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27/08/2022 13:27 Mídia Sem Máscara - Ahmadinejad e a doutrina do mahdismo

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Ano VII                             
                            
                            
              
Sexta, 11 de Dezembro de 2009                            
                            
                            
              
Número 179

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Aborto
Ahmadinejad e a doutrina do mahdismo
AY E L E T S AV Y O N E Y. M A N S H A R O F | 0 4 N O V E M B R O 2 0 0 9
INTERNACIONAL - ORIENTE MÉDIO
Ambientalismo

Ciência Em contraste com o governo de Khatami, que se empenhou por amenizar a posição do Ocidente com respeito à
questão nuclear via constante diálogo, Ahmadinejad e seu círculo mais próximo não evitam confrontar o Ocidente, já
Conservadorismo
que eles consideram que essa luta é uma das maneiras de preparar o terreno para o retorno do Mahdi.
Cultura

Desarmamento Muitos ocidentais gostam de pensar que a religião não tem


nenhum papel na política moderna. Entretanto, a crença na figura
Desinformação messiânica do islamismo, denominada o Mahdi ou o Imã Oculto
Entrevistas (ou Escondido), é que dirige as políticas do presidente iraniano,
Mahmoud Ahmadinejad. Os xiitas crêem que o Mahdi voltará,
Direito
governará sobre um sistema único na terra, e derramará o
Internacional julgamento sobre todos os não-muçulmanos. Este artigo apresenta
América Latina a doutrina do mahdismo e mostra como ela afeta o mundo.
(Extraído de Middle East Media Research Institute [Instituto de
China Pesquisa Sobre a Mídia do Oriente Médio] - www.MEMRI.org).
Estados Unidos
***
Europa

De acordo com a tradição xiita, os Doze Imãs, descendentes de Ali Ibn Abi Talib (Imã Ali), primo e genro do profeta
Oriente Médio
Maomé, foram dotados de qualidades divinas que os capacitaram a conduzir os crentes xiitas e para operarem como
Rússia emissários de Alá na terra. No entanto, quando o Décimo Segundo Imã, Muhammad Al-Mahdi,[1] desapareceu no ano
Economia 941 d.C., sua conexão com os crentes xiitas foi rompida. Desde então, foi ordenado aos xiitas que aguardem pelo
retorno dele a qualquer momento.
Educação

Globalismo Nesse ínterim, os clérigos xiitas mais destacados são considerados representantes dos Imãs. Assim, eles têm
autoridade para tratar dos assuntos da comunidade xiita, principalmente nas esferas religiosa e jurídica, até que o Imã
Governo do PT
Oculto retorne, lidere a comunidade xiita e a liberte de seus sofrimentos.
Humor
De acordo com a crença xiita, durante o período da ausência do Mahdi (período esse denominado ghaibat ou
Movimento Revolucionário
"ocultação"), ninguém, exceto Deus, sabe a hora do retorno do Mahdi, e nenhum homem pode pressupor ou prever
Religião quando essa hora chegará. Com o reaparecimento do Mahdi, todos os males serão reparados, a justiça divina será
Terrorismo instaurada e a verdade do islamismo xiita será reconhecida pelo mundo inteiro (mahdismo).[2]

O mahdismo e o regime islâmico no Irã


Tags
Desde o estabelecimento do regime islâmico, em 1979, até a ascensão ao poder de Mahmoud Ahmadinejad, em agosto
Al-Qaeda |
América Latina |
Bolívia |
Brasil de 2005, o mahdismo vinha sendo uma doutrina religiosa e uma tradição que não possuía nenhuma manifestação
|
Castro |
Che Guevara |
China |
Chávez |
política. O sistema político funcionava independentemente dessa crença messiânica e da expectativa do retorno do
Colômbia |
Cuba |
Direito |
EUA |
Estados Mahdi. Foi apenas com a presidência de Ahmadinejad que essa doutrina religiosa tornou-se uma filosofia política e foi
Unidos |
Europa |
FARC |
FHC |
Fidel Castro levada a um lugar central na política.
|
Folha de S. Paulo |
Foro de São Paulo |
Hitler |
Honduras |
Igreja Católica |
Israel |
Jihad | Durante a era do aiatolá Ruhollah Khomeini, fundador do regime islâmico do Irã, o mahdismo permaneceu fora do
KGB |
Lula |
MST |
Marx |
Morales |
Nova âmbito político. Sem dúvida, porém, a era de Khomeini foi caracterizada pelo fervor messiânico. Os iranianos atribuíam
Ordem Mundial |
O Estado de São Paulo |
O qualidades messiânicas a ele e lhe conferiram o título de "Imã", que até então havia sido reservado para os Doze Imãs.
Globo |
ONU |
Obama |
Oriente Médio |
Rússia Na verdade, a chegada de Khomeini ao poder foi vista na época como a realização da profecia que dizia respeito ao
|
Venezuela |
aborto |
ahmadinejad |
brasil | retorno do Mahdi.
capitalismo |
censura |
cinema |
comunismo |
A instauração do Governo do Jurisprudente (velayat-e faqih) por Khomeini no Irã motivou uma transformação no xiismo,
conservadorismo |
cristianismo |
cultura |
substituindo sua tradicional passividade por uma perspectiva mais ativa. Como parte dessa mudança, Khomeini afirmou
denúncia |
desinformação |
doutrinação |
que os xiitas não deveriam apenas aguardar passivamente pelo retorno do Mahdi, mas deveriam ativamente preparar o
economia |
editorial |
educação |
eleições | terreno para seu retorno e para a libertação da comunidade xiita. Um componente dessa abordagem ativa foi a tomada
esquerdismo |
globalismo |
governo do PT do poder pelos clérigos. Entretanto, Khomeini manteve a doutrina do mahdismo na periferia da esfera política. Ele nem
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história |
holocausto |
ideologia |
islamismo | afirmou possuir uma conexão direta com Deus, nem presumiu prever a hora do retorno do Mahdi.
liberalismo |
marxismo |
media watch |
movimento gay |
movimento Após a morte de Khomeini em 1989, o mahdismo teve um declínio no Irã. As administrações de Ali Akbar Hashemi
revolucionário |
nazismo |
oriente médio | Rafsanjani (1989-1997) e de Mohammad Khatami (1997-2005) mantiveram uma estreita separação entre a política e o
politicamente correto |
positivismo |
religião | mahdismo - uma política que mudaria com a presidência de Ahmadinejad.[3]

