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Agenda 2035: Moldando o Futuro da

Saúde no Brasil

Análise crítica da situação atual e propostas para um


modelo sustentável

RELATÓRIO REFLEXÕES
JULHO DE 2023
Índice

Editorial 03

CAPÍTULO 1:
04
O contexto da saúde no mundo

CAPÍTULO 2:
07
O contexto da saúde no Brasil

CAPÍTULO 3:
Problemas prioritários do sistema de saúde e 16
propostas para um modelo sustentável

CAPÍTULO 4:
34
Agenda 2035: Moldando o Futuro da Saúde no Brasil

Apêndice 35

Referências 36

Colaboradores 43

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Editorial
O INSPER é uma das escolas mais conceituadas da América Latina em Administração e Gestão
de Empresas. Há anos aproximou-se da Área da Saúde oferecendo um MBA em Gestão de
Saúde com o Hospital Israelita Albert Einstein. Neste ano, inova com o lançamento do MBA
Executivo em Saúde em novo modelo e com um curso de Saúde Organizacional que pode
prover às lideranças das empresas instrumentos de melhor gestão desses benefícios, com
ganhos para a empresa e para seus colaboradores e suas famílias.

O Comitê Alumni de Gestão em Saúde do INSPER é um grupo de ex-aluno(a)s com formações


diversas e interessado(a)s na área de saúde que continuamente fazem reflexões sobre
melhorias para todos os atores do ecossistema de Saúde Brasileiro.

Tendo como base o documento do Fórum Econômico Mundial - Agenda de Saúde Global para
2035, o Comitê Alumni de Gestão em Saúde do INSPER produz este material trazendo o
desenho das necessidades da população brasileira e das suas lacunas assistenciais com o fim
de gerar uma adaptação daquela agenda para a realidade brasileira.

O primeiro capítulo faz uma revisão do contexto mundial em saúde, o segundo capítulo
traduz esse contexto para a realidade brasileira e o terceiro aborda os problemas prioritários
em saúde e as nossas propostas para um modelo sustentável. Nas discussões internas do
Comitê, foram elencados 25 temas considerados prioritários (apêndice). Desses, 6 temas
críticos (infraestrutura, eficiência operacional, atenção primária, alfabetização em saúde,
acesso à saúde e modelos de financiamento e reembolso) foram escolhidos por sua relevância
e impacto socioeconômico para serem abordados nesse primeiro Relatório Reflexões do
Comitê Alumni de Gestão em Saúde do INSPER. Esperamos que esse documento seja só o
primeiro de muitos Relatórios Reflexões do Comitê Alumni de Gestão em Saúde do INSPER

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Capítulo 1
O Contexto da saúde no mundo

Em março de 2020, a Organização Mundial desenvolvimento de infraestruturas para


da Saúde (OMS) declarou a pandemia global garantir a sobrevivência socioeconômica e
do Coronavírus 19. Um ano depois, com o para atender os doentes. Graças a essas
desenvolvimento mais rápido da história, a medidas, uma quantidade incalculável de
primeira vacina contra COVID-19 recebeu vidas foi salva em todos os continentes. O
autorização emergencial. Apesar de a investimento e o incentivo à inovação na
pandemia ter incentivado maior saúde resultaram em avanços tecnológicos
investimento e inovação em saúde, ela comparáveis aos tempos de guerra.
trouxe relevantes desafios econômicos,
Nesse período, o setor de saúde global
sociais, políticos e ambientais.
experimentou um crescimento sem
Governos e pesquisadores empenharam-se precedentes; os gastos em saúde no mundo
em adotar diferentes abordagens aumentaram na ordem de 4 trilhões de
implementando e aprendendo várias dólares se comparado com os anos
estratégias para identificar indivíduos anteriores à pandemia. Um recorde de 23
bilhões de dólares foi levantado por
transmissores do vírus. Realizaram-se testes
empresas farmacêuticas alavancando áreas
sorológicos em pessoas vulneráveis e
de inovação como terapias genéticas,
naquelas que já haviam sido afetadas, a fim imunoterapia e engenharia tecidual. A
de determinar a presença de anticorpos em medicina de precisão continuou a crescer
diferentes contextos de risco. com estratégias de biomarcadores para
Um conjunto variado de informações triagem, diagnóstico, seleção do tratamento
e monitoramento de resposta se tornando
fundamentaram estratégias como o
cada vez mais componentes críticos do
distanciamento social,
lançamento de medicamentos.
confinamentos, adoção de novos hábitos, e

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Em 2021, investimentos digitais quase tecnologias, a resiliência do sistema de
dobraram, particularmente em telessaúde e saúde foi testada durante a pandemia
saúde mental. O número de startups de afetando o acesso à saúde e expondo suas
saúde digital cresceu, e grandes empresas fragilidades. A alta demanda, escassez de
de tecnologia, como por exemplo a mão de obra qualificada, escassez de
Amazon, aumentaram sua expressão na insumos, escassez de infraestrutura e
área da saúde. necessidade de investimentos não
planejados foram os principais desafios. Em
A compreensão sobre o valor do
uma pesquisa aplicada pela OMS em agosto
tratamento de pacientes em ambientes
de 2020, 90% dos países entrevistados
domiciliares ganhou relevância e provou ser
disseram ter vivenciado interrupções nas
mais barato e eficiente nos cuidados de
cadeias de suprimentos decorrentes de
saúde, proporcionando um aumento
escassez de insumos ou de mão de obra
significativo dessa modalidade de cuidado e
qualificada. O impacto foi maior nos países
gerando a tendência de crescimento nos
em desenvolvimento.
próximos anos. A crescente
descentralização dos cuidados de saúde A desinformação, a desconfiança e a divisão
também está alinhada com os conceitos política estiveram presentes no mundo
como “colocar o paciente no centro” e com todo e prejudicaram bastante os esforços
o “cuidado baseado em valor”, uma vez que de vacinação. Exemplos marcantes foram a
os usuários exigem maior conveniência e invasão do Capitólio nos EUA no início de
privacidade. 2021, o "partygate" no Reino Unido e a
avalanche de Fake News nas redes sociais
Aplicações de inteligência artificial (IA) têm
do mundo todo.
visado diversos aspectos dos cuidados de
saúde, incluindo diagnóstico, apoio à
decisão clínica, prevenção de doenças,
monitoramento de tratamentos e adesão a
terapias. Além disso, os avanços em
realidade virtual e em conectividade
permitiram a criação de ambientes virtuais
para melhorar a experiência do paciente e
“ “As três esferas da globalização,
econômica, cultural e política, impactam
simplificar procedimentos médicos. Um a sociedade e a saúde da nação. A
exemplo, é a plataforma Immersive Rehab globalização econômica, em especial,
onde o paciente acessa a plataforma virtual vem trazendo possibilidades no uso da
para a reabilitação pós acidente vascular ou tecnologia para melhorar o acesso à
lesão medular e recebe feedback em tempo saúde, facilitando o atendimento remoto,
real com rotinas e exercícios guiados para o gerenciamento de dados e a educação
sua recuperação. Ainda estamos desta indústria.”
começando com a aplicação destas novas
tecnologias e temos muito aprendizado e Olívio Souza Neto
demanda por regulação, monitoramento e
fiscalização a construir para assegurar a


correta aplicação destas ferramentas em
prol do bem-estar e saúde das pessoas.

Apesar dos avanços científicos recentes,


com desenvolvimentos de novas

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O impacto da pandemia na saúde mental foi mental.
um tema recorrente. Isolamento social,
Esses eventos destacam as desigualdades
demissões e insegurança da população
globais em saúde e a fragilidade dos
foram os principais determinantes. Além
sistemas de saúde sob a pressão de
disso, as pressões sobre os sistemas de
pandemias, conflitos, falta de educação
saúde afetaram a saúde mental dos
para saúde e incertezas econômicas.
profissionais de saúde em todo o mundo,
levando a um aumento da síndrome de


burnout.

Os efeitos da crise climática continuam


presentes em 2022, com ondas de calor em
todo o mundo, incluindo EUA, Europa, Apesar dos problemas nos sistemas
China e Índia, incêndios florestais e de saúde no mundo serem muito
inundações na África do Sul e na Ásia, anteriores à pandemia, esse contexto
particularmente no Paquistão, onde mais de ajudou a explicitar a urgência da
um terço do país ficou submerso. Os custos necessidade de reestruturação dos
das mudanças climáticas para a saúde modelos de saúde atuais.
humana estão estimados em trilhões de
dólares por ano. Questões Michelle Ugolini-Lopes
macroeconômicas, como a crise energética
e o aumento da inflação, afetaram e


continuam a afetar o padrão de vida dos
indivíduos, impactando sua saúde física e

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Capítulo 2
O Contexto da saúde no Brasil

O cenário da saúde no Brasil é complexo e dentre eles podemos citar a falta de


desafiador. O país tem uma população de recursos, infraestrutura, profissionais,
mais de 200 milhões de pessoas distribuídas gestão profissional, cooperação,
por um território de mais de 8 milhões de intersetorialidade, transdisciplinaridade
quilômetros quadrados, é o sétimo país dentre muitos outros.
mais socioeconomicamente desigual do
A pandemia de COVID-19 agravou os
mundo e ainda conta com um dos menores
desafios do sistema de saúde no Brasil. O
orçamentos em saúde do mundo.
país registrou mais de 700 mil mortes por
O Sistema Único de Saúde (SUS) é o sistema COVID-19, e o sistema de saúde foi
de saúde pública do Brasil e um dos sobrecarregado, e muitas pessoas tiveram
maiores e mais completos sistemas de dificuldades de acesso ao atendimento
saúde pública do mundo. A Saúde médico. Além da pandemia, o Brasil
Suplementar (SS), toda a ação ou serviço também enfrenta outros desafios, como o
garantido pelas operadoras de saúde, envelhecimento populacional (seremos o
funciona como um suplemento ao direito sexto país do mundo em prevalência de
básico do brasileiro que pode optar por idosos em 2025) e o aumento da
contar com um plano de saúde privado para prevalência de doenças crônicas como
não depender apenas do SUS. Em termos obesidade, diabetes e doenças cardíacas.
de financiamento, os 2 são interligados e Essas doenças exigem disciplina no
interdependentes, e compõem o sistema de tratamento e gastos recorrentes
saúde no Brasil, apesar de, para muitos, incrementando o ônus financeiro no
ficar a sensação serem dois sistemas sistema de saúde.
completamente desconectados. Nosso
A figura 1 ilustra o retrato do cenário de
sistema de saúde enfrenta muitos desafios
saúde no Brasil pós-pandemia.

