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Internato

ARTIGO emORIGINAL
psicologia

Internato em psicologia:
aprender-a-refletir-fazendo
em contextos de prática do SUS
Mônica Ramos Daltro; Milena Pereira Pondé

RESUMO – O Brasil tem 49.412 psicólogos atuando no Sistema Único


de Saúde (SUS). Isso desafia o ensino a deslocar-se de suas tradicionais
estruturas, que privilegiam a clínica, para formar promotores de saúde.
Parte de uma tese que compreende a psicologia como profissão de saúde,
este estudo descreve o Internato, uma prática pedagógica assistida, na qual
o professor responde como mediador numa perspectiva psicopedagógica.
Esse estudo apresenta a percepção dos estudantes sobre a experiência de
aprendizagem no Internato. Estudo descritivo, qualitativo, que analisou
o conteúdo de 51 questionários de estudantes do 8º ao 10º semestre, pelo
Método de Interpretação de Sentido. Os resultados são indicativos de 100%
de satisfação frente à experiência e desenvolvimento de competências como
atitude interdisciplinar, capacidade de atuar em equipe, comunicação,
autonomia e maturidade, reveladoras de uma aprendizagem que integra
atitude, conceito e técnica, respondendo às demandas das Diretrizes
Curriculares e do SUS.

UNITERMOS: Internato e Residência. Ocupações em Saúde. Sistema


Único de Saúde. Percepção.

Mônica Ramos Daltro – Psicóloga, psicanalista, Correspondência


dou­tora em Medicina e Saúde Humana, Professora Mônica Ramos Daltro
Adjunta do Curso de Psicologia e do Programa de Rua Theodomiro Baptista 343/302 A – Rio Vermelho –
Pós-Graduação em Medicina e Saúde Humana da Salvador – Bahia – CEP 41940-320
Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP), E-mail: monicadaltro@bahiana.edu.br
Salvador, BA, Brasil.
Milena Pereira Pondé – Psiquiatra, Pós-doutorado na
Di­visão de Psiquiatria Social e Cultural na McGill
Uni­­­versity, Montreal-Canadá. Professora adjunta e
orien­tadora da graduação e pós-graduação em Me­
di­cina e Saúde Humana da Escola Bahiana de Me­
dicina e Saúde Pública, pesquisadora do Labo­ra­tório
Interdisciplinar de Pesquisa em Autismo (LABIRINTO),
Salvador, BA, Brasil.

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INTRODUÇÃO Esta abordagem articula a prática do psicólogo


