Você está na página 1de 14

Estudos de Psicologia

ISSN: 0103-166X
estudosdepsicologia@puc-
campinas.edu.br
Pontifícia Universidade Católica de
Campinas
Brasil

MARINHO-ARAUJO, Claisy Maria


Inovações em Psicologia Escolar: o contexto da educação superior
Estudos de Psicologia, vol. 33, núm. 2, abril-junio, 2016, pp. 199-211
Pontifícia Universidade Católica de Campinas
Campinas, Brasil

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=395354131003

Como citar este artigo


Número completo
Sistema de Informação Científica
Mais artigos Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal
Home da revista no Redalyc Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto
http://dx.doi.org/10.1590/1982-02752016000200003

Inovações em Psicologia Escolar: o


contexto da educação superior

Innovations in School Psychology: The


context of higher education

Claisy Maria MARINHO-ARAUJO1

Resumo

A educação superior, tanto no Brasil quanto no exterior, tem sido alvo de inúmeras políticas educacionais
contemporâneas. O sistema brasileiro ampliou-se velozmente na última década, ocasionando transformações
institucionais no âmbito político-pedagógico e acadêmico, bem como no perfil dos estudantes. As mudanças têm
como foco o direito de acesso acadêmico e a democratização de oportunidades. A expansão do ensino tornou-se uma
urgente meta orientadora de decisivas ações governamentais. A consequente massificação agudizou, no espaço educativo
das Instituições de Ensino Superior, as tensões e contradições, mas, também, as potencialidades para o desenvolvimento
pessoal e as emancipações inerentes a esse contexto. Defendendo que a educação superior apresenta-se como fértil
campo para a ação da Psicologia Escolar, apresenta-se, neste artigo, um modelo de atuação baseada em cinco eixos
principais: 1) Mapeamento Institucional; 2) Escuta Psicológica; 3) Gestão de Políticas, Programas e Processos Educacionais;
4) Propostas Pedagógicas e Funcionamento de Cursos; 5) Perfil do Estudante. Essas reflexões e propostas para pesquisa
e intervenção na área, fundamentadas pela Psicologia Histórico-cultural do desenvolvimento humano, enfatizam a
mediação intencional do psicólogo no desenvolvimento dos atores educacionais. Como conclusão, destaca-se que a
intervenção institucional e coletiva do psicólogo escolar deva estar voltada tanto à conscientização e ao empoderamento
dos sujeitos, como às transformações sociais emancipadoras e ao sucesso acadêmico.
Palavras-chave: Educação superior; Prática institucional; Psicologia escolar.

PSICOLOGIA ESCOLAR NA EDUCAÇÃO SUPERIOR


Abstract

The higher education, both in Brazil and abroad, has been targeted by countless contemporary educational policies.
Brazil’s educational system has improved considerably over the past decade, causing institutional changes both in the
political-pedagogical and in the academic scope, as well as in the students’ profiles. The changes aim at the right to
academic access and at the democratization of opportunities. The expansion of the education has become a top-
priority compelling goal guiding decisive governmental actions. The subsequent massification in the educational scope
of Higher Education Institutions has sharpened the tensions and contradictions, but it has also increased the potentialities
for personal development and emancipation inherent to this context. Understanding that higher education is itself
fertile ground for School Psychology to take action, this article presents an action plan based on five main axes: 1)
Institutional Mapping; 2) Psychological Listening; 3) Policies, Programs and Educational and Processes Management;

▼ ▼ ▼ ▼ ▼
1
Universidade de Brasília, Instituto de Psicologia, Programa de Pós-Graduação em Processos de Desenvolvimento Humano e Saúde.
Campus Darcy Ribeiro, Instituto Central de Ciências Sul, prédio Minhocão, Asa Norte, 70910-900, Brasília, DF, Brasil. E-mail:
<claisy@unb.br>. 199

Estudos de Psicologia I Campinas I 33(2) I 199-211 I abril - junho 2016


4) Pedagogical Proposals and Course Scheme; 5) Student Profile. These considerations and proposals of research and
intervention in this field, based on the Cultural-historical Psychology of human development, emphasize the
psychologist’s intentional mediation in the development of the educational actors. As a conclusion, we highlight that
the institutional and collective intervention of the school psychologist should not only be turned toward the awareness
and empowerment of the subjects, but also to the emancipating social changes and academic success.
Keywords: Education, Higher; Institutional practice; School psychology.

O objetivo deste artigo é apresentar a Psi- diversas outras instituições - assistenciais, empre-
cologia Escolar, considerada como campo de pes- sariais, filantrópicas ou outras de cunho educativo.
quisa, reflexão, produção de conhecimento e de Igualmente, despontam contemporaneamente
intervenção profissional, inserida no contexto da modalidades de ensino que não eram foco de
educação superior, prospectando avanços ao campo atuação da área, como a educação de jovens e
científico e à atuação profissional na área. Partindo adultos, o ensino superior e a educação à distância
dessa defesa, o modelo teórico-interventivo pro- (Bisinoto & Marinho-Araujo, 2014; Marinho-Araujo,
posto por Marinho-Araujo (2009, 2014a) para subsi- 2009, 2010, 2014a, 2014b; Marinho-Araujo &
diar ações e contribuições do psicólogo escolar na Almeida, 2005).
educação superior será apresentado, revisto e A literatura nacional e internacional da área
ampliado. identifica a educação superior como um contexto
A história oficial da Psicologia no Brasil data procurado para a pesquisa em Psicologia. No entan-
de 1962, quando houve a legalização da área no to, geralmente é utilizado na coleta de dados com
âmbito científico e na prática profissional. Uma entrevistas ou aplicação de instrumentos a estu-
retrospectiva dessa história, no entanto, aponta que dantes, professores e gestores. Verifica-se, na litera-
são recentes as transformações na pesquisa, na for- tura, que ainda são pouco explorados os trabalhos
mação e na atuação vinculadas, principalmente, às que apontam a educação superior enquanto um
responsabilidades e compromissos sociais contem- campo de atuação profissional para a Psicologia
Escolar, coadunado às proposições teóricas e prá-
porâneos, demandadas ao conhecimento e à
ticas atualmente defendidas para a área. O levanta-
atuação psicológica crítica (Martín-Baró, 1996;
mento bibliográfico de teses de doutorado, disserta-
Parker, 2007). A Psicologia Escolar acompanhou
ções de mestrado e artigos de revistas científicas
essa historicidade, ressignificando construções epis-
de Psicologia e Educação, cobrindo cinco anos
temológicas, teóricas e intervenções práticas, as-
(1995-1999), realizado por Bariani, Buin, Barros e
sociando-as à parcerias institucionais e coletivas nos
Escher (2004), mostrou que, entre os temas abor-
contextos educacionais. Essas ações focaram o em-
dados, algumas práticas do psicólogo escolar na
poderamento dos atores escolares, a conscientiza-
educação superior apareciam de forma incipiente
ção de suas potencialidades e sucessos, visando
e, quando apresentados, centralizavam o enfoque
transformações sociais para muitos. da atuação no aluno. Mais recentemente, Maroldi
A escola tem sido amplamente defendida (2012) e Nunes, Alves, Ramalho e Aquino (2014)
na área como contexto privilegiado para a atuação realizaram uma análise bibliométrica e uma pesquisa
C.M. MARINHO-ARAUJO

do psicólogo escolar. No entanto, é possível verificar das produções científicas da Psicologia Escolar dis-
que a Psicologia Escolar, na última década, vem ponibilizadas, por exemplo, nas Bases de Dados da
comparecendo com mais expressividade em diver- Biblioteca Virtual em Saúde Psicologia Brasil. Nesses
sificados espaços institucionais, como creches, cur- levantamentos, o ensino superior não é apontado
sos de línguas, escolas de medidas socioeducativas, como contexto de atuação profissional do psicólogo
orfanatos, associações socioculturais, organizações escolar.
não governamentais, serviços públicos de educação Nas produções acadêmicas nacionais, as
200 e saúde, empresas de pesquisas, de assessorias e contribuições mais efetivas que relatam a especi-