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O governo brasileiro tem tomado medidas
para melhorar o sistema de saúde, mas


ainda há muito a ser feito. O país precisa
investir mais em saúde, melhorar a
infraestrutura do SUS, trabalhar os dados Precisa haver mais cooperação entre
disponíveis para prevenir doenças e ampliar SUS e SS, mais intersetorialidade, que
o acesso aos serviços em território nacional. nesse contexto se traduz como maior
A saúde é um direito fundamental, e todos cooperação entre diferentes
os brasileiros deveriam ter acesso a serviços ministérios (como por exemplo da
de saúde de qualidade. O governo brasileiro saúde e educação), e mais
tem a responsabilidade de garantir esse
interdisciplinaridade com a
direito, e a sociedade também deve fazer
participação de diversos profissionais
sua parte para melhorar o sistema de
agregando visões diferentes sobre
saúde.
um mesmo tema.
Abaixo detalhamos mais a fundo o contexto
do nosso país nas áreas de avanços Roberta Grabert
científicos, saúde mental, mão de obra


qualificada, investimentos em saúde, custos
em saúde, cenário político econômico,
desigualdades socioeconômicas e mudanças
climáticas.

Falta de mão de obra qualificada


e má distribuição dos
profissionais de saúde
Falta de
Infraestrutura

Aumento dos
Avanços custos em saúde
científicos

Avanços em Falta de conectividade digital


tecnologia
Piora da saúde mental e
Aumento dos envelhecimento populacional
investimentos em saúde
Problemas macroeconômicos
Modelos alternativos (política, economia, clima)
de cuidado
Piora no acesso a saúde

Figura 1. Retrato do cenário de saúde no Brasil pós-pandemia

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Avanços Científicos Apesar dos desafios, o Brasil tem um grande
potencial para avançar na ciência da saúde.
A pandemia de COVID-19 acelerou o
O país tem um quadro qualificado de
desenvolvimento de novas vacinas e
profissionais, uma infraestrutura de
tratamentos para a doença, mas também
pesquisa sólida e uma população numerosa
teve um impacto negativo nos
e jovem. No entanto, é preciso que haja um
investimentos em ciência e tecnologia no
maior investimento em ciência e tecnologia,
Brasil. O país perdeu 34% da verba anual do
uma melhor priorização das pesquisas na
Ministério da Ciência, Tecnologia e
área da saúde e um maior incentivo à
Inovações em 2021, o que limitou o
prevenção e aos hábitos de vida saudáveis.
potencial de avanços científicos na saúde.


Além disso, a pesquisa científica no Brasil
ainda tem um foco muito grande nas
doenças, em vez da saúde. Isso significa que
Muitas vezes as evidências científicas
o país investe pouco em prevenção e em
são absolutizadas. Evidências
incentivos aos hábitos de vida saudáveis.
científicas incipientes que deveriam
Por fim, a falta de conhecimento em ser utilizadas apenas como
pesquisa científica e o analfabetismo em geradoras de hipóteses tornam-se
saúde dificultam a interpretação da verdades absolutas e são
produção científica por parte dos propagadas pela população leiga
profissionais e usuários. Isso pode levar a gerando insegurança.
distorções na interpretação dos resultados
das pesquisas e à propagação de Andrea Bottoni
informações falsas.

Agenda 2035: Moldando o Futuro da Saúde no Brasil



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Saúde Mental

A saúde mental, juntamente com a saúde A saúde mental é importante para a


física e social, compõe a saúde integral. Ela economia do país porque afeta a
é responsável por nosso bem-estar produtividade, a criatividade e a
emocional, psicológico e social. Quando participação no mercado de trabalho.
nossa saúde mental está em dia, somos Quando as pessoas estão mentalmente
capazes de pensar com clareza, tomar saudáveis, elas são mais propensas a estar
decisões acertadas e nos relacionar de presentes no trabalho, a ter mais ideias e a
forma saudável com os outros. serem mais inovadoras. Elas também são
mais propensas a participar na economia
Segundo a OMS, o Brasil é o país com
como consumidores e investidores.
população mais ansiosa do mundo (18,5
milhões de brasileiros têm algum transtorno A falta de saúde mental pode custar muito
de ansiedade) e o quinto país mais dinheiro à economia. Por exemplo, os
depressivo. Apesar da alta prevalência de custos diretos do tratamento de problemas
transtornos mentais no país, estudos de saúde mental no Brasil são estimados
mostram que não houve aumento relevante em R$ 20 bilhões por ano. Os custos
desses transtornos no Brasil durante a indiretos, como a perda de produtividade e
pandemia. a incapacidade para trabalhar, são
estimados em R$ 100 bilhões por ano.
A síndrome de burnout, ou esgotamento
Investir em saúde mental é um
relacionado ao trabalho, foi reconhecida
investimento na economia. Ao melhorar a
pela OMS recentemente (janeiro de 2022) e
saúde mental da população, o país pode
incluída na lista de código internacional das
aumentar a produtividade, a criatividade e a
doenças (CID). Segundo o Internacional
participação no mercado de trabalho. Isso
Stress Management Association, o Brasil é o
pode levar a um aumento do PIB, do
segundo país do mundo com mais casos de
emprego e do bem-estar geral da
burnout (acometendo mais de 30% dos
população.
trabalhadores), perdendo apenas para o
Japão.


Na área da saúde não é diferente. Os
profissionais de saúde são comumente
expostos a diversos fatores predisponentes
Os hospitais sabem que
como tensão emocional, exaustão física,
frequentemente um profissional da
cobranças excessivas, ambiente insalubre,
baixos salários e intensa carga horária de
área da saúde sai de um hospital ao
trabalho. Outro fator agravante do nosso
término de um plantão e vai para um
país é que o sistema permite que o outro hospital, para mais um
profissional de saúde trabalhe em vários plantão. Isso não é seguro nem para
empregos, somando uma extensa jornada o paciente, nem para o profissional e
de trabalho. nem para a instituição. Mas o
sistema sabe e permite.
O sistema de saúde pós pandemia precisa
dar mais atenção à saúde mental e ampliar Andrea Bottoni
o acesso à assistência. É preciso investir em
profissionais qualificados, em equipamentos
e em programas de prevenção e tratamento
de problemas de saúde mental.

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Mão de obra qualificada Custos com Saúde

Uma pesquisa organizada pela Manpower Nos últimos 3 anos, o SUS gastou 40% a
Group revelou que a falta de mão de obra mais com saúde comparado a 2019. E a
qualificada geral no Brasil atingiu a marca saúde suplementar registrou perda de 25%
de 81% em 2022, seis pontos percentuais de sua carteira, aumentos de custos com
acima da média global de 75%, e 3 de 4 insumos e consequentemente, resultados
empresários afirmam ter dificuldades para negativos. Foram seis trimestres
encontrar talentos. consecutivos de prejuízos operacionais, o
que equivale a dizer que desde abril de
Durante a pandemia a escassez de mão de
2021 o negócio de saúde suplementar não
obra qualificada ficou explícita. O aumento
se paga. O repasse desse custo para os
da demanda de profissionais no Sistema
usuários tem sido insustentável, em 2023,
Único de Saúde (SUS) e no Sistema
os reajustes foram da ordem de 10%.
Suplementar (SS) e a má distribuição dos
profissionais nas diferentes regiões do país Brasil ocupa penúltima posição no ranking
levou ao esgotamento dos profissionais do de gastos públicos em saúde segundo IBGE.
setor. Em 2021 a nação investiu apenas 10,5% do
PIB em Saúde, valor bem menor do que a
Além da má distribuição regional dos
média mundial de 15,3%, considerando
profissionais da área da saúde no Brasil
países da OCDE. Desde a Emenda do Teto
existe ainda uma má distribuição de
de Gastos, que entrou em vigor a partir de
profissionais entre as especialidades
2017 e congelou os gastos em saúde e
médicas. Falta direcionamento das vagas de
educação por 20 anos, o SUS perdeu (até
residência para áreas de maior necessidade.
2022) quase 37 bilhões do orçamento
A OMS recomenda uma taxa mínima de 1 federal. E o cenário deve piorar, em 2023 o
médico experiente para cada 1000 orçamento previsto para saúde é o menor
habitantes. Segundo a literatura, 1 médico desde 2019.
experiente equivale a 2,5 médicos recém-
O desinvestimento em saúde no Brasil
formados. No Brasil, temos hoje cerca de
impacta no acesso, na qualidade dos
545 mil médicos em atividade, levando a
serviços, atrasa diagnósticos o que por sua
uma taxa atual de 2,56 médicos por mil
vez, aumenta os custos. É uma bola de
habitantes (muito próximo ao índice de
neve. Somente uma mudança estrutural
outros países como EUA). Os números, no
profunda poderia melhorar a situação atual.
entanto, confirmam a desigualdade na
distribuição e na fixação de médicos pelo


Brasil: a maioria (mais de 290 mil) está
concentrada somente nas capitais,
atendendo a 24% da população brasileira.
O teto de gastos deveria ser de todo
Entre as regiões, a Norte é a mais deficitária
gasto federal, nossos deputados
com uma taxa de 1,45 médicos por 1000
podiam sim mudar as prioridades no
habitantes.
orçamento e renunciar a privilégios e
Um relatório mais recente da OMS trouxe emendas, mas não o fazem.
também uma recomendação de 4,45
profissionais de saúde qualificados para José Antônio Maluf
cada 1000 habitantes (incluindo médicos e


enfermeiros). O Brasil conta hoje com 690
mil enfermeiros atuantes, mas novamente a
distribuição entre as regiões é desigual.

