimiento del mercado
orgánico es el dimensionamiento, sea en la esfera local, regional, nacional e internacional. Y
de acuerdo con Barbosa (2007) esto es un factor limitante que no permite la consolidación y
expansión de este segmento, por lo que cabe a los gobernantes promover políticas específicas
para la organocultura.
Son varias las formas de comercialización de los productos orgánicos, lo que hace, al
productor adoptara más de un canal de comercialización para diversificar el origen de sus
ingresos (ARAUJO, 2007). Pero antes de llegar a ser comercializado el producto orgánicos
debe estar caracterizado con respecto a su procedencia, definido en los padrones de certificación
y registrado, ya que es fundamental para ganar la autenticidad y calidad (ARNALDI; PEROSA,
200_).
Para Penteado (2000), la comercialización de productos orgánicos presenta tres canales
bien definidos: Venta directa al consumidor (cestas en domicilio, restaurantes, tiendas locales,
ferias verdes, y en el propio local de producción), Al por menor (supermercados, quitandas,
varejones), Al por mayor (hipermercados, distribuidoras y mayoristas).
En este contexto se pretende hacer un estudio de caso del proyecto “Ecomercado-Perú”
de la Red de Agricultura Ecológica - RAE, el cual es una plataforma web (e-commerce) que
funciona como un canal de comercialización de productos orgánicos, que tiene como finalidad
relacionar productores y consumidores para acortar la cadena productiva de los productos
orgánicos en el Perú.
Por fin, el presente trabajo tiene como objetivo describir y analizar en que canales de
comercialización se encuadra el e-commerce, según el estudio de caso propuesto aquí. Para
alcanzar este objetivo, fue realizado un breve revisión histórica de la creación del proyecto,
quienes son los actores envueltos en ella, como ser realizara el proceso del funcionamiento y
por ultimo identificar en que canales de comercialización se encuadra.
Material y metodología
Agradezco a la Red de Agricultura Ecológica del Perú por permitirme realizar esta
investigación en el proyecto Ecomercado.
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Orgânicos. Articulo disponible en: < http://www.ibd.com.br/arquivos/artigos/comercialização.htm> (pagina
visitada en 15/08/2017).
1
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, jhose.iale@ufersa.edu.br
2
Universidade Federal de Viçosa
³Universidade Federal do Rio Grande do Sul
4
Universidade Federal de Viçosa
Resumo. A inserção das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) vem se tornando uma constante no
cotidiano de grande parte da população. Segundo Relatório de Desenvolvimento Mundial, realizado pelo Banco
Mundial em 2016, mais de 40% da população mundial tem acesso à internet. Tal crescimento também pode ser
observado por meio do Comitê Gestor de Internet (2016). No meio rural, em 2011, 15% dos domicílios
acessavam a internet e, em 2015, esse número cresceu atingindo 34% da população domiciliada no meio rural
(CGI.br, 2016). Frente a isso, o presente trabalho busca compreender a utilização das TIC por agricultores de
uma feira de produtos orgânicos localizada no município de Mossoró – RN. Para realização da pesquisa, foram
realizadas entrevistas junto a 11 produtores que participam da feira, em agosto de 2017. Observou-se que com
relação a utilização e o acesso as TIC, 54,5% possuem computador na propriedade e 81,8% tem acesso a
internet. 60% dos entrevistados acessam a internet sem precisar de auxílio. O celular é o meio pelo qual mais se
acessa a internet, sendo utilizado tanto para a realização de pesquisas bem como o contato com familiares e
amigos. Entretanto, a internet ainda é pouco utilizada em relações comerciais como contato com clientes, bem
como organização da produção. Desta forma, observa-se a necessidade de uma maior capacitação e incentivo
com relação ao leque de possibilidades que a internet proporciona, pois ela ainda é pouco utilizada para a
realização de atividades como a articulação com parceiros e qualificação profissional e pessoal.
Introdução
ainda é, em grande medida, inviabilizado por não existir computadores em seus domicílios.
Sorj e Guedes (2005) apontam que universalizar o conhecimento básico sobre o uso de
computadores e acesso à internet é fundamental para limitar o impacto negativo que eles
podem trazer para os setores mais pobres.
Frente a isso, o presente artigo busca compreender a utilização das TIC por parte dos
agricultores de uma feira de produtores orgânicos localizada na cidades de Mossoró – RN.
Pretende-se, assim, responder ao questionamento sobre como as TIC influenciam nos modos
de vida dos agricultores, analisando como e por onde se dá o acesso a internet bem como
quais as mudanças (sociais, econômicas e cognitivas) provenientes da inserção das TIC no
contexto desses produtores.
A utilização das TIC modifica o cotidiano dos agricultores familiares a partir do
momento que a internet proporciona uma ampliação no que diz respeito ao acesso à
comunicação e à obtenção de informações, permitindo um aumento do acesso das populações
a diversos conteúdos, tais como informação sobre novos produtos, novas culturas e técnicas
de produção, proporcionando aos agricultores melhorias nas suas práticas e um aumento na
eficiência da produção. Sendo assim, é necessário se compreender a utilização das TIC por
parte dos agricultores principalmente para entender como esses vem percebendo essa
novidade, bem como utilizando-as em seu dia-a-dia.
2 Metodologia
3 Resultados e Discussões
O papel da mulher se torna cada vez mais importante no meio rural, bem como em
espaços que antes tinha o predomínio masculino. Estudos como os realizados por Conceição
(2016) e Schwartz (2012) demostram que a apropriação das TIC por parte das mulheres
apresenta-se cada vez maior, principalmente por essas estarem mais abertas à novidades e
acesso a novos conhecimentos. Durante a coleta de dados algumas das informantes
destacaram que seus esposos não sabiam utilizar o aparelho celular, porém, gostavam de pedir
para que elas o ajudassem com pesquisas diversas na internet, bem como para fazer uso do
celular em chamadas de vídeo, ou mesmo entrar em contato com os demais amigos da região.
No que diz respeito a faixa etária, 54,5% dos entrevistados possui de 31 a 40 anos,
9,1% possui entre 41 a 50 anos e 36,4% possui de 51 a 60 anos de idade, conforme se observa
na Figura 2.
Figura 2 – Faixa etária dos agricultores da FAM
É importante destacar que entre os entrevistados não há produtores com idade inferior
aos trinta anos, nem superior a 60 anos. Isso pode demostrar o pouco envolvimento dos
jovens nesse contexto, bem como a não presença de idosos. O esvaziamento do meio rural e a
falta de interesse dos jovens e permanecer para dar continuidade às atividades configuram
problemas sociais pelos quais o meio rural vem passando. Entretanto a possibilidade de
acesso à internet e a todo o conteúdo que ela fornece pode ser um fator que venha a contribuir
para que o jovem não só volte ao meio rural como também fixe nele como local de moradia e
trabalho.
No que se refere a escolaridade, observou-se que 45,5% relataram possuir ensino
fundamental incompleto, 18,2%, o ensino médio incompleto e 36,4% o ensino médio
completo. Não houve menção com relação ao ensino superior, conforme pode ser observado
na Figura 3.
Esse baixo nível de escolaridade apresenta-se como uma barreira que dificulta o
acesso as TIC, uma vez que tendem a intimidar o usuário ao acesso, pois, conforme Miranda
(2002), o acesso a informação é fundamental e quanto menor o nível de escolaridade maior a
dificuldade de utilização.
Ao perguntar sobre a existência de computador, tablet ou notebook nas propriedades
dos entrevistados, 54,5% dos entrevistados destacaram ter computador em suas propriedades,
enquanto 45,5% que não possuem essas tecnologias. Apesar do número de propriedades com
tais equipamentos ser mais de 50%, é pertinente destacar que o computador é utilizado para
pesquisa, no objetivo de sanar alguma dúvida, procurar alguma receita, ou passo a passo para
alguns artesanatos, como foi relatado durante a aplicação do formulário. Cabe ressaltar que
utiliza-se o computador apenas para buscar modelos de artesanato e encontrar determinadas
receitas, bem como entrar em contato com familiares e parentes por meio de redes sociais
dentre outros aplicativos. Quando questionado sobre a utilização do computador para facilitar
o gerenciamento da propriedade por meio de planilhas no Excel, por exemplo, foi apontado
que o mesmo não era utilizado para esse fim.
No que diz respeito ao acesso a internet na propriedade, 81,8% destacaram ter acesso e
9,1% a ausência de internet e a mesma quantidade aponta ter acesso as vezes, conforme
Figura 4.
É pertinente destacar que o número de acesso a internet é considerável, uma vez que
quase todos os entrevistados estão conectados a rede. Cabe expor que, segundo um dos
entrevistados que tem acesso as vezes, isso ocorre pelo fato de ele ter acesso pelo celular e
nem sempre há uma cobertura constante na região. Dos entrevistados que destacaram não ter
acesso, foi mencionado que sempre que ele precisa sanar alguma dúvida ou fazer pesquisa,
recorre a filha que mora ao lado, pois na residência dela há computador conectado a internet.
Ainda com relação ao acesso a internet foi questionado, quanto ao local por onde
ocorre esse acesso, se o mesmo ocorre apenas pelo celular, apenas pelo computador ou pelo
dois, e foi relatado que 45,5% tem acesso apenas pelo celular, e a mesma quantidade
demostrou ter acesso tanto pelo celular como pelo computador, não aparecendo a opção
“apenas pelo computador”. Além disso, 9,1% afirmaram não ter acesso a internet, conforme
Figura 5.
Tal resultado demostra o crescente aumento do acesso a internet pelo celular no meio
rural, indo ao encontro dos dados apresentador pelo Comitê Gestor de Internet (2016) que
apontam para um aumento do acesso a internet no meio rural principalmente por meio de
celular. A pesquisa realizada a nível nacional demostra que 15% da população rural tem
acesso a internet apenas pelo computador, 56% apenas pelo celular e 29% acessa a internet
tanto pelo computador como pelo aparelho celular. (CGI, 2016)
Quanto a frequência da utilização observou-se que não é tão elevada. Segundo os
entrevistados, 36,4% apontaram que usam sempre, várias vezes ao dia, a mesma quantidade
de entrevistados destacaram usa as vezes, em alguma precisão, 18,2 % afirmou usar poucas
vezes na semana e 9,1% nunca usa. Esses dados podem ter uma relação direta com a faixa
etária dos entrevistados, uma vez que os mesmo não são nativos digitais1, pois tal geração não
se conforma em ser apenas expectadora dos acontecimentos, ela sente a necessidade de criar,
personalizar, criar opinião, analisar dentre outros aspectos.
