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Psicologia Social

Articulando saberes e fazeres

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Claudia Mayorga
Marco Aurélio Máximo Prado
(Organizadores)

Psicologia Social
Articulando saberes e fazeres

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Rabello de Castro – UFRJ; Maria das Graças Corrêa Jacques – UFRGS; Maria Juracy
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CAPA
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P974 Psicologia social – articulando saberes e fazeres / organizado por


Claudia Mayorga e Marco Aurélio Máximo Prado . — Belo Horizonte :
Autêntica , 2007.
328 p.
ISBN 978-85-7526-294-8
1.Psicologia social. I.Mayorga, Claudia. II.Prado, Marco Aurélio Máximo.
III.Título
CDU 316.6
Ficha catalográfica elaborada por Rinaldo de Moura Faria – CRB6-1006

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Sumário

Prefácio 7
Maritza Montero

Apresentação 11
Claudia Mayorga e Marco Aurélio Máximo Prado

PARTE I – INTERLOCUÇÕES HISTÓRICO-CONCEITUAIS


EM UM CAMPO DE FRONTEIRAS

Notas sobre psicologia social e política no Brasil 19


Odair Sass
O estatuto da psicologia social –
Contribuições da história da psicologia social 37
Ana Maria Jacó-Vilela
A formação em psicologia social 55
Maria Ignez Costa Moreira
Revisitando a Pedagogia do oprimido:
contribuições à psicologia social comunitária 63
Claudia Mayorga
Entre o gris e a irisação: limites da teoria
e da práxis ante a ideologia afirmativa do existente 81
Kety Franciscatti
Fronteiras negadas: contribuições da psicologia
política para a compreensão das ações políticas 99
Marco Aurélio Máximo Prado
Minorias, reconhecimento e a fronteirização
de saberes e experiências militantes 113
Cristiano Rodrigues
Gênero – um conceito em movimento 133
Mônica Bara Maia

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Direitos sexuais, direitos de gênero:
novos desafios conceituais e políticos 143
Alessandra Sampaio Chacham
PARTE II – FRONTEIRAS DE SABERES E FAZERES

A Psicologia frente às políticas públicas 159


Márcia Mansur Saadallah
A participAÇÃO de mulheres, negras, jovens:
da construção da identidade à ação política 173
Cássia Reis Donato e Larissa Amorim Borges
Políticas públicas de juventudes – Questões para a participação 179
Mary Garcia Castro
Dilemas contemporâneos dos movimentos sociais GLBT 197
Carlos Magno Fonseca, Lucia Aparecida do Nascimento
e Frederico Vianna Machado
O sentido do viver criativo – Reflexões sobre a trajetória
de vida da líder Valdete Cordeiro do Alto Vera Cruz 223
Adriana Dias Gomide e Valdete Cordeiro
Território e trabalho: condições e limites
para as ações do sujeito social 239
Vanessa de Andrade Barros, Adriana Dias Gomide
e Maria Luisa M. Nogueira
Aproximações entre a psicologia social e a saúde coletiva 255
Luciana Kind
Psicologia social e saúde coletiva 271
Cornelis Johannes van Stralen
Psicologia social em uma instituição escolar:
relato de uma experiência com jovens e adultos 293
Cássia Beatriz Batista, Jacqueline Alves de Oliveira
e Markelly Ortlieb Cardoso
Desafios da parentalidade com adolescentes:
como enfrentar os riscos? 309
Márcia Stengel

Os autores 323

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Prefácio
Maritza Montero

Os organizadores, os autores e autoras desta obra coletiva e a Associa-


ção Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO) – Regional Minas, instituição
que fomentou esta publicação, nos apresentam uma visão atual do saber e do
fazer em psicologia social no Brasil. Esta coletânea, longe de ser uma repeti-
ção de temas mais ou menos usuais no campo psicossocial, daqueles que
poderíamos encontrar aqui e acolá nos livros de consagrados autores “inter-
nacionais” de origem francesa ou anglo-saxônica, ao contrário, entra na prá-
xis desenvolvida a partir da experiência vivida e a partir de uma perspectiva,
que sem rechaçar o conhecimento científico socialmente acumulado, o sub-
mete a uma crítica rigorosa e criativa.
Os organizadores combinaram dois sistemas de seleção dos capítulos
aqui apresentados, introduzindo assim um rigor que assegura, para aqueles
que irão ler este livro, que o que se promete em seu título estará presente no
seu conteúdo. Além disso, a seleção seguiu a forma mais democrática, que é
a avaliação por pares, a qual, em combinação com a avaliação feita pelos
organizadores, permitiu que a obra, como muitas vezes acontece, não se per-
desse em uma floresta de fazeres e poucos saberes, que não contemplam
muitas vezes a proposta geral. Consegue-se assim uma inteligente coerência
entre teoria e prática, que tem como resultado uma obra de utilidade tanto para
os estudantes quanto para pesquisadores e estudiosos de temáticas psicosso-
ciológicas.
Uma primeira idéia apresentada por este livro, questiona o lugar da psi-
cologia social como uma subdisciplina da psicologia, levando a uma revisão do

*
Tradução: Claudia Mayorga e Marco Aurélio Máximo Prado.

