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Licenciatura em Engenharia Geologica e de Minas

Simetria e Formas dos cristais


(Continuacao)

Marcelino Moiana
Eixos Cristalograficos e sistemas cristalinos - revisao

* A unidade básica de um mineral é a célula unitária.


Os minerais sao distinguidos pelas diferenças relativas dos eixos
cristalográficos e dos angulos entre as arestas das suas células
unitárias.
* A célula unitária é um figura geométrica (paralelepípedo)
imaginária, formada com base na regularidade que se observa no
arranjo atomico do cristal.
* Os eixos cristalográficos sao, em regra, perpendiculares entre si.
* Com base no tamanho relativo dos parametros da malha (a, b, c,
alfa, beta e gamma), todos os minerais encontram-se representados
por 7 configuraçoes das células unitarias = 7 sistemas cristalinos.
O eixo vertical é denominada de c. Os dois eixos
horizontais são denominados de a e b. Se forem iguais,
receberão a mesma letra, como a1 e a2.

Alguns autores, em vez da designaçao a, b e c para os


eixos, adoptam uma nomenclatura particular (consoante
o sistema cristalino), quando se verifica igualdade nos
tamanhos dos eixos. Por exemplo, no sistema cúbico, em
que todos as arestas sao iguais, os eixos sao designados
a1 (em vez de a), a2 (em vez de b) e a3 (em vez de c).
Se pudéssemos manusear uma celula unitária de um cristal qualquer, fariamos medições
de suas arestas, que são paralelas aos eixos cristalográficos e, consequentemente,
obteríamos os comprimentos reais de seus eixos cristalográficos.
Com recurso a “raios-X” fazem-se medições muito precisas das células unitárias de
diferentes minerais e, portanto, obtem-se relações de comprimento verídicas dos eixos
cristalográficos.
Vejamos os dados obtidos para o cristal de enxofre:
Notacao Cristalografica
Tratamos como notacao cristalografica ao conjunto de simbolos que nos
ajudam a descrever as operacoes de simetria verificados num cristal.
O sistema de notação que é utilizado em cristalografia para referência aos
elementos de simetria, deduzido a partir das formas externas dos cristais,
baseia-se na escolha adequada dos eixos. A notação cristalografica é,
portanto, uma ferramenta poderosa para visualizar cristais e trabalhar com
eles.
Notacao de Faces

Para identificarmos as faces cristalinas podemos estabelecer as medidas de suas


respectivas intersecções com os eixos cristalográficos, a partir da origem.

Uma face pode ser paralela aos eixos. Neste caso atribui-se o valor 0, que indica que
determinada face nao intersecta um determinado eixo.
Uma face pode ser paralela a um eixo e intersectar os outros dois, ou ser paralela a dois
eixos e intersectar o terceiro, ou ainda intersectar os três eixos.
Colocando os eixos cristalográficos no centro do objecto observaremos que:

A face A corta o eixo c e é paralela aos eixos a e b. A


notacao desta face é representada por: (001). 1
representa o valor unitário do local de intersecçao.
A face E corta o eixo b e é paralelo aos eixos a e c. O
indice da Face E é: (010)

A face C corta os eixos a e b. A face A eh paralela ao eixo c. Para


este caso, a notacao correcta eh: (110) que se le (um, um, zero).
A face D corta os eixos a e b. O corte ao eixo b realiza-se na parte negativa do eixo. A face A
eh paralela ao eixo c. Para este caso, a notacao correcta eh: que se Le:
(um, menos um, zero)
O plano de reflexao sera vertical e passará
pela linha que une as faces D e C. O plano
conterá o eixo a e irá cortar o eixo b. o seu
índice será (010).

Para a referenciacao, regra geral posiciona-se


o cristal de modo que os eixos sejam normais
(perpendiculares) às faces. O eixo a é
horizontal e aponta para nós.
Notacao de Hermann Mauguin

Hermann e Mauguin desenvolveram um Sistema de notacao simples, que representa os


eixos de rotacao atraves da sua ordem de rotacao (1, 2, 3, 4 ou 6); os planos especulares
atraves de m; o centro de simetria atraves de e a rotoinversao atraves de
Estes elementos que caracterizam a simetria total verificada em cristais sao apresentados
conjuntamente. Por exemplo, 2m indica um eixo binario e um plano especular paralelo a
esse eixo de rotacao. Usa-se / para representar um eixo perpendicular ao plano de reflexao,
isto eh, 2/m significa que se tem um eixo de rotacao binario perpendicular ao plano de
reflexao.

