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1ª Edição

Jundiaí - SP
Ede Galileu
2016
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Em 16 passos a origem da obra CASA POIESIS.
•Em 2012, primeiro semestre, algo indigesto percorre meu corpo, me retiro do Ateliê
Casarão por esgotamento, para morar 2 meses, de favor, numa mansão vazia de uma amiga que
havia se mudado para Angra do Reis. É nessa mansão vazia que inicio a criação do material que
logo virá a se tornar o Livro CASA POIESIS.

•Em agosto volto a residir no Ateliê Casarão e resolvo corporificar as ações do livro
em uma encenação simples sobre um tapete em que a ideia é ressaltar a palavra como guia
sensorial.

•Em 23 de setembro de 2012, estreio o espetáculo CASA POIESIS no Galpão Arthur


Netto em Mogi das Cruzes SP.

•A partir deste momento percorro vários espaços alternativos do estado de São Paulo
com apresentações para certificar-me e assegurar que o material POIESIS se garante enquanto
Teatro.

•Em 2013 crio a oficina CORPO POIESIS onde passo a aplicar a metodologia de trabalho
em conjunto com as apresentações.

•Inicio turnê pelo Nordeste com o espetáculo e a oficina passando por diversas cidades
em 3 estados.

•Em Penedo-AL. temos a primeira participação em um Festival.

•Em 2014 intensificam as apresentações e as oficinas no estado de S. P.

•Em setembro de 2014 o espetáculo é convidado a abrir as comemorações do primeiro


ano da Casa Colaborativa em Jundiaí e nesta apresentação surge o convite do artista Ede
Galileu para a feitura e confecção da História em Quadrinhos.

•Em dezembro o espetáculo é selecionado para a Mostra Jundiaiense de Teatro.

•Em 2015 vencemos na categoria de Artes Visuais o “Programa ao Estimulo da


Cultura” da Prefeitura de Jundiaí para a construção da HQ e o espetáculo continua a circular
pelo estado de São Paulo.

•Em 23 de agosto o espetáculo é premiado no Festival de Monólogos de Pedreira-SP.


recebendo cinco dos sete prêmios (direção, ator, cenografia, iluminação e sonoplastia) ficando
em primeiro colocado no festival.

•Em setembro fomos convidados para encerrar as comemorações do segundo ano


da Casa Colaborativa e recebemos o convite do estudante de cinema Silvio Romão para a
construção do curta-metragem do espetáculo. Fechando o ano com prêmios e mais convites
para 2016.

•Em 2016, primeiro semestre, término dos trabalhos relacionados à HQ para o seu
lançamento em Junho.

•No segundo semestre, retornaremos com a circulação do espetáculo, com a oficina e


distribuição da HQ e construção do roteiro cinematográfico.

•Para 2017 a proposta será o lançamento do curta, finalização e publicação do Livro.

Assim seguimos nesta busca em corpo, casa e poesia em ação.

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O MONÓLOGO DE DOIS
QUE É UM
Ede Galileu, jovem e mui assimila. Aí é a magia dos criadores
talentoso artista da deliciosa Jundiaí, com os abençoados, nós, leitores.
cidade que tenho um imenso carinho,
trouxe-me esse seu novo trabalho, que Um homem-poeta, contan do
segundo me informou, trata-se de uma num bar sobre sua amada. A musa. A
adaptação de um texto teatral, mais vida é isso. Esqueçam os pessimistas
especificamente um monólogo. Que que maldizem a vida. A vida é musa, é
interessante simetria. Expressões poesia, que sopra pra quem sabe ouvir.
artísticas que caminham juntas quem não sabe, ouve burburinho e
em sua concepção e na sua forma resmunga. Quem bem ouve, sorri. Faz
de ser parida: a reflexão durante o amor em palavras. Amém, Claudio de
ato de se estar só. O ator no palco, o Albuquerque. Faz amor em desenhos.
desenhista na prancheta. Os milhões Amém Ede Galileu.
de raciocínios passam sobre a cabeça
dos dois artistas. A dor, o sofrimento,
a alegria, a estupefação, o gozo, o Laudo Ferreira
riso, a lágrima, o ódio, o amor, tudo Outono
acontece quase simultaneamente, 2016
enquanto se interpreta e se cria o
momento, enquanto se desenha e se
cria o momento. Tudo é o controle
absoluto de si e o total permitir.