O Brasil conta com atuais 253 mil profissio­ às demandas do SUS, sistema de saúde público,
nais inscritos e ativos no Conselho Federal de baseado nos princípios da universalidade de
Psicologia (CFP), com estimados 164 mil estu- acesso, na equidade de direitos, na integralidade
dantes em cursos de graduação. Dados indica- e qualidade da atenção à saúde6.
tivos de uma profissão que cresce e se consolida A promoção à saúde está descrita a partir
no país, ocupando espaços privados e públicos de cinco eixos de atuação: elaboração e imple­
de forma cada vez mais potente, em especial mentação de políticas públicas saudáveis, cria-
no campo da saúde. Em 2006, o Cadastro Na- ção de ambientes favoráveis à saúde, reforço da
cional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) ação comunitária, desenvolvimento de habilida-
contabilizava 14.407 psicólogos atuando no des pessoais, reorientação dos sistemas e dos
SUS. Em 2015, o número sobe para 49.412, um serviços de saúde. Isso requer uma formação
crescimento de 243% em menos de dez anos. aca­­­dêmica de natureza generalista e a inserção
Esse percentual corresponde, atualmente, a precoce do estudante no sistema de saúde, de for-
19,53% dos profissionais registrados no Sistema ma que o processo educacional possa promover
Conselho de Psicologia, caracterizando o SUS a articulação crítica e reflexiva da teoria com a
como maior empregador de psicólogos no País, prática, com vistas a agenciar uma identidade
acompanhado pelo Sistema Único de Assistência profissional que contemple uma visão de saúde
Social (SUAS), que registra a participação de ampla e na dimensão da integralidade, equidade
8.088 psicólogos em seus quadros1-4. e como um direito a ser garantido6-8.
Essa realidade desafia as instituições de Este estudo está vinculado a uma tese de dou­
ensino superior a ampliar suas tradicionais es- toramento que apresenta um currículo para a
truturas formativas, que privilegiam a atuação formação do psicólogo como profissional de saú-
clínica e organizacional para incluir a perspec- de, orientação que gerou uma orgânica aproxi-
tiva de formar psicólogos aptos a responder na mação com os modos de ensino e aprendizagem
promoção da saúde, proposição esta colocada do universo da saúde. No processo de reflexão
pe­las Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs), realizado junto aos docentes sobre os desafios
desde 2004, que destacava o Sistema Único de do ensino da psicologia na atualidade, dois ele­
Saúde (SUS) como um importante campo de prá- mentos se colocaram: o perfil dos estudantes que
tica, ao qual a formação deveria estar vinculada. ingressam no curso, prioritariamente jovens,
Este estudo descreve um processo de for­ma­ imaturos, imersos numa cultura que privilegia
ção acadêmica integrado ao SUS. Entende que o consumo, a imagem, as relações rápidas e nar-
essa perspectiva formativa ultrapassa os limites císicas9; associação ao ensino de uma profissão
da formação de especialistas em psicologia da com múltiplas identidades e um objeto de estudo
saúde, pois considera que a prática profissional e intervenção cuja natureza é, em si, imaterial.
do psicólogo deve estar circunscrita a partir da Identificou-se, assim, a necessidade de ofe-
promoção da saúde, tendo como bússola os prin­ recer aos estudantes contextos de aprendizagem
cípios norteadores do SUS. que lhes possibilitasse, precocemente, eviden-
Aqui o psicólogo é considerado um profissio- ciar o sentido da aprendizagem, materializar seu
nal de saúde e sua prática localizada a partir da objeto. Contudo, fazia-se necessário, simultanea­
promoção de saúde, na sua dimensão ampliada, mente, proteger os usuários dos serviços da
que envolve práticas de assistência, prevenção, natural imperícia dos aprendizes, emergiram as
mas, também, no empoderamento de indivíduos, discussões sobre a opção pela prática assistida,
organizações e grupos sociais de forma que pos- denominada no âmbito da instituição como In-
sam intervir nos determinantes dos seus proces- ternato, uma modalidade tradicional no ensino
sos saúde-doença, sofrimento ou crescimento5. da medicina.

