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ÍNDICE

AULA 1 CRIAÇÃO. 3
COMO TUDO COMEÇOU... 3
PROVÉRBIOS 14:1 4
Gênesis 2:15-25 4
AULA 2 A QUEDA 4
Gênesis 3:1-6 6
Gênesis 3:7-12 6
ATENÇÃO! 6
Gênesis 3:13-16 7
AULA 3 A MULHER NO AT (1) 7
MIQUÉIAS 6:4 8
AULA 4 A MULHER NO AT (2) NO PERÍODO MONÁRQUICO 10
NA ESFERA DOMÉSTICA 11
FORA DE CASA 12
NA MÚSICA 12
NA RELIGIÃO 13

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MÓDULO 1 - PODEROSAMENTE MULHER

AULA 1 CRIAÇÃO.

É possível que você tenha dúvidas sobre a legitimidade do ministério feminino,


do chamamento de Deus para a vida da Mulher.

E entendo que para o seu bom desenvolvimento em nosso curso preparatório


você precisa sanar essas dúvidas e destruir qualquer possibilidade de auto
sabotagem.

Conhecer a sua própria história lhe trará maior confiança em seu chamado.

Sim, DEUS CRIOU A MULHER.


Sim, a mulher sempre esteve no plano perfeito de Deus.
Sim, Deus confiou tarefas incríveis à Mulher.

COMO TUDO COMEÇOU.

“E tomou o Senhor Deus o homem, e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o


guardar.
E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim
comerás livremente,
Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque
no dia em que dela comeres, certamente morrerás.
E disse o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só;

Só a Divindade é ÚNICA, todos os outros precisam de pares, de iguais;


far-lhe-ei uma ajudadora idônea para ele.”

Gênesis 2:15-18

“Havendo, pois, o SENHOR Deus formado da terra todo animal do campo e


toda ave dos céus, os trouxe a Adão, para este ver como lhes chamaria; e tudo o
que Adão chamou a toda a alma vivente, isso foi o seu nome.
E Adão pôs os nomes a todo o gado, e às aves dos céus, e a todo animal do
campo; mas para o homem não se achava ajudadora idônea.”

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Gênesis 2:19-20

Essa experiência era necessária para que Adão conhecesse a diferença entre
ter alguma coisa e ter alguém semelhante a ele. Esse desfile de incompatíveis lhe
fará exultar ao ver a mulher.

“Então, o Senhor Deus fez cair um sono pesado sobre Adão, e este
adormeceu; e tomou uma das suas costelas e cerrou a carne em seu lugar; E da
costela que o Senhor Deus tomou do homem, Ela saiu dele e sempre esteve nele.
Formou uma mulher, e trouxe-a a Adão. E disse Adão: Esta é agora osso dos
meus ossos, e carne da minha carne; esta será chamada mulher, porquanto do
homem foi tomada.”

Gênesis 2:21-23

Agora sim.

“Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e
serão ambos uma carne.”

Gênesis 2:24

A própria criação da base para a instituição do Casamento monogâmico.

“E ambos estavam nus, o homem e a sua mulher; e não se envergonhavam.”

Gênesis 2:25

A MULHER É FRÁGIL, MAS NÃO É FRACA PORQUE O PRÓPRIO DEUS A


DESIGNOU PARA AJUDAR.

ALGO FRÁGIL É FRACO?

Só é preciso respeitar o manuseio e a capacidade que ele suporta.

AULA 2: A QUEDA

A mulher se envolveu no episódio mais infeliz da história da humanidade e isso


sem dúvida lhe causa problemas até hoje, a discriminação que ela passa a sofrer.
Mas vamos observar melhor o episódio à luz da Bíblia, talvez você ainda o
conheça envolto pelo mito.

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Vamos olhar a queda do homem como o encontro entre duas grandes
comunicadoras, a mulher e a serpente.

“Ora, a serpente era mais astuta que todas as alimárias do campo que o
SENHOR Deus tinha feito.”
No antigo oriente ela é símbolo de astúcia (2 Habilidade para não se deixar
enganar; esperteza, sagacidade. 3 Ação de pessoa travessa; traquinagem,
travessura.) e conhecimento.
Eles estão nus, mas Satanás está travestido na serpente.

E esta disse à mulher:

📌Tudo começa com a COMUNICAÇÃO.


