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Turma, antes de nós irmos para o exercício de cena de hoje, eu quero falar um pouco com

vocês sobre o teatro fórum do Augusto Boal e porque estamos estudando-o.

Para quem não veio na última aula, ontem nós falamos sobre o Ensaio “O direito à literatura”
de Antonio Candido, onde ele afirmava que há direitos incompressíveis, ou seja, que não
podem ser comprimidos ou reprimidos. Para ele a literatura, em um sentido amplo, é um
direito dos seres humanos.

Falei de Antonio Candido na última aula porque eu quero defender que o Teatro fórum que
vamos experimentar hoje em cena é uma forma de apropriação de nossa própria literatura do
dia a dia.

Como assim?

Primeiro nós vamos nos sentar em roda e vamos conversar sobre nosso dia a dia na escola.
Quais situações nós já vivenciamos, ou testemunhamos que consideramos injustas, ou
opressivas? Essas histórias do cotidiano são matéria prima de nossa “literatura” no mesmo
sentido amplo ao qual Antônio Candido se refere.

Em seguida vamos representar em cena estas situações. Aqui a plateia tem uma função
fundamental de dar pitacos na cena para garantir sua verossimilhança. Estando a cena pronta
ela será modificada em tempo real pela plateia.

De que forma?

A qualquer momento alguém da plateia pode interromper a cena para trocar de lugar com
qualquer personagem e então propor uma forma de lidar com a situação de opressão. O resto
da plateia também pode interromper a cena e propor mudanças até que a cena satisfaça à
maioria e a injustiça representada seja contemplada por várias perspectivas.

Em resumo, nessa aula estamos aprendendo a conversar e expressar nossos direitos enquanto
buscamos soluções na esfera coletiva, em grupo, para situações difíceis de resolver sozinhos.
Ao contar histórias fazemos uma literatura viva de nossa vida, reconhecemos injustiças e
opressões e reescrevemos nossos papeis sociais.

Hoje vamos fazer a roda de conversa, vamos selecionar histórias e vamos dividir os papeis de
cada um, vamos lá?

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