1É composta por jovens nascidos em meio às tecnologias digitais, por volta de meados dos anos 80 até o ano de
1996. Também é conhecida como a Geração Net, sendo sucedida pela geração Z que é formado por jovens
nascidos entre o fim de 1990 e começo dos anos 2000.
4 Considerações Finais
Assim sendo, observa-se que a proliferação das TIC, a citar o celular e a internet, tem
sido importante no sentido em que possibilita economia de tempo, dinheiro, dentre outros
aspectos, uma vez que, segundo alguns informantes, ajuda a resolver problemas como
dificuldade de deslocamento, traz rapidez na comunicação, permite acesso a conhecimentos
em diferentes partes do mundo, entre diversas outras atividades que podem ser realizadas.
Através da pesquisa, observou-se que com relação a utilização e o acesso as TIC,
54,5% possuem computador na propriedade, desses que possuem computador, 81,8% tem
acesso a internet. Ainda, segundo dados coletados, 60% dos entrevistados acessam a internet
sem precisar de auxílio. O celular é o meio pelo qual mais se acessa a internet, sendo utilizado
tanto para a realização de pesquisas bem como no contato com familiares e amigos.
Entretanto, a internet ainda é pouco utilizada em relações comerciais como contato
com clientes, bem como organização da produção. Desta forma, observa-se a necessidade de
uma maior capacitação e incentivo com relação ao leque de possibilidades que a internet
proporciona, pois ela ainda é pouco utilizada para a realização de atividades como a
articulação com parceiros e qualificação profissional e pessoal.
Observou-se que as TIC apresentam-se como uma nova possibilidade para a
construção de novos mercados para a agricultura familiar, uma vez que ela permite tanto aos
agricultores familiares ampliar os contatos bem como aumentar os canais de comercialização
dos produtos. Entretanto, a falta de infraestrutura ainda constitui-se como uma barreira à essa
utilização, principalmente pela não disponibilidade de sinal ou, quando tem, má qualidade do
sinal de celular. Assim, ainda que de forma pouco presente, as TIC tendem a contribuir para o
desenvolvimento rural e uma melhoria na qualidade de vida dos agricultores familiares.
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1
Doutoranda em Agronegócio na Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS,
jzvalent@gmail.com
Resumo. O processo decisório refere-se à análise e escolha de alternativas, levando em conta os aspectos políticos
e comportamentais da decisão. O presente trabalho descreve o processo decisório de uma Cooperativa
Agropecuária na mudança do sistema produtivo: da agricultura convencional para a produção agroecológica de
alimentos. Neste sentido, o estudo foi realizado com 39 agricultores membros da referida Cooperativa localizada
no Rio Grande do Sul. Os objetivos da pesquisa foram: descrever o processo decisório empreendido durante a
transição agroecológica e verificar se este processo fundamenta-se em teorias do planejamento. A metodologia
empregada foi pesquisa exploratória e descritiva com coleta de dados primários por meio de um formulário de
entrevista semiestruturado. Os principais motivos da mudança foram para preservar a saúde e obter segurança
alimentar e benefícios econômicos. Considera-se que cada agricultor tem um conceito diferente de planejamento,
porém isso não significa que a transição agroecológica não seja promissora.
Palavras-chave: Tomada de decisão; Agroecologia; Agricultura; Cooperativismo.
Abstract. The decision making process refers to the analysis and choice of alternatives, taking into account the
principles politics and behavior of the decision. This paper describes the decision making process of an
Agricultural Cooperative to change the productive system: from conventional agriculture to agroecological food
production. In this sense, the study was carried out with 39 farmers members of the Cooperative located in Rio
Grande do Sul. The objectives of the research were: to describe the decision making process during an
agroecological transition and to verify this process based on planning theories. A methodology used for
exploratory and descriptive research with primary data collection through a semistructured interview form. The
main reasons for the shift were to preserve health and obtain food security and economic benefits. Each farmer is
considered to have a different concept of planning, but this does not mean that the agroecological transition is not
promising.
Keywords: Decision making; Agroecology; Agriculture; Cooperativism.
Introdução
Processo Decisório
designa critérios para a escolha. Por último, a etapa da escolha: seleciona uma determinada
linha de ação entre as disponíveis – é a escolha propriamente dita. Cada etapa do processo
decisório constitui um sistema complexo. Formam-se, assim, vários subsistemas operando
simultânea e integradamente, para constituir um processo onde existe feedback. Este é um
mecanismo para ajustar e/ou corrigir eventuais erros do sistema, retroalimentando-o.
Para tomar uma decisão os agricultores precisam conhecer o ambiente onde estão
inseridos, as relações existentes entre as atividades que acontecem dentro das propriedades
rurais com aquelas que ocorrem quando os produtos são destinados ao consumo e preservar os
recursos naturais da propriedade. Conforme Flores, Ries e Antunes (2006) além do lucro, o
empresário rural deve visar também que a sua propriedade cumpra o papel social e ecológico
da terra.
Para Araújo (2005), em uma propriedade rural, as funções administrativas devem ser
consideradas e analisadas como um sistema. Contudo, o setor agrícola apresenta algumas
características peculiares, devido à sua natureza imprevisível, que dificultam a tomada de
decisão. A melhor maneira de descrever o comportamento na tomada de decisão, de acordo
com March e Shapira (1987) e Priem, Love e Shaffer (2002) é entender a realidade do decisor.
Ou seja, o meio em que a pessoa vive constitui a base para ela e suas escolhas.
Para Ondersteijn, Giesen e Huirne (2006), a percepção de oportunidades e ameaças é
relevante para a tomada de decisão. Pereira et al (2012) dizem que a tomada de decisão dos
agricultores pode ser influenciada por política, pressões econômicas e incentivos. Já Lima et al
(2005) afirmam que a decisão do agricultor é baseada na opinião da família e fatores
bioclimáticos, ligados à produção e ao meio socioeconômico. Neste sentido, as decisões
dependem dos objetivos do agente e das possibilidades de realização.
É notável que as propriedades rurais estão inseridas em um ambiente de diversidade, onde
os inter-relacionamentos e interdependências são cada vez mais complexos. Logo, impõe-se
aos atores da cadeia produtiva a mesma necessidade de um olhar sistêmico, ou seja, conhecer
bem o ambiente e as variáveis necessárias para a minimização de riscos inerentes ao negócio
(DUTRA, 2008). O produtor rural precisa conhecer a dinâmica de toda a cadeia para tomar suas
decisões. Neste meio, mantêm-se relações de troca, solidariedade e conflito, assim
desenvolvem-se estratégias (LIMA et al, 2005).
Neste contexto, é importante conhecer quais são os objetivos do empreendimento rural
para estabelecer estratégias (GASSON, 1973). É necessário planejar antes de agir. Araújo
(2005) diz, ainda, que atuando desta forma, tanto os problemas corriqueiros, como os de grandes
repercussões serão resolvidos.
Para Nelson (1997), os produtores agrícolas usam várias abordagens na tomada de
decisão. Esta nem sempre segue a lógica da racionalidade econômica, que busca a maximização
dos fatores de produção. Outros elementos influenciam o processo de tomada de decisão destes
agricultores. Aspectos sociais, ambientais, éticos, culturais e ideológicos estão acima do
econômico para muitos deles, podendo influenciar, sobremodo, sua escolhas (GOMES;
REICHERT, 2011).
Neste cenário, somente a maximização do lucro não é suficiente para explicar como
nem porque um agricultor decide. Contudo, os produtores agrícolas precisam entender a
dinâmica de funcionamento do sistema onde estão inseridos.
Transição Agroecológica
338
Metodologia
Resultados e Discussões
Frequência Frequência
Motivo
absoluta Relativa (%)
Preservar a saúde 28 71,79
Segurança alimentar 23 58,97
Benefícios econômicos 15 38,46
Preservar a natureza 14 35,9
Qualidade de vida 13 33,33
Outros 8 20,51
Fonte: Dados da pesquisa (2013).
Oito cooperados responderam que mudaram o sistema produtivo por “outros motivos”
que não estavam entre as opções de respostas. As razões citadas foram: que estavam cansados
de trabalhar com produtos agroquímicos, reforçaram o desejo de não plantar mais tabaco,
afirmaram que a produção agroecológica possibilita a diversificação, já fazia parte de outra
associação agroecológica e pela sustentabilidade ambiental.
Na pergunta referente aos fatores que auxiliaram na decisão de mudança de sistema
produtivo, o motivo citado pela maioria foi a opinião familiar. Doze cooperados disseram que
decidiram pela mudança de sistema produtivo somente após ouvir a opinião de todos os
membros da família. Estes agricultores, no momento de decidir, orientam-se por objetivos
pessoais, por influência de comportamentos e necessidades da família (GASSON, 1973). Lima
et al (2005) afirmam que a decisão é baseada na opinião da família ligada à produção e ao meio
socioeconômico. Sendo assim, a tomada de decisão é pautada na manutenção do grupo familiar
na propriedade (RAMBO; MACHADO, 2009).
A pergunta sobre quais foram as fontes de informações usadas na transição
agroecológica, a EMATER ocupa o primeiro lugar. Também existe a troca de informações entre
os vizinhos, como maneira de compartilhar conhecimento e informações de maneira rápida.
340
Dalcin e Machado dissertam que a busca por informações relevantes faz parte da tomada de
decisão e está presente no dia a dia.
As informações adquiridas por meio de livros, jornais, revistas, rádio e televisão não
expressaram número significativo se comparado às informações obtidas por meio da EMATER
e vizinhos. Deve haver um incentivo maior para obtenção de informações nestes meios
impressos e de comunicação, pois é uma forma de adquirir conhecimento e relacionar a teoria
com as práticas desenvolvidas diariamente nas propriedades rurais, pois com base na
informação disponível, é escolhida apenas uma entre um conjunto de alternativas (CYERT;
MARCH, 1992). Contudo, fontes internas e externas de informação devem ser levadas em
consideração para que haja maior conhecimento acerca da escolha a ser feita (PAIVA;
CARVALHO JR; FENSTERSEIFER, 2004).
A decisão de mudar o sistema produtivo foi de comum acordo entre a diretoria da
Cooperativa e os demais membros. Desde a formalização, esta transição agroecológica era um
dos objetivos da Cooperativa. Diante deste cenário, o planejamento surge como um instrumento
de auxílio à administração. Ele permite nortear as ações dentro de um plano previamente
determinado de metas e estratégias, diminuindo, com isso, a possibilidade de tomada de decisão
equivocada, num mercado competitivo (BARBOSA; BRONDANI, 2005).