Você sempre será atacada na área onde Deus investiu mais poderosamente em
você.

Por que a Mulher ? Certamente pelo seu poder de comunicação.

É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim?

Uma conversa casual que até leva o nome de Deus.


O grande desafio da Mulher é saber o que realmente Deus disse e o que Ele não
disse.

E disse a mulher à serpente: Do fruto das árvores do jardim comeremos,


Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis
dele, nem nele tocareis para que não morrais.

Perceba a disposição da mulher em ensinar a verdade. Entretanto ela


acrescenta o toque. Diante de fortes emoções podemos ser tentados a fazer
acréscimos nas proibições divinas.

Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis.

Não é bem assim...

Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos
olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal.

De certa forma a Serpente também está entregando uma mensagem, e note


como ela faz isso de forma totalmente distorcida, ela atribui a Deus sentimentos
que são dela: mentirosa, enciumada e cheia de inveja.

Jamais podemos nos inspirarmos na Serpente como Mensageiras.

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E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos
olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, e comeu, e
deu também a seu marido, e ele comeu com ela.

Do olho a boca, da boca a mão, da mão a razão.

E comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela.

É comum, ao agirmos de forma errada, nos sentirmos mais tranquilos quando


levamos outras pessoas a agirem assim também.

Como mensageira ou futura mensageira jamais esqueça disso:


VOCÊ SERVIRÁ AOS OUTROS AQUILO QUE VOCÊ COMER.

Gênesis 3:1-6

Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; e


coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais.
E ouviram a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim pela viração do dia;
e esconderam-se Adão e sua mulher da presença do Senhor Deus, entre as
árvores do jardim.
E chamou o Senhor Deus a Adão, e disse-lhe: Onde estás?
E ele disse: Ouvi a tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e
escondi-me.
E Deus disse: Quem te mostrou que estavas nu? Comeste tu da árvore de que
te ordenei que não comesses?
Então disse Adão: A mulher que me deste por companheira, ela me deu da
árvore, e comi.

Gênesis 3:7-12

📌 ATENÇÃO!
E disse o Senhor Deus à mulher: Por que fizeste isto? E disse a mulher: A
serpente me enganou, e eu comi.
Então o Senhor Deus disse à serpente: Porquanto fizeste isto, maldita serás mais
que toda a fera.
Maldição é uma palavra muito forte, antônimo de benção. Nada virá do céu
para você. Aquela que mensageira de palavras enganosas nunca mais terá algo
divino.

E mais que todos os animais do campo; sobre o teu ventre andarás, e pó


comerás todos os dias da tua vida.

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Tudo o que ela come está envolto no pó. O pó aponta para humanidade e
brevidade. A maligna serpente, a mensageira da mensagem mentirosa estará
ligada ao pó e não ao céu.

E porei inimizade entre ti e a mulher,

Graças a DEUS! Nós não somos amigas, até conversamos um dia, mas não
temos nada em comum. Muito pelo contrário somos inimigas.
A mulher não deve e não pode ser refém do estigma da queda, porque a
declaração divina é clara, somos inimigas da serpente.

Estigma

Substantivo masculino

1. Marca ou cicatriz deixada por ferida."os e. da psoríase"


2. Sinal natural no corpo.

📌Estigmas sociais e religiosos tentam nos prender.


Uma luta herdada, uma luta de toda a humanidade.
A inimizade contra as tentações de Satanás.

Esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.


Na tradição judaico cristã está é uma referência ao Messias prometido

E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a tua dor, e a tua conceição; com dor
darás à luz filhos; e

As bênçãos dos filhos será acompanhada de dores. Dores essas que apontam
para a esperança cristã.

O teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará.

A mulher coloca expectativas infinitas em um ser finito.

Esse domínio será real pelas emoções e até pela fragilidade da mulher da
gravidez e amamentação, mas como esse domínio será exercido depende de
quem escolhemos para marido.

Considere que isso é consequência do pecado e não do plano original de Deus.

MAIS UMA VEZ: esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar!


Com essas palavras foi declarada a guerra, mas a vitória também.

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Gênesis 3:13-16

E AGORA? Agora é reaprender a viver.

