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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

CENTRO DE CIÊNCIAS MATEMÁTICAS E DA NATUREZA


INSTITUTO DE QUÍMICA
DEPARTAMENTO DE QUÍMICA ANALÍTICA

Apostila
IQA471
QUÍMICA ANALÍTICA QUALITATIVA EXPERIMENTAL

Profa. Virgínia Verônica de Lima

Rio de Janeiro (RJ) – Agosto 2022

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SUMÁRIO

1. INSTRUÇÕES DE SEGURANÇA QUÍMICA ........................................................................................................................ 4


1.1 Generalidades ......................................................................................................................................................... 4
1.2 Regras Gerais de Segurança e Conduta no Laboratório Químico ............................................................................ 4
2. INTRODUÇÃO À ANÁLISE QUALITATIVA EXPERIMENTAL ............................................................................................... 7
2.1 Introdução .................................................................................................................................................................... 7
2.2 Reações Químicas Inorgânicas ................................................................................................................................ 7
2.3 Equações Químicas Iônicas ...................................................................................................................................... 9
2.4 Sensibilidade e Seletividade das Reações Analíticas .............................................................................................. 11
2.5 Classificação dos Métodos Analíticos .................................................................................................................... 12
2.6 Análise Fracionada e Análise Sistemática .............................................................................................................. 12
2.7 Técnicas e Equipamentos Utilizados na Análise Qualitativa em Escala Semimicro ................................................ 13
3. REGRAS DE SOLUBILIDADE .......................................................................................................................................... 15
3.1 Introdução ............................................................................................................................................................. 15
3.2 Parte Experimental: ensaios .................................................................................................................................. 16
4. ANÁLISE QUALITATIVA DE CÁTIONS ............................................................................................................................ 20
4.1 Introdução ........................................................................................................................................................... 20
4.2 Classificação dos Grupos de Cátions...................................................................................................................... 20
4.3 Esquema Geral da Análise Sistemática de Cátions ................................................................................................ 21
5. ANÁLISE SISTEMÁTICA DOS CÁTIONS DO GRUPO I (Ag+, Pb2+ e Hg22+) ........................................................................ 22
5.1 Propriedades dos Cátions do Grupo I .................................................................................................................... 22
5.2 Parte Experimental: fundamento teórico .............................................................................................................. 22
5.3 Parte Experimental: ensaios .................................................................................................................................. 24
6. ANÁLISE SISTEMÁTICA DOS CÁTIONS DO GRUPO II (Cu2+, As3+ e Sn2+) ........................................................................ 28
6.1 Propriedades dos Cátions do Grupo II ................................................................................................................... 28
6.2 Considerações Gerais Sobre a Precipitação dos Grupo II e III de Cátions .............................................................. 29
6.3 Parte Experimental: fundamento teórico .............................................................................................................. 31
6.3 Parte Experimental: ensaios .................................................................................................................................. 34
7. ANÁLISE SISTEMÁTICA DOS CÁTIONS DO GRUPO IIIA (Fe3+, Al3+, Cr3+) ........................................................................ 36
7.1 Propriedades dos Cátions do Grupo IIIA ................................................................................................................ 36
7.2 Parte Experimental: fundamento teórico .............................................................................................................. 36
7.3 Parte Experimental: ensaios .................................................................................................................................. 38
8. ANÁLISE SISTEMÁTICA DOS CÁTIONS DO GRUPO IIIB ................................................................................................. 41
8.1 Propriedades dos Cátions do Grupo IIIB ................................................................................................................ 41
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8.2 Parte Experimental: fundamento teórico .............................................................................................................. 41
8.3 Parte Experimental: ensaios .................................................................................................................................. 44
9. ANÁLISE SISTEMÁTICA DOS CÁTIONS DO GRUPO IV ................................................................................................... 48
9.1 Propriedades dos Cátions do Grupo IV .................................................................................................................. 48
9.2 Parte Experimental: fundamento teórico .............................................................................................................. 48
9.3 Parte Experimental: ensaios .................................................................................................................................. 51
10. ANÁLISE SISTEMÁTICA DOS CÁTIONS DO GRUPO V (Mg2+, K+, Na+, NH4+) ................................................................... 53
10.1 Propriedades dos Cátions do Grupo V ................................................................................................................. 53
10.2 Parte Experimental: fundamento teórico ............................................................................................................ 53
10.3 Parte Experimental: ensaios ................................................................................................................................ 56
11. ANÁLISE SISTEMÁTICA DE CÁTIONS: PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ...................................................................... 58
11.1 Esquema de Precipitação e Identificação dos Cátions do Grupo I ....................................................................... 58
11.2 Esquema de Precipitação e Identificação dos Cátions do Grupo II ...................................................................... 60
11.3 Esquema de Precipitação e Identificação dos Cátions do Grupo IIIA ................................................................... 62
11.4 Esquema de Precipitação e Identificação dos Cátions do Grupo IIIB ................................................................... 64
11.5 Esquema de Precipitação e Identificação dos Cátions do Grupo IV ..................................................................... 66
11.5 Esquema de Identificação dos Cátions do Grupo V ............................................................................................. 68
12. ANÁLISE QUALITATIVA DE ÂNIONS.............................................................................................................................. 70
12.1 Classificação dos Grupos de Ânions..................................................................................................................... 70
12.2 Procedimentos Analíticos para a Determinação de Ânions: generalidades......................................................... 71
13. ÂNIONS DO GRUPO VOLÁTIL ....................................................................................................................................... 73
13.1 Parte Experimental: ensaios ................................................................................................................................ 73
14. ÂNIONS DO GRUPO BÁRIO-CÁLCIO ............................................................................................................................. 82
14.1 Parte Experimental: ensaios ................................................................................................................................ 83
15. ÂNIONS DO GRUPO DA PRATA .................................................................................................................................... 88
15.1 Parte Experimental: ensaios ................................................................................................................................ 88
16. ÂNIONS DO GRUPO SOLÚVEL ...................................................................................................................................... 95
16.1 Parte Experimental: ensaios ................................................................................................................................ 95
17. ANÁLISE DE SAL SIMPLES: PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ...................................................................................... 98
18. REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................................. 101

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1. Instruções de Segurança Química

1. INSTRUÇÕES DE SEGURANÇA QUÍMICA


1.1 Generalidades
O laboratório de química apresenta um certo grau de risco associado ao trabalho porque as pessoas que
trabalham nesses ambientes estão expostas a situações potencialmente perigosas.

Os principais acidentes de laboratório químicos se devem a ferimentos causados pela quebra de vidraria
ou por contato com produtos químicos corrosivos, incêndios com substâncias inflamáveis ou até mesmo
explosões.

No laboratório, deve-se considerar que todo produto químico é potencialmente perigoso e evitar contato
direto com a substância, seja por inalação, ingestão ou absorção dérmica.

Para evitar que os experimentos sejam contaminados com interferentes, quando se trabalha em um
laboratório de química, o ambiente de trabalho (bancadas, capelas), equipamentos, vidrarias, utensílios e
vestimenta devem estar rigorosamente limpos.

Sempre que possível, deve-se escolher experimentos que geram o mínimo de resíduos químicos
potencialmente danosos ao meio ambiente. Esses resíduos, ao término dos experimentos devem ser
corretamente descartados, seguindo os protocolos de descarte do laboratório.

1.2 Regras Gerais de Segurança e Conduta no Laboratório Químico


• Trabalhar com atenção calma e prudência.

• Verificar se todos os Equipamentos de Proteção Coletiva, EPCs, do local estão funcionando (chuveiros de
emergência, extintores de incêndio, mantas corta-fogo).

• Vestir-se adequadamente para o trabalho em laboratório: usar óculos de segurança, se tiver cabelos
compridos, mantê-los presos atrás da cabeça, usar roupas e calçados adequados ao trabalho (calças
compridas de tecido grosso tipo jeans, sapatos fechados resistentes a produtos químicos e jaleco de
algodão com mangas compridas (jalecos sintéticos são facilmente inflamáveis)).

• NÃO USAR LENTES DE CONTATO, mesmo que os olhos estejam protegidos por óculos de segurança: há
casos descritos na literatura sobre a reação que ocorre entre as lentes de contato e vapores de reagentes
e que promoveram a aderência das lentes sobre a córnea.

• Antes de executar um experimento, ler com atenção o roteiro do experimento.

• Sempre tratar todos os produtos químicos como potencialmente perigosos, trabalhando com cautela e
evitando o contato direto com os reagentes.

• Lavar as mãos antes de deixar o laboratório.

• Não comer, beber ou fumar no laboratório.

• Manter a bancada organizada e limpa.

• Não utilizar reagentes cuja identidade é desconhecida ou é duvidosa.

• Não jogue resíduos químicos na pia; descarte-os adequadamente, seguindo o protocolo de descarte do
laboratório para resíduos químicos:

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1. Instruções de Segurança Química

DESCARTE DE RESÍDUOS

PRIORIDADE COMPOSTOS
I Cd2+, Hg2+, Hg22+

II Ag+

III I-, Br-

IV F-

V Uranil acetato de zinco

VI Alcalinos, Alcalinos Terrosos, Sais, Ácidos e Bases.

VII Metais de Transição, NH4+

• Jogue lixo comum (papel, palitos de fósforo etc.) em lixeiras apropriadas (não se deve jogar esses
materiais na pia, por exemplo).

• Qualquer trabalho que envolva a formação de gases, poeiras nocivas ou vapores deve ser feito dentro de
capelas de exaustão.

• Tenha cuidado ao manusear vidraria e compostos inflamáveis e/ou explosivos.

• Nunca olhe diretamente para dentro de um tubo de ensaio, ou outro recipiente, onde uma reação está
ocorrendo, pois o conteúdo pode espirrar nos seus olhos.

• Ao aquecer um tubo de ensaio, não volte a boca do tubo de ensaio para si ou para uma pessoa próxima.

• Não realize reações química nem aqueça substâncias em recipientes fechados.

• Cuidado ao realizar experimentos com bico de gás. Nunca deixe um bico de gás aceso
desnecessariamente.

• Evite vazamentos de gás; feche o registro geral após o término do trabalho.

• Ao utilizar equipamentos elétricos, verifique a voltagem antes de conectá-los à rede elétrica. Verifique o
manual de funcionamento dos equipamentos elétricos antes de usá-los (centrífugas, chapas de
aquecimento, fornos, banhos etc.).

• Não trabalhe sozinho em um laboratório.

• Em caso de acidentes com solventes inflamáveis, tome as seguintes providências:

• Em casos de incêndio em pequena quantidade de solvente, tente abafar as chamas com um


material não inflamável (areia, amianto etc.) e procure um extintor de incêndio adequado (gás
carbônico ou pó químico); água não é recomendável para apagar incêndios com solventes.

• Se não conseguir acabar com o incêndio, afaste-se imediatamente do laboratório.

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1. Instruções de Segurança Química

• Chame ajuda: corpo de bombeiros, brigada de incêndio; desligue a chave geral da rede elétrica e
feche o registro geral de água.

• Se a roupa de uma pessoa pegar fogo, deite-a no chão e cubra as chamas com uma manta corta-
fogo ou acione o chuveiro de emergência.

• Em caso de queimadura, procure imediatamente atendimento médico (não tente se medicar por
conta própria).

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2. Introdução à Análise Qualitativa Experimental.

2. INTRODUÇÃO À ANÁLISE QUALITATIVA EXPERIMENTAL

2.1 Introdução
A análise qualitativa é usada para identificar substâncias presentes em uma certa amostra de matéria. A
única preocupação é se certas substâncias estão presentes ou não. O tipo de análise qualitativa empregada
depende das características do material que está sendo analisado. Por exemplo, a análise qualitativa orgânica é
usada para identificar quais compostos orgânicos estão presentes em uma amostra. Por outro lado, como muitos
compostos inorgânicos são iônicos, a análise qualitativa inorgânica é empregada para identificar íons presentes
em uma amostra.

A análise qualitativa inorgânica emprega qualquer tipo, ou combinação, de propriedade para detectar
uma dada espécie iônica inorgânica. Geralmente, um simples exame visual, ou uma avaliação, de propriedades
óbvias dos compostos, tais como cor ou solubilidade é suficiente, mas em termos mais práticos, a análise
qualitativa recorre às reações químicas dos íons estudados. Essas reações químicas podem ocorrer em qualquer
estado da matéria (sólido, líquido e gasoso), mas aquelas que ocorrem em solução são mais úteis e permitem uma
maior combinação de métodos experimentais e teóricos para a análise qualitativa inorgânica. Desta forma, a
análise qualitativa inorgânica estabelece a presença ou ausência de íons em soluções aquosas. Portanto, o
primeiro passo de uma análise é solubilizar a amostra em água. Isso pode ser feito através de uma simples adição
de água à amostra ou através de um tratamento mais complexo da amostra, tais como uma reação com ácido
nítrico.

2.2 Reações Químicas Inorgânicas


Na maioria dos casos, em química analítica (qualitativa e quantitativa), são utilizadas reações iônicas para
a determinação do analito de interesse na amostra.
Uma reação química é um fenômeno associado à transformação das substâncias. A ocorrência ou não de
uma reação que ocorre em um sistema pode ser detectada direta ou indiretamente.
A detecção direta da ocorrência de uma reação química é feita através de algum de nossos sentidos
sensoriais. Por exemplo, podemos observar o aparecimento de um precipitado amarelo, devido à formação do
cromato de chumbo, PbCrO4, na reação entre uma solução de nitrato de chumbo, Pb(NO3)2 e cromato de potássio,
K2CrO4.
Pb2+ (aq) + CrO42- (aq) → PbCrO4 (s)

A detecção indireta de uma reação é realizada através de métodos analíticos, p. ex., cromatografia em
camada delgada para acompanhar o andamento da reação (Figura 2.1).
Na análise qualitativa são usadas apenas reações que são seguidas de transformações facilmente
identificáveis que permitem confirmar a ocorrência da reação.
Normalmente, estas transformações são: mudança de cor da solução, formação de um precipitado (ou
sua dissolução) e libertação de um gás.
As reações de precipitação e as reações que ocorrem mudança de cor da solução são as mais utilizadas
em análise qualitativa.

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2. Introdução à Análise Qualitativa Experimental.

Figura 2.1 – Detecção indireta da ocorrência de uma reação química: acompanhamento de uma reação por
cromatografia em camada delgada (Crédito da imagem: https://www.waters.com/waters/pt_BR/HPLC---High-
Performance-Liquid-Chromatography-Explained/nav.htm?cid=10048919&locale=pt_BR).

Ao realizarmos uma análise química, seria ideal se pudéssemos conhecer todas as reações químicas e as
condições nas quais elas ocorrem. Muitas vezes isso é impossível e o que podemos fazer é observar muitas reações
químicas e, a partir desses experimentos, racionalizar os seus resultados para fazer previsões sobre a ocorrência
de reações não experimentadas ou não conhecidas.

Para fazermos PREVISÕES da ocorrência de uma reação, precisamos ter conhecimentos de


TERMODINÂMICA: conhecer os valores da variação da energia livre de Gibbs (G) de uma reação.

Se G < 0, a reação é espontânea; se G > 0, a reação é NÃO espontânea. Mas, nem sempre dispomos
desses valores de G das reações entre as espécies químicas iônicas em soluções aquosas para fazer previsões da
ocorrência da reação. Nesses casos, em relação aos eletrólitos participantes de uma reação, temos que ter o
conhecimento prévio:

• da solubilidade das espécies químicas no meio reacional.

• dos estados físicos no meio aquoso (sólido, líquido).

• se são fortes ou fracos.

• da força relativa de ácidos e bases.

• da estabilidade de complexos formados.

• da força relativa de agentes oxidantes e redutores.

Esses conhecimentos são chamados de REGRAS QUALITATIVAS e que nos informam quais as características
dos eletrólitos formados numa reação.

Pode-se dizer que houve reação química, se ao combinarmos espécies químicas de partida (reagentes de
partida), houver a formação de uma ou mais das seguintes espécies químicas (produtos): eletrólito fraco,
precipitado, gás, complexo estável e uma espécie química com novo NOX.

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2. Introdução à Análise Qualitativa Experimental.

São exemplos de reações químicas a mistura de:

Pb(NO3)2 (aq) + Na2SO4 (aq) → PbSO4 (s) + 2NaNO3 (aq)


Eletrólito Forte Eletrólito Forte Precipitado Eletrólito Forte

HNO3 (aq) + KOH (aq) → H2O (ℓ) + KNO3 (aq)


Eletrólito Forte Eletrólito Forte Eletrólito Fraco Eletrólito Forte

Na2CO3 (aq) + 2HCl (aq) → CO2 (g) + H2O (ℓ) + 2NaCl (aq)
Eletrólito Forte Eletrólito Forte Gás Eletrólito Fraco Eletrólito Forte

CuSO4 (aq) + 4NH3 (aq) → [Cu(NH3)4]SO4 (aq)


Eletrólito Eletrólito Fraco Complexo estável
Forte

3Fe2+(aq) + 4H+(aq) + NO3-(aq) → 3Fe3+(aq) + NO(g) + 2H2O (ℓ)


Fe2+ N+5 Fe+3 N+2

NaCl (aq) + KNO3 (aq) → KCl (aq) + NaNO3 (aq)


Eletrólito Forte Eletrólito Forte Eletrólito Forte Eletrólito Forte

Neste último caso, não houve formação de eletrólito fraco, precipitado, gás, complexo estável nem
espécie com novo NOX: não houve reação; essa solução é apenas uma mistura de sais.

2.3 Equações Químicas Iônicas


Toda reação química pode ser descrita por uma equação que deve caracterizar o mais precisamente
possível os reagentes e produtos.

Em química analítica, para descrever uma reação química entre espécies químicas iônicas, utilizam-se
EQUAÇÕES QUÍMICAS IÔNICAS que incluem apenas as espécies químicas (reagentes e produtos) que participaram
efetivamente da reação química. Todas as outras espécies (íons ou moléculas), que não contribuíram para a
reação observada, são omitidas da equação química iônica (são os espectadores da reação). Por exemplo, ao se
misturar uma solução aquosa de nitrato de prata, AgNO3, com uma solução aquosa de cloreto de sódio, NaCl,
haverá a formação de um precipitado branco de cloreto de prata sólido, AgCl(s):
AgNO3(aq) + NaCl(aq) → AgCl(s) + NaCl(aq)
No entanto, só nos interessa representar as espécies participantes da reação na equação química iônica:
Ag+ + Cl- → AgCl(s)
Para se escrever uma equação química existe uma série de convenções que devem ser seguidas. São
representados como espécies químicas NÃO ionizadas/dissociadas, quer sejam produtos, quer sejam reagentes:
• Todos os ELETRÓLITOS FRACOS (ex.: ácido acético, amônia, água).
• Todos os sais pouco solúveis (precipitados): são aqueles sais que têm uma solubilidade molar (s) ≤ 0,01
M; seus coeficientes de produto de solubilidade (Kps) são baixos, p. ex., o cloreto de prata, AgCl(s), tem
Kps = 1,8.10-10 e seu coeficiente de solubilidade molar (s) é 1,34.10-5 M.
• Todos os gases (sulfeto de hidrogênio, amônia gasosa).
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2. Introdução à Análise Qualitativa Experimental.

• Todos os não-eletrólitos: glicose, etanol.


• Todos os sólidos metálicos ou não metálicos: Cu(s), S(s), Fe(s), C(s).

São representados como espécies químicas IONIZADAS/DISSOCIADAS:

• Todos os ELETRÓLITOS FORTES SOLÚVEIS* (ex.: ácido clorídrico, hidróxido de potássio).

(*) existe também eletrólitos fortes insolúveis: p. ex., uma pequena fração de cloreto de prata, AgCl(s), insolúvel
em água, solubiliza quando em solução aquosa, e essa fração solubilizada está completamente dissociada; o
mesmo acontece com o hidróxido de magnésio, Mg(OH)2(s), que é insolúvel em água, mas a pequena fração que
solubiliza, estará completamente dissociada:

H2O
AgCl(s) ⇋ Ag+ + Cl-

H2O
Mg(OH)2(s) ⇋ Mg2+ + 2OH-

Para soluções aquosas, o símbolo (aq) é geralmente omitido exceto se ele for importante para destacar
alguma característica deste fato.
O símbolo (ℓ) para a água líquida não é representado e TODAS as espécies químicas chamadas de
espectadores, ou seja, que não participam da reação, são omitidas.
Exemplo: Represente a equação química iônica da reação a seguir:

Reação Química:

HCl(aq) + NaOH(aq) ⟶ H2O(ℓ) + NaCl(aq)


Eletrólito forte Eletrólito forte Eletrólito fraco Eletrólito forte

Equação Química Iônica:

H+(aq) + Cl- (aq) + Na+(aq) + OH-(aq) ⟶ H2O(ℓ) + Na+(aq) + Cl-(aq)

Íons espectadores

A equação química iônica deve mostrar apenas as espécies que participam diretamente da reação
química. As espécies que não participam do processo reativo, os íons espectadores, podem ser omitidos sem que
nenhuma informação importante seja perdida e o símbolos aq e ℓ são omitidos também. Portanto, equação
química iônica da reação química do HCl com o NaOH em meio aquoso é a seguinte:
H+ + OH- ⟶ H2O

É importante destacar que o uso das setas (única ou dupla) e a sua direção também nos informam sobre
a reversibilidade ou não da reação.
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2. Introdução à Análise Qualitativa Experimental.

Reações IRREVERSÍVEIS são aquelas onde os produtos são incapazes de reagir para fornecer os compostos iniciais,
exceto sob condições drásticas de laboratório. Um bom exemplo é a reação do cálcio com a água:

Ca(s) + 2H2O → Ca(OH)2 + H2(g)

A reação inversa para reduzir o hidróxido de cálcio com gás hidrogênio exige uma pressão tão alta que é
impraticável realizar essa reação.

Para representar uma reação IRREVERSÍVEL, usamos uma única seta no sentido em que se dá a reação.
Além do exemplo acima, também usamos uma seta simples para:

• representar a dissolução completa de um composto em água:

H2O
NaCl(s) → Na+(aq) + Cl-(aq)

H2O
CH3CH2OH(ℓ) → CH3CH2OH(aq)

• representar a reação de um eletrólito forte com a água:

HCl + H2O → Cl- + H3O+

• representar reações instantâneas e chamadas de completas:

Pb2+ + 2Cl- → PbCl2(s)

Uma reação química é dita REVERSÍVEL quando os reagentes geram produtos e estes reagem entre si
regenerando os reagentes iniciais. Como as reações reversíveis acontecem nos 2 sentidos, direto e inverso, elas
tendem a atingir um estado de equilíbrio, chamado de Equilíbrio Químico.

As reações reversíveis são representadas por dupla seta (na direção inversa e direta da reação). Um bom
exemplo é a reação do ferro com vapor de água a uma dada temperatura, gerando gás hidrogênio e óxido de
ferro(II,III), conhecido como magnetita:

Fe(s) + H2O → H2(g) + Fe3O4(s)

Por sua vez, a magnetita quando é aquecida com gás hidrogênio gera ferro e vapor de água:

H2(g) + Fe3O4(s) → Fe(s) + H2O

Mas, se qualquer uma das reações for feita em um sistema fechado, um equilíbrio químico vai se
estabelecer e devemos representá-lo da seguinte forma:

Fe(s) + H2O ⇌ H2(g) + Fe3O4(s)

2.4 Sensibilidade e Seletividade das Reações Analíticas


Ao se fazer um teste analítico será necessário seguir determinadas condições, pois do contrário, os
resultados poderão ser errôneos. A sensibilidade de uma reação analítica está relacionada com a concentração
mínima do íon de interesse na solução abaixo da qual o teste será negativo. Note-se que um teste altamente

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2. Introdução à Análise Qualitativa Experimental.

seletivo também é passível de erros, pois as impurezas dos reagentes podem mascarar o resultado. Isso pode
contornado, fazendo-se um teste em branco, que significa colocar todos os reagentes menos a substância sob
exame.

A sensibilidade de uma reação pode ser aumentada, dentre outros meios, por uma variação na
concentração dos reagentes, por uma variação na concentração dos reagentes, por uma mudança no valor do pH
do meio, pela adição de solventes orgânicos miscíveis com água, que provoca uma variação na constante dielétrica
do meio e no grau de dissociação do composto de interesse, ou através de uma extração por um solvente imiscível
com água. Neste último caso, o aumento da sensibilidade se deve, primeiro, a um aumento da concentração do
analito de interesse que está sendo extraída de um grande volume (fase aquosa) para um volume menor (fase
orgânica) e, segundo, ao efeito do próprio solvente, que ocasiona uma mudança de intensidade da cor e algumas
vezes da própria cor do composto que está sendo extraído.

Em relação à seletividade, diz-se que uma reação é seletiva quando ela ocorre com um número restrito
de íons em determinadas condições. A seletividade de uma reação é tanto maior quanto menor for o número de
íons que dá teste positivo.

Um caso especial de seletividade é chamado de especificidade que acontece quando uma reação dá teste
positivo para um só íon. A reação é dita específica para o íon considerado.

2.5 Classificação dos Métodos Analíticos


De acordo com a quantidade de substância a ser analisada, a seguinte classificação dos métodos analíticos
pode ser adotada:

1 - Macroanálise - usa-se béquer de 250 mL ou tubo de ensaio grande; quando se faz alguma precipitação,
a quantidade de sólido é grande e deve ser filtrado em funil e papel de filtro;

2 - Semimicroanálise - a quantidade de substância usada é da ordem de 10 a 20 vezes menor do que a


usada da macroanálise. Trabalha-se com tubos de ensaio com capacidade de 5 a 10 mL. Os precipitados são
separados por centrifugação ou por microfiltração com pequenos funis;

3 - Microanálise - a quantidade da amostra é cerca de 100 vezes menor que a quantidade da macroanálise.
Essas reações envolvem geralmente reações de gota feita em placas de porcelana (placas de toque) ou mesmo
utilizando-se um microscópio para exame de reações microcristalográficas.

2.6 Análise Fracionada e Análise Sistemática


No método fracionado, o íon a identificar é analisado empregando-se reações específicas, diretamente
em porções isoladas da solução, sem levar em conta a presença dos outros íons da solução. A ordem de
identificação dos íons é irrelevante.

Quando não existe uma reação bastante específica e a seletividade não pode ser elevada por qualquer
processo, os íons não podem ser identificados pelo método fracionado. Neste caso, é necessário trabalhar dentro
de uma sequência definida para a identificação de íons individuais chamada de análise sistemática, onde cada
íon é detectado somente após a identificação e remoção da solução de todos os outros íons interferentes na
determinação.

Na análise sistemática é necessário usar tanto reações de separação como reações de identificação para
íons individuais.

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2. Introdução à Análise Qualitativa Experimental.

As reações de separação são, em muitos casos, baseadas nas diferenças de solubilidade de compostos
análogos dos íons a identificar. Por exemplo, a separação do Ba2+ do Ca2+ é baseada nas diferentes solubilidades
do BaCrO4 e do CaCrO4:

BaCrO4(s) ⇌ Ba2+ + CrO42- (Kps = 1,2 x 10-10)



Insolúvel em água

CaCrO4(s) ⇌ Ca2+ + CrO42- (Kps = 7,1 x 10-4)



Solúvel em água

2.7 Técnicas e Equipamentos Utilizados na Análise Qualitativa em Escala Semimicro


2.7.1 Como Lavar os Tubos de Ensaio
Os tubos e materiais de vidro devem ser lavados após o uso e imediatamente após o seu uso, utilizando
detergente comum e escova apropriada para tubos de ensaio. Deve-se rinsar com água da torneira e em seguida
com água destilada. Em alguns casos haverá a necessidade de remover resíduos de reações químicas com
solventes químicos apropriados, por exemplo, os sulfetos no geral se dissolvem com HCl 6 M; a remoção de AgCl(s)
é feita utilizando-se NH4OH; MnO2(s) é removido com H2O2.

2.7.2 Técnicas de Medida e Pipetagem


No geral, vinte (20) gotas contém 1 mL de solução; "uma ponta de espátula" equivale a cerca de 150-200
mg de um sólido.

Figura 2.1 – Técnicas de medida e pipetagem (Crédito da Figura: Baccan et al., 1988)

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2. Introdução à Análise Qualitativa Experimental.

2.7.3 Mistura e Aquecimento de Soluções


Na maioria das situações, as soluções não ultrapassarão a metade do tubo de ensaio e é possível misturá-
las segurando firmemente na ponta do tubo, entre o polegar e o indicador da mão esquerda e dando pancadas,
com cuidado, por meio do indicador da mão direita, no fundo do tubo no sentido de trazê-lo para nossa direção.

Para grandes volumes, deve-se succionar uma parte da solução com uma pipeta conta-gotas e expelir
rapidamente no fundo do tubo, repetindo esse movimento 2 ou 3 vezes.

Todo aquecimento de soluções deve ser feito com cuidado a fim de evitar que a solução espirre para fora
do tubo. Deve-se segurá-lo por meio de uma pinça apropriada, evitando dirigir a boca do tubo para si próprio ou
para qualquer outra pessoa próxima. O aquecimento deve ser feito ao longo do tubo próximo ao nível da solução
e agitando constantemente. Nunca aquecer o fundo do tubo imóvel sobre a chama, pois a solução irá espirrar
para fora. Para aquecimento brando e prolongado, utilizar banho-maria em béquer de 250 mL.

2.7.4 Precipitação e Separação de um Sólido


Depois de centrifugar um precipitado em um tubo de ensaio, deve-se separar o líquido sobrenadante. O
modo mais simples é usando uma pipeta conta-gotas para succionar. Antes de inserir a pipeta, deve-se expelir o
ar do bulbo da borracha. Caso não esteja usando uma "pera" de sucção, deve-se inserir a pipeta no sobrenadante
sem tocar no precipitado e depois vedar a parte superior da pipeta com o dedo indicador e ir retirando o
sobrenadante. Se o sólido estiver "colado" no fundo do tubo, pode-se verter suavemente o sobrenadante em
outro recipiente.

2.7.5 Lavagem e Transferência do Precipitado


Para lavar um precipitado, usa-se normalmente água destilada como água de lavagem, mas algumas vezes
deve-se usar uma solução diluída do próprio reagente usado na precipitação. A lavagem é feita adicionando-se
água suficiente apenas para cobrir o precipitado (0,5 mL; ou 10-15 gotas). A seguir agita-se para dispersar o sólido,
centrifuga-se e decanta-se o líquido. Repete-se esta operação mais uma ou 2 vezes.

A transferência de um precipitado de um tubo para outro é difícil quando se usa espátula. Esse processo
é facilitado quando se adiciona algumas gotas de reagente de lavagem e agita-se para formar uma suspensão. Em
seguida transfere-se parte dessa suspensão para outro tubo utilizando uma pipeta. Lava-se a pipeta com o próprio
reagente, drenando para um dos tubos. Tem-se então o precipitado em 2 tubos prontos para serem tratados
independentemente na sequência da análise.

2.7.6 Teste de Acidez do Meio


Quando for necessário testar a acidez do meio, nunca mergulhar o papel indicador na solução a ser
testada, pois irá contaminá-la com o indicador e possivelmente com fibras do papel. Outra inconveniência ocorre
quando se tem uma solução de somente algumas gotas, pois o papel irá absorver uma parte da solução que será
perdida. O procedimento correto para usar o papel indicador é mergulhar um bastão de vidro na solução, retirá-
la cuidadosamente do tubo e tocá-la no papel indicador em um vidro de relógio. O bastão de vidro não deve tocar
as paredes internas do tubo de ensaio que poderá conter ácido ou base livre que poderá dar uma indicação errada
do pH do meio.

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3. Regras de Solubilidade.