Estudos de Psicologia I Campinas I 33(2) I 199-211 I abril - junho 2016


ficidade da atuação do psicólogo escolar na edu- balhando com o professor em situações semelhan-
cação superior são encontradas em: Bisinoto & tes (Dole, 1981); de outro, no âmbito de um tra-
Marinho-Araujo, 2011a, 2011b, 2014; Bisinoto, balho indireto, atuam no acompanhamento ao
Marinho-Araujo, & Almeida, 2011; Caixeta & Sousa, desenvolvimento de estudantes, professores e
2013; Marinho-Araujo, 2009, 2010, 2014a; outros membros do corpo acadêmico e adminis-
Sampaio, 2009, 2010; Serpa & Santos, 2001; Witter, trativo visando o aumento da efetividade educa-
1999; Zavadski & Facci, 2012. Essa literatura apre- cional (Farrell, Jimerson, Kalambouka, & Benoit,
sentou temáticas distintas: possibilidades de práticas 2005; Sandoval & Love, 1977). Atividades ligadas à
realizadas pelo psicólogo escolar; serviços de avaliação educacional (de curso ou do desempenho
orientação ao estudante universitário; formação docente na percepção de alunos) e à utilização de
docente; atuação do psicólogo escolar frente às polí- instrumentos de intervenção de base metodológica
ticas acadêmicas e estudantis de ações afirmativas qualitativa (questionários, entrevistas, vídeos, semi-
voltadas para a permanência dos estudantes; e nários, instrumentos para acompanhamento da
atuação institucional da Psicologia Escolar ampliada trajetória acadêmica e outros) são os pontos comuns
coletivamente. relatados (Sandoval & Love, 1977).
No cenário internacional, com o auxílio do
Entre as experiências internacionais mais
Comitê de Investigação da Associação Internacional
contemporâneas, tem-se na Rede de Serviços de
de Psicologia Escolar, estudos transculturais foram Apoio Psicológico no Ensino Superior (2006) uma
construídos para investigar informações acerca das
das mais estruturadas iniciativas de visibilidade para
práticas da Psicologia Escolar em diferentes países
a atuação da Psicologia Escolar no ensino superior.
da América do Norte, Europa, Ásia e África. De mo- No entanto, o enfoque da atuação psicológica nes-
do geral, os resultados apontam para práticas dos
ses serviços é individualizante, especialmente vol-
psicólogos escolares localizadas em níveis iniciais
tado ao aconselhamento e acompanhamento ao
de escolarização, voltadas ao atendimento indivi-
estudante, com o objetivo de favorecer sua transição
dualizado de crianças a partir de demandas esco-
e adaptação à vida universitária (Rede de Serviços
lares, à avaliação psicológica (dificuldades de apren-
de Apoio Psicológico no Ensino Superior, 2002).
dizagem e encaminhamentos para educação espe-
cial) e ao aconselhamento psicológico. Outra experiência europeia de atuação psi-
cológica no ensino superior é descrita por Ferrer-
Referenda-se, ainda, o trabalho de Price,
-Sama (2008) ao divulgar os trabalhos do Fórum
Floyd, Fagan e Smithson (2011). Esse estudo teve
Européen d’Orientation Académique, uma orga-
como objetivo identificar os 100 artigos mais citados
nização de apoio aos estudantes da Educação Supe-
na literatura internacional sobre Psicologia Escolar
entre os anos 1960 e 2000, bem como os 25 artigos rior criada em 1988 e composta por representantes

PSICOLOGIA ESCOLAR NA EDUCAÇÃO SUPERIOR


mais citados no período de 1999 a 2009, em cinco de todos os países da comunidade europeia, com
revistas com alto valor de impacto na Psicologia: atividades desenvolvidas pelos Serviços de Orien-
Journal of School Psychology, Psychology in the tação e Aconselhamento aos alunos da educação
Schools, School Psychology International, School superior. Ferrer-Sama (2008) observa que, de modo
Psychology Quarterly e School Psychology Review. geral, a intervenção é individual, focada no pro-
Em nenhum dos títulos apresentados nos resultados blema que motivou os estudantes a buscarem ajuda
há indicações de estudos sobre a atuação do psicó- profissional.
logo escolar na educação superior. A realização desse levantamento da litera-
Apesar dessas evidências, alguns relatos de tura objetivou justificar a relevância científica e
trabalhos aparecem na literatura internacional. De profissional da reflexão, da pesquisa e da proposição
um lado, os psicólogos trabalham ligados a uma de formas inovadoras de intervenções psicológicas
vertente clínico-terapêutica, privilegiando a assistên- nesse campo de ensino, desvinculadas da patolo-
cia aos estudantes em momentos de crise ou tra- gização e da psicologização individual. Essas novas 201

Estudos de Psicologia I Campinas I 33(2) I 199-211 I abril - junho 2016


formas de atuação devem influenciar transforma- no cenário registrado recentemente pelo Censo de
ções estruturais, funcionais e relacionais nas Insti- 2012 (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
tuições de Ensino Superior (IES); favorecer me- Educacionais Anísio Teixeira, 2014): há um total de
diações no desenvolvimento de vários atores, para 7.037.688 alunos matriculados em cursos presen-
além do estudante; e impactar muitos, promovendo ciais e a distância; dessas matrículas, 1.897.376 são
conscientização, de uma forma dialética, de cada em IES públicas e 5.140.312 em privadas. O ensino
sujeito e de todo o coletivo na instituição. Coadu- presencial conta com 5.746.762 alunos, enquanto
nada a essa perspectiva ampla de atuação e expan- 992.927 estão matriculados na educação à distân-
são da Psicologia Escolar, tendo seus objetos de ação cia. Das atuais 2.416 IES, 2.112 são privadas
e de pesquisa direcionados à educação superior, é (87,4%) e 304 públicas (12,6%); no entanto, estas
que vêm sendo defendidas propostas teóricas, prá- últimas, por serem de maior porte, concentram
ticas e de pesquisa (Marinho-Araujo, 2009, 2014a). 34,0% dos cursos de graduação.
Esse modelo fundamenta-se na Psicologia Crítica
As Instituições de Ensino Superior ofertam
(Martín-Baró, 1996; Parker, 2007) e nos aportes epis-
ao todo 32.050 cursos, dos quais 67,1% são de
temológicos e teóricos da Psicologia Histórico-
bacharelado, 19,5% de licenciatura e 13,5% tecno-
-Cultural do Desenvolvimento Humano (Vygotsky,
lógicos. Em relação aos cursos à distância, o Censo
1926/1999, 1926/2003, 1931/2000), com ativida-
refere uma participação superior a 15,0% das ma-
des que enfatizam o coletivo institucional, buscando
engajamento crítico e político dos sujeitos nas trans- trículas nesses cursos; destes, 40,4% estão em
formações subjetivas e socioculturais. cursos de licenciatura, sinalizando o aumento da
procura pela formação de professores para a
Evidencia-se, com base nesses pressupostos,
educação básica no país. As IES agregam, no total,
a concepção da referida proposta de atuação, que
362.732 docentes, 45,2% do sexo feminino e
considera as especificidades e características de cada
54,8% do masculino; 41,4% estão em instituições
IES. Essa perspectiva institucional é contextualizada
públicas e 58,6% em privadas. Nas primeiras,
e ressignificada dinamicamente pelos sujeitos que
51,4% são doutores e 91,1% trabalham em regime
transformam, dialeticamente, ações, tempos e es-
de tempo integral. Já nas IES privadas, esse número
paços coletivos. Ainda que sejam considerados os
cai consideravelmente: 17,8 e 24,2%, respecti-
planejamentos institucionais, projetos pedagógicos
vamente (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
de cursos, compromissos, missões, objetivos,
Educacionais Anísio Teixeira, 2014).
prospecções, metas, desafios e conquistas das IES,
o foco da atuação do psicólogo não se desvincula A expansão se anuncia também em outros
dos perfis, demandas, expectativas, desejos e inten- indicadores que, para além dos números, sugerem
cionalidades de seus atores. Acompanhando, por- novos desenhos sociopolíticos na oferta da edu-
tanto, os estudos, produções e pesquisas de Ma- cação superior. Um deles é a interiorização do siste-
rinho-Araujo (2009, 2014a), os quais prenunciaram ma. Embora a região Sudeste tenha um número
avanços para a área, iniciando, no país, a defesa da significativo de matrículas ofertadas no país (40,5%),
atuação da Psicologia Escolar na educação superior, a região Nordeste vem crescendo (28,4%), colo-
o presente artigo objetiva retomar o modelo defen- cando-se à frente da região Sul nesse indicador
dido pela autora para ampliar ações e contribuições (13,9%) (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
C.M. MARINHO-ARAUJO

