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Silva,Vieira, Cardoso & Campos.

Orientação profissional em cursinhos populares: uma revisão acerca


dos estudos brasileiros

ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL EM CURSINHOS


POPULARES: UMA REVISÃO ACERCA DOS
ESTUDOS BRASILEIROS
Career guidance in popular cramming: a review of the Brazilian studies

La orientación profesional en abarrotar populares: una revisión de los estudios


brasileños

Camila Domingos da Silva – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”


– UNESP
Natália Gomes Castanho Vieira – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita
Filho” – UNESP
Hugo Ferrari Cardoso – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” –
UNESP
Dinael Corrêa de Campos – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” –
UNESP

Endereço para contato


Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP).
Faculdades de Ciências (Departamento de Psicologia).
Av. Engenheiro Luiz Edmundo Carrijo Coube, 14-01.
Bairro: Vargem Limpa. 17033-360 - Bauru, SP.
Telefone: (14) 3103-6000

Camila Domingos da Silva


Graduada em Psicologia pela Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"

Natália Gomes Castanho Vieira


Graduada em Psicologia pela Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"

Hugo Ferrari Cardoso


Professor Assistente Doutor na UNESP - Universidade Estadual Paulista - "Júlio de Mesquita Filho". Mestre e Doutor em
Psicologia pela Universidade São Francisco. É membro pesquisador do Grupo de Pesquisa CNPq/Unesp "Psicologia Organizacional
e do Trabalho" - Indivíduos, contextos, processos e intervenções organizacionais.

Dinael Correa de Campos


Professor Assistente Doutor na UNESP - Universidade Estadual Paulista - "Júlio de Mesquita Filho" e Coordenador dos Cursos de
Psicologia no Campus de Bauru. Mestre e Doutor em Psicologia como Profissão e Ciência pela Pontifícia Universidade Católica de
Campinas. É membro pesquisador do Grupo de Pesquisa CNPq/Unesp "Psicologia Organizacional e do Trabalho", Linha de
Pesquisa "Indivíduo, Contextos, Processos e Intervenções Organizacionais".

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Revista Sul Americana de Psicologia, v3, n1, Jan/Jul, 2015  
 
Silva,Vieira, Cardoso & Campos. Orientação profissional em cursinhos populares: uma revisão acerca
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Resumo
Atualmente, a competitividade por uma vaga nas universidades está cada vez maior, podendo o vestibular
ser considerado como um fator que gera grande ansiedade em jovens que buscam o ensino superior. Em
virtude dessa alta concorrência há também a busca por cursinhos pré-vestibulares que visam o melhor
preparo do aluno para as provas dos vestibulares. Além dos cursinhos particulares, atualmente o Brasil
possui iniciativas de cursinhos populares, que tem como foco atender estudantes das camadas mais baixas
da sociedade que procuram o ingresso no ensino superior. O presente estudo teve como propósito a
investigação de ações em orientação profissional (OP) realizadas em cursinhos populares no contexto
brasileiro. Para tanto, realizou-se uma revisão narrativa de trabalhos nacionais que apresentaram relatos
de intervenções na área da OP em cursinhos populares, pautando-se como fonte de busca as publicações
disponibilizadas por meio do Google Acadêmico. Como principais resultados percebeu-se que, dos 23
publicações encontradas, apenas quatro apresentaram tais ações, o que mostrou, de certa forma, a
defasagem de estudos em OP com esse público.
Palavras Chave: orientação profissional; vestibular; cursinhos populares.

Abstract

Currently, competition for a place in universities is increasing and may vestibular be considered as a
factor that generates great anxiety in young people seeking higher education. Because of this high
competition there is also the search for college preparatory courses aimed at better preparation of students
for the tests of vestibular. In addition to private cram schools, Brazil currently has popular cramming
initiatives, which focuses meet students from the lower strata of society seeking entry to higher education.
This study aimed to investigate actions in vocational guidance (OP) performed in popular cramming in
the Brazilian context. Therefore, there was a national work narrative review that showed interventions
reports in the OP area in popular cram schools, basing itself as search source publications available
through Google Scholar. The main results it was observed that, of the 23 publications found, only four
showed such actions, which showed, in a way, the studies lag in OP with this audience.
Keywords: career counseling; vestibular; popular preparatory courses.