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Essa prática pedagógica foi implantada na nato objetiva a apresentação de campos de prá-
formação médica brasileira em meados da dé- tica, vinculados ao SUS, e o desenvolvimento de
cada de 1960, voltada para o treinamento de competências para uma atuação de generalista
práticas em saúde. Na época, apresentou-se que preparem o estudante para atuar no estágio
como um novo modelo, baseado nas referências a partir da perspectiva da integralidade.
norte-americanas de ensino, que se contrapu-
nha ao modelo europeu, voltado essencialmente Contexto em que o estudo se realiza
para a formação teórica 10. Essa modalidade No Internato do curso de psicologia, o pro-
prá­­tica de ensino foi instituída no 6o ano da fessor, acompanhado por um grupo de, no má-
gra­duação médica, considerada como um com- ximo, 15 estudantes, realiza atividade prática
plemento curricular voltado ao desenvolvimento em contextos docente-assistenciais. Em um
de habilidades práticas. for­mato de preceptoria, o docente da instituição
Em 1969, o Internato consolidou-se como fun­ de ensino é alocado num campo de prática com a
damental ao treinamento médico, tornou-se obri- tarefa pedagógica de articular a teoria e a prática
gatório como período especial de aprendizado a in vivo, mediando o processo de aprendizagem.
ser realizado em hospitais e centros de saúde, a O Internato realiza-se a partir de um ciclo de
partir da resolução do Parecer 506/69, do Con- dois semestres e contempla quatro contextos de
selho Federal de Educação. Firmou-se como prática, alternados em rodízios de dez semanas
campo para o desenvolvimento de competências cada, no 7o e 8o semestres do curso.
Os componentes curriculares estão assim
práticas e do senso de responsabilidade frente à
nomeados: Psicologia na Atenção Primária à
assistência ao doente, garantido pela supervisão
Saúde, Psicologia na Atenção Secundária à
do corpo docente da instituição de ensino. Em
Saúde, Psicologia na Atenção Terciária à Saúde
1974, o relatório final da XII Reunião Anual
e Psicologia no Trabalho e nas Organizações;
da Associação Brasileira de Educação Médica
com carga horária de 120 horas cada. As ativi-
(ABEM) atualiza as recomendações sobre o Inter-
dades didáticas se iniciam na primeira semana,
nato – vigentes até a atualidade – estabelece uma
quando os estudantes são apresentados aos obje-
duração mínima de dois semestres, podendo
tivos, contextos, territórios, atividades e sistema
atingir até quatro em um ciclo rotativo, podendo
de avaliação a serem desenvolvidos no processo
haver, ainda, após o rodízio, um estágio eletivo11. acadêmico. Nas nove semanas que se seguem, o
Baseado nesse modelo, o curso de psicologia professor desenvolve atividades práticas próprias
em estudo está vinculado a uma instituição de do trabalho do psicólogo no contexto em que se
ensino superior privada, sem fins lucrativos, encontra, que estão vinculados ao SUS.
situado na região Nordeste do Brasil. Apresenta Em níveis de complexidade crescente, os es­­­
uma estrutura curricular integrada baseada no tu­dantes são acompanhados de forma a desen­
desenvolvimento articulado de competências volver, no mínimo, as competências e habili­
conceituais, técnicas e atitudinais e, para isso, dades definidas a seguir, a partir das DCNs12,
in­­corporou à sua estrutura didática o Internato, para que possam ser aprovados nos componentes
cujo o objetivo principal, para aprendizagem em curriculares:
serviço, é o aprender-a-refletir-fazendo. 1. Capacidade de resolver ou bem encami-
Essa proposta se diferencia essencialmente nhar os problemas de saúde da população
da tradicional experiência de estágio supervisio­ a que vai servir;
nado na psicologia em função do nível de com- 2. Possibilidade de integrar e aplicar os co­
plexidade das atividades realizadas pelos estu- nhecimentos adquiridos nos anos anterio­
dantes e por se caracterizar como uma prática res do curso de graduação;
pe­­dagógica assistida, que implica a presença 3. Possibilidade de aplicar técnicas pró­prias
per­­manente do professor ao lado do aluno. O Inter- ao exercício do fazer-do-psicólogo de

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acordo com as necessidades do campo Internato e nos Estágios Supervisio­nados.