Quando perguntados se houve planejamento para mudar o sistema produtivo, dois
membros da COOPERLAF afirmaram que não. Os demais, 37 cooperados, disseram que houve
planejamento para a transição agroecológica e destes, 25 justificaram por que planejaram:
a) Oito cooperados relatam que o maior planejamento foi organizar a produção (procura
de insumos, fertilizantes, herbicidas, inseticidas, analisar as condições do solo...);
b) Sete afirmaram que desde o início da Cooperativa a intenção era mudar;
c) Dois agricultores disseram que discutiram em reuniões para decidir;
d) Dois cooperados planejaram para melhorar a qualidade de vida;
e) Planejou porque procurou técnico especializado para se informar;
f) Para não perder o rumo e ficar sem orientação;
g) Para ter visão de futuro;
h) Passou seis meses pesquisando sobre produção orgânica e viu que pode ser mais
vantajoso que a fumicultura;
i) Para ter organização;
j) Resolveu tentar e mudar.
Perceberam-se diferentes visões para planejamento. Kotler (1980) afirma que o
“planejamento estratégico é uma metodologia gerencial que permite estabelecer a direção a ser
seguida pela organização, visando maior grau de interação com o ambiente”.
Neste sentido, uma cooperativa possibilita a participação ativa dos membros e o
planejamento estratégico é feito por todos (BIALOSKORSKI NETO, 2000).
Considerações Finais
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343
1
Universidade Federal de Santa Maria campus Palmeira das Missões – RS, luiz.mtg@hotmail.com
2
Universidade Federal de Santa Maria campus Palmeira das Missões – RS, flavia.ilgenfritz@gnail.com
Resumo. Neste artigo, foi discutida a importância social da agricultura familiar no território brasileiro. O
objetivo foi identificar a relevância da agricultura familiar no âmbito social e para isso considerou-se a teoria
social e a sociologia rural como objetos para compreender-se a significância social dos agricultores familiares
para o país. Além disso, foi apresentada a influência das políticas públicas para a agricultura familiar,
especificadamente o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – PRONAF, criado no ano
de 1996 com a intenção de fortalecer a produtividade e facilitar o acesso ao crédito para os agricultores
familiares. Inicialmente o método utilizado foi uma pesquisa bibliográfica para compreensão do assunto e
posteriormente, através do uso de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi possível
realizar as análises de produção da agricultura familiar, caracterizada conforme a Lei 11.326 de 2006 e a
agricultura não familiar, e desta forma identificou-se a importância da agricultura familiar para o país.
Palavras-chave: Análise. Importância social. Agricultura familiar.
Introdução
As discussões referentes à agricultura familiar estão cada vez mais inseridas no meio
acadêmico. A partir de uma pesquisa bibliográfica, realizou-se um estudo sobre a importância
social da agricultura familiar no território brasileiro através da Teoria Social, interligando-o
com a Sociologia Rural, além da explanação sobre a importância das políticas públicas e dos
incentivos do governo à agricultura familiar.
O objetivo geral do estudo foi compreender a importância social da agricultura
familiar no território brasileiro. Desta maneira, a justificativa para a realização deste estudo é
a busca pela compreensão de que o trabalho exercido por agricultores familiares é
socialmente significativo e colabora para que ocorra o desenvolvimento rural no país.
O presente estudo foi dividido em seis capítulos. O primeiro apresenta a introdução.
Na sequência, discute-se a agricultura familiar na Teoria Social e na Sociologia Rural. O
terceiro capítulo refere-se ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
(PRONAF). No quarto capítulo foi exposta a metodologia, e posteriormente, analisa-se a
agricultura familiar no território brasileiro. Por fim, no sexto capítulo, as considerações finais
do estudo e na sequência as referências.
As discussões sobre agricultura familiar não estão restritas apenas no meio acadêmico,
mas também no âmbito social, político e econômico do país. De acordo com Schneider
(2003), se for realizado um comparativo do Brasil com outros países desenvolvidos, em
relação aos estudos sobre o tema da agricultura familiar, o assunto surgiu por volta da década
de 1990 no contexto histórico da nação brasileira em um período marcado tanto pelo impacto
social, quanto político de significância no meio rural. Para facilitar a compreensão do impacto
social e político, precisam-se entender os desafios que eram enfrentados pelo sindicalismo
rural na época em que iniciaram as discussões da agricultura familiar.
Problemas como falta de crédito agrícola, reduções dos preços nos produtos agrícolas
que eram exportados, além de impactos da abertura comercial, foram cruciais para que a
agricultura familiar fosse vista como um segmento capaz de oferecer apoio para diferentes
categorias sociais. (SCHNEIDER, 2003). Com o passar do tempo, a agricultura familiar foi
conquistando seu espaço social e político dentro do país, principalmente a partir de 1996
quando foi criado o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – Pronaf.
O Brasil é conhecido mundialmente como um dos principais produtores e
exportadores de alimentos, porém na maioria das vezes são vistas apenas as grandes
indústrias, devido o uso da inovação e de tecnologias que são utilizadas no meio rural, o que
de certa forma acaba diminuindo a significância dos pequenos produtores.
Martins (2001) critica fortemente a modernização que foi imposta no campo em
dimensão mundial nos anos 70, para buscar o desenvolvimento econômico, pois com as
tecnologias acarretou-se um contradesenvolvimento social que resultou em diversas formas de
miséria que antes eram desconhecidas. Em análise geral pode-se entender que as tecnologias
foram direcionadas para aqueles que detinham o capital para adquiri-las e os menos
favorecidos praticamente perderam seu espaço.
No Brasil, em relação à inovação na agricultura, Martins (2001) explica que muito
pesquisadores e cientistas sociais que estudavam a fronteira econômica nas proximidades da
região amazônica, entre as décadas de 1980 e 1990, presenciaram e definiram como uma
afronta à sociologia rural, a inclusão da modernização técnica e econômica do Brasil.
Assim, percebe-se que a discussão de incluir a tecnologia na agricultura nas décadas
de 1980 e 1990 não foi vista inicialmente como um problema, mas pelo contrário, como uma
possível ameaça às riquezas naturais da região amazônica, onde cientistas realizavam seus
estudos. Em razão deste fato, a inovação agrícola passou a ser visualizada de outra forma e
não apenas como instrumento para maximizar a produção por exemplo.
Ao analisar a sociologia rural com o intuito de interligá-la com a agricultura familiar,
Schneider (2003, p. 108) explica que: “Apesar da multiplicidade de enfoques, há consenso
entre os autores ligados a essa área da sociologia de que a agricultura familiar encerra uma
diversidade de situações e possui múltiplas estratégias de reprodução social”.
Uma das formas de reprodução social da agricultura familiar apresentada por
Schneider (2003) está relacionada à pluriatividade que além de tratar-se de uma forma de
reprodução social também pode ser considerada como uma estratégia econômica das famílias
rurais. Ao analisar o termo, entende-se que a pluriatividade pode ser caracterizada como um
fenômeno social e econômico onde as famílias habitantes do meio rural, buscam a realização
de diferentes atividades, mas mantendo a moradia no campo e a ligação com o meio rural.
Para Schneider (2003), a família pode ser compreendida como um grupo social que
divide o mesmo espaço, podendo ter ligação de sangue ou não e, na família tem-se o objetivo
da inserção produtiva e moral de seus integrantes através de estratégias que buscam a garantia
de reprodução social.
4 Metodologia
6 Considerações finais
Com o desenvolvimento deste estudo, através das análises realizadas a partir dos
dados do Censo Agropecuário de 2006, aplicado pelo IBGE (2006), confirmou-se a
importância social da agricultura familiar e a influência das políticas públicas voltadas para a
agricultura, principalmente a partir das considerações feitas em relação ao Programa Nacional
de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF).
Com a análise das informações, em relação à utilização de terras e nos
estabelecimentos e área da agricultura familiar e não familiar no Brasil, percebeu-se que há
diferenças significativas se forem comparadas as produtividades de alguns segmentos.
De acordo com a produtividade vegetal (Arroz em casca, feijão-preto, feijão de cor,
feijão fradinho, caupi de corda, mandioca, milho em grão, soja, trigo, café arábica em grão
(verde) e café canephora em grão (verde)), se considerarmos que em todos os segmentos o
número de estabelecimentos familiares é maior que os estabelecimentos não familiares, pode-
se ver a importância da agricultura familiar na sociedade, além de que, dos dez produtos, em
cinco deles a agricultura familiar tem a maior do valor da produção, ficando atrás da
agricultura não familiar na produção de arroz em casca, milho em grão, soja, trigo e café
arábica em grão (verde).
Ao analisar de modo geral, a agricultura familiar pode não ser tão representativa no
âmbito social, porém através das considerações levantadas no estudo, pode-se considerar que
através dela, muitos tiram o seu próprio sustento, tendo a produtividade familiar como meio
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Acesso em 06/12/2016.
Resumo. As discussões sobre a Segurança Alimentar tornaram-se importantes para o desenvolvimento das nações
como também para assegurar às populações o direto a uma alimentação saudável, e consequentemente, uma melhor
qualidade de vida. No Brasil, devido aos grandes problemas referentes à miséria, começou-se a elaborar políticas
públicas que tem como objetivo superar a fome, a pobreza e assegurar os direitos humanos. O presente artigo
buscou analisar a situação atual da segurança alimentar no Brasil, por meio das políticas públicas e dos planos do
governo criados para combater a fome e a desnutrição no país. Para tanto, realizou-se uma pesquisa descritiva,
com dados secundários obtidos na Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO), em que se
analisaram cinco indicadores que influenciam na segurança alimentar brasileira. Os principais resultados da
pesquisa indicaram que nos últimos anos ocorreu uma alta nos preços dos alimentos, deixando a população em
vulnerabilidade com difícil acesso aos alimentos. A variabilidade do fornecimento dos alimentos teve uma queda,
mostrando que o Brasil está fornecendo mais alimentos à população, um dos fatores dessa diminuição pode ser o
aumento da produção de alimentos. Com a implementação de políticas públicas, planos e a transferência de renda
para as famílias em vulnerabilidade, os índices de subalimentação e subnutrição apresentaram queda,
demonstrando que a quantidade que um indivíduo consome de calorias insuficientes para manter energia para vida
ativa e saudável diminuiu, assim como, a incapacidade de adquirir alimentos suficientes para o dia por indivíduo.
1 Introdução
O bem mais estimado em todo o mundo é a vida humana, e o direito de tê-la deve ser
garantido em todas as suas formas, isto é claro, dentro dos padrões de cada país. Portanto, cada
indivíduo precisa ter acesso a uma alimentação de boa qualidade, não apenas para sua
sobrevivência, mas principalmente para possibilitar uma vida saudável e digna.