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status desse campo de conhecimento. Por que a psicologia social é considera-
da uma subdisciplina da psicologia? Questão importante, sim, pois como uma
especialidade pode ser entendida na diversidade a partir de um tronco comum.
Se voltarmos ao seu desenvolvimento, descobriremos que no seu início,
não só na Europa ou nos Estados Unidos, mas também em diversos países
Latino-americanos, as menções de algo como uma psicologia social ou que
represente temas considerados como próprios a ela, era produzida por pesso-
as que pertenciam não só à psicologia, mas também e com muita freqüência à
sociologia, à filosofia social, ao campo da ciência política ou da história e da
antropologia. Em meu país de origem, a primeira menção de psicologia social
foi feita por um historiador, Rafael María Baralt, em 1848.
Sociólogos como Gabriel Tarde e Emile Durkheim, na França do final
do século XIX e início do século XX, fizeram importantes contribuições à
psicologia coletiva. No entanto, para muitos, Auguste Comte ainda é conside-
rado como um antecessor. Na história da psicologia social estadunidense,
aparecem como fundadores um psicólogo, W. McDougall, e um sociólogo,
E. Ross. O interacionismo simbólico tem início com a obra de um filósofo: G.
H. Mead; e na segunda metade do século XX, Stryker já alardeara a existência
de uma psicologia social psicológica e outra sociológica. Para fazer uma his-
tória breve, cabe dizer que quase todos os temas abordados pela psicologia
social se enriquece, com os aportes provenientes de outras ciências sociais
com as quais mantém diálogos frutíferos. Ou seja, é certo que a história dessa
disciplina pode ser contada desde dentro, mas também de fora dela mesma.
Se as origens da psicologia social são pluridisciplinares, então, como
são suas fronteiras? São claras essas fronteiras? Essas perguntas tenho me
feito desde que era estudante de psicologia. Acredito que existam instâncias
da psicologia social nas quais é muito difícil estabelecer limites com outras
ciências sociais. De fato, quando estudava a obra de antropólogos culturais,
ou dos grandes sociólogos do século XX, ou de certos filósofos sociais,
muitas vezes me perguntava qual diferença havia entre as investigações que
faziam e as que realizamos nós, que nos incluímos no campo de estudos
psicossociais, já que os processos psicológicos estão presentes tais como o
colocamos hoje em nosso campo. Então, de quais fronteiras nos falam os
autores dos primeiros nove capítulos desta obra? Qual é o campo de frontei-
ras? Tratam-se daquelas fronteiras que construímos na vida social: fronteiras
de gênero; fronteiras da inclusão e da exclusão social; e por outra perspecti-
va, pela crítica de ordem conceitual, dos limites que podemos encontrar na
teoria e na práxis, frente a certas formas ideológicas; dos limites dos saberes
e das experiências em uma sociedade complexa e desigual.
Outro aspecto está marcado pelos organizadores da coleção: Saberes e
fazeres. Dois territórios realmente unidos na práxis, cuja presença nos 19