3. REGRAS DE SOLUBILIDADE
3.1 Introdução
Em análise qualitativa, frequentemente, é necessário precipitar um ou mais íons enquanto outros
permanecem em solução aquosa. Desta forma, é importante conhecer quais compostos são relativamente
solúveis em água, de modo que se possa escolher o melhor reagente precipitante em cada momento específico
de uma análise, bem como prever quais compostos precipitarão.

Embora a solubilidade de muitos compostos em soluções aquosas possa ser tratada quantitativamente
(produto de solubilidade, Kps), na maioria das vezes usam-se informações qualitativas, usualmente expressas
como REGRAS DE SOLUBILIDADE (Tabela 3.1) que permitem prever se uma reação química ocorrerá baseada na
possível formação de um precipitado. Por exemplo, os cloretos são geralmente solúveis, exceto os halogenetos
de Ag+, Pb2+, Hg22+ e Cu+, portanto,

HCl(aq) + NaOH(aq) ⇌ NaCl(aq) + H2O(ℓ)



Não precipita

HCl(aq) + AgNO3(aq) ⟶ AgCl(s) + H+(aq) + NO3-(aq)



Precipitado branco

Tabela 3.1 – Regras de solubilidade de íons em ÁGUA.


ÂNION NOME REGRA GERAL EXCEÇÃO
NO3- Nitratos Solúveis -
NO2- Nitritos Solúveis Ag+*
CH3COO- Acetatos Solúveis Ag+ *
Cl- Cloretos Solúveis Ag+, Pb2+, Hg22+, Cu+, Tl+ e Au+.
Br- Brometos Solúveis Ag+, Pb2+, Hg22+, Cu+, Hg2+*
I- Iodetos Solúveis Ag+, Pb2+, Hg22+, Cu+, bismuto, Sn4+
SO42+ Sulfatos Solúveis Ag+ *, Pb2+, Ba2+, Sr2+, Ca2+ *, Hg22+*
S2O32- Tiossulfatos Solúveis Ag+ *, Pb2+, Ba2+, Sr2+
SiF62- Fluorsilicatos Solúveis Ba2+ e cátions do Grupo IA (metais alcalinos)
SCN- Tiocianatos Solúveis Ag+, Pb2+, Hg22+, Hg2+
ClO3- Cloratos Solúveis -
ClO4- Percloratos Solúveis NH4+ *, K+ *
MnO4- Permanganatos Solúveis -
SiO44- Silicatos Insolúveis NH4+ *, K+ *
CrO42- Cromatos Insolúveis NH4+, cátions do Grupo IA (metais alcalinos), Ca2+, Cu2+, Mg2+ e Sr2+ *
S2- Sulfetos Insolúveis NH4+, cátions do Grupo IA (metais alcalinos) e do Grupo IIA (metais alcalinos terrosos)
Se2- Selenetos Insolúveis NH4+, cátions do Grupo IA (metais alcalinos) e do Grupo IIA (metais alcalinos terrosos)
Te2- Teluretos Insolúveis NH4+, cátions do Grupo IA (metais alcalinos) e do Grupo IIA (metais alcalinos terrosos)
OH- Hidróxidos Insolúveis NH4+, cátions do Grupo IA (metais alcalinos), Ba2+, Sr2+ e Ca2+ e cátions do Grupo IIA
(metais alcalinos terrosos)
O2- Óxidos Insolúveis Ba2+, Sr2+, Ca2+* e cátions do Grupo IA (metais alcalinos)
CO32- Carbonatos Insolúveis NH4+, cátions do Grupo IA (metais alcalinos)
F- Fluoretos Insolúveis Ag+, NH4+ e cátions do Grupo IA (metais alcalinos)
PO42- Fosfatos Insolúveis Li2+, NH4+, cátions do Grupo IA (metais alcalinos)
AsO43- Arseniatos Insolúveis NH4+, cátions do Grupo IA (metais alcalinos)
AsO33- Arsenitos Insolúveis NH4+, cátions do Grupo IA (metais alcalinos)
BO2- Boratos Insolúveis NH4+, cátions do Grupo IA (metais alcalinos)
[Fe(CN)6]4- Ferrocianeto Insolúveis NH4+, cátions do Grupo IA (metais alcalinos)
[Fe(CN)6]3- Ferrocianato Insolúveis NH4+, cátions do Grupo IA (metais alcalinos)
CN- Cianetos Insolúveis NH4+, cátions do Grupo IA (metais alcalinos)
SO32- Sulfitos Insolúveis NH4+, cátions do Grupo IA (metais alcalinos)
C2O42- Oxalatos Insolúveis NH4+, cátions do Grupo IA (metais alcalinos), Fe2+
CÁTION NOME REGRA GERAL EXCEÇÃO
NH4+, Na+, K+ e os outros Solúveis Ver Tabela para cada ÂNION.
cátions do Grupo IA NaZn(UO2)3(Ac)9K3Co(NO2)6
H+(aq) Cátion Solúvel -
Hidrogênio
(*) moderadamente solúvel.

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3. Regras de Solubilidade.

3.2 Parte Experimental: ensaios

OBJETIVO: Prever a ocorrência de uma reação química baseada na possível formação de precipitado, utilizando a
Tabela de Regras de Solubilidade e observar se as previsões se concretizam na prática (vide Nota 3.1).

Experimento 1: Em um tubo ensaio adicione 5 gotas de solução de Ag+ e 5 gotas de ácido clorídrico diluído, HCl(d).
Agite com bastão de vidro e anote os resultados; repita esse procedimento para os seguintes íons: Pb2+, Cu2+, Ba2+
e Na+ (vide Nota 3.2).
Experimento 2: Repita o experimento 1, substituindo o HCl(d) por HNO3(d).
Experimento 3: Repita o experimento 1, substituindo o HCl(d) por H2SO4(d).
Experimento 4: Repita o experimento 1, substituindo o HCl(d) por CH3COOH(d); a abreviação de ácido acético é
HAc.
Experimento 5: Repita o experimento 1, substituindo o HCl(d) por tioacetamida (TAA), CH3(C=S)NH2, e aqueça os
tubos de ensaio em banho-maria por 10 minutos (vide Nota 3.3).
Experimento 6: Repita o experimento 1, substituindo o HCl(d) por solução de Na2CO3 (vide Nota 3.4).
Experimento 7: Repita o experimento 1, substituindo o HCl(d) por solução de KI (vide Nota 3.5).
Experimento 8: Repita o experimento 1, substituindo o HCl(d) por solução de K2CrO4.
Experimento 9: Repita o experimento 1, substituindo o HCl(d) por NaOH(d) (vide Nota 3.6).
Experimento 10: Repita o experimento 1, substituindo o HCl(d) por NH4OH(d) (vide Nota 3.7).

Quadro de Resultados
Exp.1 Exp.2 Exp.3 Exp.4 Exp.5
Cátion
HCl(d) HNO3(d) H2SO4(d) HAc(d) TAA + 
Ag+

Pb2+

Cu2+

Ba2+

Na+

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3. Regras de Solubilidade.

Quadro de Resultados (continuação)


Exp.6 Exp.7 Exp.8 Exp.9 Exp.10
Cátion
Na2CO3 KI K2CrO4 NaOH NH4OH(d)

Ag+

Pb2+

Cu2+

Ba2+

Na+

Nota 3.1

HNO3 (d) = NITRATOS


HCl (d) = CLORETOS
H2SO4 (d) = SULFATOS
HAc (d) = ACETATOS
CÁTION + TAA = SULFETOS
Na2CO3 = CARBONATOS
KI = IODETOS
K2CrO4 = CROMATOS
NaOH = HIDRÓXIDOS
NH4OH (d) = HIDRÓXIDOS

Nota 3.2 Experimentos com HCl(d):


Experimentos com Ag+ e Pb2+: Nos experimentos com HCl(d), deve-se evitar um grande excesso do ácido para
que não haja redissolução do precipitado devido a formação de cloro-complexos solúveis, fracamente dissociados,
com o excesso de íons cloreto:
AgCl(s) + Cl- = [AgCl2]- (dicloroargentato)
PbCl2(s) + 2Cl- = [PbCl4]2- (tetracloroplumbato)
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3. Regras de Solubilidade.

Experimentos com Cu2+: Vários compostos de Cu2+ são incolores, p. ex., o CuSO4, o CuF2 e o Cu(NO3)2. A percepção
comum de que todos os compostos de Cu2+ são coloridos se deve à presença de complexos iônicos coloridos na
solução ou nos compostos sólidos: o Cu(H2O)42+ (tetraquocuprato) é azul, o CuCl42- (tetraclorocuprato) é
amarelo, o Cu(C2O4)22- (dioxalocuprato) é azul esverdeado e o Cu(NH3)42+ (tetraminocuprato) é azul anil.

Nota 3.3 Experimentos com TAA (tioacetamida):


A TAA é utilizada como fonte de H2S: em temperaturas elevadas, a TAA se hidrolisa, primeiro para
acetamida e H2S(aq) e depois suavemente para acetato de amônio, especialmente em soluções alcalinas.
CH3CSNH2 + H2O = CH3CONH2 + H2S
CH3CONH2 + H2O = CH3COO- + NH4+

S
+ 2H2O = H3CCOOH + NH3 + H2S
H3C C NH2

H2S + CÁTION = SULFETO

Nota 3.4 Experimentos com Na2CO3:


Pode ocorrer formação de hidróxido de chumbo (branco) e de cobre (gel azul) devido à hidrólise do
Na2CO3:
CO32- + H2O = HCO3- + OH-
2Pb2+ + 2CO32- + H2O = Pb(OH)2↓ + PbCO3↓ + CO2↑
2Cu2+ + 2CO32- + H2O = CuCO3.Cu(OH)2↓ + CO2↑
Malaquita ou carbonato básico de cálcio
Verde azulado
CO32- + H2O = HCO3- + OH-
HCO3- + OH- = Cu(OH)2↓ + CO2↑
Gel azul

Nota 3.5 Experimentos com KI:


A reação com o Cu2+ fornece um precipitado branco de CuI(s), mas a solução apresenta uma forte
coloração marrom devido à presença de triiodeto:
2Cu2+ + 5I- → 2CuI↓ + I3-

Nota 3.6 Experimentos com NaOH:


A reação com a Ag+ fornece um precipitado marrom de óxido de prata, insolúvel em excesso de reagente:
2Ag+ + 2OH- → 2Ag(OH) ↓ → Ag2O↓ + H2O

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3. Regras de Solubilidade.

Nota 3.7 Experimentos com NH4OH:


A reação com a Ag+ fornece um precipitado marrom de óxido de prata, que solubiliza em excesso de
reagente:
2Ag+ + 2OH- → 2Ag(OH) ↓ → Ag2O↓ + H2O

Ag2O↓ + 4NH3 + H2O → 2Ag(NH3)2+ + 2OH-


diaminoargentato
A reação com a Cu2+ fornece um precipitado azul quando se adiciona pouco reagente de NH4OH de sulfato
básico de cobre, pois a solução de trabalho é CuSO4; o excesso de NH4OH solubiliza o precipitado devido à
formação do íon complexo azul anil de tetraminocuprato (II):

2Cu2+ + SO42- + 2NH3 + 2H2O → Cu(OH)2.CuSO4↓ + 2NH4+


Azul

Cu(OH)2.CuSO4↓ + 8NH3 → 2Cu(NH3)42+ + SO42- + OH-


Solução azul anil

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4. Análise Qualitativa de Cátions

4. ANÁLISE QUALITATIVA DE CÁTIONS


4.1 Introdução
A análise de cátions requer um tratamento sistemático cujo procedimento é remover sucessivos grupos
de cátions por precipitação, usando-se reações de separação. Em seguida, cada cátion é identificado
individualmente usando reações de identificação. A esse conjunto de procedimentos dá-se o nome de análise
sistemática.

4.2 Classificação dos Grupos de Cátions


Segundo Alexeév (1982), a classificação dos grupos de cátions está baseada no comportamento dos
cátions frente a determinados reagentes (REAGENTE DE GRUPO) com a formação ou não de precipitados.

Tabela 4.1 – Classificação dos Grupos de Cátions segundo suas reações com reagentes de grupo:

Grupo Reagente de
Cátions Nome do Grupo Meio Reacional Produtos
Analítico Grupo

Ag+, Pb2+, Hg22+ I Grupo do Cloreto HCl(d) HCl(d) Cloretos

Pb2+, Hg2+, Cu2+,


IIa
Cd2+, Bi3+ Grupo do Sulfeto de Hidrogênio

As3+, As5+, ou H2S HCl Sulfetos


IIb
Sb3+, Sb5+, Sn2+, Grupo do Cobre-Arsênio
Sn4+

Fe3+, Al3+, Cr3+ IIIa Grupo do Sulfeto de Amônio NH4OH NH4Cl / NH4OH Hidróxidos

ou
Fe2+, Zn+, Co2+,
IIIb (NH4)2S NH4Cl / NH4OH Sulfetos
Ni2+, Mn2+ Grupo do Alumínio-Níquel

Grupo do Carbonato

Ba2+, Sr2+, Ca2+ IV ou (NH4)2CO3 NH4Cl / NH4OH Carbonatos

Grupo do Bário-Cálcio

Grupo Solúvel
2+ + + Depende do
Mg , Na , K , Adequado para
V ou Não há reagente de
NH4+, Li+, H+ cada cátion
identificação
Grupo do Sódio

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4. Análise Qualitativa de Cátions

4.3 Esquema Geral da Análise Sistemática de Cátions

SOLUÇÃO CONTENDO
Pb2+, Ag+, Hg22+
SOLUÇÃO ORIGINAL
Cu2+, As3+, Sn2+
Fe3+, Al3+, Cr3+
TESTE DE NH4+ (GRUPO V)
Co , Ni2+, Mn2+, Zn2+
2+

Ba2+, Ca2+, Sr2+


Mg2+, K+, Na+, NH4+

HCl(d)

PRECIPITADO DO GRUPO I SOLUÇÃO


PbCl2(s), AgCl(s), Hg2Cl2(s) (SOBRENADANTE S-I)

H2S /~0,3M HCl (pH~0,5)

PRECIPITADO DO GRUPO II SOLUÇÃO


CuS(s), As2S3(s), SnS(s) (SOBRENADANTE S-II)

NH4Cl / NH4OH

PRECIPITADO DO GRUPO IIIa SOLUÇÃO


Fe(OH)3(s), Al(OH)3(s), Cr(OH)3(s) (SOBRENADANTE S-III)

(NH4)2S / NH4Cl / NH4OH (pH~9,0)

PRECIPITADO DO GRUPO IIIb SOLUÇÃO


CoS(s), NiS(s), MnS(s), ZnS(s) (SOBRENADANTE S-IV)

(NH4)2CO3 / NH4Cl / NH4OH (pH~9,0)

PRECIPITADO DO GRUPO IV SOLUÇÃO


BaCO3(s), CaCO3(s), SrCO3(s) (SOBRENADANTE S-V)

GRUPO V
Mg2+, K+, Na+

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5. Análise Sistemática dos Cátions do Grupo I (Ag+, Pb2+, Hg22+)

5. ANÁLISE SISTEMÁTICA DOS CÁTIONS DO GRUPO I (Ag+, Pb2+ e Hg22+)


Constituem este grupo os seguintes cátions: Ag+, Hg22+ (íon mercuroso ou íon mercúrio I: +H-H+) e Pb2+.
Esses íons são precipitados como cloretos insolúveis pela adição de um pequeno excesso de HCl diluído (6 M), daí
o grupo ser conhecido como grupo do cloreto insolúvel. Nenhum dos outros cátions considerados neste estudo
sistemático forma precipitados nesta condição, de modo que os íons deste grupo são separados e identificados
primeiro na análise de um grupo geral de cátions. Os íons cobre(I), ouro(I) e tálio(I) também podem ser incluídos
neste grupo, pois formam cloretos insolúveis, porém não são comumente encontrados.

5.1 Propriedades dos Cátions do Grupo I


Chumbo: forma compostos em dois estados de oxidação: +2 e +4. Com exceção do dióxido de chumbo, PbO2(s),
usualmente o chumbo forma compostos inorgânicos estáveis somente no estado +2. O hidróxido de chumbo,
Pb(OH)2(s), é anfótero e por isso reage com ácidos e bases fortes.

Prata: a prata forma compostos em três estados de oxidação; +1, +2 e +3, sendo +1 o estado mais comum. A
prata é um elemento de transição e forma muitos íons complexos, como [Ag(NH3)2]+, [AgCl3]2-, [Ag(S2O3)2] 3- e
[Ag(CN)2] -. A prata forma também muitos compostos que têm baixa solubilidade em água.

Mercúrio: forma compostos em dois estados de oxidação, +1 e +2, sendo que ambos são relativamente estáveis.
No estado de oxidação +1, o íon existe como um dímero +Hg-Hg+, ou Hg22+. Os íons de mercúrio nestes dois estados
de oxidação ficam em equilíbrio entre si, quando estão na presença de mercúrio metálico.

Hg(s) + Hg2+ ⇌ Hg22+

5.2 Parte Experimental: fundamento teórico


5.2.1 Precipitação do Grupo I Como Cloretos
As solubilidades dos cloretos de prata e de mercúrio(I) são muito baixas e estes sais podem ser
precipitados, quase completamente, mediante adição de um pequeno excesso de ácido clorídrico diluído (6 M) à
solução de cátions. O cloreto de chumbo é muito mais solúvel (Tabela 5.1), só precipitando se a concentração do
íon Pb2+ for elevada. Portanto, bastante chumbo é deixado em solução para precipitar como sulfeto de chumbo
com o 2o grupo de cátions.

O ácido clorídrico é preferido para a precipitação do grupo por não introduzir cátions (tais como Na +, K+)
que deverão ser identificados mais adiante no curso da análise, e porque cria e/ou mantém uma acidez na solução
ideal para a precipitação do Grupo II de cátions. As equações iônicas da precipitação dos cloretos insolúveis são:

Ag+ + Cl- → AgCl↓


Hg22+ + 2Cl- → Hg2Cl2↓
Pb2+ + 2Cl- → PbCl2↓

A solução deve estar suficientemente ácida com HCl para prevenir a precipitação dos oxicloretos de
bismuto(III) e antimônio(III), ambos brancos e insolúveis em meio aquoso.

Bi3+ + Cl- + H2O → BiOCl↓ + 2H+


Sb3+ + Cl- + H2O → SbOCl↓ + 2H+

Além do mais, o excesso de íons cloreto assegura uma precipitação mais completa dos cloretos deste
grupo devido à redução de suas solubilidades pelo efeito do íon comum. Entretanto, um grande excesso do ácido
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5. Análise Sistemática dos Cátions do Grupo I (Ag+, Pb2+, Hg22+)

deve ser evitado para que não haja redissolução dos precipitados de AgCl(s) e PbCl2(s) devido a formação de cloro-
complexos solúveis, fracamente dissociados, com o excesso de íons cloreto:

AgCl↓ + Cl- ⇌ AgCl2- dicloroargentato


PbCl2↓ + 2Cl ⇌ PbCl4
- 2-
tetracloroplumbato(II)

Já o Hg2Cl2(s) se dissolve completamente em HgCl2, após ebulição com HCl diluído:

Hg2Cl2↓ + 4Cl- ⇌ 2HgCl2

TABELA 5.1. Solubilidade dos cloretos do grupo da prata em água.


SOLUBILIDADE SOLUBILIDADE A 25 oC SOLUBILIDADE A 100 oC
SAL KPS
MOLAR (g/L) (g/L)
Hg2Cl2(s) 1,1.10-18 6,5.10-7 M 3,1.10-4 1,0.10-3 (a 43 oC)
AgCl(s) 1,8.10-10 1,3.10-5 M 1,9.10-3 2,1.10-3
PbCl2(s) 1,7.10-5 1,6.10-2 M 4,5 33,4

5.2.2 Separação e Identificação do Chumbo


O precipitado resultante da separação dos cátions do Grupo I é constituído por uma mistura de AgCl(s),
Hg2Cl2(s) e PbCl2(s) (todos brancos). Deve-se lavar, com água fria, essa mistura de precipitado antes de prosseguir
nas etapas seguintes de separação-identificação dos cátions do Grupo I, pois se houver nitrato oriundo da solução
da amostra, este, juntamente com o HCl, formará água-régia que oxida o Hg2Cl2(s) a Hg2+ sob aquecimento. O Hg2+
irá interferir na identificação do Pb2+ com I-, formando HgI2(s) (laranja-avermelhado), que irá mascarar o PbI2(s),
amarelo.

3Hg2Cl2↓ + 18Cl- + 8H+ + 2NO3- → 2NO↑ + 4H2O + 6 [HgCl4]2-

O precipitado resultante da separação dos cátions do Grupo I é constituído por uma mistura de AgCl(s),
Hg2Cl2(s) e PbCl2(s). Dentre os íons deste grupo, o chumbo é separado primeiro, levando em consideração o
aumento da solubilidade do PbCl2(s) com a elevação da temperatura. Como demonstrado através da Tabela 5.1,
todos os cloretos deste grupo tornam-se mais solúveis com o aumento da temperatura, mas o efeito só é
pronunciado no caso do PbCl2(s). Enquanto a 100 oC, 1 mL de água dissolve apenas 0,0021 mg de AgCl(s), a
quantidade de PbCl2(s) que se dissolverá em 1 mL de água e a 100 oC será superior a 30 mg. Como a solubilidade
do AgCl(s) e Hg2Cl2(s) é ainda muito baixa em temperatura elevada, estes dois cloretos não podem ser detectados
pelos métodos da análise qualitativa nesta etapa. Assim, a água quente dissolve apenas o PbCl2(s).

PbCl2↓ ⇌ Pb2+ + 2Cl-

Como o AgCl(s) e o Hg2Cl2(s) são praticamente insolúveis em água quente, esta diferença constitui a base
para a separação dos íons chumbo dos íons prata e mercúrio(I).

5.2.3 Separação e Identificação do Mercúrio e da Prata


O resíduo proveniente da extração com água quente pode ser cloreto de prata ou de mercúrio(I) ou uma
mistura de ambos. Estes dois sólidos diferem na reação com a amônia. O AgCl(s) é solúvel em amônia. O Hg2Cl2(s)
reage com a amônia para formar uma mistura de Hg0(s) e HgNH2Cl(s), ambos insolúveis. Este fato é a base para a
separação dos íons prata dos íons mercúrio(I).
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5. Análise Sistemática dos Cátions do Grupo I (Ag+, Pb2+, Hg22+)

A reação da amônia com o AgCl(s) forma o íon complexo solúvel, diaminoprata (ou diaminoargentato),
Ag(NH3)2+, que é incolor em solução aquosa e que pode ser reprecipitado para AgCl(s) através da adição de HNO3
diluído à solução:

AgCl↓ + 2NH3 ⇌ Ag(NH3)2+ + Cl-

Isso ocorre porque a adição do ácido desequilibra a reação no sentido de formação do cátion amônio,
mais estável:

Ag(NH3)2+ + 2H+ + Cl- ⇌ AgCl↓ + 2NH4+

O Hg2Cl2(s) sofre auto oxidação-redução (desproporcionamento) na presença de amônia em excesso. Isto


produz mercúrio metálico finamente dividido, que é negro, e aminocloreto de mercúrio(II), HgNH2Cl9s), branco.

Hg2Cl2↓ + 2NH3 → Hg↓ + HgNH2Cl↓ + NH4+ + Cl-

A formação do resíduo preto é, em geral, uma indicação suficiente da presença de mercúrio(I) na amostra
original.

Caso o resíduo proveniente da extração com água quente contenha PbCl2(s), branco, a sua reação com
amônia formará hidróxido de chumbo, também branco (reação de transposição) insolúvel em excesso de amônia:

PbCl2↓ + 2NH3 → Pb(OH)2↓ + 2NH4+ + 2Cl-

O Pb(OH)2(s) solubiliza com excesso de NaOH aquoso, formando os complexos solúveis incolores
plumbito(II) e tetrahidroxiblumbito(II):

Pb(OH)2↓ + 2OH- ⇌ Pb(OH)3- + OH- ⇌ Pb(OH)42-

5.3 Parte Experimental: ensaios


OBJETIVO: Avaliar o comportamento dos cátions do Grupo I frente às reações de identificação de cada íon.

Experimento 1: em 1 tubo de ensaio colocar 5 gotas de solução de Ag+ e adicionar 3 a 4 gotas de HCl(d) até cessar
a formação de precipitado. Repetir o mesmo procedimento para o Pb2+ e o Hg22+. Centrifugue, decante e adicione
25 gotas de água destilada quente aos precipitados; agite com bastão de vidro e leve ao banho-maria por 5 min;
anote os resultados, se houve ou não solubilização dos precipitados. (vide item 5.2)

Experimento 2: em 1 tubo de ensaio colocar 5 gotas de solução de Ag+ e adicionar 3 a 4 gotas de HCl(d) até cessar
a formação de precipitado. Repetir o mesmo procedimento para o Pb2+ e o Hg22+. Centrifugue, decante e adicione
10 gotas de NH4OH(c) aos precipitados; agite com bastão de vidro e leve ao banho-maria por 5 min; anote os
resultados, se houve ou não solubilização dos precipitados.

Experimento 3: em um tubo de ensaio adicionar 5 gotas de solução de Ag+ e acrescentar 3 gotas de solução de
K2CrO4. Repita o mesmo procedimento para o Pb2+ e o Hg22+. Centrifugue, decante, anote a cor de cada precipitado
e, a cada um dos precipitados, adicione 40 gotas de HNO3(c) (cerca de 2 mL), agite com bastão de vidro, aqueça
em banho-maria por 10 minutos e anote os resultados, se houve ou não solubilização dos precipitados. (vide Nota
5.1 e Nota 5.2)

Experimento 4: em um tubo de ensaio adicionar 5 gotas de solução de Ag+ e acrescentar 3 gotas de solução de
KI. Repita o mesmo procedimento para o Pb2+ e o Hg22+. Anote a cor de cada precipitado. Centrifugue e decante
os precipitados e adicione 10 gotas de NH4OH(c), agite com bastão de vidro, aqueça em banho-maria por 5
minutos e anote os resultados. (vide Nota 5.3)

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5. Análise Sistemática dos Cátions do Grupo I (Ag+, Pb2+, Hg22+)

Quadro de Resultados

Exp.1 Exp.2 Exp.3 Exp.4


Cátion cloretos + H2O cloretos + cromatos + iodetos +
HCl(d) K2CrO4 KI
quente NH4OH(c),  HNO3(c),  NH4OH(c), 

Ag+

Pb2+

Hg22+

Nota 5.1 Identificação dos Cátions do Grupo I com o Íon Cromato: Equilíbrio Cromato-Dicromato
Os cromatos, quando solúveis em água, produzem soluções amarelas que, na presença de ácidos minerais
diluídos, ou seja, na presença de íons H+, são convertidos em dicromatos, cuja soluções aquosas são de cor
vermelho-laranja. A transformação inversa é produzida por álcalis:

2CrO42- + 2H+ ⇌ 2HCrO4- ⇌ Cr2O72- + H2O


Amarelo Vermelho-laranja

K = [Cr2O72-]___ = 3,2.1014
[CrO42-]2 [H+]2

A razão entre o íon dicromato e cromato é determinada pelo pH da solução:

__ [Cr2O72-]___ = 3,2.1014 [H+]2


[CrO42-]2

Os precipitados de cromato solubilizam em soluções ácidas porque o equilíbrio cromato-dicromato se


desloca no sentido de formação de dicromatos que são geralmente solúveis.

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Nota 5.2 Reações dos Cátions do Grupo I com o Íon Cromato


O cloreto de chumbo(II), PbCl2(s), solúvel em água quente, ou mesmo como precipitado em água fria, é
facilmente convertido pelo íon cromato (CrO42-), no cromato de chumbo(II) menos solúvel e de cor amarelo-
brilhante, confirmando a presença do chumbo (II) (o PbCrO4(s) é insolúvel em ácido acético e amônia). O Pb2+
também reage com dicromato (Cr2O72-) para formar o mesmo composto (insolúvel em água e ácido acético, mas
solúvel em HNO3 concentrado, NaOH ou KOH:

PbCl2↓ + CrO42- → PbCrO4↓ + 2Cl- Kps = 1,8.10-14

Pb2+ + CrO42- → PbCrO4↓

2Pb2+ + Cr2O72- + H2O → 2PbCrO4↓ + 2H+

2PbCrO4↓ + 2H+ ⇌ 2Pb2+ + Cr2O72- + H2O

PbCrO4↓ + 2OH- ⇌ HPbO2- + CrO42- + H2O

A adição de excesso de solução de NaOH ou KOH aos precipitados de PbCrO4(s), PbCO3(s), PbIO3(s) (entre
outros) solubiliza o precipitado porque forma-se o complexo [Pb(OH)3]-. A adição de íons acetato (não como ácido
acético, mas como acetato de amônio que tem ionização extensiva) dissolve o PbSO4(s) (Kps = 2,2.10-8) mas não o
PbCrO4(s) (Kps = 1,8.10-14), pois devido à baixa solubilidade deste último, não há Pb2+ suficiente na solução para
reagir com o íon acetato, formando o complexo estável tetracetatoplumbato(II). Esse comportamento só é
apresentado pelo PbSO4(s), mas não pelos sulfatos dos alcalinos-terrosos. O mesmo ocorre quando se adiciona
excesso de hidroxila, formando plumbito.

PbSO4↓ + 4C2H3O2- ⇌ [Pb(C2H3O2)4]2- + SO42-

PbSO4↓ + 3OH- ⇌ HPbO2- + SO42- + H2O

O Hg22+ reage com íon cromato em solução à quente, formando um precipitado cristalino vermelho de
cromato de mercúrio(I):

Hg22+ + CrO42- → Hg2CrO4↓

Se o ensaio for feito à frio, forma-se um precipitado amorfo marrom de composição indefinida. Mas, se
aquecido, o precipitado se converte em precipitado cristalino vermelho de cromato de mercúrio(I).

O íon prata reage com o íon cromato, formando um precipitado vermelho de cromato de prata, que é
solúvel em ácido nítrico diluído e em solução de amônia:

2Ag2CrO4↓ + 2H+ ⇌ 4Ag+ + Cr2O72- + H2O

Ag2CrO4↓ + 4NH3 ⇌ 2[Ag(NH3)2]+ + CrO42-

Nota 5.3 Identificação dos Cátions do Grupo I com o Íon Iodeto


O íon chumbo(II) pode ser identificado por meio do íon iodeto. Forma-se um precipitado amarelo-ouro
de iodeto de chumbo. O excesso de KI, no entanto, converte o precipitado de PbI2(s) em complexos solúveis:

Pb2+ + 2I- → PbI2↓


PbI2↓ + I- ⇌ PbI3- triiodoplumbato(II)
PbI3- + I- ⇌ PbI42- tetraiodoplumbato(II)

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5. Análise Sistemática dos Cátions do Grupo I (Ag+, Pb2+, Hg22+)

O Hg22+ reage com o iodeto formando o Hg2I2(s), amarelo esverdeado, que passa para
tetraiodomercurato(II) e Hg elementar, negro.

Hg22+ + 2I- → Hg2I2↓


Hg2I2↓ + 2I- ⇌ HgI42- + Hg↓ tetraiodomercurato(II)

O AgI(s) é ligeiramente solúvel em NH4OH, concentrado ou diluído, mas solubiliza prontamente em


cianeto de potássio (VENENOSO!) e em tiossulfato de sódio:

AgI↓ + 2CN- ⇌ [Ag(CN)2]- + I- bis(ciano)argentato(I)


AgI↓ + 2S2O32- 3-
⇌ [Ag(S2O3)2] + I -
bis(tiossulfato)argentato(I)

Uma solução de amônia consegue dissolver AgCl(s), AgSCN(s) e AgCN(s), mas não dissolve AgBr(s) nem AgI(s). A
ionização em água desses dois últimos sais é tão fraca, que não há íons Ag+ livres o suficiente para formar
[Ag(NH3)2]+.