Resumen
Actualmente la competitividad por una vacancia en las universidades está cada vez más grande. El
examen de admisión puede ser considerado un factor que genera gran ansiedad en jóvenes que buscan la
enseñanza superior. Debido a esa alta concurrencia hay también la busca por cursos preparatorios que
tienen como objetivo el mejor preparo del alumno para las pruebas de admisión. Además de los cursos
particulares, Brasil cuenta con, actualmente, iniciativas de cursos populares que tienen como foco el
atendimiento de estudiantes de las camadas más bajas de la sociedad y que procuran ingreso en la
enseñanza superior. El presente estudio tuvo como propósito la investigación de acciones de orientación
profesional (OP) realizadas en cursos populares del contexto brasileiro. Para tanto, se realizó una revisión
narrativa de trabajos nacionales que presentaron relatos de intervenciones en la área de OP en cursos
populares, guiada por una búsqueda por las publicaciones disponibles en el Google Académico. Como
resultados principales se nota que, de las 23 publicaciones encontradas, apenas cuatro presentaran tales
acciones. Eso muestra, de alguna manera, la carencia de estudios sobre OP con este publico.
Palavras Chave: orientación profesional, examen de admisión, cursos populares.

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Introdução

A competitividade por uma vaga nas universidades, principalmente as públicas,

têm gerado grande ansiedade nos jovens, bem como a necessidade de se recorrer às

estratégias alternativas, como, por exemplo, a busca por um cursinho pré-vestibular que

visa melhor preparar o aluno para as provas dos vestibulares (Gouveia, 2012; Gouveia

& Neto-Mendes, 2014). A criação dos vestibulares, conforme destaca Castro (2005) é

datada em 1910, quando foram criados os exames admissionais para o ensino superior

no Brasil, recebendo o nome de exames vestibulares anos mais tarde.

Entretanto, o número de vagas oferecidas pelas Instituições de Ensino Superior

(IES) não acompanhou o crescimento populacional, sendo este fenômeno observado

desde 1920 e, dessa forma, a concorrência e competitividade aumentaram drasticamente

desde então (Bachetto, 2003; Nascimento, 2013). Juntamente a esse fenômeno, surgiu o

primeiro resquício de um cursinho preparatório, como observado por Guimarães (1984,

p. 12)

(...) em 1925, a Reforma de Ensino Rocha Vaz, em seu artigo 54 (...)

determinava: (...) “para os candidatos a matrícula na Escola Politécnica, haverá um

curso de revisão e ampliação da matemática, de acordo com as exigências do exame

vestibular da referida escola”.

Acompanhando os cursos de engenharia oferecidos pela Escola Politécnica, as

faculdades de Direito, Medicina e Filosofia logo adotaram os cursinhos preparatórios

para os vestibulares. Esses ocorriam em instalações modernas e contavam com o

comprometimento do professor, que muitas vezes não era nem remunerado. Outro fato

histórico importante para melhor situar a criação e estruturação dos vestibulares e


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cursinhos, foi o golpe militar de 1964, uma vez que, com a rápida urbanização do país e

a necessidade de aumento de uma mão de obra mais qualificada, houve grande expansão

e criação de universidades espalhadas por todo o território nacional. Ainda em meados

da década de 1960, foi formado o Centro de Seleção de Candidatos das Escolas Médicas

(CESCEM) composto por sete faculdades de Medicina e Veterinária que organizaram,

juntamente com a Fundação Carlos Chagas, o primeiro vestibular unificado, o qual teve

por objetivo o preenchimento de todas as vagas por meio de uma avaliação

classificatória (Camargo, 2009; Castro, 2005).

Na década de 1970 houve então o movimento de grande expansão dos cursinhos

preparatórios, agora não mais visando apenas os vestibulares das grandes universidades

e dos cursos mais prestigiados, mas também preparando os jovens para o ingresso em

universidades consideradas na época como sendo de menor expressão, particulares,

principalmente localizadas no interior do país. Os cursinhos preparatórios tornaram-se

uma verdadeira indústria pré-vestibular, que visavam o lucro e tinham como público

alvo os filhos das emergentes classes médias, que desejavam inserir seus filhos na nova

estrutura que a sociedade apresentava. Nesse sentido, no final da década de 1970 e

início de 1980, o número de alunos matriculados nos cursinhos aumentou drasticamente

(Pereira, Raizer & Meirelles, 2010; Siqueira, 2011).