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Investimentos em Saúde

Assim como no resto do mundo, no Brasil A categoria mais comum dentre as startups
também houve um aumento de de saúde brasileiras é a de “gestão”
investimentos no setor de saúde e (podendo abranger gestão de hospitais,
expansão no número das healthtechs. Em clínicas, laboratórios ou exames), seguida
2018 o Brasil tinha 248 startups de saúde por serviços de prontuários eletrônicos. A
mapeadas e ativas. Em 2019, esse número principal diferença do investimento em
havia crescido para 386. Em 2020 o número healthtechs no Brasil dos outros países é
passou para 542 healthtechs catalogadas ― que fora acaba-se investindo mais em
ativas e verificadas ―, que receberam mais Biotech, segmento muito mais comum em
de US$430 milhões em fundos de Venture países desenvolvidos.
Capital nos últimos anos. Em 2023 esse
número já passa de 700 healthtechs.

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Cenário político econômico partidária marcaram os últimos anos no
Brasil.
A economia de um país pode ter um
impacto significativo na saúde de sua E o contrário também é verdade, a falta de
população. Em geral, a falta de recursos acesso à saúde tem um impacto negativo
econômicos limita o acesso a cuidados de tanto na economia quanto na política do
saúde, medicamentos e equipamentos Brasil. As pessoas que não estão saudáveis
médicos necessários para a prevenção e são mais propensas a faltar ao trabalho, a
tratamento. Além da pandemia, a crise perder produtividade e a ser dependentes
energética e o aumento da inflação do governo. Isso pode levar a um aumento
impactaram nosso país nos últimos anos. do desemprego, da pobreza e da
Por volta de 500 mil empresas fecharam desigualdade social. A falta de saúde
suas portas e a taxa de desemprego foi a também pode afetar o voto, a participação
maior registrada desde 2014 (8% em 2022). cívica e a confiança nas instituições
públicas.
A política também acaba influenciando na
saúde. A desinformação, o negacionismo
científico, a desconfiança e a divisão

Desigualdades socioeconômicas e renda. Sua variação é de 0 a 1, mas


quanto mais próximo a 1, melhor as
As desigualdades socioeconômicas e de
condições de desenvolvimento do país. O
saúde estão interconectadas. Em 2019, o
Brasil, em 2019, estava entre os grupos de
Relatório de Desenvolvimento Humano
desenvolvimento humano elevado,
publicado pela Programa das Nações Unidas
ocupando a 79a posição entre cerca de 180
para o Desenvolvimento (PNUD), órgão das
países. Com a pandemia, o Relatório de
Nações Unidas, apresentou um ranking dos
Desenvolvimento Humano publicado em
10 países mais desiguais do mundo. O Brasil
2020/2021 informou que ocorreu uma
aparece em sétimo lugar, entre países
queda dessa posição, para 87ª.
africanos como a Botsuana.
Uma outra forma de observarmos a
No mesmo, é apresentado o índice de
desigualdade social é a distribuição da
desenvolvimento humano (IDH). O Brasil se
renda. Em 2019, 10% dos mais ricos no
destaca como aqueles que mais cresceu e
Brasil concentravam 42% da renda total do
se desenvolveu na América Latina entre
país, o que implica dizer que o restante,
1990 e 2018, representando 24% de avanço
quase 60% da renda total, é dividido para
nesse período. No ranking entre os países
90% da população. Os 1% mais ricos no
da América do Sul, o Brasil ficou atrás do
Brasil, com uma média de renda de R$1,2
Chile, da Argentina e do Uruguai,
milhão concentram mais de um quarto dos
aparecendo em 4º lugar. O IDH, que é um
ganhos nacionais. E a metade mais pobre
indicador de medição do grau de
concentra menos de 1% da riqueza do país.
desenvolvimento de uma sociedade que se
A pandemia ajudou a exacerbar as
pauta em três parâmetros: educação, saúde
disparidades no país.

Agenda 2035: Moldando o Futuro da Saúde no Brasil Página 13


Mudanças Climáticas em desenvolvimento, sozinhos, precisarão
de US$127 bilhões por ano até 2030 e
As mudanças climáticas causam impactos
US$295 bilhões por ano até 2050 para se
diretos e indiretos na saúde, como por
adaptar às mudanças no clima. Os fundos
exemplo aumentar da incidência de
de adaptação, no entanto, chegaram
doenças transmitidas por mosquitos (como
apenas a US$23 bilhões em 2017 e US$46
a dengue e a malária) e afetar a qualidade
bilhões em 2018, representando apenas 4%
da água e do ar (o que pode aumentar o
e 8% do financiamento climático.
risco de doenças respiratórias e infecciosas).
O relatório do IPCC sobre Mudanças A floresta amazônica é nossa maior
Climáticas de 2023 ressalta que o responsabilidade no momento. Por volta de
aquecimento global de 1,1°C desencadeou 44% das emissões brasileiras venham do
mudanças no clima do planeta sem desmatamento, que já atinge quase 20% da
precedentes na história recente e que os área total amazônica. Na COP-26, o país se
impactos do clima nas pessoas e comprometeu a zerar a derrubada até
ecossistemas são mais severos do que se 2028. Nenhum outro país no mundo tem
esperava. E os riscos futuros aumentam a potencial para reduzir tanto suas emissões
cada fração de grau de aquecimento. em tão pouco tempo e com enormes
benefícios ambientais. Manter a floresta em
Dentre as medidas cruciais para mitigar as
pé é uma enorme vantagem estratégica
alterações climáticas estão: parar de usar
brasileira, que pode gerar inclusive ganhos
combustíveis fósseis, combater
econômicos através do mercado de
desmatamentos, investir em energia limpa
carbono. Com uma governança séria e
e descarbonizar. Mas é necessário
empenhada, essa meta é factível.
aumentar o financiamento para expandir as
soluções. De acordo com o IPCC, os países

Agenda 2035: Moldando o Futuro da Saúde no Brasil Página 14


“ O potencial energético eólico e solar, sobretudo do Nordeste, é outra capacidade
ainda pouco explorada no Brasil. O preço dessas tecnologias caiu exponencialmente
nas últimas décadas, e países com menores incidências de luz solar e ventos já
estão à nossa frente nessa área. Não é mais uma questão econômica ou
tecnológica, mas de vontade política.

Roberta Grabert

A saúde e o meio ambiente estão responsabilidade, ética nos negócios e a


intrinsecamente ligados, e o Brasil pode conformidade com as leis e
liderar o caminho na integração da regulamentações.
sustentabilidade ambiental na prática da
Os desafios na adoção de práticas de ASG
saúde. Precisamos falar da prática de ESG
no Brasil são: falta de conscientização e
na saúde. Esta sigla representa três fatores
compreensão, custos iniciais elevados, falta
chave usados para medir a sustentabilidade
de incentivos, corrupção e governança
e o impacto social de uma empresa:
fracas e desigualdades socioeconômicas.
Ambiental, Social e Governança (em inglês
Pressão dos investidores, dos consumidores
ESG). No contexto da saúde, ESG diz
e da sociedade em geral para que as
respeito aos impactos que uma organização
empresas adotem práticas de ASG está
de saúde tem sobre o meio Ambiente, com
aumentando, o que pode ajudar a superar
a gestão de resíduos médicos, o uso
alguns desses desafios. É imprescindível
eficiente de energia, a redução da pegada
que intensifiquemos nossos esforços para
de carbono e a promoção de práticas
expandir a diversidade e a inclusão nas
sustentáveis; Social, sobre as pessoas e
lideranças da saúde. A diversidade tanto de
comunidades que serve, promovendo
gênero quanto étnico-racial é essencial para
equidade, cuidados de saúde de alta
fomentar uma tomada de decisão inclusiva
qualidade, diversidade e inclusão, e o apoio
e para atender às necessidades particulares
ao bem-estar dos funcionários e
de variados grupos.
Governança, uma administração apoiada
em preceitos como transparência,

Agenda 2035: Moldando o Futuro da Saúde no Brasil Página 15


Capítulo 3
Problemas prioritários do sistema de saúde
e propostas para um modelo sustentável
Apesar dos problemas no sistema de saúde Todos os problemas prioritários discutidos
do Brasil (e no mundo) serem muito neste capítulo impactam ambos os setores
anteriores à pandemia, esse contexto (SUS e SS) direta ou indiretamente. Vale
ajudou a explicitar a urgência da ressaltar que esse capítulo não tem por
necessidade de reestruturação dos modelos intenção ser exaustivo, mas sim fornecer as
de saúde atuais. O estresse imposto no nossas reflexões sobre os temas e
sistema de saúde impactou todos os propostas para um modelo mais
stakeholders e apesar do saldo negativo sustentável.
para a maioria deles, surgiram
oportunidades para aprendizado, reflexão e
inovação também dentro do nosso país.