O PbI2(s) e o Hg2I2(s) reagem com amônia aquosa formando precipitados branco e negro,
respectivamente:

PbI2↓ + 2NH4OH → Pb(OH)2↓ + 2I- + NH4+


Hg2I2↓ + 2NH4OH → Hg0↓ + Hg(NH3)2+ + 2I- + H2O

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6. Análise Sistemática dos Cátions do Grupo II (Cu2+, As3+, Sn2+)

6. ANÁLISE SISTEMÁTICA DOS CÁTIONS DO GRUPO II (Cu2+, As3+ e Sn2+)


Constituem o Grupo II (ou Grupo do Cobre-Arsênio, ou Grupo do Sulfeto de Hidrogênio Ácido) os seguintes
cátions: Hg2+, Pb2+, Bi3+, Cu2+, Cd2+, As3+, As5+, Sb3+, Sb5+, Sn2+ e Sn+4. Os íons deste grupo formam sulfetos
escassamente solúveis que são precipitados quando uma solução moderadamente ácida (0,1-0,3 M em HCl) é
saturada com H2S. Por causa da solubilidade moderada do PbCl2(s) e da baixa solubilidade do PbS(s), o íon
chumbo(II) é um membro deste grupo, bem como do grupo da Prata. O sulfeto de prata(I) precipitaria também
se ele já não tivesse sido removido como cloreto no 1o grupo de cátions.

6.1 Propriedades dos Cátions do Grupo II


Chumbo: forma compostos em dois estados de oxidação: +2 e +4. Com exceção do dióxido de chumbo, PbO 2(s),
usualmente o chumbo forma compostos inorgânicos estáveis somente no estado +2. O hidróxido de chumbo,
Pb(OH)2(s), é anfótero e por isso reage com ácidos e bases fortes. Devido à moderada solubilidade do PbCl2(s),
parte do chumbo(II) é precipitado no Grupo II como sulfeto, PbS(s).

Mercúrio: forma compostos em dois estados de oxidação, +1 e +2, sendo que ambos são relativamente estáveis.
No estado de oxidação +1, o íon existe como um dímero +Hg-Hg+, ou Hg22+, que é precipitado no Grupo I devido à
insolubilidade do Hg2Cl2(s). Entretanto, o íon Hg2+ (íon mercúrico ou mercúrio(II)) pertence ao Grupo II e é
facilmente reduzido a íon mercuroso (Hg22+, mercúrio(I)), o qual, por sua vez, é facilmente reduzido a mercúrio
metálico.

Bismuto: aparece em três estados de oxidação nos seus compostos, +3, +5 e -3. O estado +3 é o mais estável.
Uma das características dos sais de bismuto(III) é que eles se hidrolisam facilmente em água. Assim, quando o
tricloreto de bismuto é tratado com água, dá origem a um precipitado branco de oxicloreto de bismuto, BiOCl(s).

Cobre: forma íons em dois estados de oxidação, +1 e +2, sendo o estado +2 o mais comum. Os íons Cu2+ formam
íons hidratados [Cu(H2O)4]2+ com coloração azul profunda. Esta tendência de formar sais coloridos é uma das
características dos elementos de transição.

Cádmio: forma compostos somente no estado de oxidação +2. Assim como ocorre com os íons Zn2+ e Cu2+, os íons
Cd2+ formam muitos íons complexos. Os compostos de Cd2+, ao contrário do Cu2+, são incolores, sendo neste ponto
semelhantes ao Zn2+. O óxido e hidróxido de cádmio são básicos não sendo anfóteros com o de zinco.

Arsênio: é um não-metal que se apresenta em três estados de oxidação em seus compostos: +3 e +5 e -3. Os
estados +3 e +5 são estáveis em condições ordinárias. Os grupos hidroxila dos compostos de arsênio(III) e (V) são
ácidos e, por esta razão, o arsênio aparece como ânion nos seus compostos.

Antimônio: é colocado na linha se separação entre metais e não-metais e por isso é às vezes chamado de
semimetal. Ele se apresenta em três estados de oxidação: +3, +5 e -3. O estado +3 é o mais comum e se apresenta
nesta forma na maioria de seus compostos. O hidróxido da forma de oxidação +3 é anfótero. Os sais de
antimônio(III) se hidrolisam com facilidade a exemplo do bismuto(III). Quando o SbCl3 é tratado com água ele
hidrolisa resultando na precipitação do oxicloreto de antimônio, SbOCl(s).

SbCl3 + H2O ⟶ SbOCl↓ + 2 H+ + 2 Cl-

Estanho: aparece nos seus compostos nos estados de oxidação +2 e +4, sendo neste aspecto semelhante ao
chumbo. O Sn(OH)2(s) é anfótero como o Pb(OH)2(s) O óxido estânico, SnO2(s), e o ácido estânico hidratado
apresentam caráter ácido.

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6. Análise Sistemática dos Cátions do Grupo II (Cu2+, As3+, Sn2+)

6.2 Considerações Gerais Sobre a Precipitação dos Grupo II e III de Cátions


Os cátions do Grupo do II (e os do Grupo III) formam compostos muito insolúveis com o íon sulfeto ou íon
hidróxido. A separação dos cátions desses dois grupos é possível por causa da solubilidade excepcionalmente
baixa dos sulfetos do Grupo do II, como mostra a Tabela 6.1. Mesmo que a concentração do íon sulfeto seja muito
baixa em meio moderadamente ácido, ela é suficiente para precipitar os cátions deste grupo. Assim, pelo controle
cuidadoso da concentração do íon sulfeto pode-se separar os dois grupos de cátions. Numa solução saturada de
H2S, seja ela preparada a partir do gás ou pela hidrólise da tioacetamida, a concentração do íon sulfeto varia
inversamente com o quadrado da concentração do íon hidrogênio:

CH3(C=S)NH2 + 2H2O ⇌ CH3COO- + NH4+ + H2S

H2S ⇌ S2+ + 2H+ K = S2+ H+2


H2S

Quando a concentração do íon H+ é mantida entre 0,1 e 0,3 M, a concentração do íon sulfeto situa-se em
um nível suficientemente baixo para precipitar o sulfeto de cádmio, que é o mais solúvel do 2 o Grupo de cátions
e insuficiente para precipitar o sulfeto de zinco, que é o menos solúvel do Grupo IIIB.

TABELA 6.1 - Características dos precipitados dos Cátions dos Grupos II e III 1.
Composto Grupo Cor KPS [S2-]a [OH-]c pHd

HgS Negro 3,0.10-53 3,0.10-51 1


PbS Negro 8,0.10 -28
8,0.10 -26
1
CuS Negro 8,7.10 -36
8,7.10 -34
1
CdS Amarelo 8,0.10 -27
8,0.10 -25
1
II
Bi2S3 Marrom 1,1.10-97 1,0.10-31 1
SnS2 Amarelo 1,0.10-70 1,0.10-34 b 1
As2S3 Amarelo 2,1.10 -22 b
1
Sb2S3 Laranja 5,0.10 -51 b
1
-38 -12
Fe(OH)3 Vermelho-pardo 4,0.10 1,6.10 2,2
Al(OH)3 IIIa Branco 1,3.10-33 5,1.10-11 3,7
Cr(OH)3 Verde 6,3.10-31 4,0.10-10 4,6
MnS Róseo 2,5.10-13 2,5.10-11 5,7
NiS Negro 3,2.10-19 3,2.10-17 2,7
FeS IIIb Negro 6,3.10-18 6,3.10-16 3,4
CoS Negro 4,0.10-21 4,0.10-19 1,7
ZnS Branco 1,0.10-21 1,0.10-19 1,5
a Esta é S2- necessária para precipitar os sulfetos de uma solução do cátion de concentração igual a 0,01 M.
b SnS
2, As2S3 e Sb2S3 se hidrolisam extensivamente.
c Esta é OH- necessária para precipitar os hidróxidos de uma solução do cátion de concentração igual a 0,01 M.
d Este é o pH requerido para que ocorra a precipitação dos hidróxidos ou dos sulfetos numa solução saturada de H S, onde
2
a concentração do cátion é 0,01 M.
(1) Fonte: WISMER, R.K.; Qualitative Analysis with Ionic Equilibrium. New York: Macmillan Publishing Company, 1991. 327p.

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A precipitação dos sulfetos acontece quando PI > Kps para o sulfeto metálico correspondente. Enquanto a
concentração dos íons metálicos, em geral, situa-se na faixa de 0,1 a 0,001 mol/L, a concentração dos íons sulfeto
pode variar de modo considerável e ser facilmente selecionada pelo ajuste do pH da solução ao valor apropriado.
Esta variação da concentração do íon sulfeto com o pH é devido ao fato do gás sulfídrico ser um ácido fraco com
dois estágios de ionização:

1º ionização: H2S ⇌ H+ + HS- Ka1 = 9,1.10-8


2º ionização: __HS- ⇌ H+ + S2- Ka2 = 1,2.10-15
Reação total: H2S ⇌ 2H+ + S2- Ka1.Ka2 = 1,09.10-22

Logo, pode-se escrever a expressão da constante como (a concentração do íon sulfeto varia inversamente
com o quadrado da concentração do íon hidrogênio):

K = S2+ H+2 = 1,09.10-22 = 10-22


H2S

À temperatura ambiente (25 OC) e pressão atmosférica normal, uma solução aquosa saturada de H2S é
aproximadamente 0,1 mol/L. Sendo o H2S um ácido muito fraco, podemos considerar sua dissociação desprezível
e considerar [H2S] = 0,1 mol/L, ou seja, numa solução saturada de H2S, temos [H2S] = 0,1 mol/L. Substituindo na
expressão anterior, tem-se:

K= [H+]2 [S-2]  10-22 = [H+]2 [S-2]  [S-2] = 10-23


[H2S] 0,1 [H+]2

Esta equação mostra a correlação entre a concentração hidrogeniônica e a concentração do íon sulfeto.
Em soluções fortemente ácidas, a concentração de S2- é 10-23 M. Neste caso, apenas os íons sulfetos mais
insolúveis podem ser precipitados. Numa solução neutra, a concentração de íons S2- aumenta para 10-9 M,
possibilitando a precipitação de sulfetos metálicos com Kps mais elevados. A equação anterior, ao ser aplicado o
logaritmo, pode ser simplificada ainda mais, se introduzirmos a quantidade pS, expoente do íon sulfeto, cuja
definição é análoga à do pH, isto é,

pS = - log (10-23 / [H+]2)

Esta transformação leva à seguinte expressão:

pS = 23 - 2pH (para pH entre 0-8)

pH pS [S-2]
8 7 10-7
9 5 10-5
10 4 10-4
11 3 10-3
12 3 10-3
13 3 10-3
14 3 10-3

Figura 6.1: Gráfico para prever a precipitação de sulfetos em função do pH (Crédito da Figura: Vogel, 1981).

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A equação anterior somente é válida para uma faixa de pH de 0 a 8. Para pH > 8, ela não pode ser utilizada
pois, neste caso, a dissociação do H2S não pode ser ignorada. Entretanto, matematicamente, pode-se calcular os
pS (expoente de S2-) mesmo para pH acima de 8. O gráfico da Figura 6.1 pode ser utilizado quando se quer alguma
previsão na precipitação de sulfetos.

6.3 Parte Experimental: fundamento teórico


6.3.1 Precipitação do Grupo II Como Sulfetos

O reagente de precipitação do Grupo II é o H2S em meio ácido (pH  0,5) e o cuidados essenciais para
precipitação deste grupo é o controle do pH do meio reacional para manter a S2- baixa o suficiente para precipitar
apenas os cátions deste grupo, uma vez que os cátions do Grupo IIIB precipitam com altas concentrações de S2-,
devido aos seus altos valores de Kps (Tabela 6.1).

A TAA é utilizada como fonte de H2S: em temperaturas elevadas, a TAA se hidrolisa primeiro para
acetamida e H2S e depois suavemente para acetato de amônio, especialmente em soluções alcalinas.

pH<7 CH3(C=S)NH2 + 2H2O ⇌ CH3COO- + NH4+ + H2S(aq)

pH>7 CH3(C=S)NH2 + 3HO- ⇌ CH3COO- + NH3(aq) + H2O + S2+

S 
H 3C C NH2
+ 2H2O ⇌ H3CCOO- + NH4+ + H2S(aq)

H2S ⇌ S2- + 2H+

S2- + Cátion ⇌ Sulfeto do Cátion

O H2S formado (redutor) poderá reagir com agentes oxidantes presentes na solução, como o NO 3-, turvando a
solução com um precipitado amarelo pálido de enxofre:

3H2S↑ + 2NO3- + 2H+ ⇌ 3S↓ + 2NO↑ + 4H2O

O uso de TAA elimina as desvantagens do uso do gás H2S borbulhado no meio reacional: o H2S é um gás
tóxico e letal, cujo cheiro de ovo podre, fadiga o olfato quando o período de exposição é prolongado; como a
concentração de H2S aumenta rapidamente no meio reacional, ocorre a formação de precipitados coloidais
difíceis de sedimentar e que arrastam cátions de outros grupos, pois precipitados coloidais têm maior área
superficial.

Desta forma, os precipitados formados, utilizando TAA como fonte de H2S, são mais granulares porque
sua concentração aumenta de maneira gradual quando a temperatura de hidrólise é atingida. Outra importante
vantagem do TAA é que o volume de H2S liberado no ambiente do laboratório é menor em relação à técnica de
borbulhamento do gás H2S no meio reacional.

As equações iônicas da precipitação dos sulfetos insolúveis dos cátions do Grupo II são:

Cu2+ + S2- ⟶ CuS↓ negro


2As3+ + 3S2- ⟶ As2S3↓ amarelo
Sn2+ + S2- ⟶ SnS↓ marrom

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A solução deve estar suficientemente ácida com HCl para evitar a precipitação dos cátions do Grupo IIIB
e permitir a precipitação dos cátions do Grupo II. Como o decantado da precipitação dos cátions do Grupo I está
muito ácida, deve-se torná-la justo ácido (acidez ideal), primeiro adicionando solução diluída de NH4OH e depois,
solução diluída de HCl.

Os três sulfetos são solúveis em HNO3 diluído:

3CuS↓ + 8HNO3 ⟶ 3Cu2+ + 6NO3- + 3S0↓ + 2NO↑ + 2H2O


As2S3↓ + 10NO3- + 10H+ ⟶ 2AsO43- + 3S0↓ + 10NO2↑ + 2H2O + 3H+
3SnS↓ + 8HNO3 ⟶ 3Sn2+ + 6NO3- + 3S0↓ + 2NO↑ + 2H2O

Obs.: As partículas negras flutuantes que surgem após o aquecimento de TAA é enxofre
plástico, ou seja, o enxofre rômbico (molécula cíclica com 8 átomos em anel), quando
aquecido, sofre fusão e, por resfriamento rápido, forma uma substância elástica que consiste
em muitas cadeias longas entrelaçadas. Esse enxofre plástico tem cor escura porque está
misturado com resíduo orgânico contendo carbono e com subprodutos de reação.
Enxofre rômbico (S8↓)

6.3.2 Solubilidade dos Sulfetos


Segundo o esquema a seguir, há 4 mecanismos possíveis para dissolver sulfetos (MS):

MS ⇌ M2+ + S2-

+S2- +X- + H+ + NO3- + H+

MS22- MX42- S H2S


(4) (3) (2) (1)

(1) Alta concentração de H+ decresce a concentração de S2- de forma que CdS(s), SnS(s) e PbS(s) se
dissolvem; a concentração de HCl durante a precipitação do Grupo II deve ser mantida rigorosamente
em 0,3 M, porque em concentrações mais altas de HCl, o Pb2+, o Cd2+ e o Sn2+ precipitam de forma
incompleta: forma-se [PbCl3]-, [PbCl4]-, [CdCl4]- e o Sn2+ sofre oxidação, gerando Sn4+, pelo Hg2+, Fe3+,
MnO42-, Cr2O72-, NO3- e oxigênio atmosférico:

2Sn2+ + 4H+ + O2 ⇌ 2H2O + 2Sn4+

Sn2+ + 2HgCl2 ⇌ Hg2Cl2 + 2Cl- + Sn4+

(2) O NO3- oxida o S2- para S0(s) de forma a reduzir a concentração de S2- tão efetivamente que todos os
sulfetos dissolvem, exceto o HgS(s), que só dissolve prontamente em água régia:

3HgS↓ + 8H+ + 2NO3- + 12Cl- ⇌ 3[HgCl4]2- + 2NO↑ + 4H2O + 3S↓

Aqui o nitrato oxida o S2- e o cloreto complexa o íon mercúrico, portanto, ambos os íons S2- e Hg2+
têm suas concentrações reduzidas. Note-se que o HNO3 concentrado quente reage lentamente com
o HgS(s), convertendo-o a 2HgS.Hg(NO3)2(s) branco, que posteriormente se dissolve.

(3) Uma alta concentração de um agente complexante diminui a concentração de um metal (M), de
forma que o precipitado MS(s) se dissolve (p.ex.: CdS(s) se dissolve em altas concentrações de Cl-,
formando o tetraclorocadmato(II), [CdCl4 ]2-); da mesma forma, não se consegue precipitar um sulfeto

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6. Análise Sistemática dos Cátions do Grupo II (Cu2+, As3+, Sn2+)

metálico se o metal estiver na solução como íon complexo (p.ex., o SnS(s) não se forma a partir de
soluções contendo o complexo estano-oxalato(II), [Sn(C2O4)2]2-).

(4) O Na2S, K2S, (NH4)2S e seus polissulfetos dissolvem sulfetos de metais anfóteros (subgrupo do arsênio:
As3+, As5+, Sb3+, Sb5+, Sn2+ e Sn4+), formando tioânions, [MS2]2-. O HgS(s) é altamente anfotérico, e se
dissolve na presença de altas concentrações de Na2S ou Na2S2.

6.3.3 Separação dos Subgrupos IIA e IIB


Os cátions do Grupo II podem ser divididos em 2 subgrupos: IIA – Hg2+, Pb2+, Bi3+, Cu2+ e Cd2+; IIB – As3+,
As5+, Sb3+, Sb5+, Sn2+ e Sn4+. Esses subgrupos são separados através da adição de polissulfeto de amônio ((NH4)2SX)
aos precipitados de sulfetos do Grupo II, solubilizando o Grupo IIB, mas não solubilizando os sulfetos do subgrupo
IIA.

O polissulfeto de amônio é um agente oxidante e complexante, cuja cor varia de incolor, amarelo, laranja
e vermelho, dependendo da sua composição, ou seja, quanto maior for a fração de espécies com cadeia longa de
enxofre, mais avermelhada será a solução. O polissulfeto de amônio contém excesso de enxofre e, como o íon
básico de S2- solubiliza prontamente o subgrupo IIB, ele é utilizado para separar este grupo nos seus 2 subgrupos:

xSo↓ + (NH4)2S ⟶ (NH4)2SX

xS2- ⟶ S22- + S32- + S42- + S52-

NH4-S-NH4 ⟶ NH4-S-S-NH4 + ... + NH4-(Sx)-NH4

CuS↓ + (NH4)2SX ⟶ CuS↓ moderadamente solúvel

As2S3↓ + (NH4)2SX ⟶ AsS43- tioarseniato (solúvel)

SnS↓ + (NH4)2SX ⟶ SnS32- tioestanato (solúvel)

6.3.4 Identificação dos Cátions do Subgrupo IIB

Por acidificação da solução contendo AsS43- e SnS32-, forma-se precipitados amarelos de sulfeto de
arsênio (V), As2S5, e de sulfeto de estanho (IV), SnS2.

2AsS43- + 6H+ ⟶ As2S5↓ + 3H2S↑

SnS32- + 2H+ ⟶ SnS2↓ + H2S↑

A adição de HCl concentrado, com aquecimento, promove a formação de clorocomplexo solúvel de


estanho (IV), mas não solubiliza o As2S5. Esta é uma das bases para a separação do arsênio e estanho.

SnS2↓ + 4H+ + 6Cl- ⇌ SnCl62- + 2H2S↑ (hexacloroestanato(IV), Sn4+)

O cátion Sn2+, quando presente e em excesso, é identificado através da reação com solução de cloreto de
mercúrio(II), formando um precipitado branco de cloreto de mercúrio(I), que se torna cinza, quando há formação
de mercúrio metálico. Como o sobrenadante contém uma mistura de Sn2+ e Sn4+, primeiro reduz-se o Sn4+ para
Sn2+ para identificação posterior com cloreto de mercúrio(II):

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6. Análise Sistemática dos Cátions do Grupo II (Cu2+, As3+, Sn2+)

SnCl62- + Fe↓ ⟶ SnCl42- + Fe2+ + 2Cl-

Sn2+ + 2HgCl2 ⟶ Hg2Cl2↓ + Sn4+ + 2Cl-

Sn2+ + Hg2Cl2↓ ⟶ 2Hg0↓ + Sn4+ + 2Cl-

6.3.5 Identificação dos Cátions do Subgrupo IIA


O precipitado de CuS(s), negro, é solúvel em HNO3 diluído e, após tratamento com amônia, forma um
aminocomplexo solúvel de cobre azul anil, o tetraminocuprato(II).

3CuS↓ + 8HNO3 ⟶ 3Cu2+ + 6NO3- + 3S0↓ + 2NO↑ + 2H2O


amarelo claro

Cu2+ + 4NH3 ⇌ Cu(NH3)42+

6.3 Parte Experimental: ensaios


OBJETIVO: Avaliar o comportamento dos cátions do Grupo II frente às reações de separação e de identificação de
cada íon.

Experimento 1: A 2 tubos de ensaio, adicione 5 gotas de solução de Cu2+; a outros 2 tubos de ensaio, adicione 5
gotas de solução de As3+; e a mais 2 tubos de ensaio, adicione 5 gotas de solução de Sn2+. A todos os 6 tubos de
ensaio, adicione NH4OH(d), gota a gota, até pH levemente alcalino. Adicione HCl(d), gota a gota, até pH levemente
ácido. Adicione mais 1 gota de HCl(d), 5 gotas de tioacetamida (TAA) e aqueça em banho-maria por 10 min no
mínimo. Anote a cor dos precipitados, centrifugue e decante, desprezando o sobrenadante e reserve esses 6
precipitados para os Experimentos 2 e 3. (vide item 6.3.1).

Experimento 2: separe 3 precipitados de sulfeto - CuS(s), As2S3(s) e SnS(s), e

a) Verifique a solubilidade desses 3 precipitados com polissulfeto de amônio, (NH4)2Sx, adicionando


gotas do reagente em quantidade suficiente para cobrir cada precipitado (cerca de 10 gotas).
Aqueça em banho-maria, agitando com bastão de vidro. Anote os resultados (vide item 6.3.3).

b) Nos tubos onde houve solubilização dos precipitados (do arsênio e do estanho), adicione 25 gotas
de HCl(d) até pH ácido; aqueça por 5 min e deixe repousar por 2 min. Anote os resultados.
Centrifugue e decante o precipitado de SnS2(s). (vide item 6.3.4).

c) Lave o precipitado de SnS2(s) uma vez com 20 gotas de água quente. Adicione 20 gotas de HCl(c)
ao precipitado e agite até dissolver. Transfira para um béquer de 100 mL e aqueça por 3 min para
expulsar o H2S(g)*. Dilua com 40 gotas de água destilada (cerca de 2 mL), agite bem e transfira
para um tubo de ensaio. Se houver precipitado, centrifugue, decante e transfira o sobrenadante
para outro tubo, desprezando o precipitado. Ao sobrenadante, adicione HCl(d) até pH ácido.
Adicione 1 prego de ferro limpo** e aqueça por 10 minutos. Retire o prego e adicione 5 gotas de
HgCl2. Anote o resultado. (vide item 6.3.4)

(*) Teste para verificar ausência de H2S: pegue um pedaço de papel de filtro com uma pinça e
umedeça com 1 gota de PbAc2 (acetato de chumbo); coloque sobre o béquer, durante o
aquecimento, e deixe reagir com os vapores por cerca de 3 minutos; se houver H2S(g) nos vapores,
o papel de filtro se tornará negro devido à formação de PbS(s). Repita o teste do papel de filtro
até que haja ausência de PbS(s): o papel não fica negro.

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6. Análise Sistemática dos Cátions do Grupo II (Cu2+, As3+, Sn2+)

(**) Limpeza do prego de ferro: coloque o prego em um tubo de ensaio, adicione HCl(d) até cobrir
o prego e aqueça em banho-maria por 3-5 min. Em seguida, lave o prego com água destilada.

Experimento 3: aos outros 3 precipitados de sulfeto - CuS(s), As2S3(s) e SnS(s),

a) Verifique a solubilidade desses precipitados com HNO3(d): adicione 10 gotas do ácido aos
precipitados e aqueça em banho-maria por 5 minutos, agitando com bastão de vidro. Anote o
resultado. (vide item 6.3.2)

b) Ao tubo que continha o precipitado do CuS(s): após solubilização em HNO3(d), aqueça a solução
por mais 5 min. Adicione NH4OH(c) até solução fortemente alcalina. Observe a formação de um
complexo amoniacal de cobre, de cor azul anil intenso. (vide item 6.3.5)

Quadro de Resultados

Exp.1 Exp.2a Exp.2b Exp.3a Exp.3b

Cátion TAA + HCl(d),  sulfetos + (NH4)2Sx,  Solução obtida + sulfetos + HNO3(d), Adição de
HCl(d),   NH4OH(c)

Cu2+

As3+

Sn2+

Exp. 2c

HCl(c),  Prego (Feo),  HgCl2

Sn2+

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7. Análise Sistemática dos Cátions do Grupo IIIA (Fe3+, Al3+, Cr3+)

7. ANÁLISE SISTEMÁTICA DOS CÁTIONS DO GRUPO IIIA (Fe3+, Al3+, Cr3+)


Constituem o Grupo III os seguintes cátions: Fe2+, Fe3+, Al3+, Cr3+, Co2+, Ni2+, Mn2+ e Zn2+. Estes íons são
divididos em dois subgrupos, para simplificar a análise: o subgrupo IIIA – Fe3+, Al3+, Cr3+ e o subgrupo IIIB – Fe2+,
Zn2+, Co2+, Ni2+ e Mn2+. Após remoção dos cátions dos Grupos I e II, os cátions deste grupo são precipitados como
hidróxidos e sulfetos de uma solução alcalina de H2S.

7.1 Propriedades dos Cátions do Grupo IIIA


Ferro: forma compostos em dois estados de oxidação comuns, +2 (ferroso) e +3 (férrico). O íon Fe2+, em solução,
tende a se oxidar à Fe3+, na presença de oxigênio do ar. Os sais de ferro são coloridos, sendo muitos sais ferrosos
esverdeados e muitos sais férricos, marrom-amarelados.

Alumínio: forma compostos somente no estado de oxidação +3. Seu hidróxido é anfótero e é uma substância
gelatinosa de cor branca translúcida de grande poder de adsorção. Soluções contendo o íon Al3+ são incolores.

Cromo: forma compostos nos estados de oxidação +2, +3 e +6; os estados +3 e +6 são os mais importantes.
Compostos de cromo +6 (cromatos e dicromatos) são fortes agentes oxidantes. O hidróxido de cromo +3
(hidróxido crômico) é anfótero. Os compostos de cromo +2 (compostos cromosos) são fortes agentes redutores.
Todos os sais de cromo são coloridos.

7.2 Parte Experimental: fundamento teórico


7.2.1 Precipitação do Grupo IIIA Como Hidróxidos
O Grupo IIIA se constitui de íons que precipitam como hidróxidos: Fe(OH)3(s), castanho-avermelhado,
Al(OH)3(s), branco translúcido, e Cr(OH)3(s), cinza-esverdeado. Para sua precipitação é utilizada uma combinação
de amônia e cloreto de amônio. Os hidróxidos de ferro(III), de alumínio e de cromo(III) são quase completamente
precipitados enquanto os hidróxidos de magnésio e de manganês, que têm produto de solubilidade muito mais
elevado, não são precipitados. Isso se deve à ação do tampão amoniacal: o efeito do íon comum (NH4+) presente
nos reagentes do tampão deslocam o equilíbrio da amônia de forma a aumentar sua concentração e reduzir a
quantidade de íons hidroxila no meio, que fica suficiente apenas para precipitar os hidróxidos dos cátions do
grupo IIIA sem precipitar o Mg2+ e o Mn2+ como hidróxidos. O excesso de NH3 no meio reacional também converte
os cátions do grupo IIIB em aminocomplexos solúveis que não precipitam como hidróxidos.

NH4Cl(s) + água ⟶ NH4+ + Cl-


NH3 + H2O ⥃ NH4+ + OH-

7.2.2 Separação e Identificação dos Cátions do Grupo IIIA


O precipitado do subgrupo IIIA é solúvel em HCl(d), que dissolve os hidróxidos de acordo com as equações
a seguir:

Fe(OH)3↓ + 3H+ ⇌ Fe3+ + 3H2O

Al(OH)3↓ + 3H+ ⇌ Al3+ + 3H2O

Cr(OH)3↓ + 3H+ ⇌ Cr3+ + 3H2O

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7. Análise Sistemática dos Cátions do Grupo IIIA (Fe3+, Al3+, Cr3+)

Os hidróxidos de alumínio e cromo(III) são anfóteros e, portanto, solúveis em NaOH. Ao contrário, o


hidróxido de ferro(III) não é anfótero e não é solúvel em NaOH. Baseado nesta diferença de comportamento,
realiza-se a separação dos cátions Al3+ e Cr3+ do cátion Fe3+.

Após dissolução do precipitado, a solução contendo os três íons (Fe3+, Al3+ e Cr3+) é tornada fortemente
alcalina com NaOH, que resulta inicialmente na precipitação dos hidróxidos de ferro(III), de alumínio e de
cromo(III):

Fe3+ + 3OH- ⇌ Fe(OH)3↓


Al3+ + 3OH- ⇌ Al(OH)3↓
Cr3+ + 3OH- ⇌ Cr(OH)3↓

Os dois hidróxidos anfóteros se dissolvem, então, no excesso da base formando hidroxicomplexos,


enquanto o Fe(OH)3(s) não solubiliza.

Al(OH)3↓ + OH- ⇌ Al(OH)4- ⇌ AlO2- + 2H2O


Cr(OH)3↓ + OH- ⇌ Cr(OH)4-
Após separação do precipitado do seu sobrenadante por centrifugação, o sobrenadante fortemente
alcalino é então tratado com peróxido de hidrogênio, que é um agente oxidante muito forte em meio básico. O
íon tetrahidroxicromato(III), verde, é oxidado a íon cromato, amarelo solúvel.

(Cr3+) (Cr6+)
2Cr(OH)4 + 3H2O2 + 2OH ⇌ 2CrO42- + 8H2O
- -

Solução VERDE Solução AMARELA

O excesso de H2O2 é decomposto por ebulição para evitar a redução do cromato por acidificação do meio
nas etapas seguintes; soluções contendo íons cromato, CrO42-, ou dicromato, Cr2O72-, quando acidificadas com
pequenas quantidades de ácido sulfúrico ou ácido nítrico, ficam intensamente azuis devido à formação de
pentóxido de cromo, CrO5, que se decompõe rapidamente produzindo oxigênio e uma solução verde, contendo
Cr3+:

CrO42- + 2H+ + 2H2O2 ⟶ CrO5 + 3H2O


Azul

Cr2O72- + 2H+ + 4H2O2 ⟶ 2CrO5 + 5H2O


Azul

4CrO5 + 12H+ ⟶ 4Cr3+ + 6H2O + 7O2↑


Azul Verde

Identificação do Fe(III)
O precipitado de Fe(OH)3(s) é solubilizado com HCl diluído e a solução contendo o cátion Fe3+ é tratada
com hexacianoferrato(II) de potássio ou tiocianato de amônio.