Tabela 1. Operações de simetria e forma


de notação segundo Hermann Mauguin.
1. Considere os cristais I e II abaixo e responde as questoes que se seguem.
Exercicios
a) Escreve indices (notacoes) das faces cristalinas A, B, C e D de cada cristal
b) Identifique (escreve os indices) os planos especulares
c) Quais sao as possiveis eixos de simetria nos cristais I e II.
d) Sugere a notacao de Hermann-Mauguin para os cristais I e II, abaixo

II
I
1. Considere os cristais III abaixo e responde as questoes que se seguem.
Exercicios
a) Escreve indices (notacoes) das faces cristalinas A, B, C e D de cada cristal
b) Escreve os indices dos planos especulares
c) Quais sao as possiveis eixos de simetria no cristal III.
d) Sugere a notacao de Hermann-Mauguin para os cristaI III, abaixo

III
I
Notacao Cristalografica (continuacao)

Para alem de verificar que faces um determinado eixo cristalografico corta, e necessario
considerar a que distancia relativa essa interseccao ocorre.

Para determinar o comprimento relativo no qual uma face intersecta um eixo, o eixo deve
começar no centro do cristal. As interseções de faces são valores estritamente relativos e
não indicam comprimentos reais.

Quando interseções são atribuídas às faces de um cristal, sem nenhum conhecimento das
dimensões de sua celula unitária, uma face que cortar todos os três eixos recebe as
unidades 1 (no eixo a), 1 (no eixo b) e 1 (no eixo c). Essa face é denominada face
unitária.
Indices de Miller

Vários métodos de notação foram criados para expressar as interseções das faces
cristalinas com os eixos dos cristais. O de uso mais universal é o sistema de índices
proposto por W. H. Miller. Os índices de Miller de uma face consistem em uma série de
números inteiros que foram derivados das interseções por meio de inversão e, se
necessário, com subsequente simplificação de fracções.
• Miller considera como valores de referencia os
coeficientes h, k e l = (hkl)

• Sendo: h = 1/a k = 1/b l= 1/c


• Os indices de Miller sao, entao, expressos como os
inversos dos pontos de interseccao ao longo dos eixos
a, b e c.

• Os indices de Miller sao coeficientes apresentados


entre parentes curvos, sem virgulas, através dos
coeficiente (hkl) = (1/a 1/b 1/c)

• Só se colocam vírgulas nos casos em que pelo menos


um dos coeficientes atinge uma dezena.
Quais sao os índices de Miller do plano amarelo?
O planos intersecta os eixos cristalograficos na terceira
unidade do eixo x (3a), na segunda unidade do eixo y
(2b) e na segunda unidade do eixo z (2c).
Para Miller a notacao do plano amarelo representa-se
como:
(hkl) = (1/a 1/b 1/c) = (1/3 ½ ½) = (2 3 3)

Para evitar numeros fraccionarios, o indice é convertido em números inteiros. Para tal,
multiplica-se cada coeficiente da notaçao pelo mmc (mínimo múltiplo comum)

(1/3 ½ ½) = 6x(1/3 ½ ½) = (2 3 3)
A face A é horizontal:
* Intersecta o eixo a no infinito (nao intersecta o eixo a)
* Intersecta o eixo b no infinito (nao intersecta o eixo b)
* Intersecta o eixo c no valor unitario 1
* Indice de Miller da face A = (1/ꚙ 1/ꚙ 1/1) = (001)

A Face H, no cristal P, corta todos os eixos a, b e c


• Corte ao eixo a = 2
• Corte ao eixo b = 2
• Corte oo eixo c = 2/3
• Indice de Miller da face H = (1/2 1/2 1:2/3) = (1/2 1/2 3/2)
• Multiplicando todos os coeficientes de Miller por 2, o indice poderia
P
ser expresso como (113)
Exercicios 2. Escreve os indices de Miller dos planos sombreados
Zona
Uma zona é uma coleção de faces com arestas paralelas.
Cada zona pode ser identificada atraves de indices especificos que
diferem entre si. Entretanto ha uma linha que passa pelo centro de
um cristal e que é paralela às linhas das interseções de faces. Este
linha identitaria do conjunto de fafces é denominada eixo de zona.
Os indices de Miller de uma zona sao representadas entre parenteses rectos

No caso do exemplo ao lado, as faces i, j, l e m constituem uma zona, cujo eixo da


zona é [100]; As faces faces m, n, o e p pertencem a zona cujo eixo é [001].

Eixo da zona = linha que passa pelo centro de um cristal e que é paralela às linhas das
interseções de faces

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