Você está na página 1de 28

Introdução

ao Oriente Médio
Introdução ao
Oriente Médio
Introducción

Introdução Índice

No Machon de Madrichim seguimos acreditando 100% na educação proporcionada pelas tnuot e seu
impacto significativo e importante em cada um dos chanichim e chanichot que vão sábado a sábado
aos distintos kenim.
Sem dúvida, as tnuot enfrentam uma quantidade muito variada de desafios. Para que a tnuá continue
a ter um lugar central na educação judaica - sionista, vocês, madrichim de tnuot, fazem dezenas
de projetos, investem milhares de dólares, doam centenas de horas de trabalho voluntário, criam
espaços únicos, e lutam contra a indiferença do nosso mundo com amor e empatia. Todo esse trabalho
que vocês fazem todos os dias é freqüentemente afetado de maneira muito negativa por um problema Introdução ao Oriente Médio........................................................................................................................ 6
muito grande: a falta de conteúdo. O Oriente Médio moderno............................................................................................................................ 8
Acreditamos que essa falta de conteúdo é uma das ameaças mais sérias que as tnuot têm como O Islã........................................................................................................................................................... 13
movimento educativo. Sem conteúdo, não conheço; se eu não conheço, não posso falar sobre isso; se
eu não falar sobre isso, não posso fazer alguém pensar; se eu não posso fazer pensar, não vou ser Panarabismo................................................................................................................................................ 20
capaz de fazer crescer, se eu não faço crescer não estou educado.
Oriente Médio pós Guerra Fria - A volta ao Islã.......................................................................................... 22
Queridos madrichim, hoje em dia o conteúdo está em tantos lados que às vezes não está em nenhum.
Conflito Israelense – Palestino.................................................................................................................... 29
O que essas jovrot tentam fazer humildemente é dar valor ao conteúdo e ao papel da leitura em
instituições que querem mudar realidades como as Tnuot Noar. Ao longo do programa tentamos Acordos de paz e propostas para a região.................................................................................................. 44
despertar curiosidade para que vocês, por conta própria, queiram saber mais, descobrir e sonhar com
novos conteúdo que trazemos. Esperamos sinceramente que estas jovrot nos aproximem dos nossos Primavera Árabe........................................................................................................................................... 49
objetivos e que em 5 anos, quando falemos de tnuot, falaremos que, além de ser um lugar mágico e Bibliografía.................................................................................................................................................. 54
único no mundo, também falaremos sobre madrichim com conteúdo que sabem onde querem chegar.

Muita sorte,

Tzevet HaMachon LeMadrichim


Introdução
Raízes de diversas civilizações estão concentradas no Oriente Médio, um lugar de encontro e desencontro de
culturas, idiomas e religiões. Centro do nascimento das três religiões monoteístas: Cristianismo, Judaísmo
e Islã. São estes encontros e desencontros que nos dão a entender que estamos falando da região mais
instável do planeta ao longo de toda a história. A mesma narrativa do Oriente Médio, nos faz testemunhas
de inúmeros conflitos que abrigam essa região, trazendo como consequência conceitos e acontecimentos
radicais para o mundo liberal do século XXI.
Para compreender o Oriente Médio moderno hoje, temos que entender os processos históricos, geopolíticos,
sociais, econômicos e, acima de tudo, culturais que ocorreram no útimo século. Vale ressaltar que ao somar
a instabilidade da região com a maior interação cultural no planeta, veremos vários conflitos e, sobretudo,
MUDANÇAS. Isso levará a diferentes confrontos, entre culturas ou povos que seguem vigentes até hoje. Entre
estes podemos destacar:

1| Conflito Israelense - Palestino


2| Guerra Santa no mundo islâmico: Sunitas - Xiitas
3| Guerra Civil na Síria
4| Consequências da “Primavera Árabe” (2010) nos países árabes da região
5| Consequências da influência das potências na região

Para entender a formação do Oriente Médio moderno, começaremos analisando seu nome, dado no final do século
XIX e que prevalece até hoje. A denominação “Oriente Médio” originou-se na Europa. Os europeus chamavam
a península balcânica de “Oriente Próximo” e, consequentemente, a região do sudoeste da Ásia começou a ser
conhecida como Oriente Médio (Hobsbawm, 1989).
Geograficamente, o Oriente Médio é uma PONTE que conecta três continentes: Ásia, Europa e África. Uma ponte
que pode ser usada por via aérea, marítima e, sobretudo, terrestre. Além disso, é uma zona repleta de recursos
naturais, o que levaria, ao longo da história, a tentativa de acesso por parte das grandes potências. Estas,
buscavam o controle das “pontes” para benefícios próprios.

Do ponto de vista da composição étnica, a população do Oriente Médio


é caracterizada por sua relativa homogeneidade, com os árabes
predominando em toda a região. No entanto, somos testemunhas
das diferentes culturas e religiões que se encontram nesta região;
diversidades de costumes, idiomas, pensamentos e conceitos. O país que
mais se destaca por suas diferenças culturais e religiosas é Israel, único
país declarado judeu e democrático. A partir de de 1948 Israel seria a
maior referência de “choques culturais” no Oriente Médio.
Aliados e inimigos no Oriente Médio (Samuel P. Huntington, 1996).

6 Introducción | 7
O Oriente Médio moderno >A Primeira Guerra Mundial dirigida ao alargamento territorial e à recuperação
A Primeira Guerra Mundial marcou o primeiro grande de uma glória passada. Em termos práticos, isso
conflito internacional do século XX. O assassinato do significava a destruição do poder russo, como
arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro da coroa estabelecido na proclamação de guerra otomana; a
austro-húngara, e sua esposa, a arquiduquesa Sofia, libertação do Egito e Chipre da ocupação britânica;
A queda do Império Otomano em Sarajevo em 28 de junho de 1914, deu início às e, por último, o controle dos seus antigos súditos
Podemos definir o início da história moderna do Oriente Médio com o impacto do Ocidente, ou, mais hostilidades. Estas, começaram em agosto de 1914 balcânicos e a recuperação dos territórios otomanos
especificamente, com o encontro do imperialismo europeu. Para alguns isto começou com a chegada da e seguiram em várias frentes durante os quatro anos perdidos na Europa (Bernard Lewis). O Império
expedição francesa de Napoleão ao Egito em 1798. O novo encontro produziu efeitos e impactos profundos nas seguintes. Durante a Primeira Guerra Mundial, as Otomano na Primeira Guerra Mundial não era o
sociedades que habitavam esta região. O século XX começou com um dos eventos mais sangrentos da história potências da Entente - Grã-Bretanha, França, Sérvia e jogador internacional isolado que se acredita ter sido.
da humanidade: a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Isso não só atraiu o imperialismo da Europa para Rússia Imperial (e mais tarde Grécia, Portugal, Roménia Ele estava na posição invejável de ser cortejado pelos
controlar a região instável, como também produziu mudanças geopolíticas, as quais vemos até hoje. A mais e Estados Unidos) - lutaram contra as potências dois campos: um queria sua participação na guerra (as
notável foi a queda do Império Otomano, o que determinou a construção do Oriente Médio moderno. centrais: Alemanha e Áustria-Hungria (e posteriormente potências centrais) e o outro queria sua neutralidade
Turquia Otomana e Bulgária). A Primeira Guerra (a tríplice entente).
Nas áreas centrais do mundo islâmico, os sultanatos imperiais começaram a perder poder já no século XVIII, Mundial representou uma das guerras mais destrutivas
entrando em um período de declínio. Entre os índices comuns da queda imperial estavam a desintegração da história moderna. Como resultado das hostilidades,
política, as derrotas militares, a desordem social e uma economia decadente, afetada pela concorrência quase dez milhões de soldados morreram, número A Primeira Guerra Mundial foi a última guerra em
europeia no comércio e na indústria. O declínio político e econômico foi acompanhado por uma crescente que ultrapassou a soma das mortes de militares em que o Império Otomano lutou como uma grande
preocupação com o declínio moral e espiritual. No início do século XVIII, muitas áreas do mundo islâmico todas as guerras dos cem anos anteriores. Embora potência entre outras grandes potências. O califa-
sentiram o impacto do desafio econômico e militar de um Ocidente moderno em ascensão. O papel dominante seja difícil determinar com precisão as estatísticas de sultão proclamou a jihad contra todos aqueles que
que o Islã desempenhava na história mundial começou a desaparecer rapidamente, enquanto a Europa cristã vítimas, estima-se que 21 milhões de homens foram pegavam em armas contra ele e seus aliados. Grã-
passava por um período prolongado de grande criatividade - marco que provaria ser historicamente decisivo feridos em combate. Bretanha, França e Rússia, os três principais aliados,
para o mundo todo (Lewis, 1997). reinaram sobre uma grande população muçulmana na
Uma das grandes incógnitas em relação ao Império
Ásia central, norte da África e Índia. Os turcos e seus
Otomano é o motivo pelo qual os líderes otomanos
aliados alemães esperavam que esses muçulmanos
entraram na guerra, especialmente a questão de por
> Influência Europeia respondessem ao chamado da jihad e se rebelassem
que eles entraram ao lado da Alemanha. A entrada
contra seus dominadores imperiais. Nos fato, isso não
otomana na Primeira Guerra Mundial é, de longe, a
As relações sociais e culturais entre os mundos europeu e islâmico podem ser rastreadas até antes das aconteceu (Pappe, 2006).
decisão mais importante nos resgistros do Oriente
Cruzadas. Deste período em diante, estas relações se tornariam massivas e extensas. A contribuição islâmica Médio moderno. A entrada do Império Otomano no
para a Europa é enorme, não só para a própria criação islâmica, mas também para os empréstimos - A queda do Império Otomano e as conseqüências da
redemoinho refletiu diretamente a política imperialista Primeira Guerra Mundial dariam início a uma nova era
retrabalhados e adaptados - de antigas civilizações do Mediterrâneo oriental e das culturas remotas da Ásia: a
ciência e filosofia grega, preservadas e melhoradas pelos muçulmanos, mas esquecidas na Europa; os números
hindus e o papel chinês; laranjas e limões; algodão e açúcar; toda uma série de plantas, bem como métodos
agrícolas. Estas foram algumas das contribuições que a Europa medieval aprendeu e adquiriu da mais avançada
e sofisticada civilização do mundo islâmico. Houve também algumas contribuições europeias, especialmente
na área material e técnica.
Foi da França que, pela primeira vez desde as Cruzadas, uma expedição militar foi lançada contra o coração
do Oriente Médio. Em 1798, um exército francês comandado pelo general Bonaparte desembarcou no Egito
e ocupou a região com pouca dificuldade. Apesar disso, em 1801, os franceses se retiraram do Egito. A luta
foi principalmente entre as forças francesas e britânicas, onde os elementos locais tiveram um papel menor.
Durante a maior parte da primeira metade do século XIX, os países da Europa Ocidental continuaram preocupados
principalmente com o desenvolvimento do comércio e da diplomacia no Oriente Médio. Considerações
comerciais e estratégicas levaram a um gradual estabelecimento da Europa imperialista em toda a região:
Rússia, Alemanha, França e Inglaterra foram os principais expoentes. Paralelamente, o declínio e fraqueza
do grande Império Otomano, dava aos países europeus superioridade nos demais aspectos. “O Oriente Médio
islâmico foi capturado em um movimento de pinças formado pela expansão europeia de ambos os lados desde
o século XVI” (Lewis, 1997).

Mapa da Europa antes e depois da Primeira Guerra Mundial

8 El moderno Medio Oriente | 9


ou da Confederação. Por fim, uma área marrom foi > Os Sionistas e a declaração Balfour
estabelecida sob administração internacional, cuja
forma estaria sujeita a futuras consultas com o resto A promessa feita pelos britânicos sobre a Palestina
dos aliados, especialmente com os representantes durante a Primeira Guerra Mundial foi a Declaração
do Xarife de Meca (descendente de Maomé)e com a Balfour. Isso deu sanção internacional ao movimento
Rússia. Esta área era a Palestina. sionista e deu aos sionistas o apoio necessário para
uma crescente imigração para a Palestina. Embora a
Declaração Balfour fosse mais vaga do que os sionistas
esperavam, foi usada para defender o estabelecimento
> Repartição do Oriente Médio – As de um Estado Judeu. A declaração que mudaria
o curso da história palestina era uma carta curta
Promessas Britânicas na Palestina escrita em 2 de novembro de 1917 pelo secretário
Devido ao seu status religioso e para evitar uma luta de Relações Exteriores britânico Arthur James Balfour
pelo controle entre os Estados da Tríplice Entente, para o filantropo judeu e pró-sindicalista Barão Lionel
a Palestina seria colocada sob uma “administração Walter Rothschild:
internacional” indefinida. Originalmente, a intenção
era manter isso em segredo, mas o pacto se tornou
público por parte dos bolcheviques em Novembro de “Caro Lord Rothschild, Tenho o
1917. Com este acordo fica claro que a Grã-Bretanha
Mapa dos Acordos Sykes-Pico não tinha intenção de manter seu compromisso de grande prazer de endereçar a V.
apoiar a independência árabe no Levante (região da Sa., em nome do governo de Sua
no Oriente Médio: os países da Europa seriam os que tomariam as decisões desta região instável. A mesma Síria, Jordânia, Israel, Palestina, Líbano e Chipre.
região que contém numerosas quantidades de recursos naturais e a que possui estrategicamente, rotas Majestade, a seguinte declaração
Outras fontes definem o Levante de uma maneira
comerciais para todo o mapa global. Novos conceitos abalariam as sociedades e culturas da região. Pela mais ampla, incluindo porções da Turquia, do Iraque, de simpatia quanto às aspirações
primeira vez, LIMITES, países, nações seriam formados e seriam introduzidos sem idéias ocidentais. da Arábia Saudita e do Egito) ao final da guerra e sionistas, declaração submetida ao
tampouco deu importância ao que havia sido prometido gabinete e por ele aprovada:
na correspondência Hussein - McMahon (ver a
> Acordos Sykes-Picot continuação). `O governo de Sua Majestade encara
Um dos eventos mais importantes da Primeira Guerra Mundial, que influenciou o novo “desenho” do Oriente Depois da guerra, em 1918, e os acordos sucessivos de favoravelmente o estabelecimento,
Médio, foi o acordo de Sykes-Picot em maio de 1916 (durante a guerra). Este acordo com pouco mais de San Remo y Sevres (1920), foi realizado um respaldo na Palestina, de um Lar Nacional
legal dos interesses colonialistas e foi estabelecido,
100 anos, afetaria toda a região até o tempo presente. Foi um acordo secreto entre britânicos e franceses
apesar de tudo, a partição definitiva da região entre
para o Povo Judeu, e empregará
e seu nome se deve aos dois diplomatas que conduziram as negociações, Sir Mark Sykes, um especialista
em Oriente Próximo, e François Georges Picot, que havia sido cônsul da França em Beirute no período que as duas grandes potências (França e Inglaterra). todos os seus esforços no sentido
antecedeu a Grande Guerra. As negociações tiveram o apoio da diplomacia russa, já que esta queria estar Esta repartição seria selada por uma resolução da de facilitar a realização desse
presente nas negociações de uma área em que tinha interesse (a Rússia queria alcançar a meta há muito Liga das Nações em 1922. As potências tinham como objetivo, entendendo-se claramente
esperada de encontrar uma saída para o Mediterrâneo no Estreito de Dardanelos). A Itália também aceitou o objetivo criar estados soberanos com um sistema
acordo. Londres e Paris desejavam organizar e coordenar a nova era no Oriente Médio de acordo com seus de instituições funcionais, composta de cidadãos que nada será feito que possa
interesses coloniais e políticas internacionais, distribuindo, assim, zonas de influência em função de sua participativos (Morris, 1995). atentar contra os direitos civis e
presença na área e sem levar em conta os desejos daqueles que viviam nessa área (locais). Como podiam os imperialistas levar a cabo e criar religiosos das coletividades não-
países soberanos, sem deixar de cuidar de seus judaicas existentes na Palestina,
interesses na região? Quem serão os grupos, cidadãos nem contra os direitos e o estatuto
O acordo seguia reconhecendo a alternativa de um Estado Árabe independente ou de uma Confederação locais, que se aproveitariam desta importante questão?
de Estados Árabes, mas na prática não havia independência de nenhum tipo. Foi proposta uma distribuição A fim de chegar a uma resposta, é importante observar político de que gozam os judeus em
de cinco zonas. Ainda que com chefes árabes, no meio do Oriente Próximo, haveria uma zona de controle e compreender grupos étnicos locais, que estavam qualquer outro país.´
britânico (zona B) e outra de controle francês (zona A). Nessas áreas, as duas potências ocidentais teriam influenciados anteriormente pelo Império Otomano. Desde já, declaro-me extremamente
direito preferencial de estabelecer empresas e empréstimos, respectivamente, e somente as duas em Porém, com um novo regime na área (Inglaterra) eles
suas áreas poderiam nomear assessores e funcionários estrangeiros a pedido do Estado Árabe ou da poderiam tirar proveito desta situação. Vamos destacar
grato a V. Sa. pela gentileza de
Confederação. Além disso, foram estabelecidas as áreas azul-francesa e vermelha-britânica, que abarcavam dois grupos que os britânicos tiveram que ver como encaminhar esta declaração ao
as outras duas zonas. A francesa era costeira com o Mediterrâneo, do coração da Anatólia até a Palestina. aliados locais dentro de uma região instável e sem conhecimento da Federação Sionista.
A britânica seria antiga Mesopotâmia até o Golfo Pérsico. Nessas áreas coloridas, ambas as potências conhecimento.
poderiam estabelecer administrações ou controles, diretos ou indiretos, com o consentimento do Estado Arthur James Balfour