4Fe3+ + 3K4Fe(CN)6 ⟶ Fe4Fe(CN)63↓


Hexacianoferrato de ferro(III) azul escuro (Azul da Prússia)

Fe3+ + 3SCN- ⟶ Fe(SCN)3(aq)


Tiocianato de ferro(III) (vermelho sangue)

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7. Análise Sistemática dos Cátions do Grupo IIIA (Fe3+, Al3+, Cr3+)

Identificação do Cr(III)
O íon cromato precipita com o chumbo(II) para formar um precipitado amarelo de cromato de chumbo(II),
insolúvel em ácido acético, mas solúvel em ácido nítrico diluído.

CrO42- + Pb2+ ⟶ PbCrO4↓

2PbCrO4↓ + 2H+ ⇌ 2Pb2+ + Cr2O72- + H2O

O precipitado de PbCrO4(s) é solúvel em solução de NaOH; o ácido acético reprecipita o PbCrO4(s)


proveniente dessas soluções.

A solubilidade em solução de NaOH se deve à formação do complexo solúvel tetrahidroxiplumbato(II),


que reduz a concentração do Pb2+ de modo que o Kps do PbCrO4(s) não é excedido e, por isso, o precipitado se
dissolve:

PbCrO4↓ + 4OH- ⇌ [Pb(OH)4]2- + CrO42-

Identificação do Al3+
A identificação do Al3+ é feita pelo ensaio do Aluminon (um indicador de
adsorção), através da reprecipitação do Al3+ com NH4OH em meio tamponado
fracamente ácido (acético), NH3/NH4CH3COO, em pH 4 a 6 (pH ótimo em torno de 5).

Em pH acima de 7, observa-se uma redução na cor vermelha do complexo


interno. Já o excesso de prótons no meio impede a precipitação do Al3+ como
Al(OH)3(s), branco gelatinoso. O Al(OH)3(s) começa a precipitar em pH 4,0.

Quando o meio está muito alcalino, o próprio Aluminon fornece cor vermelha, dando falso-positivo
quando o Al3+ está ausente na amostra. Assim, o pH deve ser regulado entre 4-6.

A amônia serve para evitar que o Al(OH)3(s) solubilize, formando [Al(OH)4]-, pois o precipitado de
Al(OH)3(s) é insolúvel em excesso de amônia. O íon acetato, por sua vez, permite que o meio fique levemente
ácido sem solubilizar o Al(OH)3(s).

3 (C6H3OH-COONH4)2=C=C6H3(COONH4)=O + Al3+ + 6 H+ ⟶ [(C6H3OH-COOH)2=C=C6H3(COO)=O]3Al(s) + 9 NH4+


Aluminon Laca vermelha: Aluminon-Al(OH)3

O corante Aluminon se adere ao precipitado de Al(OH)3(s), formando uma laca vermelho-brilhante. O


desenvolvimento da coloração é mais intenso em meio ligeiramente ácido. Em meio básico a laca é menos estável
e tem lugar a precipitação de outros metais, ex.: Fe3+ e Cr3+ (o que gera falso-positivos na ausência de alumínio).
No entanto alguns autores optam por meio básico amoniacal para diminuir a interferência de certos cátions.

7.3 Parte Experimental: ensaios


OBJETIVO: Avaliar o comportamento dos cátions do Grupo IIIA frente às reações de identificação de cada íon.

Experimento 1: A 10 gotas de cada uma das soluções de Fe3+, Al3+, Cr3+ junte 3-5 gotas de NH4OH(d) gota a gota e
agite com o bastão de vidro e anote os resultados. Em seguida, adicione a cada tubo 10 gotas de NaOH(d), agite
com bastão e anote os resultados. (vide Nota 7.1)

Experimento 2: A 10 gotas de cada uma das soluções de Fe3+, Al3+ e Cr3+ junte uma pequena porção de NH4Cl(s) e
agite com bastão até dissolver o sólido. Adicione NH4OH(d) gota a gota e agite com o bastão até solução alcalina

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7. Análise Sistemática dos Cátions do Grupo IIIA (Fe3+, Al3+, Cr3+)

ao tornassol. Anote os resultados (vide item 7.3.1.1). Reserve todos os tubos de ensaio para os próximos
experimentos.

Experimento 3: Centrifugue os tubos com os precipitados de Fe(OH)3(s), Al(OH)3(s) e Cr(OH)3(s) e prossiga como
segue (vide item 7.2.1):

a) Ao ppt de Fe(OH)3(s), adicione HCl(d) até solubilizar. Divida a solução de Fe3+ em duas porções; a uma
das porções, adicione 5 gotas de solução de NH4SCN e à outra parte adicione solução de K4Fe(CN)6.
Anote os resultados.

b) Ao ppt de Cr(OH)3(s), adicione NaOH(d) até dissolução do ppt. À solução contendo [Cr(OH)4]-, solução
verde, adicione 3-5 gotas de H2O2 3% e aqueça em banho-maria por 5 min, ou até solução ficar
amarela. Em seguida, adicione ácido acético diluído até meio ácido e adicione 5 gotas de solução de
acetato de chumbo(II). Anote os resultados.

c) Ao ppt de Al(OH)3(s), adicione HCl(d) até solubilizar. À solução contendo Al3+, adicione 3-4 gotas de
NH4Ac, 5 gotas de Aluminon e 3-4 gotas de NH4OH(d) até meio alcalino ao tornassol. Anote os
resultados.

Quadro de Resultados
Exp.1 Exp.2 Exp.3
Cátion NH4Cl(s) +
NH4OH(d) NaOH(d) HCl NH4SCN K4Fe(CN)6
NH4OH(d)

Fe3+

Cr3+

Al3+

Quadro de Resultados (Continuação)


Exp.3
Cátion NaOH + H2O2, HAc(d) + Pb(Ac)2 NH4Ac + Aluminon
 + NH4OH(d)

Cr3+

Al3+

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7. Análise Sistemática dos Cátions do Grupo IIIA (Fe3+, Al3+, Cr3+)

Nota 7.1 Reação do Grupo III com NH4OH e NaOH


O Grupo IIIA reage com NH4OH formado os seus respectivos hidróxidos:

Fe3+ + 3NH3 + 3H2O ⟶ Fe(OH)3↓ + 3NH4+


Marrom-avermelhado

Al3+ + 3NH3 + 3H2O ⟶ Al(OH)3↓ + 3NH4+


Branco translúcido

Cr3+ + 3NH3 + 3H2O ⟶ Cr(OH)3↓ + 3NH4+


Cinza-esverdeado

Quando se adiciona amônia em excesso, no caso do Cr3+, o precipitado de Cr(OH)3(s) é parcialmente


solúvel em excesso de amônia dando uma solução violeta ou rosada, devido à formação de hexaminocromato(III).
O Al3+ também exibe o mesmo comportamento: solubiliza levemente em presença de excesso de amônia
formando tetrahidroxialuminato(III), incolor.

Cr(OH)3↓ + 6NH3 ⇌ [Cr(NH3)6]3+ + 3OH-


Solução rosa-violácea

Al(OH)3↓ + NH3 + H2O ⇌ [Al(OH)4]- + NH4+


Solução Incolor

Quando a solução é tornada muito alcalina, com adição de NaOH por exemplo, ocorrerá a dissolução dos
hidróxidos anfotéricos, Al(OH)3(s), solúvel em pH acima de 10, e Cr(OH)3(s), solúvel em pH acima de 12. O
Fe(OH)3(s) não é uma base anfótera e não se dissolve com excesso de NaOH.

Cr(OH)3↓ + OH- ⇌ [Cr(OH)4]-


Solução verde

Al(OH)3↓ + OH- ⇌ [Al(OH)4]-


Solução Incolor

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8. Análise Sistemática dos Cátions do Grupo IIIB (Co2+, Ni2+, Mn2+, Zn2+)

8. ANÁLISE SISTEMÁTICA DOS CÁTIONS DO GRUPO IIIB


Constituem o Grupo III os seguintes cátions: Fe2+, Fe3+, Al3+, Cr3+, Co2+, Ni2+, Mn2+ e Zn2+. Estes íons são
divididos em dois subgrupos, para simplificar a análise: o subgrupo IIIA – Fe3+, Al3+, Cr3+ e o subgrupo IIIB – Fe2+,
Zn2+, Co2+, Ni2+ e Mn2+. Após remoção dos cátions dos Grupos I e II, os cátions deste grupo são precipitados como
hidróxidos e sulfetos de uma solução alcalina de H2S.

8.1 Propriedades dos Cátions do Grupo IIIB


Cobalto: forma compostos no estado de oxidação +2 (cobaltoso) e +3 (cobáltico). No estado +2 ele forma sais
simples estáveis e no estado +3, forma sais complexos estáveis. Seus sais são coloridos e os cobaltosos são de cor
avermelhada ou azul, dependendo do grau de hidratação ou de outros fatores. Os íons complexos cobálticos
apresentam grande variedade de cor.

Níquel: forma compostos em diversos estados de oxidação, mas os seus compostos mais comuns ocorrem no
estado +2 (niqueloso). Os sais hidratados de níquel são de cor verde.

Manganês: forma compostos nos estados de oxidação +2, +3, +4, +6 e +7, dos quais os mais comuns são o +2, +4
e +7. Os compostos de manganês no estado de oxidação +7 (permanganatos) são fortes agentes oxidantes e
coloridos. Os compostos de manganês no estado de oxidação +2 (manganoso) são agentes redutores.

Zinco: forma compostos somente no estado de oxidação +2. Seu hidróxido, como os de Cr 3+ e Al3+, é anfótero. O
zinco, como o cádmio, pertence ao grupo 12 da tabela periódica e forma com amônia o íon complexo
tetraminozincato(II), [Zn(NH3)4]2+.

8.2 Parte Experimental: fundamento teórico


8.2.1 Precipitação do Grupo IIIB Como Sulfetos
Os cátions do Grupo IIIB precipitam como sulfetos (CoS(s), negro, NiS(s), negro, ZnS(s), branco e MnS(s),
rosa) de uma solução básica de um tampão amoniacal saturada com H2S. Para a precipitação do grupo é utilizada
uma combinação de amônia, cloreto de amônio e tioacetamida. Os sulfetos desse grupo têm produtos de
solubilidade mais elevados que os sulfetos do Grupo II e, portanto, necessitam de uma concentração mais elevada
do íon sulfeto para a precipitação (Tabela 6.1). A relação entre a concentração de íon sulfeto e a acidez foi ilustrada
na precipitação do Grupo II.

A mistura tampão de NH3/NH4Cl permite que a S2- permaneça elevada para precipitar esse subgrupo e
também evita a precipitação do hidróxido de magnésio, que tem um produto de solubilidade muito mais elevado
que os hidróxidos do Grupo IIIB. O mecanismo do tampão amoniacal NH3/NH4Cl foi demonstrado na precipitação
do Grupo IIIA.

As equações das reações de precipitação dos cátions do Grupo IIIB são:

Co(NH3)63+ + S2- ⟶ CoS↓ + 6NH3


Negro

Ni(NH3)62+ + S2- ⟶ NiS↓ + 6NH3


Negro

Zn(NH3)42+ + S2- ⟶ ZnS↓ + 4NH3


Branco

Mn2+ + S2- ⟶ MnS↓


Rosa
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8. Análise Sistemática dos Cátions do Grupo IIIB (Co2+, Ni2+, Mn2+, Zn2+)

O CoS(s) e o NiS(s), nas suas formas cristalinas estáveis de beta-sulfetos, são insolúveis em ácidos
clorídrico ou acético diluídos, ao contrário das formas amorfas, alfa-sulfetos, que são solúveis. O HNO3
concentrado, a quente, ou a água-régia dissolvem esses precipitados restando enxofre branco:

3CoS↓ + 2HNO3 + 6H+ ⟶ 3Co2+ + 3S↓ + 2NO↑ + 4H2O

CoS↓ + HNO3 + 3HCl ⟶ Co2+ + S↓ + NOCl↑ + 2Cl- + 2H2O

3NiS↓ + 2HNO3 + 6H+ ⟶ 3Ni2+ + 3S↓ + 2NO↑ + 4H2O

NiS↓ + HNO3 + 3HCl ⟶ Ni2+ + S↓ + NOCl↑ + 2Cl- + 2H2O

O ZnS(s) é insolúvel em ácido acético e em soluções de álcalis cáusticos, mas se dissolve em ácidos
minerais diluídos. O MnS(s) é facilmente solúvel em ácidos minerais e em ácido acético (distinção do níquel,
cobalto e zinco):

MnS↓ + 2H+ ⟶ Mn2+ + H2S↑

MnS↓ + 2CH3COOH ⟶ Mn2+ + H2S↑ + 2CH3COO-

8.2.2 Identificação dos Cátions do Grupo IIIB


O MnS(s) e o ZnS(s) se dissolvem facilmente à frio em HCl diluído, enquanto o NiS(s) e o CoS(s) se dissolvem
ligeiramente. A explicação para esse fenômeno é a seguinte: o NiS(s) e o CoS(s), nas suas formas amorfas,
chamadas de alfa-sulfetos, são solúveis em ácido clorídrico diluído. Mas, com o envelhecimento ou aquecimento,
esses precipitados se convertem em formas cristalinas mais estáveis, chamadas de beta-sulfetos, que são
insolúveis em ácido clorídrico diluído. Esse fenômeno não ocorre com os sulfetos de zinco ou de manganês(II) e,
por tal razão, é que se adiciona ácido clorídrico diluído à mistura dos sulfetos do grupo IIIB para solubilizar os
sulfetos de manganês(II) e de zinco e deixar os sulfetos de cobalto(II) e de níquel(II) como precipitados.

A presença de pequenas quantidades de Ni2+ e Co2+ no filtrado contendo o Mn2+ e o Zn2+ não interferem
seriamente nas reações posteriores.

MnS↓ + 2H+ ⇌ Mn2+ + H2S↑

ZnS↓ + 2H+ ⇌ Zn2+ + H2S↑

Após separar o sobrenadante contendo Mn2+ e Zn2+ do precipitado contendo CoS(s) e NiS(s), solubiliza-se
o precipitado contendo CoS(s) e NiS(s) com ácido nítrico concentrado à quente:

3CoS↓ + 2NO3 + 8H+ ⇌ 3Co2+ + 2NO↑ + 3S↓ + 4H2O

3NiS↓ + 2NO3- + 8H+ ⇌ 3Ni2+ + 2NO↑ + 3S↓ + 4H2O

Identificação do Co2+

O Co2+ pode ser identificado pelo ensaio de tiocianato de amônio (reação de Vogel): adicionando-se
solução de NH4SCN a uma solução neutra ou ácida de cobalto(II), surge uma cor azul intensa devido à formação

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8. Análise Sistemática dos Cátions do Grupo IIIB (Co2+, Ni2+, Mn2+, Zn2+)

de íons tetratiocianatocobaltato(II). A adição de acetona, álcool amílico ou éter, favorece a formação do ácido
livre do íon, tornando a reação mais sensível:

Co2+ + 4SCN- ⟶ Co(SCN)42-

2H+ + Co(SCN)42- ⇌ H2Co(SCN)4

Identificação do Ni2+

O níquel é identificado com dimetilglioxima (DMG), formando um precipitado O----------HO

vermelho-cereja de dimetilglioximato de níquel de soluções levemente alcalinizadas com


amônia, ou soluções ácidas tamponadas com acetato de sódio. H C-C=N
3 N=C-CH3

Ni
Ni2+ + 2C4H6(NOH)2 ⇌ NiC4H6(NOH)(NO)2↓ + 2H+
H3C-C=N N=C-CH3

Complexo de DMG-Ni
HO------------O
Complexo de DMG-Ni

Identificação do Mn2+

A solução, contendo Mn2+ e Zn2+ e, possivelmente, traços de Co2+ e Ni2+, é tratada com excesso de NaOH;
o Zn(OH)2(s), precipitado inicialmente, será dissolvido para formar Zn(OH)42-, enquanto o Mn(OH)2(s), branco, e
traços de Ni(OH)2(s), verde, Co(OH)2, rosa, serão precipitados, pois são insolúveis em excesso de NaOH.
O precipitado branco de Mn(OH)2(s), quando exposto ao ar, adquire rapidamente uma coloração marrom
na sua superfície devido à sua oxidação com formação de dióxido de manganês hidratado:

Mn2+ + 2OH- ⟶ Mn(OH)2↓


Mn(OH)2↓ + O2 + H2O ⟶ MnO(OH)2↓ + 2OH-

O manganês é facilmente identificado através do teste do bismutato. No entanto, qualquer agente


redutor (p. ex., Cl-, S2-) interfere com esse teste, porque reduz o íon MnO4- à medida que ele se forma durante o
ensaio:

2MnO4- + 14 HCl ⟶ 8H2O + 2Mn2+ + 2Cl- + 5Cl2↑


2MnO4- + 5H2S + 4HNO3 + 2H+ ⟶ 2Mn2+ + 4NO3- + 5Cl2↑ + 8H2O + 5S↓

Para eliminar esses agentes redutores, antes do ensaio do bismutato, reprecipita-se o Mn2+ como
Mn(OH)2, branco, com excesso de NaOH; lava-se o precipitado com água quente e solubiliza-se esse precipitado
com HNO3 diluído.

2Mn2+ + 5NaBiO3 + 14H+ ⇌ 2MnO4- + 5Bi3+ + 5Na+ + 7H2O


Solução violeta

No teste direto com bismutato de sódio, se houver excesso de íons Mn2+ na solução teste, pode haver
redução do MnO4-, violeta, para MnO(OH)2↓, marrom. Por essa razão, deve-se diluir a amostra com água destilada:

2MnO4- + 3 Mn2+ + 7H2O ⟶ 5MnO(OH)2↓ + 4H+

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8. Análise Sistemática dos Cátions do Grupo IIIB (Co2+, Ni2+, Mn2+, Zn2+)

Identificação do Zn2+
O Zn2+ é confirmado através de sua reprecipitação como ZnS(s), branco. Satura-se com H2S o extrato de
NaOH como tal ou acidificado com ácido acético:

Zn(OH)42- + H2S ⇌ ZnS↓ + 2OH- + 2H2O

Alternativamente, o Zn2+ pode ser identificado adicionando HCl diluído ao extrato de NaOH, até pH
levemente ácido, e adicionando-se a seguir excesso de solução de hexacianoferrato(II) de potássio, K4[Fe(CN)6].
Forma-se um precipitado branco de hexacianoferrato(II) de potássio e zinco, insolúvel em ácidos diluídos, mas
solúvel em NaOH:

3Zn2+ + 2K+ + 2[Fe(CN)6]4- ⟶ K2Zn3[Fe(CN)6]2↓


K2Zn3[Fe(CN)6]2↓ + 12OH- ⟶ 2[Fe(CN)6]4- + 3Zn(OH)42- + 2K+

8.3 Parte Experimental: ensaios


OBJETIVO: Avaliar o comportamento dos cátions do Grupo IIIB frente às reações de identificação de cada íon.

Experimento 1: A 10 gotas de cada uma das soluções de Co2+, Ni2+, Zn2+ e Mn2+ junte 3-5 gotas de NaOH(d) gota a
gota e agite com o bastão de vidro e anote os resultados. Em seguida, adicione a cada tubo 10 gotas de NaOH(d),
agite com bastão e anote os resultados. (vide Nota 8.1)

Experimento 2: A 10 gotas de cada uma das soluções de Co2+, Ni2+, Zn2+ e Mn2+ junte 3-4 gotas de NH4OH(d) gota
a gota e agite com o bastão de vidro e anote os resultados. Em seguida, adicione a cada tubo 10 gotas de
NH4OH(d), agite com bastão e anote os resultados. (vide Nota 8.1)

Experimento 3: A 5 gotas de cada uma das soluções de Co2+, Ni2+, Zn2+ e Mn2+ junte uma pequena porção de
NH4Cl(s) (100-150 mg) e agite com bastão até dissolver o sólido. Adicione NH4OH(d) gota a gota e agite com o
bastão até solução alcalina ao tornassol. Anote os resultados (vide item 8.2.1). Em seguida, adicione 3-5 gotas de
tioacetamida (TAA) e aqueça em banho-maria por 10 minutos. Centrifugue e decante os precipitados,
desprezando os sobrenadantes. Reserve todos os tubos de ensaio para o próximo experimento.

Experimento 4: Dissolva os precipitados de CoS(s), NiS(s), ZnS(s) e MnS(s), adicionando algumas gotas de HNO3(c),
até cobri-los, e aquecendo em banho-maria. Anote os resultados. (vide item 8.2.2)

Experimento 5: A 5 gotas de solução de Ni2+, junte 10 gotas de dimetilglioxima (DMG), alcalinize gota a gota com
NH4OH(d) e agite com bastão de vidro. Anote os resultados. (vide item 8.2.2)

Experimento 6: A 5 gotas de solução de Co2+, adicionar 1 gota de ácido acético concentrado, 1 gota de NH4SCN e
2 mL de acetona. Anote os resultados. (vide item 8.2.2)

Experimento 7: A 5 gotas de solução de Mn2+, adicionar 2 gotas de HNO3(c), 20 gotas de água destilada e 1 porção
bem pequena (cerca de 10-15 mg) de NaBiO3(s) e agite com bastão de vidro. Anote os resultados. (vide item 8.2.2)

Experimento 8: A 5 gotas de solução de Zn2+, acidificar levemente com HCl(d) e adicionar 5 gotas de K4[Fe(CN)6].
Agite com bastão de vidro, centrifugue e decante o precipitado. Anote os resultados. (vide item 8.2.2)

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Quadro de Resultados
Exp.1 Exp.2 Exp.3
Cátion
Excesso de Excesso de NH4Cl(s) +
NaOH(d) NH4OH(d) TAA/
NaOH(d) NH4OH(d) NH4OH(d)

Co2+

Ni2+

Zn2+

Mn2+

Quadro de Resultados
Exp.4 Exp.5 Exp.6 Exp.7 Exp.8
Cátion HAc(c) + HCl(d) +
DMG + HNO3(c) + H2O
HNO3(c) /  NH4SCN + K4[Fe(CN)6]
NH4OH(d) + NaBiO3(s)
acetona

Co2+

Ni2+

Zn2+

Mn2+

Nota 8.1 Reação do Grupo III com NH4OH e NaOH


O Grupo IIIB reage com NaOH formado os seus respectivos hidróxidos:

Co2+ + OH- + NO3- ⟶ Co(OH)NO3↓


Azul

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Ni2+ + 2OH- ⟶ Ni(OH)2↓


Verde

Zn2+ + 2OH- ⟶ Zn(OH)2↓


Branco

Mn2+ + 2OH- ⟶ Mn(OH)2↓


Branco

Quando a solução é tornada muito alcalina, com adição de excesso de NaOH por exemplo, o sal básico de
Co(OH)NO3(s), azul, se converterá em Co(OH)2(s), rosa, que exposto ao ar, forma Co(OH)3(s), marrom escuro; o
excesso de NaOH provoca a dissolução do hidróxido de zinco, Zn(OH)2(s), que é anfotérico, formando
tetrahidroxizincato(II):

Co(OH)NO3↓ + OH- ⟶ Co(OH)2↓


Azul Rosa

4Co(OH)2↓ + O2 + 2H2O ⟶ 4Co(OH)3↓


Rosa Marrom-escuro

Zn(OH)2↓ + 2OH- ⟶ [Zn(OH)4]2-


Branco Solução incolor

O Ni(OH)2(s), verde, é insolúvel em excesso de NaOH; o Mn(OH)2(s), branco, quando tratado com excesso
de NaOH, também não sofre alteração; mas, esse precipitado rapidamente se converte em MnO(OH)2(s), marrom,
por oxidação ao ar e, por tal razão, o hidróxido de manganês, branco, apresenta uma coloração marrom-claro (ou
bege) logo que precipita:

Mn(OH)2↓ + O2 + H2O ⟶ MnO(OH)2↓ + 2OH-


Branco Marrom

Os cátions do Grupo IIIB também reagem com NH4OH formado os seus respectivos hidróxidos:

Co2+ + NH3 + H2O + NO3- ⟶ Co(OH)NO3↓ + NH4+


Azul

Ni2+ + 2NH3 + 2H2O ⟶ Ni(OH)2↓ + 2NH4+


Verde

Zn2+ + 2NH3 + 2H2O ⟶ Zn(OH)2↓ + 2NH4+


Branco

Mn2+ + 2NH3 + 2H2O ⟶ Mn(OH)2↓ + 2NH4+


Branco

Quando se adiciona amônia em excesso, alguns precipitados formam aminocomplexos:

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8. Análise Sistemática dos Cátions do Grupo IIIB (Co2+, Ni2+, Mn2+, Zn2+)

Zn(OH)2↓ + 4NH3 ⇌ [Zn(NH3)4]2+ + 2OH-


Solução incolor

Co(OH)2↓ + 6NH3 ⇌ [Co(NH3)6]2+ + 2OH-


Solução
marrom-avermelhada

Ni(OH)2↓ + 6NH3 ⇌ [Ni(NH3)6]2+ + 2OH-


Solução azul

O Mn(OH)2(s) é insolúvel em amônia em excesso; mas ele é solúvel em sais de amônio, porque estes
provocam queda na concentração de íons hidroxila e, portanto, a constante do produto de solubilidade do
Mn(OH)2(s) não é alcançada.

Portanto, um meio reacional contendo um tampão básico amoniacal (com a presença do sal de amônio
NH4Cl, p.ex.) evita que os cátions do Grupo IIIB precipitem como hidróxidos: Zn2+, Ni2+ e Co2+ formam
aminocomplexos solúveis enquanto o Mn2+ não precipita porque a concentração de hidroxilas no meio está muito
baixa.

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9. Análise Sistemática dos Cátions do Grupo IV (Ba2+, Sr2+, Ca2+)

9. ANÁLISE SISTEMÁTICA DOS CÁTIONS DO GRUPO IV


Os cátions deste grupo são o cálcio (Ca2+), o estrôncio (Sr2+) e o bário (Ba2+). Esses cátions não reagem com
ácido clorídrico, sulfeto de hidrogênio ou sulfeto de amônio, mas com carbonato de amônio na presença
moderada de amônia ou íons amônio, em meio neutro ou levemente alcalino, formando precipitados brancos.
O reagente de precipitação do grupo, o (NH4)2CO3, é incolor e apresenta uma reação alcalina devido à
hidrólise do íon carbonato (CO32-). O carbonato de amônio é decomposto por ácidos (mesmo ácidos fracos, como
o ácido acético), formando dióxido de carbono. Portanto, ele deve ser usado em meio neutro ou ligeiramente
alcalino.
Na ausência de sais de amônio, o íon magnésio também será precipitado como carbonato básico de
magnésio pentahidratado, MgCO3.Mg(OH)2.5H2O(s), branco. Os carbonatos brancos formados com os cátions do
Grupo IV são: BaCO3(s), SrCO3(s) e CaCO3(s).

9.1 Propriedades dos Cátions do Grupo IV


Os elementos magnésio, cálcio, estrôncio e bário pertencem ao grupo 2, dos alcalinoterrosos, da tabela
periódica, apresentando configurações eletrônicas similares. Disto decorre a semelhança em suas propriedades.
O magnésio é o metal que apresenta propriedades mais diferenciadas do resto do grupo, devido ao seu pequeno
tamanho e, por tal razão, às vezes não é classificado junto com esses elementos no procedimento de separação
analítica.

Cálcio: é o elemento mais abundante dos metais alcalinoterrosos. Seus compostos menos solúveis são os
carbonatos e oxalatos. Os sais de cálcio dão à chama do bico de Bunsen uma coloração laranja.

Estrôncio: como pode se esperar pela sua posição na tabela periódica, possui propriedades intermediárias entre
o cálcio e o bário. Seus sais dão à chama do bico de Bunsen uma coloração vermelho-carmim.

Bário: é o elemento mais pesado dentre esses três elementos e seus compostos são muito tóxicos. O cromato de
bário é um dos compostos menos solúveis encontrados na análise qualitativa. Os sais de bário emprestam uma
coloração verde à chama do bico de Bunsen.

Todas as soluções dos íons desse grupo são incolores (inclusive as soluções de Mg2+) e seus sais
apresentam caráter iônico e são brancos ou incolores, a menos que esteja presente um ânion colorido. Embora
solúveis em água, os nitratos de estrôncio e de bário podem ser precipitados pela adição de ácido nítrico
concentrado.

Os íons dos metais alcalinoterrosos não hidrolisam significativamente em solução e seus íons são
bivalentes. Os hidróxidos de cálcio, estrôncio e bário são bases fortes.

9.2 Parte Experimental: fundamento teórico


9.2.1 Precipitação do Grupo IV Como Carbonatos
Todos os cátions do Grupo IV formam precipitados brancos de carbonato:

Ba2+ + CO32- ⟶ BaCO3↓ Kps = 8,1.10-9


Sr2+ + CO32- ⟶ SrCO3↓ Kps = 1,6.10-9
Ca2+ + CO32- ⟶ CaCO3↓ Kps = 4,8.10-9
O Mg2+, na ausência de sais de amônio, precipitará como carbonato básico de magnésio pentahidratado,
branco:

5Mg2+ + 6CO32- + 7H2O ⟶ 4MgCO3.Mg(OH)2.5H2O↓ + 2HCO3-

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9. Análise Sistemática dos Cátions do Grupo IV (Ba2+, Sr2+, Ca2+)

9.2.2 Precipitação do Grupo IV Como Carbonatos na Presença de Sais de Amônio


Na presença de sais de amônio (p. ex., o NH4Cl), haverá precipitação parcial dos cátions do Grupo IV como
carbonatos e o MgCO3(s) não precipitará, porque o sal de amônio deslocará o equilíbrio da reação entre o íon
carbonato e o íon amônio no sentido de formação do íon bicarbonato (HCO3-), reduzindo a concentração do
carbonato na solução. Portanto, haverá formação de bicarbonatos solúveis dos metais alcalinoterrosos (Ba2+, Ca2+,
Sr2+ e Mg2+) e uma precipitação parcial dos cátions do Grupo IV como carbonatos.

Mecanismo do Tampão NH4OH/NH4Cl:

Um tampão básico é uma solução aquosa de uma base fraca com o seu ácido conjugado na forma de sal.
Ele estabiliza soluções no lado básico da neutralidade, ou seja, soluções com pH>7. Um exemplo de tampão básico
é uma solução de amônia e de cloreto de amônio:

NH4Cl(s) + água ⟶ NH4+ + Cl-


NH3 + H2O ⥃ NH4+ + OH-

Quando se adiciona um ácido, os prótons fornecidos ligam-se às moléculas de NH3, formando íons NH4+;
quando uma base é adicionada, os íons OH- retiram prótons do NH4+, formando moléculas de NH3 e de água.

Um tampão sempre contém duas partes, de modo que ele possa neutralizar tanto um ácido quanto uma
base. Desta forma, seguindo o princípio de equilíbrio de Le Châtelier, quando um ácido ou base é adicionado, o
equilíbrio é deslocado, fazendo com que a solução permaneça em relativa neutralidade.