(escuta individual e em grupo, visita Esse ins­­trumento é utilizado individual-
domiciliar, dinâmica de grupo, seleção mente em três situações: autoavaliação,
de pessoal, sala de espera, entre outras); avalia­ção entre pares (cada colega avalia o
4. Atitudes adequadas à prática profissional; outro) e avaliação docente. Os resultados
5. Atuação e lógica de tomada de decisões encontrados são discutidos e uma nota é
na direção do trabalho multiprofissional; atri­­buída, pelo professor, ao desempenho
6. Interesse pela promoção e preservação da atitudinal na etapa avaliada.
saúde e da qualidade de vida de sujeitos Todo esse processo didático-pedagógico,
e organizações; fundamentado na teoria da aprendizagem so-
7. Consciência sobre suas limitações, res­ ciointeracionista, que considera que a atividade
ponsabilidades e deveres éticos, perante humana é sempre mediada pelo uso de símbolos,
o pa­­ciente, a instituição e a comunidade; ferramentas que possibilitam ao sujeito uma
8. Desenvolvimento do aperfeiçoamento implicação com o mundo real através da cons­
profissional continuado. ciência. Assim, demanda que o processo peda-
A avaliação se constitui uma provocação gógico se desloque da função de instrução para
per­­­manente para o processo pedagógico. No se consolidar a partir do trabalho de mediação,
Internato, realiza-se em distintos níveis e, de na qual o professor oferece o seu saber/fazer
forma processual, compõe-se como experiência como modelo, permitindo ao aprendiz partir do
de apren­dizagem. A proposta avaliativa define nível de aprendizagem em que se encontra para
uma fre­­quência mínima para aprovação de 90% explorar seu limite potencial13.
e análise do desenvolvimento de competências O processo do Internato parte do nível atual
conceituais, técnicas e atitudinais, sem nenhuma de conhecimento do estudante sobre o contexto
hierarquização entre elas: e sobre as práticas no psicólogo no campo em
• Avaliação Teórica: individual referente que estão inseridos. Cabe ao professor acom-
aos conteúdos teóricos trabalhados duran- panhar o aprendiz no nível de desempenho
te o processo. Pode ser configurada como individual ambicionando que ele seja capaz de
uma apresentação de caso para os membros chegar ao nível potencial máximo cognitiva e
da equipe, da coordenação, ou como um interpsicologicamente. Para isso, faz-se neces-
relatório, estudo ou até uma prova, a critério sário localizar a diferença entre aquilo que o
do professor. aprendiz pode fazer individualmente e aquilo
• Avaliação Técnica: diferenciada a cada que é capaz de fazer com a ajuda de pessoas mais
contexto e atividade realizada. Podendo experimentadas, como outros aprendizes espe-
contemplar entrevistas, aplicação de tes- cialistas ou instrutores.
tes, visita domiciliar, construção de laudos, Assim, no Internato, professor e aluno intera­
registros em prontuários, técnicas de di- gem com os conteúdos a serem aprendidos,
nâmica de grupo, entre outras. com problemas para os quais resoluções são
• Avaliação Atitudinal: A atitude ética, es­ buscadas. O ponto crucial dessa teoria da apren-
tética e profissional é avaliada pelo pro­­ dizagem é a concepção de que os conhecimen-
fessor, no cotidiano do trabalho pedagó- tos em sua dimensão conceitual não precedem
gico. Envolve, também, a autoavaliação e necessariamente à habilidade do aprendiz; é
a avaliação interpares organizadas com algo que existe partilhado pelo professor e pelo
feedback. Para dar suporte a isso, os do- aprendiz na interação social com todo o contexto
centes desenvolveram um instrumento de de aprendizagem. A consequência esperada é a
avaliação atitudinal, denominado Instru- interiorização de conhecimentos e valores que,
mento de Avaliação Atitudinal em Con- não necessariamente, serão identificados pelo
textos de Estágio (IAACE), utilizado no aprendiz no instante em que os usar14.

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Cada um dos ciclos rotatórios tem seus objeti- dicina e Saúde Pública, em 29/08/2012, sob o
vos específicos configurados a partir das deman- no 108.985. Todos os participantes assinaram o
das negociadas pelo Serviço com o professor/ Termo de Consentimento Livre Esclarecido. Os
psicólogo. Esses objetivos são dialeticamente dados foram analisados a partir do método de
afetados pelo perfil de cada turma; pelas rotinas Interpretação de Sentido Temático, que inclui
de cada serviço; pelo encontro com os indiví- análise compreensiva do conjunto de narrativas,
duos em cada experiência, em cada momento a identificação das palavras, ações, conjunto de
e pelo perfil de cada docente. Entretanto, todos os inter-relações do corpo analítico. Sequencial-
rodízios são guiados pelos mesmos objetivos gerais mente, identificam-se as singularidades do ma-
de promover competências para o fazer gene­ terial nas quais as categorias são circunscritas e
ralista em psicologia, o que envolve um circuito de a análise interpretativa do conteúdo se realiza15.
com­petências que se inicia com a capacidade de
escuta/observação, seguida pelo planejamento,
RESULTADOS E DISCUSSÃO
intervenção, avaliação da intervenção, devolu-
Entre os 51 sujeitos que participaram dessa
ção e retornando para a escuta/observação.
etapa do estudo, 100% descrevem a experiência
Com essa perspectiva, o estudante é convi­
de exposição ao Internato como positiva e fun-
dado a assistir ao psicólogo em ato, sequencial­
damental ao processo de formação acadêmica,
mente desenvolver atividades, em níveis de com­­
utilizando expressões como: “medalha de ouro
plexidade distintos, mediados pela experiência
do docente enquanto professor-psicólogo. No do curso”; “um enorme diferencial do curso”;
processo, professores e estudantes também são “experiência maravilhosa”; “o Internato é incrí-
de­­safiados a articular o conjunto da prática às vel”; “considero valiosa minha aprendizagem”;
teorias a ela relacionadas, possibilitando a cons­ “a melhor experiência que vivi na faculdade”;
trução de uma análise crítica do processo e simul- “é muitíssimo importante na formação”.
taneamente, desenvolvendo competências que Embora avaliando a experiência como posi-
integram valores, atitudes, conceitos e técnicas. tiva, três pontos de descontentamentos foram
Este artigo descreve a percepção de estudantes apresentados por três dos sujeitos participantes
sobre a experiência de aprendizagem vivida no do estudo; a curta duração dos rodízios; o siste-
Internato. ma de avaliação utilizado; a obrigatoriedade de
percorrer os quatro rodízios:
MATERIAL E MÉTODO “.... no entanto, a forma de avaliar o alu-
A metodologia de pesquisa adotada caracte­ no precisa ser mais elaborada.”
riza o estudo como descritivo de abordagem “Achei valiosa a experiência obtida em
qualitativa. Foi realizado no âmbito do curso cada um (dos rodízios), mas lamento que
de Psicologia da Escola Bahiana de Medicina
a duração dos mesmo seja tão curta.”
e Saúde Pública, com todos os 51 estudantes
ma­­triculados no 8o, 9o e 10o semestres durante o “O Internato é uma experiência única
segundo semestre de 2014. O instrumento para na prática, enquanto estudantes de psi­­­
a coleta de dados foi um questionário, contendo co­logia, pois proporciona conhecer o
duas questões abertas, apresentado no formato campo de atuação do psicólogo. Porém,
impresso, aplicado por bolsistas de iniciação nós não temos a chance de escolher os
científica, em sala de aula, e buscou identificar campos que queremos, temos que passar
a percepção dos estudantes sobre a experiência por todos. Isso é complicado porque os
de aprendizagem vivida e as competências de- professores não percebem que os alunos
senvolvidas a partir do Internato. estão ali para conhecer e, quem sabe, se
O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética identificar com o campo, mas, às vezes,
em Pesquisa (CEP) da Escola Bahiana de Me- os alunos não se motivam com o campo,

