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Um maravilhoso livro para se conhecer o teatro e seu poder reflexivo, revolucionário,

calmante e empático.

Boal conta parte da história do teatro, começando com sua criação, onde pessoas cantavam a
céu aberto, e o teatro aristotélico onde já se criava um muro entre atores e espectadores,
entre protagonista e coro.

O livro mostra como o teatro é político, pois é impossivel ao homem ser imparcial, visto que
está inserido numa estrutura e é por ela influenciada. Pode ser a favor ou contra,
conscientemente ou não. Expõe sua visão e explica a história por meio de 3 poéticas.

O teatro de aristóteles seria passivo, mantenedor da ordem vigente. O sistema trágico


"quando o homem falha nas suas ações, no comportamento em busca da felicidade, através da
virtude máxima que é a obediência às leis, a arte da tragédia intervém para corrigir essa falha,
através da purificação, da catarse, da purgação do elemento estranho, indesejável, que faz
com que o personagem não alcance os seus objetivos. Este elemento estranho é contrário à
lei, é uma falha social, uma transgressão."

Este sistema funciona para diminuir, aplacar, satisfazer e eliminar tudo que possa romper com
o equilíbrio social.

A Poética da Virtú surge com a burguesia, e define virtudes e valores (acessiveis a todos) e não
o berço como requisitos ao sucesso, à faculdade de subir na vida. Boal expões os estilos lírico,
épico e dramático.

A poética do Oprimido.

O povo oprimido se liberta, e outra vez conquista o teatro.

A poética do oprimido busca que o espectador volte a representar - Teatro invisível, teatro
foro, teatro imagem, teatro jornal, etc. Depois busca acabar com a propriedade privada dos
personagens pelos atores, através do sistema coringa.

Os exemplos de onde e como aconteceram essas experiências e riquíssimo e já vale a leitura


do livro. Propõe reflexão e atitude, ação.

Um livro que mostra a visão do teatro exposta por alguém que dedicou boa parte de sua vida à
essa arte, e inclui suas propostas e novas tentativas de usar o teatro como forma de ensaiar
para a vida real e não apenas sentir através da empatia com a personagem e nada fazer. Um
teatro que é mais que puro entreterimento, um convite à mudança, à luta dos oprimidos
contra os opressores.
Tanto para o praticante, quanto para o espectador, o teatro do oprimido estimula a busca
da sua liberdade de ação, para expor de forma simples sua opinião real e estar a par do
que acontece no mundo, desenvolvendo uma espécie de libertação dos oprimidos, ou
seja, libertar os indivíduos que se sentem coagidos e submetidos a algo, seja por
autoridades, pela sociedade, pelo uso da força e assim em diante.

Princípio do Teatro do Oprimido

Ter voz ativa. É basicamente o que se pode interpretar a partir das técnicas expostas no
teatro do oprimido, que busca ativar sensores que ajudam as pessoas superarem
limitações e estejam prontas para trabalhar sua liberdade e de criar o “novo”. A ideia é
que, através de todas as técnicas utilizadas ao longo da metodologia, as pessoas possam
se estimular de forma a discutir sobre os mais variados problemas que surgem no
cotidiano, refletindo sobre as ações realizadas.

O princípio do Teatro do Oprimido é livrar a mente e o corpo de ações repetitivas, de


pensamentos comuns e outras tarefas que tenham sido “ensinadas” de forma “alienada”
aos homens. O objetivo é oferecer uma liberdade criativa às pessoas, para que possam
refletir e observar por si só, sem a influência de qualquer ser – tudo isso para qualquer ser,
seja ele ator ou não. O interessante é que Augusto Boal desenvolveu os princípios do
Teatro do Oprimido considerados necessários para a evolução das pessoas.

Ao todo, são três princípios classificados como essenciais para desenvolver a evolução e a
liberdade criativa das pessoas. O primeiro seria o reapropriamento dos meios de produção
teatral pelos oprimidos. O segundo trata-se da quebra da quarta parede. E o terceiro que
seria a insuficiência do teatro diante da transformação social. O princípio do Teatro do
Oprimido age de forma importante para a libertação do ser, principalmente por conta das
propostas serem tratadas como “fortes” princípios para atingir o objetivo.

– O primeiro princípio indica o objetivo de Augusto Boal em reapropriar os meios de


produção teatral pelos seres que se sentem oprimidos, de forma com que o “fazer teatral”
possibilite recuperar todo o processo e recurso que fora reprimido pelo aspecto social.
Com isso, todos passam a ter capacidade de criar algo, de se expor de forma clara e,
principalmente, se colocar diante de alguma opinião imposta.

– O segundo princípio se baseia na quebra da quarta parede que se é colocada entre o


ator e o público. A ideia é romper essa parede de forma com que todos possam refletir de
forma livre, tendo sua própria crítica e realidade. Segundo Augusto, o rompimento busca
trazer o público para dentro da reflexão feita nos palcos, estimulando-o para interagir
diante dos problemas compartilhados valorizando a capacidade criativa das pessoas.

– O terceiro princípio é tratado por Augusto como uma forma de desenvolver uma
consciência própria do teatro, ampliando as opções de forma com que as pessoas tenham
possibilidades para transformar a sua vida das pessoas, convertendo as intervenções em
mudanças reais, e acabar com a opressão.

Tipos de teatro

Boal desenvolveu diversos tipos de teatro com o objetivo de ajudar ainda mais na
liberdade de criação e opinião das pessoas muito além dos palcos. O dramaturgo
organizou o Teatro do Oprimido em diferentes tipos de teatro, ou seja, em diferentes
técnicas e formas que tendem a estabelecer que o teatro é a ação. Nos grupos criados
dentro do Teatro do Oprimido pode-se citar: o Teatro-Jornal, Teatro Imagem, Teatro
Invisível, Teatro-Fórum, Arco-Íris do Desejo e o Teatro Legislativo.

Os tipos de teatro (técnicas ou formas utilizadas no Teatro do Oprimido) são variados, mas
os mais utilizados e comuns nos dias de hoje são o teatro-jornal (revela diferentes
informações que são/eram distorcidas nos jornais daquele tempo devido à censura que
ocorria), o teatro imagem (encenações realizadas com linguagens não-verbais), teatro-
fórum (derruba a barreira entre o palco e platéia, estimulando o público a participar do
diálogo) e assim em diante.

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