a serem oportunizadas pelo psicólogo escolar na Educacionais Anísio Teixeira, 2014).


educação superior. Essa massificação e democratização do en-
sino superior criou, para além de vagas e acesso,
Propostas de atuação para a Psicologia demandas acríticas e equivocadas por atendimentos
Escolar na educação superior psicológicos voltados a “adequação” do novo con-
tingente de estudantes às exigências de um mundo
A forte expansão da educação superior, que acadêmico complexo. Políticas como Reuni (Brasil,
202 vem ocorrendo no país nos últimos 10 anos, resultou 2005), Prouni (Brasil, 2007) e Lei das Cotas (Brasil,

Estudos de Psicologia I Campinas I 33(2) I 199-211 I abril - junho 2016


2012) abriram importantes espaços para estudantes tunizam vivências em prol da conscientização
vindos de escolas públicas, com baixas condições (Vygotsky, 1931/2000).
socioeconômicas e com outras características que O reconhecimento do desenvolvimento hu-
os excluíam desse cenário. Diante dessa nova mano como um processo histórico, amalgamado
configuração no campus, houve também uma pelas influências culturais e sociais dos contextos e
inesperada ampliação da procura por psicólogos das relações partilhados entre os sujeitos, é ampla-
escolares na educação superior, pressupondo-se que mente fundamentado pela abordagem histórico-
os novos perfis estudantis, aliados às configurações -cultural, tendo como principais representantes
e exigências acadêmicas, iriam requerer desse pro- Vygotsky (1926/1999, 1926/2003, 1931/2000),
fissional “tratamento” para os “futuros, possíveis Luria (1990) e Leontiev (2004). Tal abordagem favo-
e previsíveis” problemas de aprendizagem, defasa- rece a atuação dos psicólogos escolares, por per-
gens acadêmicas e inadequação social. mitir-lhes a autoria nas mudanças e a transforma-
Esse tipo de demanda, bem parecida com ção de paradigmas tradicionais acerca das con-
aquelas das décadas de 1970 e 1980, relembra uma cepções de desenvolvimento psicológico, tornando
compreensão míope e equivocada dessa atuação, possível oxigenar e renovar o processo educacional.
voltada basicamente para cuidar e adaptar mani- Entender o sujeito com base na abordagem
festações individuais dos chamados “insucessos histórico-cultural pressupõe compreendê-lo subjeti-
acadêmicos” (Almeida, Marinho-Araujo, Amaral, & vamente na sua própria história, a partir de com-
Dias, 2012), desconsiderando influências culturais, plexos processos de significados e sentidos que vão
históricas e sociopolíticas na sua produção. Tais de- transformando, dialeticamente, tanto os processos
mandas coadunam-se à presença de uma Psicologia sociais quanto os individuais. Para essa perspectiva
acrítica, voltada para a remediação de problemas, teórica, os avanços psicológicos ocorrem em função
a minimização de conflitos e para a adaptação de dos contextos e das relações socioculturais, em
estereotipias. interdependência com o funcionamento orgânico
No contraponto dessa tendência, os estudos e o aparato biológico dos sujeitos, induzindo o apa-
de Marinho-Araujo (2009, 2014a) têm defendido recimento de várias funções mentais superiores.
que os espaços abertos à Psicologia Escolar, a partir Nessa direção, a abordagem histórico-cultural do
da democratização do ensino superior no país, desenvolvimento psicológico fornece à Psicologia
devem ser ocupados, principalmente, nas brechas Escolar pressupostos e fundamentos para subsidiar
e rachaduras que as contradições impingem às um olhar sustentado em concepções ativas acerca
ideologias hegemônicas. Essas rupturas devem ser da potência desse processo, considerando a impor-
alargadas por meio de uma atuação pautada na tância da mediação psicológica junto aos sujeitos
ética e na criticidade, com fundamentações teori- em específicas situações sociais de desenvolvimento.

PSICOLOGIA ESCOLAR NA EDUCAÇÃO SUPERIOR


coconceituais que instrumentalizem a transfor- É fundamental que a mediação defendida
mação social, a conscientização e o empoderamen- por Vygotsky (1926/1999, 1926/2003, 1931/2000),
to de todos os atores desse contexto, em prol de como processo central das transformações inter e
um protagonismo coletivo para mudanças institu- intrapsicológicas, enfatize a desnaturalização, o
cionais inclusivas, dignas e justas. estranhamento, a inquietação e a desalienação
Defende-se que a Psicologia Escolar na edu- (Martin-Baró, 1996) acerca de mecanismos coerci-
cação superior deva atuar no desenvolvimento tivos, adaptacionistas, deterministas e precon-
psicológico complexo dos participantes desse es- ceituosos de dominação os quais comparecem na
paço. A filiação epistemológica e teórica adotada educação superior, subjacentes às concepções de
neste artigo fundamenta-se na Psicologia Histórico- desenvolvimento e de aprendizagem e às práticas
-cultural do desenvolvimento humano, a qual de- acadêmicas. Para isso, é imprescidível que o psicó-
fende que as mediações intencionalmente planeja- logo escolar fundamente-se nas contribuições des-
das em situações sociais de desenvolvimento opor- sas teorias psicológicas acerca da função da apren- 203