1010 1111
O Islã

> Origens
Durante o século VII, surgiu na Arábia Central (agora
Arábia Saudita) um movimento que viajaria o mundo
e se tornaria a segunda maior religião do mundo - o
Islã, uma religião que hoje tem cerca de 900 milhões de
adeptos. O Islã não era simplesmente uma comunidade
espiritual, mas se tornou um estado, um império. O Islã
se desenvolveu como um movimento político-religioso
Balfur y Jaim Weizmannen Tel Aviv, 1925 em que a religião era parte integrante do estado e da
sociedade. Os muçulmanos acreditam que o Islã inclui
A declaração de Balfour serviu a vários interesses importantes dos britânicos. Primeiro, permitiu que a Grã- a fé. Da mesma forma, a política está enraizada em seu
Bretanha mantivesse uma presença amistosa na Palestina, da qual poderia proteger o Canal de Suez no leste. livro sagrado, o Corão, e no exemplo (Sunna) de seu
Corão
Ao mesmo tempo, ao dizer que a Palestina se tornaria um lar nacional para o povo judeu, em vez de mais fundador/profeta, Maomé (Muhammad). Isso se reflete Alcorão tomou forma e substância em Medina sob
uma colônia britânica, a Grã-Bretanha poderia resistir às exigências francesas de que a Palestina deveria ser em sua doutrina, história e política. a orientação e direção do mensageiro de Deus, o
internacionalizada, como afirmava o acordo Sykes-Picot. Além disso, a intenção era que a declaração de Balfour Profeta Maomé (Esposito, 1998).
motivasse os EUA a se unirem ao esforço de guerra, motivar os judeus russos a pressionar seu governo a permanecer Os muçulmanos acreditam que ao longo da história
na guerra e evitar uma declaração semelhante que, segundo rumores, a Alemanha estava considerando. No Deus enviou mensageiros/profetas para advertir e guiar
entanto, a declaração também comprometeu os britânicos a obrigações irreconciliáveis. Rapidamente se tornou a humanidade: Adão, Noé, Abraão, Moisés e Jesus. Os
claro, como deveria ter sido evidente ainda em 1917, que era impossível criar um Estado Judeu na Palestina muçulmanos acreditam que as revelações de Deus, > A vida do profeta Maomé
(que é, obviamente, o que queriam dizer os judeus quando falaram de um lar nacional) sem prejudicar os direitos apresentadas na Torá e nos Evangelhos, foram distorcidas. (Muhammad)
dos cristãos e muçulmanos palestinos que naquela época eram 90% da população. Apesar disso, a declaração Portanto, Deus enviou Maomé como o Mensageiro final,
ganhou o apoio de líderes europeus e norte-americanos, bem como do Vaticano e foi incluída nos estatutos da “o último selo dos profetas” (Alcorão 33:40), e deu a Maomé nasceu em 570 d.E.C e pertencia ao clã
Liga das Nações sobre o mandato da Palestina. Nos anos seguintes, a Declaração de Balfour continuou sendo um ele o Alcorão, a revelação da vontade de Deus em sua Hachemita, um respeitado, porém pobre, ramo da
símbolo do compromisso do “Grande Poder” do Sionismo sobre o nacionalismo árabe na Palestina. forma final e completa. O Livro e o Profeta forneceram tribo Quarysh que governava a cidade de Meca,
as fontes fundamentais para o caminho correto (Sharia, na Arábia Central. Meca era um centro comercial
ou lei islâmica) da vida muçulmana. O profeta Maomé e religioso. Continha importantes altares religiosos
não é apenas o mensageiro, mas também o modelo da com seu santuário, Kaaba, que continha ídolos dos
> A distancia Hachemí - Jordania vida muçulmana. A vocação do homem é render-se, vários deuses e deusas tribais da região. A Caaba
A correspondência Hussein - McMahon entre o Xarif Hussein de Meca, governador da província Hijaz da Arábia, submeter-se e cumprir a vontade de Deus. O homem é era o centro das peregrinações anuais e, portanto,
e Sir Henry McMahon, o alto comissário britânico para o Egito, representa um dos aspectos mais controversos o representante ou vice-regente de Deus (Alcorão 2:30, uma importante fonte para o prestígio de Meca
do envolvimento britânico no Oriente Médio. Em uma série de 8 cartas escritas entre 14 de julho de 1915 e 30 6: 165) cujo mandato divino é ser o instrumento de Deus
no estabelecimento e disseminação da ordem islâmica; Maomé denunciou a não-divindade de sua sociedade
de Janeiro de 1916, os dois negociaram os termos em que Hussein poderia coagir os árabes à revolta contra o e anunciou as prescrições de Deus. A elite política
Império Otomano entropy entrar na Primeira Guerra Mundial do lado dos Aliados. Em particular, Hussein exigiu o governador de Deus na terra (Esposito, 1998).
e religiosa de Meca reagiu fortemente a esse
reconhecimento britânico da independência das áreas árabes do Império Otomano, hoje Síria, Iraque, Jordânia, O imperativo islâmico é tanto pessoal como social, chamado de autoridade profética. Sua mensagem
Israel, Cisjordânia e Gaza e Arábia Saudita. individual e corporativo. A comunidade muçulmana condenava o politeísmo e profetizava o monoteísmo,
Sob a hipótese de apoio britânico pela independência árabe como discutido nas cartas, Hussein liderou a revolta (ummah) deve ser o veículo principal para a realização além de proclamar um forte programa de reforma
árabe contra o Império Otomano, que começou em 05 de junho de 1916. Os árabes ficaram desiludidos após a da vontade de Deus. social, o que afetaria contratos e práticas de
guerra, quando McMahon e Hussein discordaram sobre as áreas que foram incluídas no território que receberia negócios, condutas de guerra e a orientação para
A solidariedade tribal na sociedade árabe pré-islâmica as relações familiares. A chamada profética para
independência. McMahon disse nunca ter garantido a independência da Palestina, enquanto Hussein acreditava representou a união social básica. O Islã substituiu isso
que a Palestina tinha sido incluída no compromisso. As cartas, mantidas em segredo por vários anos, são uma comunidade de crentes sob a liderança divina
com uma comunidade cujos membros se uniam em de Maomé, foi um afirmação de que toda atividade
ambíguas e sua interpretação tem sido objeto grande controvérsia (Lewis, 1997). torno de uma fé comum e não em laços de sangue. A humana deveria estar de acordo com uma lei divina
afiliação religiosa, em vez de tribal, tornou-se a base que desafiava os fundamentos da sociedade árabe.
da sociedade islâmica. Todos os membros da ummah
serão iguais perante Deus. Os deveres e obrigações da Não é surpreendente que Maomé e seus primeiros
vida muçulmana, bem como as recompensas e punições, convertidos tenham sido alvo de ridicularização
recaem sobre mulheres e homens. O mandato divino do e rejeição em Meca. Portanto, quando uma

12 13
delegação de Yhatrib convidou a Maomé em 622 d.E.C para emigrar (hijra) para sua cidade, ele aceitou.
Maomé chegou como árbitro ou juiz. Ele consolidou seu poder político e estabeleceu um estado informado
por sua mensagem profética. Yhatrib foi renomeada Medina (medinat al-nabi, a Cidade do Profeta). A
importância do estabelecimento da ummah (comunidade) no Islã foi destacado pelo fato de que o ano 622
(o início da comunidade/estado islâmico em Medina) foi fixado como o primeiro ano do calendário islâmico
(e não 610, o ano da primeira revelação).
Na nova comunidade, Maomé foi um líder político e religioso. Ele era um profeta, chefe de Estado, comandante
do exército, juiz supremo e legislador. Sob a orientação de Maomé, o Islã em Medina cristalizou-se como
fé e como sistema sociopolítico. De 622 a 632, através de ações militares e iniciativas diplomáticas, a
comunidade muçulmana expandiu e estabeleceu sua hegemonia na Arábia Central. Meca se rendeu e as
tribos da Arábia se uniram em uma unidade política, uma confederação árabe com uma ideologia comum,
autoridade central e lei. O antigo sistema tribal de lealdades e valores não foi simplesmente substituído,
mas foi reformado e modificado, islamizado (Lewis, 1997).
Maomé cria uma nova cultura, onde a religião será o centro e o guia. Mas, acima de tudo, o objetivo
era conseguir levantar uma grande Nação Islâmica. Esta, teria seu livro sagrado (o Alcorão), e a sunna
(exemplo) como partes integrantes do estado e da sociedade sob a nova religião, o Islã.
É possível destacar um ponto muito valioso e conflitivo nessa nova religião que o profeta não pôde deixar
por escrito. Como e quem deve continuar a liderar essa nova nação islâmica após a morte do profeta? O
mundo islâmico segue buscando uma resposta para essa simples pergunta até hoje. A falta de resposta
será responsável pelos atuais conflitos internos do Islã (guerra santa) e, acima de tudo, marcará a realidade
dentro do Oriente Médio.

> Os Califas Justos


O período do califado começou em 632, ano em que a maioria dos muçulmanos acredita que Maomé Expansão Islâmica (VII-VIII)
morreu. O profeta não nomeou um substituto ou estabeleceu um sistema para escolher um sucessor. Após
um período curto e tenso de indecisão, os companheiros de Maomé escolheram um deles - Abu Bakr (pai
da mulher mais jovem de Maomé, Aisha), como seu líder. Abu Bakr tornou-se o primeiro califa do Islã, > Conceitos básicos do Islã
assumindo o título de sucessor ou califa do Profeta de Deus. Como califa, ele era o líder político e militar A palavra Islã deriva da raíz de três letras SLM, que pode significar “submissão” ou “paz”. No caso, significa “a
da comunidade. paz que vem através da submissão a Deus.” Um muçulmano, portanto, é “aquele que se submete”.
No período do califado, o desenho para a organização e administração do estado islâmico foi iniciado. O Alcorão: é referido como a última revelação, o que não nega a existência ou importância da Torá ou dos Evangelhos.
califa exercia controle político, militar, judicial e fiscal direto sobre a comunidade muçulmana. Ele era Segundo o Alcorão, o desenvolvimento destes por meio de narrativas orais, múltiplas transferências e inúmeras
eleito por um processo de consulta, nomeação e eleição. Os territórios conquistados foram divididos em fontes, corrompeu sua forma e conteúdo. O Alcorão difere dos textos judaico-cristãos, pois seu formato não é
províncias sob administração de um governador (em geral comandante militar) centralizado na mesquita, narrativo, mas declarativo, com pronunciamentos instrucionais de Deus.
que servia como centro político e religioso da cidade.
Oração: O lugar de oração é a mesquita, que vem da palavra masjid, “lugar de prostração”. Sua característica
A administração civil e religiosa interna dos territórios conquistados foi mantida nas mãos de autoridades mais importante é o seu espaço. Por mais que se possa ter um púlpito onde se recita um sermão durante as
locais e a sociedade muçulmana foi dividida em quatro classes sociais principais. A elite eram os árabes orações de sexta-feira, a única característica física é o mihrab, um nicho na parede chamado parede Qibla, que
muçulmanos. Abaixo, estavam os conversos não árabes (mawali). Embora teoricamente todos os muçulmanos indica a direção da cidade sagrada de Meca. Quem dirige a oração fica posicionado na frente deste nicho, para
fossem iguais perante Deus, na prática a situação era diferente. Em seguida estavam os dhimmi, “pessoas que sua voz ecoe por todo o espaço. Do lado de fora da mesquita há um minarete, uma torre alta de onde o
não muçulmanas do livro”, isto é, judeus e cristãos que possuíam escrituras reveladas. Em troca do muazzin (anunciante) chama os muçulmanos para rezar.
pagamento de um imposto, esses povos protegidos podiam adorar e ser governados por suas próprias leis
e líderes religiosos, além de serem protegidos pelo exército muçulmano contra agressões externas . Por Ala U’Akbar (Deus é grande) - esta declaração precede o chamado à oração pelo muazzin cinco vezes por dia
fim, estavam os escravos (Lewis, 2003). e também é o tradicional grito de guerra do Islã. Ele resume a centralidade de Deus e o casamento entre a
convicção religiosa pessoal e a vida política no Islã. A confissão de fé diz: “Não há outro Deus além de Deus e
Maomé é Seu Profeta”.

1414 1515
> Cinco pilares do Islã > Diferenças entre Xiitas e Sunitas
Ao contrário da declaração de fé (Shahada) sunita, a não têm um clérigo formal, apenas acadêmicos e
1| Confissão ou declaração de fé (Shahada): “Não há outro deus que não Allah e Maomé é seu último juristas que podem oferecer opiniões não obrigatórias.
profeta.” declaração xiita diz: “não há outro deus fora de Ala,
Maomé é seu profeta, Ali é amigo de Ala. O sucessor Os xiitas acreditam que seu supremo Imam é um
2| Oração (Salat): Cinco vezes por dia, em direção a Meca (de manhã cedo, ao meio dia, no meio da tarde, do Profeta de Ala e seu primeiro califa”. A declaração guia espiritual que herdou a inspiração ou a “luz”
ao pôr do sol e antes de dormir). acrescenta à shahada original Ali, primo e genro de de Maomé. Seus imames são considerados os únicos
Maomé, pai de Hasan e Husayn e a segunda pessoa capazes de interpretar a lei e a tradição. A teologia
3| Caridade (Zakat): Uma contribuição anual de 1/40 (2,5%) do capital de uma pessoa para o benefício dos a adotar o Islã. O termo xiita vem de Shiat Ali ou xiita se distingue na sua glorificação de Ali. No Islã
pobres. Algumas fontes falam de 2,5% a 10%. seguidores de Ali. xiita o martírio e o sofrimento são centrais, focados nas
morte de Ali e, particularmente , de Hussein e outras
4| Jejum (Sawn/Sayam): Durante o mês do Ramadã (nono mês do calendário muçulmano que celebra a Ali é a figura central na origem da separação que figuras na sucessão xiitas. O xiismo atraiu outros
revelação inicial do profeta) desde o nascer ao cair o sol, além de se abster de comer, beber e ter relações ocorreu nas décadas que se seguiram à morte do grupos dissidentes, especialmente os representantes
sexuais, é preciso evitar maus pensamentos, práticas, atitudes, etc. Profeta em 632. Os sunitas veem Ali como o quarto e de civilizações antigas não-árabes (Mawaali, persas,
5| Peregrinação (Hajj): Pelo menos uma vez na vida (se economicamente possível), deve-se viajar para a último dos “califas justos” seguindo Abu Bakr, Umar indianos, etc.) que sentiram que não foram tratados
Grande Mesquita de Meca durante o mês de Dhu al-Hijah (aproximadamente dois meses depois do Ramadã). e Utman. Para os xiitas Ali deveria ter sido o primeiro de forma justa pelos muçulmanos árabes. Os sunitas e
califa e o califado deveria ter sido hereditário dentro xiitas concordam com os fundamentos básicos do Islã -
Kaaba: Central na consciência e adoração islâmica, a Kaaba é uma grande estrutura de pedra localizada dos descendentes diretos de Maomé via Ali e Fátima. os cinco pilares - e se reconhecem como muçulmanos.
na Grande Mesquita de Meca. Kaaba significa “cubo”, já que este é o seu formato. Sua origem e tradição
A linhagem de Maomé via Ali e Hussein terminou em
é anterior ao Islã. Na Arábia pré-islâmica, a Ksaba era um templo que tinha a imagem de vários deuses ou
873 quando o último Imam xiita, Mohamed al-Mahdi,
jinns, nos quais Allah estava incluído, provavelmente, como uma divindade principal da tribo Quraish de Carijitas (port)/Jariyismo (esp): Os carijitas começaram
que não tinha irmãos, desapareceu alguns dias depois
Meca. Visto como os descendentes tradicionais de Abraão e Ismael, os Quraish foram nomeados sacerdotes na primeira guerra civil islâmica, eles abandonaram o
de herdar o título com quatro anos de idade. Os xiitas
e guardiões da Kaaba. Ao sudeste da Kaaba, fica a “Pedra Negra”. Quando os muçulmanos contornam a xiismo após a batalha entre Ali e Muawiya. Para os
se recusaram a aceitar que ele morreu, acreditavam
Kaaba, eles tocam ou beijam a Pedra Negra. É provavelmente um pedaço de um antigo meteorito e é adorado carijitas, o califa pode ser qualquer pessoa, desde
que ele estava “escondido” e que retornaria. Depois de
como um símbolo da primogenitura de Ismael e da linhagem de Abraão que foi rejeitada por Israel. Quando que tenha sido o povo que o elegeu; quase como
vários séculos isso não aconteceu, o poder espiritual
Maomé retornou vitorioso a Meca em 630, ele destruiu os ídolos da Kaaba e proclamou Allah como o único uma democracia. Eles consideram hereges aqueles
passou à ulema, um conselho de doze acadêmicos para
Deus. Ele beijou a Pedra Negra e declarou Meca como a cidade sagrada do Islã e decretou que nenhum que cometem pecados, a menos que se arrependam.
eleger um Imam supremo. O exemplo recente de um
infiel poderia pisar nesta terra. Portanto, somente os muçulmanos têm o direito de entrar na Grande Meca Destaca-se desta minoria sua grande tolerância para
Imam xiita superior é o Ayatola Khomeini, cujo retrato
durante a peregrinação do mês de Dhu al - Hijah (Lewis, 1997). com outras religiões. Os carijitas também se dividem
está pendurado em várias casas xiitas. O Imam xiita
recebeu poderes semelhantes aos poderes do Papa em quatro ramos: ibadies, sufries, azraquies e najadies.
> Facções e interpretações do Islã cristão e a hierarquia eclesiástica xiita não difere da Os Azraquies são muito extremistas e consideram os
estrutura e poder religioso da Igreja Católica. O Islã demais muçulmanos infiéis, inclusive permitindo seu
Após a morte do profeta Maomé, a nação islâmica teve que enfrentar a questão da sucessão e de quem teria o direito de
sunita, por outro lado, é mais parecido com as igrejas assassinato.
liderar. Os quatro líderes que viveram nos dias do profeta, os califas, assumiram a liderança. O último destes, Ali, primo do
profeta e marido de Fátima (filha de Maomé), levava o sangue de Maomé. Isso não apenas levou a novos entendimentos sobre dispersas do protestantismo americano. Os sunitas
a simples questão da sucessão, como também levou à separação da nação islâmica. Veremos que a morte do profeta (632
d. E. C.) resultou no fracionamento do Islã (Lázaro Yafeh, 1980).

Mesquita do Profeta Masjid al-Nabawi em Medina Mecca


O Islã e suas duas escolas majoritárias: Sunismo e Xiismo

1616 1717
Duas escolas foram desenvolvidas: uma vê a jihad violenta como um meio de defesa contra toda opressão e
opressor do Islã, mas apenas como defesa, uma vez que veem o Islã como uma religião pacífica. Eles interpretam
os versos do Alcorão sobre a guerra como uma luta apenas contra os opressores do Islã e não contra o mundo
inteiro. Por outro lado, há outra escola que rejeita qualquer distinção estrita entre guerras defensivas e ofensivas,
uma vez que o mandato sagrado é difundir o Islã para o mundo todo. O objetivo é eliminar a jahiliyyah (o período
de ignorância antes do Islã) e substituir os governos pelos governos islâmicos (Bakircioglü, 2010).
> A doutrina de Sayd Qutb
Sayd Qutb, cujas ideias inspiram o Talibã, a Al Qaeda, a Irmandade Muçulmana, o Hamas e outros; representa uma
interpretação mais radical do Islã. Influenciado por Muwdudi e pelo estudioso sunita do século XIII, Ibn Taymiyya,
Qutb argumenta que o mundo moderno é atormentado pela ignorância baseada na rebelião contra o governo de
Deus na Terra. A tomada do poder pelos usurpadores e o estabelecimento do mandato de Ala não podem ser
realizados por meios pacíficos. Aqueles que usurparam o domínio de Deus não vão entregar o poder, portanto,
para libertar o homem de sua servidão e para que ele possa servir somente a Deus e garantir a supremacia de
Deus sobre o universo, deve-se usar a jihad.