AULA 3 A MULHER NO AT (1)

MÃE -) SARA, REBECA, LIA E RAQUEL

A mulher com voz e liderança no AT. Duas grandes líderes no período patriarcal:

MIRIAM E DÉBORA

📍 - Miriã: a irmã de Moisés


MIQUÉIAS 6:4
Ora, eu te livrei da terra do Egito e te resgatei da casa da escravidão; e enviei
Moisés, Arão e Miriã adiante de ti.

O GRANDE MOISÉS TEM SUA VIDA MARCADA POR MULHERES

NO AT o Salvador é salvo pelas Mulheres


NO NT o SALVADOR SALVA AS MULHERES.

( Extraído - Qualit@s Revista Eletrônica ISSN 1677 4280 Vol.8. No 1 (2009)


Desde menina, Miriã já tinha aptidões para ser líder. Se analisarmos o seu papel
na cena do livro de Êxodo 2:1-10, quando sua mãe coloca o seu irmão Moisés
num cestinho betumado dentro do Rio Nilo, a fim de livrá-lo do decreto de faraó de
que todos os meninos hebreus deveriam ser mortos, ela acompanhava o trajeto
do cestinho até o seu ponto final, quando finalmente, o bebê chega às mãos da
filha do Faraó, que adotou-o. Aquela menina foi extremamente corajosa, ao se
aproximar da princesa e falar que poderia conseguir uma ama de leite para a
criança, no caso a própria mãe, que ainda foi paga para isso.

Miriã teve o privilégio de ver anos depois Moisés ser reintegrado ao seu povo e
ser escolhido por Deus como o libertador do povo de Israel da escravidão no
Egito. Depois do episódio da passagem pelo Mar Vermelho (Êxodo 14: 15-31), ela
liderou as mulheres num cântico poético de exaltação a Deus:

“A profetisa Miriã, irmã de Arão, tomou um tamborim, e todas as mulheres


saíram atrás dela com tamborins e com danças. E Miriã lhes respondia: Cantai ao
SENHOR, Porque gloriosamente triunfou. E precipitou no mar o cavalo e o seu
cavaleiro.” (Êxodo 15: 20- 21)

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É um exemplo de liderança carismática, porque levou as suas lideradas a uma
visão do sucesso obtido com a vitória sobre os inimigos, e isso envolveu todas as
mulheres daquela comunidade que estava de partida para a terra prometida!

A liderança de Miriã chegou a prejudicá-la, quando não gostou da cunhada


etíope/cuxita que Moisés tomara como mulher. Achando que o irmão não estava
certo, ela teve o dissabor de murmurar, se orgulhando de ser também um
instrumento de Deus assim como Moisés: “[...] Porventura tem falado o SENHOR
somente por Moisés? Não tem falado também por nós?” (Nm 12:2b).

Esse é um fator que tem prejudicado a liderança em todos os tempos: a


soberba do líder. É a “síndrome de Lúcifer” citada por alguns autores teológicos
como a rebeldia do líder em se exaltar, achando que tem méritos suficientes para
ser melhor do que os outros. Por essa rebeldia, Miriã pagou caro; ficou leprosa, e

Somente Moisés pôde orar por ela, dando o perdão que a restaurou diante de
Deus. Depois desse episódio, a Bíblia não relata mais nenhum feito de Miriã, a
não ser a sua morte, no deserto de Zim, onde ela foi sepultada (Nm.20:1b). Mas a
sua liderança ficou registrada na história do Êxodo.

📍DÉBORA
Débora, uma governante virtuosa | Timothy Keller

Com a morte de Eúde no livro de Juízes, “os israelitas voltaram a fazer o que
era mau aos olhos do Senhor” (4.1). O ciclo começa novamente, com Israel sob
os calcanhares de Jabim, rei de Canaã (v. 2) — um governante que nem mesmo
estaria nessa posição, se Israel tivesse confiado em Deus e lhe obedecido
completamente. O instrumento opressor mais importante de Jabim é Sísera,
comandante de seu exército, que tem “novecentos carros de guerra” (as
smartbombs — bombas inteligentes — e os drones — veículos aéreos não
tripulados — da época) a seu dispor (v. 3).

A opressão agora é maior do que a imposta por Cushã-Risataim ou Eglom; ela se


caracteriza pela “crueldade” e dura vinte anos (v. 3). Então os israelitas “clamaram
ao Senhor”.