Estudos de Psicologia I Campinas I 33(2) I 199-211 I abril - junho 2016


dizagem no desenvolvimento psicológico humano sões, recuperando, revendo, integrando e amplian-
adulto para promover, nesse contexto, processos do as proposições de Marinho-Araujo (2009, 2014a,
de criticidade e engajamento aos que participam 2014b).
nas IES (Marinho Araujo, 2009, 2010, 2014a).
Ao trabalhar em prol da conscientização dos Mapeamento institucional
sujeitos, intervindo em complexos processos subje-
tivos nos diversos contextos institucionais e coletivos Na intervenção institucional, o mapeamento
no interior das IES, o psicólogo escolar estará me- e a análise dos contextos devem ser ações indis-
diando com intencionalidade o desenvolvimento pensáveis à adequada compreensão da realidade.
humano para muitos, abrangendo, na rede inter- Essa etapa não deve se caracterizar apenas como
subjetiva institucional, uma ação política de trans- uma ação inicial do psicólogo, somente como um
formação pessoal e social dos sujeitos - alunos, “levantamento de necessidades” ou um “diagnós-
equipe pedagógica, família e demais atores socioins- tico prévio”. É uma ação histórica que acompanha,
titucionais (Marinho-Araujo, 2009, 2014a; Guzzo dinamicamente, todas as formas de atuação do psi-
& Mezzalira, 2011). Os caminhos para a intervenção cólogo escolar ao longo do ano letivo. As mudan-
desse profissional devem, portanto, estar ancorados ças que ocorrem cotidianamente nos cenários edu-
na potencialidade de situações sociais de desenvol- cativos exigem um olhar atento e ágil e uma sen-
vimento que oportunizem vivências que engen- sibilidade apurada para incluir essas modificações
dram, de forma interdependente, ressignificações às análises e reflexões já realizadas, ressignificando-
e circulação de sentidos na constituição subjetiva -as para orientar novas ações.
dos sujeitos em suas relações históricas e culturais, Nessa perspectiva histórica, o mapeamento
gerando processos de conscientização (Vygotsky, não se reduz a um questionário, protocolo ou rela-
1926/1999, 1926/2003, 1931/2000). tório que se elabora e preenche no início do ano a
partir da observação de algumas rotinas acadêmi-
A materialização das diversificadas ações co-
cas, ainda que acrescido de entrevista com os pro-
letivas a serem desenvolvidas pelo psicólogo escolar
fissionais. Os registros formais do mapeamento são
na educação superior poderá contemplar os se-
importantes e necessários, mas não devem reduzir-
guintes eixos: 1) Mapeamento Institucional; 2)
-se a anotações pontuais e estanques de eventos
Escuta Psicológica 3) Gestão de políticas, progra-
circunstancializados ou situações de destaque. Ao
mas e processos educacionais; 4) Propostas peda-
contrário, ele se atualiza constantemente, a partir
gógicas e funcionamento de cursos; 5) Perfil do
das inovações, avanços, contradições, rupturas, re-
estudante (Marinho-Araujo, 2009, 2014a; Marinho- formulações e conflitos ocorridos.
-Araujo & Almeida, 2005).
O mapeamento deve constituir-se, portanto,
É importante considerar que tais eixos não em uma ação de suporte à toda prática do psicó-
se apresentam como etapas hierarquizadas e estan- logo, revitalizando seu olhar e suas competências à
ques em escala sequencial de prioridades. Eles medida que o contexto é atualizado e ressignificado
devem ocorrer de forma integrada, articuladas à pelas ágeis e diversificadas mediações inter-subje-
realidade e à dinâmica das IES, dialeticamente res- tivas das quais também participa. Assim, a perma-
C.M. MARINHO-ARAUJO

significadas em função dos contextos, tempos e es- nente reflexão sobre os aspectos institucionais opor-
paços, considerando os sujeitos e suas características tunizada pelo mapeamento, realizado de forma
pessoais e profissionais ao longo da ação psicoló- ampla, sistemática, dinâmica e contínua ao longo
gica. Como é inerente a toda ação da Psicologia de todo o processo nos meses de trabalho, leva a
Escolar, essas também devem ser atividades pre- constantes e renovados direcionamentos do plane-
viamente discutidas, explicadas e negociadas com jamento e das práticas dos psicólogos em sua
os gestores e demais profissionais das IES. Detalha- atuação com o coletivo da escola. Como exemplos
-se, a seguir, sugestões operacionais para o deli- para a operacionalização dessa dimensão sugere-
204 neamento do trabalho em cada uma dessas dimen- -se:

Estudos de Psicologia I Campinas I 33(2) I 199-211 I abril - junho 2016


Análise da conjuntura histórica, econômica, quisas, das concepções de escola, educação, ensino,
política, geográfica e social na qual a IES e seus desenvolvimento, aprendizagem e avaliação que se
participantes estão inseridos. Podem ser estudadas, presentificam subjacentes às práticas acadêmicas.
por exemplo, características do contexto A participação do psicólogo como observador ativo
sociodemográfico da IES; dinâmica de funciona- poderá ocorrer em vários espaços: rotinas formais
mento (cursos, turnos); espaço físico; recursos hu- e informais, momentos conversacionais, reuniões
manos (docentes, discentes, servidores, espe- de colegiados e grupos de trabalho para elaboração
cialistas); relação com órgãos públicos de regulação, ou definição de indicadores e diretrizes para subsi-
controle, manutenção e fomento; parcerias com a diar decisões micro e macro institucionais; fóruns
comunidade; outros. Esse conhecimento deve ser de deliberações e decisões; parcerias institucionais;
constantemente atualizado para oferecer informa- processos de internacionalização; ações de ensino,
ções claras a respeito dos desdobramentos dessas pesquisa e extensão; e interações entre instituição
influências nas concepções que transversalizam as e comunidade (projetos, campanhas, ações). Refletir
situações, aprendizagens e circunstâncias acadê- sobre essas realidades e cenários em conjunto com
a equipe acadêmica deve objetivar a criação de uma
micas.
visão compartilhada das responsabilidades e fun-
Análise documental para investigar as con-
ções inerentes às ações institucionais intencional-
vergências, incoerências, aproximações e inovações
mente planejadas. Espera-se, ainda a partir dessas
existentes entre as normas prescritas e as reais
ações coletivas, impactar especialmente o professor
práticas educativas, os discursos e as concepções
para que seu fazer cotidiano seja fundamentado
dos atores educacionais que possam indicar ca-
por mediações de aprendizagem e desenvol-
minhos às transformações institucionais e processos
vimento sustentadas por um planejamento inten-
de conscientização mediados pela Psicologia Escolar.
cional, consciente, competente e reflexivo do en-
É útil evidenciar influências ideológicas, filosóficas,
sino. As atividades podem ser diversas: entrevistas
epistemológicas e políticas presentes nos diversos
individuais ou coletivas; conversas informais com
aspectos institucionais e normatizados por diretrizes
profissionais, estudantes e familiares; trabalhos e
pedagógicas como: Projeto de Desenvolvimento
projetos com equipes multiprofissonais; elaboração
Institucional; Projeto Pedagógico Institucional;
de assessorias e formação continuada aos diversos
Projetos Pedagógicos dos Cursos; Regimentos,
profissionais no âmbito do conhecimento psico-
estatutos e legislações diversas. Na análise desses e lógico; parceria com programas ou instituições para
de outros documentos, o psicólogo deverá buscar atendimento psicológico, jurídico, médico, assisten-
subsídios tanto para a clarificação das possíveis cial e outros visando futuros encaminhamentos ou
contradições entre o discurso e a prática, quanto projetos; etc.
para aproximações entre as diretrizes e o planeja-

