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JANEIRO

Vigilância 1º de janeiro

“Só conservamos o que temos com vigilância...”.

Texto Básico, p. 65

Como permanecemos vigilantes com nossa recuperação? Primeiro, nos dando


conta de que temos uma doença que teremos sempre. Não importa quanto tempo
estivemos limpos, não importa quão melhor nossas vidas se tornaram, não importa a
extensão de nosso alívio espiritual, ainda somos adictos. Nossa doença espera
pacientemente, pronta a nos armar ciladas, se lhe dermos a chance.
A vigilância é uma realização diária. Nós nos empenhamos em permanecer alerta
e prontos a lidar com sinais de dificuldade. Não que devamos viver com um medo
irracional de que alguma coisa horrível irá nos possuir, caso baixemos nossa guarda
por um momento; simplesmente tomamos as precauções normais. Oração diária,
freqüência de reuniões e a escolha de não comprometer princípios espirituais em troca
do caminho mais fácil são atos de vigilância. Usamos o inventário quando necessário,
compartilhamos com outros sempre que somos chamados e, cuidadosamente, nutrimos
nossa recuperação. E, sobretudo, permanecemos atentos! Conseguimos um alívio
diário de nossa adicção, desde que permaneçamos vigilantes. A cada dia aplicamos os
princípios da recuperação em tudo que fazemos e, a cada noite, agradecemos a nosso
Poder Superior por mais um dia limpo.

Só por hoje: Eu serei vigilante, fazendo tudo que for necessário para preservar minha
recuperação.
2 de janeiro Respire fundo e fale com Deus

“Às vezes, quando rezamos, acontece uma coisa interessante:


encontramos os meios, maneiras e energias para realizarmos
tarefas que estão muito além das nossas capacidades”.

Texto Básico, p. 49

Algumas vezes, a tarefa mais difícil que temos que aprender em recuperação é a
de enfrentar com êxito os menores aborrecimentos e frustrações da vida. Todos os dias
deparamos com pequenos inconvenientes. De desamarrar os nós dos cordões dos
sapatos de nossos filhos a ficar na fila do supermercado, nossos dias são cheios de
pequenas dificuldades com as quais, de alguma forma, temos que lidar.
Se não formos cuidadosos nessas dificuldades, podemos nos encontrar forçando
uma barra a cada problema ou rangendo os dentes enquanto discursamos severamente
para nós mesmos, sobre como deveríamos lidar com elas. Esses são exemplos
extremos de inabilidade, mas, mesmo que não estejamos tão mal assim, provavelmente
existe espaço para melhorarmos.
Cada vez que a vida nos apresentar outro pequeno obstáculo em nossos planos
diários, podemos simplesmente respirar fundo e falar com o Deus de nossa
compreensão. Sabendo que podemos obter paciência, tolerância ou tudo mais que
precisamos desse Poder Superior, conseguimos enfrentar melhor a vida e sorrir com
mais freqüência.

Só por hoje: Eu respirarei fundo e falarei com meu Deus sempre que me sentir
frustrado.
Nossa maior necessidade 3 de janeiro

“Acabamos redefinindo as nossas crenças e nossa compreensão até o


ponto de enxergar que a nossa maior necessidade é o conhecimento
da vontade de Deus em relação a nós e a força para realizá-la”.

Texto Básico, p. 51

Logo que chegamos em NA, tínhamos todos os tipos de idéias sobre o que
necessitávamos. Alguns de nós tínhamos em vista acumular bens pessoais.
Pensávamos que recuperação equivaleria a sucesso material. Mas a recuperação não
equivale ao sucesso. Hoje acreditamos que nossa maior necessidade é de orientação
espiritual.
O maior dano causado pela nossa adicção foi o dano à nossa espiritualidade.
Nossa motivação primordial foi imposta por nossa doença: obter, usar e encontrar
maneiras e meios de conseguir mais. Escravizado por nossa sufocante necessidade de
drogas, faltavam às nossas vidas propósito e integração. Estávamos espiritualmente
falidos.
Mais cedo ou mais tarde, percebemos que nossa maior necessidade em
recuperação é “o conhecimento da vontade de Deus em relação a nós e a força para
realizá-la”. Encontramos aí a direção e o sentido de propósito ocultos por nossa
adicção. Através da vontade de nosso Deus, nos libertamos da nossa própria teimosia.
Não mais guiados somente por nossas próprias necessidades, estamos livres para viver
com os outros em pé de igualdade.
Não há nada de errado com sucesso material. Porém, sem a integração espiritual
oferecida pelo Programa de NA, nossa maior necessidade em recuperação não é
satisfeita, independente de quão “bem sucedidos” posamos ser.

Só por hoje: Eu procurarei a satisfação de minha maior necessidade: uma integração


vital e orientadora com o Deus de minha compreensão.
4 de janeiro O amor da Irmandade

“Hoje, seguros no amor da irmandade, podemos facilmente olhar


outro ser humano nos olhos e sermos gratos pelo que somos”.

Texto Básico, p. 100

Quando estávamos usando, poucos de nós toleravam olhar alguém nos olhos –
tínhamos vergonha de quem éramos. Nossas mentes não estavam ocupadas com nada
saudável ou decente, e sabíamos disso. Nosso tempo, dinheiro e energia não eram
gastos construindo relações afetivas, compartilhando com outros ou procurando
melhorar nossas comunidades. Estávamos presos a uma espiral de obsessão e
compulsão que seguia em uma única direção: para baixo.
Em recuperação, nossa jornada espiral abaixo foi interrompida. Mas o que é que
nos fez retornar, nos puxando para cima, para espaços abertos do mundo amplo e
livre? O amor da irmandade fez isso.
Na companhia de outros adictos, sabíamos que não seríamos rejeitados. Pelo
exemplo de outros adictos foi-nos mostrado como começar a participar positivamente
na vida à nossa volta. Quando estávamos incertos do rumo à tomar, quando
tropeçávamos, quando tínhamos que corrigir algo errado que havíamos feito, sabíamos
que nossos companheiros estavam lá para nos encorajar.
Lentamente adquirimos a sensação de nossa liberdade. Não mais nos encontramos
trancados em nosa doença; estamos livres para construir, crescer e compartilhar com
os outros. E quando necessitamos de apoio para darmos nosso próximo passo, nós o
recebemos. A segurança que encontramos no amor da irmandade tornou nossas novas
vidas possíveis.

Só por hoje: Eu posso olhar qualquer um nos olhos sem me envergonhar. Estou grato
pelo apoio amoroso que tornou tudo possível.
Recuperação em casa 5 de janeiro

“Conseguimos apreciar nossas famílias de uma nova maneira


e ser valiosos para eles, não mais um fardo ou embaraço”.

Texto Básico, p. 113

Estamos indo bem em nossa recuperação, não estamos? Freqüentamos uma


reunião todos os dias, passamos nossas noites com nossos companheiros e, todo fim de
semana, prestamos serviço à irmandade. Mas, se em casa as coisas estão
desmoronando, não estamos indo tão bem assim, afinal.
Esperávamos que nossas famílias compreendessem. Afinal, não estamos mais
usando drogas. Por que eles não reconhecem nosso progresso? Será que não entendem
como são importantes nossas reuniões, nosso serviço e nosso envolvimento com a
irmandade?
Nossas famílias não irão apreciar a mudança que NA está fazendo em nossas
vidas, a não ser que mostremos a elas. Se sairmos correndo para uma reunião do
mesmo modo que corríamos para usar drogas, o que mudou? Se continuarmos a
ignorar as necessidades e desejos de nossos parceiros e filhos, deixando de aceitar
nossas responsabilidades em casa, não estamos “praticando esses princípios em todas
as nossas atividades”.
Devemos viver o programa em todos os lugares a que vamos, em tudo que
fazemos. Se quisermos que a vida espiritual seja mais que uma teoria, temos que vivê-
la em casa. Quando fazemos isso, as pessoas com quem partilhamos nossas vidas
certamente notarão a mudança e ficarão gratas por termos encontrados NA.

Só por hoje: Eu levarei minha recuperação para casa comigo.


6 de janeiro “Como funciona?”

“Eu costumava pensar que tinha todas as respostas,


mas hoje estou contente por não tê-las”.

Basic Text, p. 272*

Quais são as duas palavras favoritas da maioria dos adictos? “Eu sei!”
Infelizmente, muitos de nós chegam a NA achando que temos todas as respostas.
Sabemos muito bem o que está errado conosco. Mas esse conhecimento, em si, ou por
si só, nunca nos ajudou a permanecermos limpos por qualquer período de tampo.
Os membros que conseguiram uma recuperação a longo prazo serão os primeiros a
admitir que quanto maior o tempo de recuperação mais eles têm a aprender. Porém,
uma coisa eles sabem: ao seguir este simples Programa de Doze Passos, eles têm
conseguido ficar limpos. Eles não mais perguntam “por quê”, eles perguntam “como”.
Intermináveis especulações perdem seu valor quando comparadas com a experiência
dos adictos que encontraram uma maneira de permanecer e viver limpos.
Isso não significa que não fazemos perguntas quando é apropriado. Nós não
paramos de pensar quando entramos em NA! Mas, em geral, no começo, é uma boa
idéia reformular nossas perguntas. Em vez de perguntarmos “por quê”, perguntamos
“como”. Como trabalho esse passo? Como que freqüência devo ir às reuniões? Como
ficar limpo?

Só por hoje: Eu não tenho todas as respostas, mas sei onde encontrar aquelas que
importam. Hoje, perguntarei a outro adicto: “como funciona?”.

*N.T. Esta página refere-se ao Livro 2 do Texto Básico em inglês.


“Recuperação” 7 de janeiro

“Narcóticos Anônimos oferece a adictos um programa de recuperação,


que é mais do que apenas uma vida sem drogas. Essa maneira de
viver não é só melhor do que o inferno em que vivíamos,
é melhor do que qualquer vida que tenhamos conhecido.”

Texto Básico, p. 117

Poucos de nós têm qualquer interesse em “recuperar” o que tínhamos antes de


começar a usar. Muitos de nós sofremos intensamente abusos físicos, sexuais e
emocionais. Parecia que a única maneira possível de suportar tais abusos era nos
drogando e permanecendo drogados. Outros sofreram de maneiras menos aparentes,
mas igualmente dolorosas, antes da adicção tomar conta. Faltavam-nos direção e
propósito. Estávamos espiritualmente vazios. Sentíamo-nos isolados, incapazes de ter
empatia com os outros. Não tínhamos nenhuma das coisas que dão sentido e valor à
vida. Usávamos drogas numa inútil tentativa de preencher o vazio dentro de nós. A
maioria de nós sequer desejava “recuperar” o que costumava ter.
Finalmente, a recuperação que encontramos em NA é algo diferente: uma
oportunidade de uma nova vida. Foram-nos dadas as ferramentas para limpar os
destroços de nossas vidas. Foi-nos dado apoio para partirmos corajosamente em um
novo caminho. E recebemos a dádiva do contato consciente com um Poder maior do
que nós, provendo a força interna e a direção que lamentavelmente nos faltou no
passado.
Recuperação? Sem, de todas as maneiras. Estamos recuperando toda uma nova
vida, melhor do que tudo que sonhamos possível. Estamos gratos.

Só por hoje: Eu recuperei alguma coisa que nunca tive, que nunca imaginei possível:
a vida de um adicto em recuperação. Obrigado, Poder Superior, mais do que palavras
podem dizer.
8 de janeiro Crescendo

“Nosso estado espiritual é o alicerce de uma recuperação


bem sucedida, que oferece crescimento ilimitado”.

Texto Básico, p. 48

Quando nossos membros comemoram seus aniversários de recuperação, eles


dizem, freqüentemente, que “cresceram” em NA. Bom, pensamos, então o que isto
quer dizer? Começamos a nos questionar se já somos adultos. Examinamos nossas
vidas e verificamos que todas as armadilhas da vida adulta estão lá: talões de cheques,
filhos, emprego, responsabilidades. No entanto, internamente, quase sempre nos
sentimos como crianças. Em grande parte do tempo, a vida ainda nos deixa confusos.
Nem sempre sabemos como agir. Algumas vezes, ainda nos perguntamos se somos
realmente adultos, ou se somos crianças que, de alguma forma, foram colocadas em
corpos adultos e a quem foram dadas responsabilidades de adultos.
Crescimento não é mais bem avaliado por idade física ou níveis de
responsabilidade. Nossa melhor medida de crescimento é nosso estado espiritual, o
alicerce de nossa recuperação. Se ainda dependemos de pessoas, lugares e coisas para
alcançar uma satisfação interna, como crianças que dependem dos pais para tudo, nós,
certamente, temos muito a crescer. Mas, se estamos firmes no alicerce de nosso estado
espiritual, considerando que sua manutenção é nossa maior responsabilidade, podemos
alegar maturidade. Sobre esta base, nossas oportunidades para crescer são ilimitadas.

Só por hoje: A medida de minha maturidade é proporcional à responsabilidade que


assumo pela manutenção de meu estado de espírito. Hoje, esta será minha prioridade.
Retribuindo a amabilidade
de nosso padrinho 9 de janeiro

“Muitas vezes, nossos primeiros envolvimentos com


os outros começam com o nosso padrinho”.

Texto Básico, p. 62

Nosso padrinho pode ser uma grande fonte de informação sobre recuperação, de
sabedoria e palavras carinhosas. Eles fizeram tanto por nós. Desde os telefonemas,
altas horas da noite, às horas gastas ouvindo nossos inventários de recuperação, eles
acreditaram em nós e investiram seu tempo como prova disto. Carinhosamente e com
firmeza, eles nos mostraram como ser honesto. Sua compaixão sem limites, em horas
tumultuadas, nos deu força para continuar. Sua maneira de ajudar nos incentivou a
buscar nossas respostas dentro de nós mesmos, e, como resultado, nos tornamos
pessoas maduras, responsáveis e confiantes.
Embora nosso padrinho tenha dado generosamente e nunca tenha exigido nada
em troca, existem coisas que podemos fazer para mostrar nosso reconhecimento.
Tratamos nosso padrinho com respeito. Eles não são uma lixeira onde despejamos
nosso lixo. Eles, assim como nós, também tem seu tempo de dificuldades e, algumas
vezes, necessitam nosso apoio. Eles são humanos, têm sentimentos e apreciam nosso
interesse. Talvez gostassem de receber um cartão postal ou um telefonema
expressando nosso amor.
O que quer que façamos para retribuir a amabilidade de nosso padrinho irá
acrescer em nossa recuperação pessoal, sem mencionar a alegria que daremos a ele.

Só por hoje: Meu padrinho se importou comigo quando eu não podia cuidar de mim.
Hoje farei alguma coisa agradável para meu padrinho.
10 de janeiro Gratidão

“Sou muito grato por ter passado a acreditar”.

IP Nº 21, “O Solitário”

A crença em um Poder Superior pode fazer toda a diferença quando as coisas vão
mal! Quando as coisas não caminham à nossa maneira, em recuperação, nosso
padrinho poderá nos orientar a fazer uma “lista de gratidão”. Quando a fizermos,
devemos incluir nessa lista nossa fé em um Poder maior que nós Uma das maiores
dádivas que recebemos dos Doze Passos é nossa crença em um Deus de nossa própria
compreensão.
Os Doze Passos nos guiam gentilmente em direção a um despertar espiritual.
Assim como nossa adicção progrediu, nossa vida espiritual também se desenvolve com
o trabalho do Programa de Narcóticos Anônimos. Os passos são nosso caminho para
um relacionamento com o Deus de nossa compreensão. Esse Poder Superior nos dá
força quando nossa estrada se torna árdua.
Sentimo-nos gratos pelo aprofundamento da relação com um Poder Superior?
Lembramo-nos de agradecer a Deus por cada dia limpo, não importando o que tenha
acontecido nesse dia? Lembramo-nos, mesmo no mais profundo desespero ou na
maior alegria, que Deus de nossa compreensão está conosco?
Nossa recuperação é uma dádiva. Uma dádiva que, algumas vezes, tornamos por
certa, não dando importância. Cada dia em que permanecemos limpos podemos nos
alegrar sob a proteção de nosso Poder Superior.

Só por hoje: Eu sou grato por meu relacionamento com o Poder Superior que cuida de
mim.
Fé 11 de janeiro

“À medida que desenvolvemos a fé nas nossas vidas cotidianas, descobrimos


que o nosso Poder Superior nos dá a força e a orientação que precisamos”.

Texto Básico, p. 102

Alguns de nós chegam à recuperação muito assustados e inseguros. Sentíamo-


nos fracos e sozinhos. Não estávamos certos de nossa direção e não sabíamos onde
procurar as respostas. Diziam que, se encontrássemos alguma fé em um Poder maior
do que nós encontraríamos segurança e orientação. Queríamos aquele sentimento de
proteção e a força. Mas a fé não vem da noite para o dia. É preciso tempo e esforço
para ela crescer.
A semente é plantada quando pedimos ajuda ao nosso Poder Superior, e, então,
reconhecemos a fonte dessa ajuda quando ela chega. Nutrimos, a cada dia, a
sementinha da fé com a luz solar de nossas preces. Nossa fé cresce: uma recompensa
por viver a vida como ela é. Um dia, percebemos que nossa fé veio a ser como uma
enorme árvore que se expande. Ela não impede as tempestades da vida, mas sabemos
que estaremos a salvo em seu abrigo.

Só por hoje: Eu sei que a fé em meu Poder Superior não acalmará as tempestades da
vida, mas aclamará meu coração. Deixarei que minha fé me abrigue em tempos
difíceis.
12 de janeiro Despertar espiritual

“Tendo experimentado um despertar espiritual,


como resultado destes passos”.

Passo Doze

“Como saberei que tive um despertar espiritual?” Para muitos de nós o despertar
espiritual vem gradualmente. Talvez nossa primeira consciência espiritual seja tão
simples quanto uma nova valorização da vida. Um dia, de repente, podemos perceber o
som de pássaros cantando de manhã cedo. A simples beleza de uma flor pode nos
lembrar que há um Poder maior do que nós trabalhando à nossa volta.
Freqüentemente, nosso despertar espiritual é algo que se fortalece com o tempo.
Podemos procurar obter mais consciência espiritual, simplesmente vivendo nossas
vidas. Podemos persistir em esforços para melhorar nosso contato consciente através
da oração e meditação diárias. Podemos escutar nosso interior para obtermos a
orientação de que precisamos. Podemos perguntar a outros adictos sobre suas
experiências com espiritualidade. Podemos nos dar tempo para apreciar o mundo à
nossa volta.

Só por hoje: Eu vou refletir sobre cada despertar espiritual que experimentei. Buscarei
estar consciente de Deus. Dedicarei algum tempo do dia para apreciar o trabalho de
meu Poder Superior.
Render-se para vencer 13 de janeiro

“A ajuda só começa quando somos


capazes de admitir a completa derrota”.

Texto Básico, p. 23

Completa derrota, que idéia! Isto deve significar rendição. Render-se – desistir
completamente. Abandonar sem nenhuma restrição. Mãos ao alto e abandonar a luta.
Talvez, levantar a mão em nossa primeira reunião e admitir que somos adictos.
Como saber que demos um Primeiro Passo que nos permitirá viver livre das
drogas? Sabemos porque, uma vez dado esse passo gigantesco, não temos que usar
nunca mais – só por hoje. É isso aí. Não é fácil, mas é muito simples.
Nós trabalhamos o Primeiro Passo. Aceitamos, sim, que somos adictos. “Uma é
demais e mil não bastam”. Já provamos isso a nós mesmos o suficiente. Admitimos
que não conseguimos lidar com drogas de nenhuma maneira. Admitimos isso;
proclamamos em voz alta, se necessário.
Damos o Primeiro Passo ao começar nosso dia. Por um dia. Esta admissão nos
liberta, só por hoje, da necessidade de reviver nossa adicção ativa novamente. Nós nos
rendemos a esta doença. Desistimos. Abandonamos. Renunciamos. Mas, renunciando,
vencemos. E este é o paradoxo do Primeiro Passo: nós nos rendemos para vencer e, em
nossa rendição, adquirimos um poder muito maior do que jamais poderíamos
imaginar.

Só por hoje: Eu admito que sou impotente perante minha adicção. Vou me render
para vencer.
14 de janeiro Um Deus amoroso

“A nossa compreensão de um Poder Superior fica a


nosso critério... A única diretriz sugerida é que este
Poder seja amoroso, cuidadoso e maior do que nós”.

Texto Básico, p. 26

Disseram-nos que podíamos acreditar em qualquer tipo de Poder Superior que


quiséssemos, contanto que ele fosse amoroso e, é claro, maior do que nós. Alguns de
nós, no entanto, têm dificuldades com estes requisitos. Ou não acreditamos em nada
exceto em nós mesmos, ou acreditamos que qualquer coisa que possa ser chamada de
“Deus” só poderia ter o coração frio e injusto, trazendo-nos infortúnio por mero
capricho.
Acreditar em um Poder amoroso é um grande salto para alguns de nós, por muitas
razões. Pensar em entregar nossas vontades e nossas vidas aos cuidados de alguma
coisa que pensamos poder nos machucar, certamente nos deixa relutantes. Se
chegamos ao programa acreditando que Deus julga e não perdoa, precisamos superar
estas crenças, para ficar realmente à vontade com o Terceiro Passo.
Nossas experiências positivas em recuperação podem nos ajudar a vir a acreditar
em um Deus amoroso, de nossa própria compreensão. Recebemos alívio de uma
doença que nos afligiu por muito tempo. Encontramos a orientação e o apoio que
precisamos para desenvolver uma nova maneira de viver. Começamos a experimentar
uma plenitude de espírito, onde antes só havia vazio. Estes aspectos de nossa
recuperação têm sua origem num Deus amoroso, e na num Deus severo e odioso. E
quanto mais vivenciamos a recuperação, mais confiaremos neste Poder Superior
amoroso.

Só por hoje: Eu abrirei meu coração e minha mente para acreditar que Deus é
amoroso, e confiarei em que meu Poder Superior pode fazer por mim o que não
consigo fazer por mim mesmo.
Medo 15 de janeiro

“Crescemos a ponto de nos sentirmos à vontade com o nosso


Poder Superior como fonte de força. À medida que aprendemos a
confiar neste Poder, começamos a superar nosso meda da vida “.

Texto Básico, p. 26

Impotentes como somos, viver de teimosia é uma experiência assustadora e


difícil. Em recuperação, entregamos nossa vontade e nossas vidas, em segurança, aos
cuidados do Deus de nossa compreensão. Quando descuidamos de nosso programa,
quando perdemos o contato consciente com nosso Poder Superior, começamos a
assumir o controle de nossas vidas novamente, recusando os cuidados do Deus de
nossa compreensão. Se não tomamos uma decisão diária de render nossas vidas aos
cuidados de nosso Poder Superior, poderemos ser completamente dominados pelo
nosso medo da vida.
Trabalhando os Doze Passos, descobrimos que a fé num Poder maior do que
nós ajuda a aliviar o nosso medo. À medida que nos aproximamos de um deus
amoroso, nos tornamos mais conscientes de nosso Poder Superior. E quanto mais
conscientes estivermos dos cuidados de Deus para conosco, menores nossos medos.
Quando sentimos medo, nos perguntamos: “Este medo é uma indicação de falta
de fé em minha vida? Assumi o controle, novamente, só para descobrir que minha vida
ainda é incontrolável?” Se respondemos sim a estas perguntas, podemos superar nosso
medo, entregando nossa vontade e nossas vidas de volta aos cuidados do Deus de
nossa compreensão.

Só por hoje: Eu confiarei nos cuidados de meu Poder Superior para aliviar meu temor
da vida.
16 de janeiro Faça aquela chamada

“Temíamos que, se alguma vez revelássemos como éramos de fato, certamente


seríamos rejeitados... [Mas] nossos companheiros nos compreendem”.

Texto Básico, p. 34

Precisamos de nossos companheiros de NA – sua experiência, sua amizade, seu


riso, sua orientação e muito, muito mais. Mesmo assim muitos de nós hesitam em
chamar nossos padrinhos ou visitar nossos amigos de NA. Não queremos nos impor a
eles. Pensamos em telefonar para alguém, mas não nos sentimos merecedores de seu
tempo. Tememos que, caso venham a nos conhecer – realmente nos conhecer –
certamente nos rejeitarão.
Esquecemos que nossos companheiros de NA são exatamente iguais a nós. Não há
nada que tenhamos feito, nenhum lugar a que tenhamos ido ou sentimentos que
tenhamos sentido, com que outros adictos em recuperação não sejam capazes de se
identificar. Quanto mais deixarmos que os outros nos conheçam, mais iremos ouvir:
“Você está no lugar certo. Você está entre amigos. Você faz parte. Bem-vindo!”
Também esquecemos que, do mesmo modo que precisamos dos outros, eles
precisam de nós. Não somos os únicos que queremos sentir que fazemos parte, que
queremos experimentar o calor da amizade, que queremos alguém para compartilhar.
Se nos isolamos de nossos companheiros, nós os privamos de algo que eles precisam,
algo que só nós podemos dar a eles: nosso tempo, nossa companhia, nosso verdadeiro
eu.
Em Narcóticos Anônimos, adictos em recuperação se importam uns com os outros.
O que esperam do outro lado do telefone não é rejeição, mas amor, calor e
identificação da Irmandade de NA. Faça aquela chamada!

Só por hoje: Em NA, eu estou entre amigos. Entrarei em contato com os outros,
dando e recebendo em irmandade.
Perdão 17 de janeiro

“Quando percebemos a nossa necessidade de sermos perdoados,


temos a tendência de perdoar mais. Pelo menos sabemos que
não estamos mais magoando os outros intencionalmente “.

Texto Básico, p. 43

Em nossa adicção, freqüentemente tratávamos mal os outros. Algumas vezes,


deliberadamente, encontrávamos meios de magoá-los. Em nossa recuperação,
podemos ainda ter a tendência de julgar as ações dos outros porque pensamos saber
como essa pessoa deveria se comportar. Mas, ao progredir em nossa recuperação,
freqüentemente descobrimos que, para nos aceitarmos, teremos que aceitar os outros à
nossa volta.
Pode ser difícil assistir a insanidade de alguém se manifestando. Mas, se nos
desligarmos do problema, podemos começar a viver a solução. E, se nos sentirmos
afetados pelas ações de alguém, podemos aplicar o princípio do perdão.

Só por hoje: Eu vou me empenhar para perdoar mais do que ser perdoado. Tentarei
agir de tal maneira que me sinta merecedor de meu próprio amor.
18 de janeiro O simples inventário

“Continuar fazendo o inventário pessoal significa que


criamos o hábito de olhar regularmente para nós
mesmos, nossas ações, atitudes e relacionamentos”.

Texto Básico, p. 45

O inventário diário é uma ferramenta que podemos usar para simplificar


nossas vidas. O mais complicado em fazer um inventário regularmente é decidir como
começar. Deveríamos escrevê-lo? O que deveríamos examinar? Em que nível de
detalhes? E como sabemos que terminamos? Num instante, transformamos um
exercício simples num projeto grandioso.
Aqui está uma simples abordagem para o inventário diário; reservamos alguns
minutos no fim de cada dia, sentamos calmamente e examinamos nossos sentimentos.
Existe um nó, pequeno ou grande dentro de nós? Sentimo-nos desconfortáveis com o
dia que acabou de terminar? O que aconteceu? Qual foi nossa participação no que
aconteceu? Devemos alguma reparação? Se pudéssemos fazer tudo de novo, o que
faríamos diferente?
Também queremos observar os aspectos positivos de nossas vidas em nosso
inventário diário. O que nos deu satisfação hoje? Fomos produtivos? Responsáveis?
Gentis? Amoroso? Demos de nós desinteressadamente? Experimentamos plenamente
o amor e a beleza que o dia nos ofereceu? O que fizemos hoje que gostaríamos de
fazer novamente?
Nosso inventário diário não precisa ser complicado para ser eficiente. É uma
ferramenta muito simples que usamos para permanecer em contato diário conosco.

Só por hoje: Eu quero permanecer em contato com a maneira como me sinto vivendo
esta vida que me foi concedida. No final deste dia, farei um breve e simples inventário.
Fazer da tempestade um copo d’água 19 de janeiro

“Quando paramos de viver aqui e agora, nossos


problemas são aumentados exageradamente“.

Texto Básico, p. 108

Alguns de nós parecem fazer tempestade de um copo d’água com nossos


problemas. Mesmo aqueles de que encontram alguma serenidade, provavelmente, em
algum momento de nossa recuperação, colocam algum problema totalmente fora de
proporção – e, se ainda não o fizemos, provavelmente logo o faremos!
Quando nos vemos obcecados com alguma complicação em nossas vidas, é
bom lembrar-nos precisamente de tudo o que está indo bem. Em vez de ficarmos
sentados com a calculadora conferindo-as repetidamente, podemos concentrar nossos
esforços em reduzir despesas. Seguindo este mini-inventário, continuamos com a
tarefa à mão e nos lembramos que, desde que façamos o trabalho de base, u, \poder
Superior tomará conta de nossas vidas.
Problemas tempestuosos acontecem algumas vezes, mas não precisamos criá-
los. A confiança num Deus amoroso de nossa compreensão colocará a maior parte de
nossos problemas em sua perspectiva certa. Não precisamos mais criar um caos para
nos sentirmos estimulados com nossas vidas. Nossa recuperação nos oferece, na vida
real, incontáveis oportunidades de estímulo e drama.

Só por hoje: Eu terei uma visão realista de meus problemas e verei que em sua
maioria são pequenos. Eu os deixarei assim e apreciarei minha recuperação.
20 de janeiro Uma promessa, muitas dádivas

“Narcóticos Anônimos nos promete apenas uma


coisa: a libertação da adicção ativa...”

Texto Básico, p. 116

Imaginem o que seria se chegássemos em NA desesperados, querendo para de


usar drogas, e encontrássemos somente uma conversa fiada do tipo: “Se trabalhar os
passos e não usar drogas, você se casará, irá morar em algum lugar melhor, terá filhos
e passará a se vestir bem. Você se tornará responsável, um membro produtivo da
sociedade e será a companhia ideal de reis e presidentes. Você ficará rico e terá uma
carreira dinâmica.” Muitos de nós, recebidos com um papo tão pesado, teriam gritado
e saído fora.
Em vez de precisões assustadoras e pressões sem sentido, somos recebidos com
uma promessa de esperança: libertação da adicção ativa. Sentimos um alívio
abençoado sobre nós, quando ouvimos que nunca teremos de usar novamente. Não
seremos forçados a nos tornar coisa alguma!
Claro que, depois de algum tempo em recuperação, começam a acontecer coisas
boas em nossas vidas. Dádivas nos são oferecidas – dádivas espirituais, dádivas
materiais, dádivas com que sempre sonhávamos, mas que sequer ousávamos esperar
conseguir. No entanto, estas são dádivas de verdade – não são prometidas apenas
porque nos tornamos membros de NA. Tudo que NA nos promete é a libertação da
adicção ativa – e isto é mais do que suficiente!

Só por hoje: Foi-me prometida a libertação da adicção ativa. As dádivas que recebo
são benefícios da recuperação.
Unidade e uniformidade 21 de janeiro

“A unidade é imperativa em Narcóticos Anônimos“.

Texto Básico, p. 68

Unidade não é uniformidade. A unidade vem do fato de que temos unidade de


propósito – recuperar-nos e ajudar outros a se manterem limpos. Mesmo assim,
freqüentemente, achamos que, enquanto nos empenhamos em realizar o mesmo
propósito, nossos meios e métodos podem ser radicalmente diferentes.
Não podemos impor nossas idéias de unidade aos outros ou confundir unidade
com uniformidade. Na realidade, a grande atração do Programa de NA é a ausência de
uniformidade. A unidade vem de nosso propósito comum, não de padrões impostos no
grupo por alguns membros bem intencionados. Um grupo em que a unidade vem dos
corações amorosos de seus membros permite a cada adicto levar a mensagem de um
modo pessoal.
Lidando uns com os outros em NA, algumas vezes discordamos verbalmente.
Precisamos lembrar que os detalhes de como conseguimos que as coisas sejam feitas
não são sempre importantes, contanto que o foco seja sempre mantido no propósito
primordial do grupo. Podemos observar membros que discordam enfaticamente sobre
assuntos triviais se unirem quando um recém-chegado procura ajuda. Alguém estava lá
para nos receber quando chegamos às salas de NA. Agora, é a nossa vez de estar lá
para receber os outros. Precisamos de unidade para mostrar ao recém-chegado que esta
maneira de viver funciona.

Só por hoje: Eu vou me empenhar para ser uma parte da unidade. Sei que unidade
não é o mesmo que uniformidade.
22 de janeiro O aprendizado da recuperação

“Este é um programa para aprender”.

Texto Básico, p. 17

Aprender em recuperação é trabalho árduo. As coisas que mais precisamos saber


são muitas vezes as mais difíceis de aprender. Estudamos recuperação para nos
preparar para as experiências que a vida nos oferecerá. Enquanto escutamos os outros
compartilhando nas reuniões, fazemos anotações mentalmente, para mais tarde poder
aplicá-las. Para nos preparar, estudamos nossas anotações e a literatura entre as lições.
Assim como estudantes têm a chance de aplicar seus conhecimentos durante as
provas, temos a oportunidade de aplicar nossa recuperação em tempos de crise.
Como sempre, temos a opção de como iremos encarar os desafios da vida.
Podemos ter horror a eles e evitá-los como se fossem ameaças à nossa serenidade ou
podemos, gratos, aceitá-los como oportunidade de crescimento. Confirmando os
princípios que aprendemos na recuperação, os desafios da vida nos aumentam a força.
No entanto, sem esses desafios, poderíamos esquecer o que aprendemos e começar a
estagnar. Essas são as oportunidades que estimulam novos despertares espirituais.
Veremos que, muitas vezes, existe um período de calmaria após cada crise, dando
tempo para nos acostumarmos às nossas novas habilidades. Logo que tenhamos
refletido sobre nossa experiência, somos chamados para partilhar nosso conhecimento
com alguém que está estudando o que acabamos de aprender. No aprendizado da
recuperação, todos somos tanto professores quanto estudantes.

Só por hoje: Eu serei um estudante de recuperação. Os desafios serão bem vindos,


estarei confiante com o que aprendi e desejoso de compartilhar com os outros.
Exame de serenidade 23 de janeiro

“A falta de manutenção diária pode


aparecer de várias maneiras “.

Texto Básico, p. 103

Já aconteceu algum desconhecido comentar que o tempo estava lindo e você


retrucar: “Ta um nojo?” Quando isto acontece, provavelmente estamos sofrendo de
falta da manutenção diária em nossa programação.
Em recuperação, a vida pode se tornar bastante agitada. Talvez aquelas
responsabilidades a mais no trabalho o deixaram inquieto. Talvez não venha
freqüentando as reuniões há algum tempo. Talvez esteja muito ocupado para meditar
ou não esteja se alimentando regularmente nem dormindo bem. Qualquer que seja a
razão, sua serenidade está escapulindo.
Quando isto acontece, é crucial que tomemos uma atitude. Não podemos
permitir que um “dia ruim” aliado a uma atitude negativa se estenda por dois dias,
quatro dias, ou uma semana. Nossa recuperação depende de nosso programa de
manutenção diária. Não importa o que esteja acontecendo em nossas vidas, não
podemos nos dar ao luxo de negligenciar os princípios que as salvaram.
Existem muitos meios de recuperar nossa serenidade. Podemos ir a uma
reunião, telefonar para nosso padrinho, almoçar com outro adicto em recuperação, ou
então tentar levar a mensagem a um recém-chegado. Podemos rezar. Podemos dar um
tempo e nos perguntar quais as cosias simples que não temos feito. Quando nossas
atitudes estão nos levando ladeira abaixo, podemos evitar um desastre com soluções
simples.

Só por hoje: Eu vou examinar a manutenção de meu programa de recuperação.


24 de janeiro Do isolamento à conexão

“Nossa doença nos isolava... Hostis, ressentidos, egocêntricos


e egoístas, nos isolávamos do mundo exterior ”.

Texto Básico, p. 4

A adicção é uma doença que leva ao isolamento, deixando-nos fora da sociedade,


família e do eu. Escondemo-nos. Mentimos. Caçoávamos das vidas que víamos os
outros viverem, certamente fora de nosso alcance. Pior de tudo, dizíamos a nós
mesmos que não havia nada de errado conosco, mesmo sabendo do que estávamos
desesperadamente doentes. Nossa conexão com o mundo e com a própria realidade
ficou difícil. Nossas vidas perderam o significado, e nos afastamos cada vez mais da
realidade.
O Programa de NA foi projetado especialmente para pessoas como nós. Ele nos
ajuda a reconectar com a vida que nos era destinada, tirando-nos de nosso isolamento.
Paramos de mentir a nós mesmos a respeito de nossa condição; admitimos nossa
impotência e descontrole de nossas vidas. Desenvolvemos fé em que nossas vidas
podem melhorar, a recuperação é possível e a felicidade não está permanentemente
além de nosso alcance. Tornamo-nos honestos; paramos de nos esconder; “mostramos
nossa cara e dizemos a verdade”, seja ela qual for. E, enquanto fazemos isso,
estabelecemos os laços que conectam nossas vidas individuais à vida maior a nosso
redor.
Nós, adictos, não precisamos viver isolados. Os Doze Passos podem restaurar
nossa conexão com a vida e com o viver – se os praticarmos.

Só por hoje: Eu sou parte da vida a meu redor. Praticarei meu programa para reforçar
minha conexão com meu mundo.
Um presente a mais 25 de janeiro

“Vemos isso acontecer, entre nós, todos os dias. Esta virada


milagrosa é a evidência de um despertar espiritual“.

Texto Básico, p. 55

Nós os observamos quando chegam para sua primeira reunião, derrotados, seus
espíritos partidos. É evidente seu sofrimento e, ainda mais aparente, seu desejo de ser
ajudado. Recebem uma ficha de boas-vindas e voltam a seus lugares, estremecidos
pelo esforço.
Nós os vemos novamente e eles parecem um pouco mais à vontade.
Encontraram um padrinho e freqüentam as reuniões todas as noites. Ainda não
encontram nosso olhar, mas balançam suas cabeças em sinal de reconhecimento,
enquanto partilhamos. Notamos uma centelha de esperança em seus olhos, e eles
sorriem sem muita certeza quando os encorajamos a continuar voltando.
Alguns meses mais tarde, eles se ergueram. Aprenderam a fazer contato com os
olhos. Estão trabalhando os passos com seus padrinhos e, como resultado, estão se
restabelecendo. Nós os ouvimos partilhando nas reuniões. Depois, arrumamos as
cadeiras com eles.
Alguns anos mais tarde, estão falando numa oficina de convenção. Eles têm
uma personalidade maravilhosa e bem humorada. Sorriem quando nos vêem, nos
abraçam e nos dizem que jamais teriam conseguido sem nós. E entendem quando
dizemos: “Também não conseguiríamos sem você”.

Só por hoje: Eu encontrarei alegria ao testemunhar a recuperação do outro.


26 de janeiro Egocentrismo

“A parte espiritual da nossa doença é o total egocentrismo”.

Texto Básico, p. 22

O que é egocentrismo? É a crença de que o mundo gira a nosso redor. Nossos


desejos, nossas exigências são as únicas que merecem consideração. Nossas mentes
egocêntricas acreditam ser capazes de conseguir tudo o que querem, simplesmente
lançando mão de seus próprios truques. O egocentrismo presume total auto-
suficiência.
Dizemos que o egocentrismo é a parte espiritual de nossa doença, porque uma
mente egocêntrica não pode conceber nada maior ou mais importante do que ela
própria. Mas existe uma solução espiritual para nossa doença espiritual: os Doze
Passos de Narcóticos Anônimos. Os passos nos afastam do egocentrismo, centrando-
nos em Deus.
Despimos nossa ilusão de auto-suficiência, admitindo nossa impotência e
buscando a ajuda de um Poder maior do que nós mesmos. Reconhecemos a falência de
nossa hipocrisia no admitir que erramos, fazendo reparações e buscando, no Deus de
nossa compreensão, o conhecimento do que é certo. Esvaziamos nosso exacerbado
senso de importância própria procurando servir aos outros, não apenas a nós mesmos.
O egocentrismo que aflige o espírito pose ser tratado com uma solução espiritual:
os Doze Passos.

Só por hoje: Minha orientação e minha força vêm de um Poder Superior, não de mim
mesmo. Praticarei os Doze Passos para me tornar mais centrado em Deus e menos
egocêntrico.
Aprendendo a viver de novo 27 de janeiro

“Aprendemos novas maneiras de viver. Não


estamos mais limitados às nossas velhas idéias”.

Texto Básico, p. 61

Talvez tenham nos ensinado, quando éramos crianças, a diferenciar o certo do


errado e outras coisas básicas da vida; talvez não. Não importa, quando entramos em
recuperação, a maioria de nós tinha apenas uma vaga idéia de como viver. Nosso
isolamento do resto da sociedade nos fez ignorar responsabilidades humanas básicas e
desenvolver aptidões bizarras de sobrevivência para lidar com o mundo em que
vivíamos.
Alguns de nós não sabíamos dizer a verdade; outros eram tão francos que
feriam a todos com quem falavam. Alguns de nós não conseguíamos lidar com o mais
simples dos problemas pessoais, enquanto outros tentavam resolver os problemas do
mundo inteiro. Alguns de nós nunca ficávamos zangados, mesmo recebendo
tratamento injusto; outros se dedicavam a elaborar reclamações contra tudo e contra
todos.
Quaisquer que sejam nossos problemas, não importa quão graves, todos temos
uma chance de aprender a viver de novo em Narcóticos Anônimos. Talvez precisemos
aprender a ser gentis e atenciosos com os outros. Talvez precisemos aceitar as
responsabilidades pessoais. Ou talvez precisemos superar o medo e nos arriscarmos.
Podemos estar certos de uma coisa: a cada dia, pelo simples fato de viver a vida,
aprenderemos algo novo.

Só por hoje: Eu sei mais sobre como viver do que sabia ontem, mas não tanto quanto
saberei amanhã. Hoje, aprenderei algo novo.
28 de janeiro Um adicto todos os dias

“Nunca poderemos nos recuperar completamente, não


importa há quanto tempo estejamos limpos”.

Texto Básico, p. 91

Após um pequeno tempo de permanência no programa, alguns de nós começam a


pensar que estão curados. Aprendemos tudo que NA tem a nos ensinar; ficamos
entediados com as reuniões; e o nosso padrinho continua a nos repetir o mesmo e
velho refrão: “Os passos – os passos – os passos!” Decidimos que é tempo de dar
continuidade a nossas vidas, parar com as reuniões e tentar recuperar os anos perdidos
com a adicção ativa.Fazemos isto, no entanto, colocando em perigo nossa recuperação.
Aqueles de nós que recaem, depois de tal episódio, quase sempre tentam
comparecer ao maior número de reuniões que puderem – alguns de nós vão a uma
reunião todos os dias, durante anos. Pode levar bastante tempo para compreender que
sempre seremos adictos. Podemos nos sentir bem por alguns dias e doentes em outros,
mas somos adictos todos os dias. A qualquer hora, estamos sujeitos à ilusão, negação,
racionalização, justificação, insanidade – todas as características típicas da maneira de
pensar do adicto. Se queremos continuar vivendo e desfrutando a vida sem drogas,
temos que praticar um programa ativo de recuperação a cada dia.

Só por hoje: Eu sou um adicto todos os dias, mas hoje posso escolher ser um adicto
em recuperação. Farei esta escolha, colocando em prática meu programa.
O Primeiro Passo – um passo de ação 29 de janeiro

“Compreendemos que não temos


nenhum controle sobre as drogas?“

Texto Básico, p. 20

A princípio muitos de nós pensaram que o Primeiro Passo não requeria ação –
bastava nos rendermos e ir para o Segundo Passo. Mas o Passo Um requer ação, sim!
A ação que tomamos no Primeiro Passo ficará evidente na maneira como
vivemos, desde nosso primeiro dia limpo. Se acreditarmos sinceramente que somos
impotentes perante nossa adicção, não escolheremos ficar perto de drogas. Continuar a
viver ou nos associarmos com adictos na ativa pode indicar uma restrição a nosso
programa. Uma crença absoluta em que o Primeiro Passo diz respeito a nós irá
assegurar que limpamos nossa casa de todas as drogas e objetos relacionados ao uso
delas.
Com o passar do tempo, não somente continuaremos com as ações básicas, mas
acrescentaremos novas ações a nosso repertório do Primeiro Passo. Aprenderemos a
sentir nossos sentimentos em vez de controlá-los. Deixaremos de tentar ser nossos
próprios e únicos guias em nossa jornada de recuperação; o apadrinhamento de si
mesmo cessará. Começaremos a procurar mais e mais satisfação espiritual em um
Poder maior do que nós em vez de tentar preencher aquele vazio com outra coisa
qualquer. Rendição é apenas o começo. Uma vez rendidos, precisaremos aprender a
viver na paz que encontramos.

Só por hoje: Eu realizarei todas as ações necessárias à prática do Primeiro Passo.


Acredito, sinceramente, que isso diz respeito a mim.
30 de janeiro Doando

“Temos que dar livremente e com gratidão o


que nos foi dado livremente e com gratidão”.

Texto Básico, p. 53

Em recuperação, recebemos muitas dádivas. Talvez uma das maiores dádivas seja
o despertar espiritual que começa quando paramos de usar, intensificando-se a cada
dia que aplicamos os passos em nossas vidas. A nova centelha de vida interior é o
resultado direto de nossa relação com um Poder Superior, uma relação começada e
desenvolvida com a vivencia dos Doze Passos. Lentamente, enquanto prosseguimos
com nosso programa, a luz da recuperação dissipa a escuridão de nossa doença.
Um dos meios de expressar nossa gratidão pelas dádivas da recuperação é ajudar
os outros a descobrirem o que nós achamos. Podemos fazer isso de inúmeras maneiras:
partilhando nas reuniões, respondendo a chamadas para o Décimo-Segundo Passo,
aceitando o compromisso de um apadrinhamento, ou sendo voluntário para H&I ou
serviços telefônico. A vida espiritual que nos é dada em recuperação, requer
expressão, porque “só dando podemos conservar o que temos”.

Só por hoje: A dádiva da recuperação cresce quando compartilho. Eu procurarei


alguém com quem partilhar.
Confiança 31 de janeiro

“Só por hoje terei fé em alguém de NA, que acredita


em mim e quer ajudar na minha recuperação“.

Texto Básico, p. 101


Aprender a confiar é uma proposta arriscada. Nossa experiência no passado


como adictos na ativa nos ensinou que nossas companhias não eram confiáveis. Acima
de tudo não podíamos confiar em nós mesmos. Agora que estamos em recuperação é
essencial. Precisamos de algo a que nos apegar, em que acreditar e que nos dê
esperança em nossa recuperação. Para alguns de nós a primeira coisa em que podemos
confiar são as palavras de outros membros partilhando nas reuniões; sentimos a
verdade de suas palavras.

Quando encontramos alguém em quem podemos confiar, fica mais fácil pedir
ajuda. Quando passamos a confiar em sua recuperação, aprendemos a confiar na nossa.

Só por hoje: Eu decidirei confiar em alguém. Agirei nesta confiança.


FEVEREIRO
Autopiedade ou recuperação –
a escolha é nossa 21 de fevereiro

“A autopiedade é um dos defeitos mais destrutivos;


ela nos esgotará toda a energia positiva”.

Texto Básico, p. 88

Na adicção ativa, muitos de nós usávamos a autopiedade como um mecanismo


de autosobrevivência. Não acreditávamos que havia uma alternativa para viver nossa
doença – ou talvez não quiséssemos acreditar. À medida que podíamos sentir pena de
nós mesmos e culpar mais alguém por nossos problemas, não tínhamos que aceitar as
conseqüências de nossas ações; acreditando que éramos impotentes para mudar, não
tínhamos que aceitar a necessidade de mudanças. Usando esse “mecanismo de
sobrevivência”, nos mantínhamos afastados da recuperação e nos entregávamos, dia a
dia, à autodestruição. Autopiedade é uma ferramenta de nossa doença; precisamos
parar de usar e aprender a usar outras ferramentas que encontramos no Programa de
NA.
Viemos a acreditar que a ajuda efetiva está disponível para nós, quando
procuramos ajuda e encontramos no Programa de NA; então a autopiedade é
substituída pela gratidão. Muitas ferramentas estão à nossa disposição: os Doze
Passos, o apoio de nosso padrinho, o companheirismo de outros adictos em
recuperação e a proteção de nosso Poder Superior. A disponibilidade dessas
ferramentas é razão mais do que suficiente para sermos gratos. Não vivemos mais
isolados, sem esperança; temos alguma ajuda a mão para podermos enfrentar qualquer
coisa. A forma mais segura de estar agradecido é aproveitar a ajuda disponível para
nós no Programa de NA e experimentar a melhora que a programação trará pára nossas
vidas.

Só por hoje: Eu serie grato pela esperança que NA me deu. Eu vou cultivar minha
recuperação e parar de cultivar minha autopiedade.
22 de fevereiro A vontade de Deus não a minha

“Continuamos fazendo o inventário pessoal e, quando


estávamos errados, nós o admitíamos prontamente”.

Passo Dez

Em Narcóticos Anônimos, descobrimos que, quanto mais vivemos em harmonia


com a vontade do Poder Superior em relação a nós, maior a harmonia em nossas vidas.
Utilizamos o Décimo Passo para nos ajudar a manter essa harmonia. Diariamente
dedicamos um tempo para observar nosso comportamento. Alguns de nós avaliam
cada ação com uma pergunta muito simples: “vontade de Deus ou a minha?”
Em muitos casos, descobrimos que nossas ações têm estado em sintonia com a
vontade de nosso Poder Superior em relação a nós, e por nossa vez temos estado em
sintonia com o mundo à nossa volta. Em alguns casos, entretanto, vamos descobrir
inconsistências entre nosso comportamento e nossos valores. Estivemos agindo de
acordo com nossa própria vontade, não com a de Deus, e o resultado tem sido
dissonância em nossas vidas.
Quando descobrimos tais inconsistências, admitimos que estávamos errados e
tomamos atitudes para corrigi-las. Com maior consciência daquilo que acreditamos ser
a vontade de Deus em relação a nós em tais situações, estamos menos propensos a
repetir essas ações. E estaremos mais aptos a viver em consonância com a vontade de
nosso Poder Superior em relação a nós e em relação ao mundo à nossa volta.

Só por hoje: Eu desejo viver em harmonia com meu mundo; Hoje, eu vou examinar
minhas ações, perguntando: “Vontade de Deus ou a minha?”
Mensagens e mensageiros 23 de fevereiro

“O anonimato é o alicerce espiritual de todas as nossas Tradições,


lembrando-nos sempre de colocar princípios acima de personalidades“.

Tradição Doze

A Décima-Segunda Tradição nos lembra da importância de colocar “princípios


acima de personalidades”. Nas reuniões de recuperação, isto pode ser parafraseado:
“Não atire no mensageiro”. Freqüentemente confundimos a mensagem com o
mensageiro e negamos o que alguém partilha numa reunião porque temos conflitos
pessoais com a pessoa que está falando.
Se estamos tendo problemas com o que determinada pessoa está
compartilhando nas reuniões, podemos procurar a orientação de nosso
padrinho/madrinha. Nosso padrinho pode ajudar a nos concentrarmos no que está
sendo dito em vez de em quem está dizendo. Nosso padrinho também pode ajudar-nos
a falar dos ressentimentos que talvez estejam nos impedindo de conhecer o valor da
experiência de recuperação de uma determinada pessoa. É surpreendente o que
podemos tirar das reuniões, quando aceitamos o que a Décima-Segunda Tradição
sugere, focalizando os princípios da recuperação, não as personalidades.

Só por hoje: Eu vou praticar o princípio do anonimato na reunião de NA de hoje. Eu


vou focalizar a mensagem de recuperação, não a personalidade do mensageiro.
24 de fevereiro Uma nova influência

“Na realidade precisávamos de uma mudança de


personalidade. Tornou-se necessária uma mudança
nos padrões de vida autodestrutivo”.

Texto Básico, p. 16

No começo da vida, a maioria de nós era capaz de ter alegria e contentamento, de


dar e receber amor incondicional. Quando começamos a usar, introduzimos uma
influência em nossas vidas que gradualmente nos afastou dessas coisas. Quanto mais
fundo no caminho da adicção ativa, mais nos afastamos da alegria, do contentamento e
do amor.
Aquela viagem não foi feita da noite para o dia. Por mais que tenha demorado,
chegamos às portas de NA com mais do que só um problema com drogas. A influência
da adicção ativa perverteu todo nosso padrão de vida além do reconhecível.
Os Doze Passos operam milagres, é verdade, mas poucos deles acontecem da noite
para o dia. Nossa doença lentamente influenciou nosso desenvolvimento espiritual
para o pior. A recuperação introduz uma nova influência em nossas vidas, uma fonte
de irmandade e uma força espiritual que lentamente nos impele para novos e saudáveis
padrões de vida.
Essa mudança é claro, não “acontece” simplesmente. Mas, se cooperarmos com a
nova influência que NA traz para nossas vidas, ao longo do tempo iremos
experimentar a mudança de personalidade que chamamos de recuperação. Os Doze
Passos nos proporcionam um programa com um certo tipo de cooperação necessária
para devolver alegria, contentamento e amor a nossas vidas.