A solução de (NH4)2CO3, contendo um tampão de NH4OH/NH4Cl, permite a formação de carbonatos dos


cátions do Grupo IV e evita a precipitação do Mg2+ como MgCO3.Mg(OH)2.5H2O(s), branco, porque o íon NH4+, do
sal de amônio totalmente ionizado, através do efeito do íon comum, desloca o equilíbrio do carbonato de amônio
aquoso no sentido de formação do íon bicarbonato e, como o produto de solubilidade do MgCO3(s) é alto (Kps =
3,5.10-8), a concentração de carbonato necessária para precipitar o Mg2+ não é atingida. Portanto, só os cátions
do Grupo IV precipitam como carbonatos:

NH4Cl(s) + água ⟶ NH4+ + Cl-


NH3 + HCO3- ⥃ NH4+ + CO32-

9.2.3 Solubilização dos carbonatos


Os carbonatos solubilizam em ácido acético diluído e ácidos minerais diluídos porque os ácidos
decompõem o íon carbonato em gás carbônico e água:

CO32- + 2H+ ⟶ CO2↑ + H2O

Os cátions do Grupo IV não podem ser precipitados diretamente do filtrado obtido logo após a
precipitação do Grupo IIIB, porque contém uma concentração muito alta de sais de amônio, o que evita a
precipitação quantitativa dos carbonatos alcalinoterrosos, já que ocorre uma redução na quantidade de íons
carbonato, como ilustrado no item 9.2.2. Uma maneira simples de remover o excesso de NH4+ do filtrado do Grupo
IIIB é adicionar ácido nítrico concentrado e aquecer o filtrado para decompor quimicamente o íon NH 4+ a uma
temperatura muito mais baixa do que a necessária para volatilizar os sais de amônio:
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9. Análise Sistemática dos Cátions do Grupo IV (Ba2+, Sr2+, Ca2+)

NH4+ + HNO3 ⟶ N2O↑ + 2H2O + H+

Entretanto, uma pequena quantidade de íons amônio deve estar presente para evitar que o magnésio
precipite como carbonato. Assim, adiciona-se um pouco de NH4Cl(s) após a remoção do íon amônio, antes de
proceder à precipitação dos carbonatos do Grupo IV.

9.2.4 Identificação dos Cátions do Grupo IV


Identificação do Ba2+

O dicromato de potássio precipita o Ba2+ como cromato de bário amarelo, Kps = 1,6.10-10. Os cromatos de
estrôncio (Kps = 2,2.10-5) e de cálcio (solubilidade molar = 0,85 M) não precipitarão porque a concentração do íon
CrO42- é insuficiente para precipitar esses compostos.

2CrO42- + 2H+ ⇌ 2HCrO4- ⇌ Cr2O72- + H2O


Amarelo Vermelho-laranja

Ba2+ + CrO42- ⇌ BaCrO4↓

A adição de uma base (p. ex., NH4OH) às soluções laranja de dicromato desloca o equilíbrio cromato-
dicromato no sentido de aumentar a concentração de íons CrO42-, pois os íons H+ serão removidos do meio e os
íons Cr2O72- formarão íons cromato. Já a adição de ácidos (H+) promove o aumento da concentração de íons Cr2O72-
pelo efeito contrário. O equilíbrio cromato-dicromato foi abordado na identificação dos cátions do Grupo I.

No esquema de separação do BaCO3(s) do SrCO3(s) e do CaCO3(s), após solubilização dos precipitados com
ácido acético diluído, adiciona-se acetato de amônio (ou de sódio) para produzir um sistema tampão ácido
(CH3COOH/NH4CH3COO), que favorece apenas a precipitação do BaCrO4(s), após adição de K2Cr2O7, deixando o
Sr2+ e o Ca2+ livres em solução. O tampão CH3COOH/NH4CH3COO, pH em torno de 3-4, é necessário porque o meio
muito ácido desequilibra o equilíbrio cromato-dicromato no sentido de aumentar a concentração de íons
Cr2O72-, e essa concentração pode ser tão alta que até mesmo o BaCrO4(s) não precipita (BaCrO4(s) não precipita
quantitativamente em pH abaixo de 2,7; já o SrCrO4(s) começa a precipitar em pH>5). Desta forma, a adição de
íons acetato (H3CCOO-) ao meio mantém a concentração de íons H+ adequada para favorecer uma concentração
de íons CrO42- suficiente para precipitar apenas o BaCrO4(s), amarelo.

Cátions de grupos anteriores ao Grupo IV que formam cromatos, bem como o estrôncio em altas
concentrações, que também forma cromato moderadamente solúvel, podem interferir na identificação do bário
como BaCrO4(s). Entretanto, a dissolução do precipitado de BaCrO4(s) com HCl concentrado e aquecimento, e
posterior tratamento com H2SO4 diluído, permite identificar o bário como BaSO4(s), branco, pois esse sulfato é o
único sulfato que precipita em condições de extrema acidez.

O precipitado de BaCrO4(s) é insolúvel em ácido acético diluído (distinção do estrôncio e do cálcio), mas
solubiliza facilmente em ácidos minerais.

Identificação do Sr2+

O Ba2+, o Sr2+ e o Ca2+ precipitam na forma de sulfatos, brancos. O BaSO4(s) e o SrSO4(s) são insolúveis em
água e o CaSO4(s) é moderadamente solúvel e não precipita quando em baixas concentrações na solução:

Ba2+ + SO42- ⟶ BaSO4↓ Kps= 9,2.10-11


Sr2+ + SO42- ⟶ SrSO4↓ Kps = 2,8.10-7
Ca2+ + SO42- ⟶ CaSO4↓ Kps= 2,3.10-4

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O BaSO4(s) é pouco solúvel em soluções de ácidos diluídos, mas é moderadamente solúvel em ácido
sulfúrico (ou ácido clorídrico) concentrado fervendo:

BaSO4↓ + H2SO4 ⇌ Ba2+ + 2HSO4-

Os sulfatos de estrôncio e de cálcio não precipitam a partir de soluções muito ácidas; o SrSO4(s) precipita
a partir de soluções pouco ácidas, enquanto o CaSO4(s) não precipita.

O CaSO4(s) é solúvel em H2SO4 concentrado quente ou solução de sulfato de amônio concentrado (10%)
quente, formando o ânion complexo solúvel, incolor, dissulfatocalcato(II), enquanto o BaSO4(s) e o SrSO4(s) são
insolúveis:

CaSO4↓ + H2SO4 ⇌ 2H+ + [Ca(SO4)2]2-

CaSO4↓ + SO42- ⇌ [Ca(SO4)2]2-

A separação analítica do Sr2+ e do Ca2+, durante a marcha analítica de separação, é realizada através de
aquecimento da solução, contendo esses dois cátions, em solução 10% de (NH4)2SO4 quente. Ocorre a precipitação
do SrSO4(s), branco, enquanto o Ca2+ fica solúvel como um ânion complexo de sulfato.

Identificação do Ca2+

Soluções de oxalato de amônio ou de metais alcalinos precipitam os oxalatos de bário, estrôncio e cálcio
a partir de soluções neutras ou alcalinas. Se a precipitação for feita à frio, os precipitados são finamente divididos,
mas se for feita à quente, forma-se grandes cristais de oxalatos, mas fáceis de centrifugar e filtrar.

Ba2+ + C2O42- ⟶ BaC2O4↓ Ks = 1,7.10-7


Sr2+ + C2O42- ⟶ SrC2O4↓ Ks = 5,0.10-8
Ca2+ + C2O42- ⟶ CaC2O4↓ Ks = 2,6.10-9

Esses oxalatos se dissolvem em ácidos fortes, porque ocorre a formação de bioxalato; o ácido acético
diluído não solubiliza o CaC2O4(s) e o SrC2O4(s) porque a constante de ionização do ácido acético é 1,8.10-5 e do
HC2O4- é 5,4.10-5. É necessário ácidos mais fortes que o ácido acético para reprimir a ionização do HC 2O4-. No
entanto, o ácido acético diluído quente solubiliza o BaC2O4(s).

BaC2O4↓ + 2H+ ⟶ Ba2+ + H2C2O4

9.3 Parte Experimental: ensaios


OBJETIVO: Avaliar o comportamento dos cátions do Grupo IV frente às reações de identificação de cada íon.

Experimento 1: A 10 gotas de cada uma das soluções de Ba2+, Sr2+, Ca2+ e Mg2+ junte 3-5 gotas de solução de
(NH4)2CO3 gota a gota, agite com o bastão de vidro e anote os resultados (vide item 9.2.1)

Experimento 2: A 10 gotas de cada uma das soluções de Ba2+, Sr2+, Ca2+ e Mg2+ adicione cerca de 200 mg (1 espátula
de vidro pequena cheia) de NH4Cl(s) e agite com bastão de vidro (se necessário, adicione 10-15 gotas de água
destilada). Adicione NH4OH(d), gota a gota, até pH levemente alcalino ao tornassol. Acrescente 3-5 gotas de
solução de (NH4)2CO3, agite com o bastão de vidro e anote os resultados. (vide item 9.2.2)

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9. Análise Sistemática dos Cátions do Grupo IV (Ba2+, Sr2+, Ca2+)

Experimento 3: A 10 gotas de cada uma das soluções de Ba2+, Sr2+, Ca2+ e Mg2+ adicione 3-5 gotas de solução de
K2Cr2O7, agite com o bastão de vidro e anote os resultados. Em seguida, adicione NH4OH(d), gota a gota, até pH
alcalino ao tornassol (Nota: a solução da amostra se torna amarela). Agite com bastão de vidro e anote os
resultados. Centrifugue e decante os precipitados, desprezando os sobrenadantes. Adicione 15-20 gotas de ácido
acético (HAc) diluído, agite com bastão de vidro e leve para aquecimento em banho-maria por 5 minutos. (vide
item 9.2.4).

Experimento 4: A 10 gotas de cada uma das soluções de Ba2+, Sr2+ e Ca2+ adicione 5 gotas de solução de
NH4CH3COO, agite com o bastão de vidro, adicione 3-5 gotas de K2Cr2O7 e anote os resultados. (vide item 9.2.4).

Experimento 5: A 10 gotas de cada uma das soluções de Ba2+, Sr2+ e Ca2+ adicione 5 gotas de solução de (NH4)2SO4,
agite com o bastão de vidro e anote os resultados. (vide item 9.2.4).

Experimento 6: A 10 gotas de cada uma das soluções de Ba2+, Sr2+ e Ca2+ adicione NH4OH(d), gota a gota, até pH
levemente alcalino ao tornassol. Adicione 5 gotas de solução de (NH4)2C2O4, agite com o bastão de vidro e anote
os resultados. (vide Nota 9.2.4)

Quadro de Resultados
Exp.1 Exp.2 Exp.3
Cátion NH4Cl(s) +
(NH4)2CO3 NH4OH(d) + K2Cr2O7 NH4OH(d) HAc(d)/
(NH4)2CO3

Ba2+

Sr2+

Ca2+

Mg2+

Exp.4 Exp.5 Exp.6


Cátion
NH4CH3COO + NH4OH(d) +
(NH4)2SO4
K2Cr2O7 (NH4)2C2O4

Ba2+

Sr2+

Ca2+

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10. Análise Sistemática dos Cátions do Grupo V (Mg2+, K+, Na+, NH4+)

10. ANÁLISE SISTEMÁTICA DOS CÁTIONS DO GRUPO V (Mg2+, K+, Na+, NH4+)
Constituem esse grupo: o magnésio (Mg2+), o potássio (K+), o sódio (Na+) e o cátion amônio (NH4+). Os cátions
do 5º grupo não formam precipitado nas condições de precipitação dos grupos de cátions anteriores. Para
identificar os cátions desse grupo, pode-se realizar ensaios de chama e reações específicas.

10.1 Propriedades dos Cátions do Grupo V


Os íons dos metais alcalinos Na+ e K+ são os maiores cátions do grupo dos alcalinos, possuem carga
pequena e a estrutura de um gás nobre. Por essas razões, têm fraca atração por ânions e moléculas e, como
consequência, a maioria de seus sais são solúveis em água e seus íons raramente formam complexos.

O íon amônio é incluído no mesmo grupo analítico dos metais alcalinos porque ele é um íon poliatômico
que tem um comportamento sob muitos aspectos semelhante aos íons dos metais alcalinos, embora sua estrutura
contenha 2 elementos não-metálicos, que são o hidrogênio e o nitrogênio.

Esse grupo não possui um reagente de grupo específico para separá-los e a identificação de cada um pode,
às vezes, ser feita numa solução contendo todos os íons sem prévia separação, dependendo do reagente utilizado
para a identificação de cada um dos cátions.

O magnésio, apesar de pertencer ao grupo dos alcalinos terrosos, ele difere dos outros elementos do seu
grupo, Ba, Sr e Ca, em termos de propriedades químicas, portanto ele pode ser classificado como cátion do grupo
V.

Magnésio: os íons magnésio são incolores em solução, seus sais são de caráter iônico brancos ou incolores, exceto
se um ânion colorido esteja presente. O hidróxido de magnésio é um dos compostos menos solúveis. A alta
solubilidade de muitos compostos de magnésio é atribuída ao pequeno tamanho do íon Mg2+, o que favorece a
sua hidratação.

Sódio: os sais de sódio são de coloração branca tipicamente solúveis em água. Em solução aquosa são
quimicamente inertes e não são reduzidos a seus íons metálicos. O hidróxido de sódio é muito solúvel em água e
é uma fonte muito comum de íons hidroxila (OH-). Os sais de sódio frequentemente cristalizam como hidratos.

Potássio: as propriedades gerais dos sais de potássio são similares às dos sais de sódio. São geralmente brancos
e solúveis em água. O KOH, ou potassa cáustica, é preferido na química orgânica porque ele tem uma solubilidade
maior em solventes orgânicos do que o hidróxido de sódio.

Amônio: embora não seja um cátion metálico, seus sais possuem propriedades semelhantes às dos metais
alcalinos e são geralmente incluídos neste grupo no esquema de análise qualitativa. Seus sais são de coloração
branca, exceto se um ânion colorido esteja presente, e são solúveis em água.

10.2 Parte Experimental: fundamento teórico


10.2.1 Decomposição Térmica do Íon Amônio
Em uma análise sistemática de cátions, após a remoção dos Grupos I, II, III e IV da amostra, uma solução
final contendo cátions do Grupo V é obtida (Mg2+, K+, Na+ e NH4+ - neste último caso, oriundo da amostra original
e/ou adicionado ao longo do processo de separação). Os principais ânions dessa solução são: Cl-, remanescente
do tratamento da amostra com HCl e NH4Cl, e CO32-, remanescente da precipitação dos cátions do Grupo IV. Além
disso, o volume final da solução contendo o Grupo V é grande, o que provoca diluição dos cátions do Grupo V,
dificultando a sua detecção.
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10. Análise Sistemática dos Cátions do Grupo V (Mg2+, K+, Na+, NH4+)

Para iniciar a detecção dos cátions do Grupo V, é necessário concentrar a amostra, para permitir que os
cátions sejam identificados e decompor térmica e quimicamente o íon NH4+ para remover sua interferência
principalmente na identificação do potássio.
Após evaporação da solução contendo cátions do Grupo V até secura, os compostos de amônio mais
prováveis de se formar são: (NH4)2CO3(s) e NH4Cl(s). Quando exposto ao ar, o (NH4)2CO3(s) se decompõe até
amônia e bicarbonato de amônia, o qual, por sua vez, se decompõe a 60oC:

(NH4)2CO3↓ ⟶ NH4HCO3↓ + NH3↑




NH4HCO3↓ ⟶ NH3↑ + H2O↑ + CO2↑

Entretanto, o íon NH4+ não pode ser removido do NH4Cl por sublimação, porque ele sublima a altas
temperaturas (340oC), que é muito próximo da temperatura de decomposição do nitrato de sódio (380oC) e
nitrato de potássio (400oC). Portanto, o NH4Cl é convertido a NH4NO3 pelo tratamento com HNO3 concentrado. O
ácido nítrico também converte o bicarbonato de amônio e o carbonato de amônio a nitrato de amônio. Em
seguida, o nitrato de amônio é termicamente decomposto a 210oC:

NH4Cl + HNO3 ⟶

NH4NO3 + HCl↑

NH4HCO3 + HNO3 ⟶ NH4NO3 + CO2↑+ H2O

(NH4)2CO3 + 2HNO3 ⟶ 2NH4NO3 + CO2↑+ H2O

NH4+ + HNO3 ⟶ N2O↑ + 2H2O + H+

10.2.2 Identificação dos Cátions do Grupo V


Identificação do Cátion Magnésio (Mg2+)

Dos cátions do Grupo V, o Mg2+ apresenta reações análogas aos dos cátions do Grupo IV. Entretanto, na
presença de sais de amônio, o MgCO3 é solúvel, portanto, durante o decorrer da análise sistemática, quando grandes
quantidades de sais de amônio são formadas na solução, o Mg2+ não precipitará com os cátions do quarto grupo.

Após eliminação de amônio do sobrenadante da precipitação dos cátions do Grupo IV, o Mg2+ pode ser
analisado na presença dos cátions alcalinos, K+ e Na+. Os demais cátions metálicos dos grupos anteriores devem
estar ausentes porque formam hidróxidos que interferem com o ensaio do Magneson I. Amônia também deve estar
ausente porque evita que o Mg2+ precipite como Mg(OH)2(s).

Reação com p-nitrobenzeno-azo-resorcinol (ou magneson I): Este método depende da adsorção do reagente, que é
um corante, sobre o Mg(OH)2 em solução alcalina, com o qual se produz uma laca** azul.

2NaOH + Mg2+ + O2N N N OH LACA AZUL DE Mg(OH)2

HO
Magneson I

(**) laca é um precipitado floculento que incorpora um corante e se torna intensamente colorido.

Cátions dos grupos anteriores podem interferir. Por isso, antes do teste pode-se precipitar o magnésio, a
partir de uma solução amoniacal, como fosfato de magnésio e amônio, Mg(NH4)PO4.6H2O, branco; o meio amoniacal
impede que o Mg(OH)2, branco, precipite. O Mg(NH4)PO4.6H2O, por sua vez, pode ser dissolvido em HCl e, após
adição de magneson I, reprecipitado como Mg(OH)2 adicionando-se NaOH, para formar a laca azul.

Mg2+ + NH3 + HPO42- + 6H2O ⟶ Mg(NH4)PO4.6H2O↓


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10. Análise Sistemática dos Cátions do Grupo V (Mg2+, K+, Na+, NH4+)

Identificação do Cátion Potássio (K+)

Reação com ácido perclórico (HClO4): forma um precipitado branco, cristalino, de perclorato de potássio de
soluções não muito diluídas:
K+ + ClO4- ⟶ KClO4↓

O precipitado é ligeiramente solúvel em água e insolúvel em álcool absoluto. A solução alcoólica não deve
ser aquecida, pois pode explodir. Geralmente, essa reação não é afetada por sais de amônio, exceto quando a
concentração de NH4+ é muitíssimo alta, onde ocorre a formação de perclorato de amônio, que é um precipitado
cristalino translúcido. O magnésio também não interfere neste ensaio.

Reação com ácido pícrico: forma um precipitado amarelo de picrato de potássio. Essa reação não é específica
para o K+ porque o Na+ e o NH4+ interferem, já que eles têm o raio iônico semelhante ao do K+. Assim, o Na+ e o
NH4+ podem precipitar de soluções não muito diluídas.
OH OK
O2N NO2 O2N NO2
+
+ K

NO2 NO2
(s)

Reação com hexanitritocobaltato(III) de sódio: forma-se um precipitado amarelo de hexanitritocobaltato(III) de


potássio, insolúvel em ácido acético diluído. O cátion NH4+ interfere, formando precipitado semelhante a partir
de soluções não muito diluídas. Em soluções alcalinas, obtém-se um precipitado preto de hidróxido de cobalto(III),
Co(OH)3. A solução de hexanitritocobaltato(III) de sódio deve ser recém-preparada para uso porque, quando
armazenada, o cobalto(III) se reduz para cobalto(II), inativando o reagente. Se houver excesso de Na + na solução
amostra ou se o reagente for adicionado em excesso, haverá a formação de um sal misto de potássio e sódio.

3K+ + Co(NO2)63- ⟶ K3Co(NO2)6↓


2K+ + Na+ + Co(NO2)63- ⟶ K2NaCo(NO2)6↓
3NH4+ + Co(NO2)63- ⟶ (NH4)3Co(NO2)6↓

Identificação do Cátion Sódio (Na+)

Reação com acetato de uranilo e zinco: a reação com solução de acetato de uranilo e zinco fornece um
precipitado amarelo, cristalino de acetato de uranilo, zinco e sódio. A adição de cerca de 1/3 de volume de álcool
auxilia a precipitação. A reação é bastante seletiva para Na+ e é afetada pelo K+ (e cátions de outros grupos,
inclusive NH4+) quando a concentração destes interferentes supera a concentração de 5 g/L.

Na+ + Zn2+ + 3UO22+ + 9CH3COO- ⟶ NaZn(UO2)3(CH3COO)9↓

Reação com piroantimoniato de sódio: A reação do íon sódio com uma solução de piroantimoniato de potássio,
em soluções neutras ou fracamente alcalinas, fornece um precipitado branco, cristalino de piroantimoniato de
sódio. A precipitação é favorecida, resfriando-se a solução e atritando-se as paredes do tubo de ensaio com o
bastão de vidro. Para realizar essa reação, o meio reacional não pode estar ácido porque ocorre a decomposição
do reagente piroantimoniato formando um precipitado branco amorfo de ácido metantimônico:

[Sb(OH)6]- + H+ ⟶ H[Sb(OH)6]
H[Sb(OH)6] ⟶ HSbO3↓ + 3H2O

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10. Análise Sistemática dos Cátions do Grupo V (Mg2+, K+, Na+, NH4+)

O meio fortemente alcalino provoca a solubilização do precipitado de sódio formando o íon antimoniato:

Na[Sb(OH)6](s) + 2OH- ⟶ Na+ + SbO43- + 4H2O

Sais de amônio devem estar ausentes porque tornam o meio ácido; o Mg2+ também deve estar ausente
porque reage com o piroantimoniato de potássio, formando um precipitado branco.

Identificação do Cátion Amônio (NH4+)

Reação com hidróxido de sódio: desprende-se amônia gasosa (gás amoníaco) por aquecimento:

NH4+ + OH- ⟶ NH3↑ + H2O

A amônia pode ser identificada pela mudança da cor vermelha para azul do papel de tornassol: quando a
amônia é absorvida pelo papel de tornassol umedecido com água destilada, ocorre a reação inversa, formando
NH4+ e OH- e é a hidroxila que modifica a estrutura do tornassol do papel modificando a sua cor de vermelho para
azul.
Neste teste, 10-20 gotas da amostra original da pesquisa de cátions são colocadas em um béquer; um
pequeno pedaço de papel de tornassol é preso na face convexa de um vidro de relógio com água destilada;
adiciona-se 10-20 gotas de solução de NaOH no béquer contendo
a amostra e tampa-se com o vidro de relógio, de modo que o
papel de tornassol fique exposto ao ambiente interno do bécher;
aquece-se o béquer com as próprias mãos ou suavemente em
banho-maria, por cerca de 30 segundos. Caso o aquecimento seja
rápido, ou a agitação do conjunto não seja suave, o conteúdo do
béquer contendo solução de NaOH pode borbulhar e respingar no
papel de tornassol dando teste falso-positivo.

10.3 Parte Experimental: ensaios


OBJETIVO: Avaliar o comportamento dos cátions dos Grupos V frente às reações de identificação de cada íon.

Experimento 1: A 5 gotas de Mg2+ adicione 10 gotas de água destilada, 5 gotas de Magneson (p-
nitrobenzenoazoresorcinol) e NaOH até solução fortemente alcalina (até solução ou azul ou violeta). A formação
de uma laca azul confirma o magnésio; repita o mesmo procedimento com um ensaio em branco: 15 gotas de
água destilada, 5 gotas de Magneson e NaOH até solução fortemente básica; compare a diferença. Anote os
resultados. (vide item 10.2.2)

Experimento 2: A 10 gotas de cada uma das soluções de Na+, K+ e NH4+ adicione 5 gotas de HClO4. Agite
vigorosamente com bastão de vidro, atritando as paredes do tubo ensaio. Anote os resultados. (vide item 10.2.2)

Experimento 3: A 10 gotas de cada uma das soluções de Na+, K+ e NH4+ adicione 5 gotas de ácido pícrico. Agite
vigorosamente com bastão de vidro, atritando as paredes do tubo ensaio. Anote os resultados. (vide item 10.2.2)

Experimento 4: A 10 gotas de solução de K+ adicione 5 gotas de solução de Na3Co(NO2)6* e agite com bastão de
vidro. Anote os resultados. (vide item 10.2.2)

(*) preparo da solução de NaCo(NO2)6: coloque 100mg (1 espátula pequena) de Na3Co(NO2)6 em um


tubo de ensaio, adicione cerca de 4mL de água destilada (~60 gotas de água) e 3 gotas de HAc(d). Agite
até solubilizar o sólido.

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10. Análise Sistemática dos Cátions do Grupo V (Mg2+, K+, Na+, NH4+)

Experimento 5: A 5 gotas de uma solução de Na+ (neutra ou ligeiramente alcalinizada ao tornassol com 1-2 gotas
de KOH 2 M) adicione 5 gotas de piroantimoniato de potássio. Agite vigorosamente com bastão de vidro, atritando
as paredes do tubo ensaio. Anote os resultados. (vide item 10.2.2)

Experimento 6: Tome um vidro de relógio limpo e prenda, na superfície inferior, um pedaço de papel de tornassol
rosa, umedecido com água destilada. Em um bécher pequeno coloque 20 gotas de uma solução de NH4+. Adicione
20 gotas de NaOH(d) e tampe o bécher imediatamente com o vidro de relógio. A mudança de cor do papel de
tornassol de rosa para azul indica a presença de NH4+. O teste ocorre em cerca de 40 segundos. Aqueça o fundo
do bécher com a palma da sua mão e agite o conjunto para tornar a reação mais rápida. (vide item 10.2.2)

Quadro de Resultados

Exp.1 Exp.2 Exp.3 Exp.4 Exp.5 Exp.6


Cátion
H2O+Magneson+
HClO4 Ác.Picrico Na3Co(NO2)6 K[Sb(OH)6] NaOH
NaOH

Mg2+

Na+

K+

NH4+

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11. Análise Sistemática dos Cátions: Procedimento Experimental

11. ANÁLISE SISTEMÁTICA DE CÁTIONS: PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL


11.1 Esquema de Precipitação e Identificação dos Cátions do Grupo I

AMOSTRA ORIGINAL
GI, GII, GIII, GIV, GV

(1)

PPT-GI
PbCl2↓, AgCl↓, Hg2Cl2↓

Lavar o ppt 2x com 5 gts de água


destilada fria

PPT GI
PbCl2↓, AgCl↓, Hg2Cl2↓

(2) Ad. 25 gts de H2O destilada quente e  em BM

Sbnt. A PPT-1

Pb2+ AgCl↓, Hg2Cl2↓

(3) Dividir em 2 partes

(4)
Pb2+ Pb2+
Ad. 20 gts de NH4OH(d) e  em
BM. Agitar com bastão
Ad. KI Ad. KCrO4

PbI↓ PbCrO4↓

ppt amarelo-ouro ppt amarelo


Sbnt. B PPT-2

Dividir em 2 partes Ag(NH3)2+ Hg↓ + HgNH2Cl↓

Ad. HNO3 Ad. KI ppt preto ou cinza


escuro

AgCl↓ AgI↓

ppt branco ppt amarelo claro

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11. Análise Sistemática dos Cátions: Procedimento Experimental

Procedimento (1): Precipitação do Grupo I

Transfira 15-20 gotas da solução a ser analisada para um tubo de ensaio e, caso a solução esteja muito
concentrada, adicione 5 gotas de água destilada. Adicione 3-4 gotas de HCl(d) e agite com o bastão de vidro. Se
formar precipitado, deixe-o sedimentar e teste para precipitação completa adicionando outra gota de HCl(d) à
solução sobrenadante. Se a precipitação foi completa, agite a mistura por um a dois minutos para dar tempo à
lenta precipitação do PbCl2(s). Centrifugue a mistura, colocando na centrífuga em posição simétrica, um outro
tubo cheio com o mesmo volume de água. Transfira o sobrenadante (S1) para um tubo de ensaio e guarde este
sobrenadante, que contém os cátions dos grupos seguintes. Lave 2 vezes o resíduo (PPT-GI) com 5 gotas de água
destilada fria, e despreze a água de lavagem (ou junte essas águas de lavagem ao sobrenadante S1, caso no
procedimento de separação, o Pb2+ remanescente seja precipitado no GII como PbS(s)). Utilize o precipitado (PPT-
GI) de acordo com o Procedimento (2).

Procedimento (2): Separação do Chumbo, da Prata e do Mercúrio (I)

Ao precipitado (PPT-GI) proveniente do Procedimento 1 (que pode conter AgCl(s), Hg2Cl2(s), PbCl2(s))
adicione 25 gotas de água destilada quente e aqueça o tubo de ensaio em banho-maria por 5 minutos, agitando
de vez em quando a mistura com bastão de vidro. Centrifugue e rapidamente separe a solução do precipitado,
transferindo-a para um outro tubo de ensaio imediatamente após centrifugação. Guarde o sobrenadante (Sbnt.
A), que pode conter Pb2+, para o Procedimento (3) e guarde o PPT-1 do tubo de ensaio para o Procedimento (4).

Procedimento (3): Identificação do Chumbo

Resfrie o sobrenadante (Sbnt A) proveniente do Procedimento (2) e divida-o em duas porções. A uma
porção adicione 1 gota de ácido acético diluído e 3 gotas de K2CrO4; um precipitado amarelo de PbCrO4(s)
comprova a presença do chumbo. À segunda porção adicione 3 gotas de KI; um precipitado amarelo-ouro de
PbI2(s) é outra prova da presença do chumbo.

Procedimento (4): Separação e Identificação do Mercúrio (I) e da Prata

Ao precipitado (PPT-1) proveniente do Procedimento (2), que pode conter AgCl(s) e Hg2Cl2(s), adicione 20
gotas de NH4OH(d) e , misture completamente, centrifugue e transfira o líquido sobrenadante para um tubo de
ensaio, guardando-o (S2) para o teste da prata. Um resíduo negro (PPT-2) ou cinza bastante escuro (Hg0(s) +
HgNH2Cl(s)) confirma a presença do mercúrio(I).

Divida o sobrenadante (S2), que pode conter Ag(NH3)2+ e Cl-, em 2 porções. À primeira porção adicione
gotas de HNO3(d) até pH ácido ao tornassol. Um precipitado branco de AgCl(s) confirma a presença da prata. À
segunda porção, adicione 5 gotas de solução de KI gota a gota. O surgimento de um precipitado amarelo pálido
confirma a presença de prata (AgI(s)).

ATENÇÃO: Se você estiver seguindo a ROTA A de separação, vá para o Procedimento 5 (página 60). Se estiver
seguindo a ROTA B, vá para o Procedimento 9 (página 63).

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11. Análise Sistemática dos Cátions: Procedimento Experimental

11.2 Esquema de Precipitação e Identificação dos Cátions do Grupo II

Sobrenadante S1
GII, GIV, GV

a) ajuste de pH: Ad. NH4OH(d) até (5) b) Ad. 4-5 gts de TAA, agite e  em
levemente alcalino; Ad. HCl(d) até BM. Centrifugue, decante e guarde o
levemente ácido sobrenadante S2.

PPT GII
CuS↓, As2S3↓, SnS↓

Ad. (NH4)2Sx em quantidade suficiente para


(6)
cobrir o ppt (~10 gts), agite e  em BM.
Sbnt C PPT-3

AsS43-, SnS32- CuS↓ negro

Ad. 20 gts de HCl(d) até solução ácida, Dissolver em quantidade


(8) (7)
agite e  em BM. Centrifugue e decante. mínima de HNO3(d), agite e 
em BM até expulsar o H2S.
As2S5↓, SnS2↓ Cu2+
PPT-4 ppt amarelo
Ad. NH4OH(c) até fortemente
Lave o ppt com água quente; Ad. 25 gts de
alcalino
HCl(c), agite e  em BM por 5 min.
Sbnt D PPT-5 Cu(NH3)42+

Solução azul anil.


Sn4+ As2S5↓
ppt amarelo

Aquecer em BM por 5 min para expulsar o H2S;


centrifugue e decante; Ad. 3 gts de HCl(c); Ad. um
prego de ferro limpo ao sobrenadante e  em BM
por 10 min.