Nosso grupo se reuniu regularmente ao


longo dos últimos 7 meses para discutir os
problemas prioritários do nosso sistema de
“ A ideia é que esse documento seja só
o primeiro de muitos Relatórios
saúde e delinear propostas de melhorias. Reflexões do Comitê Alumni de
Foram elencados ao todo 25 temas Gestão em Saúde do INSPER. O fato
considerados prioritários, a lista completa do nosso grupo ser extremamente
de temas pode ser encontrada no apêndice engajado e de ter representantes de
deste documento. Desses 25 temas, 6 diversos stakeholders do setor da
temas críticos (infraestrutura, eficiência saúde nos faz acreditar que podemos
operacional, atenção primária, alfabetização contribuir para o futuro da saúde do
em saúde, acesso à saúde e modelos de país.
financiamento e reembolso) foram
escolhidos por sua relevância e impacto Michelle Ugolini-Lopes
socioeconômico para serem abordados


nesse primeiro Relatório Reflexões do
Comitê Alumni de Gestão em Saúde do
INSPER.

Agenda 2035: Moldando o Futuro da Saúde no Brasil Página 16


1. Infraestrutura de todo o ecossistema de saúde. Dentre os
exemplos de falta de infraestrutura estão a
Garantir uma boa infraestrutura em saúde falta de saneamento básico, falta de
em um país do tamanho do Brasil é um infraestrutura básica para as unidades
grande desafio, entretanto a existência de básicas de saúde (UBS), falta de
uma mínima infraestrutura é extremamente infraestrutura digital e falta de leitos
importante para garantir o funcionamento hospitalares.


Saneamento básico

Segundo um levantamento realizado em


2023, no Brasil, 100 milhões de pessoas As pessoas não têm noção da
ainda não têm rede de esgoto e 35 milhões relevância que é levar saneamento
não têm acesso a água potável. As regiões básico para a saúde da população de
Norte e Nordeste são as menos favorecidas. uma região. Isso significa, por
O impacto da falta de saneamento básico exemplo, reduzir instantaneamente a
na saúde da população dessas regiões é mortalidade infantil.
alarmante. Levar saneamento básico a uma
região significa, por exemplo, Michelle Ugolini-Lopes
instantaneamente reduzir a mortalidade


infantil.

Infraestrutura para unidades básicas de serviços disponíveis e instalações e


saúde insumos). Esse estudo mostrou que a
subdimensão “instalações e insumos” foi a
A falta de infraestrutura básica e condições
que teve a pior nota. E o cenário não parece
mínimas de trabalho no SUS é um dos
ter mudado. Um levantamento realizado
principais determinantes por trás da
em 2021 mostrou que 48% das unidades de
distribuição desigual de profissionais de
saúde não tinham todos os equipamentos
saúde no território.
necessários, 43% não tinham salas
Um estudo realizado em 2017 analisou a adequadas para vacinação e 21% não
qualidade das UBSs com relação a 5 itens tinham disponíveis itens básicos de higiene,
(existência de equipes, elenco de como pia com água, sabonete, papel-toalha
profissionais, turnos de funcionamento, e lixeira.

Agenda 2035: Moldando o Futuro da Saúde no Brasil Página 17


Infraestrutura digital

Em 2021, 29% das UBSs não tinham acesso


à internet e nem acesso a prontuários
“ A missão do Google é organizar as
informações do mundo todo e torná-
eletrônicos. Nesses estabelecimentos, os las acessíveis e úteis. E ele cumpre
registros eram todos feitos em papel. A bem sua missão. Agora precisamos
implantação do prontuário eletrônico nos conseguir fazer o mesmo com os
grandes centros e cidades maiores é mais dados em saúde para que isso se
fácil, mas nos municípios pequenos e mais traduza em qualidade para o
isolados, um problema enfrentado paciente.
frequentemente é a falta de conexão com a
internet. Michelle Ugolini-Lopes

Leitos hospitalares hospitalares a integralidade do cuidado


acaba sendo prejudicada.
Segundo a OMS, a recomendação da taxa
de leitos hospitalares é de 3 leitos E não é apenas o número de leitos do país
hospitalares por 1000 habitantes. No Brasil, que é subdimensionado. Faltam
a média nacional de leitos hospitalares está equipamentos básicos, faltam insumos,
em torno de 2,1 leitos por 1000 habitantes. medicamentos e suporte em casos de
No entanto, a distribuição é muito desigual. intercorrências. A situação dos hospitais
A maior parte dos hospitais, sobretudo os brasileiros está muito aquém do necessário
privados, se concentram principalmente na para garantir atendimento de qualidade à
região Sudeste, especialmente em São população.
Paulo e Minas Gerais. Sem leitos

Agenda 2035: Moldando o Futuro da Saúde no Brasil Página 18


Propostas para um modelo sustentável - Infraestrutura

1. Implantar um Plano Nacional de Saneamento básico deve estar no topo das


prioridades de políticas públicas.
Levar rede de esgoto e água potável para toda população deve estar entre as principais prioridades
de atuação do estado, seja de forma direta ou no estímulo e viabilização do investimento pelo setor
privado.

2. Estimular a integração da Atenção Primária às estruturas públicas ou privadas já


existentes.
Uma proposta que pode auxiliar na instalação e manutenção de melhorias de infraestrutura básica
para as UBSs são as parcerias público-privadas ou parcerias entre diferentes áreas da atuação
pública.

Atenção primária em farmácias.

Há vários casos de sucesso em outros países que trouxeram a atenção primária para dentro das
farmácias, com ganhos de conveniência ao paciente e redução de custos ao setor público. No caso
brasileiro, as UBSs de regiões menos populosas podem ser planejadas para atuar dentro das
farmácias privadas, em particular aquelas que participam de programas de farmácia populares do
Estado. A legislação atual ainda não prevê explicitamente esse tipo de parceria, mas é uma
alternativa que deve ser considerada de forma complementar ao modelo atual.

Atenção primária para crianças e adolescentes em escolas.

Outro exemplo de integração de estruturas seria trazer o atendimento de atenção primária de


crianças e adolescentes para dentro das escolas. Esse tipo de abordagem permite compartilhamento
de estrutura e de investimento, de serviços e equipes de limpeza e manutenção, elimina a
necessidade de enfermaria exclusiva para a escola. Do ponto de vista de gestão de saúde, permite o
acompanhamento longitudinal dos alunos, identificação precoce de doenças, aplicação de vacinas
dentro dos tempos certos, sem falar de cuidados odontológicos e oftalmológicos. Adicionalmente, a
proximidade de profissionais da saúde também viabiliza ações de educação em saúde ao longo do
ciclo pedagógico.

Atenção primária em modelos consolidados de serviços à população.

Aproveitar modelos de estrutura já consolidados de acesso a serviços fundamentais da população,


como o programa poupa tempo, e inserir serviços básicos de saúde como por exemplo triagem de
acuidade visual e auditiva.

3. Planejar e implementar o acesso à conectividade digital.


Levar internet para todas as regiões é o passo básico para garantir que os avanços tecnológicos se
traduzam em acesso à saúde. Além de internet, é necessário equipar essas unidades com
computadores e prontuários eletrônicos para que os dados possam ser todos digitais e
interconectados.

Agenda 2035: Moldando o Futuro da Saúde no Brasil Página 19


4. Estimular e remunerar adequadamente o uso da telessaúde.
Tendo infraestrutura digital, as teleconsultas e teleinterconsultas podem auxiliar a reduzir o impacto
da má distribuição de profissionais de saúde no território brasileiro. Monitoramento de algumas
doenças crônicas mais prevalentes são facilmente realizadas por teleconsultas. As teleinterconsultas
viabilizam que especialistas possam acompanhar pacientes complexos à distância tendo como ponte
o médico generalista da região.

5. Estimular e organizar um plano de internações domiciliares iniciando nos


grandes centros e comprovar o valor dessa transição.
A desospitalização de casos crônicos ou até mesmo a não hospitalização de casos menos complexos
e que possam ser manejados no domicílio abre leitos para casos mais graves que necessitem de
internação.
Essa estratégia exige a organização de equipes itinerantes que possam realizar medicações
endovenosas domiciliares e um monitoramento do caso. No sistema suplementar essa opção já é
bastante utilizada para reduzir os custos com hospitalizações, porém no SUS ainda é muito
incipiente.

Agenda 2035: Moldando o Futuro da Saúde no Brasil Página 20


2. Eficiência operacional
A eficiência operacional na área da saúde é principais gargalos para ganhos de escala
um desafio constante. Um estudo realizado em eficiência operacional. A não visibilidade
pelo Banco Mundial identificou que 30% dos dados de saúde pelos múltiplos
dos recursos destinados ao SUS no Brasil profissionais de saúde aumenta os custos,
são desperdiçados ou mal utilizados. O prejudica a qualidade do serviço prestado e
problema, porém, não é exclusividade de impacta nos desfechos para os pacientes.
sistemas públicos, organizações privadas Outra dificuldade que o sistema encontra é
também enfrentam os mesmos obstáculos. medir a custo-efetividade das iniciativas. Há
Fraudes e mal uso do SS também são uma falta de clareza do custo dos
frequentes. procedimentos e falta de padronização de
Ao longo da jornada, o paciente repete a resultados (tanto no SUS como no SS). Isso
história clínica diversas vezes – para o impede comparação entre os diferentes
generalista, para especialistas (muitas vezes serviços, minando as oportunidades de
especialista errado) e durante a realização melhorias. Somado a isso, sabe-se que 50%
de alguns exames. Adicionalmente, dos hospitais do Brasil são de pequeno
diferentes profissionais podem necessitar porte e que há uma subutilização dos
de um mesmo exame, muitas vezes levando ambientes de atendimento e equipamentos
à repetição daquele exame com pouco diagnósticos (poucos turnos de
tempo de diferença. Toda essa informação funcionamento) determinando custos mais
replicada é inserida múltiplas vezes em elevados devido à baixa escala dos serviços
diferentes sistemas (ou prontuários em de saúde.
papel), normalmente com pelo menos uma Para quem trabalha no SUS, mesmo nos
etapa manual, gerando retrabalho e grandes centros, é comum observar falta de
fragmentação da informação. Há uma piora materiais e de medicamentos. Claro que o
da experiência do usuário e aumento dos orçamento limitado é um dos
tempos de filas. determinantes, mas erros de logística, de
A não-interoperabilidade de sistemas e monitoramento e de distribuição de
plataformas digitais, ou seja, a falta de estoque também não são infrequentes.
conversa entre os sistemas, é um dos

Agenda 2035: Moldando o Futuro da Saúde no Brasil Página 21


Propostas para um modelo sustentável – Eficiência Operacional
1. Open Health: integração dos dados de saúde com portabilidade pelo paciente e
interoperabilidade pelo sistema.
A adoção de prontuários eletrônicos integrados permitiria a qualquer médico, mediante autorização
do paciente, acessar todo seu histórico clínico, incluindo antecedentes, doenças, vacinas,
tratamentos, histórico familiar e exames. Tal prontuário deveria, inclusive, integrar e disponibilizar as
avaliações realizadas no âmbito da saúde do trabalho.