https://web.archive.org/web/20091212025549/http://www.midiasemmascara.org/artigos/internacional/oriente-medio/10164-ahmadinejad-e-a-doutr… 1/3
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revolução |
socialismo |
terrorismo |
tortura | Este documento analisa a politização do mahdismo pelo presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad e por seu mentor
totalitarismo |
2012 espiritual, aiatolá Taqi Mesbah-e Yazdi.

O messianismo na política externa iraniana

A doutrina messiânica do mahdismo também está manifestada na política externa iraniana, especialmente em sua
atitude com relação às superpotências ocidentais e com respeito ao programa nuclear. O aiatolá Mesbah-e Yazdi,
mentor de Ahmadinejad, expressou a seguinte abordagem em um discurso no dia 11 de outubro de 2006: "A maior
obrigação daqueles que aguardam o aparecimento do Mahdi é lutar contra a heresia e a arrogância global [i.e., do
Ocidente, principalmente dos Estados Unidos]".[4]

Os discursos de Ahmadinejad são caracteristicamente irônicos a respeito das "forças da arrogância", i.e., do Ocidente,
principalmente dos Estados Unidos, e ameaçadores com relação a quaisquer pessoas que não aceitem o messianismo
xiita como uma alternativa à "perdição e destruição" que as está aguardando: "Aqueles que não responderem ao
chamado para prosseguirem em direção à verdade - um bom destino não os aguarda. Ouvi dizer que o presidente de
um desses países [i.e., o [então] presidente dos Estados Unidos, George Bush] (...) disse que o presidente do Irã o
estava ameaçando. Eu disse a ele: 'Não sou eu que o está ameaçando. É o mundo inteiro que o ameaça porque o
mundo em sua totalidade é rápido contra a opressão e os opressores. Vocês [países ocidentais] não são nada
comparados ao poder de Deus. Nós os convidamos a [tomarem] o caminho da retidão, o caminho dos Profetas, do
monoteísmo e da justiça. Se pensam que podem se sentar em seus palácios de cristal e determinar o destino do
mundo, vocês estão enganados. (...) Nosso chamado [a vocês] para tomarem a direção da verdade [tem origem] na
compaixão. Não queremos que se metam em problemas, uma vez que vocês sabem que o resultado da opressão e da
injustiça é perdição e destruição".[5]

Essas características também são evidentes na política nuclear de Ahmadinejad. Em contraste com o governo de
Khatami, que se empenhou por amenizar a posição do Ocidente com respeito à questão nuclear via constante diálogo,
Ahmadinejad e seu círculo mais próximo não evitam confrontar o Ocidente, já que eles consideram que essa luta é uma
das maneiras de preparar o terreno para o retorno do Mahdi.

De acordo com o diário Rooz, "Alguns daqueles mais próximos de Ahmadinejad, que freqüentemente falam sobre [a
necessidade de] preparar o terreno para o retorno do Mahdi, fazem explicitamente a ligação [do destino] do dossiê
nuclear iraniano com essa necessidade. (...) De acordo com informações confiáveis, eles enfatizaram, em diversas
reuniões privativas, que a oposição [iraniana] à pressão global [sobre o programa nuclear iraniano] e sua insistência no
direito de utilizar a energia nuclear estão entre as maneiras de preparar o terreno para o retorno do Imã [Oculto]".[6]

O mahdismo e a ideologia do aiatolá Mohammad Taqi Mesbah-e Yazdi

Um discurso feito no Seminário Internacional sobre a Doutrina do Mahdismo pelo aiatolá Mohammad Taqi Mesbah-e
Yazdi mostra que ele também considera a crença no Mahdi como um conceito que transcende o âmbito religioso ou
teórico. O aiatolá Yazdi deu a essa crença uma tangível dimensão político-ideológica quando explicou que o retorno do
Mahdi levaria ao estabelecimento de um governo único sobre todo o mundo e que a presente batalha contra os infiéis e
contra "a arrogância global" está preparando o terreno e apressando a vinda do Mahdi:[7]