Só por hoje: Eu cooperar com a nova influência da irmandade e força espiritual que
Na tem introduzido na minha vida. Eu vou trabalhar o próximo passo em minha
programação.
Doente como nossos segredos - 25 de Fevereiro

“Seria trágico escrever tudo e depois jogar numa gaveta.


Estes defeitos crescem no escuro e morrem à luz da exposição”.

Texto Básico, p. 34

Quantas vezes ouvimos dizer que estamos tão doentes quanto nossos segredos?
Enquanto muitos membros preferem não usar as reuniões parra compartilhar detalhes
íntimos de suas vidas, é importante que cada um descubra o que funciona melhor para
si mesmo. E aqueles comportamentos que trouxemos para a recuperação que, se
descobertos, nos causariam vergonha? Ao nos revelarmos, sentimo-nos confortáveis?
E revelarmo-nos para quem? Se ficarmos desconfortáveis compartilhando alguns
detalhes de nossas vidas em reuniões, para quem nos voltamos?
Descobrimos a resposta a essas perguntas no apadrinhamento. Embora uma
relação com o padrinho/madrinha leve tempo para ser construída, é importante que
venhamos a confiar em nosso padrinho/madrinha a ponto de sermos completamente
honestos. Nossos defeitos só têm poder enquanto estiverem escondidos. Se quisermos
ficar livres desses defeitos, precisamos revelá-los. Segredos só são até que os
compartilhemos com outro ser humano.

Só por hoje: Eu vou revelar meus segredos. Eu vou praticar a honestidade com meu
padrinho.
26 de Fevereiro -Remorso

“O Oitavo Passo oferece uma grande mudança numa


vida dominada pela culpa e pelo remorso”.

Texto Básico, p. 42

Remorso era um dos sentimentos que nos mantinha usando. Tropeçamos no


caminho durante a adicçao ativa, deixando um rastro de desgosto e devastação
dolorosa de imaginar. Nosso remorso era freqüentemente intensificado por nossa
percepção de que não poderíamos fazer nada sobre o prejuízo que causávamos; não
tinha jeito.
Removemos parte da força do remorso quando o encaramos de frente. Começamos
o Oitavo Passo fazendo realmente uma lista de todas as pessoas que prejudicamos.
Admitimos participação em nosso doloroso passado.
Mas o Oitavo Passo não nos pede a correção de todos os nossos enganos;
meramente pede que nos tornemos dispostos a fazer reparações a todas essas pessoas.
À medida que nos dispomos a reparar o prejuízo que causamos, reconhecemos nossa
disposição para mudar. Afirmamos o processo da recuperação.
Remorso não é mais instrumento que usamos para torturar-nos. Remorso tornou-se
ferramenta que podemos usar para nos perdoar.

Só por hoje: Eu vou usar quaisquer sentimentos de remorso que possa ter como um
trampolim para a recuperação através dos Doze Passos.
“Genuínos” motivos - 27 de fevereiro

“Examinamos as nossas ações, reações e motivos. Muitas vezes,


descobrimos que estamos nos saindo melhor do que temos sentido”.

Texto Básico, p. 46

Imagine um livro de meditação diária com esse tipo de mensagem: “Quando


você acorda pela manhã, antes de levantar-se da cama, tenha um momento de reflexão.
Deite-se de novo, reúna seus pensamentos e considere seus planos para hoje. Um por
um, reveja os motivos por trás desses planos. Se seus motivos não forem inteiramente
genuínos, vire-se e volte a dormir”. Absurdo não é?
Não importa quanto tempo temos estado limpos, quase todos nós temos motivos
confusos por trás de quase tudo que fazemos. Entretanto, isto não é um razão para
paralisar nossas vidas. Não temos que esperar que nossos motivos se tornem
perfeitamente genuínos antes de começar a vivê-los em recuperação.
À medida que a programação entra em nossas vidas, começamos a agir menos
freqüentemente baseado em nossos motivos questionáveis. Regularmente nos
examinamos e falamos com os nossos padrinhos/madrinhas sobre o que descobrimos.
Rogamos pelo conhecimento da vontade de nosso Poder Superior em relação a nós e
buscamos o poder de agir baseado no conhecimento que nos foi dado. O resultado?
Não nos tornamos perfeitos, mas nos tornamos melhores.
Começamos trabalhando um programa espiritual. Jamais nos tornaremos
gigantes espirituais. Mas, se olharmos realisticamente para nós mesmos,
provavelmente nos daremos conta de que estamos nos saindo melhor do que temos
sentido.

Só por hoje: Eu vou examinar-me realisticamente. Vou procurar o poder para agir
segundo meus melhores motivos, e não os piores.
28 de fevereiro - A maior dádiva

“A nossa fé recem-descoberta funciona como um


alicerce firme para termos coragem no futuro”.

Texto Básico, p. 104

Quando começamos a vir às reuniões, ouvimos outros adictos falando sobre as


dádivas que têm recebido como resultado da programação, coisas que antes nunca
consideramos como “dádivas”. Uma dessas “dádivas” é a renovada habilidade de
sentir emoções que estiveram amortecidas tanto tempo pelas drogas. Não é difícil
pensar em amor, alegria, e felicidade como “dádivas”, mesmo que há muito tempo não
os sentíssemos. Mas, e sentimentos “ruins” como raiva, tristeza, medo e solidão? Tais
emoções não podem ser vistas como “dádivas”, dizemos a nós mesmos. Afinal, como
podemos ser gratos por coisas das quais queremos fugir?
Podemos nos tornar gratos por essas emoções em nossas vidas se as colocamos na
perspectiva correta. Devemos nos lembrar que viemos a acreditar num Poder Superior
amoroso e que pedimos que esse Poder cuidasse de nós – e nosso Poder Superior não
comete erros. Nossos sentimentos “bons” ou “ruins” são dados por alguma razão. Com
isso em mente, viemos a compreender que não há sentimentos “ruins”, somente lições
a serem aprendida. Nossa fé e a proteção de nosso Poder Superior nos dão a coragem
que precisamos para encarar quaisquer sentimentos que possa surgir em nossas vidas.
Como ouvimos no começo da recuperação: “Seu Poder Superior não dará a você
mais do que possa lidar em um só dia”. E a capacidade para sentir nossas emoções é
uma das maiores dádivas da recuperação.

Só por hoje: Eu tentarei ser receptivo a meus sentimentos, firme na crença de que
tenho a coragem para encarar quaisquer emoções que surgir em minha vida.
Tudo - 29 de fevereiro

“A nossa doença foi detida e, agora, tudo é possível. As


nossas mentes vão se abrindo, cada vez mais, a novas
idéias em todas as áreas de nossas vidas”.
Texto Básico, p. 116

Para muitos de nós, nossos primeiros meses ou anos em NA são um tempo


maravilhoso. Estamos desejando experimentar qualquer coisa, e nossos olhos estão
constantemente abertos para novas alegrias e novos horizontes. Finalmente libertos da
adicção ativa, com nossa recuperação recente e fresca, tudo parece possível.
Limpos há algum tempo, entretanto, pode haver menos urgência para nosso
programa. Podemos não estar tão desejosos como antes, quando nos dispusemos a
utilizar as experiências de outros. Podemos ter encontrado alguns defeitos
aparentemente intratáveis em nosso caráter, cortando o ilimitado otimismo de nossa
recente recuperação. Sabemos demais para acreditar que tudo é possível.
Como restaurar o entusiasmo em nossa recuperação? Rezamos, compartilhamos
isso, e procuramos o entusiasmo que está faltando. Há membros – alguns há mais
tempo limpos que nós, alguns menos – que têm o entusiasmo que buscamos, e que
ficarão felizes em compartilhá-lo conosco se pedirmos. Para ganhar o benefício de
suas experiências, entretanto, devemos ter a mente aberta e nos tornarmos educáveis
novamente. Quando nos tornamos abertos para novas idéias e quisermos experimentá-
las, vamos descobrir que, mais uma vez, tudo parece possível.

Só por hoje: Há sempre mais a aprender e alguém de quem aprender em minha


recuperação. Hoje, eu estarei aberto para as novas idéias e desejoso de experimentá-
las. Enquanto estiver assim, eu sei que tudo é possível.
Adversidades 1º de fevereiro

“Nós nos sentíamos diferentes (...) Somente após a rendição,


começamos a superar a alienação da adicção”.

Texto Básico, p. 23

“Mas vocês não entendem!” – explodimos, tentando nos justificar. “Sou


diferente! É realmente muito difícil pra mim!” Usávamos estas frases repetidamente
em nossa adicção ativa, tentando fugir das conseqüências de nossas ações ou evitando
seguir as regras que valiam para todos os outros. Podemos ter gritado coisas desse tipo
em nossa primeira reunião. Podemos ter nos percebido choramingando essas frases
recentemente.
Tantos de nós se sentem diferentes ou únicos. Como adictos, podemos usar
praticamente qualquer coisa para nos alienar. Mas não há desculpa para deixar de
aproveitar a recuperação, nada pode nos tornar inadequados para o programa – nem
doença fatal nem pobreza, nada. Há milhares de adictos que encontram a recuperação
apesar das adversidades reais que enfrentaram. Através da prática do programa, sua
consciência espiritual cresceu, apesar ou talvez em função dessas adversidades.
Nossas particularidades e diferenças são irrelevantes quando se trata de
recuperação. Abrindo mão de nossas particularidades e nos rendendo a esta maneira
simples de viver, certamente percebemos que nos sentimos parte de alguma coisa. E
nos sentir parte de alguma coisa nos dá a força para caminhar pela vida, com
adversidades e tudo mais.

Só por hoje: Eu abrirei mão de minhas particularidades e seguirei os princípios de


recuperação que tenho em comum com tantos outros. Minhas adversidades não me
excluem da recuperação; elas me conduzem a ela.
2 de fevereiro Boa vontade

“A Boa Vontade é melhor exemplificada no serviço;


serviço é ‘Fazer a coisa certa pelo motivo certo’”.

Texto Básico, p. vii

A essência espiritual de nossa doença é o egocentrismo. Para lidar com outras


pessoas, nossa adicção só nos ensinou o egoísmo – queríamos o que queríamos e
quando queríamos. A obsessão por nós mesmos estava profundamente enraizada em
nossas vidas. Em recuperação, como desenraizamos a auto-obsessão?
Revertemos os efeitos de nossa doença aplicando alguns princípios espirituais
muito simples. Para agir contra o egocentrismo de nossa adicção, aprendemos a aplicar
o princípio da boa vontade. Em vez de procurar servir apenas a nós mesmos,
começamos a servir os outros. Em vez de pensar somente sobre o que podemos tirar de
uma situação, aprendemos a pensar primeiro no bem-estar dos outros. Quando nos
deparamos com uma escolha moral, aprendemos a parar, nos lembrar de princípios
espirituais e agir apropriadamente.
Ao começar a “fazer a coisa certa pelo motivo certo”, podemos detectar mudanças
em nós mesmos. Onde antes éramos regidos pela vontade própria, agora somos
guiados por nossa boa vontade para com os outros. O egocentrismo crônico da adicção
está perdendo seu poder sobre nós. Estamos aprendendo a “praticar estes princípios em
todas as nossas atividades”; estamos vivendo nossa recuperação, não nossa doença.

Só por hoje: Onde quer que eu esteja, o que quer que eu faça, vou procurar servir os
outros, não apenas a mim mesmo. Quando me deparar com um dilema, tentarei fazer a
coisa certa pelo motivo certo.
Nós precisamos uns dos outros 3 de fevereiro

“Qualquer pessoa pode juntar-se a nós, independente da idade,


raça, identidade sexual, crença, religião ou falta de religião”.

Texto Básico, p. 10

A adicção fechou nossas mentes para qualquer coisa nova ou diferente.


Pensávamos não precisar de qualquer pessoa ou de qualquer coisa. Nenhuma pessoa
de um grupo diferente, com origem racial ou étnica diferente, de classe social ou
econômica diferente, despertava nosso interesse. Podemos até ter pensado que, se
fosse diferente, era ruim.
Em recuperação não podemos manter tais atitudes. Viemos para NA porque
nossas melhores idéias não nos levaram a lugar algum. Se esperamos crescer em nossa
recuperação, devemos abrir nossas mentes para experiências que funcionam, não
importa de onde venham.
Independente de nossas origens, em NA todos temos duas coisas em comum
que não compartilhamos com mais ninguém: nossa doença e nossa recuperação.
Dependemos uns dos outros para compartilhar nossas experiências – e quando mais
ampla essa experiência, melhor. Precisamos de cada detalhe de experiência, de cada
ângulo diferente do nosso programa que possamos encontrar para enfrentar os desafios
de viver limpos.
Recuperação geralmente não é fácil. A força que precisamos para nos recuperar
é obtida com os nossos companheiros de NA. Hoje somos gratos pela variedade dos
membros de nossos grupos, e é nessa variedade que encontramos nossa força.

Só por hoje: Eu sei que, quanto mais variada for a experiência de meu grupo,
melhores condições terá meu grupo de oferecer-me apoio nas diferentes circunstâncias
com as quais me deparo. Hoje darei boas-vindas a adictos de todas as origens em meu
grupo de escolha.
4 de fevereiro Sentir-se bem não é a questão

“Para nós, a recuperação é mais do que apenas prazer”.

Texto Básico, p. 47

Em nossa adicção ativa, a maioria de nós sabia exatamente como iríamos nos
sentir de um dia para o outro. Tudo o que tínhamos que fazer era ler o rótulo de uma
garrafa ou saber o que havia na bolsa. Planejávamos nossos sentimentos e nossa meta
para nos sentir bem em cada dia.
Em recuperação estamos sujeitos a sentir qualquer coisa de um dia para o outro,
ou mesmo e um minuto para o outro. Podemos nos sentir energizados e felizes pela
manhã, então estranhamente nos desapontamos e ficamos tristes à tarde. Porque a cada
manhã nós não mais planejamos nossos sentimentos para o dia, podemos terminar
tendo sentimentos que são de certa forma inconvenientes, como sentirmo-nos cansados
pela manhã e bem despertos na hora de dormir.
É claro que há sempre a possibilidade de nos sentirmos bem, mas essa não é a
questão. Hoje, nossa maior preocupação não é nos sentirmos bem, mas aprender a
compreender e lidar com nossos sentimentos, não importando quais sejam. Fazemos
isso trabalhando os passos e compartilhando nossos sentimentos com outros.

Só por hoje: Eu aceitarei meus sentimentos, sejam eles quais forem, exatamente como
são. Praticarei o programa e aprenderei a viver com meus sentimentos.
Continue voltando! 5 de fevereiro

“Somos gratos por termos sido tão bem recebidos nas


reuniões, a ponto de nos sentirmos à vontade”.

Texto Básico, p. 90

Lembra como tínhamos medo quando entramos pela primeira vez numa reunião
de NA? Mesmo que tenhamos ido com um amigo, a maioria de nós se lembra como
foi difícil assistir àquela reunião. O que foi que nos levou a voltar? A maioria de nós
recorda com gratidão as boas-vindas que recebemos e como isto nos deixou à vontade.
Quando levantamos a mão como recém-chegados, abrimos a porta para outros
membros se aproximarem e nos receberem.
Às vezes, a diferença entre aqueles adictos que saem de sua primeira reunião
para nunca mais voltar a NA e os adictos que ficam para procurar recuperação, é um
simples abraço de um membro de NA. Quando já estamos limpos a algum tempo, é
fácil nos afastarmos daquela procissão de recém-chegados... Afinal de contas, já vimos
tantas pessoas indo e vindo. Mas membros limpos há algum tempo podem fazer a
diferença entre o adicto que não volta e o adicto que continua voltando. Ao oferecer
nosso número de telefone, um abraço ou simplesmente um “bem-vindo” caloroso,
estendemos a mão de NA ao adicto que ainda sofre.

Só por hoje: Eu me lembro das boas-vindas que recebi quando cheguei pela primeira
vez a NA. Hoje expressarei minha gratidão oferecendo um abraço para um recém-
chegado.
6 de fevereiro Eu não posso – nós podemos

“Tínhamos nos convencidos de que podíamos resolver tudo sozinhos e


continuamos vivendo desse jeito. Os resultados foram desastrosos e, por fim,
cada um de nós teve que admitir que a auto-suficiência era uma mentira”.

Texto Básico, p. 68

“Eu não posso, mas nós podemos”. Esta simples mas profunda verdade aplica-se
inicialmente para nossa primeira necessidade como membros de NA: juntos, podemos
ficar limpos, mas quando nos isolamos, estamos em má companhia. Para nos
recuperarmos precisamos do apoio de outros adictos.
A auto-suficiência não dificulta apenas nossa habilidade em ficar limpo. Com ou
sem drogas, viver com vontade egocêntrica inevitavelmente conduz ao desastre.
Dependemos de outras pessoas para tudo, desde bens e serviços até amor e
companheirismo, e a vontade egocêntrica nos coloca em constante conflito com essas
mesmas pessoas. Para viver uma vida plena, precisamos de harmonia com os outros.
Não dependemos apenas de adictos e de outras pessoas de nossa comunidade.
Poder não é um atributo humano, contudo precisamos dele para viver. Encontramos
isto em um Poder maior do que nós mesmos, o qual nos proporciona a orientação e a
força que nos falta. Quando temos a pretensão de ser auto-suficiente, nos isolamos de
uma fonte de poder que é suficiente para guiar-nos efetivamente através da vida: nosso
Poder Superior.
Auto-suficiência não funciona. Precisamos de outros adictos, precisamos de outras
pessoas e, para viver plenamente, precisamos de um Poder maior que nós mesmos.

Só por hoje: Eu procurarei o apoio de outros adictos em recuperação, harmonia com


os outros na minha comunidade e a proteção de meu Poder Superior. Eu não posso,
mas nós podemos.
Isto não é um teste 7 de fevereiro

“(...) e encontramos um Deus amoroso e


pessoal a quem podemos recorrer”.
Texto Básico, p. 29

Alguns de nós vêm para a recuperação com a impressão de que as dificuldades


da vida são uma série de testes cósmicos designados a nos ensinar alguma coisa. Essa
crença é prontamente evidenciada quando alguma coisa traumática acontece e nós
lamentamos: “Meu Poder Superior está me testando!” Estamos convencidos de que é u
teste para nossa recuperação quando alguém nos oferece drogas, ou um teste para
nosso caráter quando confrontados com uma situação onde poderíamos fazer algo
inescrupuloso sem sermos apanhados. Podemos também pensar que é um teste para
nossa fé quando vivemos uma grande dor durante uma tragédia em nossas vidas.
Mas um Poder Superior amoroso não testa nossa recuperação, nosso caráter ou
nossa fé. A vida apenas acontece e algumas vezes machuca. Muitos de nós perdemos
amor sem ter culpa. Alguns de nós perdemos todos os nossos bens materiais. Outros
até mesmo sofreram a perda de seus próprios filhos. Às vezes, a vida pode ser
terrivelmente dolorosa, mas a dor não é imposta por nosso Poder Superior. Ao
contrário, esse Poder está constantemente a nosso lado, pronto para amparar-nos se
não pudermos caminhar por nós mesmos. Não há mal que a vida possa nos fazer que o
Deus de nossa compreensão não possa sanar.

Só por hoje: Eu terei fé em que à vontade de meu Poder Superior para mim é boa, e
que sou amado. Eu procurarei a ajuda de meu Poder Superior nos momentos de
necessidade.
8 de fevereiro O que é um padrinho?

“(...) sabemos que podemos contar com nosso padrinho nesses momentos,
mas é nossa a responsabilidade de entrar em contato com ele”.

IP Nº 11, “Apadrinhamento”

O que é um padrinho? Você sabe: aquela pessoa agradável com quem você tomou
café depois da primeira reunião. Aquela alma generosa que fica compartilhando a
experiência de recuperação sem cobrar nada. Aquele que fica surpreendendo você com
a chocante intuição a respeito de seus defeitos de caráter. Aquele que fica lembrando
você de acabar seu Quarto Passo e ouve o seu Quinto Passo e não conta pra ninguém
como você é esquisito.
É bastante fácil contar com tudo isso, uma vez que estamos acostumados com
alguém disponível para nós. Podemos nos descontrolar por um tempo e dizer a nós
mesmos: “Mais tarde eu procuro meu padrinho/madrinha, mas agora eu tenho que
limpar minha casa, ir às compras, perseguir aquilo que me atrai...” E assim, acabamos
com problemas, imaginando onde foi que erramos.
Nosso padrinho/madrinha não pode ler pensamentos. Depende de nós ir atrás e
pedir ajuda. Se precisarmos de ajuda com os passos, de uma checagem da realidade
para ajudar-nos a colocar em ordem nosso pensamento oprimido, ou de um simples
amigo, é nossa a responsabilidade de fazer o pedido. Padrinhos são calorosos, sábios,
pessoas maravilhosas, e suas experiências com recuperação são nossas – tudo o que
temos a fazer é pedir.

Só por hoje: Eu sou grato pelo tempo, pelo amor e pela experiência que meu padrinho
tem compartilhado comigo. Hoje, eu procurarei meu padrinho.
Auto-aceitação 9 de fevereiro

“Quando nos aceitamos, podemos aceitar os outros em nossas vidas,


incondicionalmente, provavelmente pela primeira vez”.

IP Nº 19 “Auto-aceitação”

Desde nossas primeiras recordações, muito de nós nunca se sentiram


pertencendo. Não importava o tamanho da aglomeração, sempre nos sentíamos à parte
da multidão. Para nós era difícil “encaixar-nos”. No fundo, acreditávamos que, se
realmente deixássemos os outros conhecer-nos, eles nos rejeitariam. Talvez nossa
adicção tenha começado a germinar nesse clima de egocentrismo.
Muitos de nós esconderam a dor de nossa alienação com uma atitude de desafio.
De fato, dissemos para o mundo: “Vocês não precisam de mim? Bem, eu também não
preciso de vocês. Eu tenho minhas drogas e posso tomar conta de mim mesmo!”
Quanto mais nossa adicção progredia, mais altas eram as paredes que construímos a
nosso redor.
Essas paredes começam a cair à medida que encontramos aceitação dos outros
adictos em recuperação. Com esta aceitação dos outros começamos a aprender o
importante princípio da Auto-aceitação. E quando começamos a aceitar a nós mesmos,
podemos permitir que outros tomem parte de nossas vidas sem medo da rejeição.

Só por hoje: Eu sou aceito em NA; eu me “encaixo”. Hoje, é seguro começar a deixar
que os outros entrem em minha vida.
10 de fevereiro Diversão!

“Em recuperação, nossas noções de diversão se modificam”.

Texto Básico, p. 116

Fazendo uma retrospectiva, muitos de nós percebemos que, quando usávamos,


nossas idéias de diversão eram bastante extravagantes. Algum de nós podia se vestir e
ir para um clube local. Podíamos dançar, beber e usar outras drogas até o dia
amanhecer. Em mais de uma ocasião, ocorreram tiroteios. O que então chamávamos
de diversão agora chamamos de insanidade.
Hoje nossa noção de diversão mudou. Diversão para nós hoje é caminhar à beira
do mar, observando a brincadeira dos golfinhos enquanto o sol se põe atrás deles.
Diversão é ir a algum piquenique do NA ou assistir a uma comédia em uma convenção
do NA. Diversão é se vestir bem para ir a uma festa e não se preocupar com nenhum
tiroteio, nem com quem fez o quê para quem.
Através da benção do Poder Superior e da Irmandade de Narcóticos Anônimos,
nossas idéias de diversão mudaram radicalmente. Hoje quando estamos acordados para
ver o nascer do sol é freqüentemente porque fomos cedo para cama na noite anterior,
não porque saímos do baile às 6 da manhã, com os olhos turvos de uma noite de uso de
drogas. E se isso fosse tudo que recebemos de Narcóticos Anônimos, já seria o
suficiente.

Só por hoje: Eu terei diversão em minha recuperação!


De uma maldição a uma bênção 11 de fevereiro

“Nós nos tornamos muito gratos ao longo de


nossa recuperação... Temos uma doença,
mas nós nos recuperamos”.

Texto Básico, p. 8

A adicção ativa não foi um piquenique; muitos de nós raramente saímos dela
vivos. Mas vociferando contra a doença, lamentando o que ela nos fez, tendo pena de
nós mesmos pela condição em que ela nos deixou – essas coisas só podem nos manter
presos ao estado de espírito de amargura e ressentimento. O caminho para a liberdade
e o crescimento espiritual começa quando a amargura acaba, com aceitação.
Não há como negar o sofrimento trazido pela adicção. Entretanto, foi a adicção
que nos trouxe para Narcóticos Anônimos; sem ela, nós nem ao menos teríamos
procurado e encontrado a bênção da recuperação. O isolamento nos forçou a procurar
o companheirismo. Ao nos causar sofrimento, adquirimos a experiência necessária
para ajudar os outros, e ajudar o outro era nossa única possibilidade. Ao quebrar nosso
orgulho, a adicção nos deu a oportunidade de nos rendermos aos cuidados de um
Poder Superior amoroso.
Não desejaríamos a doença da adicção para ninguém. Mas o que permanece é
que nós, adictos, continuamos com essa doença – e, além disso, sem essa doença
talvez nunca tivéssemos embarcado nessa nossa jornada espiritual. Milhares de
pessoas procuram a vida toda pelo que achamos em Narcóticos Anônimos:
companheirismo, propósito de vida e contato consciente com o Poder Superior. Hoje
somos gratos por tudo que nos trouxe essa bênção.

Só por hoje: Eu aceitarei minha doença como um fato e procurarei a bênção de minha
recuperação.
12 de fevereiro Vivendo o momento

“Lamentávamos o passado, temíamos o futuro e não


sentíamos grande entusiasmo pelo presente”.

Texto Básico, p. 8

Até experimentarmos a melhora que acontece quando trabalhamos os Doze Passos,


sem dúvida não poderíamos encontrar uma situação tão verdadeira quanto a citada
acima. A maioria de nós chegou a NA de cabeça baixa, com vergonha, pensando no
passado e desejando voltar atrás e mudá-lo. Nossas fantasias e expectativas sobre o
futuro podem ser tão extremas que, em nosso primeiro encontro amoroso com alguém,
já estamos pensando no advogado que vamos contratar para o divórcio. Quase todas as
nossas experiências nos levam a lembrar o passado ou começam a projetar o futuro.
No começo é difícil viver o momento. Parece impossível que nossas mentes
possam parar. Temos dificuldade em divertir-n. A cada momento percebemos que
nossos pensamentos não estão focalizados no que está acontecendo agora. Podemos
orar e pedir a um Deus amoroso que nos ajude a sair de nós mesmos. Se lamentamos o
passado, fazemos reparações vivendo diferentemente hoje: se tememos o futuro,
trabalhamos para viver responsavelmente hoje.
Quando trabalhamos os passos e rezamos cada vez que descobrimos que não
estamos vivendo o presente, vamos notar que esses momentos não estão ocorrendo tão
freqüentemente como costumavam acontecer. Nossa fé vai nos ajudar a viver só por
hoje. Teremos horas, até mesmo dias, quando nossa total atenção estará focalizada no
momento presente, não no passado que lamentávamos ou no futuro que temíamos.

Só por hoje: Quando eu vivo plenamente cada momento, eu me abro para as alegrias
que, de outra maneira, poderiam me escapar. Se eu estou tendo problemas, eu vou
pedir ajuda a um Deus amoroso.
Os laços que nos unem 13 de fevereiro

“Tudo estará bem enquanto os laços que nos unem


forem mais fortes do que os que nos afastariam”.

Texto Básico, p. 65

Muitos de nós sentiram que sem NA certamente teríamos morrido de nossa


doença. Por isso sua existência é nossa única salvação. Entretanto, a desunião é um
fato comum da vida em Narcóticos Anônimos; devemos aprender a responder de uma
maneira construtiva às influências destrutivas que ocasionalmente surgem em nossa
irmandade. Se decidirmos ser partes da solução em vez do problema, estaremos indo
na direção certa.
Nossa recuperação individual e o crescimento de NA estão condicionados à
manutenção de uma atmosfera de recuperação em nossas reuniões. Estamos dispostos
a ajudar nosso grupo a lidar construtivamente com o conflito? Enquanto membros nos
esforçamos para trabalhar nossas dificuldades abertamente, honestamente e com
justiça? Colocamos o bem-estar comum de todos os nossos membros acima de nossos
próprios interesses? E, enquanto servidores de confiança, consideramos o efeito que
nossas ações podem causar aos recém-chegados?
O serviço pode trazer a tona o melhor e o pior de nós. Mas, durante o serviço, é
freqüente começarmos a entrar em contato com alguns de nossos mais prementes
defeitos de caráter. Recuamos diante dos compromissos de serviço antes de encarar o
que poderíamos descobrir sobre nós mesmos? Se temos em mente a força dos laços
que nos mantém juntos – nossa recuperação da adicção ativa – tudo irá bem.

Só por hoje: Eu vou me esforçar para ser útil para nossa irmandade. Serei destemido
para descobrir que eu sou.
14 de fevereiro Honestidade e espiritualidade

“O direito a um Deus, da maneira que você compreende, é total e


irrestrito. Por termos este direito, precisamos ser honestos a respeito
da nossa crença, se quisermos crescer espiritualmente”.

Texto Básico, p. 27

Nas reuniões, tomando um cafezinho, em conversa com nossos


padrinhos/madrinhas, ouvimos nossos amigos de NA falando sobre a maneira como
eles compreendem o Poder Superior. Seria mais fácil “ir com a maré”, adotando a
crença de alguém. Da mesma forma que ninguém mais pode se recuperar por nós, a
espiritualidade de alguém também não pode substituir nossa própria. Devemos
honestamente procurar uma compreensão de Deus que realmente funcione para nós.
Muitos de nós começam essa busca com prece e meditação. E continuam com suas
experiências em recuperação. Houve momentos em que nos foi dada uma força além
da nossa para encarar os desafios da vida? Quando procuramos silenciosamente por
orientação nos momentos problemáticos, nós a encontramos? Que tipo de Poder
acreditamos que nos guia e nos dá força? Que tipo de Poder procuramos? Com as
respostas a estas perguntas, vamos compreender suficientemente bem nosso Poder
Superior para nos sentirmos seguros e confiantes, ao pedir-Lhe que cuide de nossas
vontades e de nossas vidas.
Uma compreensão emprestada de Deus pode dar um empurrãozinho. Com o
decorrer do tempo, precisamos chegar a nossa própria compreensão de um Poder
Superior, porque é esse Poder que cuidará de nós através da recuperação.

Só por hoje: Eu procuro um Poder superior a mim mesmo que possa me ajudar a
crescer espiritualmente. Hoje vou examinar minhas crenças com honestidade e chegar
a minha própria compreensão de Deus.
Um despertar espiritual 15 de fevereiro

“A última coisa que esperávamos era um despertar espiritual”.

Texto Básico, p. 53

Poucos de nós vieram à primeira reunião de Narcóticos Anônimos ansiosos por


fazer um inventário pessoal ou acreditando que existia um vazio espiritual em suas
almas. Não suspeitávamos que estávamos prestes a embarcar numa viagem que iria
desertar nossos espíritos adormecidos.
Como um despertador barulhento, o Primeiro Passo nos traz para a
semiconsciência – embora neste ponto possamos não ter certeza se queremos levantar
da cama ou dormir por mais cinco minutos. Uma sacudida carinhosa em nossos
ombros, ao aplicar o Segundo Passo e o Terceiro Passos, nos faz levantar, espreguiçar
e bocejar. Precisamos limpar o sono de nossos olhos para escrever o /quarto Passo e
partilhar o Quinto. Mas, ao trabalhar o Sexto, Sétimo, Oitavo e Nono Passos,
começamos a notar um impulso em nosso andar e um sorriso em nossos lábios. Nossas
almas cantam np chuveiro ao fazermos o Décimo e Décimo-Primeiro Passos. E então
praticamos o Décimo-Segundo, saindo de casa em busca de outros para despertar.
Não temos que passar o resto de nossas vidas em um coma espiritual. Podemos
não gostar de levantar pela manhã, mas, uma vez fora da cama, quase sempre estamos
felizes por tê-lo feito.

Só por hoje: Para despertar minha alma adormecida, eu usarei os Doze Passos.
16 de fevereiro Sentimento de fé

“Quando nos recusamos a aceitar a realidade do hoje, estamos negando


nossa fé em nosso Poder Superior. Isto só pode trazer mais sofrimento”.

IP Nº 8, “Só por hoje”

Alguns dias simplesmente não são de maneira que desejávamos que fossem.
Nossos problemas podem ser tão simples quanto um cordão de sapato arrebentado ou
uma fila de supermercado. Ou podermos vivenciar algo muito mais sério. Como a
perda de um emprego, de um lar ou de uma pessoa amada. De qualquer forma,
freqüentemente acabamos procurando uma maneira de evitar nossos sentimentos, em
vez de simplesmente admitir que aqueles sentimentos são dolorosos.
Ninguém nos promete que tudo será de nossa maneira quando paramos de usar. O
fato é que podemos ter certeza de que a vida vai seguir seu curso, estejamos usando ou
não. Vamos encarar dias bons e dias ruins, sentimentos confortáveis e sentimentos
dolorosos. Mas não precisamos mais fugir de nenhum deles.
Podemos sentir dor, mágoa, tristeza, raiva, frustração – todos esses sentimentos
que evitávamos com drogas. Descobrimos que podemos passar por essas emoções
limpos. Não vamos morrer e o mundo não vai acabar só porque temos sentimentos
desagradáveis. Aprendemos a confiar que podemos sobreviver ao que cada dia nos
traz.

Só por hoje: Eu demonstrarei minha confiança em Deus vivenciando este dia


exatamente como ele é.
Levando a mensagem, não o adicto 17 de fevereiro

“Pode ser analisado, aconselhado, persuadido, pode se rezar por ele, pode ser
amarrado, surrado ou trancado, mas não irá parar até que queira parar “.

Texto Básico, p. 70

Talvez uma das verdades mais difíceis de encarar em nossa recuperação seja:
somos tão impotentes perante a adicção do outro, quanto somo em relação à nossa.
Podemos pensar que por termos tido um despertar espiritual em nossas vidas,
deveríamos ser capazes de persuadir o outro adicto a encontrar recuperação. Mas há
limites Mas há limites no que podemos fazer para ajudar outro adicto.
Não podemos forçá-lo a parar de usar. Não podemos dar-lhe o resultado dos
passos ou crescer por ele. Não podemos tirar-lhe sua solidão nem sua dor. Não há nada
que possamos dizer para convencer um adito amedontrado a trocar a miséria conhecida
da adicção pela assustadora incerteza da recuperação. Não podemos entrar na pele de
outra pessoa, mudar seus objetivos ou decidir o que é melhor para ela.
Entretanto, se nos recusamos a exercer este poder sobre a adicção dos outros,
podemos ajudá-los. Eles podem crescer se permitirmos que encarem a realidade, não
importa quanto ela possa ser dolorosa. Eles podem se tornar mais produtivos, à sua
própria maneira, desde que não tentemos fazer por eles. Eles podem se tornar
autoridades em suas próprias vidas, já que somos autoridades apenas em nossas
próprias. Se aceitarmos tudo isso, poderemos fazer o que se deve – levar a mensagem,
não o adicto.

Só por hoje: Eu aceitarei que sou impotente não somente perante minha própria
adicção, mas também perante a de qualquer outra pessoa. Levarei a mensagem, não o
adicto.
18 de fevereiro A parceria da recuperação

“Desde que eu vá com calma e tenha um compromisso com meu


Poder Superior de fazer o melhor que posso, sei que hoje serei cuidado”.

Basic Text, p. 120*

Muitos de nós sentiram que nosso compromisso fundamental em recuperação é


com nosso Poder Superior. Sabendo que nos falta o poder para ficar limpo e encontrar
a recuperação por nós mesmos, entramos numa parceria com um Poder maior do que
nós, assumimos um compromisso de viver aos cuidados de nosso Poder Superior e, em
troca, nosso Poder Superior nos guia.
Esta parceira é vital para ficarmos limpos. Conseguir atravessar os primeiros dias
de recuperação freqüentemente parece ser a coisa mais difícil que jamais fizemos. Mas
a força de nosso compromisso com a recuperação e do poder de proteção de Deus é
suficiente para nos conduzir, só por hoje.
Nossa parte nesta parceira é fazer o melhor que pudermos a cada dia, revelando-
nos para a vida e fazendo o que é posto à nossa frente, aplicando os princípios de
recuperação de acordo com nossa capacidade. Prometemos dar o melhor de nós – sem
falsidade, sem fingirmos ser super-humanos, mas simplesmente fazendo o trabalho
básico da recuperação. Cumprindo nossa parte nesta parceria de recuperação,
experimentamos a proteção que nosso Poder Superior nos tem dado.

Só por hoje: Eu honrarei meu compromisso de parceria com meu Poder Superior.

*N.T.: Esta página refere-se ao Livro 2 do Texto Básico em inglês.


Reservas 19 de fevereiro

“A recaída nunca é acidental. A recaída é um sinal de


que temos reservas para com o nosso programa“.

Texto Básico, p. 68

Uma reserva é algo que colocamos de lado para uso futuro. Em nosso caso, uma
reserva é a expectativa que, se isso ou aquilo acontecer, certamente recairemos. Que
acontecimento esperamos que seja doloroso demais para suportar? Talvez pensemos
que se, um esposo ou amante nos deixar, teremos que ficar alterados. Se perdermos
nosso emprego, pensamos que certamente vamos usar. Ou talvez a morte de uma
pessoa amada seja insuportável. Em qualquer caso, as reservas em que nos refugiamos
nos dão permissão para usar quando se efetivam – o que freqüentemente acontece.
Podemos estar preparados para o êxito em vez de recaída, examinando nossas
expectativas e alterando-as quando pudermos. A maioria de nós carrega consigo um
catálogo de sofrimentos antecipados intimamente relacionados a nossos medos.
Podemos aprender a como sobreviver à dor observando como outros membros
superam dores semelhantes. Podemos aplicar suas lições para nossas próprias
expectativas. Em vez de ficar dizendo a nós mesmos que teremos que ficar alterados se
aquilo acontecer, calmamente reafirmaremos que também podemos ficar limpos, não
importando o que a vida possa nos trazer hoje.

Só por hoje: Eu verificarei se tenho alguma reserva que possa colocar em risco minha
recuperação e vou compartilhá-la com outro adicto.
Impotência e
20 de fevereiro responsabilidade pessoal

“Através da nossa inabilidade de aceitar responsabilidades pessoais,


estávamos realmente criando nossos próprios problemas”

Texto Básico, p. 14

Quando recusamos assumir responsabilidades em nossas vidas, abrimos mão de


todo o nosso poder pessoal. Precisamos lembrar que somos impotentes perante nossa
adicção, não sobre nosso comportamento pessoal.
Muitos de nós temos usado erroneamente o conceito de impotência para evitar
tomar decisões ou para se apegar às coisas do passado. Alegamos impotência perante
nossas próprias ações. Culpamos os outros pelas circunstâncias em vez de tomar
atitudes positivas para mudar tais circunstâncias. Se continuarmos a evitar
responsabilidades alegando que somos “impotentes”, estabeleceremos para nós o
mesmo desespero e miséria que experimentamos em nossa adicção ativa. Realmente,
temos o potencial de passar vários anos de nossa recuperação nos sentindo como
vítimas.
Em vez de viver nos omitindo, podemos aprender a fazer escolhas responsáveis e a
correr riscos. Podemos cometer erros, ma podemos aprender com nossos erros. Um
elevado conhecimento de nós mesmos e uma crescente boa vontade para aceitar
responsabilidades próprias nos dão liberdade para mudar, fazer escolhas e crescer.

Só por hoje: Meus sentimentos, ações e escolhas são meus. Eu vou aceitar
responsabilidades por eles.
MARÇO
Ataque de ansiedade! - 1º de março

“(...) o Poder que nos trouxe para este programa ainda está
conosco, e continuará nos guiando se O deixarmos”.

Texto Básico, p. 29

Você já teve um ataque de pânico? De todos os lados, as exigências da vida nos


oprimem. Ficamos paralisados e não sabemos o que fazer. Como interrompemos um
ataque de ansiedade?
Primeiro nós paramos. Não podemos lidar com tudo de uma só vez, então
paramos por um momento para deixar as coisas se assentarem. Fazemos um “pronto
inventário” das coisas que estão nos incomodando. Examinamos cada item, nos
fazendo essa pergunta: “Qual a importância disso realmente?” Na maioria dos casos,
descobrimos que a maior parte de nossos medos e preocupações não precisam de nossa
atenção imediata. Podemos colocá-los de lado, focalizando as questões que realmente
precisam ser resolvidas imediatamente.
Então paramos novamente e nos perguntamos: “Quem está no controle aqui,
afinal?” Isso nos ajuda a lembrar que nosso Poder Superior está no controle.
Procuramos a vontade de nosso Poder Superior a respeito dessa situação, seja ela qual
for. Podemos fazer isso de inúmeras maneiras: através da prece, conversando com
nossos padrinhos ou amigos de NA, assistindo a uma reunião e pedindo aos outros
para compartilhar suas experiências. Quando à vontade de nosso Poder Superior
tornar-se clara para nós, rezamos pela habilidade de realizá-la. Finalmente, tomamos
uma atitude.
Ataques de ansiedade não precisam nos paralisar. Podemos utilizar os recursos
da Programação de NA para lidar com qualquer coisa que surja em nosso caminho.

Só por hoje: Meu Poder Superior não me trouxe até este ponto da recuperação
somente para me abandonar! Quando a ansiedade atacar, darei os passos específicos
para procurar o cuidado e a orientação contínuos de Deus.
2 de março - Sucesso

“Qualquer forma de sucesso era estranha e assustadora”.

Texto Básico, p. 16

Antes de chegar em NA, poucos de nós tiveram muita experiência com o sucesso.
Cada tentativa de parar de usar por nós mesmos acabou em fracasso. Tínhamos
começado a abrir mão da esperança de encontrar qualquer alívio da adicção ativa.
Estávamos acostumados ao fracasso, esperando por ele, aceitando-o e pensando que
ele fazia parte de nossa estrutura.
Quando ficamos limpos, começamos a experimentar o sucesso em nossas vidas.
Começamos a nos orgulhar de nossas realizações. Começamos a correr riscos
saudáveis. Podemos ter alguns contratempos neste processo, mas mesmo estes podem
ser considerados como sucessos, se aprendemos com eles.
Algumas vezes, quando cumprimos uma meta, hesitamos em nos congratular, com
medo de parecer arrogantes. Mas nosso Poder Superior quer que tenhamos êxito e que
compartilhemos com os que amamos a alegria que temos de nossas realizações.
Quando compartilhamos nossos sucessos com os outros, em NA, freqüentemente eles
também começam a acreditar que podem alcançar suas metas. Quando temos sucesso,
ajudamos a colocar uma base para os outros que seguem no mesmo caminho.

Só por hoje: Eu vou me dar um tempo para saborear meus sucessos. Eu vou
compartilhar minhas vitórias com uma “atitude de gratidão”.
Recaída - 3 de março

“Haverá momentos, no entanto, em que sentiremos realmente


vontade de usar. Queremos correr e nos sentimos péssimos.
Precisamos lembrar de onde viemos e que, desta vez, será pior.
É neste momento que mais precisamos do programa”.

Texto Básico, p. 88

Se estivermos considerando uma recaída, devemos pensar até nas


conseqüências mais amargas de nosso uso. Para muitos de nós, estes finais poderiam
incluir sérios problemas médicos, prisão, até mesmo a morte. Quantos de nós
conheceram pessoas que recaíram depois de muitos anos limpas, somente para morrer
de suas doenças?
Há, porém, uma morte que acompanha um retorno a adicção ativa que pode ser
pior que a morte física. É a morte espiritual que vivenciamos quando estamos
separados de nosso Poder Superior. Se usarmos, o relacionamento espiritual que
nutrimos durante anos vai enfraquecer e talvez desaparecer. Vamos nos sentir
verdadeiramente só.
Não há dúvidas que temos períodos de escuridão em nossa recuperação. Só
existe uma maneira de superar esses momentos difíceis: a fé. Se acreditarmos que
nosso Poder Superior está conosco, então sabemos que tudo estará bem.
Não importa quanto possamos nos sentir mal em nossa recuperação. Se
ficarmos limpos, a escuridão vai desaparecer e encontraremos uma conexão mais
profunda com nosso Poder Superior.

Só por hoje: Eu agradeço a meu Poder Superior pela dádiva de NA. Eu sei que recair
não é a saída. Quaisquer desafios que enfrente, os enfrentarei com o Deus de minha
compreensão.
4 de março - O processo

“Este programa se tornou uma parte de mim... Eu


compreendo mais claramente coisas que estão acontecendo
hoje em minha vida. Não luto mais contra o passado”.

Basic Text, p. 162*

Na adicção ativa, as coisas aconteciam aparentemente sem pé nem cabeça. Nós


simplesmente “fazíamos coisas”, freqüentemente sem saber nem as razões nem os
resultados. A vida tinha pouco valor ou significado.
O processo dos Doze Passos dá sentido às nossas vidas; ao trabalhar os passos,
viemos a aceitar os lados escuros e claros de nós mesmos. Nos despimos da negação
que nos impediu de compreender o efeito da adicção em nós. Honestamente
examinamos a nós mesmos, selecionando os padrões em nossos pensamentos, nossos
sentimentos e nosso comportamento. Adquirimos humildade perspectiva pela
completa revelação de nós mesmos para o outro ser humano. Na busca de que nossas
falhas sejam removidas, desenvolvemos uma avaliação adequada de nossa impotência
e a força concedida por um Poder maior do que nós mesmos. Com um crescimento do
entendimento de nós mesmos, adquirimos maior compreensão interior e aceitação dos
outros.
Os Doze Passos são a chave de um processo que chamamos “vida”. Ao trabalhar
os passos, eles se tornam uma parte de nós – e nos tornamos uma parte da vida ao
nosso redor. Nosso mundo não é mais sem sentido; hoje compreendemos mais sobre o
que acontece em nossas vidas. Não combatemos mais o processo. Hoje, ao trabalhar os
passos, vivemos o processo.

Só por hoje: A vida é um processo; os Doze Passos são a chave. Hoje, eu usarei os
passos para participar desse processo, compreendendo e apreciando a mim mesmo e a
minha recuperação.

*N.T. Essa página refere-se ao Livro 2 do Texto Básico em inglês.


Do despertar primário ao
despertar espiritual - 5 de março

“Quando surge necessidade de admitirmos nossa


impotência, podemos primeiro procurar maneiras de
exercer poder sobre ela. Após esgotarmos estas
maneiras, começamos a partilhar com os outros
e encontramos esperança”.

Texto Básico, p. 89

Temos ouvido algumas vezes em nossas reuniões que “o despertar primário


conduz ao despertar espiritual”. Que tipos de despertar primário temos em
recuperação? Tal despertar pode ocorrer quando uma parte indesejável de nosso
comportamento, que pensávamos ter seguramente escondido, é repentinamente
revelada para todo mundo ver. Ou nosso padrinho/madrinha pode provocar tal
despertar nos informando que, como qualquer outra pessoa, temos que trabalhar os
passos se esperamos ficar limpos e nos recuperar.
A maioria de nós detesta ter as máscaras removidas; não gostamos de ser
expostos. A experiência liberta uma grande dose de humildade. Nossa primeira reação
para tal revelação é usualmente o choque e a raiva, ainda que reconheçamos a verdade
quando a ouvimos. O que nós estamos tendo é um despertar primitivo.
Tal despertar freqüentemente revela bloqueios que nos impediam de progredir
espiritualmente em nossa recuperação. Uma vez que esses bloqueios são expostos,
podemos trabalhar os passos para começar a removê-los de nossa vida. Podemos
começar a experimentar o restabelecimento e a serenidade que são o prelúdio de um
despertar renovado do espírito.

Só por hoje: Eu reconhecerei no despertar primário oportunidades para crescer em


direção ao despertar espiritual.
6 de março Racionalizando nossa recuperação

"Como resultado dos Doze Passos, não sou capaz de me agarrar


às velhas maneiras de enganar a mim mesmo.”

Basic Text, p.
176*

Todos nós racionalizamos. Algumas vezes sabemos que estamos racionalizando,


admitimos que estamos racionalizando; entretanto, continuamos a nos comportar de
acordo com nossas racionalizações! A recuperação pode se tornar muito dolorosa
quando decidimos que=, por uma razão ou outra, os princípios simples do programa
não se aplicam a nós.

Com a ajuda de nosso padrinho e de outros em NA, podemos começar a olhar as


desculpas que usamos para nosso comportamento. Achamos que alguns princípios não
se aplicam a nós? Acreditamos que sabemos mais do que todo mundo em Narcóticos
Anônimos, mesmo aqueles que tem estado limpos por muitos anos? O que nos faz
pensar que somos tão especiais?

Não há dúvida que podemos racionalizar com êxito nosso caminho por algum
tempo em nossa recuperação. Porém, mais cedo ou mais tarde, temos que
honestamente encarar a verdade e começar a agir de acordo. Os princípios dos Doze
Passos nos guiam para uma vida nova em recuperação. Nela, há pouco espaço para a
racionalização.

Só por hoje: Eu não posso trabalhar os passos e também continuar enganando a mim
mesmo. Eu vou examinar minhas racionalizações, revelá-las a meu padrinho/madrinha
e me livrar delas.
*N. T. Esta página refere-se ao Livro 2 do Texto Básico em inglês.
Prioridades - 7 de março

“Os bons momentos também podem ser uma armadilha;


corremos o perigo de esquecer que a nossa primeira
prioridade é nos mantermos limpos.”

Texto Básico, p.
47

As coisas podem se tornar realmente boas em nossa recuperação. Talvez tenhamos
encontrado nossa “alma gêmea”, construído uma carreira gratificante, iniciado uma
família. Talvez os relacionamentos com os membros de nossas famílias tenham-se
restabelecidos. As coisas estão indo tão bem que nós raramente temos tempo para
freqüentar as reuniões. Talvez comecemos a nos reintegrar na sociedade com tanto
êxito que esquecemos que nem sempre reagimos às situações como os outros.
Talvez, só talvez, tenhamos esquecidos algumas prioridades. A freqüência às
reuniões ainda é uma prioridade para nós? Ainda apadrinhamos? Telefonamos para
nosso padrinho/madrinha? Que passo estamos trabalhando? Ainda temos boa vontade
para sair da cama e atender, em alguma hora indesejável da noite, uma chamada do
Décimo-Segundo Passo? Lembramo-nos de praticar os princípios em todos os nosso
afazeres? Se outros em NA nos procuram, estamos disponíveis? Lembramo-nos de
onde viemos, ou os “bons momentos” têm nos permitido esquecer?
Para permanecer limpos, devemos nos lembrar de nosso passado. Estamos gratos
pelos bons momentos, mas não deixamos que eles nos desviem de nossa contínua
recuperação em Narcóticos Anônimos.

Só por hoje: Eu sou grato pelos bons momentos, mas não me esqueci de onde vim.
Hoje, minha primeira prioridade é ficar limpo e crescer em minha recuperação.
8 de março - Aprendendo a amar a nós mesmos

"O que mais queremos é sentirmos bem conosco.”

Texto Básico, p.
110

“Nós amaremos você até que você aprenda a amar a si mesmo”. Estas palavras,
freqüentemente ouvidas em nossas reuniões, prometem a chegada desse dia que tanto
esperamos – o dia em que saberemos como amar a nós mesmos.
Auto-estima – todos nós queremos essa qualidade impalpável, assim que ouvimos
falar sobre ela. Alguns de nós parecem deparar com ela acidentalmente, enquanto
outros embarcam num plano de ação completo que incluem dizer coisas positivas na
frente do espelho. Mas técnicas de faça-você-mesmo e outras curas psicológicas
tendenciosas podem somente nos levar até certo ponto.
Existem alguns passos práticos decisivos que podemos dar para demonstrar amor
por nós mesmos, quer “sintamos” esse amor ou não. Podemos cuidar de nossas
responsabilidades pessoais. Podemos fazer coisas boas para nós mesmos, como
faríamos para um amante ou amigo. Podemos começar a prestar atenção nas
qualidades que apreciamos em nossos amigos – qualidades como inteligência e humor
– e procurar por essas mesmas qualidades em nós mesmos. Com certeza
descobriremos que somos realmente pessoas dignas de amor e, uma vez que o
fizermos, estaremos bem em nosso caminho.

Só por hoje: Eu vou fazer algo que me ajude a reconhecer e sentir amor por mim
mesmo, hoje.
Pequenas coisas 9 de março

“No passado, transformávamos as situações simples em problemas;


fazíamos uma tempestade de um copo d´água.”

Texto Básico, p.
99

Fazer tempestade em um copo d´água parece ser nossa especialidade. Você já


ouviu falar que, para um adicto, um pneu furado é um acontecimento traumático? E
aqueles que esquecem todas as regras de conduta quando confrontados com um mau
motorista? O abridor de latas que não funciona – você sabe, aquele que acabou de
jogar pela janela? Podemos nos identificar quando ouvimos outros partilharem: “Deus,
dê-me paciência imediatamente!”
Não, não são os maiores contratempos que nos levam à confusão. As grandes
coisas – divórcio, morte, doenças graves, a perda de um emprego – nos desequilibram,
mas sobrevivemos a elas. Temos aprendido pela experiência que devemos procurar
nosso Poder Superior, e os outros, para ultrapassar as maiores crises da vida. São as
pequenas coisas, os constantes desafios cotidianos de viver a vida sem usar drogas,
que parecem afetar fortemente a maioria dos adictos em recuperação.
Quando as pequenas coisas nos atingem, a Oração da Serenidade pode nos ajudar
a vê-las em sua justa medida. Podemos lembrar que “entregar” estes pequenos
assuntos aos cuidados de nosso Poder Superior resulta em paz de espírito e uma
renovada perspectiva de vida.