O rápido aumento na procura por cursinhos preparatórios pode ser

compreendido pela necessidade de um melhor preparo para enfrentar o vestibular, uma

vez que a relação candidato/vaga se tornava cada vez mais destoante, principalmente

nos cursos considerados de maiores prestígio (a exemplo, medicina, direito e

engenharias). Assim, pode-se dizer que houve ao longo da história, e ainda há, a crença

de que indivíduos provenientes de famílias com melhores condições socioeconômicas


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tendem a serem privilegiados no que tange ao acesso no ensino superior, uma vez que

estes estariam mais bem preparados para o exame do vestibular (Whitaker, 2010;

Whitaker & Flamengue, 2001).

Ainda de acordo com as autoras, visando a busca por mais igualdade em relação

ao acesso ao ensino superior, algumas instituições, como Organizações Não

Governamentais (ONG´s), igrejas e diretórios acadêmicos, foram pioneiras no

oferecimento de cursinhos considerados populares, que tinham como foco atender

estudantes das camadas mais baixas da sociedade. Tais iniciativas surgiram no Brasil

na década de 1970 e ganhou força nos anos de 1990. Os cursinhos populares deixaram

de ser apenas um incentivo de ONG´s e igrejas, e passaram a ser uma reivindicação

social.

Faz-se mister ressaltar que essas políticas públicas não são concessões dos

governos federal e estaduais, mas sim uma conquista proveniente de árduas lutas dos

movimento sociais, iniciados pelos alunos dos diretórios acadêmicos (Pezzi, 2002).

Assim, os cursinhos populares no Brasil hoje se apresentam como uma realidade,

entretanto, cabe a indagações a respeito de como esses alunos, matriculados nestes

cursinhos, vislumbram o futuro em termos de projetos de vida, escolha ou não por uma

educação de nível superior, etc. Nesses termos, o trabalho de orientação profissional

com esse público pode se tornar bastante pertinente.

Atrelado às informações supracitadas, sabe-se que, especialmente no contexto

nacional, a orientação profissional esteve, em seu princípio e também nos dias atuais,

atrelada também ao âmbito educacional, principalmente no estado de São Paulo, com o

trabalho de Seleção e Orientação que o professor suíço Roberto Mange fez com alunos

do Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, em 1924. Na década de 1930, a Orientação


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Profissional começou a se aproximar da área da educação com a criação, no estado de

São Paulo, do Serviço Público de Orientação Vocacional no Brasil por Lourenço Filho e

Noemi Rudolfel. Mas foi em 1942, com a Reforma do Ensino, que “Lei Capanema”

estabeleceu a atividade de Orientação Educacional, que deveria auxiliar na escolha

profissional dos estudantes (Lisboa, 2000).

Ainda na década de 1940, houve um grande desenvolvimento da Orientação

Profissional no país, com a criação do curso de Seleção, Orientação e Readaptação

Profissional pela Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro, que era ministrada pelo

psicólogo e psiquiatra Emílio Mira y López e tinha como objetivo formar profissionais

para atuar na área. Ainda nessa década, foi criado o Instituto de Seleção e Orientação

Profissional (ISOP), que tinha como objetivo o desenvolvimento de métodos e técnicas

da Psicologia Aplicada ao Trabalho e à Educação, o atendimento ao público com os

processos de Seleção e Orientação Profissional e a formação de novos especialistas na

área (Sparta, 2003).

Com a regulamentação no Brasil do curso de Psicologia em 1962, a Orientação

Profissional passou a ser uma disciplina desta graduação, e que posteriormente se fez

presente nos cursos de Pedagogia (Lisboa, 2000). Até esse momento, a Orientação

Profissional no país, estava muito ligada à ideia de adequação do homem à profissão.