PSICOLOGIA ESCOLAR NA EDUCAÇÃO SUPERIOR


mento intencional de ações profissionais que ori-
ginem autonomia, pensamento crítico, criatividade Escuta psicológica
e equidade nos processos de ensino e de apren-
Para realizar o mapeamento institucional é
dizagem.
primordial o desenvolvimento de métodos de obser-
Observações institucionais interativas para vação das situações e relações nos contextos espe-
orientar as participações no currículo, vivificado cíficos em que ocorrem. Articulado a esses métodos,
pelas amplas e múltiplas expressões as quais porém, é necessário que o psicólogo desenvolva
ocorrem nas práticas pedagógicas, nas rotinas de competências para criar estratégias de escuta psico-
sala de aula, nos projetos e tendências educacionais. lógica das vozes institucionais e para compreender
Essas observações poderão favorecer análises e os aspectos intersubjetivos presentes nos processos
reflexões contextualizadas acerca da estrutura e da relacionais do contexto escolar.
dinâmica do trabalho pedagógico, da organização Acredita-se que, a partir de uma análise insti-
temporal e espacial de atividades, projetos e pes- tucional crítica e reflexiva sobre as inúmeras vozes 205

Estudos de Psicologia I Campinas I 33(2) I 199-211 I abril - junho 2016


da escola presentes nas concepções e nas formas provenientes de um envolvimento ético com sujeitos
de organização, novas ações serão configuradas que se encontram, muitas vezes, em posições dife-
para a atuação psicológica na educação superior. rentes, mas que atuam ressignificando os sentidos
Será possível o arejamento de discursos, significados da singularidade e da complexidade do fenômeno
e sentidos presentes nas falas e comunicações, opor- compartilhado. A escuta psicológica recupera e
tunizando aos próprios atores a percepção das pos- compreende ativamente o sujeito no interior dos
síveis contradições e rupturas presentes no seu con- sistemas simbólicos relacionais, apontando ca-
texto, bem como a reflexão e a conscientização minhos para a mediação intencional de desenvol-
acerca de sua prática exitosa, do seu papel social e vimentos pelas ferramentas teóricas que a ciência
das competências que lhe são exigidas na formação psicológica disponibiliza.
profissional e pessoal. Esse espaço de escuta na atuação dos psi-
A intervenção institucional da Psicologia cólogos escolares deve desencadear ações origi-
Escolar não pode prescindir, portanto, de uma escu- nadas tanto da urgência do cotidiano escolar quanto
ta psicológica específica, com o objetivo de fomen- nas atividades planejadas intencionalmente, desen-
tar processos de implicação dos profissionais quanto volvendo a competência para torna-se ouvinte de
à mediação do desenvolvimento pessoal dos estu- um cenário multifônico. Cenário que, geralmente,
dantes visando o sucesso acadêmico. Essa escuta grita verdades isoladas, preconceitos consolidados,
não se caracteriza por um modelo “clínico-médico”, dificuldades intransponíveis; mas, que também sus-
orientado pelo paradigma dicotômico “saúde x surra pequenas conquistas, barreiras superadas,
doença”, já bastante criticado na literatura sobre sucessos inesperados. O grande desafio é transitar
Psicologia Escolar e também completamente descar- por esse complexo contexto aprendendo a não isolar
tado neste trabalho. Trabalhar com uma escuta psi- os significados e sentidos do coro de vozes; a não
cológica coloca o psicólogo em situação de ouvir e amenizar conflitos ou camuflar contradições, mas
compreender a singularidade das demandas, mas recolocar em circulação falas e discursos produzidos
também de investigá-las e questioná-las, buscando, na ambiguidade e na diversidade; a escutar, de
com lucidez, gerir a intersubjetividade presente nas forma global e institucional, os pedidos de ajuda
relações. disfarçados nas queixas; a provocar a ressignificação
Para desenvolver essa escuta, o psicólogo das demandas, contraditórias ou imaginárias, intro-
escolar deverá, de forma sensível, ética e cuidadosa, duzindo-as em uma ordem simbólica; a reverberar
procurar estar com o outro e com o coletivo, pers- as vozes tensionadas de volta aos seus autores, me-
crutar os fenômenos psicológicos e interpsicoló- diando conscientização pessoal e coletiva a partir
gicos, encontrar o sujeito, o grupo e a instituição de outras escutas, individuais e institucionais.
na interdependência expressa em suas ações, his- A circulação de sentidos, afetos, dores, espe-
tórias, significados e afetos. É necessário disponi- ranças, frustações, conquistas, abandonos, sucessos
bilizar-se a ouvir, ver, sentir e viver indicadores obje- e tantos outros fenômenos subjetivos e intersubje-
tivos, subjetivos e simbólicos do amálgama dialético tivos que comparecem no contexto acadêmico, cla-
entre o psíquico e o social; reconhecer os próprios mam por uma escuta qualificada cientificamente e
C.M. MARINHO-ARAUJO

envolvimentos pessoais, suas escolhas e sentimen- comprometida eticamente. Esta deverá auxiliar uma
tos, mobilizados no espaço intersubjetivo. intervenção competente que não adapte, adeque,
Para que essas complexas vozes sejam com- normatize e naturalize esses fenômenos, mas que
preendidas, o psicólogo não poderá prescindir de os recoloque enquanto manifestações legítimas de
um arcabouço teórico advindo dos conhecimentos sujeitos que criam e recriam, vivem e revivem, dina-
científicos de sua área. Mas, também deve aliar à micamente, seus próprios processos de desenvolvi-
fundamentação teórica uma sensibilidade para per- mento enquanto trabalham o ensino e a apren-
206 ceber e perscrutar processos intersubjetivos dizagem.

Estudos de Psicologia I Campinas I 33(2) I 199-211 I abril - junho 2016


Gestão de políticas, programas e Propostas pedagógicas e funcionamento
processos educacionais nas IES de cursos

Acredita-se que neste eixo de atuação o psi- Com relação à esse eixo de atuação, o psi-
cólogo escolar assessoraria diversificadas ações cólogo escolar poderia colaborar na análise das
ligadas à gestão institucional. Essas ações poderiam diretrizes e parâmetros curriculares que norteiam o
ir desde a elaboração do Projeto de Desen- trabalho pedagógico em cada curso, juntamente
volvimento Institucional e do Projeto Pedagógico aos coordenadores pedagógicos e professores,
Institucional até o acompanhamento dos procedi- acompanhando o processo de ensino e apren-
dizagem na vinculação às Diretrizes Curriculares
mentos avaliativos, fazendo parte da Comissão
Nacionais (DCN) (Brasil, 2003). Esse profissional
Própria de Avaliação prevista no Sistema Nacional
poderia atuar, especialmente, no que diz respeito
de Avaliação da Educação Superior (SINAES) (Brasil,
às concepções de aprender e ensinar; e à definição
2004), colaborando no planejamento e execução
e aos indicadores de objetivos, conteúdos e orienta-
da autoavaliação institucional. Dependendo da na-
ções didáticas para as diferentes áreas de conheci-
tureza administrativa da IES, sua localização, ca-
mento. Poderia, ainda, sob outra ótica e também
racterísticas e demandas, a Psicologia Escolar po- em parceria com coordenadores, analisar os Projetos
derá acompanhar os variados programas e projetos Pedagógicos dos Cursos, visando a assessoria à
educacionais que, ao serem implementados, podem processos de desenvolvimento de competências
gerar alterações às dinâmicas instaladas. para o corpo docente e discente e à organização
Além destas, o psicólogo escolar poderá par- do currículo de forma ampliada (fundamentos e
ticipar, acompanhar ou coordenar algumas outras pressupostos, atividades pedagógicas, matriz cur-
ações como: processo de gestão institucional e ricular, seleção e integração de conhecimentos e
indicadores de compromisso social presentes nas competências). Essas análises ajudariam a evidenciar
relações entre instituição e sociedade (projetos, as concepções subjacentes e orientadoras de educa-
campanhas, ações); projetos de acolhimento e infor- ção, ensino, desenvolvimento, aprendizagem e pro-
mações aos calouros; programas de ambientação cessos de avaliação que os profissionais possuem,
a novos docentes e funcionários; assessoria à defi- favorecendo a conscientização e intencionalidade
nição e reformulação dos perfis docentes, discentes nas práticas educativas.
e técnicos; programas de formação continuada para Em algumas Instituições de Ensino Superior,
docentes, coordenadores de cursos e funcionários motivadas pelas diretrizes para a avaliação institu-
técnico-administrativos; e políticas internas de apoio cional prevista no SINAES (Brasil, 2004), foram im-
ao desenvolvimento individual ou institucional. plantados os Núcleos Docentes Estruturantes. Esse

