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A PESCA

8.1 O OCEANO COMO FONTE DE


RECURSOS
A atividade piscatória

O mar fornece outros recursos,


tais como:
• Extração de sal;
• Apanha de bivalves;
• Exploração de algas;
• Energéticos;
• (…)
Espécies ameaçadas
Muitas espécies marinhas estão à beira da extinção devido à intensificação das
técnicas de pesca e ao desrespeito pelos períodos de desenvolvimento das
populações juvenis.
Alabote Peixes Vermelhos

Alabote da Gronelândia Pescadas

Atuns
Raias
Bacalhau do Atlântico
Salmão
Camarões
Solha Americana
Espadarte
Tamboris
Linguado Europeu
Tubarões
Peixe-espada Branco
Fatores que condicionam a pesca
Existem áreas mais propícias à pesca do que outras.
Tal deve-se a fatores naturais/físicos. Quais são eles?

Correntes
marítimas

Plataforma Fenómeno de
continental upwelling
Fatores
físicos
Plataformas continentais
É nas plataformas continentais que estão os principais bancos
pesqueiros.
Superfície ligeiramente inclinada que prolonga o
continente sob o oceano até aos 200 metros de
profundidade. A sua largura é variável ao longo das
costas dos continentes.

Área submarina Zona mais profunda dos


de declive oceanos (aparecem a 3000
acentuado que metros de profundidade).
se prolonga É nessa zona que se situam as
aproximadamen fossas abissais (a mais
te até aos profunda, com quase 11000m
3000m . Situa-se é a Fossa das Marianas).
entre a
plataforma
continental e as
planícies
abissais.
Fatores que condicionam a pesca
Plataforma continental
Características:
- Reduzida profundidade (prolonga-se até aos 200m de profundidade)
- Maior facilidade na penetração da luz solar (mais iluminada);
- Águas mais agitadas e ricas em oxigénio (mais oxigenada);

Mais plâncton (fitoplâncton e zooplâncton);


- Menor salinidade pelo contributo de água doce dos rios (estes transportam resíduos
orgânicos e inorgânicos).

Todas estas características combinadas fazem da plataforma uma área


de grande riqueza biológica.
Características da Plataforma continental
A conjugação dos fatores naturais explica o facto de as plataforma
continentais serem locais de grande potencial piscícola.

Riqueza de nutrientes
Baixa salinidade (recebe (nelas desaguam as Águas pouco profundas
a água doce dos cursos águas dos rios que (são mais luminosas e
dos rios que nela vão transportam nutrientes têm mais oxigénio o que
desaguar) orgânicos e inorgânicos) facilita a abundância de
plâncton: zooplâncton
e fitoplâncton)

Águas mais ricas em Plataforma continental


oxigénio pela
grande agitação das (é do ponto de vista
águas biológico, uma área muito
rica pelas características
apresentadas)
Correntes marítimas: deslocamentos de grandes
massas de água, que, de acordo com a orientação dos
movimentos, podem ser horizontais ou verticais e, de acordo
com a temperatura relativa da água, podem ser quentes ou frias.
• as correntes frias, mais favoráveis para a formação de plâncton e, consequentemente, para
a concentração de espécies piscatórias;
• as áreas de contacto entre correntes quentes e frias, que concentram a maior quantidade e
diversidade destas espécies;
Áreas onde ocorre o fenómeno de “upwelling”
O “upwelling” é uma corrente
vertical ascendente de águas
profundas e frias, ricas em
nutrientes depositados nos
fundos marinhos. Este
fenómeno contribui, igualmente,
para a grande quantidade de
pescado em algumas
plataformas continentais,

No caso português, sempre que se forma o upwelling ao largo da costa


portuguesa, há abundância de sardinha e carapau (este ocorre especialmente no
verão).
AS PRINCIPAIS ÁREAS DE PESCA DO MUNDO
(localizam-se no Pacífico e Atlântico)

Fonte: FAO (escala ao nível do equador)


AS PRINCIPAIS ÁREAS DE PESCA DO MUNDO
1ª Noroeste do Pacífico (China, Rússia, Coreias do Norte e do Sul)
• Área de pesca mais importante do mundo. As águas são relativamente frias e ricas
em plâncton.

2ª Nordeste do Atlântico (região da Noruega, Dinamarca, Islândia,


Reino Unido, …)
• A plataforma continental é muito extensa. As águas são relativamente frias ou
temperadas e a salinidade tem um valor propício ao desenvolvimento de diferentes
tipos de espécies piscícolas.