Só por hoje: Eu vou trabalhar minha paciência. Vou tentar não aumentar a dimensão
das coisas e caminhar com meu Poder Superior através de meu dia.
10 de março - Nossa própria recuperação

"Os passos são a nossa solução. São a garantia de nossa sobrevivência.


São a nossa defesa da adicção, uma doença mortal. Nossos passos
são os princípios que possibilitam a nossa recuperação.”

Texto Básico, p. 20

Existe muita coisa boa em Narcóticos Anônimos. As reuniões, por exemplo, são
ótimas. Vemos nossos amigos, ouvimos histórias inspiradoras, compartilhamos
algumas experiências práticas, talvez até mesmo entremos em sintonia com nosso
padrinho/madrinha. Os acampamentos, as convenções, as festas são todas
maravilhosas, diversão limpa em companhia de outros adictos em recuperação. Mas o
coração de nosso programa de recuperação são os Doze Passos – de fato, são o
programa!
Ouvimos dizer que não podemos ficar limpos por osmose – em outras palavras,
não podemos só freqüentar as reuniões, não importam quantas vezes, e esperar respirar
recuperação através dos poros de nossas peles. Recuperação, como diz o ditado, é um
trabalho interior. E as ferramentas que usamos para realizar este “trabalho interior” são
os Doze Passos. Ouvir interminavelmente sobre aceitação é uma coisa; trabalharmos o
Primeiro Passo, nós mesmos, é algo diferente. Histórias sobre fazer reparações podem
ser inspiradoras, ainda que nada vá nos libertar tanto do remorso quanto fazer o Nono
Passo. O mesmo se aplica a todos os Doze Passos.
Há muito o que apreciar em NA, mas para conseguir o máximo de nossa
recuperação devemos trabalhar os Doze Passos nós mesmos.

Só por hoje: Eu quero tudo o que meu programa pessoal tem para me oferecer. Vou
trabalhar os passos por mim mesmo.
Aliviando a carga 11 de março

“Não nos tornamos pessoas melhores, julgando os erros dos outros.


O que nos fará sentir melhor é limpar nossas vidas.”

Texto Básico, p.
41

Algumas vezes precisamos de algo para nos ajudar a compreender o quanto guardar
um ressentimento está nos fazendo mal. Podemos não estar atento a como os
ressentimentos são destrutivos. Pensamos: “E daí, eu tenho direito de estar com raiva”.
Ou: “Eu posso estar nutrindo um rancor ou dois, mas não vejo nenhum mal”.
Para ver mais claramente o efeito que guardar ressentimentos tem em nossas
vidas, poderíamos tentar imaginar que estamos carregando uma pedra por cada
ressentimento. Um pequeno rancor, tal como a raiva por alguém dirigir mal, poderia
ser representada por uma pedrinha. Nutrir má vontade em relação a um grupo inteiro
de pessoas poderia ser representado por um enorme pedregulho. Se, de fato,
verdadeiramente tivéssemos que carregar pedras por cada ressentimento, seguramente
nos esgotaríamos com o peso. Na verdade, quanto mais incômoda nossa carga, mais
sinceros nossos esforços para descarregá-la.
O peso de nossos ressentimentos impede nosso desenvolvimento espiritual. Se
verdadeiramente desejamos liberdade, vamos procurar nos livrar do máximo de peso
extra que for possível. À medida que nos aliviamos, vamos notar uma maior
habilidade para perdoar nossos companheiros seres humanos pelos seus erros, e nos
perdoarmos pelos nossos. Vamos alimentar nossos espíritos com bons pensamentos,
palavras gentis e ajuda aos outros.

Só por hoje: Eu vou procurar remover a carga de ressentimentos de meu espírito


12 de março Saindo da rotina

"Muitas vezes, em nossa recuperação, os velhos fantasmas ainda nos


perseguem. A vida ode voltar a ser monótona, aborrecida e sem sentido.”

Texto Básico, p.
85

Às vezes parece que nada muda. Levantamo-nos e vamos para o mesmo emprego
todos os dias. Jantamos à mesma hora todas as noites. Assistimos às mesmas reuniões
toda semana. Os rituais da manhã são idênticos aos que desempenhamos ontem, na
véspera e na antevéspera. Depois do inferno de nossa adicção e da loucura da
montanha russa do princípio da recuperação, a vida estável pode ser atraente – por um
tempo. Mas, eventualmente, compreendemos que queremos algo mais. Mais cedo ou
mais tarde, nos deixamos abater pelo tédio e pela monotonia progressiva em nossas
vidas.
Com certeza, há tempos em que nos sentimos vagamente insatisfeitos com nossa
recuperação. Nos sentimos como se estivéssemos, por alguma razão, perdendo alguma
coisa, mas não sabemos o quê ou porquê. Escrevemos nossa lista de gratidão e
achamos literalmente centenas de coisas pelas quais somos gratos. Todas as nossas
necessidades têm sido atendidas; nossas vidas estão mais preenchidas do que jamais
esperamos que pudessem estar. Então o que está acontecendo?
Talvez seja a hora de desenvolver nosso potencial até sua plenitude. Nossas
possibilidades são somente determinadas pelo que podemos sonhar. Podemos aprender
algo novo, traçar uma nova meta, ajudar outro recém-chegado ou fazer um novo
amigo. Com certeza, encontramos estímulo se procurarmos atentamente, e a vida
novamente se tornará cheia de significado, variada e plena.

Só por hoje: Eu vou quebrar a rotina e desenvolver meu potencial até sua plenitude.
Aquela pessoa especial -13 de março

“Com um padrinho, podemos aprender a construir uma relação


baseada em confiança e honestidade. Compartilhando experiências,
o padrinho pode influir no crescimento pessoal“.

IP Nº 11,
“Apadrinhamento”

Pedimos a alguém que nos apadrinhasse e as razões que tivemos para pedir àquela
pessoa em particular são tantas quantos os grãos de areia numa praia. Talvez tenhamos
escutado suas partilhas numa reunião e pensamos que eles eram divertidos ou
inspiradores. Talvez pensássemos que tinham ótimos carros e que conseguiríamos um,
trabalhando o mesmo programa que eles. Ou talvez vivêssemos numa pequena cidade
e eles eram as únicas pessoas que tinha tempo disponível para ajudar.
Quaisquer que sejam as nossas razões iniciais para conseguir o padrinho que
temos, certamente nossas razões para mantê-lo são bastante diferentes. De repente,
eles nos surpreenderão com alguma perspicácia espantosa, fazendo-nos imaginar se
andaram espionando nosso Quarto Passo. Talvez estejamos atravessando alguma
espécie de crise de vida, e suas experiências com o mesmo problema nos ajudaram
como jamais sonhamos. Quando estamos sofrendo e os chamamos, eles surgem com
uma combinação especial de palavras carinhosas que fornecem conforto genuíno.
Nenhuma dessas façanhas marcantes por parte de nossos padrinhos/madrinhas é
mera coincidência. Eles simplesmente fizeram o mesmo caminho antes de nós. Um
Poder Superior colocou esta pessoa especial em nossas vidas, e somos gratos por sua
presença.

Só por hoje: Eu vou apreciar esta pessoa especial em minha vida – meu
padrinho/madrinha.
14 de março - Relacionamentos

"Nossos inventários geralmente incluem os relacionamentos.”

Texto Básico, p.
31

Esta afirmação não diz tudo! Especialmente, com algum tempo em recuperação,
nossos inventários inteiros podem se focalizar em nossos relacionamentos com os
outros. Nossas vidas têm sido preenchidas com relacionamentos com amantes,
amigos, pais, colaboradores, filhos e outros com quem entramos em contato. Uma
olhada nessas associações pode nos dizer muito sobre nosso caráter essencial.
Freqüentemente nossos inventários catalogam os ressentimentos que surgem de
nossa interação com os outros no dia-a-dia. Esforçamo-nos para ver nossa parte nesses
atritos. Estamos colocando expectativas fantasiosas nessas pessoas? Impomos nossos
padrões sobre os outros? Somo às vezes absolutamente intolerantes?
Freqüentemente só o fato de escrever nosso inventário vai alivias parte da pressão
que um relacionamento problemático pode produzir. Mas devemos também
compartilhar esse inventário com outro ser humano. Dessa maneira, conseguimos
alguma perspectiva necessária de nossa participação no problema e da possibilidade de
trabalhar em direção a uma solução.
O inventário é uma ferramenta que nos permite começar a sanar nossos
relacionamentos. Aprendemos que hoje, com a ajuda de um inventário, podemos
começar a apreciar nossos relacionamentos com os outros.

Só por hoje: Eu vou inventariar minha participação em meus relacionamentos. Vou


procurar ter uma participação mais rica, mais responsável nesses relacionamentos.
Sentindo-se “parte de” - 15 de março

“Os momentos em que estamos juntos, depois das reuniões,


são boas oportunidades para partilharmos coisas que
não chegamos a falar durante a reunião.”

Texto Básico, p.
107

A adicção ativa nos coloca à parte da sociedade, nos isolando. O medo estava no
âmago dessa alienação. Acreditávamos que, se deixássemos que os outros nos
conhecessem, eles somente descobririam nossa terrível imperfeição. A rejeição estaria
somente um passo adiante.
Quando vamos a nossa primeira reunião de NA, normalmente ficamos
impressionados com a familiaridade e amizade compartilhadas com outros adictos em
recuperação. Se nos permitirmos, também podemos rapidamente nos tornar parte dessa
Irmandade. Uma maneira de começar é ir junto com os companheiros para a
lanchonete local, depois da reunião.
Nesses encontros podemos derrubar as paredes que nos separam dos outros e
descobrir coisas sobre nós mesmos e outros membros de NA. Uma a uma, podemos às
vezes revelar coisas que talvez estejamos relutantes em compartilhar no grupo.
Aprendemos, nestes encontros, a ter conversas triviais até tarde da noite e também a
formar profundas e fortes amizades.
Com nossos recém-descobertos amigos de NA, não temos mais que viver em
isolamento. Podemos nos tornar parte de um todo maior, a Irmandade de Narcóticos
Anônimos.

Só por hoje: Eu me libertarei do isolamento. Lutarei para me sentir parte da


Irmandade de NA.
16 de março Inventário

"O propósito de um profundo e destemido inventário moral


é arrumar a confusão e a contradição de nossas vidas,
para que posamos descobrir quem realmente somos.”

Texto Básico, p.
29

Adictos na ativa é um confuso e desconcertante grupo de pessoas. É difícil dizer


de um minuto para o outro o que eles vão fazer ou quem vão ser. Geralmente o adicto
fica tão surpreso como qualquer um.
Quando usávamos, nosso comportamento era ditado pelas necessidades de nossa
adicção. Muitos de nós ainda identificamos nossas personalidades muito próximas ao
comportamento que tínhamos ao usar, nos levando a sentir vergonha e desespero. Hoje
não temos que ser as pessoas que fomos em tempos passados, moldadas por nossa
adicção; a recuperação tem-nos permitido mudar.
Podemos usar o inventário do Quarto Passo para ultrapassar as necessidades da
antiga vida de ativa e descobrir quem queremos ser hoje. Escrever sobre nosso
comportamento e perceber como nos sentimos em relação a ele nos ajudam a
compreender que m queremos ser. Nosso inventário nos ajuda a ver além das
exigências da adicção ativa, além de nossos desejos de sermos amados e aceitos –
descobrimos quem somos na origem. Começamos a compreender o que é apropriado
para nós e como queremos que sejam nossas vidas.Assim começamos a nos
transformar em quem realmente somos.

Só por hoje: Se eu quero descobrir quem sou, olharei para quem tenho sido e quem
quero ser.
Verdadeira coragem 17 de março

“Aqueles que conseguem atravessar estes momentos


demonstram uma coragem que não é deles.”

Texto Básico, p.
93

Antes de chegar em NA, muitos de nós pensavam que eram valentes simplesmente
porque nunca tinham experimentado o medo. Tínhamos drogado todos os nossos
sentimentos, entre eles o medo, até nos convencermos de que éramos fortes, pessoas
corajosas que não se abateriam em nenhuma circunstância.
Mas encontrar coragem nas drogas não tem nada a ver com a maneira como
vivemos hoje. Limpos e em recuperação, estamos sujeitos a sentir, às vezes,
amedrontados. Quando, pela primeira vez, compreendemos que estamos nos sentindo
amedrontados, podemos pensar que somos covardes. Temos medo de pegar o telefone,
porque a pessoa do outro lado poderia não compreender. Temos medo de pedir a
alguém para nos apadrinhar porque poderíamos receber um não. Temos medo de
procurar um emprego. Temos medo de ser honesto com nossos amigos. Mas todos
esses medos são naturais, até mesmo saudáveis. O que não é saudável é permitir que o
medo nos paralise.
Quando permitirmos que o medo impeça nosso crescimento, seremos derrotados.
A verdadeira coragem não é a ausência de medo, mas, pelo contrário, a boa vontade
para caminhar apesar dele.

Só por hoje: Eu serei corajoso hoje. Quando estiver com medo, farei o que for preciso
para crescer em recuperação.
18 de março - A mensagem plena

"É um sentimento especial quando os adictos descobrem que existem outras


pessoas que compartilham das suas dificuldades passadas e presentes.”

Texto Básico, p.
60

A riqueza de nossa recuperação é boa demais para conservar só para nós. Alguns
de nós acreditam que, quando falam nas reuniões, devem “levar em consideração o
recém-chegado” e sempre tentar levar uma mensagem positiva. Mas algumas vezes a
mensagem mais positiva que podemos levar é que estamos atravessando tempos
difíceis em nossa recuperação e, apesar disto, estamos ficando limpos!
Sim, é gratificante levar uma mensagem forte de esperança para nossos membros
mais novos. Afinal, ninguém gosta de um chorão. Mas as coisas penosas acontecem, e
a vida como ela é pode gerar crises mesmo na recuperação de membros mais antigos
de Narcóticos Anônimos. Se estamos equipados com as ferramentas do programa,
podemos atravessar tal tumulto e permanecer limpos para contar a história.
A recuperação não acontece toda de uma vez; é um processo contínuo, algumas
vezes uma luta. Quando diluímos a plenitude de nossa mensagem, ao nos
descuidarmos de compartilhar os tempos difíceis que possamos ter atravessado durante
nossa jornada, falhamos em permitir aos recém-chegados a chance de ver que eles,
também, podem permanecer limpos, não importa o que aconteça. Se compartilhamos a
plena mensagem de nossa recuperação, podemos não saber quem será beneficiado,
mas podemos estar certos de que alguém será.

Só por hoje: Eu vou honestamente compartilhar tanto os bons tempos como os tempos
difíceis de minha recuperação. Eu vou lembrar que minha experiência em atravessar
adversidades pode beneficiar outro membro.
Algo valioso para compartilhar - 19 de março

“A mensagem simples e honesta de recuperação da adição soa verdadeira.”

Texto Básico, p.
55

Você está numa reunião. A partilha está sendo feita há algum tempo. Um ou dois
membros descrevem suas experiências espirituais de uma maneira especialmente
significativa. Outro membro nos envolveu a todos com suas histórias divertidas E
então o coordenador chama você... ai! Você timidamente se apresenta, em tom de
desculpa balbucia algumas frases, agradece a todos por ouvirem, e fica sentado o resto
da reunião em silêncio, embaraçado. Soa familiar? Bem, você não está sozinho.
Nós todos tivemos momentos em que sentimos que nossa partilha não era
suficientemente espiritual, não era suficientemente divertida, não era algo suficiente.
Mas compartilhar não é um esporte competitivo. O alimento de nossas reuniões é a
identificação e a experiência, algo que todos temos em abundância. Quando
compartilhamos com nossos corações a verdade de nossas experiências, outros adictos
sentem que podem confiar em nós, porque eles sabem que somos como eles. Quando
simplesmente compartilhamos o que tem sido eficaz em nossas vidas, podemos estar
certos de que nossa mensagem será de grande auxílio para os outros.
Nossa partilha não tem que ser elegante ou engraçada para soar verdadeira. Cada
adicto trabalhando um programa honesto que traz recuperação significativa tem
alguma coisa de imenso valor para compartilhar, algo que ninguém mais pode dar: sua
própria experiência.

Só por hoje: Eu tenho algo valioso para compartilhar. Vou assistir a uma reunião hoje
e partilhar minha experiência em recuperação da adicção.
20 de março - Poder Superior

"A maioria de nós não tem dificuldade de admitir que a adicção havia
Se tornado uma força destrutiva em nossas vidas. Nossos melhores
esforços resultavam em destruição e desespero cada vez maiores.
Chegamos a um ponto em que percebemos que precisávamos
da ajuda de um Poder maior do que a nossa adicção.”

Texto Básico, p.
25

A maioria de nós não tem dúvidas de que nossas vidas foram preenchidas com
destruição. Aprender que temos uma doença chamada adicção nos ajuda a
compreender a fonte ou a causa dessa destruição. Podemos reconhecer na adicção um
poder que devastou nossas vidas. Quando fazemos o Primeiro Passo, admitimos que a
força destrutiva da adicção é maior do que nós. Somos impotentes perante ela.
Nessa altura, nossa única esperança é encontrar um Poder maior do que a força de
nossa adicção – um Poder empenhado na preservação da vida, não em eliminá-la. Não
temos que compreendê-lo ou mesmo dar-lhe um nome; somente temos que acreditar
que pode existir este Poder Superior. A crença de que um Poder benevolente maior
que nossa adicção possa existir nos dá a esperança suficiente para permanecermos
limpos, um dia de cada vez.

Só por hoje: Eu acredito na possibilidade de algum Poder que seja maior que minha
adicção.
Uma doença tratável - 21 de março

“A adicção e uma doença que envolve mais do que o uso de drogas.”

Texto Básico, p.
3

Em nossa primeira reunião podemos ter ficado surpresos quando os membros
partilharam como a doença da adicção tinha afetado suas vidas. Pensamos: “Doença?
Eu só tenho um problema com drogas! O que afinal eles estão falando?”
Depois de algum tempo no programa, começamos a perceber que a nossa adição
era mais profunda do que nosso obsessivo e compulsivo uso de drogas. Vimos que
sofríamos de uma doença crônica que afetava várias áreas de nossas vidas. Não
sabíamos como tínhamos “pego” esta doença, mas ao nos examinar percebemos que
ela tem estado presente em nós por muitos anos.
Assim como a doença da adicção afeta todas as áreas de nossas vidas, o mesmo
acontece com o Programa de NA. Assistimos à nossa primeira reunião com todos os
sintomas presentes: o vazio espiritual, a agonia emocional, a impotência, o
descontrole.
Tratar nossa doença envolve muito mais do que mera abstinência. Usamos os
Doze Passos e, embora não “curem” nossa doença, eles começam a nos fortalecer. À
medida que nos recuperamos, experimentamos a dádiva da vida.

Só por hoje: Eu vou tratar de minha doença com os Doze Passos.


22 de março - O princípio do auto-sustento

"Na nossa adicção, éramos dependentes de pessoas, lugares e coisas.


Procurávamos neles um apoio e achávamos que poderiam nos fornecer
aquilo que não encontrávamos em nós mesmos.”

Texto Básico, p.
77

No reino animal há uma criatura que suga as outras. Ela é chamada de


sanguessuga. Gruda nas pessoas e tira o que precisa. Quando uma vítima se livra da
sanguessuga, esta simplesmente vai para a próxima vítima.
Em nossa adicção ativa, nos comportávamos similarmente. Exaurimos nossas
famílias, nossos amigos e nossas comunidades. Consciente ou inconscientemente,
procurávamos conseguir alguma coisa de graça de todos que encontrássemos.
Quando vimos a sacola passada em nossa primeira reunião, podemos ter pensado:
“Auto-sustento! Que idéia esquisita é essa agora?” À medida que assistimos à reunião,
notamos alguma coisa. Estes adictos, auto-sustentados, estavam livres. Sustentando-se
por seus próprios meios, eles tinham adquirido o privilégio de tomar suas próprias
decisões.
Pela aplicação do princípio do auto-sustento em nossas vidas pessoais, ganhamos
para nós a mesma espécie de liberdade. Ninguém mais tem o direito de nos dizer onde
morar, porque pagamos nosso próprio aluguel. Podemos comer, vestir ou dirigir tudo o
que escolhemos, porque nós mesmos nos suprimos.
Ao contrário da sanguessuga, não temos que depender dos outros para nossa
manutenção. Quanto mais responsabilidade assumirmos, maior liberdade ganharemos.

Só por hoje: Não há limites para a liberdade que eu possa adquirir ao me auto-
sustentar. Eu vou aceitar responsabilidade pessoal e me sustentar por meus próprios
meios hoje.
Presente de Deus 23 de março

“Fazemos o trabalho de base e aceitamos o que nos


tem sido dado livremente a cada dia.”

Texto Básico, p.
51

Nosso relacionamento com nosso Poder Superior é uma rua de mão dupla. Ao rezar,
falamos e Deus escuta. Quando meditamos, fazemos o melhor que podemos para
escutar o desejo de nosso Poder Superior. Sabemos que somos responsáveis por nossa
parte deste relacionamento. Se não rezarmos e escutarmos, excluiremos nosso Poder
Superior de nossas vidas.
Quando pensamos sobre nosso relacionamento com nosso Poder Superior, é
importante lembrar que somos a parte impotente. Podemos pedir orientação; podemos
pedir boa vontade ou força; podemos pedir conhecimento do desejo de nosso Poder
Superior – mas não podemos fazer exigências. O Deus de nossa compreensão – aquele
com poder – vai preencher a metade desse relacionamento dando-nos exatamente o
que precisamos, quando precisamos.
Precisamos agir a cada dia para manter vivo nosso relacionamento com o Poder
Superior. Uma maneira de fazer isso é aplicando o Décimo Primeiro Passo. Então nos
lembramos de nossa própria impotência e aceitamos a vontade de um Poder maior do
que nós mesmos.

Só por hoje: Em meu relacionamento com meu Poder Superior, eu sou o impotente.
Recordando quem eu sou, hoje eu vou humildemente aceitar os presentes do Deus que
compreendo.
24 de março - Desprendendo-se do passado

"Não é onde estávamos que conta, mas para onde estamos indo”.

Texto Básico, p.
24

Quando pela primeira vez encontramos recuperação, alguns de nós sentiram


vergonha ou desespero em chamar a si mesmo de “adictos”. Nos primeiros momentos
podíamos estar cheios de medo e esperança, enquanto lutávamos para achar um novo
significado em nossas vidas.O passado pode parecer inevitável e irresistível. Pode ser
difícil pensar em nossas vidas de forma diferente daquela que sempre pensamos.
Enquanto as memórias do passado podem servir para lembrar o que nos espera se
usarmos novamente, elas também podem nos manter paralisados num pesadelo de
vergonha e medo. Embora possa ser difícil se desprender dessas memórias, cada dia
em recuperação pode nos afastar mais um dia de nossa adicção ativa. Cada dia,
podemos encontrar mais perspectivas de vida e menos motivos para nos punirmos.
Em recuperação, todas as portas estão abertas para nós. Temos muitas escolhas.
Nossa nova vida é rica e cheia de promessas. Ao mesmo tempo em que não podemos
esquecer o passado, não precisamos viver nele. Podemos prosseguir.

Só por hoje: Eu vou fazer as malas e me afastar de meu passado para um presente
cheio de esperança.
Eu não posso, mas nós podemos - 25 de março

“Saímos do isolamento da nossa adicção e encontramos uma irmandade de


pessoas com o laço comum... Nossa fé, força e esperança vêm de pessoas
partilhando a sua recuperação...”.

Texto Básico, p.
106

Não admitir fraqueza, esconder todos os defeitos, negar cada falha, seguir só – este
era o credo que muitos de nós seguiam. Negávamos que éramos impotentes perante
nossa adicção, que nossas vidas tinham-se tornado incontroláveis, apesar de todas as
evidências em contrário. Muito de nós não se renderiam sem a certeza de que haveria
alguma coisa que valesse a pena a que se render. Muitos de nós fizeram o Primeiro
Passo somente quando tiveram a evidência de que adictos poderiam se recuperar em
Narcóticos Anônimos.
Em NA, encontramos outros que passaram pelas mesmas dificuldades, com as
mesmas necessidades, que acharam ferramentas que funcionam para eles. Estes adictos
estão querendo compartilhar estas ferramentas conosco e nos dar o apoio emocional de
que precisamos para aprender a usá-las. Adictos em recuperação sabem quanto é
importante à ajuda de outros, porque eles próprios têm recebido esta ajuda. Quando
nos tornamos parte de Narcóticos Anônimos, participamos de uma sociedade de
adictos como nós mesmos, um grupo de pessoas que sabe que nos ajudamos
mutuamente a nos recuperar.

Só por hoje: Eu vou participar da corrente da recuperação. Eu vou encontrar a


experiência, a força e a esperança de que preciso na Irmandade de Narcóticos
Anônimos.
26 de março - Confiar no padrinho – vale o risco

"O padrinho é (...) alguém a quem confiamos nossas experiências boas e ruins.”

IP Nº 11,
“Apadrinhamento”

A idéia de apadrinhamento pode ser nova para nós. Passamos muitos anos sem
orientação, confiando somente no interesse pessoal, suspeitando de todo mundo, não
confiando em ninguém. Agora que estamos aprendendo a viver em recuperação,
descobrimos que precisamos de ajuda. Não podemos mais fazê-los sozinhos; temos
que correr o risco de confiar em outro ser humano. Freqüentemente, a primeira pessoa
com quem corremos esse risco é o nosso padrinho/madrinha – alguém a quem
respeitamos, com quem nos identificamos, em quem temos razão de confiar.
À medida que nos abrimos com nosso padrinho, um laço se envolve entre nós.
Revelamos nossos segredos e desenvolvemos confiança na discrição de nosso
padrinho. Compartilhamos nossa dor e somos recebidos com empatia. Conseguimos
conhecer um ao ouro, respeitar um ao outro, amar um ao outro. Quanto mais nós
confiamos em nosso padrinho, mais aprendemos a confiar em nós mesmos.
A confiança ajuda a nos afastar de uma vida de medo, confusão, desconfiança e
desonestidade. No começo, parece arriscado em confiar em outro adicto. Mas esta
confiança é o mesmo princípio que aplicamos em nosso relacionamento com o Poder
Superior – arriscada ou não, nossa experiência nos diz que não podemos viver sem ela.
E quanto mais corremos o risco de confiar em nosso padrinho, mais aberto estaremos
para experimentar nossas vidas.

Só por hoje: Eu quero crescer e mudar. Eu vou me arriscar a confiar em meu


padrinho/madrinha e descobrir as recompensas de compartilhar.
Procurando as qualidades - 27 de março

“De acordo com os princípios de recuperação, tentamos


não julgar, estereotipar ou moralizar. ”

Texto Básico, p.
12

Quantas vezes em nossa recuperação temos interpretado mal o comportamento


do outro, imediatamente formando um julgamento, aplicando um rótulo e
caprichosamente colocando o indivíduo num escaninho? Talvez tenham desenvolvido
uma compreensão diferente de um Poder maior do que eles mesmos, por isso
concluímos que suas crenças não eram espirituais. Ou talvez tenhamos visto um casal
tendo uma discussão presumimos que seu relacionamento era doente, somente para
descobrir mais tarde que seu casamento havia prosperado por muitos anos.
Classificar impensadamente nossos companheiros em categorias nos poupa do
esforço de descobrir alguma coisa sobre eles. Todas as vezes que julgamos o
comportamento do outro, deixamos de vê-lo como amigo em potencial e como
companheiro viajante da estrada da recuperação.
Se nos ocorrer perguntar àqueles que estamos julgando se eles apreciam serem
estereotipados, receberemos um ressoante “não” como resposta. Nos sentiríamos
desprezados se eles o fizessem conosco? Sim, certamente. Nossas melhores qualidades
são as que queremos que os adictos notem. Da mesma maneira, nossos companheiros
adictos em recuperação querem ser bem considerados. Nosso programa nos pede para
olhar positivamente a vida. Quanto mais nos concentramos nas qualidades positivas do
outro, mais vamos percebê-las em nós mesmos.

Só por hoje: Eu vou deixar de lado meus julgamentos negativos dos outros e, em vez
disso, vou me concentrar em apreciar as qualidades favoráveis de todos.
28 de março - Encarando os sentimentos

"Podemos temer que o contato com os nossos sentimentos vá detonar


uma insuportável reação em cadeia de dor e pânico.”

Texto Básico, p.
32

Enquanto estávamos usando, muito de nós eram incapazes ou relutantes em sentir


muitas emoções. Se estávamos alegres, usávamos para ficarmos mais alegres; se
estávamos irritados ou deprimidos, usávamos para mascarar estes sentimentos. Ao
continuar estes padrões através de nossa adicção ativa, nos tornamos tão
emocionalmente confusos que não estávamos mais certos de quais eram as emoções
normais.
Depois de estar em recuperação por algum tempo, descobrimos que as emoções
que tínhamos reprimido repentinamente começaram a vir à tona. Podemos descobrir
que não sabemos como identificar nossos sentimentos. O que podemos estar sentindo
como raiva pode ser simplesmente frustração. O que percebemos como depressão
suicida pode ser simplesmente tristeza. Estes são momentos em que precisamos
procurar a assistência de nosso padrinho/madrinha ou outros membros de NA. Ir à
reunião e falar sobre o que está acontecendo em nossas vidas pode nos ajudar a encarar
nossos sentimentos, em vez de fugir deles, com medo.

Só por hoje: Eu não vou fugir das emoções desconfortáveis que eu possa
experimentar. Vou usar o apoio de meus amigos em recuperação para ajudar a encarar
minhas emoções
Nossa verdadeira vontade 29 de março

“(...) a vontade de Deus em relação a nós consiste nas coisas que mais valorizamos.
A vontade de Deus para nós torna-se nossa própria verdadeira vontade. ”

Texto Básico, p.
52

É da natureza humana querer as coisas de graça. Ficamos estáticos quando um


caixa de loja nos dá um troco para dez quando pagamos com uma nota de cinco.
Tendemos a pensar que, se ninguém souber, uma pequena trapaça não vai fazer
nenhuma diferença. Mas alguém sabe – nós sabemos. E isso faz toda a diferença.
O que funcionava para nós, quando usávamos, freqüentemente não funciona mais
em recuperação. À medida que progredimos espiritualmente ao trabalhar os Doze
Passos, começamos a desenvolver valores e padrões novos. Começamos a nos sentir
desconfortáveis se tirarmos vantagem de situações das quais, quando usávamos,
teríamos nos vangloriado.
No passado, podemos ter vitimado outros. Entretanto, à medida que nos
aproximamos de nosso Poder Superior, nossos valores mudam. A vontade de Deus
torna-se mais importante do que a de tirar vantagem.
Quando nossos valores mudam, nossas vidas mudam também. Guiados por um
conhecimento interior dado a nós por nosso Poder Superior, queremos viver o resto de
nossos dias com os recém-descobertos valores. Temos interiorizado a vontade de
nosso Poder Superior para conosco – de fato, a vontade de Deus tem-se tornado nossa
verdadeira vontade.

Só por hoje: Pelo aperfeiçoamento de meu contato consciente com Deus, meus
valores têm mudado. Hoje, eu vou praticar a vontade de Deus, minha própria e
verdadeira vontade.
30 de março Centrado em Deus

"Gradualmente, à medida que nos centramos mais em Deus do que em


nós mesmos, o nosso desespero se transforma em esperança“.

Texto Básico, p.
103

Que coisa gloriosa é ter esperança! Antes de chegar a Narcóticos Anônimos,


muitos de nós viveram vidas de absoluta falta de esperança. Acreditávamos que
estávamos destinados a morrer de nossa doença.
Muitos membros falam de estar em uma “nuvem cor-de-rosa” em seus primeiros
meses de programa. As coisas vão muito bem. Então a realidade se apresenta. Vida
ainda é vida – ainda perdemos nossos empregos, nossos parceiros ainda nos
abandonam, os amigos ainda morrem, ainda ficamos doentes. Abstinência não é uma
garantia de que a vida vá ser sempre de nosso jeito.
Quando a realidade da vida em seus próprios termos se estabelece, nos viramos
para nosso Poder Superior e lembramos que a vida acontece do jeito que acontece.
Mas não importa o que ocorra em nossa recuperação, não precisamos nos desesperar,
sempre há esperança. Esta esperança repousa em nosso relacionamento com nosso
Poder Superior.
Este relacionamento, como é expresso pelo pensamento em nosso texto, se
desenvolve ao longo do tempo: “Gradualmente nos tornamos mais centrados em
Deus”. À medida que confiamos mais e mais na força de nosso Poder Superior, os
conflitos da vida não têm que nos afastar para um mar de desespero. À medida que nos
focalizamos mais em Deus, focalizamo-nos menos em nós mesmos.

Só por hoje: Eu vou confiar em meu Poder Superior. Eu vou aceitar que,
independentemente do que aconteça, meu Poder Superior vai me prover de recursos
para viver.
Interior e exterior - 31 de março

“Nosso verdadeiro valor reside em nós mesmos”.

Texto Básico, p.
115

À medida que trabalhamos os passos, estamos no caminho da descoberta de


algumas verdades básicas sobre nós mesmos. O processo de investigar nosso caráter,
revelar e expor nossos segredos, mostra nossa verdadeira natureza. À medida que nos
familiarizamos conosco, vamos precisar decidir ser exatamente o que somos.
Podemos querer dar uma olhada no que apresentamos para nossos companheiros
adictos e para o mundo, e ver se corresponde ao que descobrimos em nosso interior.
Fingimos que nada nos aborrece quando, na verdade, estamos muito sentidos?
Encobrimos nossas inseguranças com piadas infames ou compartilhamos nossos
medos com alguém? Vestimo-nos como um adolescente quando estamos nos
aproximando dos 40 e somos basicamente conservadores?
Podemos querer dar uma olhada naquelas coisas que pensávamos “não sermos
nós”. Talvez tenhamos evitado as atividades de NA porque “não gostamos de
multidão”. Ou talvez tenhamos um sonho secreto de mudar de carreira, mas adiamos a
ação porque nosso sonho “não era realmente correto” para nós. À medida que
conseguimos uma nova compreensão de nós mesmos, vamos querer ajustar nosso
comportamento de acordo. Queremos ser exemplos genuínos de quem somos.

Só por hoje: Eu vou checar meu exterior para ter certeza de que ele combina com meu
interior. Vou tentar agir no crescimento que tenho experimentado na recuperação.
ABRIL
Amor e adicção 1º de abril

“Alguns de nós começaram a ver os efeitos da adicção nas


pessoas mais próximas. Dependíamos muito delas para nos
arrastarem pela vida. Sentíamos raiva, frustração e dor
quando elas encontravam outros interesses, amigos e
pessoas queridas”.

Texto Básico, p. 7

A adicção afetou todas as áreas de nossas vidas. Da mesma maneira que


procurávamos a droga que iria fazer tudo ficar bem, também procurávamos as pessoas
para nos aliviar. Fizemos exigências impossíveis, afastando aqueles que tinham
qualquer coisa de valor para nos oferecer. Freqüentemente, as únicas pessoas que
restaram foram aquelas que eram carentes demais para serem capazes de negar nossas
expectativas irreais. Não admira que fôssemos incapazes de começar e manter
relacionamentos íntimos e saudáveis em nossa adicção.
Hoje, em recuperação, paramos de esperar que as drogas nos aliviem. Se ainda
esperamos que pessoas nos aliviem, talvez seja hora de estender nosso programa de
recuperação a nossos relacionamentos. Começamos por admitir que temos um
problema – que não sabemos o básico sobre como ter relacionamentos íntimos e
saudáveis. Procuramos companheiros que tiveram problemas similares e que acharam
alívio. Falamos com eles e escutamos o que têm para partilhar sobre este aspecto de
sua recuperação. Aplicamos o programa em todas as nossas questões, procurando o
mesmo tipo de liberdade em nossos relacionamentos que encontramos em nossa
recuperação.

Só por hoje: Relacionamentos amorosos estão a meu alcance. Hoje, eu examinarei os


efeitos da adicção em meus relacionamentos, de modo que eu possa começar a
procurar a recuperação.
2 de abril - Atração

"A nossa imagem pública consiste naquilo que temos a oferecer, uma maneira bem
sucedida e comprovada de manter um estilo de vida sem drogas.”

Texto Básico, p.
02

Sim, estamos atraindo novos membros. Mais e mais adictos estão encontrando
Narcóticos Anônimos. Mas como tratamos nossos mais novos membros quando eles
chegam, exausto de suas lutas com a adicção? Entramos em contato com os recém-
chegados que estão sozinhos em nossas reuniões, confusos e inseguros? Estamos
dispostos a dar-lhes uma carona para as reuniões? Damos atenção ao adicto que ainda
sofre? Damos o número de nossos telefones? Estamos dispostos a atender a um
chamado de Décimo Segundo Passo, mesmo que isto signifique levantar de nossas
camas confortáveis no meio da noite? Trabalharíamos com alguém que tem uma
orientação sexual diferente ou é de outra cultura? Somos generosos para doar o nosso
tempo?
Não há dúvida de que fomos recebidos com amor e aceitação por nossos
companheiros adictos. O que atraiu muitos de nós para Narcóticos Anônimos foi o
sentimento de que finalmente havíamos encontrado um lugar ao qual pertencíamos.
Estamos oferecendo a nossos novos membros aquele mesmo sentido de pertencer?
Não podemos promover Narcóticos Anônimos, mas, quando colocamos princípios em
ação em nossas vidas, atraímos os mais novos membros para o caminho de NA, da
mesma forma que fomos atraídos para a recuperação.

Só por hoje: Eu vou trabalhar com um recém-chegado. Vou lembrar que uma vez fui
um recém-chegado. Vou procurar atrair outros com o mesmo sentimento de pertencer
que descobri em NA.
Só para você - 3 de abril

“A idéia de um despertar espiritual toma muitas formas diferentes nas


diferentes personalidades que encontramos na Irmandade”.

Texto Básico, p. 54

Embora todos trabalhamos os mesmos passos, cada um de nós vivencia o


conseqüente despertar espiritual de uma maneira própria. A forma que o despertar
espiritual toma em nossas vidas varia, dependendo de quem nós somos.
Para alguns de nós, o despertar espiritual prometido no Décimo Segundo Passo
resultará em um renovado interesse em religião ou misticismo. Outros irão despertar
para um entendimento da vida daqueles à sua volta, experimentando empatia, talvez,
pela primeira vez. Outros ainda irão reconhecer que os passos os têm despertado para
seus próprios princípios morais e éticos. Muitos de nós vivenciamos o despertar
espiritual como uma combinação destas coisas: cada combinação é tão única quanto o
indivíduo que a experimenta.
Se há tantas e diferentes variedades de despertar espiritual, como saberemos se
realmente tivemos um? Os Doze Passos nos fornecem dois sinais: encontramos os
princípios capazes de nos guiar bem, o tipo de princípios que queremos praticar em
todas as nossas questões. E começamos a nos importar suficientemente com outros
adictos para partilhar livremente com eles nossa experiência. Não importa os detalhes
de nosso despertar espiritual: nós todos recebemos a orientação e o amor de que
precisamos para ter vidas plenas, espiritualmente orientadas.

Só por hoje: Não importa a forma particular, meu despertar espiritual tem me ajudado
a ocupar meu lugar no mundo com amor e vida. Por isto, eu sou grato.
4 de abril - Protegendo nossa recuperação

"Lembre-se de que somos nós, e não os médicos, os maiores responsáveis


pela nossa recuperação e pelas nossas decisões .”

Texto Básico, p.
112

Muitos de nós irão deparar com escolhas que desafiam nossa recuperação. Se nos
encontramos em extrema dor física, por exemplo, teremos que decidir se tomaremos
ou não medicamentos. Teremos que ser muito honestos com nós mesmos sobre a
gravidade de nossa dor, honestos com nosso médico sobre nossa adicção e nossa
recuperação, e honestos com nossos padrinhos/madrinhas. No final, entretanto, a
decisão é nossa, pois somos nós que devemos viver as conseqüências.
Um outro desafio comum é a escolha de ir a uma festa na qual o álcool será
servido. Novamente, devemos considerar nosso próprio estado espiritual. Se alguém
que apóia nossa recuperação pode ir ao evento conosco, melhor ainda. Entretanto, se
não nos sentimos preparados para tamanho desafio, devemos provavelmente recusar o
convite. Hoje, sabemos que manter nossa recuperação é mais importante do que
preservar a imagem.
Tais decisões são duras, requerem não somente nossa consideração cuidadosa, mas
a orientação de nosso padrinho/madrinha e a entrega completa a um Poder Superior.
Usando todos esses recursos, tomamos a melhor decisão que podemos. No final,
entretanto, a decisão é nossa. Hoje, somos responsáveis por nossa própria recuperação.

Só por hoje: Diante de uma decisão que possa desafiar minha recuperação, eu
consultarei todos os recursos à disposição antes de tomar minha decisão.
Identificação - 5 de abril

“Finalmente, alguém entende as idéias loucas que


eu tinha e todas as loucuras que tinha feito”.

Basic Text, p. 175*


Adictos freqüentemente se sentem eternamente originais. Temos a certeza de que


ninguém usou drogas como usamos ou teve que fazer as coisas que fizemos para
conseguí-las. Sentindo realmente que ninguém nos entende, podemos nos manter
afastados da recuperação por muitos anos.
Mas, uma vez nas salas de Narcóticos Anônimos, começamos a perder aquele
sentimento de ser “o pior” ou “o mais louco”. Ouvimos os companheiros partilharem
suas experiências. Descobrimos que outros andaram o mesmo caminho tortuoso que
andamos e ainda foram capazes de achar a recuperação. Começamos a acreditar que a
recuperação é possível para nós também.
Ao progredir em nossa própria recuperação, algumas vezes nosso pensamento
ainda é insano. Entretanto, percebemos que, quando partilhamos o momento difícil por
que possamos estar passando, outros se identificam e partilham como têm lidado com
tais particularidades. Não importa quão tumultuado nosso pensamento parece ser,
encontramos esperança quando outros se identificam conosco, passando adiante as
soluções que encontraram. Começamos a acreditar que podemos sobreviver ao que
quer que seja que estivermos passando e, assim mesmo, continuar em nossa
recuperação.
A dádiva de Narcóticos Anônimos é aprender que não estamos sozinhos.
Podemos ficar limpos e permanecer limpos partilhando nossa experiência, nossa força
e até mesmo nosso pensamento insano com outros companheiros. Quando o fazemos,
abrimos nossas vidas às soluções que outros têm encontrado para os desafios que
encaramos.

Só por hoje: Eu estou agradecido por poder me identificar com outros. Hoje, ao
partilharem suas experiências, eu ouvirei e partilharei as minhas com eles.
*N.T. Esta página refere-se ao Livro 2 do Texto Básico em inglês.
6 de abril - Honestidade progressiva

"A nível prático, as mudanças ocorrem porque o que é apropriado


para uma fase da recuperação pode não ser em outra”.

Texto Básico, p. 114

Quando chegamos a Narcóticos Anônimos pela primeira vez, muito de nós não
tinha ocupação legítima. Nem todos decidem de repente que se tornarão modelos de
cidadãos, honestos e produtivos, no momento que chegamos em Narcóticos
Anônimos. Mas logo percebemos, em recuperação, que não nos sentimos tão
confortáveis fazendo muitas das coisas que fizemos, sem pensar duas vezes, quando
estávamos usando.
Ao progredir em nossa recuperação, começamos a ser honestos em questões que
provavelmente não tinham nos preocupado quando usávamos. Começamos a devolver
um troco que o caixa possa ter dado a mais por engano, ou a admitir quando batemos
em um carro estacionado. Percebemos que, se podemos começar a ser honestos nestas
pequenas coisas, testes maiores de nossa honestidade tornam-se muito fáceis de
superar.
Muitos de nós chegaram aqui com pouca capacidade de ser honesto. Mas
percebemos que, ao trabalharmos os Doze Passos, nossas vidas começaram a mudar.
Não nos sentimos mais confortáveis quando nos beneficiamos às custas dos outros. E
podemos nos sentir bem com nossa recém-descoberta honestidade.

Só por hoje: Eu examinarei o grau de honestidade em minha vida e verei se eu estou


confortável com isso.
O valor do passado - 7 de abril

“Esta experiência direta em todas as fases da doença e da recuperação é de


um valor terapêutico sem paralelo. Estamos aqui para compartilhar
livremente com qualquer adicto que queira se recuperar”.

Texto Básico, p. 11

A maioria de nós chegou no programa de recuperação com sérios


arrependimentos. Não tínhamos terminado o segundo grau ou tínhamos perdido a
oportunidade de freqüentar uma universidade. Tínhamos destruído amizades e
casamentos. Tínhamos perdido empregos. E sabíamos que não podíamos mudar nada
disso. Talvez tenhamos pensado que ficaríamos para sempre arrependidos e que
deveríamos simplesmente encontrar um jeito de conviver com nossos
arrependimentos.
Muito pelo contrário, descobrimos que nosso passado representa uma mina de
ouro inexplorada, assim que somos chamados para partilhar com um recém-chegado
ainda em conflito. À medida que ouvimos alguém partilhar seu Quinto Passo, podemos
dar uma forma especial de conforto, que ninguém poderia proporcionar – nossa
própria experiência. Fizemos as mesmas coisas. Tivemos os mesmos sentimentos de
vergonha e remorso. Podemos nos identificar – e eles também.
Nosso passado é precioso – de fato, é inestimável – porque podemos vir a usá-lo
em sua íntegra para ajudar um adicto que ainda sofre. Nosso Poder Superior pode atuar
através de nós quando compartilhamos nosso passado. Esta possibilidade é o porquê
de estarmos aqui, e sua realização é a meta mais importante que temos a alcançar.

Só por hoje: Eu não vou ter mais arrependimento por meu passado, porque com ele,
posso compartilhar com outros adictos, talvez evitando a dor ou mesmo a morte de
alguém.
8 de abril - Felicidade

"Passamos a conhecer felicidade, alegria e liberdade”.

Texto Básico, p.
100

Se alguém parasse você hoje na rua e perguntasse se você está feliz, o que você
diria? “Bom, huumm..., deixe-me ver..., tenho um lugar para morar, comida na
geladeira, um emprego, meu carro está funcionando... Bom, sim, acha que estou feliz”,
seria sua resposta. Estes são exemplos aparentes das coisas que muitos de nós
associam tradicionalmente à felicidade. Contudo, freqüentemente, esquecemos que
felicidade é uma escolha; ninguém pode nos fazer felizes.
Felicidade é o que encontramos em nosso envolvimento com Narcóticos
Anônimos. A felicidade que recebemos de uma vida centrada em servir ao adicto que
ainda sofre é realmente grandiosa. Quando colocamos o serviço a outros acima de
nossos próprios desejos, descobrimos que tiramos o foco de nós mesmos. Como
resultado, vivemos uma vida plena e harmoniosa. Estando a serviço de outros,
descobrimos que nossas necessidades estão sendo mais que preenchidas.
Felicidade, o que é isso, realmente? Podemos pensar na felicidade como
contentamento e satisfação. Estes estados de espírito parecem chegar a nós quando
menos lutamos para obtê-los. Quando vivemos só por hoje, levando a mensagem ao
adicto que ainda sofre, encontramos contentamento, felicidade e uma vida
profundamente significativa.

Só por hoje: Eu vou ser feliz. Encontrarei minha felicidade servindo os outros.
Deixando-se levar - 9 de abril

“Aprendemos a experimentar sentimentos e compreendemos que não


nos podem prejudicar, se não agirmos em função deles”.

IP Nº 16, “Para o recém-chegado”


Muitos de nós chegamos a Narcóticos Anônimos com algo menos do que um


esmagador desejo de para de usar. Claro, as drogas estavam causando problemas e
queríamos nos ver livres dos problemas, mas também queríamos ficar alterados.
Finalmente, entretanto, vimos que não poderíamos ter uma coisa sem a outra. Embora
quiséssemos realmente ficar com o humor alterado, não usávamos; não estávamos
dispostos a pagar este preço nunca mais. Quanto mais tempo ficávamos limpos e
trabalhávamos o programa, mais liberdade experimentávamos. Mais cedo ou mais
tarde, a compulsão de usar foi retirada de nós completamente, e ficamos limpos porque
queríamos viver limpos.
Os mesmos princípios aplicam-se para outros impulsos negativos que possam
nos contaminar. Podemos sentir vontade de fazer alguma coisa destrutiva, somente
porque queremos fazer. Já fizemos isto antes, e algumas vezes pensamos que nos
saímos bem, mas nem sempre isso aconteceu. Se não tivermos dispostos a pagar o
preço por agir em função destes sentimentos, não temos porque fazê-lo.
Isso pode ser difícil, talvez tão difícil quanto for ficar limpo no começo. Mas
outros sentiram do mesmo jeito e encontraram a liberdade de não agir em função de
seus impulsos negativos. Partilhando sobre isso e procurando a ajuda de outras pessoas
em recuperação e um Poder maior do que nós podemos nos abster de qualquer
compulsão destrutiva.

Só por hoje: Posso viver meus sentimentos. Com a ajuda de meu padrinho/madrinha,
meus amigos de NA e meu Poder Superior, eu estou livre para não me deixar levar por
meus sentimentos negativos.
10 de abril Muito ocupado

"Temos que usar o que aprendemos ou perderemos não importa


há quanto tempo estejamos limpos”.

Texto Básico, p.
92

Depois de algum tempo limpos, alguns de nós temos a tendência de esquecer qual
é nossa prioridade mais importante. Uma vez por semana, ou menos dizemos: “Eu
tenho que ir a uma reunião hoje. Já faz...”. Estamos ocupados em outras coisas,
importantes com certeza, mas não mais importante do que nossa participação contínua
em Narcóticos Anônimos.
Isso acontece gradualmente. Encontramos trabalho. Nos reunimos com nossas
famílias. Estamos criando crianças, o cachorro está doente ou estamos indo a escola à
noite.A casa precisa ser limpa. A grama precisa ser aparada. Temos que trabalhar até
tarde. Estamos cansados. Tem um bom show no teatro hoje à noite. E, de repente,
percebemos que não telefonamos mais para o nosso padrinho/madrinha, não fomos a
uma reunião, não falamos com um recém-chegado, ou até mesmo não falamos com
Deus há bastante tempo.
O que fazemos nesta circunstância? Bem, ou renovamos nosso compromisso com
nossa recuperação, ou continuamos ocupados demais para nos recuperar, até que
alguma coisa acontece e nossas vidas tornem incontroláveis. Que escolha! Nossa
melhor opção é colocar mais energia na manutenção dos alicerces sobre os quais
nossas vidas estão construídas. Esses alicerces fazem com que todas as outras coisas
sejam possíveis e certamente irão ruir, se ficarmos muito ocupados com elas.

Só por hoje: Eu não posso me dar ao luxo de estar ocupado demais para me recuperar.
Eu irei fazer alguma coisa hoje que sustente minha recuperação.
Uma mente fechada 11 de abril

“Uma idéia nova não pode ser enxertada numa mente fechada... A mente aberta nos
conduz ao próprio discernimento, o qual nos escapou a vida todo”.

Texto Básico, p. 104


Chegamos a NA no ponto mais baixo de nossas vidas. Tínhamos quase esgotado


nossas idéias. O que mais precisávamos quando chegamos aqui eram novas idéias,
novas maneiras de viver, compartilhadas pela experiência de pessoas que viram estas
idéias funcionarem. Porém, nossas mentes fechadas nos impediam de assimilar aquelas
idéias de que precisávamos para viver.
A negação nos impede de avaliar quanto precisamos realmente de novas odeias e
uma nova direção. Admitindo nossa impotência e reconhecendo que nossas vidas se
tornarem verdadeiramente ingovernáveis, nos permitimos ver quanto precisamos
daquilo que NA tem para oferecer.
A auto-suficiência e a teimosia podem nos impedir de admitir até mesmo a
possibilidade da existência de um Poder Superior a nós mesmos. Contudo, quando
admitimos o estado lamentável ao qual a teimosia nos fez chegar, abrimos nossos
olhos e nossas mentes para novas possibilidades. Quando outros nos falam de um
Poder que trouxe a sanidade a suas vidas, começamos a acreditar que tal Poder poderá
fazer o mesmo por nós.
Uma arvore podada morrerá, a menos que novos galhos possam ser enxertados a
sue tronco. Da mesma forma, a adicção nos podou de qualquer rumo que pudéssemos
ter. Para crescer ou até mesmo sobreviver, temos que abrir nossas mentes e permitir
que novas idéias sejam enxertadas em nossas vidas.

Só por hoje: Eu pedirei ao meu Poder Superior que abra minha mente às novas idéias
de recuperação.
12 de abril - O grande quadro

"... todo despertar espiritual tem alguma coisa em comum. Os elementos comuns
incluem o fim da solidão e um sentido de direção nas nossas vidas”.