Sn2+

Retire o prego; Ad. 5 gts de HgCl2


Hg2Cl2↓ + Hg0↓

ppt branco-cinza

Procedimento (5): Precipitação do Grupo II

A cada 20 gotas de sobrenadante S1 (cerca de 1 mL) oriundo da precipitação do Grupo I (Procedimento


(1)), adicione 3 gotas de NH4OH(d) e agite com bastão de vidro (não se preocupe com os precipitados que podem
se formar, pois irão solubilizar na etapa seguinte). Teste com papel de tornassol rosa até levemente básico. Em
seguida adicione HCl(d), gota a gota, agitando com bastão de vidro e testando a acidez com papel de tornassol
azul (a solução deve estar levemente ácida). Adicione 4-5 gotas de tioacetamida, agite com bastão de vidro e

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11. Análise Sistemática dos Cátions: Procedimento Experimental

aqueça em banho-maria por 10 minutos no mínimo. Centrifugue o precipitado (PPT-GII), decante e guarde o
sobrenadante (S2) para os testes dos Grupos seguintes de cátions no Procedimento 14 A.

Procedimento (6): Separação do Cu2+, do As3+ e do Sn2+

Ao PPT-GII, que pode ter CuS(s), As2S3(s) e SnS(s), adicione polissulfeto de amônio, (NH4)2Sx, em
quantidade suficiente para cobrir o precipitado (5-10 gotas), agite com bastão de vidro e aqueça em banho-maria
por 5-10 minutos no mínimo. Centrifugue o precipitado (PPT-3), decante e guarde o sobrenadante (Sbnt C) para
o Procedimento (8).

Procedimento (7): Identificação do Cu2+

Ao PPT-3 negro proveniente do Procedimento (6), que pode conter CuS(s), adicione gotas de HNO3(c) até
cobrir o precipitado (5-10 gotas), agite com bastão de vidro e aqueça em banho-maria por 5-10 minutos. Caso
haja cobre, a solução se tornará azul claro. Após solubilizar o ppt, adicione NH4OH(c) gota a gota até solução
alcalina. O surgimento de uma coloração azul anil indica a presença de cobre.

Procedimento (8): Separação e Identificação do As3+ e do Sn2+

Ao sobrenadante (Sbnt C) proveniente do Procedimento (6) (que pode conter AsS43- e SnS32-) adicione
20 gotas de HCl(d) até pH ácido ao papel de tornassol, aqueça em banho-maria por 5 minutos e deixe repousar
por 2 minutos. Centrifugue, decante e despreze o sobrenadante. Lave o precipitado, que poderá conter As2S5(s),
amarelo, e SnS2(s), marrom, (PPT-4), com água destilada quente (cerca de 20 gotas). Em seguida, ao precipitado
adicione 25 gotas de HCl(c) e agite com bastão de vidro. Aqueça em banho-maria por 5 min. Centrifugue, decante
e guarde o sobrenadante (Sbnt D). A presença de um precipitado amarelo (PPT-5) indica a presença de arsênio.

Transfira o sobrenadante Sbnt D, que pode conter Sn4+, para um béquer de 100 mL e aqueça em banho-
maria por 5 minutos para expulsar o H2S; faça o teste do papel de filtro umedecido com acetato de chumbo para
verificar se o H2S(g) foi completamente expulso. Se houver precipitado, centrifugue, decante e despreze esse
precipitado remanescente que pode ser resíduo de enxofre elementar. Transfira a solução para um tubo de ensaio
e adicione 3 gotas de HCl(c). Adicione um prego de ferro limpo. Aqueça em banho-maria por 10 minutos, em
seguida retire o prego. Centrifugue e descarte qualquer precipitado e adicione 5 gotas de HgCl2. Um precipitado
branco-cinza indica a presença de estanho.

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11.3 Esquema de Precipitação e Identificação dos Cátions do Grupo IIIA

Sobrenadante S1

GIIIA, GIIIB, GIV, GV

Ad. NH4Cl(s) e agite até dissolver; Ad.


(9) NH4OH(d) até alcalino; centrifugue, decante
e guarde o sobrenadante.

PPT GIIIA

Fe(OH)3↓, Al(OH)3↓, Cr(OH)3↓

Ad. HCl(d) até solubilizar o ppt


(10)
Ad. NaOH até meio fortemente alcalino; centrifugue e decante o
precipitado do sobrenadante.

Sbnt E PPT-6

AlO2-, Cr(OH)4- Fe(OH)3↓ ppt marrom

Ad. H2O2 agite com bastão e  em Ad. 5 gts HNO3(d) e 15 gts de H2O.
BM até solução se tornar amarela Agitar com bastão de vidro.
(11)
(só ficará amarela se houver Cr3+
que se converte em CrO42-). Ad. NH4SCN FeSCN2+
AlO2-, CrO42- Fe3+
Sol. vermelho sangue.

Acidificar com HCl(d). Ad. NH4Cl(s) e


NH4OH(d) até meio alcalino. Ad. K4Fe(CN)6 FeFe(CN)6↓

Azul escuro.
Sbnt F PPT-7

CrO42- Al(OH)3↓ ppt branco translúcido

Ad. HAc(d) até meio ácido. Ad. Quantidade mínima de


Ad. Pb(Ac)2 HCl(d) para dissolver. Agitar
com bastão.

PbCrO4↓ Al3+

ppt amarelo Ad. NH4Ac, Aluminon e


NH4OH(d) até alcalino.

Laca Al/Aluminon:
Al(OH)3↓::Aluminon

ppt vermelho cereja

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Procedimento (9): Precipitação do Grupo IIIA

Ao sobrenadante remanescente da remoção do Grupo I, adicione cerca de 150-200 mg de NH4Cl(s) e agite


com bastão de vidro até dissolver. Adicione NH4OH(d) gota a gota até solução básica (testar com papel de
tornassol rosa), agite com bastão de vidro, centrifugue e decante e guarde o sobrenadante para o Procedimento
12.

Procedimento (10): Separação e Identificação do Ferro (III)

Ao PPT-GIIIA, que pode conter Fe(OH)3(s), Al(OH)3(s), Cr(OH)3(s), adicione gotas de HCl(d) até dissolver o
precipitado. Adicione 20-25 gotas de NaOH(d), agite como bastão de vidro, centrifugue e separe o precipitado
(PPT-6) do sobrenadante (Sbnt E). Ao sobrenadante (Sbnt E), que pode conter AlO2- e Cr(OH)4- , adicione 3 gotas
de H2O2 3%, agite com bastão de vidro e aqueça em banho-maria, até solução se tornar amarela (só ficará amarela
se houver Cr3+ que se converte em CrO42-) ou por 5 minutos no mínimo.

Ao tubo contendo precipitado (PPT-6), que pode ser Fe(OH)3(s) adicione gotas de HNO3(d) até solubilizar
o precipitado; adicione 15 gotas de água destilada, agite com bastão de vidro e divida a solução em 2 partes.

a) à uma parte adicione 5 gotas de solução de NH4SCN: o surgimento de uma solução vermelho-
sangue de FeSCN2+, indica a presença de ferro.

b) à outra parte adicione solução de K4Fe(CN)6: o surgimento de uma coloração azul escuro,
contendo Fe4Fe(CN)63(s), confirma o ferro.

Procedimento (11): Separação e Identificação do Alumínio e do Cromo (III)

Transfira o Sbnt E, que pode conter AlO2- e CrO42-, para um béquer de 100 mL e aqueça até decompor o
H2O2. Em seguida, transfira o sobrenadante para um tubo de ensaio e adicione HCl(d) até meio levemente ácido
ao papel de tornassol. Adicione excesso de NH4Cl(s), cerca de 200-250 mg, e gotas de NH4OH(d) até meio alcalino
ao papel de tornassol. Centrifugue e decante o precipitado formado (PPT-7), que pode conter Al(OH)3(s), e reserve
o sobrenadante Sbnt F, que pode conter CrO42-.

a) Lave o PPT-7 branco, que pode conter Al(OH)3, com 20 gotas de água fria; ao ppt adicione 3-5
gotas de HCl(d), ou mais, até solubilizar o precipitado. Adicione 3-4 gotas de NH4Ac, 5 gotas de
Aluminon e gotas de NH4OH(d) até meio alcalino ao tornassol. Uma laca vermelho-cereja indica a
presença de alumínio.

b) Do tubo com o Sbnt F, que pode conter CrO42-, se a solução estiver amarela, transfira 3 gotas da
solução para um tubo de ensaio, adicione 6 gotas de HAc(d) e 3 gotas de solução de Pb(Ac)2. A
formação de um precipitado amarelo de PbCrO4(s), confirma a presença de Cr3+.

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11.4 Esquema de Precipitação e Identificação dos Cátions do Grupo IIIB

Sobrenadante S3
GIIIB, GIV, GV

Ad. NH4Cl(s) e agite até dissolver; Ad. NH4OH(d) até alcalino;


Ad. 3-4 gts de TAA e  em BM; centrifugue, decante e guarde o (12)
sobrenadante S4 (Atenção: antes de guardar o sobrenadante,
adicione HAc(d) até pH ácido).
PPT GIIIB
CoS↓, NiS↓, MnS↓, ZnS↓

(13) Ad. 15 gts HCl(d) e agite com bastão de vidro por 1 min.

Sbnt G PPT-8

Mn2+, Zn2+ CoS↓, NiS↓ ppt negro


Aqueça para expulsar o H2S. Ad.
Excesso de NaOH (25 gotas)
Ad. HNO3(c) em quantidade
mínima e aqueça até ebulição
PPT. 9 Sbnt H
para dissolver o ppt, agitando
com bastão de vidro. Deixe
esfriar.
Mn(OH)2↓ [Zn(OH)4]2-
Branco
Lavar 3x com água quente;
Ad. HNO3(d) até solubilizar o Divida em 2 partes
ppt e ad. 10 gts de água
destilada e ad. NaBiO3(s). MnO4-

Sol. violeta

Ad. 5 gotas de TAA e . Ad. HCl(d) até solução


levemente ácida. Ad. 10
gotas de K4[Fe(CN)6]. Co2+, Ni2+
Sbnt I Divida em 2 partes

ZnS↓ K2Zn3[Fe(CN)6]2↓

ppt branco ppt branco

Ad. 5 gts de NH4SCN e 10 gts Ad. 5 gts de solução de NH4Cl,


de acetona. alcalinize com NH4OH(d) e ad.
10 gts de DMG.

Co(SCN)42- Ni(DMG)2↓

Sol. Azul anil ppt vermelho

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Procedimento (12): Precipitação do Grupo IIIB

Ao sobrenadante (S3) do procedimento (10), que poderá conter os cátions do Grupo IIIB, IV e V, adicione
NH4Cl(s), solubilize com bastão de vidro e alcalinize com NH4OH(d); adicione 3-4 gotas de TAA e aqueça por 10
minutos, no mínimo. Centrifugue, decante e guarde o sobrenadante (S4) para os testes dos grupos seguintes no
Procedimento 14 B (ATENÇÃO: ANTES DE GUARDAR O SOBRENADANTE, adicione 25 gotas de HAc(d) e reserve a
solução para a análise dos Grupos de cátions seguintes. A adição de HAc(d) serve para eliminar H2S(aq); evitar que
(NH4)2S se oxide ao ar, formando sulfato, que provocaria perda de Ba2+ e de Sr2+; e evitar que o sobrenadante
absorva CO2 do ar, formando carbonatos insolúveis do GIV e do magnésio). O precipitado (PPT GIIIB) é tratado de
acordo com o Procedimento (13).

Procedimento (13): Identificação do Cobalto, Níquel, Manganês (II) e Zinco

Ao PPT GIIIB, que pode conter CoS(s), NiS(s), MnS(s) e ZnS(s), adicione 20 gotas HCl(d) e agite com bastão
de vidro por 1 minuto; centrifugue, decante e guarde o sobrenadante (Sbnt G), que pode conter Mn2+ e Zn2+. Ao
precipitado PPT-8, que pode conter CoS(s) e NiS(s), adicione 10 gotas de HNO3(c) e aqueça à ebulição até
solubilizar o ppt. Divida a solução (Sbnt I) em 2 partes e faça testes para detectar Co2+ e Ni2+.

a) Identificação do Co2+: adicione 5 gotas de NH4SCN e 10 gotas de acetona. Uma coloração azul anil
intensa indica a presença de Co2+, devido à formação de Co(SCN)42- (Obs.: a solução deve estar ácida;
adicionar 1-2 gotas de HCl(c) para melhorar a sensibilidade).

b) Identificação do Ni2+: adicione 5 gotas de NH4Cl, alcalinize com NH4OH(d), junte 10 gotas de
Dimetilglioxima (DMG) e agite com bastão de vidro. Um ppt vermelho indica a presença de Ni2+.

Aqueça o sobrenadante Sbnt G (que pode ter Mn2+ e Zn2+) por 5 min para expulsar H2S. Em seguida,
adicione 25 gotas de NaOH e agite com bastão de vidro. Centrifugue, decante e guarde o precipitado e o
sobrenadante (PPT-9; Sbnt-H).

Identificação do Mn2+: Lave 3 vezes com água quente o precipitado de Mn(OH)2(s) (PPT-9). Adicione HNO3(d) gota
a gota até solubilizar o ppt e 10-15 gotas de água destilada; adicione uma pequena porção (10-15 mg) de NaBiO3
e agite com bastão. Uma coloração violeta indica a presença de Mn2+.

Identificação do Zn2+: Divida o sobrenadante (Sbnt H), que pode conter [Zn(OH)4]2-; à primeira parte, adicione 4-
5 gotas de TAA e aqueça em banho-maria por 10 minutos. O surgimento de um ppt branco de ZnS(s) indica a
presença de zinco. À segunda parte do sobrenadante, adicione HCl(d) até meio levemente ácido e adicione 10
gotas de K4[Fe(CN)6]. Um precipitado branco de K2Zn3[Fe(CN)6]2↓ indica a presença de Zn2+.

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11.5 Esquema de Precipitação e Identificação dos Cátions do Grupo IV

PRÉ-TRATAMENTO DO SOBRENADANTE (14 A) Pré-tratamento do S2 (Rota A)


contendo cátions do GIV e GV: Sobrenadante S2 ou S4
GIV, GV ou
Procedimento 14 A para a ROTA A: (14 B) Pré-tratamento do S4 (Rota B)
Tome o Sobrenadante S2 e
1. Transfira para um béquer pequeno; Ad. 10
gts de HCl(c);
2. Aqueça em BM para expulsar H2S. Precipitação do GIV: Ad. NH4Cl(s) e NH4OH(d) até
3. Prossiga a análise no Procedimento 14 C.
(14 C) alcalino; Ad. 5 gts de (NH4)2CO3, agite, centrifugue,
decante e guarde o sobrenadante S5.
Procedimento 14 B para a ROTA B:
Tome o Sobrenadante S4, acidulado com
25 gts de HAc(d), e
1. Transfira para um béquer pequeno. PPT GIV
2. Aqueça até que não haja mais BaCO3↓, CaCO3↓, SrCO3↓
desprendimento de vapores brancos de
NH4Cl. Lavar 2 vezes com H2O destilada quente. Ad. 5-8 gts de
(15)
3. Ad. 10 gts de HCl(d) e 15 gts de H2O / HAc(d) até dissolver o ppt e  em BM. Ad. igual volume
aqueça por 1 min; centrifugue e despreze de (NH4)Ac e Ad. 5 gts de K2Cr2O7.
algum ppt formado.
4. Prossiga a análise no Procedimento 14 C. PPT 10 Sbnt J

Ca2+, Sr2+
BaCrO4↓
Ad. NH4OH(d) até alcalino e 10 gts de
ppt amarelo Na2CO3. Centrifugue, decante e
despreze o sobrenadante.

PPT 11 CaCO3↓, SrCO3↓


ppt branco

Dissolver com 5-8 gts de HAc(d). Ad. 5


gts de (NH4)2SO4 e  até ebulição.
Deixar repousar por 2 min.

Sbnt K PPT 12

Ca2+ SrSO4↓
Ad. NH4OH(d) até alcalino. Ad.
ppt branco
(NH4)2C2O4 gota a gota até
precipitar.

CaC2O4↓ PPT 13

ppt branco

Procedimento (14 A):

Pré-tratamento do Sobrenadante S2 da Rota A

• Transfira o sobrenadante S2, oriundo do Procedimento 5, que poderá conter os cátions do Grupo IV e V, para
um béquer pequeno, adicione 10 gotas de HCl(c) e aqueça para expulsar H2S (teste com papel de filtro
umedecido com acetato de chumbo); reconstitua o resíduo com 20 gotas de água destilada se necessário e
siga a análise no Procedimento (15).

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Procedimento (14 B):

Pré-tratamento do Sobrenadante S3 da Rota B

• Transfira o sobrenadante S4, que poderá conter os cátions do Grupo IV e V, acidulado com 25 gotas de HAc(d),
oriundo do Procedimento 12 para um béquer pequeno e aqueça até que não haja mais desprendimento de
vapores brancos de NH4Cl.
• Adicione 10 gotas de HCl(d) e 15 gotas de água destilada e aqueça por 1 minuto.
• Centrifugue e despreze algum ppt que se forme e siga a análise no Procedimento (15).

Procedimento (15): Precipitação do Grupo IV

Transfira a solução para um tubo de ensaio e adicione NH4Cl(s) e NH4OH(d) até solução alcalina ao tornassol.
Adicione 5-8 gotas de (NH4)2CO3 agitando com bastão de vidro. Centrifugue, decante e guarde o sobrenadante
(S5) que poderá conter os cátions do grupo V que será tratado de acordo com o Procedimento (16). O precipitado
(PPT GIV) é tratado de acordo com os itens a seguir:

Identificação do Bário: lave 2 vezes com água quente o PPT GIV, que pode conter BaCO3(s), CaCO3(s) e SrCO3(s),
brancos. Em seguida, adicione 5 a 8 gotas de HAc(d) gota a gota até pH ácido ao tornassol e aqueça em banho-
maria por 5 minutos. Caso haja ppt ainda presente em meio ácido, não se preocupe, pois não é carbonato.
Adicione igual volume de (NH4)Ac e solução de K2Cr2O7. Se formar ppt, centrifugue e decante. Um ppt amarelo
(PPT-10) indica a presença de BaCrO4(s), que precisa ser confirmado da seguinte forma:

Confirmação do Ba2+: lave o ppt com 20 gotas de água destilada. Centrifugue, decante e despreze o sobrenadante.
Ao precipitado, adicione 10 gotas de HCl(c) e 20 gotas de HCl(d). Agite com bastão de vidro e aqueça em banho-
maria por 5 minutos, agitando de vez em quando. Ao término do aquecimento, caso ainda haja precipitado,
centrifugue, decante e despreze o ppt. Ao sobrenadante, adicione 5 gotas de H2SO4(d) e agite com bastão de
vidro. A formação de um ppt branco, ou de uma turvação branca, de BaSO4(s) confirma a presença do bário.

Identificação do Estrôncio: ao sobrenadante (Sbnt J), adicione, gota a gota, NH4OH(d) e adicione 10 gotas de
solução de Na2CO3. Centrifugue, decante e despreze o sobrenadante. Dissolva o ppt branco (PPT-11), que pode
conter CaCO3(s) e SrCO3(s), com 5-8 gotas de HAc(d). Adicione solução de (NH4)2SO4, aqueça em banho-maria por
5 minutos e deixe repousar por 2 minutos. Centrifugue, decante e guarde o sobrenadante (Sbnt K). Um ppt branco
indica a presença de SrSO4(s) (PPT-12).

Identificação do Cálcio: ao sobrenadante (Sbnt K), adicione NH4OH(d) até alcalino. Em seguida, adicione
(NH4)2C2O4 gota a gota e agite com bastão de vidro. O surgimento de um ppt branco (PPT 13) indica a presença
de CaC2O4(s).

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11.5 Esquema de Identificação dos Cátions do Grupo V

Sobrenadante S5
GV

Mg2+, K+, Na+

HNO3(c) /  até secura /Ad. água destilada.

NH4Cl(s) / NH4OH(d) / Na2HPO4 Remoção do Mg+: Ad. KOH / Δ /


Centrifugar /Ad. HCl(c) ao
sobrenadante / Δ / Ad. H2O
MgNH4PO4↓ Mg2+, K+, Na+
Branco

HCl(d) / Ensaio do Magneson Sbnt M

Laca azul de Mg/


Magneson HClO4 Na3[Co(NO2)6] KOH(d)
K[Sb(OH)6]

K+, Na+

KClO4↓ K3[Co(NO2)6]↓ Na[Sb(OH)6]↓


ppt branco ppt amarelo ppt branco

SOLUÇÃO CONTENDO
Pb2+, Ag+, Hg22+ SOLUÇÃO ORIGINAL
Cu2+, As3+, Sn2+
Fe3+, Al3+, Cr3+
Co2+, Ni2+, Mn2+, Zn2+
Ba2+, Ca2+, Sr2+ TESTE DE NH4+
Mg2+, K+, Na+, NH4+
(GRUPO V)

Procedimento (16): Identificação do Grupo V (Magnésio, Potássio, Sódio e Amônio)

Transfira o sobrenadante (S5) oriundo da precipitação dos cátions do Grupo IV, que pode conter Mg2+, K+, Na+,
para um béquer pequeno e adicione 10 gotas de HNO3(c). Evapore até secura, e deixe sob aquecimento até que
fumaças brancas não mais se desprendam. Ao resíduo, adicione 60 gotas de água destilada e agite com bastão de
vidro e transfira para um tubo de ensaio.

Identificação do Mg2+: transfira 20 gotas da solução (S5) para um tubo de ensaio, adicione 1 espátula pequena de
NH4Cl(s) (100 mg) e NH4OH(d) gota a gota até meio básico ao tornassol. Adicione 10 gotas de Na2HPO4 0,5 M,
agite vigorosamente com bastão de vidro e deixe repousar por 1 minuto; centrifugue o ppt formado e lave-o com

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água destilada. Dissolva o ppt com HCl(d) gota a gota e aqueça em banho-maria por 1 minuto. Em seguida,
adicione 15 gotas de água destilada, 5 gotas de Magneson (p-nitrobenzenoazoresorcinol) e excesso de NaOH até
solução fortemente alcalina (até solução ou azul ou violeta). A formação de uma laca azul confirma o magnésio.

Identificação do K+: Transfira 15 gotas da solução (S5) para um tubo de ensaio, adicione 5 gotas de HClO4 e agite
com bastão de vidro, atritando as paredes do tubo de ensaio. Um precipitado branco indica presença de K+ (a
presença de sais de amônio e Na+ em excesso interferem neste teste). Se houver dúvidas com a interferência de
amônio, centrifugue e decante o precipitado; adicione 10-15 gotas de água destilada e agite; se não solubilizar, o
teste é positivo para potássio.

Identificação do Na+:

• Se o Mg2+ estiver AUSENTE, prossiga a análise do Na+ no item Ensaio do KH2SbO4*.

(*) Ensaio do KH2SbO4: transfira o restante da solução S5 para um tubo de ensaio. Adicione KOH 2 M até
pH suavemente básico ao tornassol. Adicione 5 gotas de piroantimoniato de potássio e atrite as paredes
do tubo de ensaio com bastão de vidro. Um precipitado cristalino, branco, indica a presença de Na+. O
Mg2+ e a amônia interferem com este ensaio e devem estar ausentes. O meio ácido provoca decomposição
do piroantimoniato de potássio, formando um ppt branco de ácido metantimônico; o meio fortemente
básico solubiliza o ppt de piroantimoniato de sódio, formando antimoniato.

• Se o Mg2+ estiver PRESENTE, prossiga a análise do Na+ como segue:

Ao restante da solução S5, adicione 10 gotas de KOH saturado e aqueça a solução até fervura. Centrifugue
e decante qualquer ppt, que poderá ser Mg(OH)2(s). Transfira o sobrenadante para um béquer pequeno e adicione
HCl(c) gota a gota até pH ácido. Evapore até secura e adicione 25 gotas de água destilada. Centrifugue qualquer
ppt e realize o ensaio do Ensaio do KH2SbO4*.

Identificação do NH4+: tome um vidro de relógio limpo e prenda, na superfície inferior, um pedaço de papel de
tornassol rosa, umedecido com água destilada. Em um béquer pequeno coloque 20 gotas da amostra original
contendo a mistura de todos os grupos de cátions. Adicione 20 gotas de NaOH(d) e tampe o béquer
imediatamente com o vidro de relógio. A mudança de cor do papel de tornassol de rosa para azul indica a presença
de NH4+. O teste ocorre em cerca de 40 segundos. Aqueça o fundo do béquer com a palma da sua mão e agite o
conjunto suavemente para tornar a reação mais rápida

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12. Análise Qualitativa de Ânions: Classificação dos Grupos de Ânions - Propriedades Oxirredutoras

12. ANÁLISE QUALITATIVA DE ÂNIONS


Vários métodos têm sido descritos para análise dos ânions mais comuns. Na prática, a probabilidade de
se encontrar misturas de determinados ânions é pequena porque existem incompatibilidades entre eles (p. ex.,
ânions de caráter redutor e de caráter oxidante não são encontrados juntos).

Os ânions não têm marcha analítica de identificação idêntica a dos cátions e quase sempre eles são
identificados uns na presença dos outros.

12.1 Classificação dos Grupos de Ânions


Os ânions podem ser classificados de acordo com o seu comportamento em relação a determinados
reagentes* (Tabela 12.1):

1. Grupo Volátil: formam produtos gasosos por adição de ácidos fortes diluídos não oxidantes;

2. Grupo Bário-Cálcio (ou Grupo do Sulfato): precipitam com sais solúveis de bário e de cálcio;

3. Grupo da Prata (ou do Cloreto): precipitam com sais solúveis de prata;

4. Grupo Solúvel: não sofrem nenhuma reação anterior.

(*) Não existe realmente um esquema satisfatório que permita a separação dos ânions comuns em grupos
principais e a subsequente separação inequívoca, em cada grupo, de seus componentes independentes. Portanto,
há outras classificações descritas na literatura.

TABELA 12.1 – Classificação dos Ânions segundo o Caráter Oxirredutor


CARÁTER REDOX
GRUPO
REDUTORES OXIDANTES INDIFERENTES OXI-RED
SO32- (sulfito) ClO- (hipoclorito) CO32- (carbonato) NO2- (nitrito) b
Volátil a S2O32- (tiossulfato)

C2O42- (oxalato) c AsO43- (arseniato) SO42- (sulfato)


Bário/Cálcio (à quente) PO43- (fosfato) -
F- (fluoreto)
Br- (brometo) Cl- (cloreto) d
Prata I- (iodeto) - -
SCN- (tiocianato)
MnO4- NO3-
(permanganato) (nitrato) e -
Solúvel - -
Ac (CH3COO )- (acetato)
a) Os ânions do grupo volátil geram gases com o mesmo caráter REDOX da espécie química de origem.
b) Colore o KIO3-amidonado de azul lentamente.
c) Descora o KMnO4, à quente.
d) O Cl- tem caráter REDUTOR FRACO que necessita de oxidantes fortes para produzir Cl2(g). Descora o KMnO4 muito
lentamente (10Cl- + 2MnO4- + 16H+ ⟶ 5Cl2↑ + 2Mn2+ + 8H2O).
e) Tem força OXIDANTE, mas que depende da concentração de H + no meio reacional: quanto maior a [H+], mais forte
e mais rápida será a reação de oxidação ocasionada pelo NO3-.

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12. Análise Qualitativa de Ânions: Classificação dos Grupos de Ânions - Propriedades Oxirredutoras

12.2 Procedimentos Analíticos para a Determinação de Ânions: generalidades


Existem diversos ensaios/procedimentos preliminares ou realizados ao longo de uma análise que são
utilizados para a determinação de ânions:

1) Regras de Solubilidade dos íons: realização de testes de solubilidade em água da amostra (p. ex., os
nitratos são solúveis em água).

2) Eliminação de ânions presentes na amostra baseada na pesquisa de cátions: p. ex., quando Ba2+ está
presente numa amostra solubilizada em água, isso indica que CO32-, PO43-, SO32-, SO42-, CrO42-, BO33- e
AsO43- estão ausentes.

3) Eliminação de ânions presentes na amostra baseada na cor da amostra: o CrO42- é amarelo, Cr2O72-
é laranja, MnO4- é violeta (Nota: deve-se levar em consideração também a presença de cátions
coloridos).

4) Eliminação de ânions presentes na amostra baseada no pH da amostra: quando a solução de uma


amostra contém HSO4- ou ácidos livres, o pH da amostra é menor que 2; quando contém S2-, SO32-,
CO32-, PO43-, o pH>10; essa técnica permite determinar a presença ou ausência de ânions fortemente
ácidos ou fortemente básicos em uma amostra aquosa.

5) Eliminação de ânions presentes na amostra baseada no caráter REDOX da amostra (reação com
agentes oxidantes e/ou redutores) (Tabela 12.1):

a) Ânions Redutores: atuam com agentes redutores, reduzindo outras espécies da solução; eles
descoram soluções oxidantes, p. ex., descoram uma solução de KMnO4 + H2SO4 e/ou colorem
de azul escuro uma solução de iodato de potássio (KIO3) amidonado em meio ácido, devido a
formação do complexo iodo-amido (azul):

MnO4- + 8H+ + 5e- ⇌ Mn2+ + 4H2O


violeta rosa

IO3- + 6H+ + 5e- ⇌ ½ I2↑ + 3H2O

I2↑ + amido: complexo amido-iodo AZUL-ESCURO

b) Ânions Oxidantes: atuam como agentes oxidantes, oxidando outras espécies da solução, p.
ex., colorem de azul escuro uma solução de iodeto de potássio (KI) amidonado:

2I- ⇌ I2↑ + 2e-

I2↑ + amido: complexo amido-iodo AZUL-ESCURO

c) Ânions Oxidantes-Redutores: reagem com agentes redutores e/ou oxidantes.

d) Ânions Indiferentes: não reagem com agentes redutores e/ou oxidantes.

É relevante a determinação preliminar do caráter redox da amostra porque indica quais ânions poderão
ou não estar presentes na solução. Como espécies redutoras e oxidantes não podem estar presentes na mesma
amostra, as seguintes combinações são possíveis:

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12. Análise Qualitativa de Ânions: Classificação dos Grupos de Ânions - Propriedades Oxirredutoras

Caráter REDOX da amostra Ânions presentes*


Redutor SÓ ânions redutores ou Redutores + indiferentes
Oxidante SÓ ânions oxidantes ou Oxidantes + indiferentes
Indiferente SÓ ânions indiferentes

(*) Determinadas combinações de ânions não são compatíveis, porque eles podem reagir entre si e alterar a
composição da amostra. É importante notar que o pH tem papel fundamental na incompatibilidade dos ânions
em solução. Por exemplo, o íon nitrato é um oxidante forte em pH muito ácido; dessa forma, o ácido nítrico
concentrado é um agente oxidante muito forte; mas, o ácido nítrico diluído é um oxidante fraco de reação lenta;
por último, o ânion nitrato em meio básico é um oxidante extremamente fraco que precisa de agentes redutores
muito fortes para que ocorra a sua redução. Por isso, o nitrato é incompatível com alguns ânions em meio ácido,
já que ele é fortemente oxidante nessas condições. Desta forma, quando se verifica que uma solução tem caráter
redutor, é evidente que não pode coexistir nessa mesma solução, íons com caráter fortemente oxidante, porque
uma reação de oxirredução irá acontecer modificando a composição das espécies químicas presentes na amostra.
Mas existem exceções quanto à essa regra: por exemplo o arsenito é redutor e o arseniato é oxidante e esses 2
ânions podem coexistir em equilíbrio numa mesma solução:

Arsenito Arseniato
(redutor) (oxidante)
3AsO33- + 3H2O ⇌ 3AsO43- + 6H+

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13. Ânions do Grupo Volátil

13. ÂNIONS DO GRUPO VOLÁTIL


Os ânions do Grupo Volátil liberam produtos gasosos quando reagem com ácidos não oxidantes diluídos
(p. ex., o HCl diluído). Esses ânions são analisados na amostra original, já que os ácidos utilizados nos
procedimentos seguintes de análise destroem os mesmos (Tabela 13.1):

TABELA 13.1 – Características do Grupo Volátil


Ânion Gás gerado com adição de HCl(d)
Gás carbônico (CO2): Ocorre efervescência; o gás é incolor e inodoro.
CO32- Carbonato CO32- + 2H+ ⟶ CO2↑ + H2O

Dióxido de enxofre (SO2): corre efervescência; o gás é incolor e tem odor forte, sufocante de enxofre
SO32- queimado
Sulfito SO32- + 2H+ ⟶ SO2↑ + H2O

Dióxido de enxofre (SO2): corre efervescência; o gás é incolor e tem odor forte, sufocante de enxofre
S2O32- queimado; ocorre a precipitação de enxofre molecular, amarelo-claro.
Tiossulfato S2O32- + 2H+ ⟶ SO2↑ + S↓ + H2O

Dióxido de nitrogênio, castanho-avermelhado (NO2), venenoso, e óxido nítrico (NO), incolor com odor
NO2- forte.
Nitrito NO2- + H+ ⟶ HNO2 (solução azul-pálida transitória)
2HNO2 ⟶ H2O + N2O3
3HNO2 ⟶ HNO3 + 2NO↑ + H2O
2NO↑ + O2 ⟶ 2NO2↑

Gás de cloro (Cl2), verde amarelado de odor irritante.