3ª Sudeste do Pacífico (Costa do Peru e do Chile)


• Influência da corrente fria de Humboldt que transporta uma grande quantidade de
plâncton.

Noroeste do Atlântico (Terra Nova)


• A plataforma continental é muito larga e verifica-se o contacto da corrente quente do
Golfo com a corrente fria do Lavrador.
8.3 OS DIFERENTES TIPOS DE PESCA
Características Pesca artesanal/ Pesca industrial/
tradicional moderna
Técnicas Técnicas Rudimentares: Anzóis, Técnicas de captura modernas, como o
linhas, armadilhas, redes de pesca arrasto, o cerco e as redes de deriva.
de pequena dimensão.
Embarcações Embarcações: Embarcações:
- pequena dimensão , com ou - modernas e de grande tonelagem;
sem motor; - equipados com técnicas de
- pouco equipadas sem conservação e transformação do
condições para conservar o pescado. “Navios-fábrica”;
pescado durante muito tempo; - têm também sonares e apoio de
satélites que ajudam à detecção de
cardumes;
Localização/ - pesca local e costeira; - pesca de longa distância (mar alto);
- com duração de algumas horas - Permanecem no mar durante um longo
Duração período, por vezes, durante meses.
Número de Muito reduzido, normalmente Elevado número de tripulantes.
tripulantes pertencentes ao mesmo núcleo
familiar
Quantidade de Reduzida Grandes quantidades e variedade de
pescado pescado.

Destino da produção Destina-se, maioritariamente, ao Abastecimento dos mercados.


autoconsumo ou ao mercado local.
Rendimento Baixo. Elevado.
Pesca local e costeira

Utilizam
pequenas Pescam
Não se
embarcações Usam técnicas espécies de
afastam da
com um ou tradicionais forma
costa
dois indiscriminada
tripulantes
Pesca de longa distância

Navios
Usa processos
equipados com Envolve
de
meios tripulações
Praticada com conservação e
sofisticados, muito
barcos de transformação
como radar ou qualificadas e
grande do pescado em
sonar (para a com grande
tonelagem alto-mar
deteção dos número de
(navios-fábrica
bancos de tripulantes
)
pesca)
Técnicas
Arrasto – bastante eficiente, mas gravemente
predatório por capturar indivíduos jovens e pôr em
causa a preservação das espécies. É a técnica mais
praticada na pesca industrial, com carácter intensivo.

Deriva – é praticada na pesca


artesanal por embarcações menores
e mais próxima da costa, mas com Cerco – é utilizado na captura de
menores capturas. cardumes superficiais de peixe.
Pesca industrial
Grandes frotas pesqueiras que Grande volume de As espécies obtidas
preparam e armazenam o capturas. destinam-se ao
pescado. comércio.

Embarcações
de grandes
dimensões.
Necessita de
grandes
infraestruturas
portuárias.

Utiliza modernas técnicas de localização e captura de bancos de peixe, como o sonar (permite
a deteção dos cardumes), satélites, helicópteros e outros meios que ajudam na deteção e
sucção.
Navio pesqueiro russo (“navio-fábrica”)
Pesca artesanal – Sri Lanka

A Pesca Stilt ou Pesca de Palafita (ou ainda, "pesca de perna de pau") é um


método de pesca único do país ilha de Sri Lanka, localizado ao largo da costa da
Índia, no Oceano Índico.
Maiores frotas pesqueiras no
Mundo (grupo de navios que pertencem a um país, a uma
empresa)
Os países que detêm maiores frotas de pesca
são a China, os EUA, a Rússia, o Japão, o Reino
Unido e a Espanha.
Problemas da pesca moderna (industrial)
♦ Sobreexploração de recursos piscícolas/ esgotamento de algumas
espécies resultado da modernização das técnicas de pesca
associadas à pesca industrial (ex. a pesca de arrasto);
♦ Perda de biodiversidade;
♦ Poluição provocada pelas embarcações pesqueiras.