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capítulos que compõem este livro, prova que o conhecimento não deriva uni-
camente do campo acadêmico, mas que, sem detrimento a essa forma de
produção do saber, pode ser construído também a partir das tarefas da vida
cotidiana e por meio de práticas sociais refletidas. Por isso, os autores e as
autoras deste livro problematizam uma série de crenças estabelecidas cuja cris-
talização acadêmica fez com que elas tomassem parte de uma ideologia que
desejou que o conhecimento seguisse um caminho único, se ajustasse a um só
modo de ser e de fazer e fosse uma barreira para um novo corpo social. A demo-
cratização nas sociedades contemporâneas necessita dessas provas da ação trans-
formadora que, construindo a sociedade, mostram novos conhecimentos.
É o que se vê na inclusão de contextos, atores sociais e perspectivas
que provêm não só do campo crítico, mas também da experiência vivida em
vários lugares e instâncias sociais. Políticas públicas, relações de ensino-
aprendizagem, história de vida, saúde coletiva, movimentos sociais, as varia-
das facetas das relações de gênero, a identidade como forma e fim da ação
política são o reflexo de uma sociedade em movimento, com sujeitos sociais
em movimento. Temas que mostram dessa maneira as inquietudes de um país
e a capacidade de seus investigadores sociais em atender aos desafios da vida,
sabendo que ao atendê-los, estão fazendo ciência. Uma ciência que, como
queria Fals Borda (Ciencia propia y colonialismo intelectual.1979), fosse
“ciência própria”, que rompesse com o colonialismo intelectual.
Olhar a psicologia social de outro lugar, colocar-se em uma perspecti-
va a partir da qual essa psicologia se desliga de certas concepções e se dirige
e acompanha outros problemas, outras discussões, outros temas, como bem
está reconhecido neste livro, gera um saber (e também um não-saber que
impulsiona a investigação) que se reconhece político. Político no sentido estri-
to do termo, isto é, como ocupação do espaço público por cidadãos conscientes,
por consciência e por ciência, que respondem a uma sociedade, a seus pro-
blemas e a suas metas. E, assim, supõe reconhecer o caráter ético que exige
respeitar o Outro, ou ao menos para saber que a violação dessa norma ética
constitui um modo de colocar a ciência a serviço da opressão e de violentar
esse Outro.
Recomendo a leitura deste livro não só pela perspectiva psicossocial
que apresenta, mas também pelos enfoques da sociedade brasileira que os auto-
res e autoras demonstram, que podem ser de utilidade para profissionais e estu-
diosos de outras ciências sociais no Brasil e em outros lugares do mundo.

Caracas, Outubro de 2007.

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Apresentação
Claudia Mayorga
Marco Aurélio Máximo Prado

Uma das principais áreas de efervescência da pesquisa e da interven-


ção, a psicologia social, desde suas origens, tem desenvolvido um profícuo
diálogo com as principais questões da sociedade brasileira. Após a passagem
da importante crise paradigmática dos anos 1970 do século passado e com o
desenvolvimento da crítica ao isolacionismo científico e ao atomismo meto-
dológico das ciências sociais, a psicologia social desenvolveu-se em pleno
diálogo com as contradições sociais e políticas do nosso tempo. Se a crise,
acompanhada de um pensamento crítico, foi fundamental para o estabeleci-
mento de uma ciência sem fronteiras disciplinares e com clareza de sua rele-
vância social, contraditoriamente, o seu desenvolvimento, após a segunda
metade do século passado, trouxe uma idéia reducionista de que a psicologia
social poderia ser reduzida a uma das áreas da Psicologia.
A história dessa disciplina, como vários autores já evidenciaram, pode
ser contada por dentro e por fora da psicologia como ciência. Aliás, se pen-
sarmos até os anos 1930, a psicologia social poderia ser pensada mais fora do
que propriamente dentro da Psicologia. O que isso significa para o presente?
Ora, pode-se argumentar que, em pleno século XXI, essa origem não discipli-
nar tem sido excelente instrumento da criação de diálogos científicos não só
no interior da própria psicologia, como na relação da psicologia social com a
antropologia, a sociologia, as ciências políticas, as ciências da saúde e a filo-
sofia política, entre outras. Mas possivelmente o maior bem desse reconheci-
mento é o enfrentamento da relação complexa e conflituosa entre os diferen-
tes saberes e os fazeres.
Mesmo tendo nesse recente passado forte articulação entre saberes e
fazeres, nem sempre tal relação tem sido problematizada em suas hierarquias
e, muitas vezes, tem sido tomada como uma relação harmoniosa e de rápida