A Organização das Nações Unidas (ONU), devido à crise de produção que o mundo
vivenciou após a Segunda Guerra, deu início às discussões no intuito de minimizar a fome no
Porto Alegre - RS, 26 e 27 de outubro de 2017
351
mundo, dando importância ao tema de Segurança Alimentar e Nutricional, uma vez que,
articulava que todos os indivíduos têm o direto a alimentação, e que esta tem que ser de boa
qualidade.
No que diz respeito à qualidade, cabe aos órgãos responsáveis vistoriar a produção dos
alimentos. Na literatura internacional, essa temática aparece discutida através da expressão
Food Safety, que traz o contexto da discussão da segurança do próprio alimento. Diante disso,
o presente artigo buscou analisar a situação atual de Segurança Alimentar e Nutricional (SAN)
no Brasil, por meio das políticas públicas e dos planos do governo criados para combater a
fome e a desnutrição no país, assegurando a qualidade dos alimentos na produção.
Os procedimentos metodológicos adotados no presente artigo explicitam uma pesquisa
descritiva, que contou com dados secundários, obtidos na Food and Agriculture Organization
of the United Nations (FAO). Esses apresentam um panorama de alguns indicadores que
influenciam na segurança alimentar no Brasil e contemplam informações sobre: a prevalência
de subalimentação; o número de pessoas subnutridas (milhões); o valor médio da produção de
alimentos (I$ constante por pessoa), que é uma média feita de 3 em 3 anos entre o período de
1989 a 2015. Além disso, tem-se a variabilidade do fornecimento de alimentos per capita
(kcal/pessoa/dia) e o índice nacional de preços dos alimentos no período de 1990 a 2015.
A segurança alimentar e nutricional merece destaque, pois é influenciadora no
desenvolvimento dos países, e é importante para entender os efeitos e desafios das variáveis
que a constituem. Além da introdução, este artigo constitui-se com algumas considerações
sobre segurança alimentar na perspectiva internacional e brasileira, assim como, as políticas e
programas de incentivo oferecidos pelo Governo Federal. Tem-se ainda, uma análise da
situação atual do Brasil, com base em dados da FAO, e por fim, as considerações finais.
O Brasil, atualmente, conta com uma população com mais de 207 milhões de habitantes,
sendo que para assegurar alimentação, saúde, educação, entre outros fatores importantes para o
desenvolvimento humano, precisou no decorrer dos últimos anos implementar políticas
públicas (IBGE, 2017). Por meio de dados secundários obtidos na FAO, serão apresentados
neste tópico alguns indicadores que influenciam na situação atual da segurança alimentar do
Brasil.
Observa-se que o índice nacional de preços dos alimentos é uma medida da variação
mensal nos preços de uma cesta de produtos alimentares. Conforme mostra a Figura 1, durante
os anos de 2003 a 2006 teve uma queda, passando de 2,4 para 2,2. Porém, do ano de 2007 em
diante, o índice aumentou constantemente. Desta forma, pode-se perceber uma variação mensal
dos preços dos produtos alimentícios, que causam impactos (perturbações) nas refeições dos
indivíduos.
Figura 1 – Índice nacional de preços dos alimentos
Para Triches (2015), a nova formação do Estado, por meio de políticas públicas, como
a de Segurança Alimentar e Nutricional, pretendia melhorar as condições nutricionais da
população, trazer alimentos de qualidade, proporcionar melhores hábitos alimentares, além de
gerar inclusão dos pequenos produtores.
A segurança alimentar no Brasil, quando analisada por meio desses indicadores, obteve
melhoras consideráveis. Nota-se a diminuição na subalimentação e subnutrição, mas tem-se o
aumento dos preços dos alimentos, porém existem políticas para a sua estabilização no futuro.
Assim, percebe-se que o PLANSAN, juntamente, com as políticas públicas está melhorando a
segurança alimentar no Brasil e alcançando o direito humano à alimentação adequada.
4 Considerações Finais
Referências
AMARAL, Volmir Ribeiro do; BASSO, David. Segurança Alimentar e Nutricional no Brasil: uma análise em
perspectiva histórica. COLÓQUIO, v. 13, n. 1, p. 181-200, 2016.
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jul. 2017.
_____ The State of Food and Agriculture. Disponível em: <http://www.fao.org/home/en/>. Acesso em: 12 jun.
2017.
Resumo. Assim como o desenvolvimento de uma determinada região está ligado à influência de sua própria
história, a escolha apropriada de bens que serão produzidos e a busca por mercados, o processo de
desenvolvimento de uma Indicação Geográfica (IG) também está, sendo que é possível perceber um
considerável entrosamento entre uma IG e a promoção cultural e socioeconômica da região delimitada.
Atualmente o Brasil conta com 62 IGs registradas, sendo que os Vales da Uva Goethe é a única no Estado de
Santa Catarina. Diante deste contexto, este estudo tem como objetivo identificar o cenário do desenvolvimento
regional da IG dos Vales da Uva Goethe. A interpretação dos dados coletados aponta para uma evolução positiva
na questão econômica da região, porém tal evolução não é observada de forma tão explícita nas questões de
aspecto social, indicando que para que se tenha uma condição equilibrada de desenvolvimento da região é
preciso trabalhar questões humanas e sociais.
Palavras-chave: Indicação Geográfica; Desenvolvimento; Vales da Uva Goethe.
Introdução
Revisão Teórica
Desenvolvimento
No tempo atual, o termo desenvolvimento pode ser considerado com relação ao nível
de satisfação das necessidades humanas (FURTADO, 1980), pode fazer alusão à acumulação,
dando um sentido de interpretação econômico (FURTADO, 1980; WILLIAMSON, 1988) ou
ainda, um aumento das liberdades reais da população numa determinada região (SEN, 2000).
Para Schumpeter (1982) o desenvolvimento econômico é apenas uma parte de análise
de uma relação muito mais complexa que sofre influência de um todo precedente que também
considera influencias históricas e sociais. Esta análise do fator econômico por meio da renda
per capita, não considera a distribuição de renda e diferenças sociais (FURTADO, 1980),
questões de educação, acesso à saúde ou participação pública (SEN, 2000).
O índice de desenvolvimento humano (IDH) vem como contraponto à renda per
capita, uma vez que ele analisa a sociedade a partir de dados socioeconômicos, abrangendo as
dimensões renda, educação e longevidade (ATLASBRASIL, 2013). O IDH, na visão do
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD (2017) muda o foco do
crescimento econômico para o humano ao considerar a expectativa de crescimento sob a ótica
do ser humano, oportunidades culturais e sociais, questões políticas e capacidades.
Além do IDH para o estudo do desenvolvimento de uma região, outro indicador que
está em consonância com a necessidade de ir além da questão de análise econômica é o índice
de desenvolvimento municipal sustentável (IDSM), uma vez que este se compromete a
analisar o desenvolvimento territorial a partir das dimensões sociocultural, ambiental,
econômica e político-institucional (FECAM, 2016).
Portanto, paralelamente ao desenvolvimento econômico, há o desenvolvimento local,
este calcado no aproveitamento dos recursos naturais e sociais existentes e consequentemente
um desenvolvimento não concentrado de emprego no território (LLORENS, 2001).
atores locais, o que faz da IG uma propriedade coletiva da população da região devidamente
delimitada (DALLABRIDA, 2014). Portando, a proteção gerada pelo registro de IG acaba
tendo relação no desenvolvimento local uma vez que a população terá um instrumento que
garanta potenciais investimentos (SILVA; BRITO; DANTAS, 2016).
No Brasil, a IG pode ser dividida em Indicação de Procedência (IP) e Denominação de
Origem (DO) (INPI, 2015), onde atualmente o Brasil conta com 62 IGs registradas, sendo que
os Vales da Uva Goethe são a única IG no Estado de Santa Catarina (INPI, 2017).
O registro de Indicação de Procedência dos Vales da Uva Goethe foi concedido em
2012 para a produção de vinho licoroso, vinho branco demi-sec, seco ou suave, vinho
espumante brut ou demi-sec obtidos pelo método “Champenoise” e pelo método “Charmat”
(VIEIRA, BRUCH & WATANABE, 2012).
A região dos Vales da Uva Goethe, composta pelos municípios de i) Cocal do Sul; ii)
Içara; iii) Morro da Fumaça; iv) Nova Veneza; v) Orleans; vi) Pedras Grandes; vii) Treze de
Maio; viii) Urussanga (VALES DA UVA GOETHE, 2013) leva este nome devido ao cultivo
da uva Goethe, originária dos Estados Unidos (PINNEY, 1989) e introduzida na região de
Urussanga ainda na primeira década do século XX (VELLOSO, 2008).
Na busca pelo fortalecimento da cultura local, há a união entre os vitivinicultores de
uva Goethe e pessoas da região de Urussanga ligadas ao comércio e turismo, contando com o
suporte do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE)
(VELLOSO, 2008), então formando a Associação dos Produtores da Uva e do Vinho Goethe
da Região de Urussanga – ProGoethe em 2005 e, a partir dela, foi feita a busca pelo registro
de Indicação Geográfica dos Vales da Uva Goethe (MAPA, 2014).
De acordo com Vieira e Pellin (2014), após a concessão do registro em 2012 a região
registrou um crescimento em torno de 20% na venda de vinhos Goethe em 30% dos
espumantes. Tal dado corrobora com a afirmação de Maiorki e Dallabrida (2015) de que a IG
no Brasil está num processo de estruturação e expansão e que ela é uma estratégia para região
que traz exclusividade de uso do signo para aqueles que detêm o direito e também inclusiva,
pois outros setores da economia são beneficiados indiretamente.
A proteção assegurada por lei e a questão da diferenciação por sua vez acabam se
relacionando com o desenvolvimento da respectiva região de IG, pois a partir registro a
população passa a ter um ativo que garante possíveis investimentos (SILVA; BRITO;
DANTAS, 2016).
Metodologia
Resultados
A população da região dos Vales da Uva Goethe para 2016, segundo dados do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2017), é de 157.132 habitantes,
representando 2,27% da população do Estado de Santa Catarina.
O total da área territorial da região é de 1.802,85 km2 e a densidade demográfica
registrada foi de 87,16 hab./km2, valor acima das concentrações encontradas no Brasil (24,40)
e Santa Catarina (72,18).
Referente ao PIB per capita, há uma diferença de 155,69% entre o menor valor
auferido, R$ 17.361,28 (Treze de Maio) e o maior R$ R$44.390,93 (Nova Veneza). Ainda
observa-se que cinco (Içara, Orleans, Urussanga, Morro da Fumaça e Cocal do Sul)
apresentam um PIB per capita entre R$ 30.000,00 e R$ 40.000,00 (IBGE, 2017).