Com a regulamentação da profissão de psicólogo, os processos de intervenção em

Orientação Profissional passaram também para os consultórios particulares, sofrendo

grande influência da Psicanálise e da Estratégia Clínica de Orientação Vocacional de

Rodolfo Bohoslavsky. Atualmente, o escopo de trabalho do orientador profissional é

bastante vasto e pode atender a diversos públicos, que não somente alunos que estão em

situação de uma primeira escolha profissional (Sparta, 2003).


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Em acréscimo, a orientação profissional se apresenta hoje como um importante

processo na construção do autoconhecimento e no projeto de vida dos indivíduos,

incluindo, nesses termos, o planejamento de metas e facilitando a tomada de decisão em

relação a seu futuro, principalmente no que concerne à escolha de uma profissão ou

caminho dentro de uma profissão, fazendo com que o indivíduo tenha uma atitude ativa

nessa construção. Sendo assim a prática de OP refere-se ao conjunto de técnicas e

estratégias que tem como objetivo propiciar o autoconhecimento e o conhecimento das

atividades profissionais, para que o individuo possa tomar melhores decisões reduzindo

assim as frustrações futuras (Lehman, 2010).

Com base nestas informações perceber-se que a realização de intervenções em

orientação profissional pode auxiliar no momento de escolha de muito jovens, bem

como em como pessoas que não estão em situação de primeira escolha de uma

profissão. Assim, os autores pretendem com este artigo fazer uma revisão narrativa de

trabalhos nacionais que apresentem relatos de intervenções na área da orientação

profissional em cursinhos populares, pautando-se como fonte de busca as publicações

disponibilizadas por meio do Google Acadêmico.

Método

Fonte e Procedimentos

Para a elaboração desse estudo, utilizou-se como fonte de busca o Google

Acadêmico, sendo que a pesquisa pelos estudos foi realizada no dia 17 de novembro de

2014. Para tanto, utilizou-se como palavras de busca as seguintes terminologias

“cursinhos populares” e “orientação profissional”.


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Nesse sentido, era esperado que a pesquisa retornasse com publicações que

contemplassem a realização de projetos de orientação profissional em alunos de

cursinhos populares. Os autores salvaram as publicações em uma pasta do computador,

independentemente desses contemplarem ou não o objetivo dessa revisão narrativa.

Posteriormente, os estudos foram analisados, sendo que serão apresentados aqui, apenas

os estudos que contemplaram a orientação profissional em cursinhos populares.

Resultados

A partir da busca no Google Acadêmico, utilizando-se das palavras chave

supracitadas, 23 estudos foram encontrados. Esses estão brevemente caracterizados na

Tabela 1 por meio da apresentação em relação ao ano de publicação, nome dos autores,

título do estudo, tipo de documento e se o mesmo apresenta investigações relacionadas

às temáticas orientação profissional e cursinhos populares.

Tabela 1
Relação e informações dos estudos provenientes da pesquisa no Google Acadêmico
Nº Ano Autores Título do estudo Tipo OP/CP
1 2007 Soares, Orientação profissional em contexto coletivo: AC SIM
Krawulski & uma experiência em pré-vestibular popular
D´Avila
2 2009 Nascimento Jovens e educação superior: as aspirações de D SIM
estudantes de cursos pré-vestibulares
populares
3 2010 Souza & Amizade no processo de orientação AC NÃO
Lassance profissional: Três abordagens na intervenção
com jovens
4 2010 Silva Orientação Profissional, mentoring, coaching AC NÃO
e counseling: Algumas singularidades e
similaridades em práticas