Texto Básico, p.
54

Alguns tipos de experiência espiritual acontecem quando deparamos com algo


maior do que nós. Suspeitamos que forças além de nossa compreensão estão atuando.
Vemos em um relance o grande quadro e nesse momento encontramos humildade.
Nossa jornada através dos Doze Passos propiciará uma experiência espiritual da
mesma natureza, só que mais profunda e duradoura. Passamos por um processo
contínuo de desinflamar o ego, enquanto, ao mesmo tempo, nos tornamos mais
conscientes desta perspectiva mais ampla. Nossa visão do mundo se amplia a ponto de
não termos mais um sentido exagerado de nossa própria importância.
Através desta nova conscientização, não nos sentimos mais isolados do resto da
raça humana. De vez em quando, podemos até não entender por que o mundo é assim
ou mesmo por que as pessoas se tratam de forma tão selvagem. Porém,
compreendemos o que é sofrimento e, na recuperação, podemos fazer o máximo para
aliviá-lo. Quando nossa contribuição individual se alia à de outros, passamos a fazer
parte essencial de um grande desenho. Estamos enfim conectados.

Só por hoje: Eu sou apenas uma pessoa num esquema integral das coisas.
Humildemente aceito meu lugar no grande quadro.
Agradando pessoas 13 de abril

“(...) comportamento em busca de aprovação nos levou


mais longe na nossa adicção”.

Texto Básico, p. 15

Quando outras pessoas aprovam o que fazemos ou dizemos, nos sentimos bem;
quando elas desaprovam, nos sentimos mal. Suas opiniões sobre nós, e como estas
opiniões nos fazem sentir, podem ter um valor positivo. Por nos trazerem a confiança
de estarmos traçando o rumo certo, elas nos encorajam a continuar nossa jornada.
“Agradar pessoas” é algo totalmente distinto. Nós “agradamos pessoas” quando
fazemos coisas, certas ou erradas, expressamente para conseguir a aprovação de outra
pessoa.
Baixa auto-estima pode nos fazer pensar que precisamos da aprovação de outra
pessoa para nos sentirmos bem a nosso respeito. Fazemos tudo aquilo que achamos
que será necessário para que nos digam que somos legais. Sentimo-nos bem por um
momento. E aí começamos a passar mal. Tenteando agradar a outra pessoa,
diminuímos a nós mesmos e a nossos valores. Nós nos damos conta de que a
aprovação de outra pessoa não irá preencher o vazio dentro de nós.
A satisfação interior que procuramos pode ser encontrada fazendo as coisas
certas pelos motivos certos. Quebramos o ciclo do agrado de pessoas quando paramos
de agir somente para conseguir o reconhecimento de outros e começamos a agir de
acordo com a vontade de nosso Poder Superior para conosco. Quando o fazemos,
podemos ser agradavelmente surpreendidos ao descobrir que as pessoas que realmente
contam em nossas vidas vão aprovar ainda mais nosso comportamento. Acima de tudo,
porém, nós nos aceitamos.

Só por hoje: Poder Superior ajude-me a viver de acordo com os princípios espirituais.
Somente assim poderei me aceitar.
14 de abril Uma nova visão

"Queremos realmente nos livrar dos nossos ressentimentos,


da nossa raiva e do nosso medo?”.

Texto Básico, p.
36

Porque nós os chamamos de “defeitos”? Talvez devessem ser chamados de


“efeitos retardados”, em razão do tempo que eles levam para sair de nossas vidas.
Alguns de nós acham que nossos defeitos são as mesmas característica que salvaram
nossas vidas quando usávamos. Se isso é verdade, então não é de surpreender que
muitas vezes nos apegamos a eles como se fossem velhos e queridos amigos.
Se estamos tendo dificuldades com ressentimentos, raiva e medo, podemos
visualizar o que seriam nossas vidas sem esses defeitos problemáticos. Se nos
questionamos por que reagimos de um certo modo, podemos às vezes eliminar o medo
na origem de nossa conduta. “Porque estou com medo de ir além destes aspectos de
minha personalidade?”, nós nos perguntamos. “Será que estou com medo de quem eu
serei sem essas características?”.
Uma vez que identificamos nosso medo, podemos ultrapassá-lo. Tentamos
imaginar como seriam nossas vidas sem alguns de nossos mais notáveis defeitos. Isto
nos dá um sentimento do que está do outro lado de nosso medo, nos proporcionando a
motivação necessária para superá-lo. Nosso Poder Superior nos oferece uma nova
visão para nossas vidas, livre de nossos defeitos. Esta visão é a essência de nossos
melhores e mais iluminados sonhos para nós mesmos. Não precisamos ter medo desta
visão.

Só por hoje: Eu imaginarei como seria minha vida sem meus defeitos de caráter. Vou
pedir para ter boa vontade de deixar que Deus remova meus defeitos.
Continue voltando - 15 de abril

“Passamos a apreciar a vida limpa e queremos mais das


boas coisas que a irmandade de NA tem para nós”.

Texto Básico, p. 29

Você se lembra de alguma vez ter olhado para adictos em recuperação em NA e


pensado: “Se eles não estão usando drogas em seu meio, estão rindo do quê?” Você
acreditava que a diversão acabaria quando parasse de usar? Muitos de nós pensávamos
assim, tínhamos certeza de que estávamos deixando a “vida boa” para trás. Hoje em
dia, muitos de nós podemos rir dessa concepção errada porque sabemos o quanto nossa
vida em recuperação pode vir a ser rica.
Muitas das coisas que tanto apreciamos em recuperação são conquistadas
participando ativamente na Irmandade de NA. Começamos a descobrir o verdadeiro
companheirismo, amigos que entendem e se importam conosco apenas pelo que
somos. Encontramos um lugar onde podemos ser úteis a outros. Existem reuniões de
recuperação, prestação de serviço e encontros da Irmandade para preencher nosso
tempo e satisfazer nossos interesses. A Irmandade pode ser um espelho que reflete
uma imagem mais nítida de quem somos. Encontramos exemplos, amigos, ajuda,
amor, carinho e apoio. A Irmandade sempre tem mais a nos oferecer, enquanto
continuamos voltando.

Só por hoje: Eu sei onde está “a vida boa”. Continuarei voltando.


16 de abril - “Agindo como se”

"Hoje, buscamos soluções e não problemas. Tentamos


aplicar o que aprendemos de forma experimental”.

Texto Básico, p.
62

A primeira vez que escutamos que deveríamos “agir como se”, muitos de nós
protestaram: “Mas isto não é honesto! Pensei que deveríamos sempre ser honestos
sobre nossos sentimentos em Narcóticos Anônimos”.
Talvez possamos refletir sobre como chegamos ao programa. Pode ser que não
acreditássemos em Deus, mas rezávamos mesmo assim. Ou que não estivéssemos
certos de que o programa funcionaria para nós, mas continuamos voltando às reuniões
apesar de nossos sentimentos. O mesmo se aplica à medida que progredimos em nossa
recuperação. Podemos ter pavor de aglomerações, mas se agirmos confiantes e
estendermos nossa mão, não apenas nos sentiremos melhor a nosso respeito, como
também descobriremos que não mais tememos grupos grandes.
Cada ação tomada nesta direção nos aproxima mais da pessoa que deveríamos ser.
Cada mudança positiva que fazemos constrói nossa auto-estima. Agindo diferente,
descobrimos que estamos começando a pensar diferente. Estamos formando um
pensamento apropriado “agindo como se”.

Só por hoje: Eu vou aproveitar a oportunidade de agir como se fosse capaz de aceitar
uma situação da qual eu costumava fugir.
Prioridade: reuniões - 17 de abril

“No começo senti que seria impossível freqüentar mais de uma ou duas reuniões
por semana, simplesmente porque minha agenda estava sobrecarregada.
Mais tarde percebi que minhas prioridades estavam invertidas. Tudo
o mais é que deveria se adequar a minha agenda de reuniões”.

Basic Text, p. 204*


Quando chegamos em Narcóticos Anônimos, alguns de nós não freqüentávamos


reuniões regularmente e, depois, ficávamos pensando por que não conseguíamos
permanecer limpo. Logo aprendemos que, se queríamos permanecer limpos, tínhamos
que fazer da freqüência às reuniões nossa prioridade.
Então recomeçamos. Seguindo a sugestão de nosso padrinho ou madrinha,
firmamos um compromisso com nós mesmos de ir a noventa reuniões em noventa
dias. Durante os primeiros trinta dias nos identificamos como recém-chegados para
que outros pudessem nos conhecer. Orientados por nossos padrinhos ou madrinhas,
paramos de falar o tempo suficiente para aprender a ouvir. Logo começamos a sentir
vontade de ir às reuniões. Começamos a ficar limpo.
Hoje, freqüentamos as reuniões por uma variedade de motivos. Algumas vezes,
vamos às reuniões para compartilhar nossa experiência, força e esperança com novos
amigos. Outras vezes, vamos pra ver nossos amigos. E outras vezes ainda, vamos
porque simplesmente precisamos de um abraço. De vez em quando, saímos de uma
reunião e percebemos que não ouvimos quase nenhuma palavra que foi dita – mesmo
assim nos sentimos melhor. A atmosfera de amor e alegria que toma conta de nossas
reuniões nos fez permanecer limpo por mais um dia. Não importa se nossa agenda está
cheia, fazemos da freqüência às reuniões nossa prioridade.

Só por hoje: Em meu coração, eu sei que as reuniões me ajudam de todas as maneiras.
Hoje, eu quero o que é bom para mim. Eu irei a uma reunião.
*NB.T. Esta página refere-se ao Livro 2 do texto Básico em inglês.
18 de abril - “Eu compreendo”

"Humildemente pedimos a Ele que removesse nossos defeitos”.

Passo
Sete

Uma vez que estejamos inteiramente prontos para que nossos defeitos de caráter
sejam removidos, muitos de nós estaremos inteiramente prontos! Ironicamente é
quando a maior parte das confusões realmente começam. Quanto mais lutamos para
nos livrar de um defeito específico, mais forte ele se torna. É verdadeiramente uma
atitude de humildade perceber que não apenas somos impotentes perante nossa
adicção, mas também perante nossos próprios defeitos de caráter.
Finalmente, deslancha. O Sétimo Passo não sugere que nos livremos de nossos
defeitos de caráter e sim que peçamos a nosso Poder Superior que nos livre deles. O
foco de nossas orações diárias começa a mudar. Admitindo nossa inabilidade em nos
aperfeiçoarmos, rogamos a nosso Poder Superior que faço por nós o que não podemos
fazer por nós mesmos. E esperamos.
Por muitos dias, nosso programa pode ficar no Sétimos Passo. Podemos não
experimentar qualquer alívio imediato e total de nossos defeitos, mas muitas vezes
experimentamos uma mudança sutil em nossa percepção de nós mesmos e de outros.
Através dos olhos do Sétimo Passo, começamos a ver quem está à nossa volta de uma
maneira menos crítica. Sabemos que, assim como nós, muitos estão lutando com
defeitos dos quais adorariam se livrar. Sabemos que, assim como nós, eles são
impotentes perante seus próprios defeitos. Pensamos se eles também rezam
humildemente para que seus defeitos sejam removidos.
Começamos a avaliar outras pessoas da mesma forma que aprendemos a avaliar a
nós mesmos, com uma empatia nascida da humildade. Enquanto observamos os outros
e mantemos vigilância sobre nós mesmos, podemos finalmente dizer: “Eu
compreendo”.

Só por hoje: Deus me ajude a ver através dos olhos do Sétimo Passo. Ajude-me a
compreender.
Mexa-se - 19 de abril

“Quantas vezes os adictos buscaram as recompensas


de um trabalho árduo, sem fazerem esforço”.

Texto Básico, p. 36

Quando chegamos em NA pela primeira vez, alguns de nós queríamos tudo e


imediatamente. Queríamos a serenidade, os carros, os relacionamentos felizes, os
amigos, a proximidade com nosso padrinho ou madrinha – todas as coisas que outras
pessoas tinham conseguido após meses e anos trabalhando os passos e vivendo a vida
como ela é.
Aprendemos da maneira mais dura que a serenidade chega somente trabalhando
os passos. Trabalhando todos os dias e tentando “praticar esses princípios em todas as
áreas de nossas vidas”, inclusive em nossos empregos, poderemos conseguir um carro
novo. Relacionamentos saudáveis resultam de muito trabalho e uma nova vontade de
se comunicar. A amizade com nosso padrinho ou madrinha é o resultado de pedir
ajuda durante os maus e bons momentos.
Em Narcóticos Anônimos, encontramos o caminho para uma melhor maneira de
viver. Para alcançar nossas metas, no entanto, temos que nos mexer.

Só por hoje: Eu quero uma vida melhor. Farei um inventário do que quero,
descobrirei como conseguí-lo, falarei com meu padrinho ou madrinha sobre isto. Vou
me mexer para isso.
20 de abril Desligamento

"A adicção é uma doença da família, mas só


conseguimos modificar a nós mesmos”.

IP Nº 13, “Juventude e recuperação”

Muito de nós vêm de famílias gravemente conturbadas. Às vezes, a insanidade


que reina entre nossos familiares parece esmagadora. Às vezes, sentimos vontade de
fazer as malas e mudar para longe.
Rezamos para que nossa família se una a nós na recuperação, mas, para nossa
grande tristeza, isto nem sempre acontece. Às vezes, apesar de nossos grandes esforços
para levar a mensagem, descobrimos que não podemos ajudar aqueles por quem temos
a maior estima. Nossa experiência em grupo tem nos ensinado que, freqüentemente,
estamos tão próximos de nossos parentes que não podemos ajudá-los. Aprendemos que
é melhor deixá-los aos cuidados de nosso Poder Superior.
Descobrimos que, quando paramos de tentar apaziguar os problemas de nossos
familiares, damos o espaço necessário para que eles possam resolver suas próprias
vidas. Ao relembrá-los de que não somos capazes de resolver seus problemas por eles,
nos damos à liberdade de viver nossas próprias vidas. Temos fé que Deus ajudará
nossos familiares. Muitas vezes, a coisa mais importante que podemos dar às pessoas
que amamos é o exemplo contínuo de nossa recuperação. Pela sanidade de nossa
família e por nossa própria sanidade, devemos deixar nossos familiares encontrarem
seus próprios caminhos de recuperação.

Só por hoje: Eu vou procurar fazer minha programação e deixar minha família aos
cuidados do Poder Superior.
Medo - 21 de abril

“Descobrimos que não tínhamos escolha: ou mudávamos completamente


nossa antiga maneira de pensar, ou então voltávamos a usar”.

Texto Básico, p. 23

Muitos de nós descobrem que nossa antiga maneira de pensar era dominada pelo
medo. Tínhamos medo de não conseguir nossas drogas ou de não conseguir o bastante.
Tínhamos medo de ser descobertos, presos e encarcerados. Além disto, existiam os
medos de problemas financeiros, perda do lar, overdose e doença. E nosso medo
controlava nossas ações.
Os primeiros dias de recuperação não foram diferentes para muitos de nós;
naqueles dias, o medo também dominava nossos pensamentos. “E se ficar limpo doer
demais?” – nós nos questionávamos. “E se não conseguirmos? E se as pessoas em NA
não gostarem de mim? E se NA não funcionar?” O medo por trás destes pensamentos
pode ainda controlar nosso comportamento, nos impedindo decorrer os riscos
necessários para ficar limpos e crescer. Pode parecer mais fácil nos resignar a algum
fracasso, desistindo antes de começar. Mas este tipo de pensamento só nos leva à
recaída.
Para ficar limpo, devemos encontrar a boa vontade para mudar nossa antiga
maneira de pensar. O que já funcionou para outros adictos pode funcionar para nós –
mas devemos estar dispostos a tentar. Devemos trocar nossas antigas dúvidas cínicas
pelas novas afirmações de esperança. Quando fizermos isso, veremos que o risco vale
a pena.

Só por hoje: Eu rezo pela boa vontade para mudar minha antiga maneira de pensar e
pela capacidade de superar meus medos.
22 de abril - Viajando pela estrada aberta

"Esta é a nossa estrada para o crescimento espiritual.”

Texto Básico, p. 40

Quando chegamos à nossa primeira reunião de NA, parecia que era o fim da linha
para nós. Não poderíamos mais usar. Estávamos espiritualmente falidos. A maioria de
nós estava totalmente isolada e não achava que teria mais razão de viver. Quando
começamos nosso programa de recuperação, quase não nos demos conta de que
estávamos ingressamos em um caminho de possibilidades ilimitadas.
No início, só o fato de não usar já era bastante durão. Porém, à medida que
observávamos outros adictos praticando os passos e aplicando estes princípios em suas
vidas, começamos a ver que a recuperação ia além do simples fato de não usar. As
vidas de nossos amigos de NA tinham mudado. Tinham um relacionamento com o
Deus da sua compreensão. Eram membros responsáveis da Irmandade e da sociedade.
Tinham uma razão para viver. Começamos, então, a acreditar que estas coisas também
seriam possíveis para nós.
À medida que continuamos em nossa jornada de recuperação, podemos ser
afastados de nosso caminho pela complacência, intolerância ou desonestidade. Quando
isto acontecer, precisamos reconhecer estes sinais rapidamente e voltar para nosso
caminho – a estrada aberta da liberdade e do crescimento.

Só por hoje: Eu continuo a desenvolver minhas habilidades espirituais, sociais e de


convívio em geral, pela aplicação dos princípios de meu programa. Posso viajar tão
longe quanto desejar na estrada aberta da recuperação.
Deus de nossa própria compreensão 23 de abril

“Muitos de nós compreendem Deus, simplesmente, como


sendo aquela força que nos mantém limpos.”

Texto Básico, p. 27

Alguns de nós entram em recuperação com uma compreensão prática de um


Poder Superior. Para muitos de nós, entretanto, “Deus” é uma palavra problemática.
Podemos duvidar da existência de qualquer tipo de Poder maior do que nós mesmos.
Ou podemos relembrar experiências desconfortáveis com religião e nos afastarmos das
“histórias de Deus”.
Em recuperação, recomeçar significa também que podemos recomeçar nossa vida
espiritual. Se não estamos confortáveis com o que aprendemos, quando estávamos
crescendo, podemos tentar uma abordagem diferente em relação a nossa
espiritualidade. Não temos que entender tudo de uma vez ou achar as respostas para
todas as nossas questões de uma só vez. Às vezes, basta saber somente que outros
membros de NA acreditam e que suas crenças ajudam a mantê-los limpos.

Só por hoje: Tudo que tenho que saber sobre meu Poder Superior, agora, é que este é
um Poder que me ajuda a me manter limpo.
24 de abril Os Doze Passos da vida

"Através da abstinência e da prática dos Doze Passos de


Narcóticos Anônimos, nossas vidas tornaram-se úteis.”

Texto Básico, p. 8

Antes de chegar a Narcóticos Anônimos, nossas vidas giravam em torno do uso.


Pa ra a maioria de nós, sobrava muito pouca energia para o trabalho, relacionamentos
ou outras atividades. Éramos escravos de nossa adicção.
Os Doze Passos de Narcóticos Anônimos nos proporcionam uma maneira simples
de dar uma virada em nossas vidas. Começamos por ficar limpo, um dia de cada vez.
Quando nossas energias não estão mais canalizadas para nossa adicção, descobrimos
que possuímos energia para perseguir outros objetivos. À medida que crescemos em
recuperação, nos tornamos capazes de manter relacionamentos saudáveis. Passamos a
ser empregados confiáveis. O lazer e a diversão ficam mais convidativos. Através de
nossa participação em Narcóticos Anônimos, ajudamos os outros.
Narcóticos Anônimos não é a garantia de que iremos conseguir bons trabalhos,
relacionamentos amorosos ou uma vida plena. Mas, quando trabalharmos os Doze
Passos com nosso melhor desempenho, descobrimos que podemos nos tornar o tipo de
pessoa que é capaz de encontrar emprego, manter relacionamentos amorosos e ajudar
os outros. Paramos de servir à nossa doença e começamos a servir a Deus e aos outros.
Os Doze Passos são a chave para a transformação de nossas vidas.

Só por hoje: Eu vou ter a sabedoria de usar os Doze Passos em minha vida e a
coragem para crescer em minha recuperação. Eu vou praticar meu programa par me
tornar um membro produtivo e responsável da sociedade.
Abraçando a realidade 25 de abril

“Hoje, a recuperação é uma realidade para nós.”

Texto Básico, p. 110


A dor e a miséria eram realidades em nossas vidas de ativa. Não queríamos


aceitar nossa situação de vida ou mudar aquilo que era inaceitável. Tentávamos
escapar das dores da vida pelo uso de drogas, mas o uso somente agravava nossos
problemas. Nossa percepção alterada da vida tornou-se um pesadelo.
Através da vivência do Programa de Narcóticos Anônimos, aprendemos que
nossos sonhos podem substituir nossos pesadelos. Crescemos e mudamos. Adquirimos
a liberdade de escolha. Somos capazes de dar e receber amor. Podemos compartilhar
honestamente sobre nós mesmos, não mais aumentando ou minimizando a verdade.
Aceitamos os desafios que a vida real nos oferece, encarando-os de uma maneira
responsável e madura.
Mesmo que a recuperação não nos dê imunidade para as realidades da vida, na
Irmandade de NA podemos encontrar apoio, atenção verdadeira e o interesse de que
precisamos para enfrentar essas realidades. Não precisamos nunca mais nos esconder
da realidade pelo uso de drogas, pois nossa unidade com os outros adictos em
recuperação nos dá força. Hoje, o apoio, a atenção e a empatia da recuperação nos dão
uma janela limpa e clara através da qual enxergamos, vivenciamos e apreciamos a
realidade como ela é.

Só por hoje: Um dos presentes de minha recuperação é viver e aproveitar a vida como
ela é efetivamente. Hoje, eu abraçarei a realidade.
26 de abril Auto-aceitação

"A aplicação dos Doze Passos da recuperação é o meio


mais eficaz para alcançar a auto-aceitação.”

IP Nº 19, “Auto-aceitação”

A maioria de nós chegou a Narcóticos Anônimos sem muita auto-aceitação.


Olhávamos para os danos que causamos em nossa adicção ativa e nos rejeitávamos.
Tínhamos dificuldade em aceitar nossa auto-imagem produzida pelo passado.
A auto-aceitação chega mais depressa quando, primeiro, aceitamos que somos
portadores de uma doença chamada adicção, porque é mais fácil nos aceitar como
pessoas doentes do que como pessoas ruins. E, quanto mais fácil nos aceitamos, mais
facilmente aceitamos a responsabilidade sobre nós mesmos.
Alcançamos a auto-aceitação através de um processo de recuperação contínuo.
Trabalhar os Doze Passos de Narcóticos Anônimos nos ensina a aceitar a nós mesmos
e a nossas vidas. Princípios espirituais como entrega, honestidade, fé e humildade
ajudam a aliviar o peso de nossos erros do passado. Nossa atitude muda com a
aplicação destes princípios em nossas vidas diárias. A auto-aceitação cresce na medida
em que progredimos na recuperação.

Só por hoje: A auto-aceitação é um processo motivado pelos Doze Passos. Hoje, eu


irei confiar neste processo, praticando os passos e aprendendo a me aceitar melhor.
Reconhecendo e abrindo mão
dos ressentimentos 27 de abril

“Queremos encarar nosso passado de frente, vê-lo como ele


realmente foi e libertá-lo para podermos viver o hoje.”

Texto Básico, p. 31

Muitos de nós tínhamos problemas em identificar nossos ressentimentos no


início da recuperação. Lá estávamos sentados com nosso Quarto Passo diante de nós,
pensando e pensando, e finalmente concluindo que nós não tínhamos nenhum
ressentimento. Talvez nos manipulássemos para acreditar, afinal, que não estávamos
tão doentes assim.
Tal negação inconsciente de nossos ressentimentos vem do condicionamento de
nossa adicção. A maioria de nossos ressentimentos estava enterrado, profundamente
enterrado. Depois de algum tempo de recuperação, um novo senso de compreensão se
desenvolve. Esses sentimentos começam a aparecer e emergem aqueles ressentimentos
que achávamos não ter.
Enquanto examinamos esses ressentimentos, podemos nos sentir tentados a nos
agarrar a algum deles, especialmente se achamos que são “justificados”. Mas o que
precisamos lembrar é que ressentimentos “justificados” são tão incômodos quanto
qualquer outro.
À medida que a conscientização de nossas cargas aumentam, aumenta também o
compromisso de soltá-las. Não precisamos mais nos apegar a nossos ressentimentos.
Queremos nos livrar do que é indesejável, nos tornando livres para a recuperação.

Só por hoje: Quando descobrir um ressentimento, eu o verei como ele é e abrirei mão
dele.
28 de abril Quem realmente melhora

"Podemos também usar os passos para melhorar as nossas atitudes. Nosso melhor
raciocínio meteu-nos em encrencas. Reconhecemos a necessidade de mudar.”

Texto Básico, p. 59

No início da recuperação, a maioria de nós tinha pelo menos uma pessoa que não
podia suportar. Pensávamos que aquela pessoa era a mais grosseira, a mais detestável
de todo o programa. Sabíamos que existia alguma coisa que podíamos fazer, algum
princípio de recuperação que podíamos praticar para superar a maneira como nos
sentíamos em relação a ela – mas qual? Pedíamos orientação a nosso padrinho ou
madrinha. Provavelmente nos asseguravam com um sorriso divertido que, se
continuássemos voltando, veríamos a pessoa melhorar. Isto nos pareceu sensato.
Pensávamos que os passos de NA funcionavam na vida de todo mundo. Funcionando
para nós, poderiam funcionar também para esta pessoa horrível.
O tempo passou, e em algum momento, percebemos que aquela pessoa não parecia
mais tão grosseira e detestável como antes, De fato, ele ou ela tinha se tornado uma
pessoa tolerável, talvez até agradável. Tivemos uma boa surpresa ao perceber quem,
na verdade, tinha melhorado. Por continuar voltando e trabalhar os passos, nossa
percepção dessa pessoa tinha mudado. Aquela “praga” tornou-se tolerável. Porque
desenvolvemos alguma tolerância; ele ou ela tornou-se agradável porque
desenvolvemos a capacidade de amar.
Então, quem realmente melhora? Nós! À medida que praticamos o programa,
adquirimos uma visão totalmente nova daqueles que nos cercam por obter uma nova
visão de nós mesmos.

Só por hoje: À medida que eu melhoro, outros melhoram. Hoje, eu praticarei a


tolerância e tentarei amar aqueles que eu encontrar.
”E se...” 29 de abril

“Viver só por hoje alivia a carga do passado e o medo


do futuro. Aprendemos a tomar as atitudes necessárias,
e a deixar os resultados nas mãos do nosso Poder Superior.”

Texto Básico, p. 102


Durante nossa adicção ativa, o medo do futuro e do que podia acontecer era uma
realidade para muitos de nós. E se fôssemos presos? Perdêssemos nosso emprego?
Nosso cônjuge morresse? Fôssemos à falência? E isso, e aquilo, e aquilo outro. Não
era incomum para nós passar horas, até dias inteiros, pensando no que “poderia”
acontecer. Encenávamos enredos e conversas inteiras antes que acontecessem e
traçávamos nosso curso na base do “e se...”. Ao fazer isso nos preparávamos para um
desapontamento após o outro.
De ficar ouvindo nas reuniões, aprendemos que viver no presente, e não no
mundo do “e se”, é a única forma de eliminar nossas profecias auto-realizadoras de
escuridão e derrota. Só podemos lidar com o que é verdadeiro hoje e não com nossas
temerosas fantasias do futuro.
Vir a acreditar que nosso Poder Superior tem somente o melhor reservado para
nós é uma maneira de combater esse medo. Ouvimos nas reuniões que nosso Poder
Superior não vai nos dar mais do que podemos suportar em um dia. E sabemos Por
experiência que, se pedirmos, o Deus que compreendemos vai certamente cuidar de
nós. Permanecemos limpos através de situações adversas pela prática da fé nos
cuidados de um Poder Superior maior do que nós. Cada vez que o fizemos, nos
tornaremos menos temerosos do “e se” e mais confortáveis com o que é.

Só por hoje: Eu aguardarei o futuro com fé em meu Pode Superior.


30 de abril Deus faz por nós

"A recuperação contínua depende de nossa relação com


um Deus amoroso,que se importa conosco e que fará
por nós o que achamos impossível fazermos sozinho”.

Texto Básico, p. 108

Quantas vezes ouvimos dizer nas reuniões que “Deus faz por nós o que não
podemos fazer por nós mesmos?”. Às vezes podemos empacar em nossa recuperação,
incapazes, temerosos ou com má vontade para tomar as decisões que sabemos dever
tomar para ir adiante. Talvez sejamos incapazes de acabar com um relacionamento que
simplesmente não está dando certo. Talvez nosso emprego esteja gerando sucessivos
conflitos. Ou talvez achemos que devemos encontrar um novo padrinho ou madrinha,
mas estamos com medo de começar a procurar. Pela graça de nosso Poder Superior,
mudanças inesperadas podem acontecer precisamente na área que nos sentimos
incapazes de modificar.
Às vezes nos permitimos empacar num problema em vez de ir adiante no rumo de
uma solução. Nestes momentos, seguidamente descobrimos que nosso Poder Superior
faz por nós o que não podemos fazer por nós mesmos. Talvez nossa companheira ou
companheiro decida terminar nosso relacionamento. Podemos ser despedidos ou
afastados. Ou nosso padrinho ou madrinha nos diz que não poderá mais trabalhar
conosco, obrigando-nos a procurar um novo.
Às vezes o que acontece em nossas vidas pode ser assustador, como as mudanças
costumam ser. Mas também ouvimos que “Deus nunca fecha uma porta sem abrir
outra”. Enquanto vamos adiante com fé, a força de nosso Poder Superior nunca está
longe de nós. Nossa recuperação fica fortalecida com estas mudanças.

Só por hoje: Confio em que o Deus de minha compreensão fará por mim o que eu não
posso fazer por mim mesmo.
MAIO
Auto-estima 1º de maio

“Estar envolvido com o serviço me faz sentir útil”.

Basic Text, p. 212*


Quando a maioria de nós chegou a Narcóticos Anônimos, restava-nos muito


pouca auto-estima para salvar. Muitos membros dizem que começaram a desenvolver
a auto-estima prestando serviço desde cedo em sua recuperação. Algo que é quase um
milagre ocorre quando, começamos a ter um impacto positivo na vida dos outros
através de nossos esforços no serviço.
Com trinta dias limpos, a maioria de nós não tem muitas experiência, força ou
esperança para partilhar. De fato, alguns membros nos dirão, sem meias palavras, que
o melhor que podemos fazer é escutar. Mas com trinta dias temos algo a oferecer para
aquele adicto que acaba de entrar nas salas de NA, se esforçando para ficar vinte e
quatro horas limpo. O mais novo membro de NA, aquele que tem apenas o desejo de
parar de usar, e nenhuma das ferramentas, mal pode imaginar alguém ficando limpo
por um ano ou dois anos ou dez. Mas ele ou ela pode se identificar com aquelas
pessoas que estão trinta dias limpos, pegando uma ficha com um olhar de orgulho e
surpresa estampado em seus rostos.
O serviço é uma dádiva única – algo que ninguém pode tirar de nós. Damos e
recebemos. Através do serviço, muitos de nós começamos a quase sempre longa
caminhada para nos tornarmos membros produtivos na sociedade.

Só por hoje: Eu serei grato pela oportunidade de prestar serviço.


*N.T. Esta página refere-se ao Livro 2 do Texto Básico em inglês.
2 de maio “Talvez...”

"Mais do que qualquer outra coisa, uma atitude de indiferença ou intolerância


com os princípios espirituais irá detonar nossa recuperação”.

Texto Básico, p. 19

Quando viemos pela primeira vez a NA, muitos de nós tivemos grande dificuldade
em aceitar os princípios espirituais que são à base deste programa – e por boas razões.
Não importa quanto tentamos controlar nossa adicção, nos encontramos impotentes.
Ficávamos com raiva e frustrados com qualquer um que sugerisse haver esperança
para nós, porque sabíamos mais. Idéias espirituais podem ter feito sentido na vida de
outras pessoas, mas não nas nossas.
Independente de nossas indiferença ou intolerância para com os princípios
espirituais fomos atraídos para Narcóticos Anônimos. Lá, encontramos outros adictos.
Eles estiveram onde estivemos, impotentes e sem esperança, e ainda assim
encontraram não só uma maneira de parar de usar, mas de viver e desfrutar a vida
limpos. Eles falaram dos princípios espirituais que indicaram o caminho desta nova
vida de recuperação. Para eles, estes princípios não eram apenas teorias, mas uma
parte de sua experiência prática.
Sim, tínhamos boas razões para sermos céticos, mas estes princípios espirituais
dos quais outros membros de NA falavam parecia mesmo funcionar.
Uma vez admitindo isto, não aceitamos necessariamente cada uma das idéias
espirituais que ouvimos. Mas começamos a pensar que, se estes princípios
funcionaram para outros, talvez funcionassem para nós também. Para começar, esta
boa vontade foi o bastante.

Só por hoje: Talvez os princípios espirituais que ouço em NA possam funcionar para
mim. Eu quero, pelo menos, abrir minha mente para a possibilidade.
Partilhando nossa gratidão 3 de maio

“Minha gratidão fala quando eu me importo e quando


compartilho com os outros o caminho de NA”.

Prece da Gratidão

Quanto mais tempo ficarmos limpos, mais experimentamos sentimentos de


gratidão por nossa recuperação. Estes sentimentos de gratidão não estão limitados a
certas dádivas em particular, como novos amigos ou a capacidade de conseguir
emprego. Mais freqüentemente, eles vêm do sentimento geral de alegria que sentimos
em nossas novas vidas. Estes sentimentos são realçados pela certeza do curso que
nossas vidas tomariam se não fosse o milagre que experimentamos em Narcóticos
Anônimos.
Estes sentimentos são tão envolventes, tão maravilhosos e às vezes tão
avassaladores que, freqüentemente, não encontramos palavras para expressá-los. Às
vezes choramos de alegria abertamente ao partilhar em uma reunião, ainda tateando
por palavras para expressar o que estamos sentindo. Queremos tanto passar para os
recém-chegados a gratidão que sentimos, mas parece que nossa linguagem carece dos
superlativos para descrevê-la.
Quando compartilhamos com lágrimas nos olhos, quando ficamos engasgados
sem conseguir falar – estes são os momentos em que nossa gratidão fala mais
claramente. Compartilhamos nossa gratidão diretamente de nossos corações; e com
seus corações os outros escutam e compreendem. Nossas palavras podem não falar
com eloqüência, mas nossa gratidão sim.

Só por hoje: Minha gratidão tem uma voz própria; quando fala, o coração
compreende. Hoje, eu vou compartilhar minha gratidão com os outros, encontrando ou
não palavras.
4 de maio “E o recém-chegado”

"Cada grupo tem apenas um único propósito primordial –


levar a mensagem ao adicto que ainda sofre ”.

Tradição Cinco

Nosso grupo de escolha significa muito para nós. Afinal de contas, onde
estaríamos sem nossa reunião predileta de NA? Nosso grupo às vezes patrocina
piqueniques e outras atividades. Freqüentemente, os membros de nosso grupo de
escolha se juntam para ver um filme ou jogar boliche. Todos nós fizemos boas
amizades através de nosso grupo de escolha e não trocaríamos aquele calor por nada
no mundo.
Mas, de vez em quando, temos que fazer um inventário sobre o que nosso grupo
está fazendo para realizar seu propósito primordial – levar a mensagem ao adicto que
ainda sofre. Às vezes, quando vamos a nossas reuniões, conhecemos quase todo
mundo e nos contagiamos pelo riso e divertimento. Mas, e o recém-chegado?
Lembramos de dar boas-vindas para aqueles que visitam nosso grupo?
O amor encontrado nas salas de Narcóticos Anônimos nos ajuda a nos recuperar
da adicção. Mas, uma vez que tenhamos ficado limpos, temos que nos lembrar de dar a
outros o que nos foi dado livremente. Precisamos nos aproximar do adicto que ainda
sofre. Afinal, “o recém-chegado é a pessoa mais importante em qualquer reunião”.

Só por hoje: Eu sou grato pela irmandade calorosa que encontrei em meu grupo de
escolha. Vou estender minha mão para o adicto que ainda sofre, oferecendo a mesma
irmandade para outros.
Qualquer distância 5 de maio

“(...) eu estava pronto para percorrer qualquer distância para me manter limpo”.

Basic Text, p 127*


“Qualquer distância?” – perguntavam os recém-chegados. “O que você quer


dizer com qualquer distância?” Olhar para nosso passado de adicção ativa e as
distâncias que estávamos dispostos a percorrer para ficarmos drogados pode ajudar a
explicar. Estávamos dispostos a viajar muitos quilômetros para buscar drogas? Sim,
geralmente estávamos. Então, faz sentido que, se nós estivermos tão interessados em
nos manter limpos quanto estávamos em usar, vamos tentar qualquer coisa para
arranjar um transporte para uma reunião.
Em nossa adicção, quantas vezes fizemos loucuras, insanidades ou usamos
substâncias que não conhecíamos por sugestão dos outros? Então, por que
freqüentemente achamos tão difícil aceitar sugestões em recuperação, especialmente
quando esta sugestão é indicada para nos ajudar a crescer? E, quando usávamos, não
pedimos em desespero, muitas vezes, a nosso Poder Superior: “Me tira dessa, por
favor!” Então, por que achamos tão difícil pedir a ajuda de um Deus em nossa
recuperação?
Quando usávamos, tínhamos, geralmente, uma mente aberta quando se tratava de
encontrar maneiras e meios de conseguir mais drogas. Se pudermos aplicar este
mesmo princípio de mente aberta em nossa recuperação, podemos nos surpreender
com a facilidade com que começamos a compreender o Programa de NA. Foi nossa
melhor maneira de pensar, como se diz, que nos trouxe para as salas de Narcóticos
Anônimos. Se estivermos dispostos a percorrer qualquer distância, aceitar sugestões e
manter a mente aberta podemos ficar limpos.

Só por hoje: Eu estou disposto a percorrer qualquer distância para me manter limpo.
Manterei a mente aberta e aceitarei sugestões quando precisar.
*N.T. Esta página refere-se ao Livro 2 do Texto básico em inglês.
6 de maio Já estamos nos divertindo?

"Com o tempo, conseguimos relaxar e apreciar


a atmosfera de recuperação”.

Texto Básico, p. 60

Imagine o que aconteceria se um recém-chegado entrasse em uma de nossas


reuniões e encontrasse um grupo de gente carrancuda, se agarrando às cadeiras, com
os dedos crispados. Este recém-chegado provavelmente sairia correndo, talvez
murmurando: “Pensei que pudesse largar as drogas e ser feliz”.
Felizmente nossos recém-chegados geralmente encontram um grupo de rostos
amigáveis e sorridentes, que obviamente estão bastante contentes com a vida que
encontraram em Narcóticos Anônimos. Isto traz muita esperança! Um recém-chegado,
cuja vida tem sido mortalmente séria, se sente fortemente atraído por uma atmosfera
de riso e relaxamento. Vindo de um lugar onde tudo é levado exageradamente a sério,
onde o desastre espera a cada esquina, é bem-vindo o alívio de entrar em uma sala e
encontrar pessoas que geralmente não levam a si mesmas tão a sério e que estão
prontas para algo maravilhoso.
Aprendemos a ficar mais leve em recuperação. Rimos do absurdo que é nossa
adicção. Nossas reuniões – aquelas cheias de ruídos vivos e alegres de café coando,
cadeiras arrastando e adicto rindo – são os locais de encontro onde nós damos as
primeiras boas-vindas a nossos recém-chegados e fazemos com que saibam que agora,
sim, estamos nos divertindo.

Só por hoje: Eu posso rir de mim mesmo. Posso receber uma piada. Vou ficar leve e
me divertir hoje.
Transformar tumulto em paz 7 de maio

“Com o mundo em tamanho tumulto, sinto que fui abençoado por estar onde estou”.

Basic Text, p 155*


Alguns dias nem precisamos assistir às notícias, tantas são as histórias de


violência e barbaridades que escutamos. Quando usávamos, muitos de nós nos
acostumamos com a violência. Através da neblina de nossa adicção, raramente nos
incomodamos muito com o estado do mundo. Agora que estamos limpos, porém,
muitos de nós descobrimos que somos particularmente sensíveis ao mundo a nosso
redor. Como pessoas em recuperação, o que podemos fazer para torná-lo um mundo
melhor?
Quando estamos transtornados pelo tumulto de nosso mundo, podemos encontrar
conforto na oração e meditação. Quando parece que tudo está de cabeça para baixo, o
contato com nosso Poder Superior pode ser nossa calmaria no meio de qualquer
tempestade. Quando estamos concentrados em nosso caminho espiritual, podemos
responder a nossos medos com paz. E ao viver pacificamente, convidamos um espírito
de paz a entrar em nosso mundo. Como pessoas em recuperação, podemos contribuir
para uma mudança positiva ao dar o melhor de nós para praticar os princípios de nosso
programa.

Só por hoje: Eu vou aumentar a paz no mundo ao viver, falar e agir de modo pacífico
em minha própria vida.
*N.T. Esta página refere-se ao Livro 2 do Texto Básico em inglês.
8 de maio Ensinável

"Aprendemos que é normal não termos todas as respostas, pois, assim,


podemos ser ensinados e aprender a viver a nossa nova vida com sucesso.”

Texto Básico, p. 104


De certo modo, a adicção é uma grande mestra. E, se não ensinar mais nada, ao
menos nos ensinará humildade. Dizem que a melhor idéia que já tivemos foi chegar
em NA. Agora que chegamos, estamos aqui para aprender.
A Irmandade de NA é um ambiente de aprendizagem maravilhoso para o adicto
em recuperação. Não precisamos nos sentir idiotas nas reuniões. Em vez disso,
encontramos outros que estiveram exatamente onde estivemos e que encontraram uma
saída. Tudo que temos que fazer é admitir que não temos todas as respostas e, então,
escutar quando outros compartilham o que mais funcionou para eles.
Como adictos em recuperação e como seres humanos, temos muito que aprender.
Outros adictos – e outros seres humanos – têm muito o que nos ensinar sobre o que
funciona e o que não. Enquanto pudermos ser ensinados, tiraremos proveito da
experiência de outros.

Só por hoje: Eu vou admitir que não tenho todas as respostas. Vou ver e escutar as
experiências de outros para obter as respostas de que preciso.
Escreva! 9 de maio

“Nós nos sentamos com um bloco, pedimos orientação,


pegamos a caneta e começamos a escrever”.

Texto Básico, p. 32

Quando estamos confusos ou com dor, nosso padrinho ou madrinha, às vezes,


nos diz para “escrever sobre isso”. Embora possamos resmungar enquanto procuramos
o caderno, sabemos que irá ajudar. Ao colocar tudo no papel, nos damos à
oportunidade de procurar o que está nos incomodando. Sabemos que o podemos
chegar ao fundo de nossa confusão e descobrir o que está realmente causando dor
quando começamos a escrever.
Escrever pode ser recompensador, especialmente quando trabalhamos através dos
passos. Muitos membros mantêm um diário. Apenas pensar sobre os passos,
ponderando seu significado e analisando seu efeito, não é suficiente para muitos de
nós. Há alguma coisa sobre o ato físico que ajuda a fixar os princípios da recuperação
em nossas mentes e corações.
As recompensas que encontramos através do simples ato de escrever são muitas.
Clareza de pensamento, chaves para lugares trancados dentro de nós e voz da
consciência é apenas algumas. Escrever nos ajuda a sermos honestos conosco. Nos
sentamos, acalmamos nossos pensamentos e escutamos nossos corações. O que
ouvimos na quietude são as verdades que colocamos no papel.

Só por hoje: Uma das maneiras pela qual eu posso buscar a verdade em recuperação é
escrevendo. Vou escrever sobre minha recuperação hoje.
10 de maio Prontificando-se inteiramente

"(...) e olhamos bem o que estes defeitos estão fazendo nas nossas vidas.
Começamos a ansiar pela nossa libertação desses defeitos”.

Texto Básico, p. 37

Prontificar-se inteiramente a ter nossos defeitos de caráter removidos pode ser um


longo processo, muitas vezes acontecendo durante o curso de uma vida inteira. Nosso
estado de prontidão cresce em proporção direta a nossa consciência destes defeitos e
da destruição que causam.
Podemos ter dificuldades em ver a devastação que nossos defeitos estão infligindo
em nossas vidas e nas vidas daqueles que estão à nossa volta. Se este é o caso, faremos
bem em pedir que nosso Poder Superior revele estas falhas que se colocam no caminho
do nosso progresso.
Ao abrir mão de nossas imperfeições e perceber a diminuição de sua influência,
vamos notar que um Deus amoroso substitui estes defeitos com características
positivas. Onde tínhamos medo, encontramos coragem. Onde éramos egoístas,
encontramos generosidade. Nossas ilusões a nosso respeito deram lugar à honestidade
e auto-aceitação.
Sim, prontificar-se inteiramente significa que vamos mudar. Cada nível novo de
prontidão traz novas dádivas. Nosso modo de ser se transforma e logo descobrimos
que nossa prontidão não é mais impulsionada somente pela dor, mas também por um
desejo de crescer espiritualmente.

Só por hoje: Eu vou aumentar meu estado de prontidão, ficando mais consciente de
minhas imperfeições.
Equilibrando a balança 11 de maio

“Muitas das nossas principais preocupações e dificuldades maiores vêm


da nossa inexperiência de viver sem drogas. Muitas vezes, quando
perguntamos a alguém com mais tempo de programa o que devemos
fazer, ficamos surpresos com a simplicidade da resposta”.

Texto Básico, p. 46

Encontrar equilíbrio em recuperação é como pesar areia em uma balança. O


objetivo é ter a mesma quantidade de areia nos dois pratos da balança, alcançando um
equilíbrio de peso.
Fazemos a mesma coisa em recuperação. Apoiados na estrutura de nosso tempo
limpo e nos Doze Passos, tentamos distribuir emprego, responsabilidades domésticas,
amigos, afilhados, relacionamentos, reuniões e serviço em pesos iguais para que a
balança se equilibre. Nossa primeira tentativa poderá desestabilizar nosso equilíbrio
pessoal. Podemos descobrir que, por causa de nosso envolvimento demasiado no
serviço, perturbamos nosso empregador ou nossa família. Mas, quando tentamos
corrigir este problema ao abrir mão de todo o serviço em NA de uma vez, o outro lado
da balança fica desequilibrado.
Podemos pedir ajuda de membros que estabilizam suas balanças. Estas pessoas
são fáceis de reconhecer. Elas se revelam serenas, compostas e seguras. Ao reconhecer
nosso dilema, elas irão sorrir e partilhar como ficaram mais calmas, acrescentando
apenas alguns grãos de areia por vez a cada lado da balança, sendo recompensadas
com o equilíbrio da recuperação.

Só por hoje: Eu busco equilíbrio em minha vida. Hoje pedirei que outros partilhem
sua experiência em encontrar este equilíbrio.
12 de maio Vivendo com experiências espirituais

"...para a meditação ter algum valor, os resultados


deverão ser sentidos nas nossas vidas cotidianas.”

Texto Básico, p. 51

Trabalhando nosso programa, temos recebido muitas indicações indiretas da


presença de um Poder Superior em nossas vidas: o sentimento de limpeza que muitos
de nós experimentaram ao praticar o Quinto Passo; o sentimento que estamos
finalmente no caminho certo, quando fazemos reparações; a satisfação que
encontramos de ajudar um outro adicto. A meditação, porém, às vezes nos traz
indicações extraordinárias da presença de Deus em nossas vidas. Estas experiências
não significam que nos tornamos perfeitos ou que estamos “curados”. São amostras
que nos são dadas da própria fonte de nossa recuperação, nos lembrando da verdadeira
natureza do que estamos procurando em Narcóticos Anônimos e nos encorajando a
continuar em nosso caminho espiritual.
Experiências assim nos demonstram, sem dúvida, que encontramos um Poder
muito maior que o nosso. Mas como incorporaremos este Poder extraordinário em
nossas vidas comuns? Nossos amigos de NA, nosso padrinho ou madrinha e outros em
nossas comunidades podem ser mais experientes em questões espirituais do que nós.
Se pedirmos, eles podem nos ajudar a ajustar nossas experiências espirituais ao padrão
normal da recuperação e do crescimento espiritual.

Só por hoje: Eu vou procurar quaisquer respostas de que posso precisar para entender
minhas experiências espirituais e incorporá-las em minha vida diária.
Continuando na jornada 13 de maio

“A progressão da recuperação é uma jornada contínua e ascendente”.

Texto Básico, p. 90

Quanto mais nos mantemos limpos, tanto mais nosso caminho parece tornar-se
íngreme e estreito. Mas Deus não nos dá mais do que podemos suportar. Não importa
quão difícil e estreita fica a estrada, quão tortuosas são as curvas, há esperança. Esta
esperança está em nosso crescimento espiritual.
Se continuarmos a aparecer nas reuniões e a nos mantermos limpos, a vida se
torna... bem... diferente. A busca contínua por respostas aos altos e baixos da vida
pode nos levar a questionar todos os aspectos de nossas vidas. A vida não é sempre
agradável. É neste momento que temos que nos dirigir a nosso Poder Superior com
mais fé ainda. Às vezes, tudo que podemos fazer é nos segurar firmemente,
acreditando que as coisas vão melhorar.
Em tempo, nossa fé produzirá compreensão. Começaremos a ter uma “visão
maior” de nossas vidas. Quando nosso relacionamento com nosso Poder Superior se
desenvolve e aprofunda, a aceitação se torna quase instintiva. Não importa o que
aconteça, à medida que caminhamos através da recuperação, nós confiamos em nossa
fé em um Poder Superior amoroso e continuamos em frente.

Só por hoje: Eu aceito que não tenho todas as respostas para as questões da vida.
Portanto, terei fé no Deus de minha compreensão e continuarei na jornada da
recuperação.
14 de maio Opa!

“Insanidade é repetir os mesmos erros, esperando resultados diferentes”.

Texto Básico, p. 25

Erros! Todos nós sabemos como nos sentimos ao cometê-los. Muitos de nós
sentimos que nossas vidas inteiras têm sido um erro. Freqüentemente consideramos
nossos erros com vergonha ou culpa – no mínimo, frustração e impaciência. Temos a
tendência de ver os erros como uma prova de que ainda somos doentes, loucos,
estúpidos ou danificados demais para nos recuperar.
Na verdade, os erros são uma parte bastante vital e importante do fato de sermos
humanos. Para pessoas particularmente teimosas, (como os adictos), os erros são
muitas vezes nossos melhores professores. Não há vergonha em cometer erros. De
fato, cometer novos erros freqüentemente mostra nossa vontade de nos arriscar e
crescer.
Porém, aprender com nossos erros nos ajuda; repetir os mesmos pode ser um sinal
de que estamos parados. E esperar resultados diferentes dos mesmos velhos erros,
bem, isto é o que chamamos “insanidade”. Simplesmente não funciona.

Só por hoje: Erros não são tragédias. Mas por favor, Poder Superior, me ajude a
aprender com eles!
Medo do Quarto Passo 15 de maio

“À medida que nos aproximamos deste passo, a maioria de nós teme que
haja um monstro dentro de nós que, se for libertado, irá nos destruir”.

Texto Básico, p. 29

A maioria de nós fica apavorada de olhar para nós mesmos, de sondar nosso
interior. Temos medo de que, se examinarmos nossas ações e motivos, encontraremos
um poço escuro e sem fundo, cheio de egoísmo e ódio. Mas, ao praticar o Quarto
Passo, descobrimos que esses medos eram infundados. Somos humanos, como todo
mundo – nem mais nem menos.
Todos nós temos traços de personalidade dos quais não somos especialmente
orgulhosos. Num dia ruim, podemos pensar que nossas falhas são piores do que as de
qualquer um. Teremos momentos em que duvidaremos de nós mesmos.
Questionaremos nossos motivos. Podemos até questionar nossa própria existência.
Mas, se pudéssemos ler as mentes de nossos companheiros, encontraríamos os
mesmos conflitos. Não somos melhores nem piores do que ninguém.
Nós só podemos mudar o que reconhecemos e entendemos. Em vez de
continuar a temer o que está enterrado dentro de nós, podemos colocar isto pra fora.
Não estaremos mais amedrontados e nossa recuperação florescerá à plena luz da
autoconsciência.

Só por hoje: Eu tenho medo do que não conheço. Vou expor meus medos e deixá-los
desaparecer.
16 de maio A vontade de Deus nosso Poder Superior

"A vontade de Deus para nós torna-se a nossa a própria verdadeira vontade.”

Texto Básico, p. 52

Os Doze Passos são uma passagem para nosso despertar espiritual. Este despertar
toma a forma de um relacionamento que se desenvolve com um Poder Superior
amoroso. A cada passo, fortalecemos este relacionamento. Ao continuar a trabalhar os
passos, o relacionamento cresce, tornado-se cada vez mais importante em nossas vidas.
No decorrer do trabalho dos passos, tomamos a decisão pessoal de deixar que um
Poder Superior amoroso nos oriente. Esta orientação está sempre disponível;
precisamos apenas de paciência para buscá-la. Freqüentemente, esta orientação se
manifesta na sabedoria interior que chamamos de nossa consciência.
Quando abrimos nosso coração a ponto de sentir a orientação de nosso Poder
Superior, experimentamos uma tranqüila serenidade. Esta paz é o farol que nos guia
através de nossos sentimentos tumultuados, oferecendo uma direção clara quando
nossas mentes estão inquietas e confusas. Ao buscar e seguir a vontade de Deus em
nossas vidas, encontramos o contentamento e a alegria que, freqüentemente, se afasta
de nós quando atuamos só por nossa conta. O medo ou a dúvida pode nos contaminar
quando tentamos levar adiante a vontade de nosso Poder Superior, mas aprendemos a
confiar no momento de clareza. Nossa maior alegria consiste em seguir a vontade de
nosso Deus amoroso.