A análise do PIB per capita na região nos anos de 2010, 2011, 2012, 2013 e 2014 traz
resultados expressivos que acompanham a curva de tendência. (Tabela 01)
BRASIL 20.371,64 11,67% 22.748,72 9,13% 24.825,15 6,83% 26.521,15 7,46% 28.500,24
SUL
22.646,87 11,54% 25.260,72 9,20% 27.585,88 10,82% 30.569,99 6,93% 32.687,15
(PR -SC-RS)
Santa Catarina 24.597,41 12,03% 27.555,30 9,04% 30.046,38 7,61% 32.334,04 11,51% 36.055,90
Vales da Uva
21.653,11 11,65% 24.175,42 6,00% 25.625,52 18,70% 30.417,81 23,44% 37.546,82
Goethe
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de dados de Contas regionais Brasil e IBGE - Cidades
A partir dos dados apresentados é possível perceber que entre os anos de 2012 – 2013
e 2013 – 2014 a variação do PIB per capita nos Vales da Uva Goethe (18,70% - 23,44%) foi
expressivamente superior às variações nacionais (6,83% - 7,46%), regionais (10,82% -
6,93%) e estaduais (7,61% - 11,51%). No ano 2014 o PIB per capita dos Vales da Uva
Goethe superaram as médias nacional, estadual e da região sul, chegando à R$ 37.546,82.
Dados referentes ao trabalho e renda provenientes de 2015 do IBGE apontam para um
cenário que compreende um total de 6.521 empresas atuantes, empregando um total de 49.737
pessoas assalariadas, com média salarial de 2,3 salários mínimos (IBGE, 2017).
Nos vales da Uva Goethe, em 2015, a proporção de pessoas ocupadas em relação à
população total era de 37,45%, com um total de R$ 1.323.269.000,00 referentes a salários e
outras remunerações na região.
As variações nas estatísticas do cadastro central de empresas entre 2010 – 2015
(Tabela 02) apresentam momentos de retração (2010-2011, 2012-2013, 2013-2014) e
aumento (2011-2012, 2014-2015) do número de empresas atuantes na região dos Vales da
Uva Goethe, bem como do número de unidades locais.
Tabela 2 Variação do trabalho e rendimento nos Vales da Uva Goethe 2010 - 2015
Categoria 2010 variação 2011 variação 2012 variação 2013 variação 2014 variação 2015
Número de
5.933 -1,55% 5.841 11,01% 6.484 -0,82% 6.431 -0,64% 6.390 2,05% 6.521
empresas atuantes
Número de unidades
6.028 -1,48% 5.939 11,20% 6.604 -0,95% 6.541 -0,50% 6.508 2,01% 6.639
locais
Pessoal ocupado
45.353 6,10% 48.119 3,56% 49.831 6,77% 53.205 -3,33% 51.433 -3,30% 49.737
assalariado
Pessoal ocupado
52.415 6,30% 55.716 4,07% 57.984 5,72% 61.299 -2,59% 59.713 -2,43% 58.264
total
Salário médio
mensal (salário 2,25 4,44% 2,35 -4,26% 2,25 -0,89% 2,23 2,58% 2,29 0,55% 2,30
Mínimo)
Salários e outras
remunerações 705,883 17,78% 831,368 15,32% 958,771 14,58% 1.098,581 10,43% 1.213,214 9,07% 1.323,269
(MIL R$)
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de dados do IBGE – Cidades
Ainda, as oito cidades apresentam índice “alto” para renda. Seis municipalidades
tiveram sua educação classificada com nível “médio”, sendo que Cocal do Sul e Nova Veneza
obtiveram a classificação “alto”.
Considerando os quatro eixos – Sociocultural, Econômico, Ambiental e Político-
Insitucional, a Federação Catarinense de Municípios (FECAM) apresenta o Índice de
Desenvolvimento Sustentável (IDMS) que abrange as faixas i) baixo; ii) médio baixo; iii)
médio; iv) médio alto; vii) alto. Enquanto no ano de 2016 o Estado de Santa Catarina
apresentou um IDMS de nível “médio baixo”, seis municípios (Içara, Cocal do Sul, Morro da
Fumaça, Nova Veneza, Orleans e Urussanga) obtiveram o nível “médio”. Tabela 04.
Pedras Grandes
Santa Catarina
Treze de Maio
Nova Veneza
Cocal do Sul
Urussanga
Dimensões
Orleans
Içara
Sociocultural 0,721 0,757 0,794 0,750 0,791 0,760 0,714 0,704 0,726
Educação 0,759 0,856 0,807 0,814 0,831 0,783 0,777 0,736 0,804
Saúde 0,707 0,696 0,786 0,742 0,711 0,729 0,651 0,715 0,599
Cultura 0,470 0,325 0,618 0,295 0,743 0,574 0,407 0,264 0,612
Habitação 0,854 0,958 0,935 0,940 0,937 0,955 0,953 0,961 0,934
Econômica 0,559 0,658 0,580 0,591 0,608 0,603 0,543 0,517 0,595
Ambiental 0,480 0,754 0,503 0,487 0,696 0,695 0,432 0,329 0,758
Político Institucional 0,669 0,692 0,661 0,679 0,648 0,633 0,664 0,688 0,661
Finanças Públicas 0,703 0,669 0,673 0,624 0,616 0,652 0,795 0,728 0,647
Gestão Pública 0,764 0,878 0,787 0,853 0,743 0,733 0,568 0,740 0,841
Participação Social 0,529 0,538 0,520 0,579 0,594 0,506 0,586 0,581 0,499
IDMS 0,608 0,715 0,634 0,627 0,686 0,673 0,588 0,559 0,685
Faixas de desenvolvimento municipal sustentável
Baixo Médio Baixo Médio Médio Alto Alto
0,000 a 0,499 0,500 a 0,624 0,625 a 0,749 0,750 a 0,874 0,875 a 1,000
Fonte: Elaborado pelo autor a partir de dados da FECAM (2017)
A dimensão sociocultural dos Vales da Uva Goethe varia entre os níveis “médio” e
“médio alto”. Enquanto a dimensão econômica é predominantemente de nível “médio baixo”
Porto Alegre - RS, 26 e 27 de outubro de 2017
363
Tabela 5 Variação do IDMS dos municípios dos Vales da Uva Goethe -2012, 2014, 2016
IDMS
Municípios
2012 2014 2016
Cocal do Sul 0,676 0,708 0,715
Içara 0,587 0,622 0,634
Morro da Fumaça 0,563 0,661 0,627
Nova Veneza 0,607 0,661 0,686
Orleans 0,675 0,704 0,673
Pedras Grandes 0,603 0,619 0,588
Treze de Maio 0,523 0,570 0,559
Urussanga 0,619 0,643 0,685
Santa Catarina 0,582 0,610 0,608
Fonte: Elaborado pelo autor a partir de dados da FECAM (2017)
Considerações Finais
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1
Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Socioeconômico - UNESC - igor.olsson@hotmail.com
2
Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Socioeconômico - UNESC - melissawatanabe@unesc.net
3
Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Socioeconômico - UNESC - parodi@unesc.net
4
Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Socioeconômico - UNESC - miguelangelo@unesc.net
Resumo. O uso e mudança do uso da terra e suas mudanças têm sua base no entendimento da destinação dada a
cobertura vegetal e nos impactos resultantes. A cobertura vegetal pode ser composta por vegetação natural ou
plantada e tem impacto direto na tomada de decisão deste uso e nos resultados obtidos. Quando considerado o
potencial econômico das atividades aplicadas, a mudança do uso da terra sofre impacto direto das características
socioeconômicas e culturais regionais e, portanto, tem no seu estudo possibilidades para identificação do processo
de tomada de decisão para destinação das áreas. Para identificação do processo descrito, foram analisados o uso e
as mudanças de uso da terra das áreas destinadas ao cultivo agrícola permanente e temporário nos municípios da
região sul do Brasil. A abordagem metodológica é quantitativa com objetivos descritivos e emprega o Índice de
Diversificação Agrícola (IDA) para a análise de séries históricas no período de 1990 a 2015. Os resultados apontam
uma distribuição espacial das áreas agrícolas a qual permite observar o processo de especialização em área de
expansão nas culturas de arroz, milho, soja e fumo e impacta diretamente na diversificação agrícola de regiões
como o oeste do Rio Grande do Sul e do Paraná. Essa especialização está ligada às características biofísicas
regionais e ao incremento tecnológico, que determinam às tomadas de decisão para a atividade agrícola.
Palavras-chave: Agricultura, Área Agrícola, Tomada de Decisão, Impacto Socioeconômico.
Introdução
dependente das condições climáticas e ambientais para o desenvolvimento dos cultivares e tem
definido no clima suas capacidades produtivas regionais (SALA et al., 2000; PATZ et al., 2005;
ROUNSEVELL et al., 2005; BRADFORD et al., 2006).
Ramankutty et al. (2002) afirmam que, associadas às questões climáticas, as
características do solo e disponibilidade hídrica impactam diretamente na atividade agrícola,
visto que a qualidade do solo pode definir a viabilidade da produção, bem como a
disponibilidade de água para irrigação.
Destaca-se a importância da pesquisa, tecnologia e inovação para a diminuição dos
impactos negativos e a gestão eficiente dos recursos (LÖSCHEL, 2002). Logo, para Freeman
(1989), a inovação é base para a contínua expansão da atividade agrícola, associando-se
tecnologia como forma de mitigação das externalidades negativas e aumento da produção
agrícola.
A partir dessas considerações, o presente estudo busca identificar o processo de
organização espacial das lavouras temporárias e permanentes, com a utilização do Índice de
Diversificação Agrícola (IDA), no período de 1990 a 2015. O processo de determinação do
IDA permite identificar a realocação de áreas para cultivares, bem como sua relevância espacial
para os municípios e suas adequações às características socioeconômica e biofísicas.