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e os professores não buscavam dar orien- tivo primordial da educação é a transformação;


tações que pudessem motivar os alunos embora com pontos de vista distintos, conside-
ou dar espaço para novas criações dentro ram que a experiência de aprendizagem se rea-
da sua área de atuação.” liza a partir da apropriação subjetiva do que foi
aprendido, com efeito na forma desse ser/sujeito/
“As habilidades que eu aprendi no Inter­
indivíduo operar no mundo. Nos depoimentos
nato foram a de suportar as regras or­­
apresentados, é possível dar conta de que a expe-
ganizacionais dos supervisores que eu
riência de exposição ao Internato possibilitou aos
não posso opinar ou não tinha autonomia
estudantes uma vivência transformadora, que
para tal.” envolveu produção de saber sobre a psicologia,
A proposta curricular na qual o Internato está suas teorias, valores emergentes e técnicas, mas,
apresentado como contexto de prática assis- também, sobre si, suas possibilidades, limites:
tida, fundamentado no conceito ampliado de “Foi no Internato que a prática de psico­
saúde por considerar que este abre um campo lo­gia se tornou real. A experiência de
potencial para a formação do generalista16,17. apren­­dizagem é única, pois, por sermos
Para consolidar essa perspectiva, os rodízios e a assistidos, há uma noção de responsabili-
duração destes foram estabelecidos de maneira dade imposta pelo outro que, mais tarde,
a sustentar, semestralmente, dois ciclos de ati- é internalizada no estágio.”
vidades didático-pedagógicas em diferentes
“Acho importante pontuar que a respon-
contextos de prática, garantindo a pluralidade
sabilidade (com os pacientes, usuários,
da psicologia, apresentando a complexidade do trabalhadores, sociedade e profissão)
SUS, diferenciando-se das práticas de estágio. é a competência que envolve mais os
Tal experiência é, majoritariamente, referida as­pectos éticos, essenciais aos psicólo-
como importante para a elaboração de uma es- gos. No Internato, desenvolvi autonomia,
colha mais madura pelo campo de estágio, no aprendi a como me portar em situação
qual o estudante poderá investir de forma mais de trabalho, aprendi a treinar técnicas e
aprofundada na aprendizagem e nos planos fu- instrumentos da psicologia. Me autorizei
turos de carreira, como revelado nas narrativas a me expor, a criar casos clínicos, a desen-
seguintes: volver diagnóstico de cultura de empresa
“Conhecer os principais eixos de trabalho e fazer seleção e recrutamento, aplicar
da psicologia, contribuindo para que se entrevista fechada, fazer triagem, visita
tome uma decisão mais “assertiva” na domiciliar e aprendi a escrever relatórios
es­colha do estágio específico.” e prontuários.”
“Ajudando-nos a refletir sobre a escolha “A experiência de Internato foi fundamen­
de campo de estágio.” tal no meu processo de formação, em al­­
“O Internato é “muitíssimo” importante gumas habilidades como: iniciativa estu-
para a formação, porque oportuniza a do, associação teoria-prática, trabalho em
prática assistida. O aprimoramento é equipe, trabalhos com outras profissões,
contínuo. Sinto-me muito mais prepara- lidar com outros estudantes, conhecer no-
da para o estágio.” vas pessoas e desenvolvimento da prática
exercitando a profissão.”
Esta etapa da tese de doutoramento que in­­
ves­­tiga a dimensão subjetiva da formação em “... Autocuidado, compromisso com pa-
psicologia focaliza a experiência de aprendiza- cientes, colegas de trabalho, atividades.”
gem e de construção do conhecimento a partir da “Olhar mais diferenciado sobre algumas
concepção de complexidade descrita por Paulo questões, escuta diferenciada e respon-
Freire18 e Vygotsky13. Para esses teóricos, o obje- sabilidade com prazos e horários.”