Só por hoje: Eu vou procurar fortalecer meu relacionamento com meu Poder
Superior. Sei por experiência que o conhecimento da vontade de meu Poder Superior
me oferecerá um sentido de clareza, orientação e paz.
Defeitos 17 de maio

“Prontificamo-nos inteiramente a deixar que Deus


removesse todos estes defeitos de caráter ”.

Passo Seis

Depois do Quinto Passo, muitos de nós gastam algum tempo considerando “a


natureza exata de nossas falhas” e seu papel em nos fazer quem éramos. Por exemplo,
como seria nossa vida sem arrogância?
Certamente a arrogância nos afastou de nossos companheiros, evitando que
gostássemos e aprendêssemos com eles. Mas a arrogância também serviu para levantar
nosso ego, quando nossa auto-estima estava criticamente baixa. Que vantagem
poderíamos obter se nossa arrogância fosse removida e que apoio nos restaria?
Sem a arrogância, estaríamos um passo mais perto de ser devolvidos a nosso
devido lugar entre os outros. Seríamos capazes de apreciá-los como iguais, sua
companhia, sua sabedoria e seus desafios. Se quiséssemos, o apoio e a orientação
poderiam vir do cuidado oferecido a nós por nosso Podre Superior; “a baixa auto-
estima” deixaria de ser um problema.
Um a um, examinamos nossos defeitos de caráter e descobrimos que todos eles
eram imperfeições – e por isso eram chamados defeitos. Estamos inteiramente prontos
a deixar que Deus remova todos eles? Sim.

Só por hoje: Eu vou examinar minuciosamente todos os meus defeitos de caráter para
descobrir se estou pronto a deixar que o Deus de minha compreensão os remova.
Amigos e reparações –
18 de maio mantendo a simplicidade

"Fizemos reparações diretas a tais pessoas, sempre que possível,


exceto quando fazê-lo pudesse prejudicá-las ou a outras”.

Passo Nove

Em todo relacionamento nem sempre lidamos com as coisas da maneira que


esperávamos. Mas as amizades não têm que terminar quando cometemos erros; pelo
contrário, podemos fazer reparações. Se estivermos sinceramente dispostos a aceitar as
responsabilidades envolvidas na amizade e fizermos as reparações que devemos, estas
amizades podem sempre se tornar mais fortes e ricas do que nunca.
Fazer reparações é simples. Nos aproximamos da pessoa que prejudicamos e
dizemos: “Eu estava errado”. Algumas vezes evitamos chegar a este ponto, nos
esquivando de admitir nossa própria responsabilidade no assunto. Mas isto frustra a
intenção do Nono Passo. Para fazer reparações efetivas, temos que ser simples:
admitimos nossa parte e deixamos acontecer.
Vai haver momentos em que nossos amigos não aceitarão nossas reparações.
Talvez precisem de tempo para pensar no que ocorreu. Se for este o caso, temos que
lhes dar este tempo. Na realidade, nós é que estávamos no erro, não eles. Fizemos
nossa parte; o resto está fora de nosso alcance.

Só por hoje: Eu quero ser um amigo responsável. Eu vou lutar para manter a
simplicidade quando fizer reparações.
Um inventário de crescimento 19 de maio

“Examinamos nossa atuação passada e nosso comportamento presente,


para ver o que queremos manter e o que queremos descartar”.

Texto Básico, p. 31

Quando o dia está chegando ao fim, muitos de nós refletimos sobre as 24 horas
passadas e consideramos como podemos viver de outra maneira no futuro. É fácil para
nossos pensamentos permanecerem ligados ao prático: trocar o óleo do carro, limpar a
sala ou esvaziar o cesto de lixo. Algumas vezes é preciso um esforço especial para nos
libertar dos pensamentos do dia-a-dia e entrar em um pensamento mais elevado.
Uma simples pergunta pode nos colocar neste caminho mais elevado: o que
pensamos que nosso Poder Superior quer para nós amanhã? Talvez precisemos
melhorar nosso contato com o Deus de nossa compreensão. Talvez estejamos
desconfortáveis em nosso trabalho ou relacionamento, permanecendo apenas por
medo. Podemos estar escondendo algum defeito de caráter problemático, receosos de
partilhá-lo com nosso padrinho/madrinha. A pergunta é: em que partes de nossas vidas
queremos realmente crescer?
No fim de cada dia, descobrimos o benefício de dedicar alguns momentos a
nosso Poder Superior. Podemos começar a refletir no que mais irá beneficiar nosso
programa de crescimento espiritual no dia seguinte. Pensamos sobre áreas nas quais
recentemente crescemos e sobre áreas que ainda requerem trabalho. Existe maneira
mais adequada para terminar o dia?

Só por hoje: Eu vou dedicar algum tempo no final do dia para me comunicar com
meu Poder Superior. Vou rever o dia que passou e meditar sobre o que está entre mim
e a vontade de meu Poder Superior para minha vida.
20 de maio Saindo do isolamento

"Damos por nós fazendo coisas que nunca pensamos fazer,


e gostando de fazê-las”.

Texto Básico, p. 111

A adicção ativa nos manteve isolados pro muitos motivos. No início, evitamos
família e amigos para que eles não percebessem que estávamos usando. Alguns de nós
evitamos todos os não adictos, temendo lições de moral e repercussões legais.
Depreciamos as pessoas que tinham vidas “normais” com família e passatempos; nós
os chamávamos de “caretas”, acreditando que nunca poderíamos gostar dos prazeres
simples da vida. Chegamos até evitar outros adictos, pois não queríamos dividir nossas
drogas. Nossas vidas se limitaram e nossas idéias se restringiram à manutenção diária
de nossa doença.
Hoje, nossas vidas são muito mais plenas. Apreciamos atividades com outros
adictos em recuperação. Temos tempo para nossas famílias. E descobrimos muitas
outras buscas que nos dão prazer. Que diferença do passado! Podemos viver a vida em
plenitude, como aquelas pessoas “normais” que depreciávamos. O prazer voltou a
nossas vidas, um presente da recuperação.

Só por hoje: Eu posso descobrir prazer nas coisas simples de minha vida diária.
Continue voltando! 21 de maio

“As reuniões não só nos mantém em contato com o que passamos, como também
nos aproxima de onde podemos chegar na nossa recuperação, principalmente”.

Texto Básico, p. 60

De várias maneiras, adictos são diferentes. Quando nós viemos para Narcóticos
Anônimos, descobrimos outros como nós mesmos, pessoas que nos entenderam e que
podíamos entender. Não precisávamos mais nos sentir como extraterrestres, estranhos
onde quer que fôssemos. Nós nos sentíamos em casa nas reuniões de NA, entre
amigos.
Não deixamos de ser adictos depois que ficamos limpos durante algum tempo.
Ainda precisamos nos identificar com os outros adictos. Continuamos vindo às
reuniões de NA para não esquecer quem somos, de onde viemos e para onde estamos
indo. Cada reunião nos lembra que nunca seremos bem-sucedidos em usar drogas.
Cada reunião nos lembra que nunca estaremos curados, mas que, praticando os
princípios do programa, poderemos nos recuperar. E cada reunião nos oferece a
experiência e o exemplo de outros adictos em recuperação.
Nas reuniões, vemos como pessoas diferentes trabalham seu programa e como
os resultados são aparentes em suas vidas. Se quisermos as vidas que vemos os outros
vivendo, podemos descobrir o que eles têm feito para chegar onde estão. As reuniões
de Narcóticos Anônimos nos oferecem identificação com o lugar de onde viemos e o
lugar aonde podemos chegar – identificação sem a qual não podemos continuar e que
não encontramos em nenhum outro lugar. Isto nos faz continuar voltando.

Só por hoje: Eu vou freqüentar uma reunião de NA para me lembrar de quem sou, de
onde vim e aonde posso chegar em minha recuperação.
22 de maio Sintomas de um despertar espiritual

"Os passos conduzem a um despertar de natureza espiritual


Este despertar é demonstrado pelas mudanças nas nossas vidas”.

Texto Básico, p. 53

Sabemos como reconhecer a doença da adicção. Seus sintomas são


inconfundíveis. Além de um incontrolável apetite por drogas, aqueles que sofrem
exibem um comportamento egocêntrico e egoísta. Quando nossa adicção estava no
auge de sua atividade, obviamente estávamos sofrendo muito. Inexoravelmente, nos
julgávamos e julgávamos os outros, e gastávamos a maior parte de nosso tempo nos
preocupando ou tentando controlar os resultados.
Assim como a doença da adicção se evidencia através de sintomas específicos,
também o despertar espiritual se manifesta através de certos sinais óbvios em um
adicto em recuperação. Podemos observar a tendência para pensar e agir
espontaneamente, uma perda de interesse em julgar e interpretar as ações dos outros,
uma inconfundível capacidade de aproveitar cada momento, freqüentemente sorrindo.
Se virmos alguém exibindo sintomas de um despertar espiritual, devemos estar
cientes de que este despertar é contagiante. Nossa melhor atitude é ficar perto destas
pessoas. Quando começarmos a ter episódios freqüentes e irresistíveis de gratidão,
uma receptividade maior ao amor oferecido por nossos companheiros e um desejo
incontrolável de retribuir este amor iremos perceber que nós, também, tivemos um
despertar espiritual.

Só por hoje: Meu desejo mais forte é ter um despertar espiritual. Eu vou prestar
atenção a seus sintomas e me regozijar quando os descobrir.
Padrinhos e reparações 23 de maio

“Queremos nos livrar da nossa culpa, mas não


queremos fazê-lo à custa de outra pessoa”.

Texto Básico, p. 43

Vamos admitir: a maioria de nós deixou um rastro de destruição e prejudicou


qualquer um que tenha passado em seu caminho. Algumas pessoas que mais
machucamos em nossa adicção foram às pessoas que mais amamos. Em um esforço
para nos livrar da culpa que sentimos pelo que fizemos, podemos ser tentados a
partilhar com essas pessoas amadas detalhes horríveis, coisas que seria melhor não
dizer. Estas revelações podem trazer muitos danos e fazer pouco bem.
O Nono Passo não consiste em aliviar nossas consciências culpadas e, sim, em
assumir a responsabilidade pelos erros que cometemos. Trabalhando nosso Oitavo e
Nono Passos, devemos procurar a orientação de nosso padrinho/madrinha e reparar
nossos erros de modo que isto não nos leve a mais reparações. Não estamos apenas
procurando libertação do remorso – estamos procurando libertação de nossos defeitos.
Não queremos nunca mais causar danos a nossas pessoas amadas. Uma maneira de nos
assegurar que não vamos fazê-lo é trabalhar a responsabilidade do Nono Passo,
verificando nossos motivos e discutindo com nosso padrinho/madrinha as reparações
que planejamos, antes de fazê-las.

Só por hoje: Eu desejo aceitar a responsabilidade por meus atos. Antes de fazer
qualquer reparação, eu vou falar com meu padrinho.
24 de maio Correndo o risco de ser vulnerável

"Enquanto crescemos, aprendemos a superar a tendência de fugir


e nos esconder de nós mesmos e dos nossos sentimentos”.

Texto Básico, p. 92

Para não ficar vulneráveis, muitos de nós desenvolveram hábitos que mantinham
os outros a uma distância segura. Estes padrões de isolamento emocional podem nos
dar a sensação de que estamos irremediavelmente presos atrás de nossas máscaras.
Costumávamos assumir riscos em nossas vidas, agora podemos assumir riscos com
nossos sentimentos. Através da partilha com outros adictos, aprendemos que não
somos os únicos. Como estamos em boa companhia, não nos tornamos excessivamente
vulneráveis simplesmente por deixar que os outros nos conheçam. Trabalhando os
Doze Passos do Programa de NA, crescemos e mudamos. Não mais queremos ou
precisamos nos esconder. Nos foi oferecida à oportunidade de largar a camuflagem
emocional que desenvolvemos para sobreviver a nossa adicção ativa.
Revelando-nos para os outros, corremos o risco de nos tornar vulneráveis, mas a
recompensa vale o risco. Com a ajuda de nosso padrinho e outros adictos em
recuperação, aprendemos a expressar nossos sentimentos honesta e abertamente. Em
troca, nos tornamos preenchidos e encorajados pelo amor incondicional de nossas
companhias. À medida que praticamos os princípios espirituais, achamos força e
liberdade em nós mesmos e naqueles que nos cercam. Somos libertados para ser nós
mesmos e desfrutar a companhia de nossos companheiros adictos.

Só por hoje: Eu vou partilhar franca e honestamente com outros adictos em


recuperação. Vou correr o risco de me tornar vulnerável, celebrarei ser eu mesmo e
minha amizade com outros membros de NA. Eu vou crescer.
“Bons” e “maus” sentimentos 25 de maio

“Muitas coisas acontecem em um dia, tanto negativas quanto


positivas. Se não nos damos tempo para apreciar ambas,
podemos estar perdendo o que nos ajudaria a crescer”.

IP Nº 8, “Só por hoje”


A maioria de nós parece inconscientemente julgar o que acontece a cada dia em


nossas vidas como bom ou ruim, sucesso ou fracasso. Tendemos a nos sentir felizes
com as coisas “boas” e aborrecidos, frustrados ou culpados com as “ruins”.
Sentimentos bons e ruins, na verdade, pouco têm a ver com o que é bom ou ruim para
nós. Podemos aprender mais com o fracasso do que com o sucesso, especialmente se o
fracasso vem de termos assumido um risco.
Associar juízo de valor a nossas reações emocionais nos prende a nossa antiga
maneira de pensar. Podemos mudar nossa maneira de pensar sobre os incidentes do
cotidiano, vendo-os com oportunidade de crescimento, não como bons ou ruins. Nosso
Décimo Passo diário é uma excelente ferramenta para aliviar os eventos do dia e
aprender tanto com sucessos quanto com fracassos.

Só por hoje: Foi-me oferecida uma oportunidade para aplicar os princípios de


recuperação e para aprender a crescer. Quando aprendo com os eventos da vida, sou
bem sucedido.
26 de maio O poder do grupo

"A nossa compreensão de um Poder Superior fica a nosso critério. (...)


Podemos [chamá-lo de grupo, programa] ou podemos chamá-lo de Deus ”.

Texto Básico, p. 26

Muitos de nós tivemos dificuldade com a idéia de um Poder Superior até que
aceitamos completamente a profundidade de nossa impotência perante a adicção. Uma
vez que aceitamos, muitos de nós estão no mínimo dispostos a considerar a procura de
ajuda de algum Poder maior que nossa doença. A primeira mostra prática que muitos
de nós tivemos deste tipo de Poder é no grupo de NA. Talvez seja onde devemos
começar a desenvolver nossa própria compreensão de Deus.
Uma evidência do Poder no grupo é o amor incondicional mostrado quando
membros de NA ajudam uns aos outros sem expectativas de recompensa. A
experiência coletiva do grupo em recuperação, por si só, é um Poder maior que nós
mesmos, porque o grupo tem um conhecimento prático do que funciona e não
funciona. E o fato dos adictos continuar voltando às reuniões de NA, dia após dia, é a
demonstração da presença de um Poder Superior, de uma força atrativa e protetora que
ajuda o adicto ficar limpo e crescer.
Todas estas coisas são evidências de um Poder que pode ser encontrado nos
grupos de NA,. Quando olhamos ao redor com mente aberta, cada um de nós estará
apto a identificar outros sinais deste Poder. Não importa se o chamarmos de Deus,
Poder Superior ou qualquer outra coisa – desde que descubramos a maneira de
incorporá-lo em nossas vidas diárias.

Só por hoje: Eu vou abrir meus olhos e minha mente para os sinais do Poder que
existe em meu grupo de NA. Eu vou evocar este Poder para me ajudar a ficar limpo.
Enfrentado o desafio do dia 27 de maio

“(...) a decisão de pedir ajuda a Deus é a nossa


maior fonte de força e coragem” .

Texto Básico, p. 28

O desafio é algo que nos impulsiona para o sucesso. Coisas novas e


desconhecidas servem como desafios, tanto as que nos parecem boas quanto as ruins.
Somos desafiados por obstáculos e oposições internos e externos. Coisas novas e
difíceis, obstáculos e oposições, são todos parte da “vida como ela é”. Viver limpo
significa aprender a lidar com desafios.
Muitos de nós, consciente ou inconscientemente, tomamos drogas para evitar
lidar com desafios. Muitos de nós temíamos tanto o fracasso quanto o sucesso. Cada
vez que abrimos mão do desafio do dia, sofremos uma perda de auto-estima. Alguns
de nós usamos drogas para mascarar a vergonha que sentíamos. Cada vez que fizemos
isto, nos tornamos menos capazes de lidar com nossos desafios e mais propensos ao
uso.
Trabalhando o Programa de NA, descobrimos as ferramentas de que
precisávamos para enfrentar com sucesso qualquer desafio. Viemos a acreditar em um
Poder maior que nós mesmos, um Poder que cuida de nossa vontade e de nossas vidas.
Pedimos a este Poder para remover nossos defeitos de caráter, aquelas coisas que
fizeram nossas vidas incontroláveis. Tomamos medidas para melhorar nosso contato
consciente com este Poder Superior. Através dos passos nos foi dada a capacidade de
parar de usar drogas e começar a viver.
Cada dia, nos defrontamos com novos desafios. E cada dia, através do trabalho
de nosso programa de recuperação, estamos recebendo a graça de enfrentar estes
desafios.

Só por hoje: Eu vou pedir ajuda a meu Poder Superior para ajudar-me a enfrentar cara
a cara o desafio de hoje.
28 de maio Como nós O compreendemos

“Examinamos nossas vidas e descobrimos quem somos


realmente. Somos verdadeiramente humildes quando
aceitamos e tentamos, honestamente, ser quem somos”.

Texto Básico, p. 38

Quando adictos na ativa, as experiências de nossa doença determinavam nossa


personalidade. Poderíamos ser quem fosse ou o que fosse que precisássemos ser, para
obter nossa “dose”. Éramos máquinas de sobrevivência, adaptando-nos facilmente a
cada circunstância da vida de ativa, como usuários de drogas.
Uma vez iniciada nossa recuperação, entramos em uma nova e diferente vida.
Muitos de nós não tínhamos idéia de qual era o comportamento apropriado para
determinada situação. Muitos de nós não sabíamos como falar com pessoas, como nos
vestir, ou como nos comportar em público. Não podíamos ser nós mesmos, porque não
sabíamos mais quem éramos.
Os Doze Passos nos oferecem um método simples para descobrir que realmente
somos. Revelamos nossas qualidades e nossos defeitos, as coisas de que gostamos
sobre nós mesmos e as coisas que não nos entusiasmam. Através da força de
recuperação dos Doze Passos, começamos a entender que somos indivíduos, criados
para ser quem somos por um Poder Superior assim como nós O compreendemos. A
verdadeira recuperação começa quando entendemos que, se nosso Poder Superior nos
criou desta maneira, é porque deve ser bom ser quem realmente somos.

Só por hoje: Trabalhando os passos, posso experimentar a liberdade de ser eu mesmo,


a pessoa que meu Poder Superior quer que eu seja.
Guia-me 29 de maio

“Acreditamos que o nosso Poder Superior cuidará de nós” .

Texto Básico, p. 62

Todos temos momentos em que nossas vidas parecem estar desmoronando.


Existem dias, ou até mesmo semanas, em que tudo que pode dar errado está dando
errado. Na perda de um emprego, na morte de uma pessoa querida ou no fim de um
relacionamento, duvidamos que iremos sobreviver às mudanças que estão acontecendo
em nossas vidas.
É durante os momentos em que o mundo está caindo a nosso redor que
encontramos nossa fé maior em um Poder Superior amantíssimo. Nenhum ser humano
poderia aliviar nosso sofrimento; sabemos que somente a proteção de Deus pode
oferecer o conforto que procuramos. Sentimo-nos quebrados, mas continuamos,
sabendo que nossas vidas serão recuperadas.
À medida que progredimos em recuperação e cresce nossa fé em nosso Poder
Superior, temos a certeza de receber os momentos dificuldade com esperança, apesar
da dor que podemos estar sentindo. Não precisamos nos desesperar, pois sabemos que
a proteção de nosso Poder Superior nos guiará quando não pudermos caminhar
sozinhos.

Só por hoje: Eu confiarei nos cuidados de Deus durante os momentos dolorosos,


sabendo que meu Poder Superior estará sempre presente.
30 de maio Solidão versus ser só

“Partilhando com os outros, não nos sentimos isolados e sozinhos”.

Texto Básico, p. 92

Há uma diferença entre estar sozinho e estar só. Estar só é um estado do coração,
um vazio que nos faz sentir tristes e algumas vezes sem esperança. A solidão nem
sempre é aliviada quando estamos em relacionamentos ou nos cercando de outros.
Alguns de nós estão sós, mesmo estando em uma sala cheia de pessoas.
Muitos de nós chegaram a Narcóticos Anônimos através de desesperada solidão de
nossa adicção ativa. Depois de freqüentar as reuniões, começamos a fazer novos
amigos e, freqüentemente, nossos sentimentos de solidão diminuem. Mas muitos de
nós devem lutar com a solidão através de nossa recuperação.
Qual é a cura para solidão? A melhor cura é começar um relacionamento com o
Poder Superior que pode ajudar a preencher o vazio de nossos corações. Achamos que,
quando temos uma crença em um Poder Superior, nunca precisamos nos sentir sós,.
Podemos estar sozinhos mais confortavelmente quando temos um contato consciente
com um Deus de nossa compreensão.
Freqüentemente encontramos profunda satisfação em nossas interações com os
outros, conforme progredimos em nossa recuperação. Percebemos também que, quanto
mais perto chegamos de nosso Poder Superior, menos precisamos de nos cercar dos
outros. Começamos a descobrir dentro de nós um espírito que é nossa companhia
constante, ao continuar a explorar e a aprofundar nosso contato com um Poder maior
do que nós mesmos. Entendemos nossa ligação espiritual com algo maior do que nós
mesmos.

Só por hoje: Eu encontrarei bem estar em meu contato consciente com um Poder
Superior. Eu nunca estou sozinho.
Mantendo a simplicidade 31 de maio

“Não só vivemos um dia de cada vez, como também de


momento em momento. Quando paramos de viver aqui e
agora, nossos problemas são aumentados exageradamente”.

Texto Básico, p. 108


A vida quase sempre parece complicada de entender, especialmente para


aqueles de nós que nos esquivamos por tanto tempo. Quando paramos de usar drogas,
muitos de nós ficamos cara a cara com um mundo que era confuso, até mesmo
aterrador. Olhar a vida e todos os seus detalhes, tudo de uma vez, pode ser arrasador.
Finalmente, pensamos que talvez não possamos lidar com nossas vidas e que é inútil
tentar. Estes pensamentos alimentam a si próprios e em pouco tempo estamos
paralisados diante da imagem complexa da vida.
Felizmente, não temos que resolver tudo ao mesmo tempo. Solucionar um
problema simples parece possível; então, enfrentamos um de cada vez. Nos ocupamos
de cada momento quando ele acontece e nos ocupamos do próximo momento quando
ele chega. Aprendemos a ficar limpo só por hoje, e cuidamos de nossos problemas da
mesma maneira. Quando vivemos a vida a cada momento, ela não parece tão terrível.
Entre um momento e outro, podemos ficar limpos e aprender a viver.

Só por hoje: Eu vou manter a simplicidade vivendo apenas este momento. Hoje, vou
me ocupar apenas com os problemas de hoje; vou deixar os problemas de amanhã para
amanhã.
JUNHO
Continue voltando 1º de junho

“Não temos que estar limpos quando chegamos aqui, mas, depois
da primeira reunião, sugerimos que os recém-chegados continuem
voltando e que voltem limpos. Não temos que esperar uma overdose
ou prisão para receber ajuda de Narcóticos Anônimos”.

Texto Básico, p. 11

Muitos poucos de nós chegaram a NA cheios de boa vontade. Alguns de nós


estão aqui porque foram obrigados a freqüentar as reuniões por ordem judicial. Alguns
vieram para salvar suas famílias. Alguns de nós fazem um esforço para salvar uma
carreira que está à beira da ruína. Não importa por que estamos aqui. Só importa que
estamos.
Já ouvimos dizer que, “se trazemos o corpo, a mente acompanha”. Podemos vir
para as reuniões com má vontade. Podemos ser um desses que sentam no fundo da sala
com os braços cruzados, olhando fixa e ameaçadoramente para qualquer um que se
aproxime. Talvez deixemos a sala antes da oração final.
Mas, se continuarmos voltando, descobriremos que nossas mentes começaram a
se abrir. Começamos a baixar a guarda e a ouvir realmente quando os outros partilham.
Começamos até mesmo a ouvir alguém com quem podemos nos identificar.
Começamos o processo de mudança.
Depois de algum tempo em NA, descobrimos que algo muito maior que nossas
mentes chegou nas salas de NA. Nossos corações também chegaram, o que é o mais
importante. Depois disso acontecer, o milagre realmente começa.

Só por hoje: Eu vou fazer um esforço para ouvir com a mente aberta o que escuto ser
partilhado.
2 de junho Doente e cansado

“Queríamos uma saída fácil... Quando procurávamos


ajuda, queríamos apenas a ausência de dor”.

Texto Básico, p. 5

Alguma coisa não está funcionando. De fato, alguma coisa está errada há muito
tempo, nos causando sofrimento e complicando nossas vidas. O problema é que, num
dado momento, nos parece mais fácil continuar suportando o sofrimento de nossos
defeitos do que nos submeter a uma transformação de nosso modo de vida. Podemos
querer nos livrar do sofrimento, mas raramente estamos dispostos a fazer o que é
necessário para remover a fonte de sofrimento de nossas vidas.
Muito de nós procuramos a recuperação da adicção quando já estávamos “doentes
e cansados de estar cansados e doentes”. O mesmo é verdadeiro em relação à
procrastinação dos defeitos de caráter que carregamos ao longo de nossas vidas.
Somente quando não podemos continuar suportando nossos defeitos de caráter é que
sabemos que o sofrimento da mudança não pode ser tão ruim como o sofrimento em
que estamos hoje, é que a maioria de nós estará disposta a experimentar algo diferente.
Afortunadamente, os passos estão sempre aí, não importa o quanto estamos
doentes e cansados. A ironia disso é que , assim que tomamos a decisão de começar o
processo dos Doze Passos, percebemos que nossos temores não tinham fundamento.
Os passos nos oferecem um programa suave de mudanças, um passo de cada vez.
Nenhum passo por si mesmo é tão apavorante que não possamos trabalhá-lo. À medida
que aplicamos os passos em nossas vidas, vivenciamos uma mudança que nos liberta.

Só por hoje: Não importa o que me impeça de viver uma vida plena, feliz, sei que o
programa pode me ajudar a mudar, um passo de cada vez. Não preciso temer os Doze
Passos.
Reparações diretas e indiretas 3 de junho

“Fazemos as nossas reparações o melhor que podemos”.

Texto Básico, p. 44

O Nono Passo nos diz para fazer reparações diretas sempre que possível. Nossa
experiência nos diz para acompanhar estas reparações diretas com mudanças
duradouras em nossas atitudes e nosso comportamento – isto é, com reparações
indiretas.
Por exemplo, digamos que quebramos a janela de alguém porque estávamos
com raiva. Olhar comovedoramente nos olhos da pessoa cuja janela quebramos e nos
desculpar não seria o suficiente. Reparamos diretamente o erro que cometemos,
admitindo-o e substituindo a janela – consertamos o que estragamos.
Depois seguimos nossas reparações diretas com reparações indiretas. Se agimos
com raiva, quebrando a janela , examinamos os padrões de nosso comportamento e
nossas atitudes. Depois de consertar a janela quebrada, procuramos remediar nossas
atitudes descontroladas também –tratamos de “consertar nossos modos”. Modificamos
nosso comportamento e fazemos um esforço diário para não agirmos movidos pela
raiva.
Fazemos reparações diretas consertando o estrago que causamos. Fazemos
reparações indiretas corrigindo as atitudes que nos levam a fazer o estrago, ajudando a
assegurar que não faremos mais estragos no futuro.

Só por hoje: Eu farei reparações diretas quando for possível. Também farei
reparações indiretas, “consertando meus modos”, mudando minhas atitudes e
modificando meu comportamento.
4 de junho Construir e não destruir

“Nosso sentido negativo do eu tem sido substituído


por um interesse positivo nos outros”.

Texto Básico, p. 17

Espalhar fofocas alimenta uma fome obscura dentro de nós. Às vezes pensamos
que a única maneira de poder nos sentir bem é fazer alguém parecer pior através de
uma comparação. Mas o tipo de auto-estima que pode ser obtido do outro é vazio e
não vale a pena.
Como, então, podemos lidar com nossa auto-estima negativa? Simples. Nós a
substituímos por um interesse positivo para com outros. Em vez de nos debater com
nossa baixa auto-estima, nos voltamos para aqueles a nosso redor e procuramos ser
úteis a eles.
Esta pode parecer uma maneira de evitar o assunto, mas não é. Não há nada que
possamos fazer nos debatendo com nosso baixo conceito do eu, a não ser nos
conduzirmos à aflição da autopiedade. Mas, substituindo nossa autopiedade por um
interesse ativo e amoroso pelos outros, nos tornamos o tipo de pessoa que podemos
respeitar.
A maneira de fortalecer nossa auto-estima não é destruindo os outros, mas
ajudando-os a crescer através do amor e de um interesse positivo. Para nos ajudar,
podemos nos perguntar se estamos contribuindo para o problema ou para a solução.
Hoje, podemos optar por construir em vez de destruir.

Só por hoje: Mesmo que esteja me sentindo por baixo, não preciso fazer alguém
sofrer para me fortalecer. Hoje, vou substituir meu lado negativo por um interesse
positivo pelos outros. Eu construirei, não destruirei.
Orações honestas 5 de junho

“Embora seja difícil de praticar, a honestidade é


extremamente recompensadora”.

Texto Básico, p. 104


Como achamos difícil ser honesto! Muitos de nós chegamos em NA tão


confusos sobre o que realmente aconteceu em suas vidas que, às vezes, demoram
meses ou anos para pôr tudo em ordem. A verdade sobre nossa história não é sempre
como contávamos. Como podemos começar a ser mais verdadeiro?
Muitos de nós acham mais fácil ser honestos nas orações. Com nossos
companheiros de adicção, às vezes parece que temos dificuldade em contar toda a
verdade. Temos a nítida impressão de que não seremos aceitos se deixarmos que os
outros nos conheçam como realmente somos. É difícil manter as imagens “mascaradas
de indiferença e superioridade” que muitos de nós apresentam. Na oração,
encontramos uma aceitação de nosso Poder Superior que nos permite abrir nossos
corações com honestidade.
À medida que praticamos esta honestidade com o Deus de nossa compreensão,
freqüentemente notamos que gera um efeito em cadeia em nossos relacionamentos.
Adotamos o hábito de ser honesto. Começamos a exercer a honestidade quando
compartilhamos nas reuniões e trabalhamos com outros. Em troca, percebemos nossas
vidas enriquecidas por amizades cada vez mais profundas. Descobrimos até que
podemos ser mais honestos com nós mesmos; cada um de nós é a pessoa mais
importante com quem devemos ser honestos.
A honestidade é uma qualidade que se desenvolve através da prática. Nem
sempre é fácil ser totalmente honesto, mas, quando começamos por nosso Poder
Superior, descobrimos que é mais fácil ser honesto com os outros.

Só por hoje: Eu serei honesto com Deus, comigo e com os outros.


A recuperação não acontece
6 de junho de um dia para o outro

“Os Doze Passos de Narcóticos Anônimos são um processo de


recuperação progressivo, implantado nas nossas vidas diárias”.

Texto Básico, p. 108


Depois de algum tempo em recuperação, deparamos com problemas pessoais,


sentimentos de raiva e desamparo que parecem insuportáveis.Quando percebemos o
que está acontecendo, podemos nos lamentar: “Mas eu estava me esforçando tanto.
Pensei que estava...” Recuperado, talvez? Dificilmente. Várias vezes ouvimos que a
recuperação é um processo contínuo e que jamais nos curamos. Porém, algumas vezes
acreditamos que, se trabalharmos os passos e, orarmos suficientemente, ou formos a
muitas reuniões, possivelmente estaremos... B em, talvez não curados, mas estamos
alguma coisa!
E nós já estamos “alguma coisa”. Estamos nos recuperando – recuperando da
adicção ativa. Não importa com o que lidamos durante o processo dos passos, sempre
haverá mais. O que nós não lembrávamos ou o que não achávamos importante em
nosso primeiro inventário, certamente virá à tona mais tarde. Repetidas vezes
voltaremos para o processo dos passos para lidar com o que está incomodando. Quanto
mais usarmos este processo, mais confiaremos nele, pois veremos os resultados.
Iremos da raiva e do ressentimento ao perdão, da negação à honestidade e à aceitação,
e da dor à serenidade.
A recuperação não acontece de um dia para o outro, e a nossa jamais estará
completa. Mas cada dia nos traz novas melhoras e a esperança de mais amanhãs.

Só por hoje: Eu farei o que puder para minha recuperação hoje e manterei a esperança
no processo contínuo da recuperação.
Alguém que acredita em mim 7 de junho

“Só por hoje terei fé em alguém de NA, que acredita em


mim e quer ajudar na minha recuperação”.

Texto Básico, p. 109


Nem todos chegaram em NA e ficam automaticamente limpos. Mas, se


continuarmos voltando, encontraremos em Narcóticos Anônimos o apoio de que
precisamos para nossa recuperação.Permanecer limpo fica mais fácil quando temos
alguém que acredita em nós, mesmo quando não acreditamos em nós mesmos.
Em NA, até aquele que mais recai normalmente tem alguém que apóia
firmemente e está sempre por perto, aconteça o que acontecer. É imprescindível que
encontremos aquela pessoa ou grupo de pessoas que acredita em nós. E, quando
perguntarmos se algum dia ficaremos limpos, eles responderão sempre: “Sim, você
pode e você vai conseguir, se continuar voltando”!
Nós todos precisamos de alguém que acredite em nós, principalmente quando
não conseguimos acreditar em nós mesmos. Quando recaímos, comprometemos ainda
mais nossa autoconfiança já estraçalhada, e às vezes de tal forma que começamos a
nos sentir completamente desesperados. Em tais momentos, precisamos do apoio de
nossos amigos leais de NA. Eles nos dizem que esta pode ser nossa última recaída.
Eles sabem por experiência que, se continuarmos voltando às reuniões, nós
possivelmente ficaremos limpos e permaneceremos limpos.
É difícil para muitos de nós acreditar em nós mesmos. Mas, quando alguém nos
ama incondicionalmente, oferecendo apoio não importa quantas vezes tenhamos
recaído, a recuperação em NA se torna um pouco mais real para nós.

Só por hoje: Eu encontrarei alguém que acredita em mim. Acreditarei nele.


8 de junho O único requisito

“Este programa oferece esperança. Tudo o que você


precisa trazer consigo é o desejo de parar de usar e a
disposição de experimentar esta nova maneira de viver ”.

IP Nº 16, “Para o recém chegado”

De vez em quando imaginamos se estamos “fazendo a coisa certa” em Narcóticos


Anônimos. Estamos indo às reuniões o suficiente? Estamos usando nosso
padrinho/madrinha, ou trabalhando os passos, ou partilhando, ou lendo, ou vivendo da
forma “correta”? Valorizamos a Irmandade de adictos em recuperação – não
saberíamos o que fazer sem ela. E se a forma em que estamos praticando nosso
programa estiver “errada”? Isso nos torna membros “ruins” de NA?
Podemos diminuir nossas inseguranças revendo nossa Terceira Tradição, a qual
nos assegura que “o único requisito para ser membro é o desejo de parar de usar”. Não
existe nenhuma regra que diga que temos que freqüentar tantas reuniões ou essas
reuniões em particular, ou trabalhar “os passos” dessa forma, nessa velocidade, ou
viver nossas vidas para agradar a tais pessoas, com o objetivo de manter uma boa
posição como membros de NA.
Mas também é verdade que, se desejamos o tipo de recuperação que vemos nos
membros que respeitamos, praticaremos o tipo de programa que tornou sua
recuperação possível. Mas o NA é uma Irmandade de liberdade; trabalhamos o
programa da melhor maneira para nós e não para os outros. O único requisito para ser
membro é o desejo de parar de usar.

Só por hoje: Eu vou olhar o programa que estou praticando em favor de minha
própria recuperação. Vou praticar este programa da melhor forma que puder.
Os velhos sonhos não precisam morrer 9 de junho

“Sonhos perdidos despertam e surgem novas possibilidades”.

Texto Básico, p. 100


A maioria de nós teve sonhos quando era jovem. Quer tenhamos sonhado com
carreiras dinâmicas, uma enorme e amorosa família, ou viagens ao exterior, nossos
sonhos terminaram quando nossa adicção se instalou. Qualquer coisa que quiséssemos
para nós foi jogada fora em nossa procura pelas drogas. Nossos sonhos nunca foram
além da próxima dose e da euforia que esperávamos que ela trouxesse.
Agora em recuperação, descobrimos uma razão para ter esperança e que nossos
sonhos perdidos ainda possam vir a se realizar. Não importa quanto sejamos velhos,
quanto nossa adicção tenha nos prejudicado ou quão improvável isso possa parecer:
liberta-nos da adicção ativa nos dá a liberdade para buscar nossas ambições. Podemos
descobrir que somos muito talentosos para alguma coisa, ou achar um hobby que
amamos, ou aprender que a continuação de nossos estudos pode nos trazer
extraordinárias recompensas.
Costumávamos usar a maior parte de nossa energia inventando desculpas e
racionalizações para nossas falhas. Hoje em dia, vamos em frente e fazemos uso das
muitas oportunidades que a vida nos apresenta. Podemos ficar impressionados com o
que somos capazes. O sucesso, a realização e a satisfação estão finalmente a nosso
alcance graças aos alicerces de nossa recuperação.

Só por hoje: Começando por hoje, eu farei o que puder para realizar meus sonhos.
10 de junho Mudando motivos

“Quando, finalmente, tiramos nossos motivos egoístas do caminho,


começamos a descobrir uma paz que nunca imaginávamos ser possível ”.

Texto Básico, p.49


À medida que examinamos nossas crenças, nossas ações e nossos motivos em


recuperação, descobrimos que algumas vezes fazemos coisas pelas razões erradas. No
começo de nossa recuperação, podemos ter gastado uma grande quantidade de
dinheiro e de tempo com as pessoas, querendo simplesmente que elas gostassem de
nós. Mais tarde, podemos descobrir que ainda gastamos dinheiro com as pessoas, mas
nossos motivos mudaram. Fazemos isso porque nós gostamos delas. Talvez
costumássemos nos envolver romanticamente porque sentíamos um vazio por dentro e
procurávamos preenchê-lo com outra pessoa. Agora, as razões para envolvimentos
românticos estão baseadas em um desejo de partilhar nossas vidas já gratificantes com
um companheiro ou companheira de igual para igual. Talvez praticássemos os passos
porque tínhamos medo de recair se não o fizéssemos. Hoje em dia praticamos esses
mesmos passos porque queremos crescer espiritualmente.
Hoje temos um novo propósito em nossas vidas e a mudança de nossos motivos
reflete isso. Temos muito mais para oferecer do que nossas misérias e inseguranças.
Desenvolvemos uma integridade de espírito e uma mente em paz que coloca a nossa
recuperação em um novo universo. Oferecemos o nosso amor e partilhamos nossa
recuperação com completa generosidade. O que faz a diferença é o legado que
deixamos para aqueles que ainda irão se juntar a nós.

Só por hoje: Em recuperação, os meus motivos mudaram. Quero fazer as coisas pelas
razões certas e não somente para meu benefício pessoal. Hoje, vou examinar meus
motivos.
Viver limpo 11 de junho

“À medida que nos recuperamos, ganhamos uma nova perspectiva de


estarmos limpos. (...) A vida pode se tornar uma nova aventura para nós”.

Texto Básico, p. 99

A vida na ativa não é uma vida limpa – ninguém conhece isso melhor do que
nós. Alguns de nós viveram em completa miséria física, não se importando nem com
os que nos cercavam nem tampouco com nós mesmos. Porém, a maneira como nos
sentimos por dentro era pior do que qualquer sujeira externa. As coisas que fazíamos
para conseguir drogas, a forma como tratávamos os outros e como tratávamos nós
mesmos, faziam-nos sentir sujos. Muitos de nós lembram ter acordado várias manhãs
somente desejando que, pelo menos uma vez, pudéssemos nos sentir limpos em
relação a nós mesmos e à nossas vidas.
Hoje, temos a chance de nos sentirmos limpos ao vivermos limpos. Para nós,
adictos, viver limpo começa por não usar – no final das contas, este é o principal
significado para a palavra “limpo” em Narcóticos Anônimos. Mas ao ficarmos e ao
trabalharmos os Doze Passos, descobrimos um outro tipo de limpeza. É a limpeza que
vem de admitirmos a verdade sobre nossa adicção em vez de esconder ou negar nossa
doença. É a tranqüilidade que vem de admitirmos os nossos erros e repará-los É a
vitalidade que vem de novos valores que desenvolvemos quando procuramos a
vontade de um Poder Superior para nós. Quando praticamos os princípios do nosso
programa em todas as situações, não temos nenhuma razão para nos sentirmos sujos
em relação a nossas vidas – estamos vivendo limpos e gratos por estarmos assim
finalmente.
“Viver limpo” costumava ser só para “caretas”. Hoje, viver limpo é a nossa
única opção.

Só por hoje: Me sinto limpo porque estou vivendo limpo – e é assim que quero
continuar.
12 de junho Uma visão de esperança

“Sim, somos uma visão de esperança”.


Texto Básico, p. 57

Quando chegamos ao final de nossa estrada, muitos de nós havíamos perdido toda
a esperança em uma vida sem o uso de drogas. Acreditávamos estar destinados a
morrer da nossa doença. Que surpresa foi chegar em nossa primeira reunião e ver a
sala cheia de adictos que estavam ficando limpos! Um adicto limpo é, com certeza,
uma visão de esperança.
Hoje, passamos a mesma esperança para outros. Os recém-chegados vêem a luz da
felicidade em nossos olhos, observam nosso comportamento, escutam nossas partilhas
nas reuniões e normalmente querem o que já encontramos. Eles acreditam em nós até
que possa acreditar neles próprios.
Os recém-chegados nos escutam quando levamos a mensagem de esperança para
eles. Eles tendem a nos ver através de “uma nuvem cor de rosa”. Nem sempre
conseguem perceber a nossa luta com um determinado defeito de caráter ou nossa
dificuldade em melhorar o nosso contato consciente com o Poder Superior. Leva
tempo para que eles percebam que nós, os “mais antigos”, com três, seis ou dez anos
limpos, freqüentemente colocamos personalidades acima de princípios, ou sofremos de
algum desagradável defeito de caráter.
Sim, o recém-chegado algumas vezes nos coloca em um pedestal. É bom,
entretanto, admitir abertamente a natureza das nossas dificuldades em recuperação
porque, com o tempo, o recém-chegado vai passar pelas mesmas provas e vai se
lembrar de que outros passaram pelo mesmo e continuaram limpos.

Só por hoje: Eu vou me lembrar de que sou um sinal de luz para todos que seguirem
meu percurso; uma visão de esperança.
Uma vida plena 13 de junho

“O programa opera um milagre em nossas vidas.


(...) Nós nos tornamos livres para viver “.

Texto Básico, p. 12

A maioria de nós – tendo estado em recuperação por um período de tempo


razoável – já ouviu algum membro reclamando em uma reunião de estar terrivelmente
sobrecarregado, muito ocupado para reuniões ou apadrinhamentos ou outras
atividades. Na verdade, este membro pode ser um de nós. Os dias parecem tão
preenchidos: trabalho, família e amigos, reuniões, atividades, apadrinhamento,
trabalho de passos. “O dia não tem horas suficientes para fazer tudo e atender as
exigências de todos”, se queixa algum membro.
Quando isso acontece, normalmente alguns dão uma pequena risada –
provavelmente membros que pretendiam reclamar das mesmas coisas. A risada vem
do reconhecimento de que estamos reclamando do milagre que é a vida para nós hoje
em dia. Nenhum desses “problemas” existia para alguns de nós há pouco tempo atrás.
Dedicávamos todas as nossas energias à manutenção da nossa adicção ativa. Hoje
temos nossas vidas plenas, acrescidas de todos os sentimentos e problemas que
decorrem de viver a realidade.

Só por hoje: Eu vou me lembrar de que a vida é um milagre. Em vez de ressentir com
quanto eu estou ocupado, ficarei grato por ter uma vida tão plena.
14 de junho Mantendo a nossa fé

“Se mantivermos diariamente a nossa condição espiritual,


será mais fácil lidarmos com a dor e com a confusão”.

Texto Básico, p. 103


Quando começamos a procurar um Poder maior do que nós, muito de nós ficam
presos em velhas crenças e idéias, indo desde o medo de um Deus punitivo ou
vingativo até a descrença total. Alguns de nós pensavam que fizeram coisas tão
terríveis que um Poder amoroso nunca poderia fazer nada por nós. Outros estavam
convencidos de que se um Poder amoroso tivesse existido, as coisas “ruins” que
aconteceram conosco jamais teriam acontecido. Levou algum tempo, esforço, mente
aberta e fé para adquirir uma crença eficiente em um Poder Superior amoroso que
poderia nos guiar através dos desafios da vida.
Até mesmo depois de vir a acreditar em um Poder maior do que nós mesmos,
nossas velhas idéias podem voltar a nos perseguir. Grandes contrariedades em nossas
vidas e inseguranças que estes eventos podem detonar possibilitam o reaparecimento
de nossas velhas e inadequadas idéias sobre Deus. Quando isso acontece, precisamos
nos assegurar de que nosso Poder Superior não nos abandonou, mas está esperando
para nos ajudar a atravessar os momentos difíceis da nossa recuperação. Não importa
quão dolorosa tenham sido nossas perdas, sobreviveremos a nossas contrariedades e
continuaremos a crescer e a manter a fé que o programa nos deu.

Só por hoje: Eu tenho me esforçado para construir minha fé em um Poder Superior


cuidadoso e amoroso, que me guiará através dos desafios da vida. Hoje, vou acreditar
neste Poder.
Resistindo às mudanças 15 de junho

“Muitos de nós se apegam aos seus medos, dúvidas, auto-aversão


ou ódio, pois há uma certa segurança distorcida na dor que nos é
familiar. Parece mais seguro abraçar o que conhecemos do que
abrir mão pelo desconhecido “.
Texto Básico, p. 36

Sempre ouvimos dizer que, “quando a dor de permanecer os mesmos fica maior
que a dor da mudança, nós mudamos”. Nossos medos podem nos afastar do nosso
crescimento, temendo acabar com relacionamentos, mudar de carreira, freqüentar
novas reuniões, começar novas amizades ou tentar qualquer coisa fora do comum.
Mantemos situações que não funcionam mais, principalmente porque o que é familiar
nos faz sentir mais segurança do que tentar o desconhecido.
Qualquer mudança requer que superemos o medo. “E se eu ficar sozinho para
sempre?” – podemos pensar se considerarmos deixar nosso (a) companheiro (a). “E se
eu descobrir que sou impotente?” – podemos imaginar se considerarmos mudar de
carreira. Podemos evitar freqüentar novas reuniões porque teremos que nos desdobrar.
Nossas mentes criam centenas de dificuldades para continuar exatamente onde
estamos, com medo de tentar algo novo.
Descobrimos que grande parte de nossa dor não vem da mudança, mas da nossa
resistência à mudança. Em NA, aprendemos que mudar é o que nos faz avançar em
nossas vidas. Novos amigos, novos relacionamentos, novos interesses e desafios vão
substituir os velhos. Com essas coisas novas em nossas vidas, encontramos novos
prazeres e amores.

Só por hoje: Eu vou abandonar o velho, abraçarei o novo e crescerei.


16 de junho Aceitando a vida

“Algumas coisas temos que aceitar, outras podemos modificar. A sabedoria


para perceber a diferença vem com o crescimento no nosso programa espiritual”.

Texto Básico, p. 103


É relativamente fácil aceitar as coisas de que gostamos – as coisas de que não


gostamos é que são difíceis de aceitar. Mas mudar tudo e a todos para combinar com
nossos gostos não resolveria o problema. Afinal, a idéia de que o mundo é culpado por
todos os nossos problemas foi o que nos fez continuar a usar – e esta atitude quase nos
matou.
À medida que vamos trabalhando os passos, começamos a nos fazer perguntas
difíceis sobre nossa responsabilidade em criar as vidas inaceitáveis que estávamos
vivendo. Na maioria dos casos, descobrimos que o que precisava mudar era nossa
própria atitude e nossas ações, não as pessoas, os lugares e as coisas a nosso redor.
Em recuperação, oramos pela sabedoria de reconhecer a diferença entre o que
pode e não pode ser mudado. Então, uma vez que vemos a verdade da nossa situação,
oramos pela boa vontade para nos modificarmos.

Só por hoje: Poder Superior, conceda-me serenidade para reconhecer a diferença entre
as coisas que podem ser mudadas e as coisas que devo aceitar. Por favor, me ajude a
aceitar com gratidão a vida que me foi dada.
Muros 17 de junho

“O esforço para receber ajuda é o começo de uma luta que nos


libertará. Demolirá os muros que nos aprisionam“.

Texto Básico, p. 90

Muitos de nós chegaram a NA emocionalmente destroçados. Anos usando as


pessoas e deixando que elas nos usassem abalaram nossa habilidade de acreditar em
alguém, incluindo nós mesmos. Mas o amor e a aceitação que encontramos em
Narcóticos Anônimos nos encorajaram a estender a mão e a nos aproximar das
pessoas.
Quanto mais tempo ficávamos limpos, mais desejávamos intimidade com
aqueles que amávamos. Começamos a nos aproximar de forma mais profunda e
significativa, mesmo que pudéssemos nos machucar. Apesar do nosso medo de
rejeição, decidimos nos arriscar, revelando a nós mesmos nossas crenças e nossas
necessidades. Decidimos derrubar nossos muros defensivos.
A liberdade que encontramos valeu o risco que corremos. Sabemos que ainda
temos muito trabalho pela frente, antes de nos libertar completamente das barreiras
erguidas durante anos de adicção ativa. Mas, ao nos aproximar de outros adictos,
permitindo que eles se aproximem de nós, mesmo com as deficiências humanas,
descobrimos que temos uma grande capacidade para o amor e a intimidade. Quando
libertados dos muros que nos aprisionam, nossos corações adquirem um grande poder.

Só por hoje: Eu vou derrubar meus muros pessoais e me aproximar dos outros. Vou
permitir a meu coração a liberdade de amar e ser amado.
18 de junho Reparações indiretas

“Pode ser necessário fazer reparações indiretas, quando as reparações


diretas não forem seguras ou puderem ameaçar outras pessoas ”.

Texto Básico, p. 44

Quando usávamos, não deixávamos que nada impedisse o nosso uso. Como
resultado, muito de nós não sabiam precisamente a quem tinham prejudicado,
financeiramente ou emocionalmente. Quando começou a hora de fazer reparações,
através do nosso Nono Passo, descobrimos que havia tanta gente que tínhamos
prejudicado que talvez não conseguiríamos nunca lembrar-nos de todos.
Com a ajuda de nosso padrinho/madrinha e de outros companheiros de NA em
recuperação, descobrimos uma solução para este obstáculo. Prometemos completar
estas reparações anônimas fazendo contribuições para nossa comunidade. Focamos
nosso esforço de serviço para ajudar o adicto que ainda sofre. Dessa forma, fazemos as
reparações, achando uma maneira de contribuir com a sociedade.
Hoje, com o amor e a orientação dos membros de NA, estamos contribuindo com
o mundo a nosso redor, em vez de o prejudicarmos. Estamos fazendo de nossa
comunidade um lugar melhor para viver, ao levar a mensagem de recuperação para
aquele que encontramos em nossa vida cotidiana.

Só por hoje: Eu farei reparações indiretas ao me aproximar de um adicto que possa


precisar de ajuda. Vou me esforçar de algum modo para fazer da minha comunidade
um lugar melhor para viver.
Senso de humor 19 de junho

“Descobrimos que, quando perdemos a auto-estima, somos capazes


de compreender o que significa ser feliz, alegre e livre“.

Texto Básico, p. 117


As risadas em nossas reuniões geralmente surpreendem o recém-chegado. Em


grupo, apreciamos o alívio que o riso saudável traz, mesmo quando estamos com
graves problemas. A alegria que está presente nas salas de reunião nos permite, por
alguns momentos, nos divertirmos um pouco, em recuperação. Através do humor nos
livramos temporariamente de nossa auto-obsessão.
A vida em seus próprios termos não é diversão. Mas, se pudermos nos ver com
um certo censo de humor, as coisas pequenas podem se tornar suportáveis. Quantas
vezes nos permitimos perder a serenidade por incidentes que, se levados com um
pouco de humor, não seriam tão toleráveis? Quando ficamos aborrecidos com pessoas
ou acontecimentos, buscar o humor da situação pode colocar as coisas em uma
perspectiva mais clara. A habilidade de encontrar humor em situações difíceis é uma
dádiva a desenvolver.