Esse tipo de abordagem pressupõe uma padronização de informações e formatos de dados a serem
trocados, e a participação de diversas organizações como fornecedores e consumidores de dados
(SUS, operadoras de saúde suplementar, hospitais, clínicas e laboratórios). Tal padronização exige
participação de todas essas entidades, e, da mesma forma que para a viabilização do Open Banking,
é fundamental a atuação regulatória para fomentar e coordenar essa evolução, inclusive para
regulamentar a atuação de hospitais, laboratórios e pacientes de modo a reduzir a duplicidade de
exames nos casos indevidos.

2. Integração e coordenação do cuidado.


É fundamental que o paciente tenha um profissional de saúde fazendo a coordenação do seu
cuidado. O coordenador de cuidado tem a função de triar e orientar o paciente em suas demandas.
Ele deve ser o primeiro ponto de contato do paciente, e ele que sugere a melhor conduta: seja
procurar um serviço de urgência, seja orientar qual especialista deve ser consultado, seja na
orientação de medidas simples de educação em saúde. Além desse papel de triador, ele deve exercer
um papel de fomentador da saúde, capturando dados de monitoramento contínuo da doença,
lembrando o paciente dos momentos de medidas preventivas (vacinas, rastreamentos) além de tirar
dúvidas. O uso das teleconsultas viabiliza a coordenação do cuidado de maneira mais conveniente
para o paciente e sem a necessidade de investimento em infraestrutura.

3. Serviços devem ser especializados em linhas de cuidado e não em


especialidades.
Uma linha de cuidado centraliza em um mesmo local todos os profissionais que um paciente precisa
para cuidar bem da sua doença com maior comodidade e precisão. As linhas de cuidado também
protocolos de cuidados baseados em evidências e têm um olhar focado em desfechos padronizados.

4. Utilizar metodologias validadas para aferição de custos


Uma das dificuldades de se definir custos em setores de serviços é que a principal variável a ser
aferida é o tempo. Uma das metodologias existentes para se medir custos no setor de saúde é o
Time-driven activity based costing (TDABC). Se cada serviço a conhecer seus custos, abre-se
oportunidade para um alinhamento de demanda versus capacidade. Isso permite ganhos de escala e
redução de custos. Todo serviço deveria conhecer os seus custos.

Outra sugestão relevante para o sistema seria a criação de tabelas de custo e preço por
procedimento em cada hospital da rede pública e privada, permitindo ao setor público contratar
serviços na rede privada onde houver benefício em termos de custo-efetividade. Isso também
viabilizaria uma atualização mais frequente da tabela de remuneração do SUS, que ao nosso ver
deveria ser anual e conforme custos efetivos.

Agenda 2035: Moldando o Futuro da Saúde no Brasil Página 22


5. Promover e mensurar a utilização de desfechos padronizados.
O Value-Based Heath Care (VBHC), um modelo inovador de reembolso em saúde, sugere que
desfechos que verdadeiramente importam para o paciente sejam padronizados, monitorizados e
publicados. Essa metodologia incentiva a criação de ambientes que propiciem benchmarking para
melhorias sistemáticas em saúde.

Exemplos de desfechos a serem publicados são: taxas de sucesso de cirurgias, taxa de infecção
hospitalar, taxas de erros laboratoriais, entre muitos outros. Essa medida direciona a demanda para
os mais efetivos e estimula todo o setor a melhorar seus índices de desempenho.

Este trabalho pode ser iniciado nos grandes centros que se encarregariam de polinizar a metodologia
para outros hospitais conforme cronograma definido por uma Comissão Federal de Medicina
Baseada em Valor.

6. Realizar gestão de estoques e de desperdícios.


Diversos setores, de combustíveis ao varejo de vestuário, têm investido com sucesso no uso de
inteligência artificial para predição de demanda de itens específicos. No caso da saúde, modelos
preditivos de demanda de grupos de medicamentos, considerando características demográficas
regionais, sazonalidade de doenças, custo-efetividade do tratamento, prioridade no uso do
medicamento frente a alternativas existentes, entre outros fatores, podem ajudar a reduzir tanto a
escassez de medicamentos quanto o desperdício.

O monitoramento centralizado de estoques públicos e privados de medicamentos, com mecanismos


de mercado para negociação e redistribuição de excedentes, pode viabilizar o suprimento de regiões
sub atendidas e reduzir o custo de todo o setor.

7. Promover capacitação oficial de gestores de saúde para enfrentar as mudanças


do setor.
Capacitar os gestores de saúde para conhecer metodologias inovadoras que viabilizem a
sustentabilidade do sistema. Gestores de saúde, além de terem que conhecer as particularidades e
dificuldades desse ecossistema e precisam tomar mais decisões baseadas em dados, precisam ser
mais ambiciosos, corajosos e usar a tecnologia e a inteligência artificial ao seu favor.

“ O trabalho de implantação de desfechos padronizados por patologia pode por


exemplo ser iniciado nos grandes centros que se encarregariam de polinizar a
metodologia para outros hospitais conforme cronograma definido por uma
Comissão Federal de Medicina Baseada em Valor.

José Antônio Maluf

Agenda 2035: Moldando o Futuro da Saúde no Brasil


” Página 23
3. Atenção primária Organização Mundial de Saúde (OMS)
definiu o conceito de saúde como: “o
Apesar da atenção primária ser em teoria o estado do mais completo bem-estar físico,
alicerce e a porta de entrada do SUS, na mental e social e não apenas a ausência de
prática, por motivos já descritos enfermidade”. Nos dias atuais, em uma
anteriormente, nem sempre o acesso pelo rápida consulta no ChatGPT, utilizando a
paciente a essa porta de entrada é fácil. consulta "principais temas de saúde que
Quando falamos em saúde suplementar o uma pessoa deve conhecer para que possa
problema é ainda maior. Atenção primária cuidar da própria saúde", a resposta incluiu
nunca foi o foco da saúde suplementar. conhecimentos sobre nutrição, atividade
Prevenção e promoção sempre foram vistas física, higiene pessoal, prevenção de
como gastos adicionais e não como doenças, gerenciamento do estresse, uso
oportunidades de redução de doenças e adequado de medicamentos e prevenção
custos no longo-prazo. de lesões. Uma resposta que praticamente
descreve os diversos aspectos da atenção
Uma grande barreira para implementação
primária.
da atenção primária é a falta de
conhecimento da população sobre o Ainda relacionado à cultura de não valorizar
sistema. A população não conhece quais a atenção primária, os médicos raramente
são suas portas de entrada do sistema e as optam por uma carreira mais generalista
vantagens da atenção primária. com foco em atenção primária. O que faz
Culturalmente no Brasil, atenção primária com que o sistema fique menos suprido
não é vista pelo usuário como algo de valor. desses profissionais.
O ser humano é por natureza imediatista,
então serviços de como prontos-socorros Para o bom cuidado de uma doença
acabam abarrotados por demandas que ou crônica, geralmente mais de um profissional
poderiam ter sido evitadas na atenção ou mais de uma modalidade de terapia são
primária ou poderiam ter sido absorvidas necessárias tornando o cuidado dos
pela atenção secundária desde que o pacientes crônicos é muito inconveniente,
usuário tivesse informação. trabalhoso o que reduz a adesão ao
tratamento.
A população também desconhece conceitos
básicos relacionados à saúde. Em 1948, a

Agenda 2035: Moldando o Futuro da Saúde no Brasil Página 24


Propostas para um modelo sustentável – Atenção Primária
1. Dimensionar adequadamente as diferentes áreas do sistema de saúde.
Atenção primária deveria representar 70% dos serviços em saúde e atenção secundária e terciária
apenas 30%. Além de investimento adequado para infraestrutura de uma rede primária de
qualidade, deveria haver um incentivo maior para formação de profissionais voltados para atenção
primária. Isso inclui saúde bucal, nutrição e fisioterapia.

2. Capacitar profissionais baseando-se na demanda real da população.


O sistema educacional deveria direcionar as vagas de residência e especialização médicas e de outros
profissionais de saúde para as áreas mais necessitadas. A abertura e fechamento de vagas deveria
ser regulada e monitorado pelo governo. A capacitação baseada em demanda automaticamente
resolveria alguns problemas como a falta de profissionais na atenção primária ou de especialistas
para lidar com envelhecimento populacional (um dos desafios que já estamos enfrentando em
saúde).

3. Promover e estimular a educação da população sobre a relevância da atenção


primária em todos os ambientes.
Cada pessoa deveria conhecer bem os riscos sistêmicos e riscos individuais em saúde. Calculadoras
de riscos poderiam ser usadas para ensinar a população quais medidas personalizadas poderiam ser
adotadas para uma melhor prevenção de doenças.

Ensinar sobre o uso correto do sistema de saúde, também é crucial. Quais são as portas de entrada, o
que caracteriza uma urgência, e a relevância da prevenção. Da mesma forma, definir o que é
considerado mau uso e fraude e quais as repercussões para os usuários do sistema também é
relevante.