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“O Internato, por ser um contato direto lho em grupo, atuação com outras áreas
com a prática (mesmo que ainda super- profissionais.”
visionado), aparece enquanto um espaço “Como competência a adquirir: a escuta
de crescimento profissional e individual.” qualificada, aprendi a sustentar o silên­
Esses resultados são indicativos de que os cio do outro, analisar a situação de dife­
obje­­tivos propostos para a formação de psicólo­ rentes olhares, aprendi a ouvir mais.”
gos, indicados pelas DCNs12 para graduação
“Resolutividade, autonomia, trabalhar em
em psicologia, são alcançados. E as respostas
grupo na prática.”
oferecidas evidenciam o desenvolvimento de
competências de profissionais generalistas ajus- “Escuta qualificada, autonomia, relacio-
tadas às necessidades do SUS. namento cliente/terapeuta, trabalho em
A concepção de competência, adotada nesse grupo, trabalho individual.”
estudo, também está ancorada na perspectiva de “Identifico como competências a respon­
uma educação transformadora, compreende que sabilidade, autonomia, trabalho em equi-
esse desenvolvimento transita entre o enfoque pe, reflexão sobre a ética no trabalho e
Cognitivo Estrutural – que envolve conhecimen- desenvolvimento da escuta qualificada e
tos e habilidades relacionados ao exercício de do cuidado com o outro nas mais diversas
uma profissão – e o enfoque Dinâmico Pessoal situações de trabalho em psicologia.”
– centrado na atenção à pessoa, que integra ao Com os resultados apresentados, é possível
cog­­nitivo os aspectos motivacionais e a comple- também discutir a importância da perspectiva
xidade do cenário laboral, com sua heterogenei- sociointeracionista que fundamenta essa prática
dade e singularidades19. Esse trânsito conceitual pedagógica, especialmente a partir da medição.
configura o campo em que se pode reconhecer o O professor investe no desenvolvimento poten-
efeito das produções subjetivas, expressas pela cial do estudante/aprendiz oferecendo suporte ao
capacidade de análise e de síntese, na gestão processo de amadurecimento pessoal e profissio-
da informação, na possibilidade de trabalhar em nal20. Isso configura o Internato como um espaço
equipe, nas relações interpessoais, no compro- de transição seguro na busca pela autonomia,
misso ético, no desenvolvimento da autonomia, no processo de constituição de identidades que
na possibilidade de adaptação a situações novas permitam ao estudante virtualizar sua prática
ou à capacidade de liderança: profissional futura, localizando seus desejos e
“No Internato, desenvolvi autonomia, possibilidades:
apren­­di como me portar em situação de “... é fundamental, já que promove a ex-
trabalho, aprendi a treinar técnicas e ins­ periência prática de toda a teoria apren­
trumentos da psicologia. Me autorizei a dida, promove o amadurecimento da
me expor.” pessoa, estimula a capacidade de tomar
“A experiência foi positiva e proporcio- decisões e o manejo.”
nou desenvolvimento de habilidades e “O Internato é uma experiência muito
competências para lidar também com o enriquecedora, por possibilitar que o alu-
inesperado do cotidiano, estimulando a no comece a conhecer a prática do psi­­
capacidade criativa nos profissionais em cólogo, de uma forma diferenciada (por
formação.” conta do acompanhamento do professor),
“Sobre as competências desenvolvidas ajudando-nos a refletir sobre a escolha
nos Internatos: conhecimento prático das de campo de estágio.”
diversas áreas da psicologia, habilidades “O Internato foi muito importante, pois atra­­
clínicas de escuta e intervenção, traba- vés dele foi possível conhecer diferentes