Só por hoje: Eu vou procurar encontrar o humor na adversidade. Quando cometer


erros, vou encontrar uma maneira de rir das minhas imperfeições.
20 de junho Meditação para principiantes

“Para alguns, a oração é pedir ajuda de Deus; meditação é escutar a


resposta de Deus. (...) Acalmar a mente, através da meditação, traz
uma paz interior que nos põe em contato com o Deus dentro de nós ”.

Texto Básico, p. 49

“Seja paciente quando estiver aprendendo a meditar”, disseram a muitos de nós.


“É preciso prática para saber o que ‘ouvir’”.
Felizmente nos disseram isso, senão muitos de nós desistiríamos de meditar em
uma semana ou duas. Nas primeiras semanas, podemos ter parado cada manhã,
aquietado nossos pensamentos e “ouvido”, exatamente como diz o Texto Básico – mas
não “escutamos” nada. Pode ter passado mais algumas semanas até que alguma coisa
realmente acontece. Até aí, o que acontecia quase não dava para perceber.
Levantávamo-nos de nossas meditações matinais, sentindo-nos um pouco melhor
quanto a nossas vidas, sentindo um pouco mais de empatia por aqueles que
encontrávamos e um pouco mais em contato com nosso Poder Superior.
Para a maioria de nós, não havia nada de dramático nesta consciência – nem
relâmpagos nem trovoadas. Ao contrário, era algo suavemente poderoso. Necessitamos
de tempo para deixar nosso ego e nossas idéias de lado. Neste espaço vazio,
melhoramos nosso contato consciente com a fonte de nossa recuperação cotidiana, o
Deus de nossa compreensão. Meditar era novidade e exigiu tempo e prática. Mas,
como todos os passos, funciona se fizermos funcionar.

Só por hoje: Eu praticarei “escutar” para conhecer a vontade de Deus a meu respeito,
mesmo que ainda não saiba o que escutar.
Novos níveis de honestidade 21 de junho

“Fomos mestres em auto-engano e racionalizações“.

Texto Básico, p. 29

Quando vamos a nossa primeira reunião e ouvimos que devemos ser honestos,
podemos pensar: “Bem, isso não deve ser tão difícil. Tudo o que tenho que fazer é
parar de mentir”. Para alguns de nós, isso acontece com facilidade. Não precisamos
mais mentir para os nossos empregadores sobre a falta ao trabalho. Não precisamos
mais mentir para os nossos familiares sobre onde estávamos na noite anterior. Quando
não usamos mais drogas descobrimos que temos muito menos motivo para mentir.
Alguns de nós podemos ter dificuldade até com esse tipo de honestidade, mas pelo
menos aprender a não mentir é simples – você simplesmente não faz, não importa o
quê. Com coragem, determinação e ajuda de nossos companheiros de NA e de um
Poder Superior, a maioria de nós, afinal de contas, tem sucesso com esse tipo de
honestidade.
Honestidade, no entanto, significa mais do que simplesmente não mentir. O tipo
de honestidade que é verdadeiramente indispensável em recuperação é a consigo
mesmo, que não é fácil nem simples de alcançar. Em nossa adicção, criávamos uma
tempestade de auto-engano e racionalização, um furacão de mentiras no qual a
pequena e quieta voz da honestidade não poderia ser ouvida. Para alcançar este tipo de
honestidade, em primeiro lugar, precisamos parar de mentir para nós mesmos. Em
nossas meditações de Décimo-Primeiro Passo, precisamos ficar calmos. Então, nesta
tranqüilidade, buscamos escutar a verdade. Quando ficarmos calmos, a honestidade
pessoal estará ao nosso alcance.

Só por hoje: Eu ficarei calmo e tranqüilo, escutando a verdade dentro de mim.


Honrarei a verdade que encontrar.
22 de junho Aceitando a vida como ela é

“Na nossa recuperação, consideramos essencial aceitar a


realidade. Quando conseguimos, não sentimos necessidade
de usar drogas Na tentativa de mudar a nossa percepção ”.

Texto Básico, p. 98

As drogas costumavam servir para amortecer em nós a força da vida. Quando


paramos de usar drogas e começamos a recuperação, nós nos confrontamos
diretamente com a vida. Podemos experimentar os sentimentos de decepção, frustração
ou raiva. As coisas podem não acontecer da forma que gostaríamos que acontecessem.
O egocentrismo que cultivávamos em nossa adicção distorceu nossa percepção da
vida; é difícil abrir mão de nossas expectativas e aceitar a vida como ela é.
Aprendemos a aceitar nossas vidas trabalhando os Doze Passos de Narcóticos
Anônimos. Descobrimos uma forma de mudar nossas atitudes e abrir mão de nossos
defeitos de caráter. Não precisamos mais distorcer a verdade ou fugir de situações.
Quanto mais praticamos os princípios espirituais contidos nos passos, mais fácil se
torna aceitar a vida exatamente como se apresenta.

Só por hoje: Eu vou praticar a auto-aceitação trabalhando os Doze Passos.


Rendição 23 de junho

“Não chegamos a NA transbordantes de amor, honestidade, boa vontade


e mente aberta. (...) Ao nos sentirmos derrotados, ficamos prontos“.

Texto Básico, p. 21

A rendição pode ser o alicerce necessário para a recuperação, mas algumas


vezes nos debatemos com isso. A maioria de nós olha para trás depois de algum tempo
limpo e imagina por que lutamos tão duramente para negar nossa impotência, quando a
rendição foi o que finalmente salvou nossas vidas.
Durante a recuperação, novas oportunidades de rendição se apresentam.
Podemos brigar com tudo e com todos que encontrarmos ou podemos nos lembrar dos
benefícios de nossa primeira rendição e parar de lutar.
Grande parte da dor que experimentamos vem desta luta, não da rendição. De
fato, quando nos rendemos, a dor termina e a esperança toma seu lugar. Começamos a
acreditar que tudo estará bem e, depois de algum tempo, chegamos à conclusão de que,
como resultado, nossas vidas estarão muito melhores. Nós nos sentimos do mesmo
jeito quando desistimos da ilusão de que podíamos controlar nosso uso – aliviados,
livres e plenos de uma nova esperança.

Só por hoje: Existe alguma rendição que eu preciso fazer hoje? Irei recordar minha
primeira rendição e me lembrar de que não preciso mais lutar.
24 de junho Tolerância

“(...) lembrando-nos sempre de colocar os princípios


acima de personalidades ”.
Tradição Doze

Algumas vezes é difícil aceitar os defeitos de caráter dos outros. Ao nos recuperar
juntos, não só ouvimos os outros falarem nas reuniões, como também vemos o
progresso em recuperação. Quanto mais temos chance de conhecer outros membros,
mais nos conscientizamos de como eles levam suas vidas. Podemos formar opiniões de
como eles “trabalham seus programas”. Podemos pensar que certos membros nos
incomodam ou podemos até dizer: “Se eu praticasse o programa como eles, com
certeza usaria”.
No entanto, a tolerância é um princípio que fortalece nossa própria recuperação e
nossos relacionamentos com pessoas irritantes para nós. Torna-se mais fácil aceitar a
fragilidade de outros membros quando lembramos de que nós mesmos raramente
superamos nossos defeitos de caráter, enquanto não ficamos dolorosamente
conscientes deles.

Só por hoje: Eu vou tentar aceitar os outros como são. Tentarei não julgar os outros.
Focalizarei os princípios de amor e aceitação.
Não é apenas sorte 25 de junho

“O processo de vir a acreditar devolve-nos à sanidade.


A força para agir vem desta crença“.

Texto Básico, p. 26

Vir a acreditar é um processo que brota da experiência pessoal. Cada um de nós


tem essa experiência. Todos os adictos que encontram a recuperação em NA têm
provas concretas de um Poder benevolente agindo para o bem em suas vidas. Aqueles
de nós que estão em recuperação hoje, afinal, são os afortunados. Milhares de adictos
morrem de nossa doença, sem nunca ter experimentado o que encontramos em
Narcóticos Anônimos.
O processo de vir a acreditar envolve boa vontade para reconhecer os milagres.
Partilhamos o milagre de estar aqui, limpos, e cada um de nós tem outros milagres que
somente esperam nosso reconhecimento. A quantos acidentes de carro, overdose ou
outras quase catástrofes já sobrevivemos? Será que podemos olhar para trás e enxergar
que não tivemos apenas “sorte”? Nossa experiência em recuperação também nos dá
exemplos de um Poder Superior trabalhando para o nosso bem.
Quando podemos enxergar as evidências de um Poder Superior agindo a nosso
favor, se torna possível acreditar que esse Poder Superior continuará a nos ajudar no
futuro.E acreditar nos dá forças para ir adiante.

Só por hoje: Minha recuperação é mais do que uma coincidência. Minha força vem do
reconhecimento de que meu Poder Superior nunca me abandonou e continuará me
guiando.
26 de junho Renunciando à teimosia

“Nossos medos são diminuídos e a fé começa a crescer,


à medida que aprendemos o verdadeiro significado da
rendição. Não estamos mais lutando contra o medo,
a raiva , a culpa, autopiedade ou depressão”.
Texto Básico, p. 29

Rendição é o começo de uma nova maneira de viver. Quando éramos controlados


pela nossa teimosia, ficávamos constantemente imaginando como poderíamos cobrir
todos os lances, como poderíamos manipular determinadas pessoas, de forma a
alcançar nossos objetivos, ou se havíamos deixado escapar algum detalhe essencial em
nossa tentativa de controlar e dominar o mundo. Também sentíamos medo, temendo o
fracasso de nossos planos; raiva ou autopiedade, quando fracassavam; ou nos
sentíamos culpados quando éramos bem-sucedidos. Era duro viver com nossa
teimosia, mas não sabíamos viver de outra maneira.
Nem sempre a rendição é fácil. Ao contrário, rendição pode ser difícil,
especialmente no começo. Entretanto, é mais fácil confiar em Deus, um Poder capaz
de controlar nossas vidas, do que somente em nós mesmos, cujas vidas soa
incontroláveis. Quanto mais nos rendemos, mais fácil fica.
Quando entregamos nossa vontade e nossas vidas aos cuidados de um Poder
Superior, o que temos a fazer é nossa parte, o mais responsável e conscientemente que
pudermos. Então, podemos deixar os resultados aos cuidados do nosso Poder Superior.
Através da rendição, agindo com fé e vivendo nossas vidas de acordo com os
princípios espirituais deste programa, podemos parar de temer e começar a viver.

Só por hoje: Eu vou renunciar à minha teimosia. Vou procurar conhecer a vontade de
Deus para mim e o poder para continuar. Irei deixar os resultados aos cuidados do meu
Poder Superior.
Mudança e crescimento 27 de junho

“Quando alguém nos aponta um defeito de caráter, a nossa primeira reação


poderá ser defensiva. (...) Sempre haverá espaço para o crescimento“.

Texto Básico, p. 39

Recuperação é um processo que muda nossas vidas. Precisamos mudar se


queremos continuar nosso crescimento em direção à liberdade. É importante que
tenhamos a mente aberta quando apontam nossos defeitos, porque estão nos dando a
oportunidade de mudar e crescer. Reagir defensivamente limita nossa capacidade de
receber a ajuda que estão nos oferecendo. Renunciando a nossas defesas, podemos
abrir a porta para mudança, crescimento e uma nova liberdade.
Cada dia no processo de recuperação traz a oportunidade para maiores
mudanças e crescimento. Quanto mais aprendemos a saudar a mudança com o coração
e a mente abertos, mais iremos crescer e mais confortáveis se tornará nossa
recuperação.

Só por hoje: Eu irei saudar cada oportunidade de crescimento com a mente aberta.
28 de junho Consciência de grupo

“Trabalhar com os outros é apenas o começo do serviço”.

Texto Básico, p. 64

O serviço requer uma dedicação desinteressada para que a mensagem possa ser
levada ao adicto que ainda sofre. Mas nossa atitude de serviço não pode parar por aí. O
serviço também nos leva a olhar nossas vidas e motivações. Nossa decisão de prestar
serviço nos deixa em evidência na irmandade. Em NA é muito fácil tornarmos “um
peixão em um laguinho”. Nossa atitude controladora pode facilmente afastar o recém-
chegado.
A consciência de grupo é um dos princípios mais importantes do serviço. É vital
que nos lembremos de que a consciência de grupo é o que conta, e não nossos desejos
e crenças individuais. Emprestamos nossas reflexões e crenças para o desenvolvimento
da consciência do grupo. Quando essa consciência surge, aceitamos sua orientação. O
segredo é trabalhar com os outros e não contra eles. Se nos lembramos de que lutamos
juntos para desenvolver uma consciência coletiva, veremos que todos os lados têm o
mesmo mérito. Quando todas as discussões estiverem encerradas, todos os lados
estarão juntos para levar a mensagem unificada.
Geralmente é tentador achar que sabemos o que é melhor para o grupo. Se nos
lembrarmos de que o importante não é fazer prevalecer nossa própria opinião, então é
fácil permitir que o serviço seja o veículo que deve ser – um caminho para levar a
mensagem ao adicto que ainda sofre.

Só por hoje: Eu vou fazer parte do desenvolvimento da consciência de grupo. Vou me


lembrar de que o mundo não acaba só porque as coisas não são do jeito que quero.
Vou pensar sobre nosso propósito primordial em todos os meus esforços de serviço.
Vou me aproximar do recém-chegado.
Mantendo o vigor da recuperação 29 de junho

“A complacência é o inimigo de membros com


substancial tempo limpo. Se permanecemos
complacentes por muito tempo, o processo de
recuperação cessa“.

Texto Básico, p. 91

Após alguns anos em recuperação, a maioria e nós começa a sentir que não há
maiores desafios. Se fomos dedicados no trabalho dos passos, o passado está
amplamente resolvido e temos alicerces sólidos para construir nosso futuro.
Aprendemos a aceitar a vida quase que exatamente como ela é. A familiaridade com
os passos nos permite resolver os problemas quase tão rapidamente quanto se
apresentam.
Quando descobrimos este grau de conforto, tendemos a tratá-lo como uma
“parada para descansar” no caminho da recuperação. Fazendo isso, no entanto,
subestimamos a natureza de nossa doença. A adicção é paciente, sutil, progressiva e
incurável. É também fatal – podemos morrer desta doença, a não ser que continuemos
a tratá-la. O tratamento para a adicção é um programa vital e contínuo de recuperação.
Os Doze Passos são um processo, uma maneira de estar um passo à frente de
nossa doença. Reuniões, apadrinhamento, serviço e os passos serão sempre essenciais
à continuidade da recuperação. Embora, com 5 anos limpos, possamos praticar nosso
programa um pouco diferente do que aos 5 meses, isto não significa que o programa
mudou ou se tornou menos importante; apenas a nossa compreensão prática mudou e
cresceu. Para manter nossa recuperação vigorosa e vital, devemos permanecer alerta
para oportunidades de praticar o nosso programa.

Só por hoje: Enquanto continuar crescendo em minha recuperação, eu vou procurar


novas maneiras de praticar o programa.
30 de junho Mantendo os alicerces

“A nossa fé recém-descoberta funciona como um


alicerce firme para termos coragem no futuro”.

Texto Básico, p. 104


Construímos nossas vidas sobre alguns alicerces. Quando usávamos, era este o
alicerce que afetava tudo que fazíamos. Quando decidimos que a recuperação era
importante, começamos a empenhar nossa energia nela. Conseqüentemente, toda a
nossa vida mudou. Para manter esta nova vida, devemos manter o seu alicerce: nosso
programa de recuperação.
Quando permanecemos limpos e mudamos nosso estilo de vida, nossa nossas
prioridades também mudam. Trabalho e estudo podem se tornar importantes porque
melhoram nossa qualidade de vida. E nossos relacionamentos podem trazer estímulo e
apoio mútuo. Mas precisamos lembrar que nosso programa de recuperação é o alicerce
sobre o qual construímos nossa nova vida. Cada dia devemos renovar nosso
compromisso com a recuperação, mantendo-a como nossa principal prioridade.

Só por hoje: Eu quero continuar aproveitando a vida que encontrei em recuperação.


Hoje, seguirei os passos que mantêm este alicerce.
JULHO
Um programa simples 1º de julho

“O programa é simplesmente partilhar, trabalhar os Doze Passos,


ir às reuniões e praticar os princípios da programação“.

Texto Básico, p. 188


Nossas vidas complicadas podem se tornar muito menos complicadas se nós


nos concentrarmos em algumas coisas simples – partilhar nossa experiência, força e
esperança com os outros; ir às reuniões com regularidade e praticar os princípios do
programa diariamente em nossas vidas.
Partilhando nossa experiência, força e esperança com outros adictos, nós
transmitimos aos recém-chegados um exemplo forte a ser seguido. O esforço que nós
fazemos para ajudar os outros também ajuda a encurralar o egocentrismo, núcleo de
nossa doença.
Muitos de nós escolhem um grupo – um grupo de escolha – no qual assistimos
às reuniões religiosamente. Essa regularidade dá uma rotina para nossas vidas e
permite que outros companheiros saibam onde podem nos encontrar se precisarem de
ajuda.
Praticar os Doze Passos em nossa vida diária faz a diferença entre uma
recuperação equilibrada e simplesmente não usar. Os passos nos dão um
encaminhamento necessário no gerenciamento de nossas tarefas do dia a dia.
Sim, nós somos pessoas complicadas. Mas o Programa de NA simplifica nossas
vidas, nos capacitando a viver uma vida livre da adicção ativa. Nossas vidas podem ser
preenchidas com serenidade e esperança quando vivemos de acordo com os princípios
simples de nosso programa.

Só por hoje: Eu me lembrarei de que, sendo uma pessoa complicada, o NA é a


maneira mais simples de tornar minha vida menos complicada.
2 de julho Comparando

“Nossas histórias pessoais podem variar no padrão individual,


mas no fundo todos temos a mesma coisa em comum”.

Texto Básico, p. 95

Nós adictos somos bastante diversos, vimos de diferentes origens, usamos drogas
diferentes e lembramo-nos de experiências diferentes. Nossas diferenças não
desaparecem na recuperação; para alguns, essas diferenças são ainda mais notadas. A
liberdade em face de nossa adicção ativa nos dá liberdade para ser nós mesmos, como
verdadeiramente somos. O fato de estarmos todos em recuperação não quer dizer que
tenhamos as mesmas necessidades ou objetivos. Cada um de nós tem suas próprias
lições para aprender em recuperação.
Com tantas diferenças de um adicto para outro, como é que nós ajudamos uns aos
outros em recuperação e como é que nós usamos nossas experiências mútuas? Nós nos
unimos para partilhar nossas vidas à luz dos princípios da recuperação. Apesar de
nossas vidas serem diferentes, os princípios espirituais que praticamos são os mesmos.
É pela luz desses princípios, brilhando através de nossas diferenças, que nos
iluminamos uns aos outros, na direção de nossos caminhos individuais.
Todos temos duas coisas em comum: adicção e recuperação. Quando escutamos
com cuidado, ouvimos outros companheiros falarem do sofrimento da mesma doença
que nós sofremos, indiferentemente das origens de cada um. Quando abrimos nossas
mentes, ouvimos outros adictos falarem sobre princípios espirituais que prometem
esperança para nós, independente de nossos objetivos pessoais.

Só por hoje: Eu tenho meu próprio caminho a seguir, ainda que esteja grato pelo
companheirismo de outros adictos que sofreram da adicção e estão aprendendo os
princípios da recuperação, exatamente como eu.
Momentos de silêncio 3 de julho

“Muitos de nós descobriram que momentos de silêncio,


reservado para nós mesmos, ajudam-nos a entrar em
contato consciente com o nosso Poder Superior“.

Texto Básico, p. 103


A maioria de nós não dá o devido valor ao contato consciente com um Poder


Superior. Quantos de nós dedicamos tempo, consistentemente, para progredir nesse
contato consciente? Se ainda não estabelecemos um regime regular de oração e
meditação, hoje é o dia para começar.
“Um momento de silêncio” não precisa ser longo. Muitos de nós achamos que
vinte a trinta minutos é o suficiente para nos acalmar, focalizar nossa atenção em uma
leitura espiritual, partilhar nossos pensamentos e preocupações na oração e dedicar
alguma tempo para ouvir uma resposta da meditação. Nosso “momento de silêncio”
não precisa ser prolongado para ser eficiente, desde que seja consciente. Se
dedicarmos vinte minutos uma vez por mês para orar, irá adiantar muito pouco, além
de nos frustramos com a pouca qualidade do nosso contato consciente. Entretanto, se
tirarmos vinte minutos todo dia, renovaremos e reforçaremos um contato vivo já
existente com nosso Poder Superior.
Com as idas i vindas de um dia de recuperação de um adicto, muitos de nós
passam o dia inteiro sem tirar um tempo para melhorar nosso contato consciente com o
Deus de nossa compreensão. Entretanto, se dispusermos de um tempo em particular
todo o dia e fizermos um “momento de silêncio”, poderemos ter certeza de que nosso
contato consciente vai melhorar.

Só por hoje: Eu reservarei alguns momentos, depois de terminar a leitura de hoje, para
orar e meditar. Esse será o começo de um novo modelo para minha recuperação.
4 de julho Conflito

“Aprendemos que os conflitos são parte da realidade e aprendemos


novas maneiras de resolvê-los, em vez de fugir deles”.
Texto Básico, p. 99

De tempos em tempos, nós todos experimentamos conflitos. Pode ser que não
consigamos nos ajudar com aquele novo colaborador. Talvez nossos amigos estejam
nos deixando loucos. Ou talvez nosso parceiro não esteja correspondendo a nossas
expectativas. Lidar com qualquer conflito é difícil para adictos em recuperação.
Quando os ânimos se exaltam, geralmente é uma boa idéia se afastar da situação
até que as cabeças esfriem. Podemos sempre dar continuidade a uma discussão quando
estivermos mais calmos. Não podemos evitar situações problemáticas, mas podemos
usar o tempo e a distância para achar uma perspectiva melhor.
Conflito é parte da vida. Não podemos passar nossa recuperação inteira sem
encontrar discórdia e diferenças de opinião. Algumas vezes podemos nos afastar
dessas situações, ganhando tempo para refletir sobre elas, mas sempre chega uma hora
em que os conflitos precisam ser resolvidos. Quando chega essa hora, respiramos
fundo, fazemos uma oração e aplicamos os princípios que o nosso programa nos tem
dado: honestidade, mente aberta, responsabilidade, perdão, confiança e todo o resto.
Nós não ficamos limpos para continuar fugindo da vida – e em recuperação, não
precisamos mais fugir.

Só por hoje: Os princípios que o programa têm me dado são suficientes para me guiar
em qualquer situação. Eu vou tentar enfrentar seriamente os conflitos de uma forma
saudável.
Explorando opções espirituais 5 de julho

“A natureza de nossa doença irá determinar a


maneira como oramos ou meditamos“.
Texto Básico, p. 48

Como oramos? Para cada membro de NA, esse é um profundo problema


pessoal. Muitos de nós descobriram que, com o tempo, desenvolvemos uma maneira
de orar e meditar baseando-nos no que aprendemos com os outros e no modo como
nos sentimos confortáveis.
Alguns de nós chegam ao NA com a mente fechada em relação a um Poder
maior do que nós mesmos. Mas, quando nos sentamos com nosso padrinho/madrinha e
discutimos as nossas dificuldades, olhando o segundo passo com profundidade,
ficamos satisfeitos em descobrir que podemos escolher qualquer conceito que nos
atraia de um Poder Superior.
Assim como a definição de um Poder maior do que nós difere de adicto para
adicto, nossa maneira de alcançar um “contato consciente” também difere. Alguns
freqüentam religiões; outros celebram cantando; uns sentam calmamente ou falam
qualquer coisa; alguns encontram uma conexão espiritual conversando com a natureza.
A “forma certa” de orar é qualquer forma que nos ajude a melhorar o contato
consciente com nosso Poder Superior.
Perguntar aos outros como eles encontraram uma orientação espiritual é um
bom começo. Ler a literatura antes de entrar em períodos de meditação também pode
nos ajudar. Muitos já entraram antes de nós nessa procura. Ao procurar crescimento
espiritual, podemos nos beneficiar grandemente da experiência deles.

Só por hoje: Eu vou explorar minhas opções para melhorar o contato consciente com
o Deus de minha compreensão.
6 de julho “Sinto muito”

“O mais importante é que [o Oitavo Passo] nos ajuda a criar uma


consciência de que estamos, aos poucos, ganhando novas
atitudes em relação a nós mesmos e no trato com outras pessoas”.

Texto Básico, p. 42

Dizer “sinto muito” provavelmente não é uma idéia estranha para a maioria de
nós. Em nossa adicção ativa, essa pode ter sido uma frase bastante familiar. Estávamos
sempre dizendo às pessoas o quanto estávamos arrependidos, e provavelmente ficamos
profundamente surpresos quando alguém, cansado de nossas desculpas sem
fundamento, respondeu: “Você com certeza está sentido. De fato, você é que é
lastimável...” Essa pode ter sido nossa primeira pista de que um “sinto muito” não fez
realmente nenhuma diferença para aquelas pessoas que machucamos, especialmente
quando ambos sabíamos que faríamos a mesma coisa de novo.
Muitos de nós pensaram que fazer reparações seria um outro “sinto muito”.
Entretanto, as atitudes que tomamos nesses passos é inteiramente diferente. Fazer
reparações significa fazer mudanças e, sobretudo, corrigir a situação. Se roubamos
dinheiro, não dizemos simplesmente: “Sinto muito. Eu nunca mais vou fazer isso de
novo, agora que estou limpo”. Devolvemos o dinheiro. Se fomos negligentes ou
maltratamos nossos familiares, não nos desculpamos. Começamos a tratá-los com
respeito.
Reparar nosso comportamento e a forma como tratamos os outros é todo o
propósito do trabalho dos passos. Não podemos mais, simplesmente, dizer “estamos
arrependidos”; somos responsáveis.

Só por hoje: Eu aceito a responsabilidade por mim e por minha recuperação. Hoje,
vou reparar alguma coisa sobre a qual eu sinta muito.
Deus, uns nos outros 7 de julho

“Um aspecto de nosso despertar espiritual surge através da nossa


compreensão de nosso Poder Superior que desenvolvemos,
compartilhando a recuperação de outro adicto“.

Texto Básico, p. 57

Ouvimos dizer que geralmente vemos Deus mais claramente uns nos outros.
Vemos a verdade disso quando praticamos o Décimo Segundo Passo. Quando levamos
a mensagem de recuperação para outro adicto, percebemos a presença de um Poder
maior do que nós mesmos. À medida que vemos a mensagem se manifestando,
percebemos algo singular: a mensagem é que traz a recuperação e não o mensageiro
dela. Um Poder Superior, e não nosso próprio poder, é a fonte de mudanças que
começa quando levamos a mensagem para o adicto que ainda sofre.
Enquanto a mensagem faz seu trabalho, transformando a vida de outro adicto,
vemos o Poder Superior em ação. Observamos como aceitação e esperança substituem
negação e desespero. Diante de nossos olhos os primeiros traços de honestidade, mente
aberta e boa vontade começam a aparecer. Alguma coisa está acontecendo
interiormente nesta pessoa, algo maior e mais poderoso que qualquer um de nós.
Estamos vendo o Deus que viemos a compreender funcionando na vida de outra
pessoa. Vemos o Poder Superior neles. E sabemos mais do que nunca que esse Poder
Superior está em nós também, como a força que dirige nossa recuperação.

Só por hoje: Enquanto eu levo a mensagem de recuperação para outros adictos, vou
tentar prestar atenção no Poder por trás dessa mensagem. Hoje, enquanto observo
outros adictos em recuperação, vou tentar reconhecer Deus neles para que possa
reconhecer melhor Deus em mim.
8 de julho A palavra “Deus”

“É importante você saber que vai ouvir falar em Deus nas reuniões
de NA. Nós nos referimos a um Poder maior do que nós,
que torna possível o que parece impossível”.

IP Nº 22, “Bem-vindo a NA”


A maioria de nós chega a NA com uma variedade de preconceitos sobre o


significado da palavra “Deus”, muitos deles negativos. Contudo a palavra ”D” é usada
com muita regularidade em NA, se não constantemente. Isso ocorre 92 vezes nas
primeiras 103 páginas de nosso Texto Básico, e aparece notavelmente em um terço de
nossos Doze Passos. Em vez de fugir da sensação que muitos de nós sentimos em
relação à palavra, vamos em frente.
É verdade que o Programa de Narcóticos Anônimos é espiritual. Nossos Doze
Passos oferecem uma maneira de nos libertar da adicção através da ajuda de um Poder
espiritual maior do que nós.O programa, entretanto, não nos diz nada sobre o que
devemos pensar a respeito desse Poder. De fato, repetidas vezes em nossa literatura,
em nossos passos e em nossas reuniões, ouvimos dizer “o Deus de nossa
compreensão” – qualquer que seja essa compreensão.
Usamos a palavra “Deus” porque é usada em nosso Texto Básico e porque
comunica mais efetivamente para a maioria das pessoas um entendimento básico de
um Poder intrínseco à nossa recuperação. A palavra, usamos por motivo de
conveniência. O Poder por trás da palavra, entretanto, usamos por algo mais que
conveniência. Usamos esse Poder para nos manter livres da adicção e para assegurar
nossa recuperação contínua.

Só por hoje: Acreditando em “Deus” ou não, eu vou usar esse Poder que me mantém
limpo e livre.
Nós realmente nos recuperamos! 9 de julho

“Agora, sabemos que a velha mentira ‘Uma vez adicto,


sempre adicto’ não será mais tolerada, nem pela
sociedade nem pelo adicto. Nós nos recuperamos’”.

Texto Básico, p. 97

De tempos em tempos, ouvimos oradores partilharem que ainda não entendem


realmente princípios espirituais. Eles nos dizem que, se soubéssemos o que estava
passando em suas mentes, nos surpreenderia o quanto eles ainda são insanos. Eles nos
dizem que, quanto mais tempo estão limpos, menos eles sabem sobre qualquer coisa.
Logo em seguida, os mesmos oradores nos falam sobre as profundas mudanças que a
recuperação fez em suas vidas. Eles mudaram de um completo desespero para uma fé
inabalável, do uso de drogas incontrolável para a completa abstinência, da
ingovernabilidade crônica para a responsabilidade através do trabalho dos Doze Passos
de Narcóticos Anônimos. Qual é a verdadeira história? Nós nos recuperamos ou não?
Podemos pensar que demonstramos humildade ou gratidão ao minimizar as
mudanças que a recuperação trouxe a nossas vidas. Verdade, cometemos uma injustiça
com o programa quando creditamos esse milagre a nós mesmos. Mas cometemos
injustiça igual – com nós mesmos e com aqueles com quem partilhamos – quando não
reconhecemos a grandeza desse milagre.
Nós realmente nos recuperamos. Se nós temos dificuldade em enxergar o
milagre da recuperação, melhor olhar novamente. A recuperação está viva e em pleno
trabalho em Narcóticos Anônimos – nos mais antigos, nos recém-chegados que lotam
nossas reuniões e acima de tudo, em nós mesmos. Tudo que temos que fazer é abrir
nossos olhos.

Só por hoje: Eu vou reconhecer o milagre de minha recuperação e ser grato por tê-la
encontrado.
10 de julho Uma atitude positiva

“Aquele velho ninho de negatividade me seguiu


por todos os lugares em que eu andei”.
Basic Text, p. 135*

O comportamento negativo é a marca registrada da adicção ativa. Tudo que


aconteceu em nossa vida foi por causa de alguém ou de alguma coisa. Fizemos de
culpar os outros por nossos defeitos uma ciência exata. Em recuperação, uma das
primeiras coisas que lutamos para desenvolver é uma nova atitude. Descobrimos que a
vida fica bem mais fácil quando substituímos pensamentos negativos por princípios
positivos.
A atitude negativa, que nos dominava na adicção ativa, freqüentemente pode nas
acompanhar nas salas de Narcóticos Anônimos. Como podemos começar a corrigir
nossas atitudes? Mudando nossas ações. Não é fácil, mas pode ser feito.
Podemos começar prestando atenção ao modo como falamos. Antes de abrir
nossas bocas, fazemos algumas perguntas simples: o que eu vou falar diz respeito ao
problema ou à solução? O que vou falar está estruturado de forma gentil? O que eu
tenho a dizer é importante ou não faria a menor diferença se eu mantivesse a boca
fechada? Eu estou falando só para me ouvir falar ou existe algum propósito em minhas
“palavras sábias”?
Nossas atitudes se expressam em nossas ações. Geralmente, não é o que dizemos,
mas como falamos que realmente importa. Ao aprender a falar de maneira mais
positiva, percebemos uma melhora em nossas atitudes.

Só por hoje: Eu quero ficar livre da negatividade. Hoje, vou falar e agir
positivamente.

*N.T. Esta página refere-se ao Livro 2 do Texto Básico em inglês.


Encorajamento 11 de julho

“Partilhamos com os outros bem-estar e encorajamento“.

Texto Básico, p. 107



Muito de nós já observaram como os bebês dão o primeiro passo. A mãe segura
a criança em pé. O pai se ajoelha perto com os braços estendidos, encorajando a
criança com seu rosto transbordando de afeto. O bebê dá alguns passos em direção a
seu pai, um irmão mais velho e uma irmã batem palmas para a façanha. O bebê cai. A
mãe dele, murmurando palavras de conforto, levanta a criança e começa tudo de novo.
Dessa vez, o bebê fica de pé até estar bastante perto para cair na segurança dos braços
do pai.
Como recém-chegados, ingressamos nas salas de NA de forma muito parecida
com essa criança. Acostumados a viver uma vida distorcida pela adicção, cheios de
medo e incerteza, precisamos de ajuda para ficar em pé. Exatamente como uma
criança começando sua marcha para a fase adulta, damos nossos primeiros passos
hesitantes em direção à recuperação. Aprendemos essa nova maneira de viver porque
outros que passaram por isso e nos encorajam dizendo o que funcionou – e o que não
funcionou – para eles. Nosso padrinho/madrinha está presente quando precisamos de
um empurrão na direção certa.
Muitas vezes nos sentimos incapazes de dar mais um passo em recuperação.
Exatamente como uma criança aprendendo a andar, às vezes tropeçamos ou caímos.
Mas nosso Poder Superior sempre nos espera de braços abertos. Como os irmãos da
criança que a encorajam, também somos ajudados por outros membros de NA
enquanto caminhamos em direção a uma vida plena em recuperação.

Só por hoje: Eu vou procurar o encorajamento dos outros. Vou encorajar outros que
podem precisar de minha força.
12 de julho Paciência

“Fomos capturados pela necessidade de satisfação


imediata que as drogas nos davam ”.
Texto Básico, p. 27

“Eu quero porque quero e tem que ser agora!” Foi o máximo de paciência que a
maioria de nós conseguiu ter durante nossa adicção ativa. A obsessão e a compulsão
de nossa doença só nos deram uma alternativa de pensamento; quando queríamos
alguma coisa, só pensávamos nisso. Aprendemos com o uso que bastava uma dose
para ter satisfação imediata. Não é surpresa que a maioria de nós chegou a Narcóticos
Anônimos sem a menor paciência.
O problema é que não podemos ter sempre o que queremos, na hora em que
queremos. Alguns de nossos desejos são pura fantasia; se pararmos para pensar,
chegaremos à conclusão de que não temos nenhum motivo pra acreditar que esses
desejos serão realizados durante o período em que vivermos. Provavelmente não
podemos realizá-los de uma só vez. Para adquirir ou alcançar algumas coisas, teremos
que sacrificar outras.
Em nossa adicção procurávamos satisfação imediata, esgotando nossos recursos.
Em recuperação, precisamos aprender a priorizar, algumas vezes abrindo mão da
satisfação de alguns desejos para alcançar objetivos mais importantes a longo prazo.
Fazer isso requer paciência. Para encontrar essa paciência, praticamos nosso programa
de recuperação, procurando o modo abrangente de despertar espiritual que nos
permitirá viver e desfrutar a vida como ela é.

Só por hoje: Poder Superior, me ajude a descobrir o que é mais importante em minha
vida. Me ajude a aprender a ser paciente, para que eu possa empregar meus recursos
nas coisas mais importantes.
Humildade em ação 13 de julho

“Aprendemos a pedir ajuda quando estamos magoados, e a


maioria de nós se sente assim de tempos em tempos“.

Texto Básico, p. 91

Algumas vezes a recuperação fica difícil demais. Pode ser ainda mais difícil ser
suficientemente humilde para pedir ajuda. Pensamos: “Eu tenho todo esse tempo
limpo. Eu deveria estar melhor do que estou!” Mas a realidade da recuperação é
simples: quer tenhamos trinta dias ou trinta anos limpos, devemos ter boa vontade para
pedir ajuda quando precisarmos.
Humildade é um tema comum em nossos Doze Passos. O Programa de
Narcóticos Anônimos não tem nada a ver com manter aparências. Em vez disso, o
programa nos ensina a aproveitar o máximo nossa recuperação. Precisamos ter boa
vontade para expor nossas dificuldades se esperamos buscar solução para os
problemas que apareçam em nossas vidas.
Existe uma expressão antiga que às vezes é ouvida em Narcóticos Anônimos:
não podemos livrar nossa cara e salvar nossa pele ao mesmo tempo. Não é fácil
partilhar em uma reunião, quando temos muito tempo limpos, e desmanchar em
lágrimas, porque a vida sendo como ela é, nos fez reconhecer nossa impotência. Mas,
quando a reunião termina e um outro membro chega perto e diz: “Sabe, eu precisava
ouvir o que você disse”, sabemos que existe um Deus trabalhando em nossas vidas.
O gosto da humildade nunca é amargo. As recompensas por sermos humildes,
pedindo ajuda, adoçam nossa recuperação.

Só por hoje: Se eu precisar de ajuda, vou pedir. Vou colocar humildade em ação em
minha vida.
14 de julho Um “trabalho interior”

“Aceitação social não é recuperação ”.

Texto Básico, p. 23

Uma das primeiras coisas que acontecem com muitos de nós, em recuperação, é
começamos a ter uma aparência melhor. Ficamos mais saudáveis; tomamos banho; nos
vestimos adequadamente. Sem o fardo da adicção ativa, muitos de nós param de
roubar, mentir e vagabundear. Começamos a ter uma aparência normal – só por ter
retirado as drogas.
Ter uma aparência normal é bem diferente de ser normal. Aceitação aos olhos da
sociedade é um benefício da recuperação; não é a mesma coisa que recuperação.
Podemos desfrutar os benefícios da recuperação, mas devemos cuidar de nutrir sua
verdadeira fonte. Recuperação duradoura não é encontrada na aceitação dos outros,
mas no crescimento interior posto em ação pelos Doze Passos.

Só por hoje: Eu sei que uma boa aparência não é o suficiente. Recuperação duradoura
é um trabalho interior.
Relações com os outros 15 de julho

“Fizemos uma lista de todas as pessoas que tínhamos prejudicado


e dispusemo-nos a fazer reparações a todas elas“.

Passo Oito

Todos os seres humanos se debatem com o egocentrismo. O egocentrismo


crônico, que reside na essência da adicção, torna esse esforço duplamente difícil para
pessoas como nós. Muitos de nós temos vivido como se fôssemos às últimas pessoas
na terra, completamente cegos para o efeito que nosso comportamento tem para
aqueles a nosso redor. O Oitavo Passo é o processo que nosso programa tem nos dado
para examinar honestamente nossas relações passadas. Damos uma olhada no que
escrevemos em nosso Quarto Passo, para identificar os efeitos que nossas ações
tiveram nas pessoas em nossas vidas. Quando reconhecemos o prejuízo que causamos
a essas pessoas, nos prontificamos a nos responsabilizar por nossas ações, fazendo
reparações a elas. A variedade de pessoas que encontramos em nosso dia a dia, bem
como a qualidade de nossas relações com elas determinam de muitas maneiras a
qualidade de nossas vidas. Amor, humor, entusiasmo, interesse – as coisas que fazem a
vida valer a pena decorrem do fato de ser partilhadas com os outros. Entendendo isso,
queremos descobrir a natureza exata de nossas relações com outras pessoas e corrigir
qualquer falha que possamos vir a encontrar nessas relações. Queremos trabalhar o
Oitavo Passo.

Só por hoje: Eu quero aproveitar completamente o companheirismo de meus amigos.


Vou examinar meus relacionamentos com as pessoas em minha vida. Quando perceber
que prejudiquei outras pessoas, vou procurar boa vontade para fazer reparações a elas.
16 de julho Auto-estima

“Lá no fundo, eu guardava sentimentos de inadequação e inferioridade ”.

Basic Text, p. 112*


Em algum lugar, ao longo de nossa caminhada, muitos de nós desenvolveram


fortes sentimentos de inadequação e inferioridade. Lá no fundo havia uma voz que
gritava continuamente: “Você não vale nada!” Muitos de nós aprenderam a reconhecer
esta característica de baixa auto-estima bem no início de nossa recuperação. Alguns de
nós podem achar que nossos sentimentos de inferioridade foram o início de todos os
nossos problemas.
Quer tenhamos aprendido esta baixa auto-estima em nossas famílias, quer através
de nossas interações com outros, em NA nós aprendemos a utilizar as ferramentas para
nos recuperar. Reconstruir nossa auto-estima despedaçada, às vezes começa por
simplesmente aceitar um encargo no serviço. Talvez nosso telefone comece a tocar e,
pela primeira vez, as pessoas estejam ligando para saber como estamos. Elas não
querem nada de nós, a não ser estender a mão e ajudar.
Em seguida conseguimos um padrinho/madrinha que nos ensina que somos dignos
e acredita em nós até que possamos acreditar em nós mesmos. Nosso
padrinho/madrinha nos guia através dos Doze Passos, onde aprendemos quem
realmente somos e não o que construímos ou destruímos a respeito de nós mesmos.
Baixa auto-estima não desaparece do dia para a noite. Às vezes, leva anos para que
nós realmente entremos em contato conosco. Mas, com a ajuda de outros membros de
NA que partilham nossos sentimentos e com a prática do Doze Passos, nos tornamos
indivíduos que os outros e, o mais importante, nós mesmos respeitamos.

Só por hoje: Eu me lembrarei que sou merecedor do amor de meu Poder Superior. Sei
que sou um ser humano de valor.

* N.T. Esta página refere-se ao Livro 2 do Texto Básico em inglês.


A utilidade de “sonhar que
estamos usando” 17 de julho

“Aceitamos completamente o fracasso em todas as tentativas


de parar de usar ou de usar controladamente“.

Texto Básico, p. 20

O quarto está escuro. Sua testa está banhada em suor frio. Seu coração está
acelerado. Você abre os olhos, certo de que acabou de perder seu tempo limpo. Você
sonhou “que estava usando” e foi como se realmente tivesse acontecido – as pessoas,
os lugares, a rotina, a sensação horrível no estômago, tudo. Leva alguns momentos
para perceber que foi apenas um pesadelo, que não aconteceu de verdade. Devagar
você se acalma e volta a dormir.
Na manhã seguinte é o momento de examinar o que realmente ocorreu na noite
anterior. Você não usou a noite passada – mas quão perto você está de usar hoje? Você
tem alguma ilusão sobre sua capacidade de controlar o uso? Você sabe, sem dúvida, o
que aconteceria se você tomasse aquela primeira droga? O que o impede de recair?
Seu programa está forte? E os relacionamentos com seu padrinho/madrinha, seu grupo
de escolha e seu Poder Superior?
Sonhar que estamos usando não significa necessariamente uma falha em nosso
programa; para um adicto, não há nada mais natural do que sonhar em usar drogas.
Alguns de nós acreditam que sonhar que estamos usando é um presente de nosso Poder
Superior, intensamente nos lembrando o quanto é insana nossa adicção ativa e nos
encorajando a fortalecer nossa recuperação. Visto por este ângulo, podemos nos sentir
gratos por nossos sonhos em que estamos usando. Aterrorizantes como são, podem
provar serem uma grande bênção – se os usarmos para fortalecer nossa recuperação.

Só por hoje: Eu examinarei meu programa pessoal. Falarei com meu


padrinho/madrinha sobre o que percebo e procurarei maneiras de fortalecer minha
recuperação.
18 de julho A dádiva do desespero

“Nossa doença sempre ressurgia ou continuava progredindo até que,


em desespero, buscamos ajuda entre nós em Narcóticos Anônimos ”.

Texto Básico, p. 14

Quando pensamos em desespero, visualizamos um estado indesejável: uma pobre


alma em frangalhos, que se agarra freneticamente a algo de que necessita de modo
excessivo, com um olhar de desespero. Pensamos em animais sendo caçados, crianças
famintas e em nós mesmos antes de encontrar NA.
Foi o desespero que sentimos antes de vir para NA que nos levou a aceitar o
Primeiro Passo. Por haver esgotado nossas idéias, nos tornamos abertos para novas.
Nossa insanidade havia crescido mais que as paredes de nossa negação, nos forçando a
ser honesto sobre nossa doença. Nossos melhores esforços para estar no controle só
nos levou à derrota, foi quando nos prontificamos para nos render. Havíamos recebido
a dádiva do desespero e, como resultado, nos tornamos capazes de aceitar os princípios
espirituais que tornaram possível nossa recuperação.
Desespero é o que finalmente leva muitos de nós a pedir ajuda. Uma vez que
alcançamos este estado, podemos dar a volta e começar tudo de novo. Tal como o
desespero do animal que está sendo caçado o leva a procurar um refúgio seguro, assim
nós o fizemos: em Narcóticos Anônimos.

Só por hoje: A dádiva do desespero me ajudou a ser honesto, a ter a mente aberta e
disposta. Sou grato por esta dádiva porque tornou minha recuperação possível.
Realizando nossos sonhos 19 de julho

“Os sonhos há muito tempo, podem agora, tornar-se realidade“.

Texto Básico, p. 77

Todas as coisas começam com um sonho. Mas quantos de nós concretizaram


seus sonhos quando usavam? Mesmo que tenhamos encontrado meios de completar
algo que havíamos começado, nossa adicção normalmente nos roubou qualquer
sentimento de prazer por nossa realização. Talvez, quando usávamos, sonhávamos
com o dia em que ficaríamos limpos. Este dia chegou. Podemos utilizar esse dia para
fazer nossos sonhos se tornarem realidade.
Para realizar nossos sonhos, precisamos entrar em ação, mas nossa falta de
autoconfiança pode nos paralisar. Podemos começar por traçar metas realistas. O
sucesso que experimentamos ao realizar nossos objetivos nos permite ter sonhos
maiores da próxima vez.
Alguns membros partilham que, quando eles comparam as ambições que
tinham quando ficaram limpos, com as que eles efetivamente alcançaram em
recuperação, ficam assustados. Em recuperação, freqüentemente vemos mais sonhos se
tornarem realidade do que jamais poderíamos imaginar.

Só por hoje: Eu me lembrarei de que todas as coisas começam com um sonho. Hoje
irei permitir a mim mesmo fazer com que meus sonhos se tornem realidade.
20 de julho Passo Um

“Admitimos que éramos impotentes perante a nossa adicção,


que nossas vidas tinham se tornado incontroláveis ”.

Passo Um

O Primeiro Passo começa com “admitimos”, e há uma razão para isso. Existe uma
grande força em admitir nossa impotência verbalmente. E quando vamos a uma
reunião e fazemos esta admissão, ganhamos mais do que apenas força pessoal.
Tornamo-nos membros, parte de um “nós” coletivo que nos permite, juntos, nos
recuperar de nossa adicção. Ao nos tornarmos membros de NA, recebemos uma fonte
de experiência: a experiência de outros adictos que encontraram um caminho para a
recuperação de sua doença.
Não precisamos mais tentar resolver o enigma de nossa adicção sozinhos. Quando
honestamente admitimos nossa impotência perante a adicção, podemos iniciar a
procura de uma maneira melhor de viver. Não estaremos buscando sozinhos – estamos
em boa companhia.

Só por hoje: Eu iniciarei o dia admitindo minha impotência perante a adicção. Vou
lembrar-me de que o Primeiro Passo começa com “admitimos”, e saber que nunca vou
precisar estar sozinho com minha doença outra vez.
Rendição é para todos 21 de julho

“Se, após algum tempo, sentimos dificuldades com a nossa recuperação,


é porque, provavelmente, paramos de fazer alguma das coisas
que nos ajudaram nas fases iniciais da recuperação“.

Texto Básico, p. 104


Rendição é só para os recém-chegados, certo? Errado!


Depois de estar aqui há algum tempo, alguns cedem a um estado muito próprio
dos membros antigos. Pensamos que sabemos alguma coisa sobre recuperação, sobre
Deus, sobre NA, sobre nós mesmos – e sabemos. O problema é que pensamos saber
bastante e pensamos que simplesmente saber já é o bastante. Mas o que faz a
diferença é o que aprendemos e o que fazemos depois que achamos saber tudo.
A presunção e a complacência podem nos levar a ter sérios problemas. Quando
descobrimos que “aplicar os princípios” com nossa própria força simplesmente não
funciona, podemos praticar o que funcionou para nós no começo: a rendição. Quando
descobrimos que ainda somos impotentes, com nossas vidas novamente incontroláveis,
precisamos buscar o cuidado de um Poder maior do que nós mesmos. E, quando
descobrimos que a autoterapia, no final das contas, não é tão terapêutica assim,
precisamos tirar vantagem “do valor terapêutico da ajuda de um adicto a outro”.

Só por hoje: Eu preciso de orientação, apoio bem como de um Poder além de meu
próprio. Irei a uma reunião, me aproximarei do recém-chegado, ligarei para meu
padrinho/madrinha e farei preces para meu Poder Superior – enfim, farei algo que
diga: “eu me rendi”.
22 de julho Morte espiritual

“Para nós, usar é morrer em todos os sentidos ”.

Texto Básico, p. 89

Como recém-chegados muitos de nós vieram à sua primeira reunião com apenas
uma pequena centelha de vida. Esta centelha, nosso espírito, quer sobreviver.
Narcóticos Anônimos nutre este espírito. O amor da irmandade rapidamente sopra esta
centelha até que ela se torne uma chama. Com os Doze Passos e o amor dos outros
adictos em recuperação, começamos a florescer como aquele ser humano inteiro, vital,
que nosso Poder Superior planejou. Começamos a apreciar a vida, encontrando um
propósito para nossa existência. Cada dia que escolhemos nos manter limpos, nosso
espírito é revitalizado e cresce o relacionamento com nosso Deus. Cada dia que
escolhemos a vida, nos mantendo limpos, nosso espírito fica mais forte.
Apesar do fato de que nossa vida em recuperação é recompensadora, a ânsia de
usar pode ser, às vezes, esmagadora. Quando tudo em nossas vidas parece dar errado,
uma volta ao uso pode parecer à única saída. Mas sabemos qual será a conseqüência se
usarmos: a perda de nossa espiritualidade cuidadosamente nutrida. Já fomos muito
longe em nosso caminho espiritual para desonrar nosso espírito com o uso. Apagar
uma chama espiritual que, em nossa recuperação, nos esforçamos tanto para restaurar,
é pagar um preço muito alto para ficar drogado.

Só por hoje: Eu estou grato por meu espírito estar forte e vivo. Hoje, honrarei este
espírito permanecendo limpo.
Abrindo mão da vontade egocêntrica 23 de julho

“Queremos e exigimos que as coisas corram sempre à nossa maneira.


Deveríamos saber, pela nossa experiência passada, que a nossa
maneira de fazer as coisas não funcionou“.

Texto Básico, p. 101


Todos nós temos idéias, planos e objetivos para nossas vidas. Não há nada no
Programa de NA que diga que não deveríamos pensar por nós mesmos, tomar
iniciativa e colocar planos responsáveis em ação. Mas, quando nossas vidas são
movidas pela vontade egocêntrica, nós nos envolvemos em problemas.
Quando estamos vivendo movidos por nossa vontade egocêntrica, vamos além
de pensar por nós mesmos, pensamos somente em nós mesmos. Esquecemos que
somos apenas uma parte do mundo e que, seja qual for a força pessoal que tivermos,
ela provém de um Poder Superior. Podemos chegar ao ponto de imaginar que as outras
pessoas existem somente para cumprir nossas ordens. Rapidamente, nos encontramos
disputando tudo e com todos à nossa volta.
Nessa altura, temos duas escolhas: ou continuar escravizados à nossa vontade
egocêntrica, fazendo exigências sem sentido e ficando frustrados porque o mundo não
gira à nossa volta; ou nos render, relaxar, buscar o conhecimento da vontade de Deus e
o poder de realizar esta vontade, encontrando o caminho de volta para uma condição
de paz com o mundo. Pensar, tomar iniciativa, fazer planos responsáveis; não há nada
de errado com estas coisas, contanto que elas sirvam à vontade de Deus, não
meramente a nossa.

Só por hoje: Eu planejarei fazer a vontade de Deus e não a minha. Se me descobrir


disputando tudo à minha volta, vou abrir mão de minha vontade egocêntrica.
24 de julho “Temos que abandonar as máscaras”

“... encobrimos a nossa pouca auto-estima, esperando


enganar as pessoas com imagens falsas.(...)
Temos que abandonar as máscaras ”.