4. Promover uma gestão de pacientes crônicos custo efetiva.


A gestão de pacientes crônicos consiste em um conjunto de práticas, estratégias e tecnologias que
visam promover o cuidado efetivo e integrado de pacientes com doenças crônicas. A gestão de
crônicos, além de colocar o paciente no centro do cuidado, gerar conveniência e melhora de
desfechos, auxilia na redução dos custos por gerar escala e para uma equipe com expertise.

Deve haver também uma política abrangente social para atender aos idosos, população que cresce
rapidamente no Brasil, e que é muito impactada pela falta de acesso, falta de profissionais
especializados e falta de uma cultura voltada para as necessidades dessa população.

Agenda 2035: Moldando o Futuro da Saúde no Brasil Página 25


4. Alfabetização em saúde
Um recente relatório publicado pelo Fórum alfabetização é o período quando
Econômico Mundial buscou estabelecer adquirimos habilidades de leitura, escrita e
uma visão e agenda comuns para o tema da compreensão. É um requisito fundamental
Saúde até 2035. O estudo estabelece que nos permite aprendizado contínuo ao
equidade como uma meta fundamental longo da vida e o exercício pleno da
para gerar todas as mudanças almejadas e cidadania. No contexto da saúde brasileira,
cita 4 pilares para o avanço do assunto: associou-se o termo alfabetização em saúde
assegurar a igualdade de acesso e mais comumente à habilidade de
resultados para todos, estruturar os interpretar e compreender conteúdos sobre
sistemas de saúde resilientes para fornecer saúde e tomada de decisões informadas no
cuidados de alta qualidade, cultivar um enfrentamento de condições de saúde.
ambiente para apoiar a inovação na ciência Segundo a Constituição Federal de 1988,
e a medicamentos e reduzir o impacto no artigo 196, estabelece que: “a saúde é
meio-ambiente abordando a mudança direito de todos e dever do Estado,
climática. Para isso ser alcançado, há várias garantido mediante políticas sociais e
barreiras, públicas e/ou privadas, onde a econômicas que visem à redução do risco
confiança na indústria e a alfabetização em de doença e de outros agravos e ao acesso
saúde estão entre as mais significativas para universal e igualitário às ações e serviços
os 3 primeiros pilares. para a promoção, proteção e recuperação”.
Saber ler, interpretar e compreender o
De maneira geral, o processo de assunto é vital.

Em muitas situações, um evento em saúde O Estado, que deve continuar a ter papel
pode incluir também desafios de relevante na comunicação do tema, pode
comunicação e relacionamento entre investir em campanhas adicionais para
profissionais de saúde e pacientes. Uma recuperar a cobertura vacinal, fundamental
comunicação ineficaz tende a resultar em para a erradicação de doenças, e de outros
erros, má qualidade e riscos para a temas relacionados à saúde e acesso à rede
segurança do paciente. Pacientes com baixo do SUS. No Brasil, consultando as
nível de alfabetização em saúde relatam estatísticas disponíveis para a cobertura
que profissionais de saúde falam rápido, vacinal desde 1998, que era de 38,2%,
com uso de termos incompreensíveis e não atingiu pico em 2015 com 95% de cobertura
se certificam que o seu estado de saúde foi e em 2022 foi de apenas 68%.
compreendido. Em certas situações, a
alfabetização em saúde é também mais do
que transmitir informações e marcar
consultas.

Agenda 2035: Moldando o Futuro da Saúde no Brasil Página 26


Propostas para um modelo sustentável – Alfabetização em Saúde

1. Inserir uma matéria sobre educação em saúde na grade curricular escolar.


Educação em saúde e em sistema de saúde deveria começar na escola. Assim o autocuidado já
iniciaria cedo na vida de cada um. Além dos benefícios para a própria criança, muitas vezes elas
funcionam como disseminadores de informação para sua família e amigos.

2. Aumentar o papel do Estado na comunicação em saúde.


Dentre os temas abordados em campanhas do Ministério da Saúde, entre 2021 e meados de 2023, é
possível observar a inclusão de temas como: qualidade da água, atenção primária, obesidade, infarto
agudo do miocárdio, entre outras. No entanto, poderiam também ser abordados mais temas como,
por exemplo, nutrição, higiene pessoal, atividade física, predisposições de doenças do
envelhecimento ou como utilizar o SUS com mais facilidade e efetividade.

3. Utilizar a tecnologia para despertar o interesse no tema de saúde.


Aparelhos eletrônicos diversos com acesso à Internet e aplicativos para monitoramento de hábitos
(como, por exemplo, quantidade de passos percorridos, batimentos cardíacos e alimentação)
aumentaram as possibilidades de acesso aos dados de saúde de forma mais barata. Em 2022, mais
de 240 milhões de celulares estavam distribuídos nas mãos dos brasileiros e brasileiras. O uso desses
aplicativos de monitoramento de saúde desperta o interesse da população para o tema.

4. Criar incentivos (‘nudges”) inteligentes para tornar a população mais saudável.


Vários estudos mostraram que o comportamento humano é altamente influenciável por questões
circunstanciais. Por exemplo, os mercados colocam as guloseimas próximas ao caixa, pois isso
promove o maior consumo desses itens. A localização dos itens na prateleira de um mercado
também incentiva o maior consumo de uma marca em relação a outras, por exemplo as prateleiras
mais centrais têm seus produtos mais consumidos do que as prateleiras superiores ou inferiores. E
se tais nudges fossem utilizados em favor da saúde? E se próximo ao caixa existisse água,
oleaginosas e frutas? E se os alimentos menos saudáveis fossem colocados nas últimas prateleiras?
São estratégias que podem auxiliar as pessoas a terem melhor escolhas para sua saúde.

Da mesma forma, os aplicativos podem nos dar incentivos para desenvolvermos hábitos saudáveis
como beber mais água, fazer exercícios e ter atividades de lazer. Os incentivos podem ser simples
como alarmes, ou mais estruturados como sistemas de pontos ou benefícios.

Agenda 2035: Moldando o Futuro da Saúde no Brasil Página 27


5. Acesso à saúde procedimentos, medicações e tecnologias.

Apesar da trajetória de avanços na garantia Alguns dos principais problemas que


do acesso à saúde no país, ainda há falta de perpetuam a falta de acesso são:
acesso para grande parte da população. - A insuficiência dos recursos públicos
Uma pesquisa nacional do IBGE 2019 destinados ao SUS, que compromete a
demonstrou que 71,5% dos brasileiros qualidade e a eficiência dos serviços
(equivalente a mais de 150 milhões de prestados à população
pessoas) não possuem qualquer serviço de
saúde suplementar, como planos médico- - A desigualdade no acesso à saúde entre as
hospitalares ou odontológicos. Ela diferentes regiões, classes sociais e grupos
evidenciou também as desigualdades populacionais, que reflete as disparidades
regionais e sociais no acesso à saúde socioeconômicas do país.
suplementar no país.
- A precarização das condições de trabalho
Embora a proposta do Sistema Único de dos profissionais de saúde, que enfrentam
Saúde (SUS) tem como premissa garantir o baixos salários, jornadas extensas, falta de
acesso integral, universal e gratuito para infraestrutura e insumos, entre outros
toda a população do país, esse acesso ainda fatores.
é muito prejudicado por problemas
- A influência dos interesses econômicos e
crônicos como a falta de financiamento, o
políticos do setor privado na formulação e
mau gerenciamento de insumos, falta de
na implementação das políticas públicas de
planejamento estratégico e a desigualdades
saúde.
regionais na distribuição dos profissionais e
serviços médicos. E a realidade é que não - A dificuldade de fiscalização e controle dos
consegue garantir essas premissas do SUS serviços prestados pelo setor privado, que
sem a participação da rede privada, pode gerar abusos, fraudes, desperdícios e
principalmente quando se fala em alta irregularidades.
complexidade.
- Modelo de saúde atual hospitalocêntrico,
Existe uma complementaridade de ações do pluripotente e falta de foco no paciente.
setor privado e do SUS, mediante contrato
ou convênio, tendo preferência as
entidades filantrópicas e as sem fins
lucrativos. Os setores privados hoje
atendem a mais de 40 milhões de
consumidores com suas contribuições
“ Temos que admitir a persistência de
problemas crônicos como o mau
regulares, sustentam a assistência de gerenciamento, falta de habilidades de
cuidados primários, secundários e terciários gestão, planejamento, associado a
e quando utilizam o serviço público, são histórica falta de investimentos
obrigados a realizar repasses regulares e financeiros. Todos eles acabam
controlados pela ANS.
prejudicando o acesso a saúde.
O acesso ao setor privado de saúde ainda é
desafiador para a população. Embora Ana Meneguetti
regulamentado pela Agência Nacional de
Saúde (ANS), não se consegue manter a
inflação na saúde em níveis controlados,
devido à pressão por incorporação de novos

Agenda 2035: Moldando o Futuro da Saúde no Brasil Página 28
Propostas para um modelo sustentável – Acesso à saúde
1. Aumentar o financiamento público para o SUS.
Uma das propostas é a revisão da Emenda Constitucional 95/2016, que limita os gastos públicos em
saúde por 20 anos.

2. Ampliar a participação social na gestão do SUS.


A ampliação da participação social, por meio dos conselhos e das conferências de saúde (que são
espaços democráticos de controle social) pode auxiliar a apontar quais as necessidades prioritárias.

3. Valorizar os trabalhadores da saúde.


Garantia de salários dignos, condições adequadas de trabalho, educação continuada e planos de
carreira. Os planos de carreira poderiam resolver de maneira significativa as disparidades regionais
de número de profissionais de saúde, aumentando o acesso nessas regiões.