Olhando o belíssimo texto do


Claudio de Albuquerque, embriagado
de vida, vivências, de tesão, de
submissão à musa, que tudo pode e
que tudo nos faz querer ser, e a arte
soberba de Ede, estilosa nas hachuras,
no pincel e bico de pena, transitando
com naturalidade do traço realista
para o lúdico realista, traço a traço,
as ruas, as pessoas, as coisas, as
coisas... tudo é real... o protagonista é
poeticamente real. Qual é a potência
do artista em descrever a sua pós-
realidade, plenamente existente na
sua paixão infinita? Qual é o olhar
afogado na “outra” realidade do artista
que plasma vida no papel? Como será
para nós, tudo isso compreender?
O paradigma, acreditar na sua
experiência. Eles nos dão, mas não
traduzem. Nosso coração recebe e Laudo Ferreira é roteirista e desenhista, autor de “Histórias do Clube da
Esquina”, “Depois da Meia-Noite”, a trilogia “Yeshuah”, entre outros.

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Sou um homem só!
Um solitário com meus subsolos.
Um ridículo de sonhos.
Um idiota!
Tenho em mim, os meus crimes e os meus castigos.
Surto com a apropriação de querer estar só em uma solitude que
já me faz, sentir.
Sem ti!
Sem dó!
Sou, só eu!
A partir daí, sinto-me nú e seguro para compartilhar de algo a
outros.

Sou um blefe!
Sou um homem só!
Já tentei ser três ou mais, mas...
Mas termino sempre sendo um homem só!

Soul.

Chave de minha solitude.

Claudio de Albuquerque
Poiesis: (do grego: ποίησις ) é etimologicamente
derivada da ποιέω termo antigo, que significa
“fazer”. Esta palavra, a raiz da nossa ”poesia”
moderna, foi primeiro um verbo, uma ação
que transforma e continua o mundo. Ela
também é usado como um sufixo, como na
hematopoiese biológica, o processo de
renovação celular
do sangue.

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Sobre o Livro
Sobre o espetáculo.
O espetáculo CASA POIESIS concebido em 2012 é fruto da pesquisa/experimentação a qual
venho desenvolvendo através da narrativa/depoimento, através da arte do Teatro.
Ele faz parte de um trabalho que está sendo desenvolvido desde 2007, que se iniciou com o
solo de Palhaço “A ESPERA”, O espetáculo coletivo “AUTORRETRATO DO ARTISTA MORTO”
e o solo cênico “ CASA POIESIS.
                                Nem amor, nem religião!
           A salvação veio das paginas em tom bordô.
              Ela acalentava e se tocava enquanto lia.
                    Era como uma bíblia de pregação e devoção em paredes vivenciadas... Bordô.
                            Dormira enquanto lia a si.
                                                                         Ali lia a si.
Claudio de Albuquerque

Poiesis:
Palavra de origem grega que significou inicialmente criação, confecção e ação. Depois
terminou por significar arte da poesia e faculdade poética.
Apresentação.
O espetáculo resume-se a um encontro entre quatro amigos em uma metafórica mesa de bar
onde sentenças balbuciadas e regadas a Uísque, servem de passaporte para a ação da palavra
em campo sensorial e
ficticiamente documental.

A criação, confecção e
ação desta poesia cênica
pelo poeta Claudio de
Albuquerque tem como
objetivo principal difundir
o poder da palavra
enquanto matéria de
sensibilização e conduta
cênica. O espetáculo é uma
livre adaptação cênica
de seu próprio trabalho
literário.

“A poesia dada através de


palavras já é a infelicidade
do espírito que trai a si
próprio. A palavra escrita
demonstra a incapacidade
de ação. Para os antigos
gregos, a verdadeira
Poesia significa fazer,
Poiesis é ação...”.