Sufismo: Sufismo é o misticismo do Islã. Eles agrupam a metafísica, a espiritualidade, a alma... É como uma De acordo com Qutb, o islamismo não é um movimento defensivo; pelo contrário, é um movimento para acabar
filosofia religiosa levada à prática, já que o objetivo é alcançar Deus. O sufismo passou a ser considerado com a tirania e introduzir a verdadeira liberdade para a humanidade. Todo sistema islâmico, diz Qutb, deve ser
uma ciência islâmica. As práticas sufis são comuns a todos os muçulmanos (os cinco pilares do Islã). Eles imposto por direito divino (Bakircioglu, 2010).
também têm suas próprias práticas, como danças místicas ou recitação de poemas de caráter espiritual.
> Dar-al-Islam e Dar-al-Harb
> O conceito de Jihad/Yihad Durante as dinastias Abássida e Umaya desenvolveu-se uma doutrina que dividiu o mundo em dois, Dar-al-Islam
Para entender o conceito de jihad, é importante entender as raízes da lei islâmica, a sharia. Ela é composta e Dar-al-Harb. Segundo esta linha de pensamento, a jihad deveria ser utilizada para expandir o Islã. O termo
de duas fontes principais: a primeira é o Alcorão; e a segunda é a sunna, isto é, a vida, ditos e opiniões do Dar-al-Islam (casa do Islã) refere-se aos países onde uma ordem jurídica islâmica predomina juntamente com a
Profeta Maomé que estão compilados no que se conhece como hadith (Bakircioglu, 2010). fé islâmica. O resto do mundo é referido como Dar-al-Harb (a casa de guerra ou os não-crentes). De acordo com
essa doutrina, é legítimo que um país muçulmano realize uma jihad contra os estados Dar-al-Harb para colocá-
A Sharia tem outras três fontes não-divinas: (1) ijma: o consenso geral de opiniões sobre um determinado los sob a ordem islâmica. Este foi considerado um dos deveres do califa. Os “povos do Livro” estavam isentos
tópico; (2) qiyas: o método de raciocínio analógico; e (3) ijtihad: a aplicação do raciocínio pessoal disso sob certas condições (Bakircioglu, 2010).
independente na interpretação da jurisprudência islâmica.
Durante o século IX, por meio do consenso geral e do raciocínio independente, foi criado um importante > A guerra no Islã
corpo jurídico. No século X, muitos juristas que representavam a maioria sunita, concluiu que as questões O Islã regula e limita o uso da força. Embora não exista uma ordem para os muçulmanos mostrarem outra
de direito básicos tinha sido resolvido e que não havia mais lugar para a itjihad e o que tivesse que ser feito “face”, durante o período inicial do Islã, a luta, em princípio, era vista como inadequada. Ela só poderia ser
seguiria precedentes. Com exceção dos xiitas, a maioria dos juristas e acadêmicos islâmicos aceitou esse usada em casos extremos, como para impedir a perseguição e a opressão ou para garantir que os muçulmanos
mandato. Muitos reformistas argumentam que deve-se retornar à era da itjihad para enfrentar os dilemas pudessem praticar sua religião livremente.
do mundo moderno e da jihad (Bakircioglu, 2010).
No entanto, o fracionamento da nação islâmica gerou
Tecnicamente falando, jihad significa “luta” e refere-se à guerra contra os não-muçulmanos. No entanto, a o mais longa das guerras - a Guerra Santa. O Oriente
jihad em seu sentido amplo também pode se referir a uma luta não violenta pela causa de Deus; isto é, o Médio é diretamente influenciado por esse conflito
uso de força militar é apenas um aspecto da jihad, já que o termo também inclui debate e persuasão. Nas interno do Islã, que começou no século VII. As diferentes
palavras de Majid Kadduri, um dos teólogos mais respeitados do Islã: “O termo jihad é expandir a palavra interpretações das escolas /facções do Islã e seus
de Ala, suas criações e sua supremacia sobre o mundo ... Isso pode ser através da espada, mas também conceitos, como a jihad, caracterizam a maior parte da
por meio da persuasão (Bakircioglu, 2010, p. 424). região. Atualmente, podemos ver as diferenças entre os
Os acadêmicos islâmicos diferenciam quatro tipos de Jihad: (1) Jihad pela espada: lutar pela causa de Alá dois ramos principais do Islã: xiitas e sunitas. O Irã e
contra opressores e incrédulos; (2) Jihad pelo coração: purificar-se a si mesmo e resistir ao pecado; (3) a Arábia Saudita seguem confrontando-se por meio de
Jihad pela língua: propagação pacífica da mensagem do Islã; e (4) Jihad pelas mãos: lutar contra o mal por uma guerra fria para ver quem irá liderar a nova nação
meio de atos piedosos. Ao retornar de uma batalha, o Profeta Maomé disse: “retornamos de uma jihad para islâmica em uma era moderna.
outra jihad superior”.

1818 1919
PANARABISMO
6| Destruição de Israel como uma condição necessária para a unificação do mundo árabe, onde nasceram alianças
internacionais e acordos de cooperação de sentido anti-imperialista, particularmente militares ou industriais,
com os países da Europa Oriental.

Quando se fala em Oriente Médio faz-se necessária uma distinção conceitual entre estado, regime e governo.
Em relação aos países árabes, o Egito está no topo do espectro com uma separação clara entre esses três
elementos; na outra ponta estão os países do Golfo, onde o regime e o governo estão tão unidos que o declínio
>A Liga Árabe
de um implicaria na queda de toda a entidade política. Outra questão problemática dos estados do Oriente A Liga Árabe foi criada no Cairo em 22 de março de 1945 com seis membros: Egito, Iraque, Transjordânia,
Médio é a relação entre o estado e a nação (Owen, 2004). Líbano, Arábia Saudita e Síria. O Iêmen juntou-se em 5 de maio de 1945. Atualmente são vinte e dois membros e
quatro observadores. O objetivo principal da Liga é melhorar as relações entre os Estados membros e coordenar
Como ideologia e como fator ativo na política do Oriente Médio, o panarabismo é um fenômeno recém nascido
a colaboração entre eles, protegendo a independência e a soberania dos estados árabes. A Liga tem servido
na segunda metade do século XIX. O movimento surgiu como uma reação ao domínio turco e defendia a
como um fórum de coordenação para discutir questões comuns, resolver disputas e limitar conflitos como,
separação das províncias turcas orientais do Império Otomano e o estabelecimento de um Estado liberal com
por exemplo, a crise do Líbano em 1958. Cada membro tem um voto no Conselho da Liga e as decisões são
uma estrutura árabe. O panarabismo seguiu o mesmo caminho que outras correntes nacionalistas históricas,
obrigatórias para os estados que votam.
em que o movimento contra algo já existente era sua força motriz. Basta lembrar da influência do Luteranismo
contra Roma no caso do nacionalismo alemão, Joana D’Arc contra os ingleses no nacionalismo francês, a
Reconquista contra o domínio muçulmano no nacionalismo espanhol e os italianos contra os ocupantes da
sua península. Podemos mencionar também a figura de Alexander Nevski contra os suecos, dinamarqueses e > Gamal Abd al - Nasser
outros invasores estrangeiros no que dizia respeito ao nacionalismo eslavo. No final dos anos 50 e início dos 60, regimes árabes radicais tomaram o poder na Síria, no Iraque, na Argélia
O conceito “panarabismo” foi adotado no início do século XX pelos líderes nacionalistas sunitas em sua luta e no Egito. O fracasso do nacionalismo liberal e a influência do capitalismo e imperialismo ocidental foi
contra os governantes otomanos. Em 1916 houve uma grande revolta árabe. No período entre as duas guerras denunciado pelos novos regimes que prometiam uma revolução social e o redirecionamento das desigualdades
mundiais doutrinas anti-colonialistas começaram a se desenvolver, particularmente no Iraque e na Síria, que socioeconômicas. Rejeitando um passado feudal e um presente capitalista ocidental, o Partido Bath na Síria e
incluíam o atual Líbano, Israel e Jordânia. no Iraque, o FLN na Argélia e Nasser no Egito, defendiam um futuro socialista/nacionalista árabe - o socialismo
árabe.
O panarabismo se fundamenta nos laços lingüísticos, culturais, históricos, religiosos e geográficos que
formam os países árabes que ocupam a região assim delimitada. Seu objetivo é o estabelecimento de um Em 1956 Nasser assumiu o controle e nacionalizou o Canal de Suez. Sua “vitória” na Guerra de Suez de 1957
governo unitário, associado a uma transformação revolucionária de tom socialista internamente, juntamente sobre as forças coloniais da França e da Grã-Bretanha fez dele um herói popular no mundo islâmico e reforçou
com um alinhamento antiocidental como política externa, como proclamado por Nasser e Baas. seu compromisso com a liderança árabe. O compromisso de Nasser com a liderança no mundo árabe o levou
ao uso progressivo dos aspectos árabes e islâmicos de herança egípcia. Embora o nasserismo tenha sido
> Características deste movimento: essencialmente um movimento secular, as realidades políticas internas e externas levaram Nasser a usar o
islamismo para legitimar seu socialismo árabe e exigir apoio popular no país e no exterior. Durante os anos 60,
1| Islamismo como fonte dos valores de justiça social e igualitarismo; são utilizados como slogans -
Nasser enfrentou concorrência de vários regimes árabes socialistas: Síria, Iraque e Argélia, além das novas
Movimento laico.
monarquias conservadoras, ricas em petróleo, como a Arábia Saudita. Na área doméstica, Nasser enfrentou
2| Adesão ao socialismo com vigilância estrita sobre o comunismo local o constante desafio da Irmandade Muçulmana. Apesar de inicialmente apoiar os Oficiais Livres, a Irmandade
sentiu-se alienada por Nasser quando ele deixou claro que não se uniria a eles na criação de um estado islâmico.
3| Nacionalismo - A expressão nacionalista do movimento se deu de diferentes maneiras de acordo Depois de várias tentativas de assassinato contra ele, Nasser reprimiu a Irmandade.
com cada país. A ideia de unidade do mundo árabe tinha mais ou menos importância em determinadas
regiões. Porém, a base comum nacionalista de todos os países árabes era o confronto com os
interesses do mundo ocidental, o que levou à nacionalização do canal de Suez em 1956 e do petróleo
Argelio em 1971. > O declínio
4| Culto ao de desenvolvimento econômico. Isto levou à reforma agrária, nacionalização dos interesses A figura de Nasser foi foco de inúmeras pressões: enquanto líder carismático, tinha em seus ombros a demanda do mundo
estrangeiros e criação de planos estatais. Assim, foi criado um setor público com divulgação e extensão árabe para acabar com o problema palestino. Para alguns setores a resolução implicava um enfrentamento armado com
dos programas educacionais, além de promulgação das leis sociais em favor das massas populares. Israel. Do outro lado, os líderes israelenses percebiam o perigo. Eles temiam que Nasser unisse os países árabes atomizados
Este processo deu início a uma profunda reestruturação da sociedade. Poderosos sindicatos surgiram da região em uma estrutura estatal única, tornando-o um novo Atatürk (líder do movimento nacional turco). Essas tensões
no Egito e na Argélia; uma classe média sólida e uma burguesia que prevalecia sobre as classes levaram, em 1967, à Guerra dos Seis Dias, cujas causas possuem diferentes interpretações. De qualquer maneira, esta guerra
feudais então predominantes. foi um fracasso para o lado árabe (formado por Egito, Síria e Jordânia), que sofreu grandes perdas e foi forçado a se render.

5| A adoção de um sistema político de partido único. Isso implicava na burocratização das organizações A derrota de 1967 mostrou a impotência das forças progressistas árabes e terminou com as tentativas de reestruturar os
sociais e limitava liberdades humanas, além de fortalecer o poder executivo e o estabelecimento de países árabes em uma união. Eles não foram capazes de resolver a primeira experiência real e não retórico, como foi com a
serviços repressivos. União Sírio-Egípcia de 1958-1961. A morte de Nasser em 1970 marcou o fim de um ciclo iniciado no século XIX.

20 21
Oriente Médio pós Guerra Fria - A volta ao Islã
O modelo político de construção nacional moderna no mundo muçulmano revela três orientações gerais nos
governos dos países muçulmanos: secularismo, islamismo e muçulmano. A Turquia escolheu um caminho
totalmente secular que restringe a religião à vida privada, embora isso esteja mudando nos últimos anos com
o regime de Erduan. Estados como a Arábia Saudita e o Paquistão proclamaram formalmente o caráter islâmico
A partir da segunda metade do século XX, iniciou-se uma nova etapa nas relações entre os dois blocos de seu governo e a primazia da lei islâmica. A grande maioria dos países muçulmanos emergiu como estados
dominantes: o ocidental com os Estados Unidos e o oriental com a URSS. A região do Oriente Médio neste muçulmanos. Apesar de se basearem em modelos ocidentais para o seu desenvolvimento político, social e legal,
momento não foi marginalizada, mas foi o cenário central em que as disputas entre um bloco em ascensão e incorporaram certas previsões islâmicas. Muitos exigem que o chefe de Estado seja muçulmano e forneça algum
outro em sua fase final se refletiram. Nesse contexto, os países árabes que mantinham relações estreitas com tipo de controle estatal sobre questões religiosas. Países como Tunísia, Argélia, Egito, Síria, Irã, Jordânia e
a União Soviética haviam se voltado para o Ocidente em busca de melhores perspectivas para seus regimes, Malásia refletem essa corrente (Esposito, 1998).
pois estavam recebendo cada vez menos recursos econômicos e tecnológicos.
Em 1990 o Iraque, a partir de uma leitura errônea das consequências que se seguiriam, invadiu o Kuwait.
> Revolução Iraniana
Confiantes de que os Estados Unidos e o mundo árabe iriam acompanhá-lo como fizeram durante a guerra A Revolução Iraniana de 1979 foi um ponto de virada na história do século XX. A rebelião foi o primeiro movimento
contra o Irã em 1988, o Iraque se lançou na empreitada de ocupar e anexar territórios. Segundo Pérez Llana inspirado pela doutrina religiosa do Islã, especificamente a versão xiita, para criar um novo sistema político
em sua análise do regime iraquiano, as razões que levaram Saddam Hussein, líder iraquiano, a assumir essa e social. No Irã não houve uma revolução de caráter nacionalista ou socialista como em outros países ao seu
missão têm a ver com a busca por liderança regional, conquista de territórios e a própria natureza de um redor, mas uma revolução baseada em uma ideologia religiosa desapegada de qualquer doutrina europeia. Foi o
regime apoiado por uma máquina de guerra, impossível de desmantelar sem afetar a sua própria estabilidade. primeiro uso político do Islã e abriu um caminho a ser seguido pelos países do Oriente Médio até os dias de hoje.
Além disso, o país enfrentava uma grande crise econômica. Com uma renda petrolífera insuficiente para cobrir Em suma, a Revolução de 1979 produziu uma mudança de direção na política dos países de maioria muçulmana
o déficit comercial e inúmeras dívidas, o Kuwait apareceu como solução para todos os problemas. que começou a vislumbrar a religião islâmica como uma forma de organização estatal.
Ao contrário do que Hussein pensava, os Estados Unidos intervieram contra a invasão em 1991 e, com o apoio No início dos anos 1970, protestos começaram a proliferar contra as políticas repressivas do governo iraniano;
do Conselho de Segurança da ONU, formaram uma coalizão multinacional para enfrentar o Estado ocupante no a corrupção; e as desigualdades sociais e econômicas. Estes protestos foram liderados por grupos islâmicos de
Iraque. A região do Golfo Pérsico e a região adjacente foram consideradas pelos Estados Unidos como parte esquerda e pelo Tudeh (partido comunista). O confronto entre o governo e as forças religiosas tradicionais se
integrante de seus interesses nacionais. intensificou devido à intenção de Reza Pahlevi de ocidentalizar o Irã. A tensão já havia começado nos anos 60,
quando o imperador assumiu. A inclusão da religião na luta contra o regime foi tardia, mas afetou a população
Com a vitória das forças da coalizão, os Estados Unidos acabaram se tornando fortes na região. A queda do
como mais um símbolo em suas demandas políticas, sociais e econômicas.
bloco soviético deu espaço para que o país se tornasse a grande potência. Tudo o que faltava era reorganizar
o mapa do Oriente Médio para obter estabilidade na região, o que ia de encontro não apenas aos interesses A Revolução Iraniana, ocorrida em 1979, transformou o Irã, até
econômicos americanos, como também a afirmação dos Estados Unidos enquanto hegemonia mundial e então uma monarquia autocrática pró-Ocidente comandada pelo
diplomática. No entanto, a estabilidade não seria alcançada sem resolver o problema de territórios ocupados Xá Mohammad Reza Pahlevi, em uma república islâmica teocrática
e o conflito mais importante seria o dos palestinos e Israel. sob o comando do aiatolá Ruhollah Khomeini.
O desaparecimento da URSS deu a oportunidade para um controle mais direto e sem muitas restrições do As forças religiosas tinham o Ayatolá Ruhollah Khomeini como
Oriente Médio para os Estados Unidos. A nova política em relação a região foi expressa em 1993 por Martin símbolo do confronto com o Xá. A figura do Ayatolá surge nas
Indyk, um funcionário do Conselho de Segurança Nacional da administração Clinton: “... não aceitamos o comunidades xiitas como o elemento principal da hierarquia,
argumento de que devemos continuar o jogo do antigo equilíbrio de poder, fortalecendo um contra o outro ...”. ponto crítico de diferenciação com sunnismo, em que não
Trata-se de “... preservar o equilíbrio de poder a nosso favor na ampla região do Oriente Médio”. Toda uma era existe tal hierarquia religiosa. Os ulemas, especialistas na lei
de oposição indireta, estava chegando ao fim: agora a intervenção seria direta. As seguintes três guerras, a corânica, podem se tornar Ayatolá (sinal de Deus) se sua vida
segunda e a terceira no Golfo, juntamente com a do Afeganistão (2001) podem ser entendidas a partir desse for um exemplo para a comunidade. Foi isso que aconteceu com
contexto: todas afirmavam a supremacia regional (e global) dos Estados Unidos e mostravam uma grande Khomeini do Irã: ele foi a cabeça visível da hierarquia eclesiástica
demonstração de força militar. que lutou contra as reformas ocidentais do Xá, em detrimento de
seu poder ao povo, que interpretou isso como um secularismo
subterrâneo que queria privar o Irã de seus costumes e tradições.
Nos anos setenta, por toda a tensão gerada, Khomeini teve que
> O Estado no Islã deixar o país, exilando-se em Paris, onde participou ativamente
A relação integral entre religião e política no Islã e sua ênfase na vocação muçulmana para realizar o reino de para derrubar o regime iraniano. Durante seu exílio, a opressão
Deus se refletiram na tendência de enxergar revoltas políticas e sociais não apenas como questões políticas, se intensificou no Irã. Em 1978 os partidários de Khomeini,
mas também religiosas. O Islã provou ser uma fé na qual a religião está unida ao poder político. A comunidade principalmente jovens de classes populares juntamente com
islâmica era tanto espiritual como temporal, igreja e estado. A fé religiosa e a ideologia forneceram o elo que grupos de esquerda, democratas e nacionalistas impulsionaram
uniu as tribos árabes, inspirou e deu direção ao período de expansão e conquista. O fundamento ideológico da mobilizações e greves. Em 1979 as manifestações eram inúmeras
comunidade/estado era o Islã. A legitimidade e autoridade do governador, a lei do estado e suas instituições e por conta da pressão exercida pela população Reza Pahlevi e Ayatolá Ruhollah Khomeini
judiciais, educacionais e sociais eram baseadas no Islã. O princípio fundamental de identidade política e sua família tiveram que abandonar o Irã e ir para um exílio nos
coesão social continuou sendo o compromisso público e popular com a Sharia. Estados Unidos.