"Implementar as leis do islamismo, estabelecer a justiça e lutar contra a heresia e a opressão são os deveres mais
importantes daqueles que aguardam o [retorno do] Imã Oculto e preparam o terreno para sua vinda. (...) Devemos
intensificar a fé religiosa e [o poder] da religião no Irã e no mundo inteiro. (...) Com a finalidade de apressar a vinda do
Imã Oculto, devemos disseminar a justiça e a lei religiosa para aumentarmos a consciência do público a respeito dessas
coisas [por todo o mundo] para que a fé [xiita] seja aceita pela sociedade [em todos os lugares]. (...)

Um dos aspectos ideológicos da doutrina mahdista é [sua] universalidade, uma vez que o Mahdi vem para estabelecer
justiça e retidão no mundo inteiro. Um outro aspecto é a disseminação da justiça e da retidão [segundo a lei de] um
único homem, um único centro, e um único sistema. Como o Imã Oculto é o responsável pela disseminação da justiça e
da retidão, o mundo precisará ter um único centro e governo (...) para que possa sair de um estado de [divisão] e
estabelecer um único governo [universal] dirigido pelo [Imã Oculto], e todo tipo de opressão e de exploração será
[então] banido do mundo".

Em um discurso em 2006 que marcava o aniversário do Mahdi, o aiatolá Mesbah-e Yazdi enfatizou a importância de
lutar contra a heresia que, em sua opinião, está retardando a vinda do Mahdi:

"Nosso mais nobre dever é lutar para reduzir a opressão, ser mais [rigorosos] na execução da lei islâmica (...) e
enfraquecer o controle dos regimes opressivos e tirânicos sobre os oprimidos. Essas [ações] podem [acelerar] o retorno
do Imã Oculto. (...) Se quisermos acelerar a vinda do Mahdi, devemos remover quaisquer obstáculos [que estejam
atrasando seu retorno]. Quais são os obstáculos que estão atrasando o aparecimento do Mahdi? [Eles são] a negação
[herética] da bênção [conferida] sobre a sociedade pela presença do Imã, [assim como] a ingratidão, a insubordinação e
as objeções [à doutrina do mahdismo]. Se quisermos apressar a vinda do Mahdi, devemos eliminar esses obstáculos.
Devemos lutar para instaurar maior justiça, assegurar uma implementação [mais rigorosa] da lei islâmica, [fazer com
que] as pessoas tenham maior interesse na fé e suas diretivas, [estabelecer] as leis religiosas como [valores]
dominantes da sociedade, [assegurar] que a fé religiosa seja tida como um consenso nas conferências, e limitar [o
controle dos opressores, i.e., das potências ocidentais] sobre os oprimidos em todo o mundo - tanto muçulmano quanto
não-muçulmano. [É isso que devemos fazer] a fim de prepararmos o terreno para a vinda do Mahdi. Dessa forma, a
maior obrigação daqueles que aguardam o aparecimento do Mahdi é lutar contra a heresia e a arrogância global".[8]

Fatemeh Rajabi, que é afiliado ao Ansar-e Hezb'allah e autor de um livro sobre Ahmadinejad intitulado The Miracle of
the Third Millenium [O Milagre do Terceiro Milênio], disse que o "governo de Ahmadinejad [foi estabelecido para facilitar]
a vinda do Imã Oculto".

Notas:

1. O Décimo Segundo Imã, o messias xiita, também é chamado Muhammad Al-Muntazar ("O Esperado"), Imã Al-
Zaman ("o Imã das Eras") e "o Imã Oculto".
2. Sobh-e Sadeq (Irã), 30 de abril de 2007.

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27/08/2022 13:27 Mídia Sem Máscara - Ahmadinejad e a doutrina do mahdismo
3. Para detalhes sobre a ascensão de Ahmadinejad ao poder e sobre a "Segunda Revolução Islâmica", ver MEMRI
Inquiry and Analysis nº 253, "'The Second Islamic Revolution' em Iran: Power Struggle at the Top", 17 de
novembro de 2005, www.memri.org/bin/articles.cgi?Page=archives&Area=ia&ID=IA25305.
4. Parto-ye Sokhan (Irã), 11 de outubro de 2006.
5. ISNA (Irã), 6 de setembro de 2006, http://www.isna.ir/Main/NewsView.aspx?ID=News784304&Lang=P.
6. Rooz, 16 de outubro de 2006, citado pelo site Entekhab em 16 de outubro de 2006
www.entekhab.ir/display/ID=6760&Page=1.
7. Kayhan (Irã), 10 de setembro de 2006.
8. Parto-ye Sokhan (Irã), 11 de outubro de 2006.

* - Ayelet Savyon é diretor do Projeto de Mídia Iraniana. Y. Mansharof é pesquisador do MEMRI. Extraído de
www.memri.org - Israel My Glory - http://www.beth-shalom.com.br

Publicado anteriormente na revista Notícias de Israel, novembro de 2009.

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