Entra em cena “a profetisa Débora” (v. 4). Como profetisa, ela prega e ensina a
palavra de Deus (vemos isso acontecer no v. 6: “O Senhor, Deus de Israel, te
ordena…”). E Débora “julgava Israel” (v. 4), ou seja, “dava audiências”. Não era o
tipo de audiência dada por rainhas; era um tribunal de justiça, e os israelitas a
procuravam para que “julgasse suas questões” (v. 5). É óbvio que Débora era
reconhecida como conselheira e juíza sábia, e os israelitas a procuravam em
busca de solução para todos os tipos de pendengas sociais, legais e relacionais.

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Nesse aspecto, Débora é bem diferente de todos os outros juízes, antes e
depois dela. Débora liderou com sabedoria e caráter, e não pela força bruta.
Enquanto Otoniel “foi à guerra” (3.10) e Eúde maquinou assassinato (3.16),
Débora aconselhou e guiou o povo. Ela ficou mais próxima de ser uma líder
virtuosa de seu povo do que simplesmente uma comandante militar. Foi uma juíza
que liderou além do campo de batalha. Tudo isso serve para nos lembrar de que o
líder escolhido por Deus não apenas resgata, mas também governa. Nesse
sentido, Débora foi a maior antecipação da monarquia e até de Cristo, que pode
sustentar o governo em seus ombros e é chamado “Maravilhoso Conselheiro […],
Príncipe da Paz […], para estabelecer e firmar [seu reino] em retidão e em
justiça…” (Is 9.6,7).

Na verdade, Débora não é uma guerreira (diferentemente dos outros juízes).


Não é a pessoa que, na força de Deus, resgata Israel ao derrotar seus
opressores. Ao contrário, “ela mandou chamar Baraque” (Jz 4.6) e passou a
ordem de Deus para ele. É Baraque quem tem de conduzir dez mil homens ao
monte Tabor (v. 6) e é a ele que Deus dá a vitória sobre Sísera (v. 7).

O juiz não será o libertador, e o libertador não é o juiz. Como mostram os


versículos 17-21, nem Débora nem Baraque terão a honra de acabar com o
principal inimigo de seu povo, Sísera. Em todos os outros casos, de Otoniel a
Sansão, existe somente um “herói” humano.

Aqui, existem três. E o cântico do capí­tulo 5 mostra quem deve receber a glória
suprema: não uma, duas ou três pessoas usadas por Deus (embora seja uma
bênção receber tal privilégio, 5.24); a glória é do Senhor, que trabalha por meio de
quem ele escolhe para resgatar e liderar seu povo.

As passagens de Juízes 4 e 5 simplesmente relatam o que acontece, não o


que deveria ter acontecido (e muito menos o que deve acontecer hoje). Assim, o
que cha­maríamos de perspectiva “tradicional” do papel das mulheres classificaria
a liderança de Débora como anomalia, causada pela renúncia medrosa dos
homens à sua responsabilidade (o caso de Baraque). De acordo com essa
perspectiva, os ho­mens devem estar na liderança; Débora toma a frente porque
eles não se apresentam. Mas o capítulo não diz isso. Na ver­dade, Débora foi
claramente chamada por Deus para ser juíza e profetisa. A perspectiva
tradicionalista é uma inferência, e é sempre perigoso basear a correção de uma
doutrina em uma inferência dúbia.

No entanto, a perspectiva “liberal” — que insiste em afirmar que “tudo o que os


homens fazem, as mulheres podem fazer”, rejeitando as di­ferenças de sexo por
achar que são invenções da sociedade — também é contestada. Entre todos os
juízes, Débora é a única que não luta — ela não é guerreira, não sabe liderar um
exér­cito e tem de recrutar alguém cuja capacidade complemente a sua (que ela
exerce muitíssimo bem).

10
Trecho extraído e adaptado da obra “Juízes para Você“, de Timothy Keller,
publicada por Vida Nova: São Paulo, 2016, pp. 56-62.

AULA 4 A MULHER NO AT (2) NO PERÍODO


MONÁRQUICO

EXISTE UMA GIGANTESCA DIFERENÇA ENTRE A FORMA COMO A


MULHER VIVIA NOS TEMPOS BÍBLICOS E COMO O NOSSO OLHAR
MODERNO OCIDENTAL OLHA PARA ESSA MULHER E PENSA A VIDA
DESSA MULHER.