ClO- Hipoclorito ClO- + H+ ⟶ HOCl
HOCl + H+ + Cl- ⟶ Cl2↑ + H2O

13.1 Parte Experimental: ensaios


13.1.1 Parte A: Caracterização do Caráter Redox da Amostra e Identificação do Grupo Volátil

Experimento 1: Determinação do caráter redox dos ânions do grupo volátil na PLACA DE TOQUE:

a) Na placa de toque, coloque uma gota de solução de KMnO4, uma gota de H2SO4(d), uma gota de solução
de CO32- e observar se ocorre descoramento do KMnO4. Anote os resultados e repita o mesmo
experimento com o SO32-, S2O32-, NO2- e ClO-.

b) Na placa de toque, coloque uma gota de HCl(d) e uma gota de solução de KI amidonado e uma gota de
solução de CO32-. Observar se ocorre o surgimento de coloração azul escura (quase negro). Anote os
resultados e repita o mesmo experimento com o SO32-, S2O32, NO2- e ClO-.

Experimento 2: Caracterização dos ânions do Grupo Volátil com PAPEL DE FILTRO IMPREGNADO com KI-
amidonado e/ou KIO3-amidonado - umedeça um pedaço de papel de filtro com solução de KI amidonado e outro
com KIO3. Em seguida, em 2 tubos de ensaio coloque 10 gotas de solução de CO32- e 4 gotas de HCl(d). Coloque
imediatamente na boca de cada tubo de ensaio cada um dos papéis de filtro e aqueça em banho-maria. Observe
se surge ou não uma mancha azul escura no papel de filtro. Anote os resultados e repita o mesmo procedimento
para os ânions SO32-, S2O32-, NO2- e ClO-. (vide Nota 13.1)

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13. Ânions do Grupo Volátil

Quadro de Resultados
Experimento 1: Placa de toque Experimento 2: Papel de filtro
Ânion Caráter
KMnO4 KI amid. KIO3 amid. KI amid.

CO32-

SO32-

S2O32-

NO2-

ClO-

13.1.2 Parte B: Reações de Identificação Específicas para Cada Ânion

Carbonato Experimento 3: Em um microgerador de gás (tubo A) e em um tubo de ensaio (tubo B) coloque:


CO32- - no tubo B – tubo de ensaio: 20 gotas de solução de Ba(OH)2.

- no tubo A – microgerador de gás: 20 gotas de solução da amostra de sal, uma pequena porção
de zinco metálico (1/2 espátula pequena) e 5 gotas de HCl(d); feche o microgerador
rapidamente, coloque a saída deste aparato mergulhada na solução de Ba(OH)2 do tubo B e
agite todo o conjunto; caso haja a formação de um precipitado branco no tubo B, centrifugue e
decante o precipitado e adicione 1-2 gotas de HAc(d); se houver solubilização deste ppt, o teste
é POSITIVO para CO32-. Repita o processo para o SO32-. (vide Nota 13.2)

Experimento 3: Quadro de Resultados


Ânion Tubo A com o ânion Tubo B com Ba(OH)2 ppt 1 + HAc(d)

CO32-

SO32-

Sulfito Experimento 4: Em um tubo de ensaio coloque 1 espátula de vidro bem cheia da amostra do
SO3 2- sal e solubilize com 2 mL de água; em seguida, coloque 2 gotas de K2Cr2O7, 2 gotas de H2SO4(d),
agite com bastão de vidro e deixe repousar por 2 minutos e depois agite novamente; o
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13. Ânions do Grupo Volátil

surgimento de uma coloração verde escura transparente indica a presença de SO32- (vide Nota
13.3); anote os resultados e repita o ensaio para os ânions (amostra sólida): CO32- e S2O32-

Experimento 5: A 10 gotas da solução da amostra, adicione solução de AgNO3 até formação de


precipitado branco (Ag2SO3). Adicione mais amostra em excesso (~50 gotas) e agite com bastão
de vidro; se houver solubilização do ppt, aqueça a solução até fervura em banho-maria e
observe o surgimento de um ppt cinza de prata metálica. (vide Nota 13.4).

Quadro de Resultados
Experimento 4 Experimento 5
Ânion
K2Cr2O7 + H2SO4(d) AgNO3 / 

SO32-

CO32-

S2O32-

Tiossulfato Experimento 6: A 5 gotas da solução da amostra, adicione 5 gotas de solução de AgNO3 e


S2O32- observe o surgimento de um ppt branco que passa para o amarelo e o laranja até ficar preto;
(vide Nota 13.4)

Experimento 7: Em um tubo de ensaio coloque 10 gotas da solução da amostra e 10 gotas de


HCl(d); agite com bastão de vidro e deixe repousar por 2 minutos; o surgimento de uma de uma
turvação amarela pálida se deve ao ppt de enxofre molecular que se forma que indica a
presença de S2O32-. (vide Nota 13.2)

Quadro de Resultados
Experimento 6 Experimento 7
Ânion
AgNO3 HCl(d) / repouso

S2O32-

Nitrito Experimento 8: Em um tubo de ensaio, coloque 1 espátula pequena do sal da amostra e, EM


NO2- CAPELA, adicione 10 gotas de HCl(d); o desprendimento de um gás castanho-avermelhado de
NO2 indica a presença deste ânion. (vide Nota 13.5)

Experimento 9: Em um tubo de ensaio, adicione 20 gotas de solução de FeSO4 recém-


preparada*, concentrada, em H2SO4(d). Incline o tubo de ensaio e adicione a solução da

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13. Ânions do Grupo Volátil

amostra do sal, deixando escorrer lentamente pela parede do tubo ensaio. Observe a formação
de um anel marrom na junção dos líquidos. (vide Nota 13.5)

(*) preparo da solução de FeSO4: coloque 100 mg (1 espátula pequena) de FeSO4 em um


tubo de ensaio, adicione cerca de 2 mL de H2SO4(d) (~40 gotas) e agite até solubilizar o
sólido.

Experimento 10: Na placa de toque adicione 1 gota de solução da amostra do sal, 1 gota de
solução de ácido sulfanílico e 1 gota de solução de alfa-naftilamina. Agite a placa de toque
suavemente por 30 segundos e observe a formação de um precipitado vermelho. (vide Nota
13.5)

Quadro de Resultados
Experimento 8 Experimento 9 Experimento 10
Ânion ácido sulfanílico /
HCl(d) FeSO4 / H2SO4(d)
alfa-naftilamina

NO2-

Hipoclorito Experimento 11: Em tubo de ensaio coloque 10 gotas da solução da amostra, 5 gotas de solução
ClO - de Pb(CH3COO)2 e aqueça em banho-maria. Observe a formação de um precipitado marrom.
(vide Nota 13.6)

Experimento 12: Em tubo de ensaio coloque 10 gotas da solução da amostra, 5 gotas de solução
de Co(NO3)2. Observe a formação de um precipitado negro. (vide Nota 13.6)

Quadro de Resultados
Experimento 11 Experimento 12
Ânion
PbAc2 /  Co(NO3)2

ClO-

Nota 13.1 Caráter Redox dos Ânions do Grupo Volátil


O caráter dos gases gerados pelos ânions do Grupo Volátil é o mesmo da espécie que a gerou. Assim, íons
redutores geram gases redutores; íons oxidantes, gases oxidantes; íons oxidante-redutores, gases oxidante-
redutores; e íons indiferentes, gases indiferentes. O ensaio do KI amidonado e/ou do KIO3 amidonado embebido
no papel de filtro substituem os ensaios da placa de toque: o KI amidonado é redutor (apresenta forte cor azul
escura em presença de gases oxidantes); o KIO3 amidonado é oxidante (apresenta forte cor azul escura em
presença de gases redutores); gases indiferentes não colorem o papel de filtro embebido com essas soluções.
Note-se que a coloração azul escura que surge se deve formação complexo amido-iodo.

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Nota 13.2 Identificação do CO32-, do SO32- e do S2O32-


Reação com Água de Barita

O teste do microgerador de gás é utilizado para identificar a presença do


ânion CO32-, no entanto, os gases desprendidos, tanto pelo CO32-, quanto pelos
íons SO32- e S2O32- turvam também a água de barita, Ba(OH)2(s). Utiliza-se a água
de barita porque a presença de OH- no meio evita a hidrólise do carbonato a
bicarbonato (HCO3-), entretanto, deve-se evitar saturar o meio com CO2(g) para
evitar a formação também de bicarbonato:

Ba2+ + CO2 + 2OH- ⟶ BaCO3↓ + H2O

BaCO3↓ + CO2 + H2O ⇌ Ba2+ + HCO3-

Os gases são gerados pela acidificação da solução desconhecida. Uma pequena quantidade de zinco é
adicionada à solução desconhecida e reage então com o ácido do meio para gerar H2(g), que ajuda a carrear os
gases gerados para a solução de água de barita.

Zno↓ + 2H+ ⟶ Zn2+ + H2↑

Reação do CO32-

Ocorre formação de BaCO3(s), branco, solúvel em ácido acético diluído. Deve-se evitar coletar excesso de
CO2(g) na água de barita para evitar dissolução do BaCO3(s)

Tubo A: CO32- + 2H+ ⟶ CO2↑ + H2O Tubo B: CO2 + Ba2+ + 2OH- ⟶ BaCO3↓ + H2O
Zno↓ + 2H+ ⟶ Zn2+ + H2↑ Branco

BaCO3↓ + 2H+ ⇌ Ba2+ + CO2↑ + H2O


Interferência do SO32-:

O íon sulfito interfere na identificação dos carbonatos; caso haja sulfito presente e, se a solução da
amostra estiver muito concentrada, poderá haver a formação de sulfito de bário, BaSO3(s), branco, insolúvel em
ácido acético diluído (diferença do BaCO3(s)), mas solúvel em HCl diluído. Entretanto, em soluções de amostras
diluídas, o SO32- reage com o zinco metálico liberando gás H2S (essa última reação é mais efetiva na presença de
H2SO4):

Tubo A: SO32- + 2H+ ⟶ SO2↑ + H2O Tubo B: SO2 + Ba2+ + 2OH- ⟶ BaSO3↓ + H2O
o + 2+
Zn ↓ + 2H ⟶ Zn + H2↑ Branco
2- o + 2+
SO3 + 3Zn ↓ + 8H ⟶ H2S↑ + 3Zn + H2↑ + H2O

O H2S formado (redutor) poderá reagir com agentes oxidantes presentes na solução do tubo A, como o
NO3-, turvando a solução com um precipitado amarelo pálido de enxofre; também se a amostra de sulfito estiver
concentrada, haverá formação de excesso de sulfeto de hidrogênio que reage com o sulfito da solução gerando
enxofre elementar.

3H2S↑ + 2NO3- + 2H+ ⟶ 3S↓ + 2NO↑ + 4H2O


SO32- + 2H2S + 2H+ ⟶ 3H2O + 3S↓

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Interferência do S2O32-:

O íon tiossulfato também interfere com a identificação do carbonato por esse método. Ocorrerá a
formação de sulfito de bário, BaSO3, branco, insolúvel em ácido acético diluído, e de enxofre elementar, amarelo
claro.

Tubo A: S2O32- + 2H+ ⟶ SO2↑ + H2O + So↓ Tubo B: SO2 + Ba2+ + 2OH- ⟶ BaSO3↓ + H2O
(ppt amarelo claro no tubo A) Branco
Zno↓ + 2H+ ⟶ Zn2+ + H2↑

Nota 13.3 Identificação do SO32- e do S2O32- pela Oxidação com Cr2O72-


O sulfato e o tiossulfato reduzem o Cr(VI) do íon dicromato a Cr(III). O carbonato não tem esta
propriedade: há apenas desprendimento de CO2(g), devido ao meio ácido.

CO32- + Cr2O72- + 2H+ ⟶ CO2↑ + H2O + Cr2O72-


Laranja Laranja
A solução laranja de dicromato borbulha, mas não muda de cor.

3SO32- + Cr2O72- + 8H+ ⟶ 2Cr3+ + 3SO42- + 4H2O


Laranja Verde
Não há desprendimento de gás; a solução passa de laranja para verde transparente.

4S2O32- + 4Cr2O72- + 28H+ ⟶ 8Cr3+ + 6SO42- + 14H2O + SO2↑ + S↓


Laranja Verde amarelo claro

Não há desprendimento de gás; a solução passa de laranja para verde túrbida.

Nota 13.4 Identificação SO32- e do S2O32- com Solução de Nitrato de Prata

Reação do SO32-
Ocorre a formação de um precipitado branco cristalino de sulfito de prata, que solubiliza com excesso de
sulfito, devido a formação de sulfitoargentato. Fervendo a solução do sal complexo ou da suspensão aquosa do
precipitado, forma-se prata metálica cinzenta:

SO32- + 2Ag+ ⟶ Ag2SO3↓


Ag2SO3↓ + SO32- ⟶ 2AgSO3-

2AgSO3- ⟶ SO42- + 2Ag↓ + SO2↑


Ag2SO3↓ + H2O ⟶ 2Ag↓ + SO42- + 2H+


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Reação do S2O32-

Forma-se um precipitado branco de tiossulfato de prata, instável, que se torna preto em repouso
formando sulfeto de prata:

S2O32- + 2Ag+ ⟶ Ag2S2O3↓


Ag2S2O3↓ + H2O ⟶ Ag2S↓ + 2H+ + SO42-

Reação do CO32-

Ocorre a formação de um precipitado branco de carbonato de prata solúvel em ácido nítrico e em amônia:

CO32- + 2Ag+ ⟶ Ag2CO3↓


Ag2CO3↓ + 2H+ ⟶ 2Ag+ + CO2↑ + H2O
Ag2CO3↓ + 4NH4+ ⟶ 2Ag(NH3)2+ + CO32-

Nota 13.5 Identificação do NO2-


Considerações Sobre o Nitrito (NO2-) e o Nitrato (NO3-)

O nitrogênio nos seguintes compostos apresenta os seguintes estados de oxidação: amônia, NH3, (-3);
hidroxilamina, NH2OH, (-1), nitrogênio, N2, (0), óxido nítrico, NO, (+2), íon nitrito, NO2-, (+3) íon nitrato, NO3-, (+5).

Dentre os compostos acima, o NO3- tem estado de oxidação +5, portanto ele pode apenas reagir como
um oxidante, enquanto o NO2- pode agir como redutor e como oxidante. A força oxidante do NO3- depende da
concentração de H+ no meio: quanto maior a quantidade de prótons, maior a força e a rapidez de oxidação do
NO3-. Desta forma, em condições ácidas, o NO3- facilmente oxida os metais livres (exceto ouro e platina), os
haletos (exceto o F-), cátions de baixa valência (Sn2+ e Fe2+, por exemplo), o H2S e o SO3-.

2NO3- + 8H+ + 3Cu↓ ⟶ 2NO↑ + 3Cu2+ + 4H2O


2NO3- + 6I- + 8H+ ⟶ 2NO↑ + 3I2 + 4H2O
NO3- + 3Fe2+ + 4H+ ⟶ NO↑ + 3Fe3+ + 2H2O
2NO3- + 3H2S + 2H+ ⟶ 2NO↑ + 3S↓ + 4H2O
2NO3- + SO32- + 3H+ ⟶ 2NO↑ + SO42- + 3H2O

A reação do NO3- com Fe2+ ocorre em alta acidez. O óxido nítrico formado (NO) reage com o excesso de
ferro(II) formando um anel marrom de mononitrosilferro(II) na interface entre o ácido sulfúrico concentrado e a
solução teste:

Fe2+ + SO42- + NO ⟶ Fe.NOSO4

Em meio alcalino, o nitrato é reduzido até NH3 por Zn ou Al metálico:

NO3- + 7OH- + 4Zn↓ ⟶ NH3↑ + 4ZnO22- + 2H2O


3NO3- + 5OH- + 8Al↓ + 2H2O ⟶ 3NH3↑ + 8AlO2-

O NO2-, ao contrário do nitrato, é mais fácil de reduzir. No teste do anel marrom para o nitrito, pode-se
utilizar ácido acético ou até mesmo os prótons liberados da hidrólise do FeSO4. O nitrito também pode ser
reduzido pelo SO32- e pelo H2S em meio ácido. Ele também é reduzido até NH3, em meio alcalino, por ação do Zn
ou Al metálico. Note-se que, apesar da facilidade de redução do NO2-, em relação ao NO3-, o primeiro precisa de
oxidantes fortes (MnO42-, H2O2) para sua redução.

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Reação do Nitrito (NO2-) com Ácidos Diluídos

Ao contrário do ácido nítrico, o ácido nitroso é relativamente fraco (Ka = 5,1 x 10-4). Por isso, os ácidos HCl
e H2SO4 diluídos são capazes de decompor nitritos sólidos produzindo um gás marrom-avermelhado (NO2). A
adição cautelosa de ácido clorídrico diluído ao nitrito sólido à frio produz uma solução azul-pálida transitória
(devido à presença de ácido nitroso livre, HNO2, ou seu anidrido, N2O3) e a liberação de vapores de cor marrom
de dióxido de nitrogênio, sendo este último produzido amplamente por combinação do óxido nítrico com o
oxigênio do ar. Resultados semelhantes são obtidos com a solução aquosa:

NO22- + H+ ⟶ HNO2
(2 HNO2 ⟶ N2O3 + H2O)
3HNO2 ⟶ HNO3 + 2NO↑ + H2O
2NO↑ + O2↑ ⟶ 2NO2↑

Para decompor o nitrato (NO32-) em NO2(g) (gás marrom-avermelhado) é necessário tratar o sólido com
H2SO4 concentrado e aquecimento, já que o ácido nítrico é mais forte que o ácido nitroso.

NO32- + H+ ⟶ HNO3
4HNO3 ⟶ 2H2O + 4NO2↑ + O2

Reação do (NO2-) com Sulfato Ferroso

Adicionando-se uma solução de nitrito cuidadosamente a uma solução concentrada (25%) de sulfato de
ferro(II), acidulada com ácido sulfúrico diluído, forma-se um anel marrom na junção dos dois líquidos devido à
formação do composto marrom Fe.NOSO4 (mononitrilferro(II)). A vantagem da formação do anel marrom na
interface entre os dois líquidos é que o H2SO4 está aí concentrado, favorecendo a reação.

NO2- + 2H+ ⟶ NO↑ + H2O


Fe2+ + SO42- + NO ⟶ Fe.NOSO4

O íon NO32- (nitrato) não dá essa reação, exceto se o ácido sulfúrico utilizado no experimento for
concentrado e não diluído.

Reação com Reagente -naftilamina-ácido sulfanílico (ensaio de Griess-Ilosvay)

Ocorre diazotização do ácido sulfanílico pelo ácido nitroso, seguida pela união com a -naftilamina
formando um corante azo-vermelho.
NH2.CH3COOH N=N-OOC.CH3
HNO2 - 2H2O

HSO3 N=N NH2


+ CH3COOH

+
SO3H SO3H
NH2

Nota 13.6 Identificação do ClO-


Todos os hipocloritos são solúveis em água. Eles dão reação alcalina devido à hidrólise:

OCl- + H2O ⇌ HOCl + OH-

Em solução os hipocloritos se decompõem lentamente a frio, mas rapidamente a quente, formando íons
clorato e cloreto, por isso, as soluções de estudo devem ser recém-preparadas:

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13. Ânions do Grupo Volátil

3OCl- ⇌ ClO3- + 2Cl-

Os íons cloreto invariavelmente estarão presentes e interferirão em algumas reações.

Reação com Acetato (ou Nitrato) de Chumbo

Em ebulição, produz dióxido de chumbo marrom:

ClO- + Pb2+ + H2O ⟶ PbO2↓ + 2H+ + Cl-

Reação com Nitrato de Cobalto(II)

Ocorre formação de um precipitado preto de hidróxido de cobalto(III):

ClO- + 2Co2+ + 5H2O ⟶ 2Co(OH)3↓ + 4H+ + Cl-

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14. Ânions do Grupo Bário-Cálcio.

14. ÂNIONS DO GRUPO BÁRIO-CÁLCIO


Esses ânions formam precipitado por reação com solução de sais solúveis de Ba2+/Ca2+ em meio levemente
alcalino* (Tabela 14.1).

(*) o meio deve ser levemente alcalino porque todos os precipitados que se formam são solúveis em meio ácido.

TABELA 14.1 – Ânions do Grupo Bário-Cálcio


Grupo Ânion Nome Característica do Grupo
C2O42- Oxalato
Precipitam com sais
AsO43- Arseniato solúveis de bário e de
Bário/Cálcio SO42- Sulfato cálcio.
PO43- Fosfato
F- Fluoreto

Para análise dos ânions do Grupo Ba/Ca, deve-se acidificar a solução com ácido acético até pH ácido,
aquecer a solução e depois alcalinizar levemente a solução. O ácido acético serve para eliminar os ânions do Grupo
Volátil que interferem na análise (Carbonatos e sulfitos de bário e cálcio são insolúveis).

A precipitação de cada ânion desse grupo com Ba(NO3)2 e/ou Ca(NO3)2 depende da concentração e do pH
da amostra (Tabela 14.2).

O BaSO4 é o único do Grupo Ba/Ca que é insolúvel em meio ácido; em soluções ácidas, contendo ácido
acético, apenas o F- e o C2O42- precipitam com Ca2+. Os outros precipitam em meio básico.

TABELA 14.2 – Solubilidade dos ânions do Grupo Bário-Cálcio com Ba2+/Ca2+ em função do pH. a
Ânion Ba2+ / HCl(c) Ba2+ / NH4OH(d) Ca2+ / CH3COOH(c) Ca2+ / NH4OH(d)
SO42- BaSO4↓ BaSO4↓ - b

PO43- - Ba3(PO4)2↓ - Ca3(PO4)2↓

AsO43- - Ba3(AsO4)2↓ - Ca3(AsO4)2↓

C2O42- - BaC2O4↓ CaC2O4↓ CaC2O4↓

F- - BaF2↓ CaF2↓ CaF2↓


(a) Fonte: VAITSMAN e BITTENCOURT (1995).
(b) O CaSO4(s) é moderadamente solúvel; sua precipitação ocorre em meio ácido a partir de soluções concentradas.

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14. Ânions do Grupo Bário-Cálcio.

14.1 Parte Experimental: ensaios


14.1.1 Parte A: Caracterização do Caráter Redox da Amostra e Identificação do Grupo Bário-Cálcio

Experimento 1: Determinação do caráter redox dos ânions do grupo bário-cálcio:

a) Na placa de toque, coloque uma gota de solução de KMnO4, uma gota de H2SO4(d), uma gota de
solução de SO42- e observar se ocorre descoramento do KMnO4. Anote os resultados e repita o
mesmo experimento com o PO43-, AsO43-, F- e C2O42-.

b) Teste do caráter redox à quente para o C2O42-: em tubo de ensaio, adicione 5 gotas de C2O42-, 3 gotas
de H2SO4(d) e aqueça por 30 segundos em banho-maria; a seguir, com a solução em banho-maria,
adicione 1 gota de KMnO4 e aguarde 30 segundos; se descorar, adicione mais 2 gotas de KMnO4,
gota a gota e observe a descoloração da solução. Se apenas a 1ª gota de KMnO4 for suficiente para
a solução permanecer rosa, o C2O42- poderá estar ausente.

c) Na placa de toque, coloque uma gota de HCl(d) e uma gota de solução de KI amidonado e uma gota
de solução de SO42-. Observar se ocorre o surgimento de coloração azul escura (quase negro). Anote
os resultados e repita o mesmo experimento com o PO43-, AsO43-, F- e C2O42-.

Quadro de Resultados
Experimento 1b: tubo
Experimento 1: Placa de toque
de ensaio Caráter
Ânion
(a) (c)
KMnO4 + H2SO4(d) / 
KMnO4 KI amid.

SO42-

PO43-

AsO43-

F-

C2O42-

Experimento 2: Caracterização dos ânions do Grupo Bário-Cálcio: em um tubo de ensaio coloque 10 gotas de
SO42-, e adicione 5 gotas de HCH3COO(d) e aqueça. Em seguida alcalinize com 6 gotas de NH4OH(d). Agite com
bastão de vidro e adicione 6 gotas de Ba(NO3)2. Aqueça até fervura e deixe repousar algum tempo e anote os
resultados. Repita o mesmo experimento com o PO43-, AsO43-, C2O42- e F-.

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14. Ânions do Grupo Bário-Cálcio.

Experimento 3: Caracterização dos ânions do Grupo Bário-Cálcio: em um tubo de ensaio coloque 10 gotas de
SO42-, e adicione 5 gotas de HCH3COO(d) e aqueça. Em seguida alcalinize com 6 gotas de NH4OH(d). Agite com
bastão de vidro e adicione 6 gotas de Ca(NO3)2. Aqueça até fervura e deixe repousar algum tempo e anote os
resultados. Repita o mesmo experimento com o PO43-, AsO43-, C2O42- e F-.

Quadro de Resultados
Ânion Experimento 2 Experimento 3
Ba(NO3)2 Ca(NO3)2

SO42-

PO43-

AsO43-

C2O42-

F-

14.1.2 Parte B: Reações de Identificação Específicas para Cada Ânion

Oxalato Experimento 4: A 4 gotas de solução da amostra, adicione 3 gotas de Ca(NO3)2 e agite bem.
C2O42- Deixe repousar por 1 minuto para garantir precipitação completa. Centrifugue e decante. Ao
ppt adicione 5 gotas de H2SO4(d) e 10 gotas de água destilada. Aqueça em banho-maria, sob
agitação, até dissolver o ppt. À solução quente, adicione 1 gota de KMnO4 e agite. Espere cerca
de 30 segundos para ver se a coloração violeta desaparece. Se desaparecer, adicione gota-a-
gota mais KMnO4 sob agitação. Se a coloração continuar a desaparecer com várias gotas de
KMnO4, isso indica presença de C2O42-; se apenas 1 gota de KMnO4 for suficiente para a solução
permanecer rosa, o C2O42-, está ausente. (vide Nota 14.1)

Experimento 4: Quadro de Resultados


ppt 1 + H2SO4(d)
Ânion Ca(NO3)2 KMnO4
+ água / 

C2O42-

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14. Ânions do Grupo Bário-Cálcio.

Arseniato Experimento 5: A 5 gotas da solução da amostra, adicione 5 gotas de AgNO3 e observe a


AsO43- formação de um ppt vermelho pardacento (Ag3AsO4). (vide Nota 14.2)

Experimento 6: A 10 gotas da amostra em tubo de ensaio, adicione 10 gotas de HCl(c), 10 gotas


de KI e 30 gotas de CCl4; agite com bastão de vidro e deixe repousar até separar as fases; o
surgimento de uma coloração violeta intensa na fase orgânica indica a presença de AsO43-. (vide
Nota 14.2).

Quadro de Resultados
Experimento 5 Experimento 6
Ânion
AgNO3 HCl(c) + KI + CCl4

AsO43-

Fosfato Experimento 7: A 5 gotas da solução da amostra, adicione 10 gotas de HNO3(c) e 10 gotas de


PO43- (NH4)2MoO4. Agite e aqueça em banho-maria. Observe a formação de um ppt amarelo vivo.
(vide Notas 14.2 e 14.3) (repetir o teste para AsO43-)

Experimento 8: A 5 gotas da solução do sal, adicione 5 gotas de AgNO3 e observe a formação


de um ppt amarelo claro (Ag3PO4). (vide Nota 14.3)

Quadro de Resultados
Experimento 7 Experimento 8
Ânion
HNO3(c) + (NH4)2MoO4 /  AgNO3

PO43-

AsO43-

Sulfato Experimento 9: Em 2 tubos de ensaio coloque 5 gotas de Ba(NO3)2 e 5 gotas de HCl(d). Adicione
SO42- 5 gotas da solução da amostra. Centrifugue e decante os precipitados. A um dos tubos adicione
15 gotas de HCl(d) e ao outro tubo adicione 15 gotas de HNO3(d). Agite com o bastão e aqueça
em banho-maria. Caso não haja solubilização dos ppts nos 2 tubos de ensaio, isso indica a
presença de SO42-. (vide Nota 14.4)

Experimento 9: Quadro de Resultados


Ânion Ba(NO3)2 + HCl(d) HCl(c) /  HNO3(c) / 

SO42-

Fluoreto Experimento 10: Em placa de toque colocar 1 gota de oxicloreto de zircônio, 1 gota de alizarina-
F- S e 1 gota de HCl(d). Agite suavemente por 5 segundos. Forma-se uma laca vermelha. Junte 1

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14. Ânions do Grupo Bário-Cálcio.

ou 2 gotas de solução da amostra e observe o descoramento da laca. Fazer um outro ensaio em


branco (substitua a solução da amostra por água destilada). (vide Nota 14.5)

Experimento 10:Quadro de Resultados


Ânion
ZrOCl2 + Alizarina-S

F-

Nota 14.1 Identificação do C2O42-


Oxidantes fortes convertem o ácido oxálico a CO2(g), mas só há duas reações rápidas e úteis para
identificar oxalato: uma envolve o dióxido de manganês e a outra envolve o permanganato.

5C2O42- + 2MnO4- + 16H+ ⟶ 2Mn2+ + 10CO2↑ + 8H2O


Violeta incolor

C2O42- + MnO2↓ + 4H+ ⟶ Mn2+ + 2CO2↑ + 2H2O


Marrom incolor

Nota 14.2 Identificação do AsO43-


Reação com Nitrato de Prata

Forma um precipitado marrom pardacento de arseniato de prata:

AsO43- + 3Ag+ ⟶ Ag3AsO4↓

Reação com Iodeto de Potássio

O arseniato é reduzido por redutores fortes em meio fortemente ácido (HCl concentrado). Agitando a
mistura com CCl4, essa camada orgânica se torna violeta intensa. Essa reação pode ser usada para detectar
arseniato em presença de arsenito; a reação é reversível e grande quantidade de ácido é necessária para que a
reação seja completa.