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Tabela 1
continuação
Nº Ano Autores Título do estudo Tipo OP/CP
5 2010 Whitaker Da “invenção” do vestibular aos cursinhos AC NÃO
populares: Um desafio para a Orientação
Profissional
6 2009 Carrano CAPÍTULO 4: Jovens Universitários: acesso, CL NÃO
formação, experiências e inserção
profissional.
7 2010 Hirt Análise das expectativas dos jovens sobre D NÃO
escolha profissional e orientação profissional
numa escola pública de ensino médio
8 2012 Valore & Cavallet Escolha e orientação profissional de AC SIM
estudantes de curso pré-vestibular popular
9 2013 Vitorino Memória social no Vale do Paraíba Paulista: EC NÃO
uma descrição etnográfica da comunidade
bananalense.
10 2010 Hirt & Raitz Revisitando a literatura sobre escolha e AC NÃO
orientação profissional no Brasil
11 2013 Bicalho & Araújo Entre mundos: a trajetória de jovens de baixa EC NÃO
renda
12 2006 Freitas Professores de cursos pré-vestibulares e a D NÃO
escolha profissional de seus alunos: um
estudo na cidade de Maringá-PR
13 2014 Instituto Federal Escolha profissional e ingresso no mundo do C NÃO
de Santa Catarina trabalho: orientações práticas para ajudar em
suas decisões.
14 2006 Santos Desafios na aquisição da identidade D NÃO
profissional por jovens universitários
egressos de cursinho pré-vestibular popular
15 2008 Esbrogeo Avaliação da Orientação Profissional em D SIM
grupo: o papel da informação no
desenvolvimento da maturidade para a
escolha da carreira.
16 2011 D’Avila, Acesso ao ensino superior e projeto de “ser AC NÃO
Krawulski, alguém” para vestibulandos de um cursinho
Veriguine & popular
Soares
17 2011 Mandelli Correndo atrás de seu projeto de vida: um D NÃO
estudo com participantes do programa jovem
aprendiz
18 2008 Guamieri Cotas universitárias: perspectivas de D NÃO
estudantes em situação de vestibular
19 2005 Bastos Trajetória de egressos do ensino médio D NÃO
público do município de Juiz de Fora: a
questão da escolha profissional
20 2005 Honorato Estratégias coletivas em torno da formação D NÃO
universitária: status e mobilidade entre
desfavorecidos

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Tabela 1
continuação
Nº Ano Autores Título do estudo Tipo OP/CP
21 2012 Silva “Passe na UFRGS”: o imperativo da aprovação D NÃO
veiculado em materiais midiáticos de cursinhos pré-
vestibulares
22 2008 Maffei A situação socioeconômica e a escolha profissional: D NÃO
sujeitos de diferentes estratos sociais e suas
perspectivas profissionais
23 2006 D´Avila O ensino superior como projeto profissional para D NÃO
“Ser Alguém”: repercussões de um cursinho pré-
vestibular popular na vida dos estudantes.

* OP/CP: Estudo apresenta relação entre as temáticas orientação profissional e cursinhos populares; AC:
Artigo científico; D: Dissertação; EC: Texto apresentado em evento científico; C: Cartilha sobre
orientação profissional; CL: capítulo de livro  

Dos 23 estudos encontrados, apenas quatro contemplaram os objetivos da

presente pesquisa (Esbrogeo, 2008; Nascimento, 2009; Soares, Krawulski & D´Avila,

2007; Valore; Cavallet, 2012). A seguir, esses estudos serão brevemente apresentados,

focando, principalmente no que tange a procedimentos adotados e principais resultados

obtidos.

O estudo de Esbrogeo (2008) analisou o nível de informação profissional e de

maturidade para escolha de uma carreira em adolescentes, antes e depois de passarem

por uma intervenção em orientação profissional. Participaram do estudo 40

adolescentes, de ambos os sexos, que estudavam em escolas de ensino médio e/ou

cursinhos pré-vestibulares públicos ou privados. Como instrumentos de pesquisa, foram

utilizados um Questionário de Informação Profissional (QIP), a Escala de Maturidade

para a Escolha Profissional (EMEP), e os atendimentos em grupo (totalizando 12

sessões de duas horas cada), em que foram aplicadas diversas técnicas de avaliação e

intervenção pertinentes ao processo de orientação profissional. A autora formou dois

grupos com base na classificação obtida pela EMEP e nível de conhecimento dos alunos
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em relação às profissões, ou seja, o grupo A (formado por 20 alunos que apresentaram

nível de maturidade inferior e muito inferior) e grupo B (20 alunos que apresentaram

nível de maturidade médio inferior e médio).