Pesca em grandes quantidades, que


Golfinho preso nas redes de arrasto
leva à rutura das populações
Soluções para os problemas da pesca
• Limitar as práticas de pesca demasiado
intensivas, como a do arrasto;
• Estabelecer normas que regulamentem as
redes de pesca, proibindo as redes com
malhagens de pequena dimensão, que não
garantam a preservação dos indivíduos
jovens;
• Estabelecer períodos de “defeso” para o
crescimento; Inspetores da União Europeia a verificar
• Definição de quotas (limitação das capturas); a malhagem das redes de pesca.
• Proibir a captura de espécies em perigo de
extinção (baleia, …);
• Reduzir a poluição das águas.
• Apostar na aquicultura/aquacultura como
alternativa ao fornecimento de peixe para
alimentação humana.
O peixe-gota vive na Austrália, numa profundidade de 600-1200 metros,
e está em vias de extinção devido à pesca em alto-mar por redes
8.4 A AQUACULTURA
A aquacultura (ou aquicultura)
Criação/produção de recursos piscícolas e de vegetais marinhos (algas), em
viveiro, através de técnicas que procuram recriar as condições favoráveis à
reprodução e desenvolvimento dessas espécies.

Pode ser feita em regime


extensivo ou intensivo,
obedecendo a alguns
princípios básicos, como a
seleção de espécies
adequadas às condições
naturais e resistentes a
doenças.
A aquacultura
A aquicultura

Extensiva

Intensiva
A aquacultura
As espécies com maior sucesso na produção em aquacultura são a
dourada e o robalo, mas estão a ser feitos estudos no sentido da
diversificação, surgindo o pregado (da família do linguado) como
outra possibilidade.

Dourada Robalo Pregado


Problemas
A aquacultura
• As rações e os produtos
utilizados para esta prática
Vantagens podem prejudicar o ecossistema,
caso sejam lançados no meio
• Permite compensar a falta ambiente sem o devido
de pescado nos mercados. tratamento;

• Garante o abastecimento • Os peixes criados em condições


alimentar de espécies artificiais podem contrair
piscícolas a preços mais doenças, tendo de ser tratados
baixos e de forma regular. com antibióticos e outros
produtos químicos, mas, se tal for
praticado com moderação, este
risco é diminuto.
A aquicultura em Portugal
A aquicultura em Portugal pratica-se
principalmente em água salgada, com
exceção da cultura da truta.
A região com maiores potencialidades
para esta atividade é o Algarve.

Distribuição da aquicultura em Portugal


A aquicultura em Mundo
A Ásia é o continente que apresenta o maior desenvolvimento da aquacultura.
8.5 A IMPORTÂNCIA DA PESCA EM
PORTUGAL
Retrato de Portugal
A Zona Económica Exclusiva portuguesa
Portugal possui uma das maiores ZEE (Zona Económica Exclusiva) da
Europa. – Dimensão da ZEE: aproximadamente 1 7000 000 Km², o que
corresponde a 18 vezes a área total de Portugal.
ZEE – Faixa
marítima,
atualmente com
uma largura média
de 200 milhas,
sobre a qual os
países costeiros
detêm os direitos
de exploração,
conservação
e administração
dos recursos.

As ZEE foram definidas pela ONU 1982


Problemas da pesca em Portugal
Portugal apresenta alguns problemas a nível
natural que colocam a pesca em crise.

Existência
Pequena
de uma
dimensão Pouca
grande
da riqueza de
superfície
plataforma espécies
de águas
continental
profundas

Espécies mais pescadas


As espécies mais descarregadas nos portos
em Portugal no ano de
portugueses são a sardinha, a cavala e o atum. 2010
Problemas da pesca em Portugal

Outros problemas da pesca


portuguesa são a quebra dos
ativos no setor (população ativa)
e o difícil rejuvenescimento do
mesmo.
A pesca em Portugal antes de 1986

Predomínio de mão de obra envelhecida,


com pouca instrução e formação.

Infraestruturas precárias de apoio à


atividade, como os portos, as lotas,
entre outras.

Predomínio de embarcações pequenas


com pouca tecnologia e pouca
tripulação.

Predomínio de uma frota vocacionada para


a pesca local e costeira.

Pesca tradicional praticada em


Portugal
A pesca em Portugal depois de 1986

Melhoria da qualificação e da formação da mão


de obra piscatória.

Modernização das infraestruturas de apoio


à atividade.

Redução do número de portos de pesca,


que foram transformados, por exemplo,
em lotas ou armazéns frigoríficos.

Reforço das embarcações de maior


dimensão com motor e tecnologia, como o
sonar/GPS, e maior número de tripulantes.

Modernização da frota pesqueira Desenvolvimento de uma frota dirigida à pesca do


alto e de longa distância.
Principais destinos das embarcações portuguesas
Portugal está sujeito à Política Comum de Pescas (PCP) e aos acordos
estabelecidos. Os barcos portugueses são obrigados a deslocar-se para
as regiões abrangidas pelas licenças de pesca.

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