Uma leitura superficial favorece um retrato limitado e distorcido da vida das


mulheres no período monárquico de Israel. Por outro lado, se fizermos um estudo
aprofundado, acompanhado de uma análise interdisciplinar, perceberemos que
seu valor e influência foram muito além da esfera doméstica.

📍FONTE -) Artigo A MULHER NOS TEMPOS DA BÍBLIA


Por CHRISTIE G. CHADWICK, doutora em Arqueologia Bíblica e História do
Antigo Oriente pela Universidade Andrews (EUA), é professora no seminário
teológico do Unasp, campus Engenheiro Coelho (SP)

NA ESFERA DOMÉSTICA
Em um artigo publicado em março de 1991 na revista Biblical Archaeologist,
Carol Meyers afirma que, na sociedade do Antigo Oriente Próximo, o contexto
doméstico envolvia aspectos econômicos, sociais, educativos e até mesmo
políticos e religiosos. Nessa cultura, a casa era economicamente autossuficiente e
independente.

O retrato advindo do texto bíblico demonstra que a mulher era respeitada como
autoridade dentro de casa. Um exemplo foi Abigail, esposa de Nabal, a quem
seus servos informaram e obedeceram sem questionar, mesmo quando ela foi
contra a determinação do próprio marido (1Sm 25:14, 18-19). Outra evidência da
autoridade feminina tem que ver com o fato de que, na maioria dos casos, era ela
quem escolhia o nome dos filhos.

Porém, o desenvolvimento histórico e o progresso tecnológico parecem ter


mudado essa condição. De uma unidade doméstica economicamente
independente, passou-se a valorizar o trabalho que resultava em maior
contribuição econômica, algo que, nas sociedades modernas, sempre foi exterior
ao âmbito doméstico e, ao longo dos séculos, tem sido dominado pelo sexo
masculino. A partir do período helenístico, isso causou uma depreciação do poder
econômico da mulher, diminuindo sua influência e autoridade dentro e fora da

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casa, conforme analisou W. C. Trenchard no livro Ben Sira’s View of Women: A
Literary Analysis (1982, p. 57, 94).

Outro aspecto interessante é que, no contexto do Antigo Testamento,


frequentemente as mulheres eram associadas ao preparo de alimentos. Tamar foi
chamada para assar bolos para seu irmão Amnom (2Sm 13:8); a viúva de Sarepta
estava prestes a preparar o último bocado de pão quando Elias foi ao seu
encontro (1Rs 17:12). Esse era apenas um dos passos no complexo processo de
produção do principal item da dieta israelita antiga. O relato bíblico indica que, no
plantio e colheita, ambos os sexos tomavam parte (Rt 2:8-9). No entanto, segundo
Carol Meyers, o processamento do grão e a produção do pão ficavam a cargo das
mulheres (Rediscovering Eve: Ancient Israelite Women in Context, 2013, p. 128).

O fato de terem sido encontrados implementos e instalações para moer e assar


em casas da época evidencia que o trabalho era feito no âmbito doméstico.

Também foram achadas estatuetas e pinturas que retratam mulheres no


processo de moer o grão e preparar a massa. Porém, durante o período
helenístico, as ferramentas manuais começaram a ser substituídas por moinhos
mais eficientes, movidos por animais. Por volta desse mesmo período, o pão
passou a ser produzido fora de casa, em padarias especializadas, tirando das
mãos das mulheres parte do valor econômico da produção de comida, além de
isolá-las, já que a atividade geralmente era realizada com outras integrantes da
comunidade.

A tecelagem também é retratada dentro e fora da Bíblia como uma atividade


feminina desenvolvida em conjunto. Por demandar tempo e habilidade, tinha alto
valor econômico (Pv 31:13, 19, 21-22, 24), que também diminuiu a partir do
período helenístico, com a invenção tecnológica do tear duplo.

FORA DE CASA

A mulher desse período tinha autoridade e presença dentro e fora de casa, em


praticamente todas as esferas da vida diária: social, política e religiosa. Foto:
Lightstock

Em 1 Samuel 8, por exemplo, vemos que o trabalho da mulher não estava


limitado ao âmbito doméstico. De acordo com Nahman Avigad, diversos selos
encontrados por arqueólogos estampavam nomes de mulheres, o que oferece
pistas de seu papel em transações econômicas e políticas (Corpus of West
Semitic Stamp Seals, 1997, p. 30 e 31).