4. Aumentar a regulação do setor privado de saúde.


Fiscalização rigorosa dos contratos e convênios com o SUS, do ressarcimento das ações prestadas
pelo SUS aos usuários de planos privados e das transferências de recursos públicos para o setor
privado.

5. Promover a saúde integral da população.


Adoção de políticas intersetoriais que abordem os determinantes sociais da saúde, como educação,
moradia, saneamento, alimentação, entre outros.

6. Maior hibridização da assistência.


Aumento das parcerias público-privadas para garantir um funcionamento simultâneo de uma rede
de atendimento pública e gratuita ao cidadão e outra privada, que atua de maneira complementar.

7. Fomentar o uso da tecnologia e inteligência artificial (IA)


Ainda temos uma longa jornada para pensar soluções que viabilizem o acesso, parece promissora a
participação da AI Inteligência artificial no mapeamento das demandas de saúde e a análise dos
dados de forma estratégica para soluções criativas e inovadoras.

Agenda 2035: Moldando o Futuro da Saúde no Brasil Página 29


6. Modelos de financiamento e
reembolso

Financiamento site Index Mundi, mostra o gasto com saúde


por país em porcentagem do Produto
O financiamento em saúde no Brasil vem
Interno Bruto (PIB). Segundo esse mapa, os
passando por modificações, mas ainda não
países que mais gastam em saúde em
temos efetividade, convivemos com
relação ao seu PIB são Ilhas Marshall
subfinanciamento de forma criativa, tendo
(22,6%) seguido dos Estados Unidos (17%).
resultados melhores do que outros países
que investem mais per capita, mas ainda Para enfrentar o grande desafio do
não temos uma solução efetiva. subfinanciamento é preciso inovar em
captação de recursos, em sistemas para
O Brasil gasta em saúde cerca de 9,2% do
capturar informações que subsidiem
PIB, mas apenas 4% desse valor é
decisões estratégicas, em manter uma
proveniente de recursos públicos. A maior
infraestrutura adequada, em capturar
parte das despesas é privada, o que significa
indicadores para análise da qualidade do
que apenas uma parcela da população
atendimento, em reduzir os gastos
(cerca de 23%) tem acesso a planos de
desnecessários (como procedimentos
saúde. Além disso, há problemas de
desnecessários, prescrições indevidas,
eficiência e qualidade no uso dos recursos,
hospitalizações evitáveis, e fraudes no
tanto no setor público quanto no privado. O
sistema).

Algumas iniciativas inovadoras recentes no Brasil em termos de financiamento foram:

- O programa Previne Brasil, lançado em 2019 pelo governo federal, que modificou o
financiamento da APS para os municípios e o Distrito Federal. Esse programa leva em conta o
número de pessoas cadastradas nas equipes de saúde e os resultados alcançados em um
grupo de indicadores. O objetivo é ampliar os repasses e incentivar a qualidade dos serviços.
No entanto, esse programa também tem sido alvo de críticas, pois pode limitar a
universalidade, aumentar as distorções no financiamento.

- O modelo de vigilância da saúde, que propõe uma integração entre as ações de promoção,
prevenção e assistência à saúde, buscando superar a fragmentação do modelo centrado na
doença. Esse modelo exige o estabelecimento de novas estratégias que recuperem o
paradigma da saúde centrado na qualidade de vida e desenvolvimento global das
comunidades com participação dos cidadãos.

- Proposta de modelo de financiamento da Atenção Básica à Saúde baseada na alocação de


recursos por meio de um índice composto por indicadores epidemiológicos,
socioeconômicos e demográficos, visando promover maior equidade e eficiência na
distribuição dos recursos.

Agenda 2035: Moldando o Futuro da Saúde no Brasil Página 30


O Brasil possui um modelo de Outro modelo é o assistencialista, que se
financiamento em saúde misto, ou seja, baseia na assistência social e na filantropia
combina elementos de diferentes modelos. para prover serviços de saúde para grupos
vulneráveis ou carentes. Esse modelo é
O modelo universalista de financiamento do
representado pelas entidades beneficentes
SUS é um modelo baseado na solidariedade
de assistência social na área da saúde
social. Isso significa que todos os brasileiros,
(EBAS), como as Santas Casas de
independentemente da sua condição social,
Misericórdia, que recebem isenções fiscais e
contribuem para o financiamento do SUS.
recursos públicos para prestar serviços ao
Os recursos financeiros do SUS são
SUS.
arrecadados por meio de impostos,
contribuições sociais e outros mecanismos Por fim, há também o modelo liberal, que
provenientes das três esferas de governo se baseia na livre iniciativa e na competição
(União, estados e municípios) e que oferece do mercado para prover serviços de saúde
serviços gratuitos e integrais para toda a para quem pode pagar. Esse modelo é
população brasileira. representado pelo setor privado de saúde,
que inclui os planos e seguros de saúde,
Além do SUS, existem outros modelos de
bem como os hospitais, clínicas,
financiamento em saúde no Brasil, que
laboratórios e consultórios particulares. O
atendem parcelas específicas da população.
setor privado atende cerca de 25% da
Um deles é o previdenciarista, que se baseia
população brasileira, que paga
na contribuição dos trabalhadores e
mensalidades ou taxas para ter acesso aos
empregadores para um fundo público que
serviços de saúde.
garante a cobertura de determinados
serviços de saúde. Esse modelo é
representado pelo Sistema de Saúde dos
Servidores Públicos Federais (SIS), que
atende os servidores públicos federais e
seus dependentes.

Agenda 2035: Moldando o Futuro da Saúde no Brasil Página 31


Propostas para um modelo sustentável – Modelos de financiamento
Healthtechs e fintechs, respectivamente startups que usam tecnologia para oferecer soluções
inovadoras nos setores de saúde e financeiro, podem ter um papel importante no financiamento em
saúde no Brasil, pois podem contribuir para ampliar o acesso, reduzir os custos, melhorar a
qualidade e a eficiência dos serviços de saúde para a população. Algumas das possibilidades de
atuação das healthtechs e fintechs no financiamento em saúde no Brasil são:

1. Soluções mais acessíveis e personalizadas.


Planos e seguros de saúde mais acessíveis e personalizados, que atendam às necessidades e ao perfil
dos clientes, usando algoritmos, inteligência artificial e Big Data para analisar riscos,
comportamentos e preferências.

2. Soluções seguras para telemedicina.


Oferecer serviços de telemedicina, que permitem consultas, diagnósticos, prescrições e
acompanhamentos à distância, por meio de plataformas digitais, reduzindo as barreiras geográficas,
os deslocamentos e as filas de espera.

3. Sistemas de gestão de saúde.


Oferecer sistemas de gestão de saúde, que integram dados, processos e fluxos de trabalho entre
diferentes agentes do setor de saúde, como pacientes, profissionais, clínicas, hospitais, laboratórios,
operadoras e fornecedores, otimizando o uso dos recursos e a qualidade do atendimento.

4. Facilitar pagamento e cobrança.


Oferecer soluções de pagamento e cobrança, que facilitam as transações financeiras entre os
usuários e os prestadores de serviços de saúde, usando meios digitais, como cartões, aplicativos e
carteiras virtuais, aumentando a segurança, a transparência e a conveniência.

5. Soluções de financiamento coletivo ou consórcio.


Oferecer soluções de financiamento coletivo ou consórcio, que permitam que as pessoas contribuam
entre si para arcar com os custos de tratamentos ou procedimentos de saúde, usando plataformas
online que conecta doadores e beneficiários.

Agenda 2035: Moldando o Futuro da Saúde no Brasil Página 32


Reembolso

O sistema de saúde brasileiro, não importa Nesse sentido novos modelos de reembolso
qual modelo de financiamento estamos com maior foco em qualidade e centrados
falando, trabalha principalmente sob um no paciente vem sendo estudados. Um dos
regime de reembolso chamado pagamento mais famosos, descrito por Michael Porter,
por serviço (do inglês fee-for-service). é o Value-Based Heath Care (VBHC),
Mesmo os modelos que recebem por também conhecido como fee-for-value. O
contrato baseiam o valor do contrato no VBHC sugere que os reembolsos sejam
volume de atendimentos. Nesse sistema de feitos por ciclo de cuidado ou vidas (no caso
reembolso, o que faz o prestador do serviço de atenção primária, por exemplo) ou por
ter mais lucro é gerar volume. Nessa busca pacotes de serviços (“bundles”). Os bundles
por aumentar os volumes de atendimentos, devem incluir no seu custeio não apenas o
de exames e de procedimentos é que o preço do procedimento, mas o preço de
problema se inicia. Mais consultas, exames uma eventual complicação do
e procedimentos do que realmente seriam procedimento ou de uma reinternação.
necessários são indicados gerando uma Esse modelo traz responsabilidade para o
distorção no sistema. Para favorecer a prestador. Responsabilidade de conhecer
quantidade, se diminui a qualidade e se seus custos e de trabalhar com qualidade
perde o foco no paciente. para evitar desfechos ruins. É exatamente o
oposto do fee-for-service que acaba
Recentemente, várias operadoras de saúde
beneficiando financeiramente o hospital
decidiram verticalizar-se. A verticalização
que tem uma reinternação por exemplo. O
impõe mais controle sobre os prestadores
VBHC também advoga que os desfechos
através da imposição de regras
que verdadeiramente importam para o
delimitadoras como por exemplo número
paciente sejam padronizados,
máximo de exames que pode ser solicitado
monitorizados e publicados incentivando a
por um profissional em um plantão, ou
criação de ambientes que propiciem
número máximo de internação por turnos.
benchmarking para melhorias sistemáticas
Do ponto de vista de controle de custos
em saúde.
funciona, mas novamente se diminui a
qualidade e se perde o foco no paciente.

Propostas para um modelo sustentável – Modelos de reembolso

Investir em modelos de reembolso que tragam responsabilidade compartilhada para os


prestadores que sejam preocupados com qualidade.