22 23
A Revolução Iraniana criou, desde seus primeiros momentos, uma grande expectativa entre as diferentes pai, Muhammad Bin Laden, um trabalhador analfabeto, um ônibus na hora do rush explodiram. Estes ataque
potências mundiais e os países vizinhos. O golpe de Estado proposto pelo Irã na Revolução foi visto na chegou ao reino do sul do Iêmen por volta de 1930. Ele corroboram o escopo de alcance desta rede.
maioria dos casos como um elemento desenvolvimentista do islamismo radical. A importância histórica do montou uma pequena empresa de construção e tornou-
Irã tornou a extensão desse novo Islã político para o seu lado mais fundamentalista. Na década de 1980, se um dos magnatas mais ricos em construção na Al-Qaeda, literalmente, significa “a base”. A
os partidos fundamentalistas se consolidaram no Sudão, no Paquistão, na Turquia e Líbano, que, mesmo Arábia Saudita. Ele estabeleceu relações com a família organização segue uma hierarquia: após a morte de
sem estar no poder, exerceram uma fonte de pressão em seus países. Foi a partir dos anos 90, quando os real, que lhe concedeu contratos exclusivos. A família Bin Laden, o novo líder Ayman al-Zawahiri é quem
conflitos surgidos com a ascensão do fundamentalismo islâmico em países como o Afeganistão e a Argélia, Bin Laden consolidou um grande império industrial e ocupa o topo da pirâmide, seguido por seu conselho
que estes movimentos se tornaram mais agudos. financeiro. O Grupo Bin Laden, que se tornou uma das de assessores e vários comitês. O grande ideal da Al-
maiores empresas de construção do Oriente Médio, Qaeda é instaurar o califado e, para alcançá-lo, expõe
construiu muitas instalações de apoio militar no reino, uma série de objetivos e ferramentas. Esses objetivos
incluindo aquelas usadas pelas forças dos EUA durante menores nos permitem explicar o comportamento e a
> O terrorismo Islâmico o Guerra do Golfo. maneira como a organização opera, a fim de chamar
todos os muçulmanos a cumprir sua obrigação com a
Embora a maioria dos movimentos terroristas islâmicos tenham nascido dentro de um determinado contexto O 11 de setembro de 2001 é, sem dúvida, uma das Jihad (Aguirre Jimenez).
político e suas reivindicações sejam políticas, suas fontes de inspiração e sua justificativa moral não se datas mais importantes da história contemporânea:
baseiam em termos políticos, mas em fontes islâmicas de autoridade e princípios religiosos. Usando esses os ataques terroristas cometidos contra o Ocidente
princípios, os líderes desses movimentos conseguiram motivar o terrorista islâmico, criando um ambiente e, especificamente, contra os Estados Unidos, não
social que concede aprovação e um ambiente religioso que fornece justificativa moral e legal para suas têm precedentes. As dimensões e o alcance desses > Hezbollah
ações. Portanto, tratar o terrorismo islâmico como um fenômeno exclusivamente político e sócio-econômico eventos demonstram a força, capacidade, inteligência O Hezbollah ou o partido de Deus (Hizb Ala) surgiu
não faz justiça ao significado da cultura religiosa na qual esse fenômeno está enraizado (Bar, 2004). e coordenação do grupo terrorista que os perpetrou. em resposta à invasão israelense no Líbano em
Por mais que atualmente a luta tenha se internacionalizada, em suas origens, o movimento islâmico “olhou Outros atentados ocorreram depois do 11 de setembro, 1982 durante a guerra civil libanesa. Seus líderes se
para dentro” e percebeu a dominação ocidental não como uma superioridade, mas como o resultado da porém nenhum chegou às grandes dimensões e ao inspiraram em Ayatolá Khomeini e suas forças foram
perda do caminho das sociedades muçulmanas. O remédio é uma islamização das sociedades muçulmanas impacto no mundo ocidental. Em 11 de março de 2004 treinadas e organizadas pela Guarda Revolucionária
e uma restauração do domínio islâmico baseado na lei islâmica. em Madri, ocorreram dez explosões simultâneas em Iraniana. Em seu manifesto de 1985, eles
quatro trens da cidade. Outro atentado foi em Londres, estabeleceram quatro objetivos: a expulsão de Israel
A invasão soviética do Afeganistão em 1979 marcou o início da jihad internacional , já que reviveu o conceito do Líbano; acabar com toda a influência imperial no
de que todo muçulmano deve ir ao resgate de outros muçulmanos atacados por infiéis. Isso decorre do em 7 de julho de 2007, onde três vagões do metrô e
Líbano; submissão das Falanges a um reinado justo e
conceito de irreversibilidade do Islã, ou seja, todas as terras que antes eram islâmicas (Afeganistão, levá-las a julgamento por seus crimes; e dar ao povo
Palestina, Caxemira, Chechênia, Espanha) devem ser “liberadas” por meio da jihad. a possibilidade de escolher livremente sua forma de
governo, sem esconder seu compromisso com o Islã.
Os líderes do Hezbollah fazem diversos chamados
> Al Qaeda pela destruição de Israel.

A Al Qaeda é uma organização paramilitar, jihadista - grupos mais violentos e radicais dentro do Islã O Hezbollah, que começou como uma pequena milícia,
político - que emprega práticas terroristas e se apresenta como um movimento de resistência islâmica em cresceu e se transformou em uma organização que
todo o mundo. A Al Qaeda é comumente referida como uma rede de terrorismo internacional. Seu fundador, possui assentos no governo libanês, uma rádio e
líder e grande colaborador foi Osama bin Laden. televisão por satélite e programas de desenvolvimento
social. Possui grande popularidade entre a população
A invasão e a ocupação soviética no Afeganistão em 1979 representaram um importante ponto de virada xiita libanesa e conseguem mobilizar centenas de
na vida de Osama Bin Laden: o começo de sua trajetória até sua conversão em mujahideen, um soldado de milhares de pessoas em suas manifestações. O
Deus. A ocupação uniu os diferentes líderes e movimentos religiosos e tribais do Afeganistão em uma jihad Hezbollah recebe treinamento militar, armas e ajuda
popular. A guerra santa dos mujahideen para libertar o Islã e o Afeganistão da ocupação comunista (ateia) financeira do Irã e apoio político da Síria. Com o
soviética conseguiria expulsar o exército soviético, derrotar os comunistas afegãos e conduzir à criação de fim da ocupação israelense do Líbano em 2000, seu
um estado islâmico em 1992. poder militar cresceu significativamente e passou
Na origem da Al Qaeda como organização jihadista, se encontra tanto a evolução dos movimentos islâmicos a controlar toda a região sul do Líbano, bem como
no Oriente Médio, quanto o desenvolvimento da geopolítica na região. A expansão da Al Qaeda no mundo importantes bairros de Beirute.
árabe nos últimos anos tem sido vertiginosa, estando presente, em maior ou menor grau, em um número O Hezbollah originou-se dentro da população xiita
significativo de países do norte da África e do Oriente Médio. do Líbano. Esta sociedade xiita começou a crescer
Osama Bin Laden nasceu em Riad, na Arábia Saudita, em 1957 e é o décimo sétimo filho de 52 irmãos. Seu durante os anos 60 e 70. Em 1960, o Imam Musa Sadr
11 de Setembro de 2001, operação terrorista islâmica chegou ao Líbano e tornou-se a figura principal na
do Al-Qaeda dirigida por Osama bin Laden cidade xiita de Tira, onde defendia os interesses da

2424 2525
população desfavorecida. Em 1974 fundou o “Movimento dos Desprovidos” para pressionar uma melhoria Há quem diga que o Estado Islâmico funciona, de al-Sukkari, com quem fundou a Sociedade Hasaniya
nas condições sociais e econômicas dos xiitas. Musa Sadr estabeleceu várias escolas e clínicas em todo o fato, como um Estado. Possui uma administração para a Caridade, cujos objetivos eram preservar
sul do Líbano, muitas das quais operam até hoje. muito hierárquica e centralizada- o que gera uma a moralidade muçulmana, combater o proibido e
aproximação maior entre líder militante- e apresenta enfrentar o proselitismo cristão. Mais tarde, essa
Durante a guerra civil, Musa Sadr alinhou-se ao movimento nacional libanês e ao movimento dos deserdados, um corpo militar e policial que faz cumprir as leis nos sociedade e seus objetivos deram origem à Irmandade
formando uma ala armada conhecida como Amal.Quando Musa Sadr foi sequestrado, Amal passou a ser territórios que domina. O Estado Islâmico também gerou Muçulmana. Paralelamente, o apego de Al-Banna à
controlado por Nabih Berri, que alienou vários religiosos xiitas. A secularização de Amal deu aos deportados uma série de aparatos burocráticos de bens e serviços tradição e seu sentimento nacionalista aumentaram
de Najaf um clima ideal para expandir seu ativismo xiita. Enquanto Musa Sadr via o Líbano como um estado que lhe permitiram ter uma base de apoio social com a sangrenta repressão que, em 1919, desencadeou
independente e assumia compromissos com as forças cristãs, os líderes de Najaf pensavam muito diferente. relevante. Muito disso se deve à imensa quantidade de na revolta contra a autoridade colonial britânica, o
Este grupo, supervisionado pelo Ayatolá Mohamed Baquir al-Sadr, desenvolveu a idéia do movimento xiita. recursos que possui, obtida por meio de seqüestros, que deu fim ao Protetorado.
Hezbollah é reconhecido como o primeiro dos grupos islâmicos a usar a tática de ataques suicidas. Em venda de armas, petróleo e gasolina, tráfico de drogas
e, por último, financiamento externo de países árabes. A Irmandade Muçulmana surgiu como um movimento
1983, nos quartéis da marinhas em Beirut onde se encontravam também forças francesas, realizaram um que aspirava a um modelo social. Eles expandiram uma
ataque suicida e mataram mais de trezentos soldados. Atribui-se também ao Hezbollah: o ataque realizado Até o momento, o Estado Islâmico conseguiu anexar
grande parte do território do norte do Iraque e da Síria, organização em rede que progressivamente dotou-se
em 1984 na embaixada dos EUA em Beirute, o seqüestro de um avião kuwaitiano também em 1984 e de uma estrutura de serviços paralela à administração
a tortura e o assassinato do coronel Higgins e do chefe da CIA, William Buckley em Beirute. Hezbollah representando uma ameaça na fronteira ocidental do
Irã e no sul da Turquia, países que estão respondendo pública. Esse planejamento fez com que eles fossem
também foi responsável pelo bombardeio à Embaixada de Israel na Argentina, em 1992, onde morreram vistos como uma ameaça à concepção estatal do
vinte pessoas e ao ataque à AMIA em Buenos Aires em 1994, onde morreram oitenta e cinco pessoas. Além militarmente contra essa ameaça. Seu objetivo é
estabelecer um califado global. regime durante os últimos anos da monarquia do Rei
disso, a organização também é responsável pelo disparo de mísseis contra Israel após a guerra do Líbano. Faruq I. Eles não estavam realmente envolvidos em
Após a retirada israelense em 2000, o Hezbollah reduziu seus ataques, embora não definitivamente. Logo assuntos políticos até o final da década de 1940. A
após a segunda guerra do Líbano, em 2006, o Hezbollah parou seus ataques, embora não tenha deixado de eclosão do primeiro conflito árabe-israelense foi um
preparar-se militarmente. ponto de inflexão que os levou a dar este passo. Al-
Seguindo o princípio de guardiões de juristas islâmicos, o Hezbollah concentra toda a autoridade e poder em Banna foi assassinado em 1949. Nos anos 50, durante
seus líderes religiosos, cujas decisões provém do ulama (especialistas na lei) para toda a comunidade. O os anos quentes da guerra fria, Said Ramadan, genro
órgão supremo está dividido entre a Assembleia Consultiva (Majlis al-Shura), responsável por supervisionar e seguidor do fundador, manteve contato com o
todas as decisões táticas no Líbano e a Assembleia (Majlis al-Shura al-Karar), responsável por assuntos presidente Eisenhower. Do lado de fora, a Irmandade
estratégicos e liderada pelo Sheikh Fadlallah. A primeira é composta por doze clérigos e a segunda por Muçulmana foi percebida como o melhor instrumento
onze. Dentro da Assembleia Consultiva existem sete comitês especializados em ideologia, finanças, área para lutar contra o regime de Nasser que, por sua
militares e política, judicial, informação e social. vez, iniciou uma campanha contra a Irmandade,
dissolvendo-a em 1954. Nas décadas seguintes eles
foram reprimidos e passaram a maior parte de sua
trajetória na clandestinidade. Muitos deixaram o
> ISIS – O Estado Islâmico Egito e foram para Europa, Estados Unidos ou Arábia
O Estado Islâmico tem origem por volta do ano de 2003. Seu nascimento ocorreu no Iraque após a invasão Saudita.
americana que derrubou Saddam Hussein e eliminou qualquer influência de sua administração, causando Bandeira do ISIS/Daish Sayyed al-Qutb promoveu uma transformação
uma forte instabilidade institucional. Nesse contexto, o Estado Islâmico foi formado para expulsar a ideológica do movimento, substituindo os princípios
presença estrangeira do território iraquiano. Suas milícias permaneceram após a guerra, passando a ser a doutrinários originais de Al-Banna por uma série de
insurreição sunita contra o governo xiita que substituiu o partido Baaz de Hussein (Corral, 2015). Em 2004, teses radicais. Essas novas idéias abriram as portas
o então líder do movimento, Abu Musab al-Zarqawi prometeu lealdade a Osama Bin Laden, a célula da Al- > A Irmandade Muçulmana para aprimorar o conceito de jihad, entendido como
Qaeda no Iraque. Mas entre 2013 e 2014, com o líder al-Baghdadi, o Estado Islâmico decide levar tropas o dever da aplicação da sharia ou da lei islâmica em
para a Síria para lutar contra o governo repressivo de Bashar al-Assad, aluita (corrente xiita) no contexto A Irmandade Muçulmana foi criada por Hasan Al- toda a sociedade e no comportamento individual de
do pós Primavera Árabe. Deve ser levado em consideração que a Síria e o Irã tem uma aliança militar de Banna em 1928 em Ismailiya, Egito. Sua inspiração cada muçulmano. A partir desse momento também
apoio do primeiro ao segundo para enfrentar as milícias rebeldes, incluindo a Frente Al-Nusra, uma afiliada foram as diferentes correntes regeneracionistas começou a rejeição dos regimes ocidentais e dos
da Al-Qaeda e o Estado Islâmico. Este, pretendeu absorver a Frente Al-Nusra, mas Al-Zawahiri (líder da Al- muçulmanas, de onde adotou uma dimensão política árabes que haviam sucumbido à ocidentalização. Isso
Qaeda) apoiou a Frente Al-Nusra e pediu a dissolução do Estado Islâmico. Isto fez com que Al-Zawahiri se e social. Tornou-se a organização mais importante contribuiu para o isolamento social de seus membros.
separasse da Al-Qaeda e passasse a operar de forma autônoma. A organização não enfrentou problemas do Egito e em parte do mundo muçulmano. Foi um Essa evolução aprofundou a permanente suspeita
graças ao controle administrativo que possuíam em várias cidades iraquianas (Corral 2015). ponto de referência para os movimentos islâmicos do sobre os objetivos da Irmandade Muçulmana e suas
século XX. Quando jovem, por meio de sua família, ações, aumentando ainda mais a perseguição. Em
Al-Banna entrou em contato com o Sufismo, uma 1966, Al-Qutb foi executado, mas seus seguidores
corrente que exerceu grande influência sobre ele. receberam a proteção da Arábia Saudita, servindo
Em um dos grupos de oração, ele conheceu Ahmad esses laços para a conexão com as correntes

2626 2727
Conflito Israelense – Palestino
wahhabies salafistas. Enquanto isso, no Oriente Médio, a Guerra dos Seis Dias de 1967 trouxe novos
argumentos para a radicalização (Weber 2012).

> Hamas
> Mandato Britânico da Palestina
Em essência, o Hamas é um movimento radical islâmico; um ramo palestino da Irmandade Muçulmana
com o caminho da “jihad” (guerra santa) e a chamada “resistência” como componentes centrais de sua Antes do final da Primeira Guerra Mundial, a região da Palestina era parte do Império Otomano. Os
identidade (como manifestado na Carta do Hamas de 1988, a qual seus líderes se referem frequentemente britânicos, sob o comando do general Allenby, derrotaram o exército turco em 1917 e ocuparam a Síria e
inclusive nos atos terroristas que o movimento realiza há anos). O Hamas vê na “resistência da jihad” um a Palestina. Este território foi administrado pelos britânicos até o final da guerra. O Mandato Britânico da
instrumento central para a promoção de seus objetivos estratégicos, juntamente com outros instrumentos Palestina foi uma administração territorial confiada pela Liga das Nações ao Reino Unido após a Primeira
de importância secundária, como a ação diplomática ou “resistência popular” (adotada pela Autoridade Guerra Mundial. O território correspondia a zona sul do Levante mediterrâneo, uma região que o Império
Palestina). No centro dos objetivos estratégicos do Hamas estão “a libertação da Palestina” do Mediterrâneo Otomano tinha perdido como resultado de sua derrota na guerra. Embora o Reino Unido administrasse estes
ao Jordão, a destruição do Estado de Israel, o retorno dos refugiados palestinos a Israel e o estabelecimento territórios de fato desde 1917, o mandato entrou oficialmente em vigor em Junho de 1923 e expirou-se
de um Estado Islâmico Palestino. No final dos anos 1960, o fundador do Hamas e seu líder espiritual, o em maio de 1948. Inicialmente, o mandato incluía os atuais territórios da Jordânia, Israel e os territórios
Sheikh Ahmed Yassin, pregava e fazia trabalhos sociais na Cisjordânia e em Gaza, ambos ocupados por palestinos ocupados. A partir de setembro de 1922, o Reino Unido separou a parte oriental e criou o Emirado
Israel na Guerra dos Seis Dias. Em 1973, Yassin estabeleceu o Centro Islâmico (al-Mujamma al-Islami) da Transjordânia.
para coordenar as atividades da Irmandade Muçulmana em Gaza. Em dezembro de 1987, após o início da
primeira intifada, Yassin fundou o Hamas como um braço político da Irmandade muçulmana em Gaza.
Em 1920, na Conferência de San Remo (Itália), a Liga das Nações atribuiu o mandato da Palestina ao Reino
Unido. Esse território incluía o que mais tarde seria o Estado de Israel, a Faixa de Gaza, a Cisjordânia, parte
O braço armado do Hamas, as brigadas de Izz al Din Qassam, foi criado em 1991. Durante a década das Colinas do Golán e o Reino da Jordânia. A maioria dos 750.000 habitantes desta região multiétnica
de 1990, essas brigadas realizaram numerosos ataques contra civis e militares israelenses. Em abril de eram árabes muçulmanos (incluindo uma população beduína de cerca de 100.000, de acordo com o censo
1993 começaram os ataques suicidas. Israel respondeu deportando a quatrocentos e quinze membros do de 1922 concentrada no sul e leste de Beersheva) e judeus (11% do total e eram principalmente imigrantes
Hamas e da Jihad Islâmica em dezembro de 1992. Os ataques suicidas aumentaram, principalmente, após ashkenazis ou judeus da Europa Oriental). Haviam outros grupos minoritários: drusos, sírios, sudaneses,
o massacre de trinta muçulmanos na mesquita dos patriarcas em Hebron, por Baruch Goldstein em 1994. caucasianos, egípcios, gregos e árabes do centro da Arábia. Em junho de 1922, a Liga das Nações estabeleceu
Apesar dos acordos de Oslo em 1993, Arafat não combateu o Hamas como esperado. O Hamas também o mandato palestino. Era um documento que assinalava ao Reino Unido suas responsabilidades e obrigações
executou palestinos acusados de colaborar com Israel. relativas à administração da Palestina, incluindo “assegurar o estabelecimento de um lar nacional judeu”
e “garantir os direitos civis e religiosos de todos os habitantes da Palestina.” O documento que definia
as obrigações britânicas era uma cópia do texto da Declaração de Balfour sobre o estabelecimento do lar
nacional judeu. Muitos artigos no documento especificaram ações para apoiar a imigração judaica e um
Em 2006, após a saída de Israel da Faixa de Gaza em 2005, o Hamas disputou pela primeira vez eleições
status político especial. Porém, no vasto e árido território ao leste da região do rio Jordão, região então
palestinas, obtendo 76 dos 132 assentos no Parlamento. Mais do que uma vitória do Hamas, as eleições
chamada Transjordânia, o Reino Unido pretendia “adiar” ou “cancelar” a aplicação dos artigos que tratavam
representaram uma rejeição da corrupção do Fatah (maior facção da Organização para a Libertação da
do “lar nacional judeu”, de modo que os árabes da região conservaram uma parte desse território. Em
Palestina), que perdeu após quarenta anos de domínio na política palestina. Em março de 2006, as tensões
setembro de 1922, o governo britânico apresentou um memorando à Liga das Nações, afirmando que a
entre o Hamas e o Fatah em Gaza atingiram o pico, quando os comandantes do Fatah, pertencentes à polícia,
Transjordânia seria excluída de todos os acordos relativos ao Estado Judeu. Este memorando foi aprovado
se recusaram a receber ordens do Hamas, enquanto
em 11 de setembro. Partindo desta premissa, o Reino Unido administraria a parte ocidental do Jordão como
a Autoridade Palestina de Abbas começou a prender e
Palestina e a parte oriental como a Transjordânia. Tecnicamente continuou a ser um mandato único, mas a
executar membros do Hamas na Cisjordânia.
maioria dos documentos oficiais se referia a ele como se fossem dois mandatos separados. A Transjordânia
Desde que o Hamas assumiu o poder na Faixa de Gaza permaneceu sob mandato britânico até 1946.
(2007), as limitações impostas pelo seu governo crescem.
Suas imposições consistem na preservação e reforço de
seu controle e soberania na Faixa de Gaza como uma
etapa no caminho à dominação total da arena palestina.
Essa consideração, que promove uma atitude pragmática,
impõe ao Hamas levar em conta as necessidades de
um milhão e meio de habitantes (aproximadamente),
responder a eles e fornecer soluções práticas para os
problemas econômicos cotidianos (a crise de energia, à
qual o Hamas para lidar ultimamente, é um bom exemplo).