Metodologia
O Índice de Diversificação Agrícola (IDA) é calculado para cada município (i), sendo
um índice que tem como base a razão entre a fração relativa de determinada cultura e a média
das frações de todas as culturas (LEFF; RAMANKUTTY; FOLEY, 2004). Conforme equação
1:
n
Fi,k
IDA = ∑ [min ( Mi , 1.0)] (1)
k=1
Onde:
i = município analisado;
n = número de produtos agrícolas produzidos no município;
Fi, k = fração relativa para cada produto agrícolas produzidos no município (k); e
Mi = fração média agrícolas produzidos no município. E conforme equação 2:
Ni
1
Mi = ∑ Fi, k (2)
Ni
k=1
Tal que, Ni = número de lavouras diferentes no município. E, por fim, a somatória das
frações relativas para cada produto agrícolas produzidos no município:
Ni
∑ Fi, k (3)
k=1
As áreas destinadas ao cultivo de cana-de-açúcar (Figura 3), assim como para o milho
(Figura 2), sofreram mudanças no período analisado. Apresentando áreas utilizadas para o
cultivo distribuídas por todo o norte do estado do Paraná, em 1990, era visível o foco de
produção tendendo para a região nordeste do estado. Quando observado o ano de 2015,
visualiza-se expansão da área de produção por toda a região norte, predominantemente nas
cidades que já demonstravam pequenas áreas destinadas para esse cultivo em 1990.
É importante ressaltar que esse anseio pela expansão das áreas pode comprometer áreas
agricultáveis e desgastar sua capacidade produtiva. Para a Organização das Nações Unidas para
Alimentação e Agricultura (FAO, 2017), o manejo adequado da terra está relacionado com o
planejamento das atividades e ações de modo a manter a qualidade das áreas produtivas e
proteger os recursos, tais quais, recursos hídricos e o solo.
O mercado como estimulador para a expansão das áreas, conforme apontado
anteriormente, pode também ser responsável pela manutenção produtiva das áreas. Segundo
Halloran e Archer (2008), a exigência de certificações poderia impactar significantemente
naqueles que trabalham de modo insustentável nas suas áreas produtivas.
Seguindo estímulo de mercado, a distribuição da produção de soja se destoa das demais
produções analisadas, além de manter sua presença regional no período analisado, aumentou
sua área de produção, principalmente, na região centro-sul do Rio Grande do Sul e central do
Paraná.
Essa expansão da área produtiva pode ser caracterizada pela limitação tecnológica ou
pela ineficiência econômica do aumento de incremento tecnológico nas áreas produtivas
iniciais. O retorno para investimento aplicado na atividade agrícola está diretamente
relacionado com a produtividade das áreas e, portanto, com o nível tecnológico aplicado à
produção. Segundo Boserup (2008), a expansão pode ser derivada da inabilidade ou
impossibilidade de aplicação de manejo e insumos com maior nível tecnológico.
Resultados
Agradecimentos
Referências
BOSERUP, E. The Conditions of Agricultural Growth: The Economics of Agrarian Change under
Population Pressure. 3 ed. New Brunswick: Transaction Publishers, 2008. 124 p.
BRADFORD, J. B., et al. The influence of climate, soils, weather, and land use on primary production and
biomass seasonality in the US Great Plains. Ecosystems, New York, v. 9, n. 6, p. 934-950, 2006.
FAO. Our Strategic objetives: Make agriculture, forestry, and fisheries more productive and sustainable.
Disponível em: <http://www.fao.org/about/what-we-do/so2/en/>. Acesso em: 01 ago. 2017.
FREEMAN, C. The economics of industrial innovation. Cambridge: The MIT Press, 1989.
HALLORAN, J. M.; ARCHER, D. W. External economic drivers and US agricultural production systems.
Renewable Agriculture and Food Systems, Cambridge, v. 23, n. 4, p.296-303, 2008.
IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Sidra/Produção Agrícola Municipal.
2016. Disponível em: Acesso em: 20 jul. 2017.
LAMBIN, E. F. et al. The causes of land-use and land-cover change: moving beyond the myths. Global
Environmental Change, Inglaterra, v. 11, n. 4, p. 261-269, 2001.
LAMBIN, E. F.; GEIST, H. J.; LEPERS, E. Dynamics of land-use and land-cover change in tropical regions.
Annual Review of Environment and Resources, Califórnia, v. 28, p. 205-241, 2003.
LEFF, B.; RAMANKUTTY, N.; FOLEY, J. A. Geographic distribution of major crops across the world. Global
Biogeochemical Cycles, Washington, v. 18, n. 1, p. GB1009, 2004.
LEPERS, E. et al. A synthesis of information on rapid land-cover change for the period 1981-2000.
BioScience, Washington, v. 55, n. 2, p. 115-124, 2005.
LÖSCHEL, A. Technological change in economic models of environmental policy: a survey. Ecological
Economics, Amsterdam, v. 43, n. 2-3, p. 105-126, 2002.
PATZ, J. A. et al. Impact of regional climate change on human health. Nature, London, v. 438, n. 7066, p. 310-
317, 2005.
RAMANKUTTY, N. et al. Challenges to estimating carbon emissions from tropical deforestation. Global
Change Biology, Oxford, v. 13, n. 1, p. 51-66, 2007.
RAMANKUTTY, N. et al. The global distribution of cultivable lands: current patterns and sensitivity to
possible climate change. Global Ecology and Biogeography, Oxford, v. 11, n.5, p. 377-392, 2002.
ROUNSEVELL, M. D. A. et al. Future scenarios of European agricultural land use: II. projecting changes
in cropland and grassland. Agriculture, Ecosystems and Environment, Amsterdam, v. 107, n. 2-3, p. 117-135,
2005.
1
PPGA, Universidade Federal do Pampa, fidorneles@gmail.com
2
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Resumo. O enoturismo assim como o turismo rural, apresenta papeis fundamentais no desenvolvimento social e
econômico e na proteção do território. Neste sentido, o presente artigo possui como objetivo abordar o enoturismo
e sua relação com o desenvolvimento territorial sustentável. Este ensaio teórico, caracteriza-se como uma pesquisa
qualitativa e descritiva através da pesquisa bibliográfica. A partir da presente pesquisa bibliográfica pode-se
perceber que o enoturismo possui características e peculiaridades capazes de o “definir” como estratégia potencial
de desenvolvimento territorial sustentável.
Palavras-chave: Desenvolvimento Territorial, Enoturismo, Sustentabilidade.
Wine tourism and sustainable territorial development the case of the valley
of the vineyards
Abstract. Wine tourism as well as rural tourism have fundamental roles in social and economic development and
in the protection of the territory. In this sense the present article aims to address wine tourism and its relationship
with sustainable territorial development. This theoretical essay is characterized as a qualitative and descriptive
research through bibliographic research. From the present bibliographical research one can see that the wine
tourism has characteristics and peculiarities able to "define" it as a potential strategy of sustainable territorial
development.
Keywords: Territorial Development, Wine Tourism, Sustainability.
Introdução
abordado em esferas indo do micro ao macro, dando espaço à noção de desenvolvimento local,
onde a identidade e as características de cada território passam a ser um ativo capaz de estimular
seu próprio desenvolvimento, como afirma Azevedo (2003). Todavia, as autoras ressaltam que,
embora os conceitos de território e sustentabilidade sejam temas amplamente debatidos nos
últimos vinte anos, sua integração não é algo evidente, sendo difícil encontrar definições e
conceituações amplamente aceitáveis.
De acordo com a LEADER - experiência de desenvolvimento local em meio rural que
surgiu na Europa em 1992 – a abordagem territorial prevê o desenvolvimento a partir das
realidades, forças e fraquezas específicas de uma determinada zona com certa homogeneidade
e caracterizada pela sua coesão interna, entidade partilhada e presença de recursos endógenos
(FERREIRA, 2009). Assim, o território é definido como “uma representação coletiva, baseada
na integração das dimensões geográficas, econômicas, sociais, culturais, políticas, etc.”
(AIELD, 2001). Corroborando com esta ideia, Favareto (2007) argumenta que a questão
territorial deve ser abordada em suas diferentes dimensões: política (em se tratando de espaço-
poder), cultural (território vivido, como apropriação) econômica (dimensão espacial das
trocas), e natural (comportamento natural do homem e ambiente físico).
Anjos (2014) salienta que a abordagem territorial do desenvolvimento envolve a
necessária transição do enfoque setorial para o enfoque espacial, sendo necessário buscar a
conciliação de distintos atores e interesses, de modo que o desenvolvimento territorial não pode
ser visto como a reiteração de iniciativas ligadas a criação ou fortalecimento de cadeias
produtivas, mas sim, de cadeias de valor, como no caso de indicações geográficas, que não
envolvem apenas a valorização de um produto, mas de uma “cesta” de produtos e serviços que
articulam em torno de si uma série de atores e segmentos como o turismo, serviço, hotelaria,
entre outros.
Entre as atividades que vêm sendo implantadas e/ou estimuladas como estratégias de
desenvolvimento territorial, Vieira e Pellin (2014) destacam a vitivinicultura. Os arranjos
produtivos locais (APLs) vitivinícolas além de responsáveis pelas características produtivas dos
chamados territórios do vinho, estão também atrelados aos aspectos culturais e institucionais
do ambiente local.
A partir desta perspectiva, de olhares voltados aos territórios e seu desenvolvimento, e
frente a expansão dos APL’s vitivinícolas do Novo Mundo, territórios como o Vale dos
Vinhedos passam a despertar, cada vez mais, o interesse de empreendedores e pesquisadores.
Neste sentido, buscando compreender parte da complexidade do processo de desenvolvimento
territorial do Vale dos Vinhedos - região de maior produção de vinhos do Brasil, localizado na
Serra do Rio Grande do Sul, o presente artigo se propôs a retratar a situação do território nos
anos de 2000 e 2010 e as possíveis contribuições e impactos do enoturismo para este cenário.
Metodologia
COREDE Serra Gaúcha. No que tange a dimensão social no ano de 2000, as variáveis
mortalidade infantil, IDHM longevidade e IDHM educação foram as que se encontraram mais
próximas dos melhores valores do COREDE da região, enquanto a taxa de jovens entre 18 e 20
anos com ensino médio completo e a porcentagem de vulneráveis à pobreza estiveram mais
distantes dos melhores valores. O mesmo se repetiu no ano de 2010, como mostra a tabela 1.
Tabela 1 – Indicadores sociais dos municípios pertencentes ao Vale dos Vinhedos, RS, nos
anos de 2000 e 2010.
Mortalidade IDHM IDHM % de 18 a 20 % de vulneráveis
infantil (%) Longevidade Educação anos com à pobreza
Municípios médio
completo
2000 2010 2000 2010 2000 2010 2000 2010 2000 2010
Bento Gonçalves 13,9 12,1 0,833 0,842 0,569 0,695 39,17 49,36 14,09 5,26
Garibaldi 15,1 11 0,82 0,856 0,579 0,688 44,56 50,16 13,31 4,06
Monte Belo do
13,3 11,3 0,84 0,852 0,432 0,663 32,46 65,13 23,64 7,39
Sul
Fonte: Autores (2017).
