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EU ME LEMBRO

Fora nosso último natal junto, lembro como se fosse ontem. Eu estava organizando a
mesa de jantar para a ceia, enquanto você se fantasiava de papai noel no andar superior,
quando as crianças me abordaram pedindo para que contasse como nos conhecemos. Me
empolguei, aquele dia, o nosso dia, foi o melhor da minha vida, por isso eu sei de cada
luz, de cada cor, tudo! No mesmo instante os reuni na sala, sentei-me em nossa poltrona,
e já confortável, primeiramnete os indaguei dizendo “O que querem saber? Pode me
perguntar de cada coisa, de cada cor, que eu me lembro!”, e para o meu espanto, nossos
netos estavam curiosos para saber de tudo, desde o início, sem mais delongas, comecei
— Era manhã.
— Três da tarde! - retrucou descendo as escadas.
— Quando ele chegou.
— Foi ela quem subiu – disse ele, se acomodando na poltrona vazia ao meu lado.
— Eu disse “oi, fica à vontade”.
— Eu é que disse oi, mas ela não ouviu.
Notei o riso com leve contradição em sua fala, entrelaçamos as mãos, nos olhamos
profundamente, e eu senti o mesmo frio na barriga que da primeira vez. Era incrível
como nosso amor não envelhecia, não mudava, muito menos se desgastava. Retornamos
para a história.
— Ela me achou muito engraçado! - nesse instante eu só conseguia pensar o quão
convencido ele era.
— Ele falou, falou e eu fingi que ri. - Disse eu em tom de deboche – Adorou o
jeito que eu me vesti.
— A blusa dela estava do lado errado – sussurrou ele para as crianças e rindo de
mim.
A forma como levavamos os assuntos com tanta leveza e de forma humorada, sempre me
cativou. E foi assim que eu vi que a vida colocou ele pra mim, continuamos a contar, ao
final, entregamos os presentes. Após fui direto para cozinha, concluir os preparativos.
Jantamos e a noite passou.
Ao amanhecer, fui arrumar a casa, que por sinal estava muito desorganizada. Encontrei
na mesa de canto da sala, junto ao abajur, um bloquinho de notas, com as nossas falas
escritas e uma mistura de frases. Ao verso do bloco, estava o nome de Ellena, nossa filha
mais velha. Liguei para avisa-lá que havia esquecido seus papeis, e aproveitei a
oportunidade para questionar onde utilizaria aquelas anotações, e foi ai que ela revelou
que estava a escrever uma canção inspirada em nosso amor. Não me contive, e cai em
prantos de emoção.
A música foi lançada, e fez um grande sucesso. Uma pena ele não estar aqui para ouvi-la
comigo. Sinto sua falta todos os dias e ouço a canção toda vez, ela ainda nos aproxima e
aquece meu coração. Sei que ele está orgulhoso da criatividade de nossa menina. Eu o
amo, agora e para sempre.

Eu me lembro.💖
(escutar música ao final da leitura)

Ana Clara Merino - 2° Humanas


Lawany Cunha - 2° Humanas

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