Em relação aos atendimentos, no grupo A, foram utilizadas técnicas tais como,

discussão em grupo, “Técnica do Cine Adolescente” role-playing do papel profissional,

“Técnica do Bombom” Teste de Fotos de Profissões (BBT-BR) e a atividade Critérios

para escolha profissional. No grupo B foram utilizadas técnicas como discussão em

grupo, “Técnica do barbante”, “Carta aos pais”, técnica das frases para completar

elaborada por Rodolfo Bohoslavsky, o teste BBT-BR e entrevistas individuais. Ao final

das intervenções, no grupo A, dos 17 participantes, oito relataram terem escolhido uma

profissão, sete ficaram em dúvida entre duas profissões e dois permaneceram com

muitas dúvidas. Já no grupo B, oito integrantes relataram que já haviam realizado suas

escolhas profissionais e três permaneceram em dúvida (Esbrogeo, 2008).

A dissertação de Nascimento (2009) investigou os motivos que levam os jovens

a aspirarem ao ensino superior em um grupo de 235 alunos, de ambos os sexos, sendo a

maioria com idades variando entre 15 e 24 anos, provenientes de um cursinho pré-

vestibular popular vinculado a uma instituição de ensino superior pública do estado de

São Paulo. Além das aspirações, o autor também investigou se esses jovens

apresentavam percepção de suporte social (rede de apoio), se participavam de grupos

juvenis (tais como grupos culturais, esportivos, religiosos, etc.) e informações relativas

ao histórico escolar. Como resultados, em geral, foi percebido que quanto maior a

percepção de apoio e participação em grupos, associados a um bom histórico escolar,

maior tende a ser a percepção dos jovens em termos de capacidades para a elaboração

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de um projeto de vida, em muitos desses, incluindo o ingresso e término de um curso de

nível superior.

O artigo de Soares, Krawulski, Dias e D’Avila (2007) relata a experiência de

uma atividade em orientação profissional realizada em um cursinho pré-vestibular

inserido em uma universidade federal brasileira. Os autores tiveram, por meio da

pesquisa, o intuito de proporcionar a um grupo de 127 estudantes um momento em que

os mesmos pudessem discutir acerca dos sentimentos em relação ao vestibular, ao

próprio cursinho, bem como também era o objetivo dessa intervenção a interação entre

os alunos. Foram adotados enquanto procedimentos algumas técnicas de colagem,

discussões grupais e produção de cartazes. De acordo com os autores, no final, houve a

socialização das confecções grupais, que proporcionaram discussões entre os

participantes, bem como maior socialização dos mesmos, e também foi possível fazer

com que os alunos expressassem os sentimentos frente ao vestibular e em relação ao

cursinho popular em que estavam matriculados.

Valore e Cavallet (2012) realizaram um estudo com 54 estudantes de cursinhos

populares inscritos em um programa de orientação profissional ofertados por uma ONG

ligada a uma universidade pública do sul do Brasil. O objetivo dos autores foi o de

investigar a relação entre escolha profissional e nível socioeconômico. Para tanto foi

aplicado um instrumento contendo questões abertas e fechadas relacionadas ao

conhecimento de aspectos concernentes à escolha profissional, informações sobre

mercado de trabalho e questões relacionadas ao perfil sociodemográfico. Dos principais

resultados, 71% dos participantes relataram que não haviam definido uma carreira,

estando em dúvida entre duas ou mais, 76% revelavam a presença de dúvidas quanto à

escolha profissional. Com relação à quantidade de informações sobre as profissões


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pretendidas, apenas 6% dos participantes consideraram-se muito bem informados. As

autoras destacaram, ao final do estudo, a pertinência em haver orientação profissional

nesse contexto, no sentido de proporcionar os alunos as informações condizentes ao

mundo do trabalho, bem como incentivá-los e orientá-los na direção de se elaborar os

projetos para suas vidas profissionais.