Tabela 2 – Indicadores econômicos dos municípios pertencentes ao Vale dos Vinhedos, RS,
nos anos de 2000 e 2010.
Índice de Gini IDHM Renda Renda Per capita (R$)
Municípios
2000 2010 2000 2010 2000 2010
Bento Gonçalves 0,47 0,44 0,762 0,805 981,21 1196,56
Garibaldi 0,48 0,51 0,76 0,825 907,45 1355,37
Monte Belo do Sul 0,39 0,33 0,685 0,752 569,45 861,81
Fonte: Autores (2017).
Tabela 3 - Indicadores ambientais dos municípios pertencentes ao Vale dos Vinhedos, RS, nos
anos de 2000 e 2010.
% domicílios % domicílios com % domicílios % domicílios com água e
com água banheiro e água coleta de lixo esgotamento sanitário
Municípios
encanada encanada inadequados
2000 2010 2000 2010 2000 2010 2000 2010
Bento Gonçalves 98,56 97,34 97,18 99,27 98,62 99,88 0,24 0,19
Garibaldi 97,44 91,51 97,53 99,88 96,59 99,32 0,17 --
Monte Belo do
98,47
Sul 96,00 94,92 99,42 86,67 96,43 2,39 0,27
Fonte: Autores (2017).
Tabela 4 - Indicadores demográficos dos municípios pertencentes ao Vale dos Vinhedos, RS,
nos anos de 2000 e 2010
Taxa de Urbanização Taxa de Razão PM/F**
Municípios Envelhecimento Razão PR/U***
2000 2010 2000 2010 2000 2010 2000 2010
Bento
0,89434449 0,923479185 6,38 8,42 0,974489576 0,963611736 0,118137375 0,08286144
Gonçalves
Garibaldi 0,867611489 0,886669491 7,12 9,26 0,991420185 0,984031549 0,152589624 0,127815957
Monte
Belo do 0,215625 0,288389513 12,22 16,55 1,023893183 1,01509434 0,274900398 0,405263158
Sul
Fonte: Autores (2017).
Considerações Finais
Através da reflexão realizada no presente artigo foi possível iniciar uma discussão
quanto ao desenvolvimento territorial sustentável e como o enoturismo pode contribuir ou não
para o fomento desse processo. Ao descrever o surgimento do debate acerca da sustentabilidade
e da abordagem territorial do desenvolvimento evidencia-se que, embora tal discussão venha
ocorrendo com maior intensidade na última década, este é um tema de grande complexidade
que, além de envolver diferentes dimensões (ambiental, social, econômica, institucional e
cultural), envolve também as especificidades de cada território. Dessa forma, ao posicionar-se
sobre o processo de desenvolvimento territorial sustentável de determinado território é
necessário ter cuidado para que as conclusões e ideias não sejam generalizadas para realidades
e práticas distintas.
Em relação ao enoturismo, este também se evidencia como uma atividade complexa,
que alia a produção vitícola, característica de regiões agrícolas, o setor vinícola e sua rede de
atores, bem como o cluster do turismo, sendo importante reconhecer as singularidades dessa
prática. Assim, no decorrer da presente pesquisa pode-se perceber que, em determinados
territórios, o enoturismo possui características e peculiaridades capazes de o “definir” como
estratégia potencial de desenvolvimento territorial sustentável.
No caso do Vale dos Vinhedos, os resultados observados demonstram que embora
tenha-se acompanhado um processo de expansão da vitivinicultura da região - com a
consolidação do território como referência de enoturismo, a conquista das indicações
geográficas, a exportação e premiação mundial de seus produtos, entre outros, as dimensões
que garantem um desenvolvimento sustentável, com ênfase nos fatores endógenos do
território, não diferiram significativamente dos indicadores dos demais municípios da região da
Serra Gaúcha. Tais aspectos podem ser explicados por conflitos que se consolidam em torno
das atividades produtivas locais (vitivinicultura, metalmecânica, transformação), como a
exclusão da população local a partir do processo de especialização produtiva, bem como por
fatores ligados a própria dinâmica territorial e relações político-institucionais. Todavia, deve-
se evidenciar o papel do enoturismo como oportunidade de fortalecimento do setor vitivinícola
através da consolidação de marcas e do território, dinamizando, em certa medida, a economia
local, bem como contribuindo para a reterritorialização e resgate da identidade de atores locais.
1ACTs consiste em uma lista de atividades características do turismo que segue as Recomendações
Internacionais de Estatística de Turismo (RIET).
Referências
1
Mestre em Administração – Universidade de Passo Fundo (PPGAdm/UPF),
E-mail: dfaoro22@hotmail.com
2
Programa de Pós-Graduação em Administração - Universidade de Passo Fundo (PPGAdm/UPF),
E-mail: anapadilha@upf.br
3
Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural (PGDR) e Agronegócios (PPGAgro/CEPAN) –
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS),
E-mail: marcelino.souza@uol.com.br
Resumo. A agricultura familiar é um segmento importante no cenário rural brasileiro, pois responde pela
produção de, aproximadamente, 40% da riqueza gerada no meio rural. A diversificação das atividades para a
agricultura familiar contribui, gerando emprego para os membros da família, bem como incentivando a
cooperação entre os produtores de uma localidade, proporcionando benefícios econômicos, sociais e ambientais
para a região. Neste sentido, o artigo tem como objetivo analisar a estratégia de diversificação dos meios de vida
da propriedade Cantina Bordignon, integrante da Rota das Salamarias de Marau-RS. O estudo possui abordagem
qualitativa, com caráter descritivo e exploratório, bem como um estudo de caso único. Percebeu-se que a família
objeto deste estudo vem diversificando suas atividades ao longo do tempo e, através do acesso e combinações
dos capitais disponíveis especificados por Ellis (2000), também passaram a explorar o turismo no meio rural. A
nova atividade se mostrou uma alternativa viável de diversificação, que contribuiu para adquirir novos
conhecimentos, atrair visitantes e aumentar a renda da família. Assim, constatou-se que o turismo no meio rural
é uma nova fonte de renda e de oportunidade.
Palavras-chave: Agronegócio. Estratégia de Diversificação de Sustento Rural. Turismo no Meio Rural,
Desenvolvimento Rural.
Abstract. Family farming is an important segment in the Brazilian rural scenario, as it accounts for the
production of approximately 40% of the wealth generated in the rural environment. The diversification of
activities for family agriculture contributes, generating jobs for family members, as well as encouraging
cooperation between producers in a locality, providing economic, social and environmental benefits to the
region. In this sense, the article aims to analyze the livelihood diversification strategy of the Cantina Bordignon
estate, part of the Marau-RS Salaried Route. The study has a qualitative, descriptive and exploratory approach,
as well as a single case study. It was noticed that the family object of this study has diversified its activities over
time and, through the access and combinations of available capitals specified by Ellis (2000), also began to
explore tourism in rural areas. The new activity proved to be a viable diversification alternative, which
contributed to acquiring new knowledge, attracting visitors and increasing family income. Thus, it was found
that tourism in rural areas is a new source of income and opportunity
Keywords: Agrobusiness. Rural livelihood diversification strategy. Tourism in the countryside. Rural
Developmente.
1 Introdução
2 Revisão da Literatura
A diversificação dos meios de vida é definida por Ellis (2000, p.15) como “processo
pelo qual o grupo doméstico rural constrói uma crescente diversificação do portfolio de
atividades e ativos para sobreviver ou melhorar seu padrão de vida.”. Para o autor, a
diversificação dos meios de vida contribui para o aumento e estabilidade do nível de renda,
segurança do sustento, redução do impacto da sazonalidade, redução do grau de risco das
fontes individuais.
3 Procedimentos Metodológicos
O capital natural é entendido por Ellis (2000) como a terra, a água e os recursos
biológicos que são utilizados para a criação dos meios de subsistência. O capital natural pode
ser identificado como um recurso ambiental ou, ainda, como “meio ambiente”. A família
Bordignon possui um capital natural correspondente a 40 hectares, os quais são compostos
por lavoura, mata nativa, açudes e sangas. A propriedade também conta com aproveitamento
de água da chuva.
Conforme Ellis (2000), outro capital necessário para a diversificação das atividades é
o capital físico, ou seja, aquele desenvolvido por meio de processos produtivos econômicos.
Assim, para o autor, tal capital compreende as benfeitorias, as máquinas, as ferramentas e a
infraestrutura — como estradas, linhas de abastecimento de energia e suprimento de água. O
capital físico da Família Bordignon é variado, visto que a família possui dois tratores, dois
caminhões, uma ceifa, um pulverizador, uma plantadeira, um guincho, uma sala de ordenha
com resfriador, uma mangueira para as vacas, um galpão para as lenhas, uma estufa de
hortaliças, bem como dois imóveis residenciais.
No que diz respeito à infraestrutura, o entrevistado afirma que:
O capital humano está relacionado com o trabalho que a família rural tem a sua
disposição, sendo influenciado por fatores como educação, habilidade e saúde (ELLIS, 2000).
Para o autor, o investimento em educação e treinamento é apto a incrementar o capital
humano, o qual também pode ser potencializado pelo desenvolvimento de habilidades
oriundas da experiência profissional. O capital humano da família Bordignon é composto
por seus três membros, os quais trabalham nas atividades da propriedade. Nenhum integrante
da família possui ensino superior e acreditam que a capacitação para atuar nos negócios surge
da experiência. Segundo o entrevistado, as habilidades necessárias para desenvolvimento dos
negócios da família são aprendidas na prática, não dependendo apenas dos estudos.
Para Ellis (2000), o capital financeiro diz respeito ao montante em dinheiro ao qual a
família rural tem acesso. Ainda para o autor, tais recursos podem se referir as economias da
família, bem como ao acesso ao crédito na forma de empréstimos. No caso da família
Bordignon, o capital financeiro foi obtido através do trabalho rural na propriedade.
Constatou-se que a família não tem noção do quanto foi investido para dar início ao negócio
turístico, tampouco das origens deste recurso, sendo que o entrevistado referiu apenas que não
dependeram de financiamento. Por fim, ressalta-se que as atividades agropecuárias são a
principal fonte de rendimento da família e que, por este motivo, os principais investimentos
realizados nesta área.
O capital social diz respeito às relações do indivíduo — ou da unidade familiar — na
comunidade em que está inserido compõe o chamado capital social (ELLIS, 2000). Já para
Moser (1998), o capital social é caracterizado pelos vínculos de reciprocidade criados pela
unidade familiar com a comunidade, o qual decorre da confiança oriunda das relações sociais.
