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Nas profundezas de uma oficina mecânica, onde o tic-tac

constante das máquinas ecoava pelo ar, existia uma


engrenagem chamada Enzo. Enzo era uma engrenagem
pequena, mas essencial para o funcionamento de um relógio
antigo que repousava sobre uma bancada. Dia após dia, ele
girava incansavelmente, transmitindo o movimento de uma
engrenagem para outra, garantindo que o relógio marcasse
cada segundo com precisão.

No começo, Enzo desempenhava sua tarefa com alegria. Ele


sentia orgulho em ser parte do mecanismo que mantinha o
tempo em ordem. No entanto, à medida que os dias se
transformavam em semanas e as semanas em meses, Enzo
começou a sentir um cansaço que ia além de suas dentes e
engrenagens.

A rotina monótona de girar sem parar começou a pesar sobre


ele. Ele sonhava com momentos em que poderia pausar e
observar o mundo ao seu redor, em vez de apenas girar e girar.
Enzo ansiava por aventura, ansiava por explorar os cantos da
oficina que ele nunca havia visto.

Um dia, enquanto girava em seu ritmo usual, Enzo notou um


pássaro empoleirado na janela aberta da oficina. O pássaro
cantava uma melodia suave, e suas asas dançavam no ar. Enzo
se pegou imaginando como seria voar livremente, sentir o vento
acariciando suas engrenagens e ver o mundo de cima.

Enquanto a engrenagem trabalhava, sua mente começou a criar


histórias de lugares distantes e aventuras emocionantes. Ele se
imaginava explorando florestas, navegando em rios e até
mesmo escalando montanhas. Esses pensamentos preenchiam
sua mente enquanto ele continuava a girar.

Certo dia, quando o relojoeiro entrou na oficina, ele notou algo


diferente em Enzo. Ele notou uma expressão distante em sua
face metálica e uma lentidão em seu movimento. Curioso, o
relojoeiro pegou Enzo e o examinou de perto.

Ao observar Enzo, o relojoeiro percebeu a exaustão que se


acumulava na engrenagem. Com um toque de compreensão, ele
removeu Enzo do relógio e colocou-o suavemente sobre a
bancada. "Você trabalhou incansavelmente por tanto tempo",
disse o relojoeiro, "é hora de você descansar e explorar o
mundo além das engrenagens."

E assim, Enzo foi colocado em uma prateleira ao lado do relógio.


Ele não precisava mais girar incessantemente. Em vez disso,
ele tinha a liberdade de observar o mundo ao seu redor, de
contemplar o brilho do sol através da janela e de sonhar com
aventuras que antes eram apenas pensamentos fugazes.

A engrenagem cansada finalmente encontrou o descanso e a


liberdade que ansiava, e enquanto não girava mais como parte
do relógio, encontrou uma forma diferente de se sentir
completo. E assim, a história de Enzo se tornou um lembrete de
que até as coisas que trabalham incansavelmente merecem um
tempo para descansar e sonhar.

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