Texto Básico, p. 35

Hiper-sensibilidade, insegurança e falta de identidade são, freqüentemente,


associadas a adicção ativa. Muitos de nós levamos estas características para a
recuperação; nossos medos de inadequação, rejeição e falta de orientação não
desaparecem da noite para o dia. Muitos de nós temos imagens, personalidades falsas
que construímos, seja para nos proteger, seja para agradar a outros. Às vezes,
pensamos que estas imagens, construídas para nos proteger enquanto usávamos,
podem também nos proteger em recuperação.
Utilizamos caras falsas para esconder nossa verdadeira personalidade, para
disfarçar nossa falta de auto-estima. Estas máscaras nos escondem de outros, e
também, de nosso verdadeiro ser. Vivendo uma mentira, estamos dizendo que não
podemos conviver com a verdade sobre nós mesmos. Quanto mais escondemos nosso
verdadeiro ser, mais danificamos nossa auto-estima.
Um dos milagres da recuperação é o reconhecimento de nós mesmos, por inteiro,
com nossas qualidades e limitações. A auto-estima começa com este reconhecimento.
Apesar de nosso medo de nos tornar vulneráveis, precisamos estar dispostos a abrir
mão de nossos disfarces. Precisamos nos libertar de nossas máscaras e nos torna livres
para confiar em nós mesmos.

Só por hoje: Eu vou abrir mão de minhas máscaras e permitir que minha auto-estima
cresça.
“Fracasso” do Décimo-Segundo Passo? 25 de julho

“Tendo um despertar espiritual, como resultado destes passos,


procuramos levar esta mensagem a outros adcitos e
praticar estes princípios em todas as nossas atividades“.

Passo Doze

Não existe “fracasso” do Décimo-Segundo Passo. Mesmo se a pessoa que


abordamos não ficar limpa, já atingimos dois objetivos: plantamos a semente da
recuperação na mente do adicto com quem partilhamos nossa experiência, força e
esperança; e nós mesmos nos mantivemos limpos por mais um dia. Raramente um
adicto em recuperação sai de um Décimo-Segundo Passo com algo a menos do que
uma profunda dose de gratidão.
Às vezes, estamos praticando o Décimo-Segundo Passo sem perceber. Quando
nossos colegas de trabalho ou conhecidos conhecem nossa história e vêem o tipo de
pessoa que somos hoje, saberão por quem procurar quando tiverem um amigo ou
pessoa amada precisando de nossa ajuda. Muitas vezes, somos a melhor atração que
NA tem para oferecer.
Para muitos adictos, o Décimo-Segundo Passo é o alicerce da recuperação. Nós
realmente acreditamos que “somente podemos manter o que temos quando
partilhamos”. O paradoxo do Décimo-Segundo Passo é evidente: quando damos,
recebemos.

Só por hoje: Eu vou lembrar de que sou um exemplo vivo do Décimo-Segundo Passo.
Quando tentar levar a mensagem para outro adicto, não poderei fracassar.
26 de julho Rendição incondicional

“A ajuda aos adictos só começa quando somos capazes


de admitir a completa derrota. Pode ser assustador, mas
é o alicerce sobre o qual construímos nossas vidas ”.

Texto Básico, p. 23

A maioria de nós tentou tudo o que podia imaginar e esgotou até as últimas forças
para preencher o vazio espiritual dentro de nós. Nada – drogas, controle e
administração, sexo, dinheiro, propriedade, poder ou prestígio – nada preenchia o
vazio. Somos impotentes; nossas vidas, pelo menos por nossos próprios esforços, são
incontroláveis. Nossa negação não vai modificar este fato.
Então nos rendemos. Pedimos a um Poder Superior que cuide de nossas vontades e
nossas vidas. Às vezes, ao nos render, não sabemos que um Poder maior do que nós
existe e pode nos devolver a plenitude. À vezes, não temos certeza se o Deus de nossa
compreensão irá cuidar de nossas vidas incontroláveis. Nossa falta de certeza,
entretanto, não afeta a verdade essencial: somos impotentes. Somente assim, podemos
nos abrir o bastante para que nossas velhas idéias e os destroços do passado possam
ser amplamente removidos e um Poder Superior posso entrar.

Só por hoje: Eu vou me render incondicionalmente. Posso escolher fazê-lo tão fácil
ou tão difícil quanto quiser. De qualquer forma, vou me render.
Nós nos recuperamos 27 de julho

“Depois de chegarmos a NA, nós nos encontramos entre um grupo muito


especial de pessoas que haviam sofrido como nós e encontrado recuperação.
Encontramos esperança através das experiências compartilhadas livremente.
Se o programa funcionava para elas, funcionaria para nós“.

Texto Básico, p. 11

Um recém-chegado entra em sua primeira reunião tremendo e confuso. As


pessoas estão agitadas. O lanche e a literatura estão sendo preparados. A reunião
começa depois que todos escolheram suas cadeiras e se ajeitaram nelas. Depois de
lançar um olhar confuso para a estranha aglomeração de pessoas na sala, o recém-
chegado pergunta: “Por que é que eu confiaria minha vida a este grupo? No final das
contas, é só um bando de adictos como eu”.
Mesmo que possa ser verdade que muitos dos membros não tinham muita coisa
para nos passar quando chegamos aqui, o recém-chegado logo aprende que o que conta
é a maneira como vivemos hoje. Nossas reuniões estão cheias de adictos cujas vidas se
modificaram completamente. Contradizendo todas as probabilidades, estamos nos
recuperando. O recém-chegado pode se identificar com nosso passado e extrair
esperança de nosso presente. Hoje, todos nós temos a oportunidade de nos recuperar.
Sim, podemos confiar com segurança nossas vidas a um Poder Superior e a
Narcóticos Anônimos. Enquanto estivermos praticando o programa, o resultado é
certo: a libertação da adicção ativa e uma melhor maneira de viver.

Só por hoje: A recuperação que encontrei em Narcóticos Anônimos é uma coisa certa.
Sei que vou crescer se basear minha vida nela.
28 de julho Segredo e intimidade

“Temíamos que, se alguma vez revelássemos como


éramos de fato, certamente seríamos rejeitados ”.

Texto Básico, p. 34

Ter relacionamentos sem barreiras, em que podemos ser totalmente abertos sobre
nossos sentimentos, é algo que muitos de nós desejam. Ao mesmo tempo, a
possibilidade de uma intimidade assim nos causa mais medo do que qualquer outra
situação na vida.
Se examinarmos o que nos amedronta, geralmente descobrimos que estamos
tentando esconder algum aspecto de nossas personalidades do qual nos
envergonhamos, um aspecto que, às vezes, ainda não admitimos nem a nós mesmos.
Não queremos que os outros saibam de nossas inseguranças, de nossa dor ou de nossas
necessidades; então, simplesmente nos recusamos a mostrá-las. Podemos achar que, se
ninguém souber a respeito de nossas imperfeições, elas deixam de existir.
Este é o ponto até onde vão nossos relacionamentos. Qualquer um que entrar em
nossa vida não ultrapassará o ponto onde começam nossos segredos. Para manter a
intimidade em um relacionamento, é essencial que tomemos conhecimento de nossos
defeitos e que os aceitemos. Quando fazemos isto, a fortaleza da negação, erguida para
manter estas coisas escondidas, desmoronará, nos permitindo construir
relacionamentos com outras pessoas.

Só por hoje: Eu tenho oportunidades de partilhar meu eu interior. Vou aproveitar estas
oportunidades e me aproximar daqueles que amos.
Expectativas 29 de julho

“Quando percebemos a nossa necessidade de sermos


perdoados, temos a tendência a perdoar mais“.

Texto Básico, p. 43

Nosso relacionamento com relação a outras pessoas é o espelho de nosso


comportamento com relação a nós mesmos. Quando exigimos perfeição de nós
mesmos, acabamos também exigindo perfeição daqueles à nossa volta. Ao nos esforça
para consertar e melhorar nossas vidas através da recuperação podemos ter a
expectativa de que os outros irão trabalhar tão intensamente e se recuperarão no
mesmo ritmo que nós. E, da mesma maneira com que freqüentemente somos
intransigentes para com nossos próprios erros, podemos excluir amigos ou membros
da família quando eles não preenchem nossas expectativas.
Trabalhar os passos nos ajuda a compreender nossas próprias limitações e nossa
humanidade. Passamos a ver nossas falhas como seres humanos. Percebemos que
nunca seremos perfeitos e que haverá momentos em que desapontaremos a nós
mesmos e a outros. Temos a esperança do perdão.
Ao aprender como nos aceitar gentilmente podemos começar a olhar para os
outros com a mesma atitude de aceitação e tolerância. Estas pessoas também são
apenas humanas, tentando fazer o melhor de si e, às vezes, falhando.

Só por hoje: Eu vou tratar os outros com a tolerância e o perdão que busco para mim
mesmo.
30 de julho Inventário habitual

“Continuar fazendo o inventário pessoal significa que


criamos o hábito de olhar regularmente para nós
mesmos, nossas ações, atitudes e relacionamentos ”.

Texto Básico, p. 45

Fazer um inventário habitual é um elemento chave em nosso novo padrão de vida.
Em nossa adicção ativa, nós nos examinávamos o mínimo possível. Não estávamos
contentes com a maneira pela qual vivíamos nossas vidas, mas não sentíamos que
podíamos modificar nossa maneira de viver. Sentíamos que o auto-exame seria um
exercício doloroso e fútil.
Hoje, tudo isso está mudando. Impotentes perante nossa adicção encontramos um
Poder maior do que nós mesmos que nos ajudou a parar de usar. Onde antes nos
sentíamos perdidos na confusão da vida, encontramos direção na experiência de nossos
companheiros em recuperação e em nosso contato cada vez melhor com nosso Poder
Superior. Não precisamos nos sentir presos por nossos antigos padrões destrutivos.
Podemos escolher viver de forma diferente.
Ao estabelecer um padrão regular de fazer um inventário pessoal, nos damos à
oportunidade de modificar qualquer coisa em nossas vidas que não esteja funcionando.
Se tivermos começado a fazer alguma coisa que nos traz problemas, podemos começar
a mudar nosso comportamento antes que ele se torne algo fora de nosso controle. E se
estivermos fazendo coisas que evitem problemas, podemos anotar isto também e nos
encorajar a continuar fazendo aquilo que funciona.

Só por hoje: Eu vou me comprometer a incluir um inventário habitual em meu novo


padrão de vida.
Libertar-se da adicção ativa 31 de julho

“Narcóticos Anônimos promete apenas uma coisa: a libertação da


adicção ativa, a solução que nos escapou por tanto tempo“.

Texto Básico, p. 116


NA não promete nada além de nos libertar da adicção ativa. É verdade que
alguns de nossos membros atingem, em recuperação, um sucesso financeiro. Compram
casas bonitas, andam em carros novos, vestem roupas finas e formam famílias lindas.
Estes sinais externos de prosperidade, entretanto, não são a coisa mais comum entre
nossos membros. Muitos de nós nunca encontram sucesso financeiro. Isto não é,
necessariamente, um reflexo da qualidade de nossa recuperação.
Quando nos sentimos tentados a nos comparar a estes membros aparentemente
mais ricos, é bom lembrar por que viemos para as salas de Narcóticos Anônimos.
Viemos porque nossas vidas estavam desmoronando. Estávamos emocional, física e
espiritualmente derrotados. Nosso Texto Básico nos lembra que “em desespero,
buscamos ajuda entre nós em Narcóticos Anônimos”. Viemos porque estávamos
vencidos.
Para adictos, mesmo um só dia limpo é um milagre. Quando nos lembramos por
que viemos para Narcóticos Anônimos e em que condições chegamos, percebemos que
o bem-estar material fica ofuscado em comparação às riquezas espirituais que
ganhamos em recuperação.

Só por hoje: Eu recebi uma dádiva espiritual muito maior do que o bem-estar
material: minha recuperação. Vou agradecer ao Deus de minha compreensão por
libertar-me da adicção ativa.
AGOSTO
Libertação da culpa 1 de agosto

“Nossa adicção nos escravizara. Éramos prisioneiro da nossa


própria mente e condenados pela nossa própria culpa“.

Texto Básico, p. 8

A culpa é um dos obstáculos mais comuns que encontramos em nossa


recuperação. Uma das formas de culpa mais evidentes é a auto-aversão que surge
quando tentamos nos perdoar, mas não nos sentimos perdoados.
Como podemos nos perdoar de forma a sentir o perdão? Primeiro nos
lembramos que culpa e erro não são elos de uma corrente inquebrável. Partilhar
honestamente com um padrinho, ou madrinha, e com outros adictos, nos mostra como
isso é verdadeiro. Muitas vezes, quando partilhamos, o resultado é uma consciência
maior de nossa participação em nossas questões. Às vezes, percebemos que nossas
expectativas estavam muito altas. Aumentamos nossa disposição de participar das
soluções em vez de empacar nos problemas.
Em algum lugar ao longo do caminho, encontramos quem realmente somos.
Geralmente, descobrimos que não somos aqueles seres totalmente perfeitos, nem
totalmente imperfeitos, que tínhamos imaginado ser. Não precisamos corresponder a
nossas ilusões, sejam elas de grandeza ou de inferioridade; precisamos somente viver
na realidade.

Só por hoje: Eu estou grato por minhas qualidades e aceito minhas imperfeições.
Através da boa vontade e da humildade, sou libertado para poder progredir em minha
recuperação e encontrar a libertação da culpa.
2 de agosto Praticando a honestidade

“Quando nos sentimos amarrados ou pressionados, precisamos


de grande força emocional e espiritual para sermos honestos”.

Texto Básico, p. 92

Muitos de nós tentamos esquivar-nos de uma dificuldade sendo desonestos,


somente para depois termos que nos tornar humildes e dizer a verdade. Alguns de nós
modificamos nossas histórias só por modificar, quando poderíamos com a mesma
facilidade, contar a verdade. Toda vez que tentamos evitar ser honestos, isto se volta
contra nós. A honestidade pode ser desagradável, mas os problemas que temos que
encarar quando somos desonestos são, geralmente, muito piores do que o desconforto
de dizer a verdade.
A honestidade é um dos princípios fundamentais da recuperação. Aplicando este
princípio desde o início de nossa recuperação, quando finalmente admitimos nossa
impotência e descontrole. Continuamos a aplicar o princípio da honestidade cada vez
que nos deparamos com a opção entre viver na fantasia ou viver a vida como ela é.
Aprender a ser honesto não é sempre fácil, especialmente depois do disfarce e fraude
que tantos praticam em sua adicção. Nossas vozes podem tremer ao testarmos nossa
recém-encontrada honestidade. Mas, em pouco tempo, o som da verdade vindo de
nossas próprias bocas acalma qualquer dúvida: a honestidade nos faz sentir bem! É
mais fácil viver a verdade do viver a mentira.

Só por hoje: Eu vou abraçar a vida honestamente, com todas as suas pressões e
exigências. Vou praticar a honestidade, mesmo quando for embaraçoso. A honestidade
vai ajudar, e não prejudicar, meus esforços de viver limpo e de me recuperar.
Confiando nas pessoas 3 de agosto

“Muitos de nós não teriam tido para onde ir se não


tivessem confiado nos grupos e membros de NA“.

Texto Básico, p. 92

Confiar nas pessoas é um risco. Seres humanos são notadamente esquecidos,


pouco dignos de confianças e imperfeitos. Muitos de nós viemos de passados onde a
traição e a insensibilidade entre amigos era ocorrências comuns. Mesmo os nossos
amigos mais confiáveis não eram muito confiáveis. Quando chegamos às salas de NA
muitos de nós tinham centenas de experiências que sustentavam a nossa convicção de
que as pessoas não são dignas de confiança. Mas a nossa recuperação requer que
confiemos nas pessoas. Encaramos o seguinte dilema: as pessoas não são sempre
dignas de confiança, mas precisamos confiar nelas. Como podemos fazer isto, dadas as
evidências de nossos passados?
Em primeiro lugar, nos lembramos que as regras da adicção ativa não se
aplicam à recuperação. Muitos de nossos companheiros estão dando o melhor de si
para viver de acordo com os princípios que aprendemos no programas. Em segundo,
nos lembramos de que nós também não somos 100% confiáveis. Certamente iremos
desapontar alguém em nossas vidas, não importa o quanto tentemos não fazê-lo. Em
terceiro, o mais importante, percebemos que precisamos confiar nos nossos
companheiros de NA. As nossas vidas estão em jogo e a única maneira de nos manter
limpos é confiar neste pessoal bem intencionado que, admitimos, não é perfeito.

Só por hoje: Eu vou confiar em meus companheiros. Mesmo não sendo perfeitos, eles
são minha melhor esperança.
4 de agosto Quando um segredo não é um segredo?

“Os adictos tendem a levar vidas secretas(...) É um alívio nos livrarmos


de todos os segredos e partilharmos a carga do nosso passado”.

Texto Básico, p. 35

Ouvimos dizer que “a nossa doença é do tamanho dos nossos segredos”. O que
mantemos em segredo, e por que?
Mantemos em segredo aquelas coisas que nos causam vergonha. Podemos nos
agarrar a tais coisas porque não queremos abrir mão delas. Mas, se nos causam
vergonha, será que não viveríamos com mais tranqüilidade se nos livrássemos delas?
Alguns de nós se agarram às coisas que nos causam vergonha por outra razão. Não
é que não queremos nos livrar delas; simplesmente não acreditamos que podemos nos
livrar delas. Elas nos atormentam por tanto tempo, e tentamos tantas vezes nos livrar
delas, que perdemos a esperança de alívio. Mas continuam a nos envergonhar e
continuamos a mantê-las em segredo.
Precisamos nos lembrar quem somos: adictos em recuperação. Nós, que por tanto
tempo tentamos manter o nosso uso de drogas em segredo, libertamo-nos da obsessão
e da compulsão de usar. Apesar de muitos de nós gostarem do uso até o final, de
qualquer maneira buscamos recuperação. Simplesmente não podíamos agüentar o
tributo que o nosso uso estava nos cobrando. Quando admitimos nossa impotência, e
procuramos ajuda de outros, o peso de nosso segredo foi retirado de nós.
O mesmo princípio se aplica a quaisquer outros segredos que possam estar
pesando sobre nós. Sim, a nossa doença é do tamanho de nossos segredos. É somente
quando nossos segredos deixam de ser segredos que podemos começar a encontrar
alívio daquelas coisas que nos causam vergonha.

Só por hoje: Meus segredos podem em adoecer se permanecerem como segredos.


Hoje, eu vou conversar com meu padrinho, ou minha madrinha, sobre os meus
segredos.
A forma de nossos pensamentos 5 de agosto

“Moldando nossos pensamentos com ideais espirituais,


somos libertados para sermos quem nós queremos ser “.

Texto Básico, p. 115


A adicção moldou os nossos pensamentos de sua própria forma. Qualquer


forma que os pensamentos já tenham tido, eles se tornaram disformes quando a nossa
doença tomou completamente as rédeas de nossas vidas.
Cada um dos ideais espirituais de nosso programa serve para endireitar algumas
das distorções em nossa maneira de pensar que se formaram durante a adicção ativa. A
negação é contrabalançada com a admissão, os segredos pela honestidade, o
isolamento pelo companheirismo e o desespero pela fé em um Poder Superior
amoroso. Os ideais espirituais que encontramos em recuperação, estão devolvendo à
sua condição natural a forma de nossos pensamentos e a nossa vida.
E qual é esta “condição natural”? É a condição que realmente buscamos para
nós, uma imagem de nossos sonhos mais elevados. E como sabemos disto? Por nossos
pensamentos estarem sendo reformulados em nossa recuperação, pelos ideais
espirituais que encontramos em nosso crescente relacionamento com o Deus que
viemos a compreender em NA.
A adicção não molda mais os nossos pensamentos. Hoje, as nossas vidas estão
sendo formuladas pela nossa recuperação e por nosso Poder Superior.

Só por hoje: Eu vou permitir que os ideais espirituais orientem os meus pensamentos.
Nessa orientação, eu encontrarei a forma de meu próprio Poder Superior.
6 de agosto Alegria interior

“Desde o começo da nossa recuperação, descobrimos que a


alegria não vem das coisas materiais, vem de dentro de nós”.

Texto Básico, p. 117

Alguns de nós viemos a Narcóticos Anônimos empobrecidos por nossa doença.


Tudo o que tínhamos foi perdido para a nossa adicção. Ao ficarmos limpos, colocamos
toda a nossa energia no esforço de recuperar nossas posses materiais, somente para nos
sentirmos ainda mais insatisfeitos com as nossas vidas do que antes.
Outros membros buscaram alívio para sua dor emocional em coisas materiais.
Uma pessoa que paquerávamos nos rejeitou? Vamos comprar alguma coisa. O
cachorro morreu? Vamos ao shopping center. O problema é que a plenitude emocional
não pode ser comprada, nem mesmo a prestações.
Não há nada de errado com as coisas materiais em si. Elas podem tornar a vida
mais conveniente e mais luxuosa, mas elas não podem nos consertar. Aonde, então a
verdadeira alegria pode ser encontrada? Sabemos: a resposta está dentro de nós.
Quando é que já encontramos alegria? Quando nos colocamos a serviço de outros,
sem expectativas de recompensa. Encontramos um calor humano verdadeiro no
companheirismo de outros, não apenas em NA, mas em nossas famílias, em nossos
relacionamentos e em nossas comunidades.
E encontramos a fonte mais certa de satisfação em nosso contato consciente com Deus.
Paz interior, um sentido de orientação confiança e segurança emocional que não vêm
de coisas materiais. Vêm de dentro.

Só por hoje: A verdadeira alegria não pode ser comprada. Eu vou buscar minha
alegria no serviço, no companheirismo e em meu Poder Superior. Vou buscá-la dentro
de mim.
Uma lista de gratidão 7 de agosto

“Focalizamos qualquer coisa que não está indo da nossa


maneira e ignoramos toda a beleza em nossas vidas “.

Texto Básico, p. 88

É fácil sentir gratidão quando tudo está correndo bem. Se recebemos um


aumento em nosso emprego, sentimos gratidão, sentimos gratidão. Se nos casamos,
sentimos gratidão. Se alguém nos surpreende com um presente bonito ou com um
favor pelo qual não pedimos, somos gratos. Mas se somos despedidos, se nos
divorciamos ou se nos desapontamos, a gratidão voa pela janela. Nos descobrimos
obcecados pelas coisas que estão dando errado, mesmo se todo o resto estiver
maravilhoso.
É aqui que podemos utilizar uma lista de gratidão. Nós nos sentamos e, com
papel e caneta, fazemos uma lista das pessoas pelas quais somos gratos. Tosos nós
temos pessoas que nos apoiaram nos transtornos da vida. Fazemos uma lista das
qualidades espirituais que alcançamos, porque sabemos que não poderíamos ter
conseguido atravessar as circunstâncias atuais sem elas. Finalmente, mas não menos
importante, colocamos na lista nossa própria recuperação. Colocamos na lista tudo que
inspira nossa gratidão.
Certamente, podemos encontrar centenas de coisas que inspiram nossa gratidão.
Mesmo aqueles de nós que estão sofrendo de alguma doença, ou que perderam todo o
bem-estar material, encontrarão dádivas de natureza espiritual pelas quais podem ser
gratos. Um despertar espiritual é a dádiva mais valiosa que um adicto pode receber.

Só por hoje: Eu vou escrever uma lista de coisas, tanto materiais quanto espirituais,
pelas quais sinto gratidão.
8 de agosto Recuperação responsável

“(...) Hoje, aceitamos a responsabilidade pelos nossos problemas,


e vemos que somos igualmente responsáveis pelas nossas soluções”.

Texto Básico, p. 105

Alguns de nós, bastante acostumados a deixar nossas responsabilidades nas mãos


de outros, podemos tentar manter o mesmo comportamento em recuperação.
Rapidamente descobrimos que não funciona.
Por exemplo, se estamos considerando fazer uma mudança em nossas vidas,.
Ligamos para o nosso padrinho, ou madrinha, e perguntamos o que deveríamos fazer.
Sob o pretexto de buscar orientação, estamos, na verdade, pedindo ao nosso
padrinho/madrinha, que assuma a responsabilidade de tomar as decisões sobre nossas
vidas. Ou, talvez, tenhamos sido grosseiros com alguém numa reunião, e então,
pedimos ao melhor amigo daquela pessoa que se desculpe por nós. Talvez tenhamos
exigido de um amigo, várias vezes no último mês, que cobrisse um compromisso
nosso de serviço. Será que pedimos a um amigo que analisasse o nosso
comportamento e identificasse as nossas imperfeições, em vez de fazermos o nosso
próprio inventário pessoal?
A recuperação é algo que só conseguimos com trabalho. Não vai ser oferecida
para nós uma bandeja de prata, e nem podemos esperar que nossos amigos ou o nosso
padrinho/madrinha, sejam responsáveis pelo trabalho que precisamos fazer. Nos
recuperamos tomando as nossas próprias decisões, fazendo o nosso serviço e
praticando os passos. Ao fazermos, nós mesmos estas coisas, recebemos as
recompensas.

Só por hoje: Eu aceito a responsabilidade por minha vida e por minha recuperação.
O poder do amor 9 de agosto

“Começamos a ver que o amor de Deus esteve sempre


presente, apenas esperando que nós o aceitássemos“.

Texto Básico, p. 51

O amor de Deus é o poder transformador que impulsiona a nossa recuperação.


Com este amor, encontramos a liberdade do ciclo sem esperança e desesperado do uso,
ódio de si mesmo e mais uso. Com este amor, nossas vidas, antes sem objetivo,
adquirem sentido e propósito. Com este amor, nos são dadas a direção interna e a força
que precisamos para iniciar a nossa nova maneira de viver: o caminho de NA. Com
este amor, começamos a ver as coisas de modo diferente, como se tivéssemos novos
olhos.
Ao examinar as nossas vidas com os olhos do amor, fazemos uma descoberta
que pode ser surpreendente: o Deus amoroso que viemos recentemente a compreender
sempre esteve conosco e sempre nos amou. Lembramos de momentos em que
havíamos pedido pela ajuda de um Poder Superior e que esta nos foi dada.
Lembramos, inclusive, de momentos em que não havíamos pedido tal ajuda, mas que
nos foi dada assim mesmo. Descobrimos que um Poder Superior amoroso tomou conta
de nós o tempo todo, preservando as nossas vidas até o dia em que podíamos aceitar
este amor por nós mesmos.
O Poder do amor sempre esteve conosco. Hoje, sentimos gratidão por ter
sobrevivido tempo suficiente para nos tornarmos conscientes da presença deste amor
em nosso mundo e em nossas vidas. Sua vitalidade inunda nosso ser, guiando nossa
recuperação e nos mostrando como viver.

Só por hoje: Eu aceito o amor de um Poder Superior em minha vida. Estou consciente
da orientação e da força deste Poder dentro de mim. Hoje, eu peço isto para mim.
10 de agosto Prece e meditação regulares

“A maioria de nós reza, quando está com dor. Aprendemos que, se rezarmos com
regularidade, não sentiremos dor com tanta freqüência ou tanta intensidade”.

Texto Básico, p. 49

Prece e meditação regulares são mais dois elementos-chave em nosso padrão de


vida. A nossa adicção ativa foi mais do que um mal esperando ser quebrado pela força
de vontade. A nossa adicção ativa era uma dependência negativa e exigente que nos
roubou toda a energia positiva. Esta dependência era tão completa que nos impedia de
desenvolver qualquer tipo de confiança num Poder Superior.
Desde o início de nossa recuperação, nosso Poder Superior tem sido a força que
nos trouxe liberdade. Primeiro, nos aliviou da nossa compulsão de continuar usando
drogas, mesmo quando sabíamos que elas estavam nos matando. Depois, nos libertou
dos aspectos mais arraigados de nossa doença. Nosso Poder Superior nos deu
orientação, força e coragem de nos inventariar; de admitir em voz alta para uma outra
pessoa, talvez pela primeira vez, como eram nossas vidas; de começar a buscar a
libertação dos defeitos de caráter crônicos que eram a base de nossos problemas; e
finalmente, de começar a fazer reparação dos erros que cometemos.
Este primeiro contato com um Poder Superior e esta primeira liberdade cresceram,
formando uma vida cheia de liberdade. Mantemos esta liberdade ao mantermos e
melhorarmos nosso contato consciente com o nosso Poder Superior através da prece e
meditação regulares.

Só por hoje: Eu vou me comprometer a incluir prece e meditação regulares em meu


novo padrão de vida.
Escutando atentamente 11 de agosto

“Escutando atentamente, ouvimos coisas que funcionam para nós“.

Texto Básico, p. 116


A maioria de nós chegou a Narcóticos Anônimos com uma habilidade de ouvir


muito pequena. Mas para poder receber plenamente as vantagens “do valor terapêutico
da ajuda de um adicto a outro”, precisamos escutar atentamente.
O que é, para nós, escutar atentamente? Nas reuniões, significa que nos
concentramos no que o orador está partilhando, no momento em que ele está
partilhando. Deixamos de lado nossos próprios pensamentos e opiniões até que a
reunião acabe. Só então, revisamos o que ouvimos para decidir que idéias queremos
utilizar e quais ainda queremos examinar melhor.
Também podemos aplicar as nossas habilidades de escutar atentamente no
apadrinhamento. Os recém-chegados freqüentemente nos contam algum
“acontecimento importante” em suas vidas. Embora esses acontecimentos possam não
parecer tão significativos para nós, eles o são para o recém-chegado que tem pouca
experiência em viver a vida como ela é. Escutar atentamente nos ajuda a sentir
afinidade com os sentimentos que aqueles acontecimentos representam na vida de
nosso afilhado(a). Com esta compreensão, temos uma idéia melhor a respeito do que
partilhar com eles.
No isolamento de nossa adicção ativa, a habilidade de escutar atentamente era
desconhecida por nós. Hoje, esta habilidade ajuda a nos engajar ativamente em nossa
recuperação. Escutando atentamente, recebemos tudo o que está sendo oferecido para
nós em NA e partilhamos com outros, plenamente, o amor e o carinho que nos foi
dado.

Só por hoje: Eu vou me esforçar para ser ouvinte atento. Vou praticar minhas
habilidades de escutar atentamente quando outros estiverem partilhando e quando eu
estiver partilhando com outros
12 de agosto Chega

“Alguma coisa grita lá dentro: ‘chega, chega, para mim já chega’,


e, então eles estão prontos para dar aquele primeiro e, muitas vezes,
mais difícil passo em direção ao tratamento de sua doença”.

Básic Text, p. 203*

Será que para nós já chega? Esta é a pergunta crucial que precisamos fazer a nós
mesmos ao nos preparar para trabalhar o Primeiro Passo em Narcóticos Anônimos.
Não importa se quando chegamos a NA as nossas famílias estavam intactas ou não, ou
se profissionalmente nossas vidas estavam funcionando ou se todas as aparências
externas fossem de plenitude. O que importa é que chegamos a um fundo de poço
emocional e espiritual que nos impede de voltarmos para a adicção ativa. Se
chegamos, estaremos prontos a percorrer qualquer distância para parar de usar.
Quando fazemos um inventário de nossa impotência, nos fazemos algumas
perguntas simples. Posso controlar, de alguma maneira, o meu uso de drogas? Que
incidentes aconteceram como resultado de meu uso de drogas e que eu não queria que
acontecesse? De que forma minha vida está incontrolável? Acredito, de coração, que
sou um adicto?
As respostas para estas perguntas nos trazem para as salas de Narcóticos
Anônimos, e, então, estamos prontos a seguir para o próximo passo em direção a uma
vida livre da adicção ativa. Se, para nós, realmente já chega, estaremos prontos para
percorrer qualquer distância para encontrar a recuperação.

Só por hoje: Eu admito que para mim já chega. Estou pronto para trabalhar o meu
Primeiro Passo.

*N.T. Está página refere-se ao Livro 2 do Texto Básico em Inglês.


Pessoas difíceis 13 de agosto

“Quando damos amor incondicional (...) nós nos


tornamos mais amorosos e, partilhando o crescimento
espiritual, nós nos tornamos mais espiritualizados“.

Texto Básico, p. 113


A maioria de nós tem uma ou duas pessoas em suas vidas que são
excepcionalmente difíceis. Como é que,em nossa recuperação, lidamos com uma
pessoa difícil?
Em primeiro lugar, fazemos o nosso próprio inventário. Erramos com esta
pessoa? Alguma atitude ou ação de nossa parte serviu como um convite para o tipo de
tratamento que estão nos dando? Se for o caso, vamos querer melhorar a situação,
admitir que erramos e pedir ao nosso Poder Superior que remova qualquer defeito que
possa impedir de ser úteis e construtivos.
Depois, como pessoas que buscam viver vidas orientadas espiritualmente,
lidamos com o problema do ponto de vista da outra pessoa. Ela pode estar encarando
um ou vários desafios que deixamos de considerar ou que nem sabemos a respeito.
Estes desafios podem estar tornando-a desagradável. Como freqüentemente é dito,
buscamos em recuperação “perdoar mais do que ser perdoado; compreender mais do
que ser compreendido”.
Finalmente, se estiver ao nosso alcance, buscamos maneiras de ajudar os outros
a superar seus desafios sem ferir sua dignidade. Oramos pelo seu bem-estar,
crescimento espiritual e pela habilidade de lhe oferecer o amor incondicional que tanto
significou para nós em nossa recuperação.
Não podemos modificar as pessoas difíceis em nossa vida, tampouco podemos
agradar a todos. Mas, podemos aplicar os princípios espirituais que aprendemos em
NA. Podemos aprender a amá-las

Só por hoje: Poder Superior ajude-me a servir a outras pessoas e não exigir que elas
me sirvam.
14 de agosto Abrindo mão de nossas limitações

“Não temos que nos acomodar às nossas limitações do passado.


Podemos examinar e reexaminar as nossas velhas idéias”.

Texto Básico, p. 12

A maioria de nós chega ao programa com uma enorme quantidade de limitações


impostas por nós mesmos, que nos impedem de realizar o nosso potencial plenamente,
limitações que inibem as nossas tentativas de encontrar os valores que estão bem no
âmago de nosso ser. Colocamos limitações em nossa habilidade de sermos verdadeiros
conosco, limitações para a nossa habilidade de funcionar em nosso trabalho, limitações
para os riscos que estamos prontos a correr – a lista parece interminável. Se os nossos
pais ou professores nos disseram que nós nunca iríamos dar certo, e se nós acreditamos
neles, é bastante provável que não tenhamos conseguido alguma coisa. Se a nossa
socialização nos ensinou que não deveríamos lutar por nossos próprios direitos, nós
não lutamos, mesmo se tudo dentro de nós gritava para o que o fizéssemos.
Em Narcóticos Anônimos, nos é dado um processo pelo qual podemos reconhecer
estas falsas limitações como elas soa na realidade. Através de nosso Quarto Passo,
descobriremos que não queremos manter todas as regras que nos foram ensinadas. Não
precisamos ser vítimas de nossas experiências passadas pelo resto de nossas vidas.
Estamos livres para descartar as idéias que inibem o nosso crescimento. Somos
capazes de aumentar as nossas fronteiras para incluir novas idéias e novas
experiências. Estamos livres para rir, chorar e, acima de tudo, desfrutar da nossa
recuperação.

Só por hoje: Eu vou abrir mão das limitações que eu mesmo me impus e vou abrir
minha mente para novas idéias.
Com o tempo 15 de agosto

“Descobrimos que não nos recuperamos física,


mental e espiritualmente da noite para o dia“.

Texto Básico, p. 30

Você já chegou a um aniversário de recuperação com o sentimento de que você


devia estar mais adiantado na sua recuperação?
Talvez você tenha escutado recém-chegados partilhando em reuniões, membros com
muito menos tempo limpo, e pensou: “Mas só agora eu estou começando a entender
alguma coisa sobre o que eles estão falando!”
É estranho termos que chegar à recuperação achando que iremos nos sentir bem
imediatamente e que não teremos mais nenhuma dificuldades ao lidar com as
reviravoltas da vida. Esperamos que os nossos problemas físicos vão se corrigir por si
próprios, que a nossa maneira de pensar vai se tornar racional e que uma vida
espiritual plenamente desenvolvida irá se manifestar da noite para o dia. Esquecemos
que passamos anos abusando de nossos corpos, entorpecendo nossas mentes e
suprimindo nossa consciência de um Poder Superior. Não podemos desfazer o estrago
em um só dia. Podemos, no entanto, aplicar o próximo passo, ir à próxima reunião,
ajudar o próximo recém-chegado. Melhoramos e nos recuperamos pouco a pouco, não
da noite para o dia, mas com o tempo.

Só por hoje: O meu corpo vai melhorar um pouco, minha mente vai clarear um pouco
mais e o meu relacionamento com meu Poder Superior vai se fortalecer.
16 de agosto Para cima ou para baixo

“Esta á nossa estrada para o crescimento espiritual.


Mudamos todos os dias (...). Este crescimento não é o
resultado de um desejo, é resultado de ação e oração”.

Texto Básico, p. 39

A nossa condição espiritual nunca é estática; se não está crescendo, está decaindo.
Se focarmos parados, o nosso progresso espiritual perderá seu impulso para cima.
Gradualmente, a velocidade de nosso crescimento irá diminuir, depois parar e então,
irá se reverter. A nossa tolerância ficará pequena, nossa boa vontade de servir a outros
desaparecerá e as nossas mente irão se estreitando até fechar. Em pouco tempo,
estaremos de volta ao ponto onde começamos: em conflito com tudo e com todos ao
nosso redor, não agüentando nem a nós mesmos.
A nossa única opção é a de participar ativamente de nosso programa de
crescimento espiritual. Oramos, buscando uma sabedoria maior do que a nossa, vinda
de um Poder maior do que nós mesmos. Abrimos as nossas mentes e as mantemos
abertas, nos tornando capazes de aprender e aproveitar o que os outros tenham para
partilhar conosco. Demonstramos a nossa boa vontade para tentar praticar novas idéias
e novas maneiras de fazer as coisas, experimentando a vida de modo totalmente novo.
O nosso progresso espiritual ganha velocidade e impulso, guiados por um Poder
Superior que estamos compreendendo melhor a cada dia.
No que diz respeito ao crescimento espiritual, é para cima ou para baixo que
variamos, sem meio termo. Descobrimos que o combustível da recuperação não são as
vontades e os sonhos, mas a oração e a ação.

Só por hoje: A única coisa constante em minha condição espiritual é a mudança. Não
posso me garantir no meu programa de ontem. Hoje, buscarei um novo crescimento
espiritual através da oração e da ação.
Diga a verdade 17 de agosto

“Um sintoma de nossa doença é a alienação, e a


partilha honesta nos libertará para a recuperação“.

Texto Básico, p. 90

A verdade nos conecta com a vida, enquanto o medo, o isolamento e a


desonestidade nos alienam. Como adictos na ativa, escondíamos da maior parte do
mundo o máximo que podíamos da verdade sobre nós mesmos. O nosso medo nos
impedia de nos abrir para aqueles à nossa volta, nos dando proteção contra o que
poderiam fazer se aparentássemos vulnerabilidade. Mas o nosso medo também nos
impedia de nos conectar com o nosso mundo. Vivíamos como alienígenas em nosso
próprio planeta, sempre bonzinhos e ficando, a cada minuto, mais solitário.
Os Doze Passos e o companheirismo de adictos em recuperação proporcionam,
para pessoas como nós, um espaço onde podemos nos sentir seguros para dizer a
verdade sobre nós mesmos. Podemos admitir honestamente nossa frustrante e humilde
impotência perante a adicção porque encontramos muitos outros que já passaram pela
situação – estamos a salvo junto com eles. E continuamos a contar mais verdade sobre
nós à medida que continuamos a trabalhar os passos. Quanto mais fazemos, mais nos
sentimos verdadeiramente conectados com o mundo à nossa volta.
Hoje, não precisamos nos esconder da realidade de nossos relacionamentos com
as pessoas, lugares e coisas em nossas vidas. Aceitamos estes relacionamentos do jeito
que são, sabendo que temos a nossa parte neles. Todos os dias dedicamos um tempo
para nos perguntar: “Tenho dito a verdade sobre mim mesmo?” Cada vez que fazemos
isto, nos afastamos mais da alienação que caracteriza a nossa adicção e nos
aproximamos da liberdade que a recuperação pode nos trazer.

Só por hoje: A verdade é a minha conexão com a realidade. Hoje, vou dedicar um
tempo para me perguntar: “Estou dizendo a verdade sobre mim mesmo?”
18 de agosto “Por quanto tempo devo continuar?”

“(...) a maneira de continuar a ser membros produtivos e responsáveis


da sociedade é colocarmos a nossa recuperação em primeiro lugar”.

Texto Básico, p. 116

As reuniões têm sido ótimas! A cada noite que vamos para a reunião, nos
encontramos com outros adictos para partilhar experiência, força e esperança. E a cada
dia, utilizamos o que aprendemos nas reuniões para continuar nossa recuperação.
No meio tempo, a vida continua. Trabalho, família, amigos, escola, esportes,
diversão, atividades comunitárias, obrigações civis – tudo requer nosso tempo. As
exigências da vida diária às vezes nos fazem perguntar: “Por quanto tempo será que eu
terei que continuar inda a essas reuniões?”
Vamos pensar sobre isso. Antes de chegar a Narcóticos Anônimos, conseguíamos
ficar limpos sozinhos? O que nos faz pensar que conseguiríamos agora? Depois, temos
que considerar a doença em si – o egocentrismo crônico, a obsessão e os padrões de
comportamento compulsivos que se expressam em tantas áreas de nossas vidas.
Podemos viver e apreciar a vida sem um tratamento efetivo para nossa doença? Não.
Pessoas “normais” não precisam se preocupar com coisas deste tipo, mas nós não
somos pessoas “normais”. Somos adictos. Não podemos fingir que não temos uma
doença fatal e progressiva, porque nós temos. Sem nosso programa, podemos não
sobreviver para nos preocuparmos com o trabalho, a escola, a família ou qualquer
outra coisa. As reuniões de NA nos dão o apoio e o direcionamento que precisamos
para nos recuperar de nossa adicção, permitindo-nos viver a vida o mais plenamente
possível.

Só por hoje: Eu quero viver e apreciar a vida. Para fazer isto, colocarei minha
recuperação em primeiro lugar.
Primeiro as primeiras coisas 19 de agosto

“Esforçamo-nos nos nossos problemas mais óbvios e abrimos mão do resto.


Fazemos o que está ao nosso alcance e, à medida que progredimos,
apresentam-se novas oportunidades de melhorar“.

Texto Básico, p. 60

Dizem que a recuperação é simples – só precisamos mudar tudo! Esta parece


ser uma ordem um pouco exagerada, especialmente quando chegamos em Narcóticos
Anônimos pela primeira vez. Afinal de contas, poucos chegaram para a sua primeira
reunião porque suas vidas estavam muito bem. Ao contrário, a maioria de nós chegou
a NA no meio de uma das piores crises de sua vida. Precisávamos de recuperação, e
rápido!
A grandiosidade da mudança necessária em nossas vidas pode ser paralisante.
Sabemos que não podemos cuidar de todas as coisas que precisam ser feitas, não de
uma só vez. Como começar? Provavelmente já começamos. Fizemos as primeiras
coisas, as mais óbvias, que precisava se feitas: paramos de usar drogas e começamos a
ir às reuniões.
E o que fazemos depois disto? Mais ou menos a mesma coisa, só que um pouco
mais: de onde estamos, fazemos o que podemos. Nos movemos no caminho da
recuperação levantando um pé e dando o passo que está bem à nossa frente. E só
quando isto tiver sido concluído, é que nos preocupamos com o que vem em seguida.
Devagar, mas com segurança, nos percebemos progredindo ao longo do caminho, a
cada dia, visivelmente nos aproximando do tipo de pessoa que gostaríamos de ser.

Só por hoje: Eu vou andar pelo caminho de minha recuperação praticando o passo que
está à minha frente.
20 de agosto Encarando a morte

“Muitas vezes, temos que encarar algum tipo de crise na


nossa recuperação, como a morte de um ente querido”.

Texto Básico, p. 111

Toda vida tem um início e um fim. Entretanto, quando alguém que amávamos
muito chega ao final de sua vida, podemos ter dificuldades em aceitar a sua ausência
repentina e definitiva. Nossa mágoa pode ser tão poderosa que temos medo que ela
possa nos engolir por inteiros, mas isso não vai acontecer. Nossa tristeza pode doer
mais do que qualquer coisa que possamos nos lembrar, mas vai passar.
Não precisamos fugir das emoções que podem surgir com a morte de um ente
querido. Morte e tristeza são partes do todo que é viver “a vida como ela é”. Ao nos
permitir a liberdade de experimentar estes sentimentos, vivenciamos mais
profundamente nossa recuperação e nossa natureza humana.
Às vezes, a realidade da morte de uma outra pessoa faz a nossa própria
mortalidade ficar muito mais aparente. Reavaliamos as nossas prioridades e
apreciamos ainda mais as pessoas que amamos e que continuam conosco. Nossa vida,
e nossa vida com elas, não continuarão para sempre. Queremos fazer o máximo do que
é mais importante enquanto ela durar.
Podemos descobrir que a morte de alguém que amamos nos ajuda a fortalecer o
nosso contato consciente com o nosso Poder Superior. Se nos lembrarmos que
podemos sempre retornar a esta fonte de força quando estivermos em dificuldades,
poderemos nos manter focados nela, não importando o que possa estar acontecendo à
nossa volta.

Só por hoje: Eu vou aceitar a perda de alguém que amo e me voltar para o meu Poder
Superior para obter a força e poder aceitar meus sentimentos. Vou dar o máximo de
meu amor para aqueles em minha vida hoje.
Amizades 21 de agosto

“Nossas amizades tornam-se profundas e sentimos o calor e o


carinho de adictos partilhando a recuperação e uma nova vida“.

IP Nº 19, “Auto-aceitação”

A maioria de nós veio a Narcóticos Anônimos tendo poucos amigos


verdadeiros. E a maioria de nós chega sem a menor compreensão do que é necessário
para se construir amizades duradouras. Ao longo do tempo, entretanto, aprendemos
que amizade requer trabalho. Mais cedo ou mais tarde, todas as amizades apresentam
desafios. Como qualquer outro relacionamento, a amizade é um processo de
aprendizado.
Nossos amigos nos amam o bastante para nos dizer a verdade a respeito de nós
mesmos. Como diz o velho ditado: “A verdade te libertará, mas primeiro, vai te deixar
furioso”, e isso parece especialmente verdadeiro no que diz respeito à amizade. É o
que pode tornar as amizades complicadas. Podemos nos perceber evitando certos
encontros em vez de encarar nossos amigos. Descobrimos, entretanto, que os amigos
nos dizem o que dizem porque se importam conosco. Querem o melhor para nós.
Nossos amigos nos aceitam apesar das nossas imperfeições. Eles compreendem que
ainda estamos em um processo de crescimento.
Podemos contar com os amigos naquelas horas em que não podemos contar
com nós mesmos. Os amigos nos ajudam a ter uma perspectiva valiosa sobre os
acontecimentos de nossas vidas e de nossa recuperação. É importante cultivarmos
ativamente as amizades, pois aprendemos que não podemos nos recuperar sozinhos.

Só por hoje: Eu vou sentir gratidão pelos amigos que tenho. Vou ter uma participação
ativa em minhas amizades.
22 de agosto Contribuição

“Reconhecemos o nosso crescimento espiritual quando


somos capazes de estender a mão e ajudar os outros”.

Texto Básico, p. 63

Fazer uma diferença no mundo, contribuir com algo especial, talvez seja a mais
alta aspiração do coração humano. Cada um de nós, não importando como somos, tem
uma qualidade única para oferecer.
Pode ser que em algum momento de nossa recuperação, tenhamos encontrado
alguém que nos tocou quando ninguém mais podia. Se foi alguém que nos fez rir em
nossa primeira reunião, ou um padrinho/madrinha caloroso e cheio de compaixão, ou
um amigo compreensivo que nos apoiou durante uma tempestade emocional, e esta
pessoa fez toda a diferença do mundo.
Todos nós tivemos a dádiva da recuperação partilhada conosco por outro adicto
em recuperação. Por isto, somos gratos. Expressamos nossa gratidão partilhando
livremente com outros o que nos foi dado. A mensagem individual que levamos pode
ajudar um recém-chegado que somente nós podemos tocar.
Existem muitas maneiras de servir a nossa irmandade. Cada um de nós descobrirá
que faz certas coisas melhor do que outros, mas todo serviço é igualmente importante.
Se temos o desejo de servir, com certeza vamos encontrar aquela maneira especial de
contribuir que é adequada a nós.

Só por hoje: Minha contribuição faz diferença. Hoje, vou oferecer minha ajuda.
Tomando decisões 23 de agosto

“Antes de ficarmos limpos, a maior parte de nossas ações eram guiadas


por impulsos. Hoje, não estamos presos a este tipo de pensamento“.

Texto Básico, p. 98

A vida é feita de uma série de decisões, ações e conseqüências. Quando


estávamos usando, nossas decisões eram, geralmente, guiadas por nossa doença,
resultando em ações autodestrutivas e conseqüências terríveis. Acabamos encarando as
tomadas de decisão como um jogo de manipulação, que deveríamos jogar o mínimo
possível.
Sendo assim, muitos de nós temos grande dificuldade em aprender a tomar
decisões em recuperação. Aos poucos, trabalhando os Doze Passos, adquirimos
experiência em tomar decisões saudáveis, que levam a resultados positivos. Pedimos
ao Poder Superior que cuide de nós onde a doença um dia afetou nossa vontade e
nossas vidas. Inventariamos os nossos valores e as nossas ações, checamos as nossas
descobertas com alguém que confiamos e pedimos ao Deus de nossa compreensão
para que remova os nossos defeitos. Ao trabalharmos os passos, nos libertamos da
influência de nossa doença e aprendemos princípios de tomada de decisão que podem
nos guiar em todas as nossas atividades.
Hoje, nossas decisões e suas conseqüências não precisam ser influenciadas por
nossa doença. A nossa fé dá a coragem e a orientação para tomarmos boas decisões e a
força para realizá-las. O resultado deste tipo de tomada de decisão é uma vida que vale
a pena viver.

Só por hoje: Eu vou utilizar os princípios dos Doze Passos para tomar decisões
saudáveis. Vou pedir ao meu Poder Superior a força para agir em direção a estas
decisões.
24 de agosto Buscando a vontade de Deus

“Aprendemos a ser cuidadosos ao rezar por coisas específicas”.

Texto Básico, p. 49

Em nossa adicção ativa, geralmente não rezávamos pelo conhecimento da vontade


de Deus para nós e pelo poder de realizar esta vontade. Ao contrário, a maioria de
nossas orações era para que Deus nos tirasse da confusão que tínhamos criado para nós
mesmos. Esperávamos milagres assim que o exigíssemos.
Este tipo de pensamento e oração se modifica quando começamos a praticar o
Décimo Primeiro Passo. A única maneira de sair dos problemas que criamos para nós
mesmos é através da rendição a um Poder maior do que nós mesmos.
Em recuperação, aprendemos aceitação. Buscamos em nossas orações e
meditações, o conhecimento de como devemos encarar as circunstâncias que aparecem
em nosso caminho. Paramos de lutar, abrimos mão de nossas próprias idéias sobre
como as coisas deveriam ser, pedimos por sabedoria e ouvimos as respostas. As
respostas geralmente não chegam com um lampejo de luz e um rufar de tambor.
Geralmente, as respostas virão apenas com uma serena sensação de confiança de que
nossas vidas estão fluindo e que um Poder maior que nós mesmos está guiando nossos
caminhos.
Temos uma escolha. Podemos passar todo o nosso tempo lutando para que as
coisas saiam do jeito que queremos, ou podemos nos render à vontade de Deus. A paz
pode ser encontrada quando aceitamos o fluxo e refluxo da vida.

Só por hoje: Eu vou abrir mão de minhas expectativas, buscar a orientação de meu
Poder Superior e aceitar a vida.
Nono Passo – retomando a vida 25 de agosto

“Estamos nos libertando dos destroços do nosso passado“.

Texto Básico, p. 45

Quando iniciamos o Nono Passo, chegamos a um estágio emocional em nossa


recuperação. O dano causado em nossas vidas foi o que, antes de tudo, levou muitos de
nós a buscar ajuda. Agora temos uma chance de limpas esses destroços, consertar o
nosso passado e retomar nossas vidas.
Gastamos um bom tempo e muito esforço na preparação para este passo.
Quando chegamos a NA, encarar os escombros de nosso passado era provavelmente a
última coisa que queríamos fazer. Começamos a fazer isso em particular, com um
inventário pessoal. Depois, abrimos o nosso passado para um grupo selecionado e
confiável: nós mesmos, nosso Poder Superior e uma outra pessoa. Demos uma olhada
em nossas imperfeições, a fonte de maior parte do caos em nossas vidas e pedimos
para que esses defeitos de caráter fossem removidos. Finalmente, fizemos uma lista de
reparações necessárias para acertar nossos erros – todos eles – e nos prontificamos a
realizá-las.
Agora, temos a oportunidade de fazer reparações – de alcançar a libertação dos
destroços de nosso passado. Tudo que fizemos até agora em NA nos conduziu até aqui.
Neste ponto do processo de nossa recuperação, o Nono Passo é exatamente o que
queremos fazer. Com os Doze Passos e a ajuda de um Poder Superior, estamos
limpando o entulho que por tanto tempo ficou no caminho de nosso progresso:
estamos alcançando a liberdade para viver.

Só por hoje: Eu vou tirar vantagem da oportunidade de retomar a minha vida. Vou
experimentar a libertação dos destroços de meu passado.
26 de agosto Inventário do Décimo Passo

“Continuamos fazendo o inventário pessoal e, quando


estávamos errados, nós o admitíamos prontamente”.