Agenda 2035: Moldando o Futuro da Saúde no Brasil Página 33


Capítulo 4
Agenda 2035: Moldando o Futuro da Saúde no Brasil

O Comitê Alumni de Gestão em Saúde do modelo mais sustentável. A figura abaixo


INSPER tem uma visão clara de que o traz um resumo da nossa visão e das
sistema de saúde brasileiro precisa propostas para viabilizá-las. Esperamos com
urgentemente de uma mudança estrutural esse documento inspirar líderes e gestores
para se tornar sustentável. Ao longo desse em saúde a caminhar conosco nessa
relatório fizemos uma análise crítica dos jornada por um melhor futuro da saúde no
problemas prioritários em saúde e Brasil.
detalhamos propostas para tornar o

Visão do sistema de saúde em 2035 | Mudança Estrutural

Foco no Mais Mais Maior Financeiramente


paciente acesso qualidade conveniência sustentável

Agenda 2035 de propostas


- Maior papel da atenção primária no sistema
- Investimento coordenação de cuidado, linhas de cuidado e gestão de crônicos
- Otimização dos espaços públicos e parcerias público-privadas
- Aumento da conectividade digital e Interoperabilidade
- Aumento da captura de informações para possibilitar decisões baseadas em dados
- Utilização de tecnologia para reduzir distâncias e IA para remover barreiras
- Migração gradual do modelo atual de reembolso para modelos de fee-for-value
- Maior eficiência operacional, gestão de estoques e logística de distribuição
- Maior controle de fraudes
- Inserir educação em saúde na grade curricular das escolas
- Capacitação dos profissionais baseada em demanda
- Planos de carreira para o setor de saúde
- Maior participação do Ministério da Saúde na comunicação em saúde e na criação de planos de carreira
- Capacitar gestores de saúde preparados para mudança

Alicerces do nosso sistema de saúde


Equidade Integralidade Universalização

Significa o atendimento personalizado, Prevê atendimentos e tratamentos de


que cuide das necessidades de cada forma integral - da prevenção aos O Estado deve garantir que os serviços do
paciente, de acordo com sua situação de tratamentos mais complexos e diferentes SUS cheguem a todos os cidadãos.
saúde. especialidades.

Agenda 2035: Moldando o Futuro da Saúde no Brasil Página 34


Apêndice

Quadro 1. Lista de problemas críticos em Saúde no Brasil levantados nas discussões


do Comitê Alumni de Gestão em Saúde do INSPER

Problemas Críticos em Saúde no Brasil


1 Infraestrutura
2 Eficiência Operacional
3 Falta de foco na atenção primária
4 Alfabetização e comunicação em saúde
5 Acesso à saúde
6 Desafios com financiamento e reembolso
Incapacidade da população de avaliar a qualidade do cuidado (por ausência de
7
dados objetivos e transparentes)
8 Falta de foco no paciente e preocupação com qualidade
9 Interoperabilidade de sistemas e confidencialidade de dados
10 Falta de cooperação, intersetorialidade, transdisciplinaridade
11 Alto custo das novas tecnologias
12 Manutenção e escalabilidade da capacidade durante pandemias
13 Problemas da cadeia de suprimentos
14 Incentivos restritos à inovação
15 Escassez de mão de obra qualificada e distribuição desigual de profissionais
16 Envelhecimento populacional
17 Impacto das questões climáticas na saúde dos países em desenvolvimento
18 Diversidade e Inclusão
19 Falta de preocupação com ESG
20 Gestão não profissional do sistema
21 Falta de preocupação com a qualidade dos serviços
22 Modelo de saúde atual hospitalocêntrico, pluripotente e ineficiente
23 Falta de padronização na medição de resultados ao longo do tempo
24 Deterioração da saúde mental e do bem-estar
25 Velocidade das mudanças regulatórias

Agenda 2035: Moldando o Futuro da Saúde no Brasil Página 35


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education and communication strategies into the fintechs? - Medicina S/A. Disponível em:
21st century. Health Promot Int 2000; (15):259-67 https://medicinasa.com.br/healthtechs-novas-
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review and integration of definitions and models. 79. Fintechs investem recursos no setor de saúde
Disponível em: no Brasil. Disponível em:
https://bmcpublichealth.biomedcentral.com/articl https://summitsaude.estadao.com.br/tecnologia/f
es/10.1186/1471-2458-12-80. intechs-investem-recursos-no-setor-de-saude-no-
70. Conheça novas regras para financiamento da brasil/.
Atenção Primária. Disponível em:

Agenda 2035: Moldando o Futuro da Saúde no Brasil Página 39


Colaboradores

Vitor Piana de Andrade


Diretor Geral do AC Camargo Cancer Center. Médico patologista com pós-
doutorado pelo Memorial Sloan Kettering Cancer Center. MBA em Gestão
de Saúde pelo INSPER e Harvard Business School.

Elenise Colletti
Diretora de Market Access & Public Affairs na IPSEN. Advogada, pós-
graduada em Direito Comercial. Gestão Estratégica e MBA em Saúde pelo
INSPER. Experiência nas áreas jurídica, compliance, comercial, tecnologia
em saúde, advocacy, e políticas públicas.

João Carlos de Campos Guerra


Professor Assistente da pós-graduação da Faculdade Israelita de Ciências da
Saúde. Coordenador da Hematologia e Coagulação, Patologia Clínica, HIAE.
Vice- Presidente do SindHosp. Presidente do CHSP. Médico Hematologista e
Patologista Clínico PHD pela FMUSP, MBA pelo INSPER e Governança
Corporativa Einstein pelo INSPER.

José Antônio Maluf


Médico pela FMSCMSP, Residência pelo HCFMUSP, MBA de Gestão
Hospitalar pelo “Health Minds”. Consultor do Programa de Gestão e
Desenvolvimento do Corpo Clínico no HIAE, Coordenador da Capacitação
Governança e do Cuidado do CBEXS. Pertence ao Comitê de Saúde e de
Políticas Públicas do INSPER. Experiência em gestão, saúde corporativa,
gestão de crônicos, cuidados domiciliares e educação em saúde.

Michelle Ugolini Lopes


Diretora de Farmacovigilância na área de Imunologia no Eli Lilly. Médica
Reumatologista com pós-doutorado pela FMUSP. MBA em Gestão de
Saúde pelo INSPER e Curso de Value Based Health Care pela Harvard
Business School.

Página 40
Colaboradores

Fabrício Quesado Nicoletti


Profissional com mais de 15 anos de experiência nas áreas de projetos,
planejamento e RH. Formado em Administração de empresas pelo INSPER e
MBA em RH pela FIA.

Renata Vilenky
Conselheira em Estratégia e Inovação, Membro da Academia Europeia da
Alta Gestão, Coautora de livros nos temas de Inovação, Estratégia e Liderança
e Saúde; Mentora de startups, executivos e jovens vulneráveis com carreira
desenvolvida dentro e fora do Brasil. Formada em Tecnologia e Economia
com especialização em IA e Robótica.

Ana Meneguetti
Consultora de gestão e auditoria Médica Intensivista Pediátrica e Neonatal
Diretora Técnica do Hospital Maternidade Interlagos

Roberta Pinto Grabert


Médica Ginecologista e Obstetra FMUSP MBA em Gestão de Saúde INSPER /
HIAE Telemedicina FMUSP. Lider LIVRES e RAPS. Sonhadora e estudiosa da
saúde.

Olívio Souza Neto


Fundador Ana Health MBA Executivo INSPER. Especialização em Políticas
Pública em Saúde – Fiocruz. Junior Research Brompton and Harefield
Hospital - Imperial College London, UK.

Andrea Bottoni
Título de Especialista em Medicina Preventiva e Social, Certificado de Área
de Atuação em Administração em Saúde MBA Executivo em Gestão de
Saúde pelo INSPER, Doutor em Ciências pela UNIFESP, Diretor da Funzionali
e Docente na UMC

Página 41
Colaboradores
Dani Glikmanas
MBA em Finanças pelo INSPER, Mentor da disciplina REP do INSPER,
Membro deo INSPER Angels, Diretor do Shopping Center 3, Conselheiro da
Waterlog Technologies e IBRACEM Complaince, seed investor das startups Já
Vendeu e Local.e.

Miriam Ikeda
Enfermeira e educadora pela USP, especializações em Gestão Hospitalar URP,
Saúde Pública pela USP e Administração (PROAHSA) e MBA e Gestão de
Saúde (INSPER). Expertises: gestão hospitalar, parcerias público-privadas,
desenvolvimento de pessoas, gestão de pacientes crônicos e geriátricos,
processos de acreditação e consultoria. Diretora executiva da Associação
Frente Cuidadosa.

Daniel Rodrigues Gonçalves Ferreira


Médico Ortopedista e Diretor Médico do Hospital Villaça na Unimed São José
dos Campos. Membro do Conselho Fiscal da Unimed São José dos Campos
2023-24. MBA Executivo em Gestão de Saúde no INSPER/HIAE. Membro do
Comitê ALUMNI de Gestão de Saúde do INSPER.

Tiago Veiga
Formado em Administração pela Abilene Christian University no Texas, EUA e
MBA Executivo no INSPER atua a 10 anos em posições de lideranças na área
da saúde a nível nacional e regional (Latam) pela Philips e Dentsply Sirona.

Claudia Frankel Grosman


Especialista em gestão de conflitos.
Advogada, MBA executivo no INSPER e especialista em direito imobiliário
empresarial pela Universidade SECOVI. Mediadora extrajudicial e judicial,
certificada pelo International Mediation Institute, IMI e pelo ADR Group de
Londres. Integra o painel de mediadores de várias instituições nacionais e
do International Institute for Conflict, Prevention & Resolution (CPR, NY).
Facilitadora do Programa Alumni de Mentoria INSPER.

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