28 29
Os transtornos de 1921 também levaram à polarização das posições sionistas, colocando Jabotinsky em um
> A posição sionista frente aos Árabes extremo e, eventualmente, Brit Shalom (grupo de intelectuais “universalistas” judeus) em outro. Jabotinsky
acreditava que não existiam possibilidades de um acordo judaico-árabe enquanto os judeus estivessem
A posição sionista em relação aos árabes e ao nacionalismo árabe passou por muitas transformações, tanto
colonizando o país. Ele pensava que o assentamento judaico só poderia ocorrer na Palestina sob a proteção de
por questões da própria natureza do sionismo, quanto por questões de realidade histórica. Superficialmente,
um “muro de ferro”. Sua atitude também foi favorável em relação ao movimento de independência árabe fora da
essas atitudes podem parecer como derivadas dos diferentes conteúdos ideológicos segundo os quais os
Palestina. Uma concepção diferente foi a de Martin Buber, que acreditava na cooperação judaico-árabe.
próprios sionistas definiam seu movimento; quanto mais maximalista fosse o sionismo - imigração em
massa de uma maioria judaica na Palestina e obtenção de uma soberania judaica - mais intransigente O Livro Branco de 1939 causou uma crise na posição sionista em relação à Grã-Bretanha. Tornou-se claro que
este seria frente aos árabes. Nos fatos, isso não é assim. Na verdade, a atitude sionista em relação aos a promoção do Lar Nacional Judaico de acordo com a concepção sionista já não era possível sob a proteção
árabes também foi influenciado por outros fatores: a percepção do Oriente, a atitude em relação ao uso da britânica. Enquanto o movimento sionista se preparava para travar sua batalha contra o Livro Branco, a Segunda
violência e os elementos liberais ou socialistas que se somaram à idéia sionista. A avaliação das realidades Guerra Mundial estourou em 1939. As necessidades imediatas da guerra aumentaram a dependência britânica
da Palestina também desempenhou um papel importante na consolidação dessas atitudes. em relação aos árabes.
Os primeiros confrontos do sionismo
não foram com um movimento
nacional árabe, mas com o domínio > O movimento nacional Árabe–Palestino
otomano que havia limitado a
imigração e a aquisição de terras, Ao mesmo tempo em que alguns judeus sonhavam e planejavam um estado sionista que serviria como expressão
e também com a população local. de sua identidade nacional, as sementes do nacionalismo eram espalhadas por todo o mundo árabe. No Levante
Esses choques concentraram-se na (região da Síria, Jordânia, Israel, Palestina, Líbano e Chipre. Outras fontes definem o Levante de uma maneira mais
compra de terras, nos métodos de ampla, incluindo porções da Turquia, do Iraque, da Arábia Saudita e do Egito) essas idéias encontraram terras
cultivo do solo e na proteção dos férteis e criaram raízes. De muitas maneiras, o desenvolvimento do nacionalismo árabe foi mais direto do que o
assentamentos. Judeus, ignorando experimentado pelo movimento sionista inicial. Os árabes já tinham idioma, cultura e história compartilhados ;
o modo de vida dos residentes eles estavam no lugar, na terra, como haviam estado por centenas de anos. Não havia necessidade de criar um
locais, ofendiam em certas ocasiões senso de comunidade, isso já existia.
seus costumes e sensibilidades. No Vários fatores levaram esse senso geral de identidade compartilhada à uma expressão nacionalista mais
início do século XX, essas questões explícita. Um deles foi o contato com as ideias nacionalistas ocidentais. Inicialmente, o nacionalismo árabe
estimularam, entre os judeus, as expressou-se como um desejo de substituir o governo turco otomano pelo controle político árabe local. Em 1880,
discussões sobre as relações com um forte movimento nacionalista emergiu, com base em Damasco e Beirute, exigindo a independência dos árabes
os árabes. do Levante. Uma declaração de dezembro de 1880 indicava as linhas de sua agenda política.
Pouco antes da Primeira Guerra O nacionalismo palestino, diferentemente do nacionalismo árabe, desenvolveu-se mais tarde. Durante a maior
Mundial, os líderes sionistas parte de 1800, a identidade política do povo palestino era de vários tipos: um compromisso com a liderança
reconheceram os erros cometidos árabe local, uma consciência do reinado distante dos turcos otomanos; e um crescente, porém difuso, senso
nesse contexto durante os primeiros de conexão com a grande comunidade árabe. Inicialmente, os palestinos fizeram parte do movimento geral do
estágios da colonização. Eles nacionalismo árabe que se desenvolveu no Levante. Com a queda do Império Otomano e a divisão do Levante em
acreditavam que se colocassem um fim à desapropriação dos camponeses inquilinos, compensando-os, áreas de controle francês e britânico, as esperanças árabes de uma Grande Síria compreendendo toda a região do
além dos pagamentos aos proprietários, as tensões entre judeus e árabes se dissipariam. Mas então o Levante foram esmagadas e uma identidade
conflito atingiu um nível mais alto, adquirindo o status de conflito nacional. nacional palestina separada, já presente,
Os judeus e os árabes que se mantiveram separados como comunidades religiosas, se afastaram ainda começou a florescer.
mais a nível nacional; tanto pelo idioma, o hebraico, quanto pelo novo conteúdo fornecido à educação A falta inicial de um nacionalismo palestino
judaica. A primeira década deste século testemunhou a implementação de uma política destinada a criar explícito não significava, no entanto, que
uma economia judaica fechada. os palestinos aceitavam tranquilamente
Ao surgir o confronto judaico -árabe, mesmo antes de 1914, a discussão teórica sobre o tema girou em a imigração judaica dos anos anteriores
torno de relações entre Oriente e Ocidente ou entre os dois ramos da raça semítica. Líderes sionistas como a 1918. No início, resistiram de maneira
Ahad Ha’am e Menachem Ussishkin, optaram por considerar os judeus como um povo que se dissociava do espontânea e desorganizada à expulsão de
Ocidente que atacava o Oriente. Eles viam o judeu com um povo oriental que retornava às suas raízes e que, suas terras, nas quais viveram e trabalharam
mesmo assim, podia servir como um elo entre os dois mundos. As desordens árabes de 1921 obrigaram por gerações. As terras foram vendidas por
uma nova interpretação britânica do papel do Mandato e do caráter do lar nacional judeu na Palestina. As proprietários ausentes. Em 1890, um grupo
novas interpretações foram expressas no Livro Branco de 1922. de palestinos influentes

3030 3131
protestou contra os governantes otomanos sobre essas vendas de terras e sobre a imigração judaica para ambos os grupos nacionais. Em 1938, a região estava formada organização internacional foram o conflito
a Palestina (e outros territórios árabes sob o controle otomano). Eles também discordavam da eleição de em caos total, com sionistas, palestinos e britânicos não resolvido sobre a Palestina e o problema dos
um governante pró-sionista para Jerusalém. Esses protestos tiveram pouco efeito. Oficialmente, a política lutando pelo controle. Em grandes partes da Palestina, refugiados na Europa. Em abril de 1946, a Comissão
otomana foi que imigrantes judeus poderiam assentar-se “como grupos espalhados por todo o Império a autoridade civil britânica perdeu toda a capacidade de Investigação Anglo-Americana recomendou
Otomano, excluindo a Palestina”, mas na prática esta restrição podia ser facilmente evitada e não serviu de dirigir os assuntos da vida cotidiana da população que um fideicomisso da ONU (órgão que daria a
para limitar significativamente a imigração judaica para a Palestina. Após a queda do sultão otomano e os palestinos estabeleceram muitos elementos responsabilidade a um terceiro até que o Reino Unido
em 1908, os sentimentos anti - sionistas foram expressos de forma mais ampla e começaram a unir-se de auto-governo, incluindo um sistema de tribunais pudesse administrar), sob o mandato da Liga das
explicitamente o nacionalismo árabe e palestina (Pappe, 2006). separados. A reação ao relatório da Comissão Peel foi Nações, fosse temporariamente estabelecido sobre a
particularmente intensa na região da Galileia, pois sob Palestina. Uma vez que a população estivesse pronta
Com o colapso da opção da Grande Síria, os palestinos concentraram sua atenção no pedido de independência a proposta de partição, a população palestina na área para se autogovernar, o fideicomisso confiança seria
do controle britânico, resistindo às implicações da Declaração de Balfour e exigindo o fim da imigração seria forçada a abrir caminho para o Estado judeu. substituída pelo estabelecimento de um único estado
judaica até que o status da Palestina fosse esclarecido. Suas preferências foram claramente articuladas binacional, conforme proposto no White Paper do
em dezembro de 1920, na declaração do Terceiro Congresso Palestino-Árabe ao Alto Comissário Britânico. McDonald’s em 1939.
depois, estas declarações foram elaboradas em uma carta enviada ao Secretário Colonial Britânico em
outubro de 1921. Os britânicos se recusaram a reconhecer essas e posteriores declarações, cartas, e > Relatório da Comissão Peel Em um tentativa final para resolver o problema da
pedidos de líderes políticos palestinos, pois os líderes, apesar de serem amplamente reconhecidos, não soberania palestina, a Grã-Bretanha tentou realizar
Em agosto de 1936 o governo britânico formou a uma conferência em Londres na qual o Comitê
foram eleitos pela população geral. Isso estabeleceu um padrão para determinar a legitimidade da liderança Comissão Real, conhecido como a Comissão Peel.
nativa que não poderia ser cumprida por nenhum povo colonizado, já que nessas situações as eleições Superior Árabe, os governos árabes e a Agência
Composta por altos funcionários, a comissão tinha Judaica foram convidados a apresentar seus pontos de
geralmente não eram realizadas. como objetivo investigar amplamente todos os vista. A primeira sessão foi realizada em setembro de
Ao mesmo tempo, o movimento sionista e a imigração para a Palestina foram ganhando força. O medo elementos da questão palestina e propor uma solução 1946, com uma segunda rodada marcada para 1947.
e a frustração palestina cresceram proporcionalmente à imigração sionista. Aos olhos da comunidade para longo prazo. Em 7 de julho de 1937, o Secretário Apenas os estados árabes enviaram representantes;
palestina, os imigrantes europeus eram exclusivistas e arrogantes em suas idéias econômicas e políticas de Estado das Colônias apresentou um relatório ao por diferentes razões, tanto o Alto Comitê Árabe
excessivamente ocidentais, modernas demais, agressivas demais e, em geral, significavam uma influência Parlamento do Reino Unido. O governo britânico, então, quanto a Agência Judaica se recusaram a participar
corrupta. Mais importante, os palestinos rapidamente reconheceram que o sionismo seria prejudicial às fez uma declaração política mostrando estar de acordo e a conferência foi um fracasso. Nesse ponto, os
aspirações nacionalistas palestinas nascentes. Estas reacções foram reforçados pelo aumento do número com as conclusões do relatório e propôs a obtenção de britânicos reconheceram que não tinham capacidade
de imigrantes no início de 1920. O sionismo e nacionalismo palestino estavam em rota de colisão e a uma autorização da Liga das Nações para prosseguir de lidar com o complexo conflito e, em 2 de abril de
questão era quando o primeiro grande confronto entre as duas comunidades aconteceria. com um plano de partição. 1947, entregaram sua responsabilidade à ONU.
Resumo do relatório: A ONU enviou uma comissão especial de onze
Nega a teoria de igualdade de direitos para árabes membros à Palestina que apresentou duas propostas
> Revoltas Árabes de 1936 – 1939 e judeus, alegando que o Mandato foi elaborado alternativas à Assembléia Geral. Ambos clamavam
assumindo que os árabes palestinos aceitariam o pelo fim imediato do mandato britânico. A proposta
O processo de desenvolvimento político e nacional palestino se acelerou durante a primeira metade principal, apoiada pela maioria da comissão,
de 1930. Em 1935, havia cinco partidos políticos em busca de apoio: Partido da Defesa Nacional dos Lar Nacional Judaico; conclui que o Mandato se
tornou incontrolável, deve ser revogado e sugere a era formar duas entidades políticas separadas e
Nashashibi (que era um descendente do Partido Nacional Árabe Palestino); o partido árabe palestino da economicamente unidas. A proposta minoritária
família Husseini, o Congresso da Juventude, organizado pelos palestinos muçulmanos em 1932; Istiqlal, partição: o Estado judeu incluiria a Galiléia, a planície
de Esdraelon e a planície costeira (de Qastina a Rosh argumentava que, como a maioria dos moradores
um ramo do partido de independência pan-árabe que foi apoiado principalmente por jovens profissionais e palestinos se opunha à partição, deveria ser criado
que pediu a independência de todos os países árabes; e dois partidos com base local: o partido reformista Hanikra, a Galiléia e os vales do Jezreel e Jordânia) e
o Estado árabe, a maior parte do resto da Palestina, um único estado federal que contivesse áreas judias
de Husseini Khalidi, aliado do partido árabe palestino, e o bloco nacional de Abdal - Latif Saleh, rival da palestinas e autônomas. Apesar de endossarem o
família Husseini. que seria federada com a Transjordânia, exceto;
a área de Jerusalém, Belém e arredores (Lugares plano de partição, com reservas, os líderes sionistas
Em 1936, a população palestina tomou o assunto com as próprias mãos. A Revolta Árabe de 1936-1939 foi Sagrados do cristianismo) e um corredor até Yafo continuaram com a crença de que toda a Palestina
o mais prolongado protesto contra as aspirações nacionais judaicas na Palestina antes do estabelecimento que estaria sujeitos à jurisdição do Mandato (tutela) deveria estar sob controle judaico.
de Israel como Estado. Essa resposta foi contra as raízes da imigração judaica continuada e teve dimensões permanentemente; e a troca de populações entre os Do ponto de vista palestino, o plano de divisão
violentas e não violentas. Tudo começou em abril 1936 com revoltas espalhadas, mas o principal impacto dois novos estados, seguindo o modelo feito entre a significava a divisão ilegal e ilegítima da Palestina
da primeira fase da revolta foi um semestre de greves, falta de pagamento de impostos e outras formas Grécia e a Turquia. e a expulsão ou transferência de residentes locais.
de desobediência civil, coordenados pelos comitês locais e do recém-formado Alto Comitê Árabe para a Por essa razão, o Alto Comitê Árabe e a Liga Árabe,
Palestina (AHC) presidido por Amin Husseini. O primeiro período da revolta terminou a pedido dos líderes formada em 1945, rejeitaram ambas as propostas e,
árabes que convenceram os palestinos a aguardar o resultado das deliberações da Comissão Real da
Palestina (Comissão Peel) montada pela Grã-Bretanha para investigar a situação. > O voto da ONU sobre a partição da por sua vez, pediram a formação de um Estado único,
unificado, democrático e secular, com direitos iguais
A segunda etapa da revolta começou no outono de 1937. Foi iniciada com o anúncio do relatório da
Palestina para todos os seus cidadãos. A restrição árabe de que
Comissão Peel, que propunha partir a Palestina em dois estados em reconhecimento aos pedidos de Os primeiros desafios enfrentados pela recém- apenas os imigrantes judeus e seus descendentes que