Durante a entrevista com o entrevistado da família Bordignon, constatou-se que essa também
possui vínculos com a Rota das Salamarias, Sindicato Rural, Sicredi e com a igreja local. O
entrevistado destaca que além da cooperação para os negócios, tais laços também são
responsáveis pelo lazer da família. Por fim, verificou-se que a família não identificou pontos
negativos acerca deste capital.
Sendo assim, constata-se a partir da análise realizada que o livre acesso aos cinco
capitais identificados por Frank Ellis foi um fator determinante para que a diversificação das
atividades fosse uma opção viável para a família objeto deste estudo. O Quadro 1 sistematiza
todos os capitais disponíveis.
Considerações finais
pesquisadora tenha tentado elucidar tais questões, sua atuação era limitada, pois não poderia
induzir as respostas do entrevistado.
Como possibilidade de estudos futuros, sugere-se um estudo mais aprofundado sobre
o processo de implementação de estratégias de diversificação de todos os integrantes da Rota
das Salamarias.
Agradecimentos
Referências
1
Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Campus Toledo, Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento
Regional e Agronegócio, guilherme.asai@gvmail.br
21
Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Campus Toledo, Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento
Regional e Agronegócio
Resumo.
O presente trabalho tem como objetivo analisar o desenvolvimento rural dos estados brasileiros através do sistema
logístico, em especial, as rodovias. Para isso, propõe-se uma adaptação do Índice de Theil e do Coeficiente de
Associação Geográfica que reflita a desigualdade na composição da malha rodoviária, importante para o
escoamento da produção agroindustrial. Como resultado das análises, há presença de desigualdade na malha
rodoviária do país que ocasiona desníveis de desenvolvimento rural, uma vez que a variante da malha rodoviária
é o principal modal de transporte de cargas que possibilita o escoamento da produção e o crescimento econômico
da área rural, gerando o desenvolvimento.
Palavras-chave: desenvolvimento rural; logística; malha rodoviária; Índice de Theil.
Introdução
A consolidação do Brasil como um dos principais produtores e exportadores de grãos
nos anos 2014 e 2015 tem contribuído para uma balança comercial positiva e para geração
divisas. A geração de divisas é comprovada com variações positivas no PIB do Agronegócio,
medido pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea, 2016),
representando uma média de 20,57% do PIB total do país desde o início da década de 2010. A
produção e exportação de commodities, principalmente do complexo soja, consolida o Brasil
como o segundo maior produtor e o principal exportador mundial de soja. De acordo com dados
do Departamento do Agronegócio (DEAGRO, 2016) da Federação das Indústrias do Estado de
São Paulo (FIESP), foram produzidos mais de 100 milhões de toneladas de soja na safra
2015/2016 e destes, 57 milhões de toneladas foram exportadas.
Com a apresentação de números positivos na agricultura e um cenário de crescimento
econômico favorável, é natural pensar que estes tragam benefícios ao campo, principalmente
voltado ao desenvolvimento rural do país.
Assim, o presente trabalho tem como objetivo abordar o desenvolvimento rural de uma
perspectiva que leve em consideração setor logístico brasileiro. Para isto, o trabalho irá propor
uma adaptação de medidas de desigualdades (Índice de Theil e coeficiente de associação
geográfica), além de se estimar a densidade da malha rodoviária para que possa refletir o
desenvolvimento rural de uma região baseado na extensão malha rodoviária presente nos
estados.
O desenvolvimento rural tem sido tema de estudo de diversos autores como Abramovay
(2000), Veiga (2001), Navarro (2001) e Kageyama (2004). Para estes autores, o
desenvolvimento rural é multidisciplinar e está ligado ao desenvolvimento regional.
Complementando essa ideia, Abramovay (2000) afirma que o processo de
desenvolvimento rural não se limita ao crescimento econômico agrícola, mas também a
ampliação e diversidade o conjunto de atividades e mercados potenciais presentes no meio
rural, onde o principal trunfo para que isto ocorra é, segundo Veiga (2001), a diversidade das
formas de produção agropecuária.
Dentro do contexto de desenvolvimento rural e a criação de infraestrutura, encontra-se
a questão logística. Segundo Ferrão (2000), o sistema logístico deve assegurar políticas de
desenvolvimento regional e ser capaz de articular relações entre o rural e urbano que
possibilitem o desenvolvimento de ambos.
O aumento da produtividade, a diminuição de danos ao meio ambiente e a manutenção
do desenvolvimento do agronegócio são diretrizes para a construção de uma infraestrutura
logística que possibilite o escoamento da produção, principalmente com a consolidação de áreas
de produção e a expansão de regiões de fronteiras como o Matopiba, área compreendida entre
os estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia (VIEIRA FILHO, 2016).
Tendo a logística como setor de escoamento da produção agropecuária, Barat (2009)
indica que a logística remete a necessidade de escoamento de mercadorias destinadas à
exportação, ao abastecimento interno e à segurança alimentar. Já para Caixeta Filho (2006), a
logística no agronegócio é necessária para que ocorra a movimentação de insumos e produtos
para os lugares certos com o menor custo.
Referencial analítico
O Índice de Theil é uma medida de desigualdade baseada na teoria da informação que
utilizada a redundância na sua decomposição e utilizada inicialmente para medir as
desigualdades de renda dentro de um grupo (HOFFMANN, 1998).
O Índice de Theil, em sua forma básica conhecida na literatura como Índice de Theil T,
é dado pela Equação 1.
# % %
T= ln (1)
$ & &
Em que:
µ = renda da enésima pessoa da população.
π ̅= renda média da população.
N = tamanho da população
Para se provocar a redundância do índice, tem-se que:
H = 1 − exp (−L) (2)
O Índice de Theil é bastante difundido no campo da análise regional, sendo que diversos
autores como Barros et al. (2001), Ferreira et al. (2006), Orlowski e Arend (2005), Arend e
Orlowski (2012), Monteiro Neto (2014) e Resende e Magalhães (2013) utilizaram o Índice de
Theil em estudos voltados as influências de renda no desenvolvimento regional.
Dentro da característica que o Índice de Theil apresenta para o desenvolvimento
regional, este trabalho se baseia na adaptação deste índice para a análise do desenvolvimento
rural do Brasil. Assim, o Índice de Theil não refletira a desigualdade de renda como comumente
é utilizado, mas a desigualdade da malha rodoviária presente entre as regiões.
A adaptação do Índice de Theil para a malha rodoviária será composta pela variável de
malha rodoviária (em quilômetros). Assim, o µ é calculado como na Equação 3.
µ = MR 7 (3)
A média, 𝜋, é calculada seguindo a Equação 4.
MR :
µ= N (4)
Em que:
𝑀𝑅? = tamanho da malha rodoviária da região ou estado 𝑖.
𝑀𝑅A = tamanho da malha rodoviária do estado ou país 𝑦.
Assim, o Índice de Theil adaptado a refletir o desenvolvimento rural pela malha
rodoviária, 𝑇DE , é dado pela Equação 5.
FGH FG
TFG = FGI ln FGI H (5)
$ $
Nesse cálculo alguns pressupostos devem ser assumidos: (a) a malha rodoviária irá
transportar a produção agrícola da região; (b) a malha rodoviária inclui estradas de transporte
de cargas, não contabilizando o transporte urbano; (c) quanto maior o 𝑇DE e o 𝐻 , mais
desenvolvida é a região em relação a malha rodoviária.
Paralelamente, irá se calcular o Coeficiente de Associação Geográfica (CAG) que,
segundo Piacenti e Lima (2012), tem o objetivo de investigar se a distribuição espacial de um
setor é semelhante a outro setor distinto. O CAG, assim como o Índice de Theil, também é
utilizado para análises de desenvolvimento regional como os estudos feitos por Piacenti et al.
(2002), Lima e Alves (2008) e Staduto et al. (2008).
As variáveis utilizadas para se calcular o CAG serão a malha rodoviária estadual e o
valor bruto da produção agropecuária (VBP) por estado para investigar a afinidade entre estas
duas variáveis e inferir a dependência da logística rodoviária para o desenvolvimento rural de
uma região. A Equação 6 indica a forma de cálculo da CAG.
P QR SP QT
𝐶𝐴𝐺?O = P
U
(6)
Em que
𝑗 W? = participação do setor 𝑖 na região 𝑗 sobre a região de referência.
𝑗 WO = participação do setor 𝑘 na mesma região 𝑗 sobre a região de referência.
Como alternativa de análises ao 𝑇DE e ao CAG, irá se calcular também a densidade de
malha rodoviária presente nos estados. Esse cálculo poderá ser feito com base na área total do
estado ou na área plantada, em que esta última reflita o nível de desenvolvimento rural. O
cálculo da malha rodoviária é dado pela Equação 6.
fghWijãlm n onpqn rlmls?ár?n
𝐷𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑎 𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎 𝑟𝑜𝑑𝑜𝑣𝑖á𝑟𝑖𝑎 = (7)
ÁrWn
Portanto, os cálculos descritos acima servirão de base para se inferir o grau de
desenvolvimento rural dos diferentes estados e regiões do Brasil, de forma comparativa,
utilizando como proxy a malha rodoviária nacional, além de demonstrar a importância da malha
rodoviária para cada unidade federativa do país.
Considerações finais
O presente trabalho teve como objetivo abordar o desenvolvimento rural sob uma ótica
do setor logístico brasileiro, principalmente no que se relaciona a malha de transporte
rodoviário do país. Desta forma, o trabalho relacionou a extensão da malha rodoviária com os
valores brutos da produção estaduais e a área plantada para inferir uma relação entre elas.
Como resultado, observou-se que os indicativos de Caixeta Filho (2006), Barat (2009),
Capdeville (2010) e Kussano e Batalha (2012) sobre o setor logístico do Brasil é importante
para o escoamento da produção, como principal modal de transporte de cargas, e que a
ineficiência do setor pode ocasionar perdas para o agronegócio nacional.
Ao relacionar as variáveis de produção (VBP e área planta) com a extensão da malha
rodoviária pode-se inferir uma dependência significativa entre elas, como demonstrada pelo
CAG. Entretanto, a densidade da malha trás uma inferência negativa, pois a baixa densidade de
estradas em regiões produtoras como os estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná
e Rio Grande do Sul, podem ocasionar perdas no transporte devido a baixa ineficiência do setor.
Relacionado estes fatos ao desenvolvimento rural, pode-se inferir que o escoamento da
produção é dependente do setor logístico, através disso, o desenvolvimento rural passa pela
variante da malha rodoviária como principal modal de transporte de cargas. Este escoamento
da produção possibilita um crescimento econômico da área rural, devido a geração de renda,
divisas e emprego que contribuem para o desenvolvimento rural brasileiro.
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