Adam Mickiewicz.

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Processo de Produção
por Ede Galileu
A primeira coisa que tivemos que definir para a Nosso grande desafio agora era transformar o
revista foi o estilo que usaríamos. espetáculo Casa Poiesis, em HQ, já que o que
Achei que ficaria legal fazê-la inteira em preto tínhamos em mãos era um texto em forma de
e branco em um estilo mais realista com muita monólogo sem muitos detalhes de ação, já que o
hachura e texturas. Fiz alguns estudos baseados autor também é o protagonista e muita coisa foi
nas fotos de Gabriel Santos. sendo construído por ele na própria atuação.
Como o Claudio não tinha muita noção do que eu
precisava porque HQ não era a área dele, decidimos
criar o roteiro juntos, então nos reunimos duas
vezes para trabalhar nisso, já anotando as ideias
em forma de thumbnails das páginas.

(Thumbnails de algumas páginas)

Depois o Claudio me passou o texto exato de cada


página pra eu desenhar já planejando o espaço
para eles.

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Precisava de algumas referências fotográficas de pontos da cidade que o queriamos retratar então o
Claudio colocou seu figurino e saímos pela cidade para fotografar.

(Algumas das fotos usadas de referência)

Como fiz o desenho digitalmente, podia trabalhar Depois fazia a arte-final à nanquim. Usei bico de
o esboço em camadas diferentes e ficava só com pena, caneta nanquim e pincel.
o traço mais limpo, mas não gosto de detalhar
muito, então imprimi as páginas em formato A3
com o traço em azul para não atrapalhar a arte-
final, quando era preciso eu detalhava mais com
grafite azul, mas na maioria das vezes partia
direto para o nanquin.

(Página com nanquim)

Então foi só tratar a imagem e colocar o texto para


ficar como a página apresentada na revista.

(Página pronta para arte-final)

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Capa
Depois o Claudio me passou o texto exato de cada página pra eu desenhar já planejando o espaço para
eles.

Decidi finalizar dois deles, pra depois escolher qual usar.


Fiz o desenho e um teste de cor digital dos dois só pra escolher a paleta de cores.

Opção 1 (desenho) Opção 1 (teste de cor) Opção 2 (teste de cor)


(Thumbnails de possíveis capas)

O Claudio achou, que no contexto da história, a opção 2 se encaixaria como capa e a opção 1 como
contra-capa.
Por fim, fiz as cores em aquarela e nanquim, fiz um ajuste no photoshop e pronto, o resultado está em
suas mãos.

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Alguns cartazes de apresentações
do espetáculo Casa Poiesis

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Claudio Agradecimentos
de Albuquerque