PSICOLOGIA ESCOLAR NA EDUCAÇÃO SUPERIOR


Como estratégias metodológicas para a ação seria um locus favorável à ação do psicólogo escolar,
institucional da Psicologia Escolar nas IES, defende- especialmente quanto a operacionalizar e valorizar
-se a utilização de instrumentos de observação e a política de formação de professores, coorde-
análise dos contextos e dos processos intersubje- nadores e gestores; incentivar modalidades diver-
tivos, como os apresentados no mapeamento insti- sificadas de ensino e desenhos curriculares dife-
tucional e na escuta psicológica. A organização insti- renciados para atender às DCN; assessorar coorde-
tucional se estrutura em ações, produções, discur- nadores de cursos (de forma presencial e à distância)
sos, falas e comunicações cujos significados e sen- e equipes do próprio núcleo docente quanto ao pla-
tidos fazem eco aos papéis sociais e competências nejamento de pesquisas sobre o percurso acadêmico
que são exigidas para esse contexto; escutá-los pelas dos estudantes, indicadores de evasão ou de sucesso
vias da Psicologia Escolar pode oportunizar trans- acadêmico, expectativas discente, acompanha-
formações em coautoria e com responsabilidades mento de egressos e outros temas e políticas insti-
partilhadas. tucionais. 207

Estudos de Psicologia I Campinas I 33(2) I 199-211 I abril - junho 2016


Perfil do estudante sua trajetória de formação, competências etico-
-políticas, socioeducativas, pessoais e interpessoais,
Especialmente quanto ao perfil do estu- além das tecnicocientíficas esperadas (Marinho-
dante, um acompanhamento e assessoramento no -Araujo, 2009, 2014a).
que se refere ao seu desenvolvimento poderia se
Na perspectiva da relação instituição-estu-
caracterizar como mais uma das dimensões da
dante, o psicólogo escolar poderia assessorar pro-
atuação do psicólogo escolar nesse seguimento.
cessos de coordenação e gestão pedagógica quanto
Essa ação não se coaduna a um acompanhamento
ao acompanhamento dos desenhos curriculares
psicoterápico voltado, prioritariamente, à resolução
e metodológicos, a partir de análises acerca do im-
de problemas acadêmicos ou socioafetivos dos estu-
pacto da educação superior no perfil esperado e
dantes. A compreensão do perfil deve favorecer a
nas competências desenvolvidas. Assim, os percur-
ampliação das análises para subsidiar uma ação
sos acadêmicos dos estudantes, suas escolhas,
institucional e coletiva e não reduzi-la a um “trata-
avanços e dificuldades poderiam ser analisados à
mento individual” de “alunos-problema”. Ainda
luz do empenho e compromisso da instituição com
que o psicólogo escolar possa desenvolver espaços
uma formação de qualidade, da permanência de
para escuta dessas e de outras demandas estudan-
todos os estudantes com dignidade e da busca cons-
tis, elas devem ser analisadas e discutidas com o
tante pelo sucesso acadêmico.
discente de forma contextualizada, levando em
consideração as dinâmicas institucionais, as cara- As possibilidades de atuação do psicólogo
terísticas do ensino superior, as especificidades de na educação superior não se esgotam nas dimen-
cada curso, a história de vida do estudante e as sões aqui trabalhadas, que constituíram-se em bre-
relações intersubjetivas entre pares e docentes, ves exercícios para ilustrar o amplo espaço de ações
visando um processo de conscietização do estu- que poderiam estar a cargo da Psicologia Escolar
dante acerca de suas potencialidades, autonomia, na educação superior. Essas ações, em síntese, te-
recursos e competências. riam como meta expandir os indicadores de melho-
ria da qualidade dos cursos oferecidos nas IES e
Institucionalizadas nos projetos pedagógicos
sinalizar o quanto essa qualidade impacta e agrega
de cada curso, as DCN orientam que perfis profis-
no desenvolvimento pessoal e profissional, individual
sionais estruturem-se com base no desenvolvimento e coletivo de estudantes, docentes, gestores, espe-
de competências e não mais a partir de uma sobre- cialistas e demais atores institucionais nesse fértil e
carga conteudista de informações. Para isso, a ação complexo contexto de formação profissional.
da Psicologia Escolar torna-se bastante útil no sen-
tido de oportunizar discussões acerca do desenvol-
vimento adulto e, para além do treino de habilidades Considerações Finais
ou capacidades específicas, de uma construção rela-
cional de competências intencionalmente ampliadas Segundo Vygotsky (1926/1999, 1926/2003,
no percurso da formação profissional. 1931/2000) e Luria (1990), a estrutura da atividade
cognitiva não permanece estática ao longo das di-
Assim, o psicólogo escolar poderia desen- versas etapas do desenvolvimento histórico huma-
volver pesquisas que possibilitassem o conheci-
C.M. MARINHO-ARAUJO

no, pois as formas mais complexas dos processos


mento do perfil dos estudantes, ingressantes e con- psicológicos variam quando condições e materiali-
cluintes, em especial suas expectativas, aspectos dades da vida sociocultural mudam e quando o
sociodemográficos, econômicos e familiares, bem conhecimento se transforma. A educação superior,
como suas relações com o processo de formação, como fértil contexto para o desenvolvimento adulto
de escolha profissional e de construção da cida- e para a produção de conhecimento, pode ser rica-
dania. Também poderia elaborar, junto aos coorde- mente explorada como fonte de saltos qualitativos
nadores de curso e corpo docente, estratégias para e alterações fundamentais na atividade psicológica
208 verificar se e como os estudantes desenvolvem, em humana.