3232 3333
haviam chegado antes da Declaração Balfour seriam considerados cidadãos desse estado foi apenas um >Guerra dos Seis Dias
dos fatores que tornaram essa proposta inaceitável para os sionistas.
A visão em Israel na primeira metade de 1967 era de que seu inimigo mais implacável, o presidente Nasser do
A princípio, parecia que a proposta de partição não alcançaria os dois terços necessários na Assembléia Egito, não iria embarcar em uma guerra em grande escala. Esta opinião foi baseada nas forças de Nasser que
Geral. Aqueles que apoiaram os sionistas obtiveram um curto intervalo de 48 horas para pressionar os ainda estavam envolvidas na guerra civil do Iêmen, e, assim, ele não ousaria atacar Israel. Além disso, Israel
países indecisos. Sob alta pressão, sete países mudaram de posição durante esse recesso e em 29 de acreditava que nem a Síria nem a Jordânia abririam fogo sem a participação ativa do Egito.
novembro de 1947 a Assembléia Geral votou a favor da Resolução 181, a qual pedia a criação de um Estado
judeu e um estado árabe na Palestina. O mandato britânico sobre a área deveria terminar em 15 de maio
de 1948, e os dois estados seriam estabelecidos em 1º de julho do mesmo ano. Jerusalém e Belém se Em contraste com as relações calmas entre o Egito e Israel, as relações com a Síria eram voláteis e, no período
tornariam corpos separados sob a jurisdição da ONU. O plano de partição concedeu ao novo Estado judeu até a guerra de 1967, caracterizadas por uma série de tensões e escaramuças. Havia três pontos de discórdia
57% da Palestina, incluindo a região costeira fértil. entre Israel e a Síria. O primeiro era sobre a água. Israel queria desviar a água do Kineret para o deserto do
Negev. Os sírios se opunham e, enquanto as fontes de água, principalmente os Hatzbani e os Banias, estavam
em território sírio, eles tentaram desviar a água antes que chegasse a Israel. O segundo ponto de tensão, e
> Guerra da Independência 1947-49 uma fonte persistente de problemas na região, era o apoio sírio aos grupos paramilitares palestinos que se
infiltravam no território israelense para realizar ataques
A fase inicial que se seguiu à resolução da ONU sobre a partição da Palestina foi caracterizada principalmente terroristas. O terceiro ponto era sobre o controle das
por ataques árabes a comboios judaicos e combates de rua em Yafo - Tel Aviv e na cidade velha de zonas desmilitarizadas. Estas, eram três áreas a oeste
Jerusalém. Esta ainda não era uma guerra civil total, mas sim pequenos confrontos e um círculo vicioso em da fronteira internacional que a Síria ocupou durante
que toda a ação foi seguida por retaliações com distúrbios e confrontos entre judeus e árabes por toda a a guerra de 48 (Bregman, 2004). O crescimento das
Palestina (Bregman, 2004). tensões entre os países árabes e Israel, em meados de
1967, levou ambos os lados a mobilizarem as suas tropas
> Refugiados
A velocidade da operação impressionou o mundo e os
A guerra civil na Palestina foi cruel e cheia de atrocidades. Em 31 de dezembro de 1947, em vingança ao israelenses, cuja reação imediata à vitória foi a euforia
Irgun pelo assassinato de seis de seus companheiros, os árabes atacaram e mataram trinta e nove judeus como uma expressão espontânea de alívio daquilo que
nas refinarias de Haifa. A Haganá respondeu atacando a cidade de Blad-el-Sheike, onde mataram mais não se concretizou. Israel venceu a guerra com poucas
de sessenta árabes, incluindo mulheres e crianças. No início de fevereiro de 1948, mais de dez árabes e vítimas. Em seis dias a batalha terminou, e naquela
dois policiais britânicos foram mortos em uma explosão perto do portão Yafo em Jerusalém e, em 22 de época as tropas israelenses estavam a menos de 50
fevereiro, sessenta judeus foram mortos por um carro-bomba na rua Ben Yehuda, em Jerusalém. km de Amã, a 60 km de Damasco e a 110 km do Cairo.
Israel controlava agora uma área de 88.000 quilômetros
quadrados, em comparação com 20.250 antes da
Em 9 de abril, cento e dez palestinos foram mortos por judeus na pequena cidade de Dir Yassin, a oeste de guerra. O deserto do Sinai, a Faixa de Gaza, o Golán e
Jerusalém. Pelo menos vinte e cinco foram massacrados a sangue frio. Quatro dias depois, em 13 de abril, a Cisjordânia forneceram às cidades israelenses uma
os árabes se vingaram atacando um comboio judaico com suprimentos médicos a caminho de Har Hazofim, zona de contenção, reduzindo drasticamente os perigos
matando setenta e sete. da extinção de Israel ou um ataque surpresa dos árabes.
A vitória teve um significado histórico especial por
O que é mais significativo na guerra civil é que ela deu origem ao problema conhecido como “refugiados causa da captura de territórios centrais do passado
palestinos”. Com sua liderança e classe média abandonando a Palestina para se refugiarem temporariamente religioso mítico: a Cidade Velha de Jerusalém com o
(segundo eles) nos países árabes vizinhos e com os judeus advertindo as classes baixas palestinas a Muro das Lamentações e a Cisjordânia, que faz parte
seguirem seus líderes e usando a força em alguns casos para a expulsão , os árabes da Palestina deixaram da Terra Bíblica de Israel. Para a comunidade religiosa
o país. Os exageros dos líderes árabes sobre as atrocidades judaicas foram um catalisador, levando os de Israel, a ocupação desses territórios estabeleceu as
palestinos a sair quando soldados judeus foram vistos se aproximando da cidade. relações entre o que eles definiam como “povo, deus
e terra prometida”, reforçando sua identidade judaica.
Com a partida em massa dos árabes, os judeus se tornaram maioria na Palestina. Por mais que não
houvesse uma decisão explícita por parte da liderança judaica de expulsar os palestinos, havia um acordo Mas a ocupação de terras árabes também semeou o
tácito de não fazer nada contra isso. Estima-se que cerca de 750.000 palestinos deixaram a Palestina conflito e a divisão dentro da sociedade israelense.
durante a guerra e seus lares foram tomados por judeus imigrantes. Durante seis meses desde novembro O que ficou claro depois da guerra de 1967 foi que a
de 1947 até meados de 1948, 1.308 soldados judeus e 1.100 civis morreram (Bregman, 2004). sociedade israelense era essencialmente diversa, um
organismo turbulento que tendia a parecer monolítico

3434 3535
> A OLP
quando confrontado com o perigo externo. E foi precisamente isso que fez da guerra de 1967 um ponto Na Assembleia do Cairo de 1964, a Liga Árabe, sob
de virada na vida da nação e da sociedade israelense. E apesar do fato de que, na era do pós-guerra, as proteção de Nasser, decidiu criar uma organização que
taxas de opinião indicaram a grande popularidade dos líderes nacionais, o governo foi desafiado mais do representasse o povo palestino. O Conselho Nacional
que nunca por seus cidadãos (Bregman, 2004). Palestino reuniu-se em Jerusalém em 29 de maio de
1964 e fundou a Organização de Libertação da Palestina
(OLP) em 2 de junho de 1964. Em sua proclamação
> Consequências da Guerra dos Seis Dias estabeleceu o direito palestino à sua pátria sagrada
Palestina e afirmou a necessidade do uso da força para
O grande dilema com o qual Israel se confrontou após a Guerra dos Seis Dias foi o que fazer com os libertar esta terra.
territórios conquistados e com a população palestina nesses territórios.
O primeiro comitê executivo foi formado em 9 de
>Plano Alon agosto sob a liderança do Ahmed Shuqeir (patrocinado
por Nasser). Depois da derrota árabe na Guerra
Uma das primeiras propostas israelenses ficou conhecida como o Plano Alon. Este, baseia-se em três dos Seis Dias, a credibilidade dos países árabes foi
princípios básicos: Israel deseja a paz e está disposta a devolver os territórios; Israel deseja permanecer enfraquecida. A guerra radicalizou os palestinos e
um estado democrático e judeu e, para isso, deve evitar anexar a população árabe dos territórios; e para enfraqueceu a influência de Nasser. A estrada foi
uma questão de segurança, Israel deve preencher certas áreas. aberta, após a Batalha de Karameh, para que Yassir
Os territórios que seriam povoados incluíam as primeiras montanhas do oeste , já que estas formavam Arafat e seu grupo, o Fatah, assumissem a liderança
zona militar estratégica. No marco dessa concepção, as antigas cidades judaicas seriam repovoadas em da OLP.
Gush Etzión e na cidade de Hebron. Somado a isso, Israel iria povoar a faixa que cobria o Mar Morto, a fim
de impedir a passagem de armas da Jordânia. Todo o resto da terra, de acordo com o plano Alon, seria
devolvida para a Jordânia. Por último, a Cisjordânia árabe palestina se juntaria a um corredor em Jericó > A Primeira Intifada
para a Jordânia e a Faixa de Gaza ao longo de uma rota protegida. Igal Alon não detalhou um mapa claro
de seu programa, recusando-se a aceitar o publicado em 1976 no jornal Foreign Affairs. A primeira intifada (1987-1993) foi uma revolta
popular palestina contra a ocupação israelense. Em
O Plano Alón era um plano concreto para chegar a um acordo total com os palestinos e os jordanianos. 6 de dezembro de 1987, um empresário israelense
Diante desta proposta, Moshe Dayan considerou que era impossível chegar a um acordo geral com os foi morto enquanto fazia compras em Gaza. Dois dias
árabe. Para ele só se poderia aspirar firmar acordos intermediários para que, depois de algum tempo, depois, quatro palestinos foram mortos em um acidente
chegassem a um acordo total “por etapas”. Dayan afirmava que os palestinos deveriam continuar a viver de trânsito no cruzamento de Erez com um motorista
normalmente sem provocações. Moshe Dayan encorajou os palestinos a visitar e comercializar com a de caminhão israelense. Rumores espalharam que
Jordânia através de duas pontes localizadas na beira do Jordão (Allon, 1975). o motorista do caminhão era parente do empresário
e que o acidente foi intencional. Protestos violentos
>Os três “Não” de Cartum começaram em Gaza e na Cisjordânia, quando os
Em agosto de 1967, a Liga Árabe reuniu-se em Cartum, Sudão para divulgar uma declaração conhecida manifestantes começaram a queimar pneus, jogando
como “Os três Não de Cartum”: Não haverá paz com Israel, não reconheceremos Israel, não negociaremos pedras e coquetéis Molotov em soldados e civis
com Israel. israelenses. O protesto cresceu quando um soldado
israelense atirou e matou um jovem palestino de
>Gush Emunim e os assentamentos dezessete anos.
A nível interno, a euforia da vitória, juntamente com o ressurgimento de idéias messiânicas que uniam a
conquista de territórios com elementos divinos, levaram a rejeitar qualquer idéia de compromisso territorial.
Na semana seguinte, as manifestações aumentaram em todos os territórios e a onda de violência parecia
Neste contexto, o pequeno sionismo religioso recebeu força e grupos como o Gush Emunim emergiram.
estar fora de controle. A liderança da OLP que estava em Tunes, Tunísia foi pega de surpresa e levou várias
A guerra de seis dias marcou um antes e um depois no Oriente Médio. Por um lado, Israel se tornou uma semanas para assumir o controle da Intifada. Dentro de pouco tempo, grupos islâmicos como o Hamas e a Jihad
potência na região, mas, por outro, o mundo árabe recebeu um golpe militar e psicológico que continua Islâmica surgiram e cometeram vários atos terroristas, incluindo o sequestro e o assassinato de soldados e civis
presente hoje. Os palestinos entendem que sua luta pela independência dependerá de si mesmos. Isso israelenses.
marcou um novo estágio neste conflito.
A resposta do exército israelense foi dura. Vários palestinos foram mortos nas primeiras semanas durante as
manifestações. Prisões em massa começaram a fazer parte da vida cotidiana. O grande número de mortos no
lado palestino causou condenação internacional e o movimento anti-israelense cresceu no mundo. Mais de mil
palestinos foram mortos e 120.000 palestinos foram presos nos seis anos de intifada.

3636 3737
As raízes da intifada são claramente encontradas nos vinte anos de ocupação israelense e na administração para anulação formal na Assembleia Nacional Palestina.
militar da população civil. Foi a reação da jovem geração de palestinos que nasceu nos primeiros anos
Estas declarações responderam aos princípios adotados pelo Partido Trabalhista no marco da fórmula “Shem -
da ocupação israelense e viu seus sonhos de independência frustrados. A isso devemos acrescentar o
Tov - Iariv”. De acordo com esta fórmula, a OLP foi considerada pelo governo de Israel como o único representante
enfraquecimento da OLP após a derrota no Líbano e seu estabelecimento em Tunes, o que os afastou das
legítimo do povo palestino. Nas reuniões de Oslo, acordos mais profundos foram alcançados com relação à
ruas palestinas e desta nova geração.
solução do conflito entre as partes (que ficaram conhecidos pelo nome da cidade-sede: “Oslo”).
Em 13 de setembro de 1993, os “Princípios de um Acordo Intermediário para um Governo Autônomo” foram
assinados nos jardins da Casa Branca. De acordo com o Pacto de Oslo, a autonomia seria estabelecida em Gaza
> A Conferência de Madri e Jericó e alguns poderes seriam transferidos para as autoridades palestinas na Judeia e Samaria. Também
Os Estados Unidos pressionaram as partes para iniciar um processo de paz para resolver os problemas na ficou acordado uma fórmula para a realização de eleições para legitimar uma Autoridade Nacional Palestina que
área. A Conferência de Paz de Madri se reuniu em 30 de outubro de 1991. negociasse acordos finais com Israel. Uma parte importante do que foi acordado em Oslo estava ligada a uma
colaboração econômica entre israelenses e palestinos.
Na Conferência de Madri, reuniram-se as equipes diplomáticas dos países árabes, representados pelo
Ministros das Relações Exteriores, e, a delegação israelense foi representada pelo primeiro-ministro Ambas as partes se comprometeram a cumprir certos princípios fundamentais, como a cessação do uso do terror
Yitzhak Shamir. Concordou-se em realizar uma conferência de paz com a participação do Egito, Líbano, para resolver as diferenças. Durante cinco anos se estabeleceria um período de transição intermediário em que
Síria, uma comissão conjunta de jordanianos e palestinos sob a mediação dos Estados Unidos e da Rússia. após três anos começariam os diálogos para um acordo final, que incluiria temas cardeais como o futuro de
As negociações seriam bilaterais e diretas. Os jordanianos e os palestinos apareceriam como uma comitiva Jerusalém, o retorno ou não dos refugiados palestinos, os assentamentos judaicos nos territórios e o status final
conjunta, embora no momento da negociação eles se encontrassem da Autoridade Palestiniana.
em duas salas adjacentes.
O que foi acordado nas negociações finais entre palestinos e israelenses entraria em vigor depois de cinco anos
A reunião em Madri não terminou em acordos concretos, embora desde o início da autonomia em Gaza e Jericó. A autonomia em Gaza e Jericó começou em 4 de maio de 1994,
tenha sido o ponto de partida para um processo de paz no Oriente as negociações para um status final deveriam começar em maio de 1997 e os acordos finais deveriam entrar em
Médio. Dois meses após o primeiro encontro em Madri, as comissões vigor a partir de maio de 1999.
bilaterais se reuniram novamente em Washington. Houve algum
Para estabelecer os poderes que seriam concedidos aos palestinos na Judéia e Samaria, o Acordo do Cairo
progresso nas negociações entre Israel e o Líbano. Foi decidido
foi assinado em 29 de agosto de 1994. Esses poderes seriam mais limitados do que aqueles estabelecidos na
que Israel se retiraria da faixa de segurança quando a entidade
autonomia de Gaza e em Jericó. Em Judeia e Samaria, Israel renunciou a autoridade sobre questões relacionadas
responsável pela divisão das forças militares fosse acordada. Este
à educação, cultura, saúde, impostos diretos, turismo e caridade (Ministério das Relações Exteriores, 1995).
avanço valeu muito pouco sem o consentimento da Síria, o patrão
do Líbano (Ministério das Relações Exteriores, 1991).
> Oslo B
Tinha como objetivo expandir a autonomia palestina
em Judeia e Samaria, a fim de evitar atritos entre
> O processo de paz de Oslo o exército israelense e os palestinos. Este acordo
Nas eleições israelenses de 1992, o Partido Trabalhista liderado reforçou a posição de Arafat, estabelecendo um poder
por Yitzhak Rabin ganhou. A mudança de curso que Rabin iria impor Yasser Arafat executivo e legislativo eleito em eleições livres de
à política internacional de Israel foi imediatamente notada. Na primeira reunião do governo, em 19 de acordo com os princípios estabelecidos nos acordos
julho de 1992, foi decidido congelar parcialmente a construção de assentamentos judaicos na Judeia, anteriores de Oslo.
Samaria e Gaza. O governo decidiu modificar a ordem de preferências para as diferentes cidades do país.
Os “assentamentos” ficariam em segundo plano, investindo mais nas cidades em desenvolvimento dentro
da linha verde. Yitzhak Rabin anunciou em setembro de 1992 que seu governo estaria disposto a negociar Os acordos de Oslo B definiram uma série de
com a Síria o futuro das colinas de Golan. questões relacionadas com as eleições palestinas e a
recolocação das forças militares de Israel em cidades
palestinas na Judeia e Samaria. Israel concordou
Na cidade de Oslo, Noruega, uma comitiva da OLP e uma comitiva israelense liderada pela mão direita do em retirar seu exército dos seis grandes centros
ministro das Relações Exteriores, Shimon Peres, deputado trabalhista Yossi Beilin e outros diplomatas do populacionais palestinos: Jenin, Nablus (Siquém),
Ministério das Relações Exteriores estavam se reunindo secretamente. Como resultado dessas negociações Tulkarem, Kalkilyah, Ramallah e Belém e muitas Rabin, Clinton e Arafat na Casa Branca–
secretas, em 9 de setembro de 1993, Yitzhak Rabin recebeu uma carta de Yasser Arafat na qual o líder outras cidades menores. Depois de vinte e dois dias,
palestino prometeu respeitar os seguintes pontos: a OLP reconhece o direito de existir do Estado de Israel; eleições livres seriam realizadas para eleger um parlamento e um Poder Executivo. Em 20 de janeiro de 1996,
aceitação das resoluções 242 e 338 da ONU; responsabilização pela busca de uma solução, por meios foram realizadas eleições envolvendo 68,5% dos habitantes palestinos da Cisjordânia e 85% dos palestinos de
pacíficos, para o conflito árabe-israelense; abandono do uso da força e do terror; responsabilização pelas Gaza. Em Jerusalém Oriental, os palestinos votaram pelo correio. Apenas 40% dos palestinos registrados votaram
ações de todos os grupos que compõem a OLP para promover a colaboração; garantia de que os artigos da nesta cidade. Yasser Arafat recebeu 88% dos votos e tornou-se o Presidente do Executivo da Autonomia Nacional
Carta Palestina que adoravam a destruição de Israel eram vistos por Arafat como nulos e seriam levados Palestina. Um parlamento de oitenta e nove deputados foi eleito, coroando a OLP como o grande vencedor. Dos

3838 3939
oitenta e nove assentos, a OLP alcançou sessenta e cinco. Para proteger a ordem pública, seria formada uma força policial palestina composta por doze mil homens. As
fronteiras permaneceram sob o controle de Israel e das relações exteriores palestinas deveriam referir-se a
Do ponto de vista dos acordos sobre questões de segurança, decidiu-se dividir Judeia e Samaria em três uma série de questões relacionadas com a economia e a articulação da
zonas: ajuda internacional para a autonomia. Neste tema também a realidade
ultrapassou largamente o que foi acordado.
“Zona A”, que incluía Jenin, Nablus (Siquém), Tulkarem, Kalkilyah, Ramallah e Belém e a cidade de Hebron Por último, a Autonomia Nacional Palestina se comprometeu em anular
(sem os bairros judeus e assentamento de Kiryat Arba). Nesta zona, os palestinos teriam autonomia em artigos em dois meses da Carta Palestina que pediam a destruição de
questões de segurança, cultura e administração civil. O exército israelense se retiraria para permitir a Israel pela força. Israel, por outro lado, se comprometeu em libertar
entrada da polícia palestina. A “Zona B” enquadrava os assentamentos mais dispersos, que representavam prisioneiros palestinos. A lista de prisioneiros seria determinada por
68% da população palestina na região. Nesta zona a Autoridade Palestina gozaria de autonomia em questões uma comissão conjunta palestino-israelense (Ministério das Relações
culturais e administrativas, mas a segurança estaria nas mãos de Israel. A polícia palestina ocupou alguns Exteriores, 1995).
edifícios para cuidar da ordem interna, mas o controle sobre as atividades de elementos terroristas
permanecem nas mãos do exército israelense. A “Zona C” incluiu a área não povoada por palestinos, ou
seja, os assentamentos judaicos e áreas estratégicas de influência militar para Israel. Essas áreas estariam > Assassinato de Rabin
sob o controle militar israelense.
Em 4 de novembro de 1995, em Tel Aviv, depois de uma enorme
manifestação de apoio ao processo de paz, Yitzhak Rabin foi assassinado
por um judeu religioso da direita sionista, Yigal Amir. O episódio ocorreu
na então Praça dos Reis de Israel, hoje Praça Rabin.
Apesar da Ygal Amir declarar durante o seu julgamento que ele agiu
porque achava que a direita israelense não estava fazendo o suficiente
para impedir o processo de paz; é impossível não se referir ao contexto de ameaça e violência que as manifestações
contra o governo Rabin haviam gerado.
Uma semana antes do assassinato, o Likud, junto com outros partidos da direita nacionalista e da direita religiosa
israelense que se opôs a Oslo, organizou uma manifestação em Jerusalém. Neste protesto estavam presentes
os principais líderes da oposição, entre eles, Netanyahu. A multidão mostrava cartazes com a imagem de Rabin
vestido de oficial nazista e gritavam “Morte a Rabin”. Deve-se notar que Yigal Amir buscou e recebeu a aprovação
dos rabinos para agir, quando um grupo de rabinos declararam que a entrega de territórios em Judeia e Samaria
era um crime penal.
O assassinato de Rabin foi um duro golpe para a sociedade e a democracia israelense, bem como para o
processo de paz. O processo dependia muito da capacidade de liderança de ambas as partes para levar a cabo
os programas acordados e conduzir as suas sociedades à paz.