Três mulheres com grande poder político e religioso são descritas nas
Escrituras: Maaca, rainha-mãe que foi deposta pelo próprio filho (1Rs 15:13);
Atalia, que se fez rainha em lugar dos netos e estabeleceu um templo a Baal em

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Jerusalém (2Rs 11:1-20); e Jezabel, que reinou ao lado de Acabe e estabeleceu o
culto a Baal em Israel (1Rs 18; 21:1-15).

NA MÚSICA

Elas também tinham participação no canto e na música instrumental. Apenas


para citar alguns exemplos, mulheres cantaram e tocaram instrumentos ao
receber o exército de Israel depois da vitória contra os filisteus (1Sm 18:6-7). A
canção de Ana, relatada no capítulo 2 de 1 Samuel, evidencia que algumas
também eram compositoras.

Em um estudo sobre sexo, gênero e música, T. W. Burgh demonstrou a


participação ativa de mulheres em performances musicais no Egito, Mesopotâmia,
Fenícia, Filístia e Israel (Listening to the Artifacts: Music Culture in Ancient
Palestine, 2006, p. 44-105). Ou seja, essa prática parece ter sido bem aceita
culturalmente tanto no contexto israelita quanto fora dele.

NA RELIGIÃO

Apesar de não haver sacerdotisas no sistema ritual e religioso tradicional


israelita, as mulheres não eram excluídas do processo de adoração e sacrifício.
Ana foi ao templo sozinha para pedir a Deus um filho (1Sm 1:9-12). Depois de ter
sua oração atendida, ela levou Samuel ao templo para os rituais de dedicação e
do voto nazireu (v. 24 e 25).

No mesmo período, há menção a mulheres que trabalhavam na entrada do


templo. Apesar de a Bíblia não detalhar quais eram suas funções e tarefas (1Sm
2:22), o verbo hebraico utilizado nesta passagem (tsov’ot) é o mesmo usado para
descrever a função dos levitas em seu serviço no templo (Nm 4:23; 8:24).
Considerando o lugar das mulheres no culto de Israel, P. Bird sugere que elas
preparavam as refeições sacrificiais (Ancient Israelite Religion, 1987, p. 406).

Durante os séculos seguintes do período do Primeiro Templo, igualmente foi


permitido o acesso das mulheres às áreas públicas do edifício sagrado. Elas
também tinham liberdade para consultar os profetas (1Rs 14:2-3; 2Rs 4:22-23).
Além disso, era comum sua participação em atividades rituais e em festivais
religiosos, como indicado pela expectativa do marido da sunamita de que ela
procurasse o “homem de Deus” (Eliseu) em um dia religioso.

Contudo, conforme Ziony Zevit, as evidências arqueológicas sugerem que as


mulheres estavam mais envolvidas com o culto doméstico do que com o oficial
centralizado no templo (The Religions of Ancient Israel: a Synthesis of Parallactic
Approaches, 2001, p. 554 e 555).

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O papel da mulher no período monárquico de Israel antigo parece ser, portanto,
significativamente diferente do retrato geral imaginado nos dias de hoje sobre
aquele período. A mulher dessa época tinha autoridade e presença dentro e fora
de casa, em praticamente todas as esferas da vida diária: social, religiosa e
política. A mulher tinha poder para realizar transações comerciais (Pv 31),
negociar questões militares (2Sm 20:15-22), governar (1Rs 15:13; 21:8-11; 2Rs
11:1-3) e participar de rituais religiosos (1Sm 1:24-25; Jr 7:18).

A imagem da mulher como propriedade masculina, limitada ao ambiente


doméstico, sem poder político ou comercial, parece vir de um tempo posterior ao
retratado nas descrições da época dos reis de Israel e Judá. Provavelmente seja
proveniente do período helenístico.

Assim, se levarmos em conta o contexto histórico-cultural do Antigo Oriente


Próximo, o retrato apresentado a respeito das mulheres no texto bíblico é muito
positivo. Embora alguns continuem vendo a Bíblia como um livro machista, ela
tem muito a nos ensinar sobre o valor e o papel da mulher.

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