Estudos de Psicologia I Campinas I 33(2) I 199-211 I abril - junho 2016


Nessa direção, a intervenção do psicólogo gem, a mediação intencional e outras dimensões já
escolar deve estar voltada, nesse tempo e espaço sinalizadas anteriormente. Essas práticas pro-
de formação pessoal e profissional, para a constru- fissionais deverão emergir da participação no co-
ção e consolidação de princípios, compromissos e tidiano dos contextos institucionais e das realidades
responsabilidades transformados coletivamente a socioculturais.
partir das vivências e aprendizagens de todos os Ressalta-se que as amplas prospecções de
atores na educação superior (estudantes, docentes, atuação institucional do psicólogo nas IES não se
coordenadores, gestores). Para exercer a promoção
confundem com a formação que a Psicologia,
de avanços ao desenvolvimento de competências
enquanto saber científico, tradicionalmente oferece
desses participantes, o psicólogo escolar deverá con-
a diversos cursos de graduação no país. É reconhe-
siderar a forte interdependência entre a cultura insti-
cido o espaço que a área ocupa em cursos de for-
tucional e a subjetividade dos envolvidos, expressa
mação de professores (Licenciaturas, Pedagogia),
tanto nas relações de trabalho e escolhas profis-
por meio de diversas disciplinas (Psicologia da Edu-
sionais quanto em expectativas, desejos, pensamen-
cação, Psicologia da Aprendizagem, Psicologia do
tos e sentimentos pessoais. Assim, sustenta-se, co-
mo meta principal de sua intervenção, a mediação Desenvolvimento e outras).
intencional da conscientização de sujeitos adultos, É também recorrente a presença da Psico-
imprimindo proatividade, autonomia e indepen- logia em cursos na área da saúde (Medicina, Enfer-
dência aos rumos profissionais, bem como poten- magem, Fonoaudiologia, Odontologia, Terapia Ocu-
cializando desejos e intenções ao desenvolvimento pacional e outros) ou nas áreas de Direito, Adminis-
pessoal (Marinho-Araujo, 2009, 2010, 2014a). tração, entre outros. Entretanto, ainda que se re-
Neste artigo, defendeu-se a educação supe- conheça a contribuição da Psicologia para outros
rior como fértil campo para uma ação pautada na perfis profissionais como de extrema relevância,
especificidade científica e profissional da Psicologia alerta-se para que a atuação da Psicologia Escolar
Escolar, ampliada para além das já existentes con- na educação superior não se reduza aos funda-
tribuições. A intervenção psicológica na educação mentos ou à complementação da formação nos cur-
sos de graduação de várias áreas. A função do psi-
superior deverá estar ancorada em uma perspectiva
cólogo escolar nesse contexto, enquanto profis-
de atuação institucional, coletiva e relacional, exi-
sional fundamentado em teorias, conceitos, meto-
gindo práticas, saberes e conhecimentos coadu-
dologias e instrumentos psicológicos, não pode ser
nados à especificidade da ciência psicológica e à
confundida com a docência, seja na formação inicial
identidade profissional do psicólogo escolar. É ne-
ou continuada, em cursos de aperfeiçoamento ou
cessária, nessa perspectiva, a mobilização de diver-
de pós-graduação, ainda que uma de suas funções
sos recursos de ordem pessoal, técnica e ética para
seja o trabalho junto aos professores.

PSICOLOGIA ESCOLAR NA EDUCAÇÃO SUPERIOR


a construção de competências teórico-metodo-
Defende-se que a atuação da Psicologia deva
lógicas, operacionais, gerenciais, socioafetivas, esté-
ter, na educação superior, a função de orientar e
tica e interpessoais que balizem a intervenção pro-
alavancar formas coletivas igualmente comprome-
fissional, dialeticamente concebida a partir dos pro-
tidas com a qualidade dessa formação, visando o
cessos de formação.
desenvolvimento da cidadania com responsabili-
Essas competências deverão subsidiar aná- dade, competências e consciência. Assim, as con-
lises e intervenções que potencializem o sucesso tribuições que a a área pode e deve oferecer à edu-
acadêmico, a permanência digna e cidadã do dis- cação superior, considerando os múltiplos e diversi-
cente, o desenvolvimento competente do seu perfil ficados campos de desenvolvimento psicológico
de forma coadunada às dinâmicas institucionais, o presentes nesse contexto, devem ter vínculos es-
comprometimento coletivo de todos os atores, os treitos com uma postura crítica exercida no interior
processos de subjetivação e conscientização das das instituições educativas, para oportunizar trans-
concepções de desenvolvimento e de aprendiza- formações ideológicas e éticas que se fazem neces- 209

Estudos de Psicologia I Campinas I 33(2) I 199-211 I abril - junho 2016


sárias, sustentadas em intervenções coerentes com Bariani, I. C. D., Buin, E., Barros, R. C., & Escher, C. A.
(2004). Psicologia Escolar e Educacional no ensino
a dimensão historicacultural dos sujeitos.
superior: análise da produção científica. Psicologia Es-
Acredita-se que o psicólogo escolar, atuando colar e Educacional, 8(1), 17-27.
cotidianamente no interior da educação superior, Bisinoto, C., & Marinho-Araujo, C. M. (2011a). Psicologia
deve ter clareza de importantes dimensões para um Escolar na educação superior: atuação no Distrito
Federal. Psicologia em Estudo, 16(1), 111-122.
fazer competente, como por exemplo, a funda-
Bisinoto, C., & Marinho-Araujo, C. M. (2011b). Psicologia
mentação teórico-conceitual acerca do desenvolvi-
Escolar na educação superior: construindo possibi-
mento psicológico humano, em especial do sujeito lidades diferenciadas de atuação. In R. S. L. Guzzo e
adulto, e o planejamento intencional de ações prá- C. M. Marinho-Araujo (Orgs.), Psicologia Escolar: iden-
ticas coletivamente ampliadas nos âmbitos institu- tificando e superando barreiras (pp.193-214). Cam-
pinas: Alínea.
cional e sociopolítico das IES. A conscientização que
Bisinoto, C., & Marinho-Araujo, C. M. (2014). Serviços
esse profissional poderá mediar, engajado no
de Psicologia Escolar na educação superior: uma pro-
processo educativo cotidiano no interior das IES, posta de atuação. In R. S. L. Guzzo (Org.), Bastidores
pressupõem uma mudança no paradigma de da escola e desafios da educação pública: a pesquisa
intervenção e de pesquisa: do problema localizado e a prática em Psicologia Escolar (pp.277-296).
Campinas: Átomo & Alínea.
no estudante para as possibilidades coletivas de
Bisinoto, C., Marinho-Araujo, C. M., & Almeida, L. S.
desenvolvimento propiciadas pela instituição e seus
(2011). A atuação da Psicologia Escolar na educação
processos, programas, sistemas, políticas de gestão, superior: algumas reflexões. Revista Portuguesa de
de avaliação e, principalmente, pelas poten- Pedagogia, 45, 39-55.
cialidades originárias nas relações inter-subjetivas Brasil. Ministério da Educação. (2003). Parecer nº 67, de
dos sujeitos que ativamente ressignificam esse con- 11 de março de 2003. Referencial para as Diretrizes
texto e a si próprios (Marinho-Araujo, 2009, 2014a). Curriculares Nacionais - DCN dos Cursos de Gra-
duação. Brasília: Autor.
Assim, deve ocupar-se da formação humana e da
Brasil. Presidência da República. (2004). Lei nº 10.861,
construção da cidadania, considerando, para isso,
de 14 de abril de 2004. Institui o Sistema Nacional de
questões subjetivas e contextuais com desdobra- Avaliação da Educação Superior - SINAES e dá outras
mentos coletivos e institucionais. providências. Brasília: Autor.