A partir dos dados apresentados pelos estudos supracitados, percebe-se que as

demandas referentes ao processo de escolha profissional e no que tange ao vestibular,

salientadas pelos estudantes dos cursinhos populares, não foram fortemente

diferenciadas quando comparadas às demandas trazidas por alunos de cursinhos

particulares e/ou de jovens cuja família possui condições financeiras mais favoráveis do

que as famílias de grande parte dos alunos que frequentam os cursinhos populares

(Bardagi & Teixeira, 2009; Hutz & Bardagi, 2006). Em acréscimo, Sparta e Gomes

(2005) destacaram, por meio de constatações empíricas, que jovens de escolas e

cursinhos particulares tendem a considerar o vestibular, e consequentemente um curso

de ensino superior, como prioridade. Já alunos de escolas e cursinhos públicos também

sinalizam a importância e interesse em relação ao ingresso em um curso de nível

superior, entretanto grande parte desses também consideram outras possibilidades de

inserção no mundo do trabalho, tais como cursos profissionalizantes, técnicos e o

ingresso no trabalho propriamente dito (profissões que não exigem formação de níveis

profissionalizantes, técnicos ou superior).

Por fim, Melo-Silva, Lassance e Soares (2004) salientam que a orientação

profissional no Brasil em geral tem como propósito o auxílio a pessoas para que as

mesmas possam tomar decisões acerca do estudo, planejamento de uma formação

profissional e trabalho. Dessa forma, pode-se dizer que qualquer indivíduo,


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independentemente de sua idade, sexo ou pertencimento a uma ou outra classe social,

pode realizar o processo de orientação e obter benefícios para si a partir do mesmo.

Considerações Finais  

O número de cursinhos populares no Brasil tem crescido rapidamente nos

últimos anos. Contudo, fica evidente a necessidade de maiores investimentos

governamentais e políticas públicas para elevar a qualidade dos já existentes e

proporcionar a criação de novos onde o acesso ainda é precário. Tendo em vista que

grande parte da população brasileira não tem condições socioeconômicas para

frequentar cursinhos pré-vestibulares particulares, devido seu custo bem elevado,

algumas vezes superando o valor do salário mínimo, faz-se necessário aumentar essas

iniciativas que visam auxiliar o ingresso na vida universitária das camadas populares

que não possuem condições de custear sua preparação.

Especificamente em relação à temática do presente estudo, orientação

profissional em cursinhos populares, pode-se perceber por meio dessa revisão dos

estudos nacionais, que há poucos estudos que abordam a temática orientação

profissional e cursinhos populares. Foram encontradas algumas pesquisas, que ao

relatarem o histórico e/ou funcionamento de cursinhos populares, mencionavam a

existência de orientação profissional fornecida para seus alunos, porém não há um

robusto número de publicações que apresentem o processo de orientação profissional

com esse público. Por meio deste trabalho ficou evidente a defasagem na literatura que

abranja a prática do psicólogo com grupos de orientação profissional em cursinhos

populares. Muitos artigos e estudos têm o caráter investigativo do planejamento


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profissional e processo de escolha dos alunos inseridos nos cursinhos populares, mas

existe a necessidade, em termos de novas investigações, que foquem no processo de

orientação profissional e não apenas no levantamento de dados. É preciso que se

construam relatos de tais práticas, mas também fazer com que essa área seja

compreendida como uma grande possibilidade de campo de atuação do psicólogo.

Portanto, pode-se entender que esta é uma área profissional que está carente de

psicólogos que não apenas atuem, mas que também relatem e compartilhem suas

práticas.

Conforme foi destacado ao longo do artigo, a OP é um processo em que o

indivíduo pode fazer uso independentemente de idade, sexo ou condição financeira. Seu

objetivo é favorecer ao orientando condições para que o mesmo possa conhecer melhor

acerca de si, de suas escolhas e do mundo do trabalho e, nesse sentido, é importante que

novos estudos sejam realizados mostrando as diversas práticas que a orientação

profissional pode proporcionar, e não somente se restringir a um público constituído de

estudantes que estejam em situação de primeira escolha profissional, por exemplo,

alunos de ensino médio ou cursinhos (particulares e/ou populares). Torna-se pertinente,

por conseguinte, que os psicólogos apresentem estudos na área de orientação

profissional com outros públicos e demandas diferenciadas, como por exemplo, em

pessoas que estão pensando no planejamento de suas carreiras, indivíduos que já estão

formados e que buscam conhecimento em relação às possíveis áreas em que os mesmos

podem atuar a partir de sua formação, em pessoas que estão desempregadas, além de

indivíduos que estão próximos de se aposentar.

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Submissão: 12/03/15
Última revisão: 24/05/15
Aceite final: 02/06/15  

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