Em 1996, o Partido Trabalhista liderado por Shimon Peres perdeu a eleição contra o Likud de Netanyahu, que
se tornou o novo primeiro-ministro. Por mais que Netanyahu tivesse se comprometido em respeitar os acordos
assinados, e até mesmo, avançado no acordo de transferência de Hebron e no acordo de Wye Plantation, dando
maior autonomia para os palestinos, o processo de Oslo perdeu força e impulso. Arafat, que até então havia
sido “empurrado” por Rabin e Peres para avançar no processo, começou a se afastar de seu compromisso de
renunciar à violência e ao terrorismo.

Cisjordania

4040 4141
> Segunda Intifada
A segunda intifada, ou Intifada Al-Aqsa, começou no final de setembro de 2000. Seu disparador foi a visita
do então ministro, Ariel Sharon, ao Monte do Templo e os distúrbios causados dias depois em relação a deve ser congelada e os enclaves ilegais erguidos após março de 2001 devem ser desarmados; todas as ações
esta visita. As raízes desta intifada são mais profundas do que uma simples visita de Sharon, que serviu violentas contra civis, incluindo expulsão e destruição de casas e infra-estrutura devem ser congeladas ; deve
como uma desculpa para lançar uma onda de violência e terrorismo na região. Este intifada, ao contrário haver um esforço israelense para normalizar a vida dos palestinos, inclusive facilitando a chegada da ajuda
da primeira, não nasceu das ruas palestinas, mas da liderança palestina e de grupos islâmicos. Em seguida, humanitária; Israel deve se retirar dos territórios conquistados após 28 de setembro de 2000 (início da segunda
o conflito expandiu-se para as ruas. Intifada). No final do Mapa da Rota, as partes deveriam que negociar um acordo final a ser reconhecido por todo
o mundo árabe.
Os antecedentes imediatos à intifada foram o fracasso das negociações entre o primeiro-ministro de Israel,
Ehud Barak e o líder da Autoridade Nacional Palestina, Yasser Arafat. Em julho de 2000, os dois líderes
se reuniram com o presidente dos EUA, Bill Clinton, em Camp David, para promover o processo de paz. As
conversas falharam e cada lado acusou o outro de ter causado o fracasso. > Programa de desconexão
Após a operação militar israelense “escudo de defesa” em resposta à intifada e a reocupação de cidades Dentro deste contexto, mas depois da morte de Arafat e da eliminação dos principais líderes do Hamas, Ahmed
palestinas e do escritórios da ANP, encontraram-se documentos que comprovavam o apoio de Arafat ao Yassin e Abd al-Rantisi, o primeiro-ministro, Ariel Sharon, decidiu fazer uma retirada unilateral da Faixa de Gaza e
Hamas e outros grupos terroristas e suas ações de atentados suicidas. do norte de Samaria. Isso significou a retirada dos assentamentos judaicos da área e a desconexão dos mesmos.
O grupo central durante esta intifada foi o Hamas, que realizou vários atentados suicidas em Israel. A O programa foi introduzido pelo governo de Sharon em 6 de junho de 2004 e foi executado em agosto de 2005.
intifada expandiu-se, inclusive, para dentro de Israel quando, em outubro, milhares de árabes israelenses Na Faixa de Gaza havia vinte e um assentamentos judaicos, enquanto na zona de evacuação do norte de Samaria
manifestaram apoio aos palestinos no norte de Israel. A polícia israelense, para suprimir os protestos, havia quatro assentamentos.
matou treze manifestantes, causando uma ruptura importante nas frágeis relações entre judeus e árabes
A Knesset aprovou o programa apesar das tentativas dos ministros do governo de Sharon, incluindo Netanyahu,
dentro da sociedade israelense. A onda de violência continuou sem parar. Os ataques terroristas palestinos
para interromper o programa ou levá-lo a um referendo. No final, Netanyahu retirou sua ameaça de renúncia após
continuaram e com eles as respostas israelenses. Em junho de 2001, um terrorista suicida da Jihad Islâmica
a morte de Arafat, apesar do fato de que o gabinete já tinha a maioria necessária para aprovar o programa de
realizou um atentado no clube “Dolphinarium” em Tel Aviv, onde matou vinte jovem israelense. Somente
Sharon. Em 16 de fevereiro de 2005, a Knesset aprovou o plano com 59 votos a favor, 40 contra e 5 abstinências.
naquele ano, quatrocentos e sessenta e nove palestinos e cento e noventa e nove israelenses foram mortos.
A proposta de referendo foi rejeitada por 72 a 29 votos. Em 7 de agosto, Netanyahu pediu demissão do governo
antes que o gabinete retificasse o plano.
Começando em 15 de agosto e terminando em 12 de setembro, todos os assentamentos foram evacuados, assim
> Mapa da Rota (em espanhol: Hoja de Ruta) como as bases militares israelenses. Apesar dos protestos de grupos opostos, o plano foi executado de acordo
Com a segunda intifada como contexto, somado ao ataque de 11 de setembro, o governo Bush decidiu com os planos de Sharon. Diante da oposição interna, Sharon decidiu renunciar ao Likud e formar um novo
propor um novo plano de paz para o Oriente Médio como parte de partido político chamado Kadima. Este partido ganhou as eleições com uma grande maioria, apesar do fato de
sua política internacional. Este plano ficou conhecido como “Mapa da que Sharon foi hospitalizado por um derrame do qual ele não se recuperou. O Kadima, sob a liderança de Olmert,
Rota”. venceu as eleições sob a plataforma do plano de desligamento mostrando o apoio da população geral na época
(Ministério das Relações Exteriores, 2005).
O Mapa da Rota expunha uma solução baseada em várias etapas
escalonadas, controladas pelo Quarteto (EUA, Rússia, UE e ONU). Na
primeira etapa, o plano indicava um retorno ao diálogo e ao fim da
violência, situação que seria “recompensada” com o reconhecimento > Faixa de Gaza
de um estado palestino na segunda etapa. Ariel Sharon, então Primeiro
Desde 2001, a Faixa de Gaza tem sido o cenário de constantes confrontos entre palestinos e israelenses. Enquanto
Ministro de Israel, aceitou a proposta em seu discurso no congresso
isso, as negociações no processo de paz recuaram. Após a retirada de Israel em 2005 da área, podemos destacar
de Hertzlia em 2002. Os palestinos, oficialmente, também aceitaram
as seguintes operações militares, como respostas a ataques terroristas;lançamentos de projétil ao território
o roteiro.
israelense, pelo grupo Hamas; Chumbo Fundido 2008 - Pilar de Defesa 2012 - Margem Protetora 2014.
As premissas do projeto foram: o verdadeiro reconhecimento de Israel
pelos palestinos; o verdadeiro reconhecimento por Israel do direito
palestino ao seu estado independente; os palestinos devem combater e desarticular seu terrorismo; a
Autoridade Palestina deve reformar-se e democratizar-se; toda construção nos assentamentos judaicos

4242 4343
Acordos de paz e propostas para a região

> Acordo de Paz: Israel e Egito (1979) Em 9 de novembro de 1977, Sadat fez um discurso na Assembleia Popular egípcia, no qual anunciou estar
A guerra de Yom Kippur em 1973 surpreendeu os israelenses e os pegou completamente desprevenidos. Não disposto a ir “até o fim do mundo” para evitar uma nova guerra. Alheio ao que foi escrito no discurso impresso,
houve tempo para que o público se incorpora-se a situação e expressasse seus sentimentos. Tudo o que ele acrescentou que “ele estava disposto a viajar para Israel para alcançar a paz”.
podiam fazer era se unir às suas unidades e ir para a frente para impedir o ataque. Após a guerra, a sociedade Em 19 de novembro de 1977, o presidente Sadat chegou a Israel. Begin foi ao Egito em dezembro. A partir desse
israelense estava em estado de grande choque coletivo e, juntamente, surgiu uma grande pressão pública momento começou um processo imparável que chegaria à assinatura do acordo de paz entre Israel e Egito.
para investigar os fracassos que levaram Israel a ser pego de surpresa. A Comissão Agranat, que investigou
os eventos anteriores e durante as fases iniciais da guerra, atribuiu grande parte da culpa aos comandantes O processo de paz com o Egito se concretizou graças à pressão que o presidente dos Estados Unidos, Jimmy
militares e, embora no início os políticos não tivessem sido culpados, esse não foi o caso. Isso levou a uma Carter, impôs aos negociadores e à capacidade deste poder mundial de recompensar as renúncias de ambas as
reavaliação da sociedade sobre a capacidade do governo trabalhista de dirigir a segurança do Estado. Quatro partes com incentivos materiais. Carter pressionou as partes culminar com êxito as negociações intensivas que
anos depois da guerra, os israelenses derrubaram o Partido Trabalhista e elegeram um governo do Likud ocorreram em setembro de 1978 em Camp David. Estas, foram seladas com a assinatura do tratado de paz em
liderado por Menachem Begin. Isto foi mais do que uma mudança de governo - foi uma revolução ao estilo 26 de março de 1979.
israelense e foi, principalmente, embora não exclusivamente, o resultado do fraco desempenho da liderança Em Camp David, dois acordos foram assinados.O primeiro foi chamado de “Acordo-Marco para uma Paz no Oriente
trabalhista no período que levou à Guerra de Yom Kippur. Médio” e foi dividido em duas partes. Por um lado, foi acordado que as declarações 242 e 348 serviriam de base
No Egito, depois da guerra, o sentimento geral da população era que, mesmo com a derrota na guerra, o para a implementação da paz na área. Com relação à região da Judeia, Samaria e Gaza, foi acordado que uma
país tinha vencido uma batalha importante na fase inicial das hostilidades, derrotando as forças israelenses autonomia civil seria implementada por cinco anos, e no final deste período um tratado final seria assinado com
invencíveis e mostrando que o Egito era considerado um riva. Isso recuperou ao país orgulho nacional, respeito as autoridades legítimas e não-terroristas da área (no terceiro ano seria eles escolheriam essas autoridades).
e honra. Foi o suficiente para o presidente Sadat embarcar em sua próxima iniciativa e convidar-se a Jerusalém A segunda parte do “Acordo-Marco” detalhava a relação particular e regional entre Israel, o Egito e o resto
para confrontar os israelenses e oferecer-lhes um diálogo (Bregman, 2004). do mundo árabe. Foi acordado levar a cabo um processo de normalização que seria acompanhado por uma
assinatura posterior de tratados de paz com os outros países da área.
O segundo acordo firmado em Camp David concentrou-se particularmente nas relações bilaterais entre Israel
e Egito. Segundo o que foi estabelecido, Israel desalojaria o Sinai até a fronteira internacional, enquanto o
Egito reconheceria o estado hebreu estabelecendo intercâmbios diplomáticos, econômicos e turísticos. O Egito
também garantiria a livre passagem de navios israelenses pelo Canal de Suez. Uma série de regulamentações
seriam estabelecidas para manter amplos setores do Sinai desmilitarizado. Após a assinatura do último tratado
de paz, ocorreria a retirada do exército israelense do Sinai, um processo que terminaria em três anos (abril de
1982). Ambas as partes se comprometeram a receber autorização de seus parlamentos e a assinar um acordo
de paz dentro de três meses.
Sadat estava interessado em ligar os acordos de paz bilaterais com um pacto pró-palestino. Begin queria deixar
claro que Israel não desistiria da Judeia, Samaria e da Faixa de Gaza. No entanto, ele reconheceu que os
palestinos tinham “direitos legítimos” e prometeu não construir novos assentamentos judaicos nessas áreas
durante o processo de paz com os palestinos. Além disso, Begin e Sadat discordaram sobre o futuro de Jerusalém.
Begin queria esclarecer que Israel se comprometeu a manter Jerusalém como a capital indivisível do povo
judeu, apoiando inclusive a adoção da Lei Básica de Jerusalém Capital de Israel (1980) na qual esses princípios
são reafirmados. Sadat reagiu negativamente ao entender que Israel pretendia “impor fatos consumados em
Jerusalém”. Sadat declarou que Jerusalém deveria se tornar parte da soberania árabe. Como esperado, a questão
foi formalmente escrita como parte do “não acordo”.
Os pactos de paz foram assinados nos jardins da Casa Branca em 26 de março de 1979. Aos princípios de Camp
David foram acrescentados aspectos que ficaram sem solução em sessões anteriores, como o compromisso
egípcio de enobrecer o pacto de paz com Israel. Desta forma, os acordos árabes para boicotar Israel deveriam
ser cancelados pelo Egito. Os Estados Unidos se comprometeram a compensar economicamente israelenses e 98
egípcios, assegurando a Israel suas necessidades de petróleo no país (Ministério das Relações Exteriores, 1978).

Aperto de mão triplo entre o Primeiro Ministro israelense Menachem Begin (direita), o presidente americano
Jimmy Carter e o presidente egípcio Anwar Sadat, após a assinatura do Tratado de Paz Israel-Egito en
Washington, Estados Unidos, 26 de Março de 1979

44 45
> Acordos de Paz: Israel - Jordânia (1994) > O plano Saudita
Israel e a Jordânia viveram uma paz de fato após a Guerra dos Seis Dias. As reuniões entre o rei Hussein O atual rei Abdala da Arábia Saudita apresentou suas “intenções” de paz alguns dias após os ataques às Torres
da Jordânia e as autoridades do governo de Israel, embora secretas, eram quase públicas e diárias. As Gêmeas:
mudanças no Oriente Médio após a Guerra do Golfo e o início das negociações com os palestinos levaram as
“O Conselho da Liga dos Estados Árabes, de acordo com a decisão adotada na Cúpula Árabe no Cairo, em junho
autoridades jordanianas a iniciar negociações públicas para a assinatura de um tratado formal de paz com
de 1996, segundo a qual uma paz total e justa para o Oriente Médio é uma escolha estratégica dos países árabes,
Israel. Com o vento a seu favor, a Jordânia foi encorajada a dar o passo formal em direção à paz com Israel.
solicita um compromisso paralelo de Israel sobre esta questão. Tendo escutado (os membros do Conselho) o
Em 25 de julho de 1994, o primeiro-ministro israelense Yitzhak Rabin e o rei Hussein da Jordânia se discurso de Sua Eminência, Emir Abdala ben Abd al-Aziz, príncipe herdeiro do Reino da Arábia Saudita, onde
reuniram para estabelecer o fim do estado de guerra entre os dois países. Depois de alguns dias, a televisão anunciou sua proposta que pede a retirada completa de Israel de todas as terras árabes conquistadas desde
israelense transmitiu as imagens do rei Hussein sobrevoando Israel com seu avião enquanto falava ao 1967 e que convoca Israel a aceitar a criação de um Estado palestino independente cuja capital será Jerusalém
telefone com Rabin. Oriental em troca da implementação de relações normais com os países árabes no âmbito de uma paz geral com
Israel.
Em 26 de outubro de 1994, o segundo acordo de paz entre Israel e um país árabe foi assinado na fronteira
de Araba, sob proteção do presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton. Nesta cerimônia emocionante, ficou Partindo da convicção dos países árabes de que uma solução militar não trará paz e segurança a nenhuma das
acordado que a fronteira do rio Jordão continuaria sendo o limite entre os países com algumas mudanças partes do conflito:
mínimas. As terras agrícolas israelenses que deveriam permanecer sob a soberania jordaniana foram
1. O Conselho pede a Israel que reexamine sua política, se incline para a paz e declare que a paz justa é uma
trocadas por outras terras e, portanto, as diferenças foram compensadas. Nas áreas de Naharaim e nos
decisão estratégica para ela também.
campos de Moshav Tzofer, seria estabelecido um acordo especial segundo o qual a terra continuaria a ser
trabalhada por agricultores israelenses em troca de um pagamento de aluguel durante 25 anos. Essas 2. Além disso, o Conselho de Israel exige:
terras permaneceriam sob a soberania jordaniana, embora os agricultores israelenses pudessem passar
continuamente. Os Estados Unidos se comprometeram a cancelar as dívidas que a Jordânia havia contraído. a.Total retirada israelense dos territórios árabes conquistados, incluindo o Golán Sírio, até a linha de 4 de junho
de 1967, e os territórios do sul do Líbano ainda conquistados por Israel;
Israel e Jordânia concordaram com a divisão das águas do rio Jordão e o estabelecimento de relações
diplomáticas e turísticas entre os países. Somado a isso, Israel concedeu a administração de lugares b. Alcançar uma solução justa e acordada para o problema dos refugiados palestinos, de acordo com a resolução
sagrados muçulmanos em Jerusalém à Jordânia, despertando a dura crítica de Yasser Arafat, que também 194 da Assembléia Geral da ONU;
aspirava controlá-los. c. Aceitação da criação de um estado palestino independente e soberano nos territórios palestinos conquistados
A assinatura do pacto de paz com a Jordânia causou uma onda impressionante de israelenses ansiosos desde 4 de junho de 1967, na Cisjordânia e na Faixa de Gaza (o estado), com sua capital sendo Jerusalém Oriental.
por visitar o país vizinho. Um total de 106 deputados da Knesset votaram a favor do acordo de paz com a 3. Sendo assim, os países árabes irão: a.Terminar com o conflito árabe-israelense, assinando acordos de paz com
Jordânia, 3 votaram contra, 6 se abstiveram e 6 outros perderam a sessão histórica em 26 de outubro de Israel e garantindo segurança a todos os países da área; b. Estabelecer relações normais com Israel no contexto
1994 (Ministério das Relações Exteriores, 1994). de uma paz geral.
O plano oferece uma série de pontos a considerar: 1) fim do conflito e um projeto de paz zonal; 2) retirada
total de Israel da Judeia, Samaria e Faixa de Gaza; 3) Jerusalém Oriental será a capital do estado palestino.
4) normalização das relações entre países árabes e Israel; 5) solução “justa” para o problema dos refugiados
palestinos (The Arab League, 2002).