Gostaria muito de agradecer a Ede Galileu por

Foto: Gabriel Santos


acreditar nesta obra e me ensinar um pouco mais
sobre a arte do universo dos quadrinhos.
Torço para que esta nossa parceira perdure por
mais e mais trabalhos.
Ao Wagner pelo belíssimo trabalho na diagramação
e pela compreensão e profissionalismo com o qual
compartilhamos neste ideal de sobreviver das
artes.
Agradecer ao fotografo da maioria dos meus
trabalhos, Gabriel Santos, que conseguiu dar
uma alma visual a montagem do espetáculo
“Casa Poiesis” e que serviu de referencia para a
construção do quadrinho, vida longa a sua arte
grande artista!
A Prefeitura de Jundiaí pela oportunidade ocorrida
ao sermos selecionados pelo “Programa Estímulo
da Cultura” no seguimento “Artes Visuais”, o que
nos deu a oportunidade de trabalhar com uma
Poeta com 19 anos de trabalhos nas artes cênicas, margem de apoio e segurança para a feitura do HQ.
performance, literatura, dança, palhaçaria, A todos os artistas, parceiros e público que
música, cinema e artes visuais. assistiram ao espetáculo e deixaram sua
Obteve aprendizado com diversos mestres de impressão e que de uma forma ou outra me
cultura popular e hoje é pesquisador da arte incentivam a continuar nesta árdua profissão de
e provocador através dela. Aprendizado este viver das artes neste país sem grandes incentivos
herdado de seu Avô (Palhaço) Ananias Alencar. para artista que não circulam na grande mídia.
Participou do núcleo de direção, dramaturgia e Ao Ateliê Casarão pela energia de inspiração,
historia da arte da ELT de Santo André S. P. sob trabalho e criação.
coordenação de Antonio Araujo, Antonio Rogério Em “serendipity” desejo muita luz, paz, poesia e
Toscano, Luiz Fernando Ramos, Luiz Alberto de amor para aquela que me costurou o pulsante e me
Abreu e Luciane Guedes. Tem estudo e treino com trouxe ao corpo a poesia.
grupos como Teatro da Vertigem, LUME, Escola E claramente a toda a minha família que sempre
Teatro Brincante, Clipa Theatre (Israel), Estúdio soube respeitar minha forma de ver, buscar, sentir
de Mímica e Teatro Físico de Luís Louis, Doutores e vivenciar o mundo.
da Alegria, Grupo Galpão, Seres de Luz, Tribo de Evoé...
Atuadores Oi nois aqui outra veiz, dentre outros.
Integrante da Cia Municipal de Teatro de Jundiaí.
Fundador e coordenador do Ateliê Casarão desde
2008.
Apesar de ter sido colecionador de quadrinhos
quando moleque, esta é sua primeira experiência
com roteiro para HQ.

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Ede Agradecimentos
Galileu

Em primeiro lugar, agradeço ao Claudio que

Foto: Sander Antonelli Jr.


me ofereceu o projeto que eu achei desafiante e
maravilhoso de se fazer.
Ao pessoal que me ajudou de alguma forma quando
eu precisei de alguma dica, opinião, imprimir,
digitalizar, etc. Célio Luigi, Brão Barbosa e Hugo
Nanni.
Ao Gabriel Santos pelas lindas fotos da peça, que
me serviram de referência e ao Wagner Costa pela
paciência e bela diagramação da revista.
A meus pais, irmãos e todos que sempre me
incentivaram, à minha esposa Elisângela e meu
filho Ede Jr. que me dão força pra continuar na
luta.
Aos momentos passados com os amigos Célio,
Rodolfo, Hugo e Alexandre naqueles sábados de
mutirão de quadrinhos.
E pra fechar, agradeço a todos os meus mestres
e pessoas que me ensinaram algo, desde longos
cursos com o Sr. Issis Martins Roda, o Emerson
Luiz e o Ricardo Giassetti, o Bruno Del Rey, o
Whip, o Felipe Watanabe, o Paulo Borges, até as
oficinas, workshops e bate-papos com Daniel HDR,
Roger Cruz, Davi Calil, Julia Bax, Octavio Cariello,
Marcelo Costa, Hiro Kawarara e tantos outros
Ede Galileu nasceu em 1977 na cidade de Jundiaí- amigos ou pessoas que eu tive contato e de alguma
SP, é ilustrador, artista plástico, arte educador e forma me ensinaram algo.
mais um monte de coisas. “Se enxerguei mais ao longe, foi porque subi nos
Desde muito novo fazia seus rabiscos que foi ombros de gigantes.”
aprimorando ao longo dos anos. As HQ’s são (Isaaac Newton)
as grandes responsáveis por isso, além de ler
e colecionar a muito tempo, foi esta arte que o
inspirou a produzir suas próprias histórias, por
isso, desde os 13 anos, fazia fanzines acompanhado
por dois grandes amigos que compartilhavam
dessa paixão.
Além de seus muitos fanzines, já participou
de algumas revistas coletivas, publicações
de webcomics, após um tempo sem produzir
quadrinhos, (não por falta de vontade e sim
tempo), sentiu neste projeto uma grande
satisfação e vontade de produzir mais...

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Fotos do espetáculo Casa Poiesis
por Gabriel Santos

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