Espera-se, por fim, com as reflexões e mo- Brasil. Presidência da República. (2005). Lei nº 11.096,
de 13 de janeiro de 2005. Institui o ProUni - Programa
delo apresentados neste artigo, que a implemen-
Universidade para Todos. Brasília: Ministério da Edu-
tação das políticas públicas contemporâneas na cação.
educação superior brasileira anunciem um oportuno Brasil. Presidência da República. (2007). Decreto n° 6.096,
espaço profissional e de pesquisa para a Psicologia de 24 de abril de 2007. Institui o Programa de Apoio
Escolar. Entre as práticas emergentes da área, esse a Planos de Reestruturação e Expansão das Univer-
sidades Federais - REUNI. Brasília: Ministério da Edu-
é um importante contexto a ser agregado, visando
cação.
o acompanhamento crítico, o estudo do impacto
Brasil. Presidência da República. (2012). Decreto n° 7.824,
dessas conjunturas sociopolíticas e sua influência de 11 de outubro 2012. Regulamenta a Lei nº 12.711,
no perfil, na aprendizagem e no desenvolvimento de 29 de agosto de 2012, que dispõe sobre o ingresso
nas universidades federais e nas instituições federais
C.M. MARINHO-ARAUJO

dos estudantes e demais sujeitos presentes nessa


modalidade de ensino. de ensino técnico de nível médio. Brasília: Ministério
da Educação.
Caixeta, J. E., & Sousa, M. A. (2013). Responsabilidade
Referências social na educação superior: contribuições da Psico-
logia Escolar. Revista Semestral da Associação Brasileira
da Psicologia Escolar e Educacional, 17(1), 133-140.
Almeida, L., Marinho-Araujo, C. M., Amaral, A., & Dias,
D. (2012). Democratização do acesso e do sucesso no Dole, A. A. (1981). College psychology as a subspecialization.
ensino superior: uma reflexão a partir das realidades Professional Psychology: Research & Practice, 12(3),
210 de Portugal e do Brasil. Avaliação, 17(3), 899-920. 294-301.

Estudos de Psicologia I Campinas I 33(2) I 199-211 I abril - junho 2016


Farrell, P., Jimerson, S. R., Kalambouka, A., & Benoit, J. psicologia educacional. Educação e Pesquisa, 40(3),
(2005). Teachers’ perceptions of school psychologists 667-682.
in different countries. School Psychology International, Parker, I. (2007). Critical psychology: What it is and what
26(5), 525-544. it is not. Social and Personality Compass, 1(1), 1-15.
Ferrer-Sama, P. (2008). Analysis of the data and discussion. Price, K. W., Floyd, R. G., Fagan, T. K., & Smithson, K.
In M. Katzensteiner, P. Ferrer-Sama, & G. Rott (Orgs.), (2011). Journal article citation classics in school
Guidance and counselling in higher education in psychology: Analysis of the most cited articles in five
European Union Member States (pp.325-335). school psychology journals. Journal of School Psychology,
Danmark: Narayana Press. 49(6), 649-667.
Guzzo, R. S. L., & Mezzalira, A. S. C. (2011). 2008 - ano Rede de Serviços de Apoio Psicológico no Ensino Superior.
da educação para os psicólogos: encaminhamentos e (2002). A situação dos serviços de aconselhamento
próximos passos. In C. M. Marinho-Araujo & R. S. L. psicológico no ensino superior em Portugal. Portugal:
Guzzo (Eds.), Psicologia Escolar: identificando e Autor.
superando barreiras (pp.11-31). Campinas: Alínea.
Rede de Serviços de Apoio Psicológico no Ensino Superior.
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (2006). Estatutos. Portugal: Autor.
Anísio Teixeira. (2014). Censo da educação superior
2012: resumo técnico. Recuperado em outubro 10, Sampaio, S. M. R. (2009). Explorando possibilidades: o
2015, de http://portal.inep.gov.br/web/censo-da- trabalho do psicólogo na educação superior. In C. M.
educacao-superior/censo-da-educacao-superior Marinho-Araújo (Org.), Psicologia Escolar: novos
Leontiev, A. (2004). O desenvolvimento do psiquismo. cenários e contextos de pesquisa, formação e prática
São Paulo: Centauro. (pp.203-219). Campinas: Alínea.
Luria, A. R. (1990). Desenvolvimento cognitivo. São Paulo: Sampaio, S. M. R. (2010). A Psicologia na educação
Ícone. superior: ausências e percalços. Em Aberto, 23(83),
Marinho-Araujo, C. M. (2009). Psicologia Escolar na 95-105.
educação superior: novos cenários de intervenção e Sandoval, J., & Love, J. A. (1977). School Psychology in
pesquisa. In C. M. Marinho-Araujo (Org.), Psicologia higher education: The college psychologist. Professional
Escolar: novos cenários e contextos de pesquisa, Psychology, 8(3), 328-339.
formação e prática (pp.155-202). Campinas: Alínea.
Serpa, M. N. F., & Santos, A. A. A. (2001). Atuação no
Marinho-Araujo, C. M. (2010). Psicologia Escolar: pes- ensino superior: um novo campo para o psicólogo
quisa e intervenção. Em Aberto, 83(23), 15-35. escolar. Psicologia Escolar e Educacional, 5(1), 27-35.
Marinho-Araujo, C. M. (2014a). Psicologia Escolar na edu-
Vygotsky, L. S. (1999). Teoria e método em Psicologia.
cação superior: desafios e potencialidades. In R. S. L.
Guzzo (Org.), Psicologia Escolar: desafios e bastidores São Paulo: Martins Fontes. (Originalmente publicado
na educação pública (pp.219-239). Campinas: Alínea. em 1926).
Marinho-Araujo, C. M. (2014b). Intervenção institucional: Vygotsky, L. S. (2000). Historia del desarrollo de las
ampliação crítica e política da atuação em Psicologia funciones psíquicas superiores. Obras escogidas. Tomo
Escolar. In R. S. L. Guzzo (Org.), Psicologia Escolar: de- III. Madrid: Visor. (Originalmente publicado en 1931).
safios e bastidores na educação pública (pp.153 -175). Vygotsky, L. S. (2003). O esclarecimento psicológico da
Campinas: Alínea. educação pelo trabalho. In L. S. Vygotsky. Psicologia
Marinho-Araujo, C. M., & Almeida, S. F. C. (2005). Psico- pedagógica (pp.181-195). Porto Alegre: Artmed.

PSICOLOGIA ESCOLAR NA EDUCAÇÃO SUPERIOR


logia Escolar: construção e consolidação da identidade (Originalmente publicado em 1926).
profissional. Campinas: Alínea. Witter, G. P. (1999). Psicólogo escolar no ensino superior
Maroldi, A. M. (2012). Psicologia Escolar: um estudo bi- e a Lei de Diretrizes e Bases. In R. S. L. Guzzo (Org.),
bliométrico da literatura nacional (1962-2011) (Dis- Psicologia Escolar: LDB e educação hoje (pp.83-104).
sertação de mestrado não-publicada). Universidade Campinas: Alínea.
Federal de Rondônia, Porto Velho. Zavadski, K. C., & Facci, M. G. D. (2012). A atuação do
Martín-Baró, I. (1996). O papel do psicólogo. Estudos de psicólogo escolar no ensino superior e a formação dos
Psicologia (Natal), 2(1), 7-27. professores. Psicologia USP, 23(4), 638-705.
Nunes, L. L., Alves, S. S., Ramalho, J. V., & Aquino, F. D.
S. B. (2014). Contribuições da perspectiva crítica de Recebido: novembro 30, 2015
base histórico-cultural para a produção científica em Aprovado: dezembro 21, 2015

211

Estudos de Psicologia I Campinas I 33(2) I 199-211 I abril - junho 2016

Você também pode gostar