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aplicabilidade técnica. Nas sociedades contemporâneas, essa relação tem sido
um dos ícones da crise científica atual. A produção do conhecimento há muito
deixou de ser terreno privativo da vida acadêmica e científica. Experiências
das mais diversas no cotidiano complexo das sociedades atuais lutam por
reconhecimento na produção de sabedorias e fazeres igualmente relevantes na
transformação e manutenção do mundo. O que nos coloca frente a uma hie-
rarquia dos saberes que merece ser problematizada e enfrentada como um
dos problemas atuais de grande importância para a democratização da socie-
dade brasileira. Um exemplo importante dessa questão tem sido a relação en-
tre cientistas e militantes na produção do conhecimento; o que pode ser uma
das experiências da psicologia social neste século XXI de maior relevância
científica e social.
Este livro, de variadas formas e com distintos caminhos entre saberes
e fazeres, tenta problematizar essa questão. Não só pela proposição decorren-
te do 15º Encontro Regional da ABRAPSO-Minas, o qual se organizou tendo
como epicentro a relação entre os diferentes saberes e suas hierarquias, mas,
sobretudo, pela abertura que espaços como a ABRAPSO ainda insistem em
garantir e quiçá aprofundar.
A ABRAPSO Minas, na gestão 2006/2007, buscou, mediante diversos
encontros, seminários, debates e articulações fortalecer os canais de interlo-
cução entre os vários núcleos da entidade no Estado, priorizando a realização
de debates acerca de temas de interesses locais, possibilitando a visibilidade
de produções, mas fundamentalmente questões oriundas de diversas realida-
des. Buscou-se evitar a instituição e a reprodução de saberes e olhares perifé-
ricos e, muitas vezes invisibilizados, a partir de tentativas de descentralização
dessas interlocuções. Destacamos quatro iniciativas da entidade por meio das
quais se buscou alcançar esses objetivos. A primeira delas foi a realização dos
Seminários da ABRAPSO Minas, que tiveram como proposta realizar debates
itinerantes nos núcleos da ABRAPSO no Estado, discutindo problemáticas de
interesses de cada um deles. A segunda foi a realização do 15º. Encontro
Regional da ABRAPSO-Minas, que teve como foco os Olhares Contemporâneos
da/sobre a psicologia social, considerando três aspectos fundamentais para a
realização desse debate: a história da disciplina, os diversos saberes além dos
acadêmicos na discussão acerca dos problemas da sociedade brasileira, como
dito anteriormente, e o pensamento reflexivo sobre a própria disciplina. A tercei-
ra iniciativa consistiu na criação de uma Rede Virtual de discussão e disponibili-
zação de informações permanentes sobre a formação em psicologia social e a
quarta é a organização deste livro que o leitor tem em mãos.
Tendo esta companhia, a leitura deste livro poderá, além de caminhar
pelos argumentos, dados de pesquisa e análises teóricas e metodológicas, reco-
nhecer essa questão nas principais teses de todos os artigos aqui publicados. A

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relação entre hierarquias e disciplinas dá um tom central em quase todos os
textos aqui produzidos. Esses artigos, compondo as duas partes que se arti-
culam em torno da temática do livro – saberes e fazeres em articulação –,
chegam ao público depois de dois processos avaliativos: um por pares, se-
guindo o consagrado processo de avaliação dupla cega, coordenado pelos
organizadores e desenvolvido pelo conselho consultivo aqui indicado e o ou-
tro seguindo uma avaliação dos organizadores, na tentativa de construção da
articulação aqui desejada e de revisão editorial. A leitura deste material destina-
se primordialmente para estudantes de todos os níveis, no entanto, pode-se
identificar um debate profundamente relevante para os profissionais e docen-
tes, sejam eles psicólogos, sejam eles cientistas.
Na parte 1, situam-se artigos que, com base em temáticas heterogêne-
as, problematizam elementos teóricos, políticos e históricos da psicologia social
e das temáticas que essa disciplina abrange. Na parte 2, deve-se a leitura a
questões empíricas e políticas, que dialogam com o saber da psicologia social.
Assim, saberes e fazeres se instituem nas duas partes deste livro, seja pela idéia de
que o saber é um fazer político que merece ser questionado e interpelado, seja pela
ética que busca relacionar problemas sociais do País valendo-se de uma compreen-
são psicossociológica e/ou sociopsicológica não disciplinar.
Intitulada Interlocuções histórico-conceituais em um campo de frontei-
ras, a Parte 1 está estruturada com nove artigos. O artigo de Odair Sass
apresenta historicamente a relação entre o pensamento psicossociológico e a
política nacional. O autor desenvolve muito mais do que uma retomada histó-
rica, mas revela uma intenção político-institucional da psicologia social no
Brasil. Ana Jacó-Villela apresenta a história da emergência do pensamento
psicossocial nos Estados Unidos, na Europa e no Brasil, destacando a inser-
ção institucional desse pensamento no Brasil, no campo da Psicologia. Maria
Ignez Costa Moreira apresenta algumas reflexões oriundas de sua prática como
docente de psicologia social, que intencionam a interpelação dos inúmeros
estereótipos que os discentes desenvolvem sobre essa disciplina. Claudia
Mayorga, ainda nessa interlocução histórica e conceitual das fronteiras, apre-
senta uma releitura da importância do pensamento de Paulo Freire para o
desenvolvimento da psicologia social Comunitária e de sua posição de engaja-
mento político. O capítulo de Kety Franciscatti, tomando-se por base impor-
tante influência teórica do pensamento da Escola de Frankfurt, reflete acerca
da relação entre teoria e práxis com base no conceito de esclarecimento e
analisa a relação entre conhecimento e emancipação humana. O artigo de Marco
Aurélio Máximo Prado apresenta algumas contribuições históricas do pensa-
mento psicossociológico e psicopolítico para as análises das ações políticas
contemporâneas, expressando uma história que há muito vem sendo negada
no campo da Psicologia. Cristiano Rodrigues, articulando os estudos sobre