AsO43- + 2H+ + 2I- ⇌ AsO33- + I2↓ + H2O

Reação com molibdato de amônio:

O molibdato de amônio reage com o arseniato em meio ácido nítrico sob fervura (diferença do PO43-, que
reage à frio ou a 40 oC), formando um precipitado amarelo vivo cristalino de arsenomolibdato de amônio:

AsO43- + H+ ⟶ HAsO42-
HAsO42- + 3NH4+ + 12MoO42- + 23H+ ⟶ (NH4)3[As(Mo3O10)4]↓ + 12H2O

Nota 14.3 Identificação do PO43-


Reação com nitrato de prata

Forma um precipitado amarelo claro de fosfato de prata, solúvel em amônia diluída e HNO3 diluído.

PO43- + 3Ag+ ⟶ Ag3PO4↓


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14. Ânions do Grupo Bário-Cálcio.

Reação com molibdato de amônio:

O molibdato de amônio precipita o íon fosfato como fosfomolibdato de amônio, que é um precipitado
amarelo vivo, cristalino. A solução deve estar fortemente acidificada com ácido nítrico concentrado. A
precipitação ocorre à frio ou com leve aquecimento de 40 oC. O arseniato produz um precipitado amarelo
semelhante, mas a reação só ocorre sob fervura.

PO43- + H+ ⟶ HPO42-
HPO42- + 3NH4+ + 12MoO42- + 23H+ ⟶ (NH4)3[P(Mo3O10)4]↓ + 12H2O

Nota 14.4 Reações de Identificação do SO42-


O BaSO4(s), branco, é insolúvel em HCl(d) à quente e em HNO3(d), mas pouco solúvel em HCl(c) ou HNO3(c)
fervendo. O ensaio é efetuado adicionando o reagente a uma solução acidificada com HCl(d); nestas condições,
não há precipitação de carbonatos, fosfatos e sulfitos. Essa reação é bastante sensível para identificar sulfato
porque o sulfato de bário precipita até mesmo de soluções muito diluídas em meio ácido.

Ba2+ + SO42- ⟶ BaSO4↓

Nota 14.5 Reação de Identificação do F-


O ensaio de laca de zircônio-alizarina-S para identificar fluoreto se baseia no fato de que o complexo
formado entre o zircônio e o fluoreto, o hexafluorzirconato(IV), incolor, é extremamente estável, de forma que o
fluoreto é capaz de destruir a laca vermelho-violácea de zircônio-alizarina-S, em meio contendo ácido clorídrico.
Como resultado, se obtém uma solução amarelo-pálida que é a cor da alizarina-S.

Zr-alizarina-S + 6F- + 4H+ ⟶ [ZrF6]2- + alizarina-S


Laca vermelho-violeta amarelo claro

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15. Ânions do Grupo da Prata.

15. ÂNIONS DO GRUPO DA PRATA


Os ânions mais comuns que reagem com a prata podem ser divididos em 2 classes principais: a 1ª classe
engloba os ânions que formam precipitados de prata insolúveis em ácido nítrico diluído: Cl-, Br-, I-, SCN-, CN-,
[Fe(CN)6]4-, [Fe(CN)6]3-. A este grupo de ânions, damos o nome de Grupo da Prata no esquema de análise que
estamos adotando.
A 2ª classe, compreende os ânions que formam precipitados com o cátion prata, mas são solúveis em ácido
nítrico diluído: AsO43-, BO33-, CO32-, CrO42-, PO43-, SO32-, S2O32-, SiO32-. Esses ânions estão classificados ou no Grupo
Volátil ou no Grupo Bário-Cálcio do nosso esquema de análise de ânions.
Dessa forma, o Grupo da Prata de nosso esquema de análise de ânions é caracterizado pela sua precipitação
com nitrato de prata em meio contendo ácido nítrico diluído. Consequentemente, elimina-se a interferência dos
ânions que formam sais de prata solúveis em ácido nítrico.

Tabela 15.1 – Propriedades de alguns Ânions do Grupo da Prata


Íon Precipitado Cor Solúvel em
Cl- AgCl Branco NH3
Br- AgBr Amarelo Claro NH3 (suavemente)
I- AgI Amarelo Claro Na2S2O3
SCN- AgSCN Branco NH3

15.1 Parte Experimental: ensaios


15.1.1 Parte A: Caracterização do Caráter Redox da Amostra e Identificação do Grupo da Prata

Experimento 1: Determinação do caráter redox dos ânions do Grupo da Prata (vide Nota 15.1):
d) Na placa de toque, coloque uma gota de solução de KMnO4, uma gota de H2SO4(d), uma gota de
solução de Cl- e observe se ocorre descoramento do KMnO4. Anote os resultados e repita o mesmo
experimento com o Br-, I- e SCN-.
e) Na placa de toque, coloque uma gota de HCl(d) e uma gota de solução de KI amidonado e uma gota
de solução de Cl-. Observar se ocorre o surgimento de coloração azul escura (quase negro). Anote
os resultados e repita o mesmo experimento com o Br-, I- e SCN-.

Quadro de Resultados
Ânion
KMnO4 / H2SO4(d) KI amid. / HCl(d)

Cl-

Br-

I-

SCN-

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15. Ânions do Grupo da Prata.

Experimento 2: Caracterização dos ânions do Grupo da Prata: em um tubo de ensaio coloque 10 gotas de Cl-,
adicione 5 gotas de solução de AgNO3 e 2 gotas de HNO3(d); agite com bastão de vidro. Anote os resultados e
repita o mesmo experimento com o Br-, I- e SCN-.

Quadro de Resultados
Ânion Experimento 2
AgNO3 HNO3(d)

Cl-

Br-

I-

SCN-

15.1.2 Parte B: Reações de Identificação Específicas para Cada Ânion

Tiocianato Experimento 3: Em um tubo de ensaio, adicione 10 gotas da solução do sal, 5 gotas de FeCl3 e
SCN- agite. Observe a formação de uma solução vermelho-sangue. (vide Nota 15.2)

Experimento 3: Quadro de
Resultados
Ânion FeCl3

SCN-

Iodeto Experimento 4: Em um tubo de ensaio, adicione 10 gotas da solução do sal, 10 gotas de FeCl3 e
I- 30 gotas de CCl. Agite, deixe as fases orgânica e aquosa separar e observe a cor da camada
orgânica (inferior); uma cor entre violeta e lilás, indica a presença de iodeto. (vide Nota 15.3)

Experimento 4: Quadro de
Resultados
Ânion FeCl3 / CCl4

I-

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Brometo Experimento 5: Em um tubo de ensaio, adicione 10 gotas da solução do sal, 5 gotas de KMnO
Br- e 3 gotas de H2SO(d). Adicione 30 gotas de CCl. Agite, deixe as fases orgânica e aquosa separar
e observe a cor da camada orgânica (inferior); uma cor entre vermelho escuro e castanho claro,
indica a presença de brometo. (vide Nota 15.4)

Experimento 5: Quadro de
Resultados
Ânion KMnO4 / H2SO4(d) / CCl4

Br-

Cloreto Experimento 6: Em um tubo de ensaio, adicione 10 gotas da solução do sal, 5 gotas de solução
Cl- de AgNO3. Se houver a formação de um ppt branco, centrifugue e decante. A esse precipitado,
adicione NHOH(d) até solubilizar o sólido. Adicione 10 gotas de HNO3(d) e observe a
reprecipitação do sólido. (vide Nota 15.5)

Experimento 6: Quadro de Resultados


Ânion AgNO3 NHOH(d) HNO3(d)

Cl-

Nota 15.1 Considerações Sobre os Haletos


Os halogênios têm estrutura eletrônica semelhante a um gás nobre: contêm 8 elétrons na sua última
camada. Os haletos são: F- (raio iônico = 1,36 Å), Cl- (raio iônico = 1,81 Å), Br- (raio iônico = 1,91 Å) e I- (raio iônico
= 2,16 Å). A diferença entre os raios iônicos dos haletos contribui para a diferença entre suas propriedades
químicas. Assim, a eletronegatividade diminui do F- para o I-. Quanto maior o íon, mais alta a estabilidade do seu
estado negativo. Desta forma, quando o raio iônico aumenta, a tendência a perder elétrons também aumenta e,
quando o número de camadas eletrônicas aumenta, os elétrons de valência estão afastados do núcleo positivo.
Portanto, o I- é facilmente oxidado a I2 por perder prontamente um elétron, mas não existe nenhum oxidante
químico que tenha força o bastante para oxidar F- até F2. O F- é tão estável para reter um próton, que o HF é o
ácido mais fraco dentre os haletos de hidrogênio, enquanto o HI é o mais forte.

Com relação a reação com Ag+, o F- não reage com o cátion prata, enquanto os outros haletos sim; a
maioria dos cloretos, brometos e iodetos são solúveis em água. Entre os compostos menos solúveis, a solubilidade
decresce na seguinte ordem:

Cloretos: PbCl2↓ > CuCl↓ > AgCl↓ > Hg2Cl2↓


Brometos: PbBr2↓ > CuBr↓ > AgBr↓ > Hg2Br2↓
Iodetos: PbI2↓ > CuI↓ > AgI↓ > HgI2↓ > Hg2I2↓

Dentre os haletos, o I- forma os complexos mais estáveis: por exemplo, dissolvendo I2 em solução
contendo I-, forma-se I3- e, em menor grau, I5- e I7-. Outros complexos conhecidos são: HgI42-, PbI4- e BiI4-. O F-, por

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15. Ânions do Grupo da Prata.

outro lado, forma complexos como [SiF6]2-, [SnF6]2-, [FeF6]3- e [ZrF6]2-. Os fluorocomplexos mais estáveis são:
[AlF6]3-, [BeF4]2- e [FeF5]2-.

Como não existe oxidante forte o bastante para oxidar F- a F2, pode-se obtê-lo apenas por eletrólise:

2F- ⇌ F2 + 2e-

O I-, ao contrário, perde muito facilmente um elétron, sendo facilmente oxidado a I2 por oxidantes
brandos: Fe2+, Cu2+, HNO2 ou Cr2O72-.

4I- + 2Cu2+ ⟶ 2CuI↓ + I2


2I- + 2H+ + 2HNO2 ⟶ 2NO↑ + 2H2O + I2
2I- + 2Fe3+ ⇌ 2Fe2+ + I2
6I- + 14H+ + Cr2O72- ⟶ 2Cr3+ + 7H2O + 3I2↑

O Br-, o Cl- e o I- são oxidados com agentes oxidantes fortes, como o MnO2, MnO4- e HNO3 concentrado:

2X- + 4H+ + MnO2↓ ⟶ Mn2+ + 2H2O + X2↑


10X- + 16H+ + 2MnO4- ⟶ 2Mn2+ + 8H2O + 5X2↑
6X- + 8H+ + 2NO3- ⟶ 2NO + 4H2O + 3X2↑
2Br- (ou 2I-) + Cl2 ⟶ 2Cl- + Br2 (ou I2)
2I- + Br2 ⟶ 2Br- + I2 X- = Cl-, Br- ou I-

Os halogênios livres (X2) podem ser detectados na sua forma gasosa por: 1) seus odores sufocantes; 2)
produção de cor azul-escuro em papel de KI amidonado; 3) vapores de cor vermelho-castanha do Br2, violeta do
I2 e esverdeado do Cl2. O Br2 e o I2 podem ser extraídos de uma solução aquosa, utilizando-se um solvente orgânico
(CCl4, CHCl3, CS2). A camada orgânica adquire uma cor vermelho-castanha (Br2) ou violeta (I2).

A água de cloro oxida o Br- e o I-:

2Br- (ou 2I-) + Cl2 ⟶ 2Cl- + Br2↑ (ou I2↑)

O excesso de água de cloro, o bromo se converte em monocloreto de bromo, amarelo, ou em ácido


hipobromoso, ou em ácido brômico, incolores, resultando numa solução amarelo pálida (distinção do iodeto).
Note-se que qualquer oxidante que oxide o Br- a Br2 também oxida o I- a I2. Assim, antes da detecção do
Br , qualquer íon I- deve ser removido por oxidação com excesso de água de cloro. O iodo como excesso de água
-

de cloro se oxida até ácido iódico, incolor.

Br2↑ + Cl2↑ ⇌ 2BrCl


Br2↑ + Cl2↑ + 2H2O ⟶ 2BrO- + 2Cl- + 4H+
Br2↑ + 5Cl2↑ + 6H2O ⟶ 2BrO3- + 10Cl- + 12H+
I2 + 5Cl2↑ + 6H2O ⟶ 2IO3- + 10Cl- + 12H+

O Br- e o I-, mas não o Cl-, são oxidados por H2SO4 concentrado quente:

Cl- + H2SO4 ⟶ HCl↑ + HSO4-


Br- + H2SO4 ⟶ HBr↑ + HSO4-
2Br- + 2H2SO4 ⟶ Br2↑ + SO2↑ + SO42- + 2H2O
8I- + 10H+ + SO42- ⟶ 4I2↑ + H2S↑ + 4H2O

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Nota 15.2 Identificação do SCN-


O tiocianato [(N=C=S)-] é um íon halogenóide univalente, cuja nuvem eletrônica é semelhante à estrutura
de um gás nobre: 8 elétrons. Ele tem uma forte tendência a formar complexos estáveis com elementos de
transição e elementos do grupo B (famílias 3 a 12). A coordenação com elementos metálicos é melhor com o
nitrogênio do que com o enxofre. Os complexos mais estáveis em solução aquosa incluem: Au(SCN)2+, Hg(SCN)3-,
Cu(SCN)2-, Ag(SCN)2-.

Outros complexos com Fe3+ e Co2+ têm cores específicas, instáveis em meio aquosos, mas extremamente
estáveis em solventes orgânicos:

a) Fe3+, em meio contendo HCl, fornece um complexo vermelho-sangue extraível em éter:

Fe3+ + 3SCN- ⇌ Fe(SCN)3

O F-, o Hg2+ e o C2O42- removem a cor porque formam complexos mais estáveis.

b) o Co2+, na presença de álcool amílico ou éter, fornece um extrato de cor verde-azulada (a água desloca
o equilíbrio para a esquerda, destruindo o complexo):

Co2+ + 4SCN- ⇌ [Co(SCN)4]2-


Rosa Verde-azulado

O tiocianato reage com agentes redutores e oxidantes.

Em água de cloro, o tiocianato é oxidado pelo cloro, formando cloreto de cianogênio (ou cianeto de cloro),
incolor, de odor mordaz:

4Cl2 + SCN- + 4H2O ⟶ CNCl + 8H+ + 7Cl- + SO42-

O SCN- não reage com H2SO4 diluído, mas é oxidado pelo H2SO4 moderadamente concentrado, formando
sulfeto de carbonila (gás que queima como uma chama azul):

SCN- + 4H+ + 2SO42- + H2O ⟶ 2HSO4- + NH4+ + COS↑

Com HNO3 diluído à quente, ele é oxidado:

SCN- + 2H+ + 2NO3- ⟶ HSO4- + 2NO↑ + HCN↑

Nota 15.3 Identificação do I-


Geralmente, oxidantes brandos oxidam o brometo e o iodeto sem atacar o cloreto.
Entretanto, o ferro(III), o cobre(II) e o ácido nitroso são oxidantes brandos seletivos para o
iodeto. Com solução de FeCl3, o iodeto é oxidado a I2, amarelo em fase aquosa, e violeta
quando extraído com CCl4 (tetracloreto de carbono):

2I- + 2Fe3+ ⇌ 2Fe2+ + I2

O ácido sulfúrico diluído (1:10) ataca iodetos dos alcalinos apenas sob CCl4
aquecimento. O I- na presença de H2SO4 concentrado à frio, a reação primária é:

I- + H2SO4 ⟶ HI↑ + HSO4-

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15. Ânions do Grupo da Prata.

Mas, a maior parte do iodeto reduz o ácido sulfúrico a dióxido de enxofre, sulfeto de hidrogênio e enxofre
elementar, cujas proporções relativas dependem das concentrações dos reagentes.

2I- + 2H2SO4 ⟶ 2SO42- + 2H2O + I2↑


2I- + 3H2SO4 ⟶ 2HSO4- + 2H2O + SO2↑ + I2↑
6I- + 4H2SO4 ⟶ 3SO42- + 4H2O + S↓ + 3I2↑
6I- + 7H2SO4 ⟶ 6HSO4- + 4H2O + S↓ + 3I2↑
8I- + 5H2SO4 ⟶ H2S↑ + 4H2O + 4SO42- + 4I2↑
8I- + 9H2SO4 ⟶ H2S↑ + 4H2O + 8HSO4- + 4I2↑

Em presença de água de cloro, o iodeto forma gás iodo, violeta em CCl4. Com adição de excesso de água
de cloro, a cor violeta desaparece devido à oxidação do iodo para iodato, incolor:

2I- + Cl2 ⟶ I2↑ + 2Cl-


I2 + 5Cl2↑ + 6H2O ⟶ 2IO3- + 10Cl- + 12H+

Nota 15.4 Identificação do Br-


Com solução de KMnO4, é oxidado a Br2, castanho-avermelhado quando extraído
com CCl4 (tetracloreto de carbono):

10Br- + 16H+ + 2MnO4- ⟶ 2Mn2+ + 8H2O + 5Br2↑

O Br- em soluções diluídas de H2SO4 (1:10), geralmente, não evolui para a formação CCl4
de ácido bromídrico e, então, para gás bromo. Isso ocorre com H2SO4 concentrado: forma-
se primeiro uma solução marrom-avermelhada e posteriormente se desprende vapores de bromo, da mesma cor,
que acompanham o brometo de hidrogênio (fumaça em ar úmido).

H2SO4 + Br- ⟶ HSO4- + HBr↑


2H2SO4 + 2Br- ⟶ 2H2O + SO2↑ + Br2↑ + SO42-

Na presença de água de cloro (Cl2 dissolvido em água), o Br- se converte em gás Br2, solúvel em CCl4,
tornando a fase orgânica castanho-avermelhado. Com excesso de água de cloro, no entanto, a fase orgânica
adquire uma coloração amarelada de BrCl (monocloreto de bromo), amarelo, ou em ácido hipobromoso, ou em
ácido brômico, incolores, resultando numa solução amarelo pálida:

Br- + Cl2 ⟶ Br2↑ + 2Cl-


Br2↑ + Cl2↑ ⇌ 2BrCl
Br2↑ + Cl2↑ + 2H2O ⟶ 2BrO- + 2Cl- + 4H+
Br2↑ + 5Cl2↑ + 6H2O ⟶ 2BrO3- + 10Cl- + 12H+

Nota 15.5 Identificação do Cl-


Reage com solução contendo Ag+ formando precipitado branco de AgCl(s). A reação da amônia com o
AgCl(s) forma o íon complexo solúvel, diaminoprata (ou diaminoargentato(I)), Ag(NH3)2+, que é incolor em
solução aquosa; o AgCl(s) pode ser reprecipitado através da adição de HNO3(d) à solução. Isso ocorre porque a
adição do ácido desequilibra a reação no sentido de formação do cátion amônia, mais estável:
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15. Ânions do Grupo da Prata.

AgCl↓ + 2NH3 ⇌ Ag(NH3)2+ + Cl-

Ag(NH3)2+ + 2H+ ⇌ AgCl↓ + 2NH4+

O ânion Cl- pode ser oxidado a Cl2 quando em presença de oxidantes fortes: MnO2(s), PbO2(s), MnO4-,
HNO3 concentrado:

2Cl- + 4H+ + MnO2↓ ⟶ Mn2+ + 2H2O + Cl2↑


2HCl + H2SO4 + MnO2↓⟶ MnSO4 + 2H2O + Cl2↑
10Cl- + 16H+ + 2MnO4- ⟶ 2Mn2+ + 8H2O + 5Cl2↑
6Cl- + 8H+ + 2NO3- ⟶ 2NO + 4H2O + 3Cl2↑
4HCl + PbO2↓ ⟶ PbCl2↓ + 2H2O + Cl2↑

Em meio ácido, o Cl- reage com hipoclorito (OCl-), liberando gás cloro que se dissolve lentamente na água,
formando a água de cloro:

Cl- + OCl- + 2H+ ⇌ Cl2↑ + H2O

Quando ácido nítrico concentrado reage com ácido clorídrico concentrado, os produtos da reação são
água, cloreto de nitrosila e cloro livre (essa mistura é conhecida como água régia, mais enérgica que a água de
cloro porque, na água régia, o cloro é nascente):

3HCl + HNO3 ⇌ Cl2↑ + 2H2O + NOCl

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16. Ânions do Grupo Solúvel.

16. ÂNIONS DO GRUPO SOLÚVEL


Os ânions do Grupo Solúvel não reagem com reagentes de identificação de grupo dos ânions do Grupo Volátil,
Grupo Bário-Cálcio e Grupo da Prata. São identificados através de ensaios específicos para cada um deles.

Tabela 16.1 – Propriedades de alguns Ânions do Grupo da Prata


Grupo Ânion Nome Característica do Grupo

MnO4- Permanganato Não desprendem gases em


Solúvel NO3- Nitrato meio ácido e não formam
precipitados com sais insolúveis
CH3COO- Acetato
de bário e cálcio nem de prata.

16.1 Parte Experimental: ensaios


16.1.1 Parte A: Caracterização do Caráter Redox da Amostra e Identificação do Grupo da Prata

Experimento 1: Determinação do caráter redox dos ânions do Grupo da Prata:


a) Na placa de toque, coloque uma gota de solução de KMnO4, uma gota de H2SO4(d), uma gota de
solução de CH3COO- e observe se ocorre descoramento do KMnO4. Anote os resultados e repita o
mesmo experimento com o MnO4- e NO3-.
b) Na placa de toque, coloque uma gota de HCl(d) e uma gota de solução de KI amidonado e uma gota
de solução de CH3COO-. Observar se ocorre o surgimento de coloração azul escura (quase negro).
Anote os resultados e repita o mesmo experimento com o MnO4- e NO3-.

Quadro de Resultados
Ânion
KMnO4 / H2SO4(d) KI amid. / HCl(d)

CH3COO-

MnO4-

NO3-

16.1.2 Parte B: Reações de Identificação Específicas para Cada Ânion

Nitrato Experimento 2: Na placa de toque, coloque uma espátula de vidro de cristais FeSO4(s) e
NO3- adicione 1 gota de H2SO4(c). Atenção: não agite o conjunto. Em seguida junte 2 gotas de
solução da solução do sal e não agite; uma cor castanha se desenvolve sobre os cristais. (vide
Nota 16.1)

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16. Ânions do Grupo Solúvel.

Experimento 2: Quadro de
Resultados
Ânion FeSO4(s) / H2SO4(c)

NO3-

Acetato Experimento 3: A 5 gotas da solução da amostra, adicione 10 gotas de FeCl3. A solução fica
CH3COO- marrom-avermelhada; aqueça em banho-maria por 5-10 minutos e observe a formação de
um ppt marrom-avermelhado. (vide Nota 16.2); faça um teste em branco.

Experimento 4: Quadro de Resultados


Ânion FeCl3 à frio FeCl3 / 

CH3COO-

Permanganato Experimento 4: A 5 gotas da amostra, adicione 20 gotas de solução saturada de KOH e


MnO4- aqueça em banho-maria. Observe a mudança de cor da solução de violeta para verde. (vide
Nota 16.3)

Experimento 5: Quadro de
Resultados
Ânion KOH/ 

MnO4-

Nota 16.1 Reações de Identificação do NO3-


O íon nitrato é fortemente oxidante em meio ácido. Como o NO3- tem estado de oxidação +5, que é o mais
alto estado de oxidação dentre os compostos contendo nitrogênio, ele só pode reagir como oxidante, enquanto
que o NO2- pode agir como redutor e como oxidante, porque seu estado de oxidação é +3. o nitrato reage então
com agentes redutores em meio fortemente ácido. Sua identificação se baseia na oxidação do ferro(II) até
ferro(III) em meio contendo ácido sulfúrico concentrado, produzindo óxido nitroso que reage com o ferro(II) para
formar o sulfato de mononitrosilferro(II), marrom (vide considerações da Nota 12.5 sobre NO2- e NO3- no item do
Grupo Volátil).

NO3- + 3Fe2+ + 4H+ ⟶ NO + 3Fe3+ + 2H2O


Fe2+ + SO42- + NO ⟶ Fe.NOSO4
Marrom

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16. Ânions do Grupo Solúvel.

Nota 16.2 Reações de Identificação do CH3COO-


O acetato reage com ferro(III) formando um complexo solúvel marrom-avermelhado. Quando a solução
contendo o complexo é fervida, forma-se um precipitado marrom-avermelhado de acetato básico de ferro(III).

6CH3COO- + 3Fe3+ + 2H2O ⟶ [Fe3(OH2(CH3COO)6]+ + 2H+


Marrom-avermelhado

[Fe3(OH2(CH3COO)6]+ + 4H2O ⟶ 3Fe(OH)2CH3COO(s) + 3CH3COOH + H+
Marrom-avermelhado

Nota 16.3 Reações de Identificação do MnO4-


O permanganato é um agente fortemente oxidante em meio ácido; em meio alcalino ou neutro sua força
oxidante é mais branda. Em meio ácido, o manganês(VII) do permanganato é reduzido até manganês(II), incolor.
Em meio neutro ou fracamente alcalino, o permanganato é reduzido até óxido de manganês(IV). Já Em meio
fortemente alcalino, o permanganato pode ser convertido até manganato, verde, por simples aquecimento da
solução com hidróxido de potássio ou de sódio.

10X- + 16H+ + 2MnO4- ⟶ 2Mn2+ + 8H2O + 5X2↑


I- + H2O + 2MnO4- ⟶ 2MnO2↓ + 2OH- + IO3- X- = Cl-, Br-, I-

4MnO4- + 4OH- ⟶ 4MnO42- + O2↑ + 2H2O


(7+) (6+)
Violeta Verde
Permanganato Manganato

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17. Análise de Sal Simples: Procedimento Experimental.

17. ANÁLISE DE SAL SIMPLES: PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

1. Prepare uma solução diluída do sal; solubilize cerca de 100 mg (1 espátula de vidro cheia) do sal em 7 mL de
água destilada e guarde essa solução para a etapa seguinte.

2. Faça o teste do CARÁTER REDOX da amostra na placa de toque à FRIO com KMnO4 e KI-amidonado e determine
o caráter de acordo com o que segue:

a) Na placa de toque, coloque uma gota de solução de KMnO4, uma gota de H2SO4(d) e uma gota da
solução da amostra do sal; agite a placa de toque suavemente em cima da bancada por cerca de 10
segundos; se ocorrer descoramento da cor violeta do KMnO4 em torno de 5 segundos, o teste é
considerado POSITIVO (Nota: poderá haver o surgimento de outra cor).

b) Na placa de toque, coloque uma gota de solução de KI amidonado, uma gota de HCl(d) e uma gota da
solução da amostra do sal; agite a placa de toque suavemente em cima da bancada por cerca de 10
segundos; se ocorrer surgimento de uma cor roxa intensa em torno de 5 segundos, o teste é
considerado POSITIVO.

c) Determine o caráter do ânion de acordo com o Quadro a seguir:

KMnO4 KI amidonado CARÁTER

+ - REDUTOR

- + OXIDANTE

+ + OXI-RED

- - INDIFERENTE

d) Se o resultado for REDUTOR ou OXIDANTE: vá para os itens 3 e 5 (pule o item 4).

e) Se o resultado for OXI-RED: faça testes de confirmação do nitrito (NO2-).

f) Se o resultado for INDIFERENTE: faça o teste com KMnO4 à QUENTE em tubo de ensaio para verificar
se o ânion é OXALATO (C2O42-): em tubo de ensaio coloque 5 gotas da amostra e 3 gotas de H2SO4(d);
aqueça por 1 minuto; acrescente 3 gotas de KMnO4 com a amostra ainda quente. Agite e aqueça em
banho-maria por cerca de 2 minutos; se ocorrer descoramento da cor violeta do KMnO 4 o teste é
considerado POSITIVO e siga o que está descrito no item g a seguir.

g) Confirmação para o ânion OXALATO: coloque 10 gts da solução da amostra em tubo de ensaio + 10
gts de HAc(d) + 10 gts de Ca(NO3)2; agite e veja se formou ppt branco; se SIM faça os testes de
confirmação para OXALATO; CUIDADO: o F- também forma um ppt branco nessas condições, mas não
reage com MnO4-!!! Caso esse teste seja NEGATIVO, prossiga a análise de identificação do ânion nos
itens 3 e 4;

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3. Prepare outra solução do sal mais concentrada: solubilize cerca de 100 mg (1 espátula de vidro cheia) do sal
em 5 mL de água destilada.

4. Se o resultado do caráter do ânion do teste do item 2 foi INDIFERENTE À FRIO E A QUENTE, faça o teste do
microgerador de gás para pesquisar CO32- (vide Testes de Confirmação dos ânions do Grupo Volátil). Se este
teste der NEGATIVO para CO32-, prossiga no item 5e.

5. AVALIAÇÃO DO GRUPO DO ÂNION

a) Grupo Volátil: determine o caráter REDOX utilizando papel de filtro embebido em KI-amidonado e
KIO3-amidonado: umedeça um pedaço de papel de filtro com solução de KI amidonado e outro com
KIO3 amidonado. Em seguida, em 2 tubos de ensaio coloque 10 gotas da solução do sal e 4 gotas de
HCl(d). Coloque imediatamente na boca de cada tubo de ensaio cada um dos papéis de filtro e aqueça
em banho-maria por cerca de 5 minutos. O surgimento de uma mancha azul escura no papel de filtro
indica teste POSITIVO (Cuidado! Não coloque os dedos no centro do papel de filtro para evitar falso-
positivo, pois o iodo do seu suor reagirá com o amido).

b) Determine o caráter do ânion de acordo com o Quadro a seguir:

KIO3-amid. KI-amid. CARÁTER

+ - REDUTOR

- + OXIDANTE

+ + OXI-RED

- - INDIFERENTE

c) Se o caráter do ânion foi ou REDUTOR, ou OXIDANTE ou OXIDANTE-REDUTOR, o ânion pertence ao


Grupo Volátil; então, consulte a Tabela de Ânions para realizar os testes de confirmação para cada
ânion Grupo Volátil; por exemplo, se o caráter foi REDUTOR, faça os testes de confirmação para todos
os ânions redutores do Grupo Volátil; se o caráter foi OXIDANTE, faça os testes de confirmação para
todos os ânions oxidantes do Grupo Volátil e assim por diante.

d) Se o ânion não pertencer ao Grupo Volátil, prossiga a análise de determinação do Grupo do ânion no
item e;

e) Grupo BA/Ca: Em um tubo de ensaio coloque 10 gotas da solução do sal, adicione 5 gotas de HAc(d),
agite e aqueça por 5 minutos. Em seguida alcalinize com NH4OH(d) gota a gota (faça o teste com papel
de tornassol). Agite com bastão de vidro e adicione 6 gotas de Ba(NO3)2 e 6 gotas de Ca(NO3)2. Aqueça
por 5 minutos e deixe repousar algum tempo. O teste é POSITIVO se houver a formação de um ppt
branco que indica a presença de ânion do Grupo Ba/Ca; neste caso, faça os testes de
identificação/confirmação para o ânion suspeito (consulte a Tabela de Ânions); se esse teste der
NEGATIVO, o ânion não pertence ao Grupo Ba/Ca, então prossiga a análise de determinação do Grupo
do ânion no item f;

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17. Análise de Sal Simples: Procedimento Experimental.

f) Grupo da Prata: Em um tubo de ensaio coloque 10 gotas da solução do sal, 2 gotas de HNO3(d) e 5
gotas de solução de AgNO3. Caso haja a formação de ppt, o teste é POSITIVO, indicando a presença
de ânion do Grupo da Prata; neste caso, faça os testes de identificação/confirmação para o ânion
suspeito (consulte a Tabela de Ânions); se esse teste der NEGATIVO, o ânion não pertence ao Grupo
da Prata, então prossiga no item g;

g) Grupo Solúvel: faça os testes de identificação/confirmação para o ânion suspeito (consulte a Tabela
de Ânions).

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18. Referências.

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