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campos de atuação, além de ter as prá- “Adquiri a competência de identificar o


ticas supervisionadas, o que dá mais problema trazido pelo paciente, a comu-
segurança ao aluno.” nicação oportuna e me achei no campo
profissional que quero.”
“O Internato me possibilitou colocar em
prática toda a teoria adquirida no outro, “Durante o percurso do Internato, consi­
além de vivenciar esta com professores dero valiosa minha aprendizagem, a
altamente competentes em suas áreas.” prá­tica nos dá a certeza de que sabemos
fazer algo e é interessante a construção
“Aprendizado essencial para conciliar
do conhecimento na prática. A partir daí,
teoria e prática, o Internato fornece uma
melhorei minha escuta, atenção e uma me-
síntese das quatro principais áreas de
lhor percepção do ambiente e do sujeito.”
atuação, numa enriquecedora experiên-
cia. Creio que foi, em todos os sentidos, “O Internato, da mesma forma, interligan-
algo surpreendente e muito construtivo.” do a teoria com a prática, foi de grande
im­portância na formação. Esse preparo
A estrutura curricular apresentada coloca o
antes do estágio auxiliou a criar um perfil
es­­tudante em contato analítico com o fazer-psi-
na atuação me dando mais segurança e
cologia do 1o ao 6o semestre com o uso do método
autonomia.”
de Aprendizagem Baseada em Problemas; no 7o
O conjunto dos resultados descritos neste
e 8o semestres, com a imersão no Internato, ele
es­­tudo dá conta que o Internato, como contexto
é exposto a uma experiência educacional em
didático de prática assistida de ensino em psico-
que aprende e transforma a realidade em que
logia, favorece o desenvolvimento de competên-
está inserido, na qual lhe é demandado que se
cias de generalistas propostas pelas DCNs, entre
coloque, que apresente suas construções teóri-
elas, a autonomia e a capacidade de atuar em
cas, opções epistemológicas, valores, atitudes.
grupo de forma interdisciplinar, fundamentais
Não por acaso, emergem com maior frequên­
à prática do SUS.
cia respostas que identificam o desenvolvimen-
to de competências atitudinais. A atitude foi
CONSIDERAÇÕES FINAIS
con­­siderada por Paulo Freire18 um conteúdo
O Internato propõe a ação conjunta de pro-
pe­­dagógico essencial para a formação de su-
fessor e estudantes no SUS, contextos nos quais
jeitos críticos e González Maura19 afirma a in­­
existem equipes profissionais interagindo, níveis
dis­­sociabilidade da competência atitudinal do
complexos de problematização, sujeitos reais vi-
conceitual e do técnico. Embora estejam didati-
venciando toda espécie de mal-estar, próprio da
camente diferenciadas ao longo deste texto, nas
existência, da cultura, da contemporaneidade.
respostas apresentadas, a aquisição de atitudes
Neste universo, aprender e ensinar realizam-se
de dimensões técnicas e éticas estão referidas como uma unidade dialética processual e psico-
na dimensão da integralidade e consideradas pedagógica que coloca em circulação a constru-
como um dos grandes ganhos da experiência ção do conhecimento articulado à construção de
de aprendizagem, articuladas à satisfação em identidades. E como se realiza no contexto de
conhecer de perto diferentes contextos de prática prática acontece no campo real da interdiscipli-
e à possibilidade de articular teoria e prática: naridade, considerada por Fazenda21 uma atitude
“Gosto bastante do Internato. Foi uma que se forma a partir de práticas pedagógicas
excelente prática para termos noção da dessa natureza, que integram teoria e prática.
prática do psicólogo. Desenvolvi compe- A análise dos resultados é também indicativa
tências, tais como: articulação da teoria de que o Internato favorece o processo de ama-
com a prática e uma maior segurança durecimento dos jovens estudantes, de acordo
na atuação.” com as expectativas dos docentes que formularam