> Plano Olmert


Dias antes do início dos combates na Operação Chumbo Fundido, o primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert,
apresentou ao presidente palestino, Abbas, sua proposta de divisão territorial para alcançar a paz regional. De
acordo com o mapa proposto por Olmert, que ficou conhecido graças a uma versão posterior do jornal israelense,
se procederia uma troca de territórios em que Israel anexaria os blocos de assentamentos judaicos em Judeia e
Samaria, compensando com diferentes terrenos dentro da linha verde israelense.
Olmert também propôs a ceder terras no vale de Beit Shean, perto do Kibbutz Tirat Tzvi e nas Colinas da Judeia,
perto Nataf e de Mevo Betar, tanto como na área de Laquis e da floresta Yatir. No geral, as áreas mencionadas
envolveriam a transferência de 327 quilômetros quadrados de territórios localizados dentro da Linha Verde. Em
troca dessas concessões territoriais, Olmert pediu para anexar 6,3% na Judeia e Samaria, onde estavam 75%
da população judaica dos territórios. Sua proposta incluía a evacuação de dezenas de assentamentos no Vale
do Jordão, nas colinas do leste de Samaria e na região de Hebron. Em troca da anexação de Ma’ale Adumim, o
O rei Hussein da Jordânia acende o cigarro do Primeiro Ministro Yitzhak Rabin na sua residência real em Aqaba, bloco de assentamentos de Gush Etzion, Ariel, Beit Arie e assentamentos adjacentes a Jerusalém, Olmert propôs
depois de assinar o contrato de paz em Arava, perto de Eilat, 26 de outubro de 1994

4646 4747
a transferência de território aos palestinos o que equivale a 5,8% do território de Israel, terra de grande Primavera Árabe
qualidade agrícola (no mapa está marcado em azul).
A proposta de Olmert incluiu a construção de uma rota especial que ligaria Hebron para a Faixa de Gaza, uma
estrada que iria passar sobre o território israelense e permaneceria sob soberania israelense. No entanto, esta
rota só poderia ser usada pelos palestinos. Além disso, Olmert pedira para planejar e adaptar a rota da cerca
de segurança para servir como fronteira permanente entre Israel e o Estado palestino. A Primavera Árabe (que não foi nem uma primavera, nem era nem árabe) foi uma série de protestos, revoltas
Olmert teria chegado a um entendimento verbal com o governo de George Bush para que Israel recebesse e rebeliões armadas anti-governamentais que varreu o Oriente Médio no início de 2011. Autores como Carlos
ajuda financeira americana para o desenvolvimento do Negev e da Galiléia, territórios que absorveriam parte Garcia Alejandro Echeverria fixam o início das revoltas em 2010, quando os saharauis nos territórios ocupados
dos colonos evacuados. Outra parte dos evacuados seria transferida para novos lares a serem construídos nos começaram alguns protestos singulares, e estabelecem um acampamento nos arredores de El Aaiún. Um
blocos de assentamento que acabariam sendo anexados por Israel. protesto pacífico, socioeconômio com conotações políticas, atingiu seu nível máximo de tensão em 8 e 9 de
Novembro de 2010. As autoridades marroquinas relataram a morte de 13 pessoas e 163 prisões. A Frente
De acordo com o jornal Haaretz, Olmert apresentou este mapa ao presidente Mahmoud Abbas em setembro de Polisário estimou o número de mortes em 19, com 723 feridos e 159 desaparecidos. O termo “Primavera
2008. O presidente da Autoridade Palestina não respondeu e as negociações foram congeladas devido a uma Árabe” foi cunhado pela mídia ocidental por ocasião das revoltas na Tunísia, o que levou à derrubada de Zine
nova crise do governo de coalizão, pouco antes do início da Operação Chumbo Fundido em Gaza. El Abidine Ben Ali, e que se espalhou para o resto dos países da região. Esses protestos levaram à queda da
ditadura de Hosni Mubarak no Egito, o reforço da violência no Iêmen e a guerra civil na Líbia. Os governos
> Discurso de Bar Ilan autoritários dos países afetados responderam aos protestantes com violenta repressão. As manifestações
expressavam o descontentamento econômico, social e político da população. Há cinco anos atrás, na cidade
Em 14 de junho de 2009, o Primeiro Ministro de Israel, Netanyahu, fez um discurso na Universidade de Bar Ilan, tunisiana de Sidi Bouzid, Mohammed Bouazizi, um vendedor de frutas de 26 anos, ateou fogo em si mesmo
onde apresentou sua proposta de paz para a região. Netanyahu aceitou a premissa de dois estados para dois em um gesto desesperado diante da prefeitura de sua cidade. Ele possuía diploma universitário em ciência
povos. O estado palestino ocuparia a maioria da Cisjordânia; este Estado seria desmilitarizado e não poderia da computação, mas estava desempregado, como a maioria dos jovens do país. Duas semanas depois, o
fazer pactos com países inimigos de Israel; os refugiados palestinos seriam absorvidos pelo futuro estado presidente Zine El Abidine Ben Ali fugiu para a Arábia Saudita devido às manifestações sem precedentes que
palestino; Jerusalém seria a capital do Estado de Israel e os palestinos deveriam reconhecer Israel como um estavam ocorrendo em todo o país.
Estado judeu (Netanyahu, 2009). Como forma de impulsionar as negociações com os palestinos, Netanyahu
concordou em congelar a construção dos assentamentos. O congelamento durou dez meses, mas não houve Esses protestos se espalharam pelo norte da África, derrubando o presidente egípcio Hosni Mubarak e o
progresso nas negociações. Hoje, os palestinos exigem um novo congelamento para negociar, enquanto Israel coronel Muammar Gaddafi na Líbia, depois de 42 anos no poder. O presidente do Iêmen teve que se retirar,
exige que os palestinos reconheçam Israel como um estado do povo judeu para negociar. enquanto no Bahrein e no Marrocos as autoridades foram forçadas a adotar uma série de reformas exigidas
pelos manifestantes.A Argélia também mostrou sua capacidade de reagir rapidamente e apresentar os
primeiros sinais de protesto. As causas e fatores que levaram aos protestos e à instabilidade em massa
foram, principalmente:
a) Gerontocracia. Líderes há muitos anos no cargo, idosos e, em alguns casos, gravemente doentes, e com
sistemas de sucessão quase monárquicos. Vários dos líderes afetados pelas revoltas tentaram colocar seus
descendentes na corrida sucessória, a partir de posições importantes nos aparatos estatais em que também
foram escolhidas por eles. Qualquer processo de sucessão gera uma luta de poder, às vezes enterrada e às
vezes mais claramente definida. Essa situação afetou a Tunísia, o Egito, e tem semelhanças com a Líbia, a
Argélia, a Síria e muitos outros países.
b) Falta de liberdades. Ausência de democracia; ausência de possibilidades de participação cidadã; ausência
de direitos políticos, liberdade de imprensa. E o mais grave, a violação dos direitos humanos.
c) Corrupção. O uso de cargos públicos para lucrar pessoalmente e a fuga do cargo (talvez na melhor das
hipóteses), saqueando os cofres públicos (se o saque não tiver sido feito antes). Neste campo é interessante
notar o papel desempenhado pelo governo nos vazamentos de wikileaks.
d) Desemprego
e) Pobreza
f) Desigualdade
O papel do Ocidente e seu apoio aos sistemas democráticos (estratégias de segurança nacional dos EUA,
discurso histórico do presidente Obama no Cairo) também podem ser uma das principais causas. Em princípio,
e na pendência de uma análise mais profunda, é um fator adicional, mas não principal (não é endógeno e o
que move as massas é o que elas vivem no dia-a-dia).

48 49
> Efeito Dominó > Guerra Civil na Síria
Em segundo lugar, muitos fatores serviriam de disparadores: Para entender o atual conflito armado na Síria, que já deixa um saldo de mais de 250.000 mortes e cerca de 4,8
todos aqueles que, com base em um terreno fértil existente, milhões de refugiados em 5 anos, devemos voltar a um recente evento na história de alguns países do Oriente Médio
causavam o “transbordamento da água no copo”. Portanto, e do Norte da África: a Primavera Árabe. Sob este nome são conhecidas manifestações genericamente civis que
não é aconselhável que eles sejam confundidos com os ocorreram em 2011 em países como a Tunísia, Líbia e Egito, e depois se espalhou para outros Estados muçulmanos,
fatores básicos. Podemos destacar: incluindo a Síria. O objetivo dos cidadãos que protagonizaram tais protestos eram exigir maiores liberdades civis
dos governos, a abertura para modelos mais democráticos e o respeito pelos direitos humanos. No entanto, o que
Eventos pontuais incontroláveis, como o vendedor de frutas da
começou como um movimento social pacífico logo se tornou um confronto armado que já entrou em seu sexto ano.
Tunísia, que se tornou um herói e símbolo de uma revolução
Vamos rever quais foram as principais causas desta guerra:
inteira, que, dado o caráter romântico das revoluções,
chamamos-a de Revolução de Jasmim. Que algo como isso A) Reivindicação de liberdades: A principal razão pela qual milhões de sírios tomaram as ruas no início de 2011 foi
poderia acontecer não seria descartado, dada a situação a demanda por maiores liberdades civis e políticas, além de respeito aos direitos humanos. Boa parte da cidadania
geral e os principais fatores que ocorreram nesses países. Talvez a surpresa tenha vindo de sua origem síria defende um sistema mais democrático e rejeita a forma de governo representada pela família Al-Asad, que
na Tunísia. Devemos considerar outros importantes efeitos simbólicos, como os blogueiros do Egito, com assumiu o poder em 1971.
um trabalho muito intenso nos últimos anos, principalmente a partir de 2008, alguns dos quais também se
tornaram um símbolo. Toda revolução requer um herói, um símbolo. Sem me ater a esta questão, gostaria B) Conflito entre alawitas e sunitas: O atual presidente da Síria, Bashar al-Asad, pertence ao ramo muçulmano
de salientar que é sobre a natureza humana em seu estado puro, dois hemisférios cerebrais, um dos quais, dos alauitas, que governam o país desde 1971, apesar de serem uma minoria. Eles representam cerca de 10% da
o mais lógico e racional, faz com que os cidadãos percebam que as coisas não estão indo bem. O outro população total. Seus costumes, de origem xiita, colidem frontalmente com os sunitas, o ramo mais ortodoxo do
hemisfério, mais emocional e criativo, é o que coloca o motor em ação. A ativação do hemisfério emocional Islã e cujo peso na população total é de mais de 60%. Isso significa que, por muitos anos, boa parte da população
é acessada com impactos sensoriais, imagens, bandeiras, sonhos de liberdade, ilusões coletivas. síria não se sente representada nas instituições. Em muitos casos, essas disputas mudaram para o cenário político
e deram origem a grupos armados radicais que se juntaram à luta.
Fatores demográficos, principalmente a juventude da população, embora, por exemplo, na Geórgia, os
protestos tenham sido chamados de “Revolução da Prata”, em referência aos cabelos grisalhos de um C) Disputa pelo modelo de Estado: Uma das principais razões para o conflito armado foi a divergência entre o modelo
grande grupo de participantes de mais de cinquenta anos. de estado representado por Bashar al-Asad e o proposto pelos grupos de oposição. O atual presidente defende um
sistema de governo hereditário e centralizado em uma única figura, enquanto os oponentes reivindicam outro, onde
Mobilizações, são os diferentes processos de persuasão e influência que podem ocorrer, um nexo entre o prevalecem as garantias democráticas, os direitos civi, a diversidade e igualdade dos diferentes grupos que habitam
mundo do desejo ou o virtual e a saída para a rua. A importância da sexta-feira nas culturas indicadas é o país. De fato, no processo de paz que começou em Genebra (Suíça), uma das principais questões tem sido as
tremenda, como um dia de oração. A maioria dos protestos é organizada fora das mesquitas. E para dar concessões que devem ser feitas para uma maior abertura política e social.
mais ênfase são dotados de uma manchete. Inicialmente foi o “dia da ira”, e então o “dia da dignidade” na
Síria, e um fracasso em relação ao objetivo final, o “dia da despedida” no Iêmen. E toda sexta-feira o título D) Desigualdade social: apesar do crescimento contínuo de seu produto interno bruto, a Síria registra altos níveis de
do dia é novo. No Marrocos, o dia chave foi domingo. Vale destacar também uma série de fatores que, sem desigualdade social. Antes da guerra, os dados da pobreza eram de 35%. A alta taxa de desemprego, o crescimento
ser casuais, contribuem para a propagação da revolta. Estes são os chamados “fatores de ajuda”: da economia subterrânea, a distribuição cada vez mais desigual da riqueza fomentaram um clima de instabilidade
social que levou ao descontentamento no início de 2011.
Efeito de contágio. É básico. Se os cidadãos de um país percebem que seus vizinhos foram capazes de
fazer o que querem, eles imediatamente têm um incentivo para a ação. Esta é uma das razões pelas quais E) Corrupção: dois anos antes do início da guerra, a Transparência Internacional classificou a Síria como a 150ª (de
um determinado padrão pode ser seguido e até que a situação de um país não tenha sido esclarecida, a um total de 180) da lista de países com boas práticas de governança, sendo que o país ainda fazia parte do grupo
crise não é totalmente desencadeada no próximo. O exemplo é fornecido pela Líbia, cuja situação incerta dos 30 estados com maior índice de corrupção do mundo. Os relatórios dessa organização indicavam que as más
possivelmente influenciou os processos paralisantes em outros países. No efeito de contágio influenciam práticas haviam se tornado sistêmicas não apenas nas esferas mais altas do governo, mas em todas as hierarquias
os fatores de ajuda relacionados aos processos de comunicação. da administração.

Internet e redes sociais servem para mobilizar, mas não ao ponto de destaque que foi lhe concedido. Por F)Crescimento de grupos radicais: cinco anos após o início da guerra, o clima de destruição, abandono e violência
exemplo, no Egito, temos que pensar em como a informação circulou boca a boca, cidadão para cidadão, que predomina na Síria se tornou o terreno ideal para o surgimento de grupos radicais, como o Estado Islâmico e Al
e o possível uso das redes sociais pela Irmandade Muçulmana, organizadas como poucas outras potências Nusra. Eles são grupos armados que, baseados em uma interpretação radical do Alcorão, defendem a criação de um
existentes nesses países. estado independente onde a lei islâmica será estritamente aplicada. Seus membros ocupam várias áreas da Síria
e do Iraque. Entre seus pedidos estão o apoio dos países muçulmanos, a libertação da Palestina e, claro, a criação
Wikileaks - efeito semelhante, aumenta a raiva para perceber a corrupção cidadã e os modos de agir da de seu próprio Estado.
liderança.
Mídia - Centrar foco na Internet gerou não prestar atenção ao papel da mídia. A informação ajuda a saber o
que está acontecendo e, com base nisso, encoraja ou desencoraja o cidadão a agir. Al Jazzera se consolidou
como um meio de comunicação de referência.

5050 5151
Mapa do Índice de Democracia do The Economist 2017

Países de acordo com a porcentagem da população vivendo com menos de $1.25 por dia em 2011 em dólares.
Baseado em World Bank 2018 API entre 1995 e 2017

Mapas de países islâmicos segundo a divisão Sunitas (verde) e Xiitas (vermelho)

5252 5353
Bibliografia

Aguierre Gimenes, A (2011). Análisis de accionar Terrorista del grupo Al-Qaeda a la luz de la ideología Kollat, I. (1982). The Zionist Movement and the Arabs. Journal of Israeli History.
Salafista 2001 -2008. Universidad Colegio Mayor de nuestra señora del rosario, Facultad de Relaciones
Internacionales, Bogotá. Lazaruz Yafeh, H. (1980). Islam, Ministry of Defence, Israel. Knopf Doubleday Publishing Group, United States.

Asher, D (Brigadier General) (2013). The close Circle: The Arab Armies in the Era of war Between countries. Lawrence, W. (2006). The Looming Tower, Al-Qaeda and the Road to 9/11.
Ministry of Defence, Israel. Lewis, B. (1997). The Middle East. New York, United States: Touchstone.
Allon, Y. (1975, August 29). Interview with Deputy Premier and Foreign Minister Allon. Retrieved January Lewis, B. (2003). What Went Wrong? The clash between Islam and modernity in the Middle East. New York, NY,
2011, from Israel Ministry of Foreign Affairs: www.mfa.gov.il United States: Perennial.
Amin, H. A. (2011, January). The origins of the division between suni and shii Islam. Retrieved January Morris, B. (1996). Righteous Victims: A History of the Zionist-Arab Conflict, 1881-2001. Am Oved Publisher Ltd,
2011, from Islam Today: www.islamfortoday.com Tel Aviv.
Bakircioglu, O. (2010). A Socio - Legal Analysis of the Concept of Jihad. International and Comparative Sela. A & Mishal, S (2008). The Hamas Wind – Violence and Coexistence. Miskal – Yedioth Ahronoth Books and
Law Quarterly , 59, 413 - 440. Chemed Books, Tel Aviv, Israel.
Bar, S. (2004). The Religious Sources of Islamic Terrorism. Policy Review , 125. Sivan, E. (2005) The Crash within Islam. Am Oved Publisher Ltd, Tel Aviv.
Bregman, A. (2004). Israel’s Wars: a history since 1947 (Second ed.). New York, NY, United States: Material de Ayuda:
Routledge.
INSS: Institute for National Security Studies - https://www.inss.org.il/
Central Intelligence Agency. (2010). Egypt. Retrieved Enero 2011, from CIA - The World Factbook: https://
www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/geos/eg.html Centro General Meir Amit de información sobre inteligencia y terrorismo (Patrimonio histórico de los servicios de
inteligencia) - https://www.terrorism-info.org.il/es/
Central Intelligence Agency. (2010). Jordan. Retrieved Enero 2011, from CIA - The World Factbook: https://
www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/geos/jo.html MEMRI: Middle East Media Research Institute - https://www2.memri.org/espanol/

Central Intelligence Agency. (2010). Lebanon. Retrieved Enero 2011, from CIA - The World Factbook: Moshe Dayan Center for Middle Eastern and African Studies - https://dayan.org/
https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/geos/le.html
Central Intelligence Agency. (2010). Saudi Arabia. Retrieved Enero 2011, from CIA - The World Factbook:
https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/geos/sa.html
Central Intelligence Agency. (2010). Syria. Retrieved Enero 2011, from CIA - The World Factbook: https://
www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/geos/sy.html
Central Intelligence Agency. (2010). Turkey. Retrieved Enero 2011, from CIA - The World Factbook: https://
www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/geos/tu.html
Esposito, J. L. (2002). Guerras Profanas. (Y. Fontal, Trans.) New York, United States: Oxford University
Press.
Esposito, J. L. (1998). Islam and Politics (Fourth ed.). Syracuse, New York, United States: Syracuse
University Press.
Fuentes Cobos, I. (2018). Documento Análisis: Al Qaeda frente a Daesh: Dos estrategias antagónicas y un
mismo objetivo. Instituto español de estudios estratégicos. Iee.es
Hobsbawm, E. J. (1989). The Age of Empires. New York, United States: Vintage Books.
Karsh, (2003). Rethinking the Middle East. London, United Kingdom: Frank Cass Publishers.

54 55

Você também pode gostar