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minorias e reconhecimento social e política, expressa outra fronteira dos sa-
beres: a relação entre o conhecimento e os militantes no Brasil. Ainda nessa
primeira parte do livro, apresentam-se dois artigos sobre as hierarquias de
gênero. O de autoria de Mônica Bara Maia, que evidencia o movimento teóri-
co do conceito de gênero, e o de Alessandra Sampaio Chacham, que sublinha
o quanto a questão dos direitos sexuais hoje está implicada por uma visão
teórica nova, mas, sobretudo, da ação política.
Na Parte 2 – Fronteiras entre saberes e fazeres –, apresentamos dez
artigos que buscam tematizar problemáticas sociais e a relação entre fazer e
saber no campo da psicologia social. O artigo de Márcia Mansur Saadallah
representa um debate atual sobre a relação entre o conhecimento psicossocioló-
gico e as políticas públicas. Cássia Reis Donato e Larissa Amorin Borges,
articuladas entre a militância e a ciência, refletem sobre a identidade e a ação
política de jovens mulheres negras na cidade de Belo Horizonte. O texto de
Mary Garcia Castro, tematizando os principais programas das políticas públi-
cas para a juventude, traz o elemento da participação pública como eixo fun-
damental da crítica. Carlos Magno Fonseca, Lúcia Aparecida do Nascimento
e Frederico Viana Machado, mais uma vez, buscando articular conhecimen-
tos militantes e acadêmicos, apontam para os dilemas dos movimentos sociais
gay, lésbico, bissexual, travestis e transgêneros no Brasil. Da mesma forma,
Valdete Cordeiro – a Dona Valdete – e Adriana Dias Gomide, refletindo sobre
a história de vida de si e do outro, captam o sentido criativo e a ação política
de uma das mais importantes líderes comunitárias de Belo Horizonte. O artigo
de Vanessa Andrade de Barros, Adriana Gomide e Maria Luisa Nogueira, em
uma vertente psicossociológica, busca discutir questões relacionadas ao su-
jeito social, considerando as relações com trabalho e território de existência.
Dois artigos em seguida apresentam a relação entre as fronteiras da psicologia
social e da saúde coletiva. O texto de Luciana Kind traz uma história refletida
entre as áreas que permite reconhecer a profunda interdisciplinaridade ne-
cessária nesse campo. E o artigo de Cornelis Johannes van Stralen eviden-
cia, na história das instituições, uma história de produção do conhecimento.
Fechando a parte 2, temos o artigo de autoria de Cássia Beatriz Batista,
Jacqueline Alves de Oliveira e Markelly Orltlieb Cardoso sobre a experiência
de jovens e adultos na educação brasileira e o artigo de Márcia Stengel, que
apresenta um ensaio sobre a percepção do risco na educação mediante uma
perspectiva geracional.
Não poderíamos deixar de agradecer a várias pessoas que frutificaram
nosso desejo de construção deste livro. À Rejane Dias pela capacidade de
estabelecer o diálogo entre o acadêmico e o leigo, editora que nos estimulou
para este projeto. Aos autores que confiaram em nossa proposição e respon-
deram prontamente ao debate instalado pelo conselho consultivo. Aos

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conselheiros que, de forma íntegra, honesta e acadêmica, se envolveram na
leitura e análise dos manuscritos enviados para possível publicação neste
livro e se propuseram à tarefa nem sempre fácil de dialogar com os autores.
Sem o auxílio do monitor de psicologia social, o discente Maurício Möller
de Oliveira, não poderíamos ter feito este processo delicado em um tempo
tão curto. E, por fim, nosso agradecimento à ABRAPSO Minas, que, mais
uma vez, marca sua forte presença no cenário nacional a partir da publiciza-
ção de sua produção.

Claudia Mayorga
Marco Aurélio Máximo Prado
Belo Horizonte, setembro de 2007.

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