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a proposta. As narrativas apresentadas descre- A análise geral dos dados considera que a
vem a experiência de aprendizagem a partir ar­­­­ticulação da teoria e da prática, em diferentes
do deslocamento da posição subjetiva passiva contextos, favoreceu a construção de um conhe-
para uma posição que implica dúvidas, certezas, cimento significativo relacionado ao repertório
possibilidades, grupos e consideram o fazer em cultural dos sujeitos, no qual novas identidades
psicologia dirigida a um outro, fundamentado inter-relacionadas emergiram a partir do desen-
em práticas de cuidado. Esse processo de ama- volvimento de competências. Essa perspectiva
durecimento está atribuído à possibilidade de coloca em foco a responsabilidade política das
conhecer os campos de prática assistidos dialogi- escolhas pelas práticas pedagógicas de um
camente pelo professor e pelo desenvolvimento currículo e abre novas possibilidades de análise
de uma rede de novos conhecimentos que afetam
sobre a inclusão da dimensão subjetiva na for-
sua atitude de forma efetiva e se sustentam em
mação acadêmica em psicologia, mas também
um conjunto relacional que envolve sujeitos,
ressalta a força da integração teoria-prática para
organizações e distintos papéis e identidades.
a preparação de sujeitos aptos a atuar de forma
Os estudantes identificam como ponto de
ética no SUS.
de­­senvolvimento o processo de avaliação no
Internato. As autoras deste estudo acrescentam Destaca-se, também, a posição de mediação
como pontos de vulnerabilidade para o desen- ocupada pelos professores, promotores de ações
volvimento dessa prática pedagógica o número pedagógicas que ocorrem no campo da integra­
restrito de estudantes por turma, que, além de lidade do processo de aprendizagem. Com esta
aumentar os custos operacionais da prática, perspectiva, o estudo destaca a necessidade de
demandam um processo complexo de negocia- discutir as tradicionais formas de ensino da psico-
ção com os serviços em que se insere. Assim, logia investindo em uma formação de profi­ssionais
identificam a necessidade de desenvolvimento aptos para atuar nos três níveis de atenção à saú-
de estudos subsequentes que analisem a avalia- de, com possibilidade de analisar e compreender
ção e o impacto dessa prática para os serviços as dimensões das estruturas or­ganizacionais e
docentes assistenciais nos quais se realizam. institucionais.

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Daltro MR & Pondé MP

SUMMARY
Internship in psychology: learn-reflect-making in practice settings

There are about 49,412 Psychologists working on SUS that challenges


the education system to move from its traditional position, which privileges
clinics, to develop health promoters. This is part of a thesis that thinks
Psychology as a health profession. This study describes the Internship, a
pedagogic assisted practice, where the teacher is viewed as a mediator in a
psychopedagogical perspective. It provides the perception of the students
about the Internship experience. This is a descriptive study based on
qualitative approach analyses of the content of 51 questionnaires of students
enrolled between the 8th and 10th semester of a Psychology course in Bahia,
Brazil. The data was analyzed using Sense Interpretation Method. The
results indicate 100% of satisfaction facing the experience and development
of competences as interdisciplinary attitude, capacity to work with teams,
communication, autonomy and maturity. All the above reveals the learning
that integrates attitude, concept and techniques, answering the demands
of the DCN’s and SUS.

KEY WORDS: Internship and Residency. Health Occupations. Unified


Health System. Perception.

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Internato em psicologia

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Trabalho realizado na Escola Bahiana de Medicina e Artigo recebido: 30/5/2017


Saúde Pública (EBMSP), Salvador, BA, Brasil. Aprovado: 15/6/2017

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