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"Não há efeito sem causa, disse Allan Kardec, e todo efeito inteligente tem
forçosamente uma causa Inteligente." Eis o princípio sobre o qual repousa o Espiritismo
inteiro. Esse princípio, quando o aplicamos às manifestações de Além-Túmulo,
demonstra a existência dos Espíritos. Aplicado, ao estudo do mundo e das leis
universais, demonstra a existência de uma causa inteligente no Universo. Eis por que a
existência de Deus constitui um dos pontos essenciais do ensino espírita. Acrescento
que é inseparável do resto desses ensina, porque, neste último, tudo se figa, tudo se
coordena e se encadeia. Que não nos falem de dogmas! O Espiritismo não os comporta.
Ele nada impõe; ensina. Todo ensino tem seus princípios. A idéia de Deus é um dos
princípios fundamentais do Espiritismo.
Dizem-nos freqüentemente: - Para que nos ocuparmos dessa questão de Deus? A
existência de Deus não pode ser provada! Ou ainda: - A existência de Deus ou sua não
existência é sem predomínio sobre a vida das massas e da Humanidade. Ocupemo-nos
de alguma coisa mais prática; não percamos nosso tempo em dissertações vãs, em
discussões metafísicas. Pois bem! Em que pese àqueles que mantêm esta linguagem,
repetirei que é questão vital por excelência; responderei que o homem não se pode
desinteressar dela, porque o homem é um ser. O homem vive, e importa-lhe saber qual é
a fonte, qual é a causa, qual é a lei da vida. A opinião que tem sobre a causa, sobre a lei
do Universo, essa opinião, o quer queira ou não, quer saiba ou não, se reflete em seus
atos, em toda a sua vida pública ou particular.
Qualquer que seja a ignorância do homem no que respeita às leis superiores, na
realidade - é segundo a idéia que forma dessas leis, por mais vaga e confusa que possa
ser tal concepção - é de conformidade com essa idéia que a criatura age. Desta opinião -
sobre Deus, sobre o mundo e sobre a vida (notais que estes três assuntos são
inseparáveis) -, desta opinião, as sociedades humanas vivem ou morrem! É ela que
divide a Humanidade em dois campos.
Por toda parte, vêem-se famílias em desacordo, em desunião intelectual, porque há
muitos sistemas acerca - de Deus: o padre inculca um à mulher; o professor ensina outro
ao homem, quando não lhe sugere a idéia do - Nada.
Essas polêmicas e essas contradições explicam-se, entretanto. Têm sua razão de ser.
Devemo-nos lembrar de que nem todas as inteligências chegaram ao mesmo ponto de
evolução; que nem todos podem ver e compreender de igual modo e no mesmo sentido.
Daí, tantas opiniões e crenças diversas.
A possibilidade que temos de compreender, de julgar e de discernir só se desenvolve
lentamente, de séculos em séculos, de existências em existências. Nosso conhecimento e
nossa compreensão das coisas se completam e tornam claros, à medida que nos
elevamos na escala imensa dos renascimentos. Todos sabem que alguém, colocado ao
pé da montanha, não pode descortinar o mesmo panorama aberto ao que já chegou ao
vértice; mas, prosseguindo sua ascensão, um chegará a ver as mesmas coisas que o
outro. O mesmo acontece com o Espírito em sua ascensão gradual. O Universo não se
revela se não pouco a pouco, à medida que a capacidade de lhe compreender as leis se
desenvolve e engrandece o indivíduo.
Daí vem o sistema, as escolas filosóficas e religiosas, que correspondem aos diversos
graus deadiantamento dos Espíritos que nuns e noutros se fiam e, muitas vezes, aí se
insulam.