Passo Dez

Um Décimo Passo diário nos mantém em constante base espiritual. Embora cada
membro faça perguntas diferentes, descobriu-se que algumas perguntas são úteis para
quase todos. Duas perguntas-chave do Décimo Passo são: “Estou em honesto contato
comigo mesmo, com minhas ações e meus motivos? E rezei pela vontade de Deus para
mim e pelo poder de realizá-las?” Estas duas perguntas, respondidas honestamente,
nos tornarão mais atentos ao nosso dia.
Quando focalizamos os nossos relacionamentos, podemos perguntas: “Machuquei
alguém hoje, direta ou indiretamente? Preciso fazer reparações a alguém como
resultado de minhas ações, hoje?” Mantemos nosso inventário simples se nos
lembrarmos de nos perguntar: “Onde foi que eu errei? Como posso agir melhor da
próxima vez?”
Membros de NA muitas vezes descobrem que seus inventários incluem outras
perguntas importantes. “Fui bom para mim, hoje? Fiz algo para alguém sem esperar
nada em troca? Reafirmei minha fé em um Poder Superior amoroso?”
O Passo Dez é um passo de manutenção do Programa de NA. O Décimo Passo nos
ajuda a continuar a viver confortavelmente em recuperação.

Só por hoje: Eu vou me lembrar de rever meu dia. Se machuquei alguém, farei
reparações. Pensarei sobre como posso agir de maneira diferente.
Escolhendo a vida 27 de agosto

“Tornou-se necessário uma mudança nos padrões


de vida autodestrutivos“.

Texto Básico, p. 16

A adicção ativa é um desejo de morte latente. Cada um de nós corteja a morte


cada vez que usávamos. Os nossos estilos de vida também nos colocavam em risco. A
cada dia, e a cada dose, a vida de um adicto é vendida barata.
Em recuperação, o primeiro padrão que modificamos é o padrão de usar.
Manter-se limpo é início de uma jornada para a vida. Mas o nosso comportamento
autodestrutivo geralmente ia muito mais fundo do que só o uso em si. Mesmo me
recuperação, podemos ainda nos tratar como se não tivéssemos valor. Quando nos
tratamos mal, nos sentimos mal. E quando nos sentimos mal, buscamos alívio, talvez
até na nossa velha solução, as drogas.
Escolher a recuperação significa escolher a vida. Decidimos, a cada dia, que
queremos viver e ser livres. A cada dia que evitamos o comportamento autodestrutivo,
escolhemos a recuperação.

Só por hoje: Eu vou escolher a vida escolhendo a recuperação. Cuidarei de mim.


28 de agosto À luz da exposição

“Esses defeitos crescem no escuro e morrem à luz da exposição”.

Texto Básico, p. 34

O Quinto Passo nos pede para partilhar a nossa verdadeira natureza com Deus,
com nós mesmos e com um outro ser humano. Não nos encoraja a contar para todo
mundo cada um dos nossos pequenos segredos sobre nós mesmos. Não nos pede para
abrir para o mundo inteiro cada pensamento vergonhoso ou amedrontado que já
tivemos. O Quinto Passo simplesmente nos sugere que os nossos segredos nos causam
mais mal do que bem quando os mantemos totalmente para nós mesmos.
Se cedemos à nossa relutância de revelar a nossa verdadeira natureza para um só
ser humano, o lado secreto de nossas vidas se torna mais poderoso.. E quando os
segredos estão no controle, encravam uma barreira entre nós, nosso Poder Superior e
as coisas a que mais damos valor em nossa recuperação.
Quando partilhamos nosso ser secreto em confidência com, pelo menos, um ser
humano, talvez nosso padrinho/madrinha, ou um amigo próximo, esta pessoa
geralmente não nos rejeita. Nós nos abrimos para outra pessoa e somos recompensados
com a sua aceitação. Quando isto acontece, descobrimos que a partilha honesta não
ameaça a vida; os segredos perderam o seu poder sobre nós.

Só por hoje: Eu vou desarmar os segredos em minha vida partilhando-os com outro
ser humano.
Não olhe para trás 29 de agosto

“Os passos oferecem uma grande mudança numa vida dominada pela
culpa e pelo remorso. Nosso futuro é modificado, porque não temos
que evitar as pessoas que prejudicamos. Como resultado (...)
recebemos uma nova liberdade que pode pôr fim ao isolamento“.

Texto Básico, p. 42

Muitos de nós chegamos em Narcóticos Anônimos cheios de arrependimentos


de nossos passados. Os nossos passos nos ajudam a começar a resolver estes
arrependimentos. Examinamos nossas vidas, admitimos nossos erros, fazemos
reparações dos mesmos e tentamos sinceramente modificar o nosso comportamento.
Fazendo assim, encontramos um alegre sentimento de liberdade.
Não precisamos mais negar ou lamentar o nosso passado. Depois que fazemos
nossas reparações, o que foi feito realmente acabou e se foi. Feitas as reparações, de
onde viemos deixa de ser a coisa mais importante para nós. É para onde vamos que
conta.
Em NA, começamos a olhar para frente. É verdade, vivemos e nos mantemos
limpos só por hoje. Mas descobrimos que podemos começar a estabelecer metas,
sonhar sonhos e visualizar as alegrias que a vida em recuperação tem para oferecer.
Olhar para frente nos mantêm centrados em para onde estamos indo, e não cheios de
remorso e arrependimento sobre nosso passado. Afinal, é difícil ir para frente se
estamos olhando para trás.

Só por hoje: Os passos me libertaram dos arrependimentos sobre meu passado. Hoje,
eu vou olhar para frente, para minha nova vida em recuperação.
30 de agosto Indo bem, sentindo-se bem

“Esses Examinamos as nossas ações, reações e motivos. Muitas vezes,


descobrimos que estamos nos saindo melhor do que temos sentido”.

Texto Básico, p. 49

A maneira como tratamos os outros, freqüentemente, revela o nosso próprio


estado. Quando estamos em paz, nos inclinamos mais a tratar os outros com respeito e
compaixão. Entretanto, quando nos sentimos fora de equilíbrio, tendemos a responder
os outros com intolerância e impaciência. Quando fazemos um inventário regular,
provavelmente notamos um padrão: tratamos os outros mal quando nos sentimos mal
conosco.
O que talvez não seja revelado em um inventário, contudo, é o outro lado da
moeda. Quando tratamos o outro bem, nos sentimos bem com nós mesmos. Quando
somamos esta verdade positiva aos fatos negativos que encontramos em nosso
inventário, começamos a nos comportar de modo diferente.
Quando nos sentimos mal, podemos fazer uma pausa para rezar pedindo
orientação e força. Tomamos, então, uma decisão de tratar as pessoas à nossa volta
com gentileza, com amabilidade e com a mesma consideração que gostaríamos que
nos fossem demonstradas. Uma decisão de ser gentil pode nutrir e sustentar a
felicidade e a paz interior que todos desejamos. E a alegria que inspiramos pode
levantar o espírito daqueles à nossa volta, alimentando, em troca, o nosso próprio bem
estar espiritual.

Só por hoje: Eu vou me lembrar que se eu modifico as minhas ações, meus


pensamentos se modificarão também.
Gratidão 31 de agosto

“Problemas de vida desesperadores tiveram um desfecho alegre.


A nossa doença foi detida e, agora, tudo é possível“.

Texto Básico, p. 116


O programa de NA nos deu mais liberdade do que jamais havíamos sonhado ser
possível. Às vezes, contudo, na rotina diária, perdemos de vista o quanto nos foi dado.
Como, exatamente, as nossas vidas modificaram em Narcóticos Anônimos?
A linha de partida, a recuperação, é claro, é a liberdade da compulsão de usar.
Não precisamos mais devotar todos os nossos recursos para alimentar nossa adicção.
Não precisamos mais nos colocar em perigo, nos humilhar e nem abusar de nós
mesmos ou de outros somente para conseguir a próxima “droga”. A abstinência, por si
só, trouxe uma grande liberdade para nossas vidas.
Narcóticos Anônimos nos tem dado muito mais do que a simples abstinência:
foi-nos dada uma vida completamente nova. Fizemos o nosso inventário e
identificamos os defeitos de caráter que nos limitaram por tanto tempo, nos impedindo
de viver e apreciar a vida. Renunciamos a estes defeitos, nos responsabilizamos por
eles e buscamos o direcionamento e a força que precisamos para viver de maneira
diferente. O nosso grupo de escolha nos deu o calor humano e o apoio que nos ajuda a
continuar a viver em recuperação. E, acima de tudo, temos o amor, o cuidado e o
direcionamento do Deus que viemos a compreender em NA.
No curso do cotidiano da recuperação, às vezes, nos esquecemos o quanto as
nossas vidas se modificaram em Narcóticos Anônimos. Será que apreciamos
plenamente o que nosso programa nos deu?

Só por hoje: A recuperação me deu liberdade. Eu vou saudar o dia com esperança,
grato por tudo ser possível hoje.
SETEMBRO
Valores verdadeiros 1º de setembro

“Somos capazes de tomar decisões acertadas e com amor, baseadas


em princípios e ideais que têm real valor em nossas vidas“.

Texto Básico, p. 115


A adicção ativa nos deu um determinado conjunto de valores e princípios que


aplicamos em nossas vidas. “Você me empurrou”, um destes valores nos dizia, “então,
eu ter empurro também, e com força”. “É meu”, era outro valor gerado por nossa
doença. “Certo, tudo bem, talvez não fosse meu no começo, mas eu gostei disso, então
eu fiz ser meu”. Estes valores praticamente não eram valores verdadeiros, mas sim
racionalizações e, com certeza, não nos ajudaram a tomar decisões sábias e amorosas.
De fato, serviram, basicamente, para nos afundar ainda mais na cova que já tínhamos
cavado para nós mesmos.
Os Doze Passos nos dão uma forte dose de valores verdadeiros, do tipo que nos
ajuda a viver em harmonia conosco e com aqueles à nossa volta. Depositamos nossa fé
em um Poder Superior e não em nós mesmos, nossas famílias ou nossas comunidades
– fazendo assim, nos tornamos seguros a ponto de sermos capazes de confiar em
nossas comunidades, nossas famílias e até em nós mesmos. Aprendemos a ser
honestos em qualquer circunstância e parar de fazer coisas que podemos querer
esconder. Aprendemos a aceitar a responsabilidade por nossas ações. “É meu” é
substituído por um espírito de abnegação. Este é o tipo de valor que nos ajuda a nos
tornar uma parte responsável e produtiva da vida à nossa volta. Em vez de nos enterrar
mais fundo em uma cova, estes valores nos devolvem para o mundo dos vivos.

Só por hoje: Eu estou grato pelos valores que desenvolvi. Tenho gratidão pela
capacidade que me deram de tomar decisões sábias e amorosas como um membro
responsável e produtivo de minha comunidade.
2 de setembro Fortalecido pelo Poder Superior

“A prática diária de nosso Programa de Doze Passos nos permite mudar


daquilo que éramos para pessoas guiadas por um Poder Superior”.

Texto Básico, p. 94

Quem fomos, e o que nos tornamos? Existem algumas maneiras de responder a


esta pergunta. Uma é bem simples: chegamos a Narcóticos Anônimos como adictos,
nossa adicção nos matando. Em NA, fomos libertados de nossa obsessão por drogas e
de nossa compulsão por usar. E nossas vidas se transformaram.
Mas esta é apenas a ponta do iceberg. Quem realmente fomos?
No passado, fomos pessoas sem força ou direção. Nos sentíamos como se não
tivéssemos propósito ou razão de viver. Nossas vidas não faziam sentido para nós,
nem para nossas famílias, amigos ou nossos vizinhos.
Quem é que estamos nos tornando realmente?
Hoje, não somos somente adictos limpos, somos pessoas com um senso de
direção, com um propósito e um Poder maior do que nós mesmos. Através da prática
diária dos doze Passos, começamos a compreender como nossa adicção desvirtuou
nossos sentimentos, motivações e comportamentos. Gradualmente, a força destrutiva
de nossa doença foi substituída pela força vital de nosso Poder Superior.
Recuperação significa mais do que ficar limpo – significa fortalecer-se. Fizemos
mais do que largar alguns maus hábitos; estamos nos tornando novas pessoas, guiadas
por um Poder Superior.

Só por hoje: A orientação de que eu necessito para me tornar uma nova pessoa já está
a meu alcance. Hoje, vou afastar mais de minha antiga falta de direção e me aproximar
mais de meu Poder Superior.
A humildade expressada
pelo anonimato 3 de setembro

“A humildade é um subproduto que nos permite crescer e desenvolver numa


atmosfera de liberdade, e remove o medo de virmos a ser conhecidos como
adictos pelos nossos empregadores, pelas nossas famílias ou nossos amigos“.

Texto Básico, p. 83

Muitos de nós podem não ter compreendido a idéia de que “o anonimato é o


alicerce espiritual de todas as tradições”. Pensávamos como isto seria. O que é que o
anonimato tem a ver com nossa vida espiritual?
A resposta é: muito! Ao guardar e cuidar de nosso anonimato recebemos
recompensas espirituais além da compreensão. É uma grande virtude fazer algo de
bom para alguém e não contar a ninguém a respeito. Portanto, valorizamos ainda mais
nossa recuperação quando resistimos ao impulso de anunciar orgulhosamente para o
mundo nossa participação em NA – fazendo questão , na verdade, de que todos saibam
o quanto somos maravilhosos.
A recuperação é uma dádiva que recebemos de um Poder maior do que nós
mesmos. Vangloriar-se da própria recuperação, como se fosse algo que fizemos
conduz a sentimentos de orgulho e grandiosidade. Manter nosso anonimato conduz à
humildade e sentimentos de gratidão. A recuperação é a recompensa em si mesma; a
aclamação pública não pode torná-la mais valiosa do que ela é.

Só por hoje: A recompensa da recuperação é a própria recuperação. Eu não preciso


que a minha seja aprovada publicamente. Manterei e cuidarei de meu anonimato.
4 de setembro Espíritos tumultuados

“Tentamos lembrar que fazemos as


reparações por nós mesmos”.

Texto Básico, p. 44

Enquanto ainda tivermos reparações a fazer, nossos espíritos estarão tumultuados


com coisas das quais não precisamos. Carregamos o peso extra de uma desculpa a
fazer, de um ressentimento mantido ou de um remorso não expresso. É como ter uma
casa desarrumada. Podíamos sair para que não precisássemos ver a bagunça ou, talvez,
simplesmente pular por cima das pilhas de entulho fingindo que não estavam lá. Mas
ignorar a desordem não vai fazê-la desaparecer. No final das contas, as louças sujas, o
tapete cheio de migalhas e as cestas de lixo transbordantes ainda estão lá, esperando
para serem limpos.
É tão difícil de conviver com um espírito tumultuado quando com uma casa
bagunçada. Parece que estamos que estamos sempre tropeçando nos restos de ontem.
Toda vez que nos viramos e tentamos ir para algum lugar, há alguma coisa bloqueando
nossa passagem. Quanto mais negligenciamos nossa responsabilidade de fazer
reparações, mais tumultuados ficam nossos espíritos. E não podemos nem mesmo
contratar alguém para fazer a limpeza. Temos que fazer o trabalho nós mesmos.
Ganhamos um profundo senso de satisfação quando fazemos nossas próprias
reparações. Da mesma maneira que nos sentimos quando acabamos de limpar nossa
casa e temos tempo para desfrutar um pouco de sol através de janelas brilhantes,
nossos espíritos vão deleitar-se com nossa liberdade de poder desfrutar
verdadeiramente nossa recuperação. E, uma vez que a grande bagunça tenha sido
limpa, tudo o que precisamos fazer é nos recompor a cada dia que se segue.

Só por hoje: Eu limparei o que está tumultuando meu espírito, fazendo as reparações
que devo.
Não irremediavelmente maus 5 de setembro

“Descobrimos que sofremos de uma doença, não de um dilema moral.


Estávamos criticamente doentes, não éramos irremediavelmente maus“.

Texto Básico, p. 17

Para muitos de nós, Narcóticos Anônimos foi a resposta para um quebra-


cabeças pessoal bastante antigo. Por que é que nos sentíamos sempre sós, mesmo no
meio de uma multidão? Por que fizemos tantas loucuras e coisas autodestrutivas? Por
que nos sentíamos tão mal a respeito de nós mesmo, a maior parte do tempo? E como
foi que nossas vidas ficaram tão desordenadas? Pensávamos ser irremediavelmente
maus ou, talvez, irremediavelmente insanos.
Sendo assim, foi um grande alívio aprender que sofremos de uma doença.
Adicção, era esta a fonte de nossos problemas. Nos demos conta de que por ser uma
doença, podia ser tratada. E quando tratamos nossa doença, podemos começar a nos
recuperar.
Hoje, quando vemos sintomas de nossa doença reaparecendo em nossas vidas,
não precisamos nos desesperar. Afinal, é uma doença tratável, não um dilema moral.
Podemos ser gratos por nos recuperar da doença da adicção através da aplicação dos
Doze Passos de NA.

Só por hoje: Eu estou grato por ter uma doença tratável e não um dilema moral.
Continuarei o tratamento para a doença da adicção ao praticar o Programa de NA.
6 de setembro Freqüência regular de reuniões

“Aprendemos com nossa experiência coletiva que aqueles que


continuam vindo regularmente às reuniões mantêm-se limpos”.

Texto Básico, p. 10

O Programa de NA nos dá um novo modo de viver. Um dos elementos básicos


deste novo modo é a freqüência regular às reuniões. Para o recém-chegado, viver
limpo é uma experiência completamente nova. Tudo o que nos era familiar foi
mudado. As pessoas, lugares e coisas que serviam de apoio no palco de nossas vidas se
foram. Novas tensões aparecem, não mais mascaradas ou amortecidas pelas drogas. É
por isso que sempre sugerimos que recém-chegados freqüentem reunião diariamente.
Não importa o que aconteça, não importa que o dia seja enlouquecedor, sabemos que
nossa reunião diária nos espera. Lá podemos renovar o contato com outros adictos em
recuperação, pessoas que sabem o que estamos passando, porque elas mesmas já
passaram por isso. Não precisamos passar nenhum dia sem alívio que obtemos apenas
deste companheirismo.
À medida que amadurecemos na recuperação, obtemos os mesmos tipos de
benefícios que recebemos com a freqüência regular às reuniões. Não importa a quanto
tempo estamos limpos, nunca deixamos de ser adictos. Provavelmente não
começaremos imediatamente a usar uma grande quantidade de drogas, se perdermos
nossas reuniões por poucos dias. Porém, quanto mais regularmente freqüentarmos as
reuniões de NA, mais reforçamos nossa identidade como adictos em recuperação. E
cada reunião nos ajuda a nos afastar cada vez mais de voltar a ser adictos na ativa.

Só por hoje: Eu vou me comprometer a incluir a freqüência regular às reuniões como


parte de meu novo modo de vida.
Ressentimento e perdão 7 de setembro

“Onde tem havido erro, o programa nos ensina o espírito do perdão“.

Texto Básico, p. 13

Em NA, começamos a interagir com o mundo à nossa volta. Não vivemos mais
no isolamento. Mas, nos libertando do isolamento, pagamos seu preço: quanto mais
interagimos com as pessoas, mais freqüentemente vamos encontrar alguém pisando em
nossos calos. E freqüentemente estas são as circunstâncias nas quais surgem os
ressentimentos.
Ressentimentos, justificados ou não, são perigosos para o andamento de nossa
recuperação. Quanto mais guardamos ressentimentos, mais amargos eles se tornam,
finalmente nos envenenando. Para ficarmos limpos, precisamos encontrara a
capacidade de abrir mão de nossos ressentimentos e perdoar. Primeiro, desenvolvemos
esta capacidade trabalhando o Oitavo e Nono Passos e a mantemos viva praticando
regularmente o Décimo Passo.
Algumas vezes, quando estamos relutantes em perdoar, é útil lembrar que nós,
também, podemos algum dia precisar do perdão de outra pessoa. Todos nós não
fizemos, uma vez ou outra, algo que lamentamos profundamente? E não nos sentimos
bem novamente quando os outros aceitaram nossa sincera reparação?
Uma atitude de perdão é um pouco mais fácil de desenvolver quando nos
lembramos que todos nós estamos fazendo o melhor que podemos. E algum dia nós,
também, vamos precisar de perdão.

Só por hoje: Eu vou abrir mão de meus ressentimentos. Hoje, se eu for prejudicado,
vou praticar o perdão, sabendo que eu preciso de perdão para mim mesmo.
8 de setembro Rebeldia

“Não precisamos perder a fé quando ficamos rebeldes”.

Texto Básico, p. 37

Muitos de nós vivemos revoltados a vida inteira. Nossa resposta inicial para
qualquer tipo de orientação é freqüentemente negativa. Rejeição automática à
autoridade parece ser um defeito de caráter problemático para muitos adictos.
Um auto-exame minucioso pode nos mostrar como reagimos ao mundo à nossa
volta. Podemos nos perguntar se nossa rebeldia contra pessoas, lugares e instituições é
justificada. Se continuarmos escrevendo tempo suficiente, geralmente podemos deixar
para trás o que os outros fizeram e descobrir nossa própria responsabilidade em nossos
assuntos. Descobrimos que o que os outros fizeram não é tão importante quanto nossa
maneira de reagir às situações nas quais nos envolvemos.
O inventário regular nos permite examinar os padrões em nossas reações à vida e
ver se estamos predispostos à rebeldia crônica. Algumas vezes iremos achar que,
apesar de geralmente continuar acatando o que nos é sugerido, por medo de rejeição,
secretamente abrigamos ressentimentos contra a autoridade. Se deixarmos, estes
ressentimentos podem nos desviar de nosso programa de recuperação.
O processo do inventário nos permite descobrir, avaliar e alterar nossos padrões de
rebeldia. Não podemos mudar o mundo fazendo inventário, mas podemos mudar a
maneira de reagir a ele.

Só por hoje: Eu quero libertar-me do tumulto da rebeldia. Antes de agir, vou me


inventariar e pensar sobre meus verdadeiros valores.
Pés de barro 9 de setembro

“Uma das maiores barreiras em que tropeçamos em recuperação


parece ser a colocação de expectativas não realistas (...) nos outros“.

Texto Básico, p. 89

Muitos de nós chegamos a Narcóticos Anônimos nos sentindo muito mal em


relação a nós mesmos. Por comparação, os adictos em recuperação que encontramos
nas reuniões pareciam ter uma serenidade quase sobre-humana. Estas pessoas sábias e
amorosas estão lá há muitos meses, até anos, vivendo de acordo com princípios
espirituais, dando de si para os outros sem esperar nada em troca. Confiamos neles,
deixamos que eles nos amem até que possamos amar a nós mesmos. Esperamos que
eles façam sempre tudo certo.
Então, o brilho da recuperação inicial começa a apagar-se e começamos a ver o
lado humano de nosso padrinho/madrinha e de nossos amigos de NA. Talvez um
membro de nosso grupo de escolha marque um café e nos deixe esperando, ou vemos
dois companheiros com mais tempo discutindo em uma reunião administrativa, ou
percebemos que nosso padrinho/madrinha tem um ou dois defeitos de caráter. Ficamos
arrasados, desiludidos – afinal estes adictos em recuperação não são perfeitos. Como
podemos continuar confiando neles?
A verdade está em algum lugar entre “os heróis da recuperação” e “os
desprezíveis vagabundos de NA”. Nossos companheiros adictos não são
completamente maus nem completamente bons. Afinal, se eles fossem perfeitos não
precisariam deste programa. Nosso padrinho/madrinha e nossos amigos de NA são
apenas adictos em recuperação como nós. Podemos nos identificar com suas
experiências em recuperação e usá-las em nosso próprio programa.

Só por hoje: Meus amigos e meu padrinhomadrinha são humanos, assim como eu, e
por isso confio em suas experiências.
10 de setembro Mais poderoso que palavras

“Aprendemos que um simples abraço amigo pode


fazer toda a diferença do mundo...”

Texto Básico, p. 100

Talvez tenham existido momentos em nossa recuperação em que estivemos


próximos de alguma pessoa que passava por uma grande dor. Lutamos com a
pergunta: “O que eu posso fazer para que ela se sinta melhor?” Sentimo-nos ansiosos e
impotentes para aliviar seu sofrimento. Desejávamos ter mais experiência para
partilhar. Não sabíamos o que dizer.
Mas algumas vezes a vida traz feridas que não podem ser aliviadas mesmo pelas
palavras com mais sentimento. Palavras nunca podem expressar tudo o que queremos
dizer, quando nossos mais profundos sentimentos de compaixão estão envolvidos. A
linguagem falada é insuficiente para alcançar uma alma ferida, apenas o toque de um
Poder Superior pode curar uma ferida do espírito.
Quando aqueles que amamos estão sofrendo, simplesmente estar presentes talvez
seja a maior contribuição de compaixão que possamos oferecer. Podemos estar seguros
de que um Poder Superior amoroso está trabalhando duro na cura do espírito; nossa
única responsabilidade é estar lá. Nossa presença, um abraço amoroso, um ouvido
solidário irão certamente expressar a profundidade de nossos sentimentos e alcançarão
melhor o coração de um ser humano que sofre do que meras palavras.

Só por hoje: Eu oferecer minha presença, um abraço e um ouvido solidário para


alguém que amo.
Dobrando-se com o vento 11 de setembro

“Aprendemos a ser flexíveis... À medida que coisas novas


vão sendo reveladas, nós nos sentimos renovados“.

Texto Básico, p. 111

“Flexibilidade” não fazia parte do vocabulário quando usávamos em nossos dias


de ativa. Nós nos tornamos obcecados com o prazer bruto de nossas drogas e
endurecidos a toda suavidade e sutileza dos prazeres infinitamente variados do mundo
à nossa volta. Nossa doença tinha transformado nossa própria vida em uma constante
ameaça de prisões, instituições e morte, uma ameaça que nos endureceu ainda mais.
Por fim nos tornamos quebradiços. Com o mais simples sopro de vida nós finalmente
desmoronamos, quebramos, fomos derrotados, sem escolha a não ser a rendição.
Mas a bela ironia da recuperação é que, em nossa rendição, achamos a
flexibilidade que havíamos perdido em nossa adicção, cuja grande ausência nos
derrotou. Recuperamos a capacidade de nos dobrar ante a brisa da vida sem nos
quebrar. Quando o vento sopra, sentimos seu toque amoroso conta nossa pele, ao passo
que antes havíamos nos endurecido como se estivéssemos contra o vendaval de uma
tempestade.
Os ventos da vida sopram novos ares em nosso caminho a cada momento, com
suas fragrâncias e prazeres novos, variados, sutilmente diferentes. À medida que
dobramos com o vento da vida, sentimos, ouvimos, tocamos, cheiramos e saboreamos
tudo que nos é oferecido. E à medida que os novos ventos sopram, nos sentimos
renovados.

Só por hoje: Poder Superior ajuda-me a dobrar com os ventos da vida e sentir a
alegria de suas passagens. Liberte-me da rigidez.
12 de setembro Novos horizontes

“Minha gratidão está fluindo bem e eu estou me tornando


uma versão mais confortável de mim mesmo, não a pessoa
neurótica e aborrecida que eu pensei que seria sem drogas. “

Basic Text, p. 262*


Existe realmente vida sem drogas? Recém-chegados estão certos de que estão
destinados a levar uma existência enfadonha uma vez que pararam de usar. Este medo
está longe da realidade.
Narcóticos Anônimos abre a porta de uma nova maneira de viver para nossos
membros. A única coisa que perdemos em NA é nossa escravidão às drogas.
Ganhamos uma porção de novos amigos, tempo para nos dedicar ao lazer, a
capacidade de ficar estável no emprego, até mesmo a capacidade de nos dedicar aos
estudos se assim o desejarmos. Estamos capacitados a iniciar e desenvolver projetos
até o final. Podemos ir a um baile e nos sentir confortáveis, mesmo que não saibamos
dançar. Começamos a guardar dinheiro para viajar, mesmo que seja só uma viagem a
um acampamento próximo. Em recuperação, descobrimos o que nos interessa e nos
dedicamos a novas atividades. Ousamos sonhar.
A vida certamente é diferente quando temos as salas de Narcóticos Anônimos para
voltar. Através do amor que achamos em NA, começamos a acreditar em nós mesmos.
Munidos desta convicção, nos aventuramos no mundo para descobrir novos
horizontes. Muitas vezes, o mundo é um lugar melhor porque um membro de NA
esteve nele.

Só por hoje: Eu posso viver uma vida confortável e que flui – uma vida que nunca
sonhei existir. A recuperação tem aberto novos horizontes e me equipado para explorá-
los.

* N.T. Está página refere-se ao Livre 2 do Texto Básico em inglês.


Algo diferente 13 de setembro

“Tínhamos que ter algo diferente e pensamos


que havíamos encontrado isso nas drogas“.

Texto Básico, p. 14

Muitos de nós nos sentimos diferentes das outras pessoas. Sabemos que não
somos os únicos a sentir desta maneira; ouvimos muitos adictos partilharem a mesma
coisa. Procuramos toda a vida por algo que nos fizesse sentir bem, encontrar este lugar
“diferente” dentro de nós para nos fazer inteiros e aceitáveis. As drogas pareceram
preencher esta necessidade. Quando estávamos drogados, pelo menos não sentíamos
mais o vazio ou a necessidade. Mas havia um inconveniente: as drogas, que eram
nossa solução, rapidamente se tornaram nosso problema.
Uma vez que deixamos as drogas, a sensação de vazio voltou. A princípio,
sentimos desespero porque não tínhamos nenhuma solução dentro de nos mesmo para
este anseio miserável. Mas estávamos dispostos a continuar e começamos a trabalhar
os passos. À medida que o fazíamos, achamos o que estávamos procurando, aquele
“algo diferente”. Hoje acreditamos que o anseio de toda a nossa vida era
principalmente pelo conhecimento de um Poder Superior; “algo Diferente” do que
precisávamos era um relacionamento com um Deus amoroso. Os passos nos mostram
como começar este relacionamento.

Só por hoje: Meu Poder Superior é o “algo diferente” que sempre esteve faltando em
minha vida. Eu vou usar os passos para restaurar este ingrediente que faltava a meu
espírito.
14 de setembro Segredos reservas

“É-nos mostrado que temos que ser honestos, ou usaremos novamente“.

Texto Básico, p. 93

Tosos têm segredos, certo? Alguns de nós têm pequenos segredos que causariam
apenas pequenos embaraços, se descobertos. Alguns de nós têm grandes segredos,
áreas inteiras de nossas vidas encobertas por espessa e densa escuridão. Grandes
segredos podem representar um perigo mais óbvio e imediato em nossa recuperação.
Mas os pequenos segredos têm seu próprio tipo de dano, talvez mais insidiosos porque
pensamos que eles são “inofensivos”.
Pequenos ou grandes, nossos segredos representam o território espiritual que não
estamos dispostos a render aos princípios da recuperação. Quanto mais reservamos
pedaços de nossas vidas para serem norteados pela vontade egocêntrica, mais
vigorosamente defendemos nosso “direito” de mantê-los dentro de nós, mais danos
fazemos. Gradualmente, os territórios não rendidos de nossas vidas tendem a se
expandir, tomando mais e mais espaço.
Enquanto existirem segredos em nossas vidas, grandes ou pequenos, mais cedo ou
mais tarde irão nos conduzir para o mesmo lugar. Temos que escolher – ou rendemos
tudo a nosso programa, ou vamos perder nossa recuperação.

Só por hoje: Eu quero o tipo de recuperação que vem da total rendição ao programa.
Hoje, eu vou falar com meu padrinho/madrinha e revelar meus segredos, grandes ou
pequenos.
Preenchendo o vazio 15 de setembro

“(...) e achamos que, apenas conseguindo comida suficiente, sexo suficiente


ou dinheiro suficiente, estaremos satisfeitos, e tudo estará bem“.

Texto Básico, p. 87

Em nossa adicção ativa, nunca conseguimos ter droga o suficiente, ou dinheiro,


ou sexo, ou quaisquer outra coisa. Mesmo demais nunca era suficiente! Havia um
vazio espiritual dentro de nós. Apesar de tentarmos de todas as formas preencher este
vazio, nunca conseguimos. No final, percebemos que faltava poder para preenchê-lo;
seria preciso um Poder maior do que nós para fazê-lo.
Foi desse modo que paramos de usar e paramos de tentar preencher o vazio em
nossas vísceras com coisas. Voltamo-nos para nosso Poder Superior, pedindo seu
cuidado, força e direção. Nós nos rendemos e preparamos o caminho para que este
Poder começasse o processo de preencher nosso vazio interior. Paramos de nos agarrar
a coisas e começamos a receber de graça a dádiva do amor que nosso Poder Superior
tem para nós. Devagar nosso vazio interior foi sendo preenchido.
Agora que recebemos a dádiva do amor de nosso Poder Superior, o que fazemos
com ela? Se agarrarmos esta dádiva para nós mesmos, iremos sufocá-la. Temos que
relembrar que o amor cresce apenas quando é partilhado. Só podemos manter esta
dádiva dando-a de graça. O mundo da adicção ativa é um mundo de tomar e ser
tomado; o mundo da recuperação é um mundo de dar e receber. Em qual mundo
escolhemos viver?

Só por hoje: Eu escolho viver na plenitude da recuperação. Eu vou celebrar meu


contato consciente com o Deus de minha compreensão, partilhando de graça com os
outros o que foi partilhado de graça comigo.
16 de setembro Equilíbrio emocional

“O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados


da meditação, e a nossa experiência confirma isso“.

Texto Básico, p. 51

Embora cada um de nós tenha uma definição de “equilíbrio emocional” um pouco


diferente, todos temos que encontrá-lo. Equilíbrio emocional pode significar achar e
manter uma perspectiva positiva na vida, apesar do que possa estar acontecendo a
nosso redor. Para alguns, pode significar a compreensão de nossas emoções, o que nos
permite responder em lugar de reagir a nossos sentimentos. Isso significa que
experimentamos nossos sentimentos tão intensamente quanto podemos e que
suavizamos seu ímpeto.
Equilíbrio emocional vem com a prática da oração e da meditação. Ficamos
tranqüilos e partilhamos nossos pensamentos, esperanças e preocupações com o Deus
de nossa compreensão. Ouvimos esta orientação e esperamos forças para segui-la.
Com o tempo, nossa capacidade para manter um certo equilíbrio melhora e os
turbulentos altos e baixos a que estávamos acostumados começam a se estabilizar.
Desenvolvemos a capacidade de deixar os outros sentirem seus próprios sentimentos;
não precisamos julgá-los. E abraçamos completamente nossa própria variedade de
emoções.

Só por hoje: Através da oração e meditação regular, eu vou descobrir o que o


equilíbrio emocional significa para mim.
Indo além do Passo Cinco 17 de setembro

“Podemos achar que já fizemos muito escrevendo sobre


o nosso passado. É um erro que não podemos permitir”.

Texto Básico, p. 35

Alguns de nós se dedicam muito ao escrever o Quarto Passo; outros o fazem


com obsessão extrema. Para crescente desânimo de nosso padrinho/madrinha, nós nos
inventariamos repetidas vezes. Descobrimos tudo o que podíamos saber porque
éramos como éramos. Temos a idéia de que pensar, escrever e falar sobre nosso
passado é suficiente. Não ouvimos nenhuma sugestão de nosso padrinho/madrinha
para nos prontificar a deixar remover imediatamente nossos defeitos ou fazer
reparações pelo mal que causamos. Simplesmente escrevemos mais sobre nosso
defeitos de caráter e partilhamos com prazer nossas descobertas mais recentes.
Finalmente, nosso exausto padrinho/madrinha se retira em defesa própria.
Por mais exagerado que este cenário pareça ser, muitos de nós já nos vimos em
uma situação como esta. Pensar, escrever e falar sobre o que estava errado conosco nos
faz sentir como se tivéssemos tudo sobre controle. Mais cedo ou mais tarde, entretanto,
percebemos que estávamos afundados em nossos problemas, sem nenhuma solução à
vista. Sabíamos que, se quiséssemos viver de uma maneira diferente, teríamos que ir
além do Quinto Passo em nosso programa. Começamos a procurar boa vontade para
deixar o Poder Superior remover os defeitos de caratê dos quais nos tornamos tão
conscientes. Fizemos reparações pela destruição que tínhamos causado a outros
quando agimos levados por estes defeitos. Só então começamos a experimentar a
liberdade de um despertar espiritual. Hoje, não somos mais vítimas; somos livres para
ir adiante em nossa recuperação.

Só por hoje: Embora necessários, os Passos Quatro e Cinco sozinhos não vão trazer
recuperação emocional e espiritual. Eu irei trabalhá-los para agir baseado neles.
18 de setembro Relacionamentos honestos

“Uma das mudanças mais profundas as nossa vidas


acontece n campo dos relacionamentos pessoais“.

Texto Básico, p. 62

A recuperação dá a muitos de nós relacionamentos que são mais próximos e mais


íntimos do que qualquer um que tivemos antes. Com o passar do tempo, nos achamos
atraídos por aqueles que eventualmente se tornam nossos amigos, nosso
padrinho/madrinha e nossos parceiros da vida. Risos, lágrimas e esforços partilhados
trazem respeito mútuo e empatia duradoura.
O que, então, fazemos quando descobrimos que não concordamos inteiramente
com nossos amigos? Podemos descobrir que não partilhamos o mesmo gosto musical
que nosso mais querido amigo ou não concordamos com nossa esposa/esposo sobre
como os móveis devem ser arrumados, ou que votamos diferente de nosso
padrinho/madrinha em uma reunião de comitês de serviço. Um conflito significa que a
amizade, o casamento ou o apadrinhamento está terminado? Não!
Estes tipos de conflito não são apenas previsíveis em qualquer relacionamento
longo, mas são na realidade uma indicação de que ambas as pessoas são
emocionalmente saudáveis e honestas. Em qualquer relacionamento onde ambas as
pessoas concordam absolutamente em tudo, é provável que apenas uma das pessoas
esteja pensando. Se sacrificarmos nossa honestidade e integridade para evitar conflitos
ou discordâncias, abrimos mão do melhor que podemos trazer para nossos
relacionamentos. Vivenciamos a plena medida do companheirismo com outro ser
humano quando somos completamente honestos.

Só por hoje: Eu vou receber com alegria as diferenças que fazem cada um de nós
especial. Hoje, eu vou trabalhar para ser eu mesmo.
Irmandade 19 de setembro

“Em NA as nossas alegrias se multiplicam ao compartilharmos os bons dias;


aliviamos as nossas tristezas ao compartilharmos os maus dias. Pela primeira
vez nas nossas vidas não precisamos vivenciar nada sozinhos”.

IP Nº 16, “Para o recém-chegado”

Quando usamos os passos e as outras ferramentas de nosso programa para


trabalhar nossas dificuldades, nos tornamos preparados para apreciar as alegrias de
viver limpo. Mas nossas alegrias passam rapidamente se na as partilharmos com os
outros, enquanto dificuldades não partilharmos podem custar a passar. Na Irmandade
de Narcóticos Anônimos freqüentemente multiplicamos as alegrias e dividimos nossos
fardos, partilhando uns com os outros.
Nós adictos experimentamos prazeres em recuperação que, algumas vezes, só
outro adicto pode apreciar. Companheiros entendem quando falamos a eles da
satisfação que sentimos ao restabelecer relacionamentos abalados, do alívio que
experimentamos por não ter que usar drogas para passar este dia. Quando partilhamos
estas experiências com adictos em recuperação e eles nos respondem com histórias
semelhantes, nossa alegria é multiplicada. O mesmo princípio se aplica aos desafios
que encontramos como adictos em recuperação. Partilhando nossos desafios e
permitindo que outros membros de NA partilhem sua força conosco, nosso fardo é
aliviado.
A irmandade que temos em Narcóticos Anônimos é preciosa. Partilhando
juntos, aumentamos as alegrias e diminuímos os fardos da vida em recuperação.

Só por hoje: Eu vou partilhar minhas alegrias e meus fardos com outros adictos me
recuperação. Eu também vou partilhar os deles. Eu sou grato pelos laços fortes da
irmandade em Narcóticos Anônimos.
20 de setembro Coragem para modificar

“Deus, conceda-me serenidade para aceitar as coisas que não posso


modificar, coragem para modificar aquelas que posso e
sabedoria para reconhecer a diferença“.

Oração da Serenidade

Recuperação envolve mudança e mudança significa fazer as coisas de outra


maneira. O problema é que muitos de nós resistimos a fazer as coisas de outra
maneira; o que estamos fazendo pode não estar funcionando, mas pelo menos estamos
familiarizados com isso. É preciso coragem para dar um passo em direção ao
desconhecido. Como conseguimos esta coragem?
Podemos olhar à nossa volta nas reuniões de NA. Vemos outros que descobriram
que precisavam mudar o que fizeram com sucesso. Isso ajuda a aquietar nosso medo
de que qualquer mudança seja um desastre. Também temos o benefício da experiência
deles com o que “funciona”, experiência que podemos usar para mudar, e com o que
“não funciona”.
Podemos também olhar para nossa própria experiência de recuperação. Se esta
experiência, até aqui, está limitada a parar de usar drogas, mesmo assim “nós fizemos”
muitas mudanças em nossas vidas – mudanças para melhor. Em qualquer aspecto de
nossas vidas em que tenhamos aplicado os passos sempre temos achado a rendição
melhor que a negação, a recuperação superior a adicção.
Nossa própria experiência e a experiência de outros em NA nos diz que “mudar as
coisa que posso” é uma grande parte do que significa recuperação. Os passos e a
capacidade de praticá-los nos dão a orientação e a coragem de que precisamos para
mudar. Não temos nada a temer.

Só por hoje: Eu vou receber bem as mudanças. Com a ajuda de meu Poder Superior,
eu vou encontrar coragem para mudar as coisas que posso.
Prece 21 de setembro

“A prece exige prática, e devemos nos lembrara que as


pessoas habilidosas não nascem com as suas habilidades”.

Texto Básico, p. 50

Muitos de nós entraram em recuperação sem experiência em orar e preocupado


por não saber as “palavras certas”. Alguns de nós recordamos as palavras que
aprendemos na infância, mas não tínhamos certeza se ainda acreditávamos nelas.
Qualquer que seja nossa origem, em recuperação lutamos para achar palavras que
expressem verdadeiramente nossos sentimentos.
Freqüentemente a primeira prece que tentamos é um simples pedido de ajuda a
nosso Poder Superior para ficarmos limpos a cada dia. Podemos pedir por orientação e
coragem ou simplesmente orar pelo conhecimento da vontade de Deus para nós e o
poder para realizá-la. Se nos achamos tropeçando em nossa em nossas preces,
podemos pedir a outros membros para partilhar conosco como eles aprenderam a orar.
Não importa se oramos na necessidade ou na alegria, o importante é continuar nos
esforçando.
Nossas preces serão formadas pela nossa experiência com os Doze Passos e
nosso entendimento pessoal de um Poder Superior. À medida que nosso
relacionamento com o Poder Superior se desenvolve, nos sentimos mais à vontade ao
orar. Com o tempo, orar se torna uma fonte de força e conforto. Procuramos esta fonte
freqüentemente e com boa vontade.

Só por hoje: Eu sei que orar pode ser simples. Eu vou começar de onde estou e
praticar.
22 de setembro Mantendo a dádiva

“A vida assume um novo significado quando nos abrimos a esta dádiva“.

Texto Básico, p. 116


Descuidar de nossa recuperação é como descuidar de qualquer outra dádiva que


tenhamos recebido. Suponha que alguém lhe deu um carro novo. Você o deixaria na
estrada até que os pneus se estragassem? Você apenas o dirigiria ignorando a
manutenção rotineira, até que ele se acabasse na estrada? E claro que não! Você faria
todo o possível para manter em boas condições uma dádiva tão valiosa.
Recuperação também é uma dádiva e temos que cuidar dela se queremos mantê-la.
Como nossa recuperação não vem com uma longa garantia, existe um programa
rotineiro de manutenção. Esta manutenção inclui freqüência regular às reuniões e
várias formas de serviço. Teremos que fazer alguma limpeza diária – nosso Décimo
Passo – e, de vez em quando, uma revisão geral do Quarto Passo será necessária. Mas,
se mantivermos a dádiva da recuperação, agradecendo ao Doador cada dia, ela
continuará.
A dádiva da recuperação cresce sendo doada. A não ser que seja dada, não
podemos mantê-la. Mas, partilhando nossa recuperação com os outros, nós a
valorizamos mais ainda.

Só por hoje: Minha recuperação é uma dádiva e eu quero mantê-la. Eu vou fazer a
manutenção necessária e vou partilhar minha recuperação com os outros.
Lidando com a fofoca 23 de setembro

“De acordo com os princípios de recuperação, tentamos


não nos julgar, estereotipar ou moralizar”.

Texto Básico, p. 12

Vamos encarar: em Narcóticos Anônimos vivemos em uma estufa de espécies


diferentes. Nossos companheiros sabem mais sobre nossa vida pessoal que qualquer
um já soube antes. Eles sabem com quem passamos nosso tempo, onde trabalhamos,
que passo estamos praticando, quantos filhos temos e assim por diante. E o que nossos
companheiros não sabem, eles provavelmente irão imaginar.
Podemos nos sentir infelizes quando fazem fofocas de nós. Mas, se nos
afastarmos da irmandade e nos isolarmos pra evitar fofocas, também nos privaremos
do amor, da amizade e da experiência sem paralelo da recuperação que nossos
companheiros têm a oferecer. A melhor maneira de lidar coma a fofoca é
simplesmente aceitar as coisas como são, aceitar-nos como nós somos e viver nossas
vidas de acordo com os princípios. Quanto mais seguros nos tornamos com nosso
programa pessoal, com as decisões que tomamos e com a orientação que recebemos de
um Deus amoroso, menos as opiniões dos outros vão nos interessar.

Só por hoje: Eu estou comprometido em participar da Irmandade de NA. As opiniões


dos outros não vão afetar meu compromisso de recuperação.
24 de setembro Um conceito de Deus em evolução

“A única diretriz sugerida é que este Poder seja amoroso, cuidadoso


e maior do que nós. Não precisamos ser religiosos para aceitarmos
esta idéia. O importante é abrirmos nossa mente para acreditar”.

Texto Básico, p. 26

Vir a acreditar é um processo para toda vida, nossa compreensão de Deus irá
mudar. A compreensão que temos no início da recuperação não será a mesma quando
estivermos alguns meses limpos, assim como esta compreensão não será a mesma
quando estivermos limpos a alguns anos.
Nossa compreensão inicial de um Poder maior do que nós mesmos sempre
parecerá limitada. Podemos hesitar em orar porque pensamos nas condições do que
vamos pedir que nosso Poder Superior faça por nós. Poderíamos dizer: “Puxa, isto está
tão horrível que nem mesmo Deus poderia fazer algo”; ou então: “Deus já tem gente
demais para cuidar. Não há tempo para mim”.
Mas, à medida que crescemos em recuperação, cresce nossa compreensão.
Começamos a ver que os únicos limites para o amor e a graça de Deus são os que
impomos quando nos recusamos a sair do caminho. O Deus amoroso no qual viemos a
acreditar é infinito, e a força e o amor que achamos em nossa crença são partilhados
por quase todos os adictos em recuperação ao redor do mundo.

Só por hoje: O Deus que estou vindo a compreender tem uma capacidade ilimitada
pra amar e cuidar. Eu vou confiar que meu Deus é maior que qualquer problema que
eu possa ter.
O Quarto Passo –
temendo nossos sentimentos 25 de setembro

“Podemos temer que o contato com os nossos sentimentos vá detonar


uma insuportável rendição em cadeia de dor e pânico”.

Texto Básico, p. 32

Uma queixa comum sobre o Quarto Passo é que ele nos faz dolorosamente
conscientes de nossos defeitos de caráter. Podemos ser tentados a hesitar em nosso
programa de recuperação. Através da rendição e aceitação, podemos achar os recursos
de que precisamos para continuar trabalhando os passos.
Não é tomar consciência de nossos defeitos de caráter que causa a maior agonia
– são os próprios defeitos. Quando estávamos usando, tudo o que sentíamos eram as
drogas; podíamos ignorar o sofrimento que nossos defeitos estavam nos causando.
Agora que as drogas se foram, sentimos esta dor. A recusa em tomar conhecimento da
fonte de nossa angústia não a faz ir embora; a negação protege a dor e a faz mais forte.
Os Doze Passos nos ajudam a lidar com a miséria causada por nossos defeitos, lidando
diretamente com eles.
Se nossos defeitos nos causam dor, podemos nos relembrar do pesadelo da
adicção, pesadelo do qual agora despertamos. Podemos nos recordar da esperança de
libertação que o Segundo Passo nos deu. Podemos novamente entregar nossas
vontades e nossas vidas, através do Terceiro Passo, aos cuidados do Deus de nossa
compreensão. Nosso Poder Superior cuida de nós nos dando a ajuda de que precisamos
para trabalhar o restante dos doze Passos. Não temos que temer nossos sentimentos. Só
por hoje, podemos continuar nossa recuperação.

Só por hoje: Eu não vou ter medo de meus sentimentos. Com a ajuda de meu Poder
Superior, eu vou continuar minha recuperação.
26 de setembro Vendo-nos nos outros

“Não nos tornaremos pessoas melhores, julgando os erros dos outros”.

Texto Básico, p. 41

Como é fácil apontar defeitos nos outros! Existe uma razão para isto: os defeitos
que identificamos mais facilmente nos outros são freqüentemente aqueles com os
quais temos mais familiaridade em nosso próprio caráter. Podemos notar a tendência
de nosso melhor amigo em gastar muito dinheiro, mas, se examinarmos nossos
próprios hábitos de gastar, provavelmente descobriremos a mesma compulsividade.
Podemos julgar que nosso padrinho/madrinha está muito envolvido em serviço, mas
descobrimos que não passamos um simples final de semana com nossas famílias nos
últimos três meses devido a um ou outro compromisso de serviço.
O que menos gostamos em nossos companheiros é freqüentemente o que menos
gostamos em nós mesmos. Podemos aproveitar esta observação em nosso benefício
espiritual. Quando somos tomados pelo impulso de julgar outra pessoa, podemos
redirecionar o impulso de maneira a reconhecer nossos próprios defeitos mais
claramente. O que vemos irá guiar nossas ações para recuperação e nos ajudar a nos
tornar indivíduos felizes e emocionalmente saudáveis.

Só por hoje: Eu vou olhar além dos defeitos de caráter dos outros e reconhecer os
meus próprios.
O apoio correto 27 de setembro

“Existe algo em nossas personalidades auto destrutivas que grita pelo fracasso”.

Texto Básico, p. 88

“Pobre de mim, coitado de mim, olhe para mim, minha vida é uma confusão!
Eu fracassei e, não importa quanto eu tente, continuo a fracassar”. Muitos de nós
chegamos a NA cantando este triste refrão.
A vida não é mais assim. É verdade, algumas vezes ainda vamos tropeçar; às
vezes iremos mesmo cair. Algumas vezes, sentimos como se não pudéssemos avançar
em nossas vidas, não importando quanto tentemos. Mas a verdade é que, com a ajuda
de outros adictos em recuperação em NA, encontramos a mão que nos levanta, sacode
a poeira e nos ajuda a começar tudo de novo. Este é o novo refrão em nossas vidas
hoje.
Não dizemos mais: “Eu sou um fracasso e não estou indo a lugar nenhum”.
Dizemos: “Caramba! Eu tropecei na mesma pedra da estrada da vida. Breve,
aprenderei a ir com calma ou evitar o tropeço”. Até lá, podemos continuar a tropeçar
de vez em quando, mas já aprendemos que há sempre uma mão nos ajudando e nos
colocando em pé novamente.

Só por hoje: Se eu começar a lamentar o fracasso, eu relembrarei que há uma forma


de seguir adiante. Vou aceitar o encorajamento e apoio de NA.
28 de setembro Esperança

“Gradualmente, à medida que nos centramos mais em Deus do que


em nós mesmos, o nosso desespero se transforma em esperança”.

Texto Básico, p. 103


Como adictos na ativa, o desespero era a nossa companhia indesejável. Ele coloria
nossas manhãs. O desespero nasceu de nossa experiência na adicção ativa: não importa
quanto tentássemos melhorar nossas vidas, afundamos cada vez mais na miséria.
Tentativas para controlar nossas vidas freqüentemente encontravam o fracasso. De um
certo modo, a admissão de impotência em nosso Primeiro Passo era um
reconhecimento do desespero.
Os Passos Dois e Três nos guiaram gradualmente para fora do desespero e em
direção a uma nova esperança, companheira do adicto em recuperação.Tendo aceitado
que muitos de nossos esforços para mudar fracassaram, viemos a acreditar que existe
um Poder maior que nós mesmos. Acreditamos que este Poder tem condições e irá nos
ajudar. Praticamos o Segundo e o Terceiro Passos como uma afirmação de nossa
esperança numa vida melhor, recorrendo a este Poder para nos orientar. Vindo a
confiar mais e mais em um Poder Superior para a administração cotidiana de nossa
vida, o desespero nascido de nossa longa experiência com auto-suficiência desaparece.

Só por hoje: Eu vou reafirmar minha decisão do Terceiro Passo. Eu sei que com um
Poder Superior em minha vida existe esperança.
Só por hoje 29 de setembro

“Existe Quando paramos de viver aqui e agora, nossos


problemas são aumentados exageradamente”.

Texto Básico, p. 108

“Só por hoje” – é um pensamento reconfortante. Se tentarmos viver no passado,


poderemos nos achar despedaçados por recordações dolorosas e inquietantes. As lições
de nosso uso não são professores que buscamos para recuperação. Viver no amanhã
significar nos mover com medo. Não podemos ver a forma secreta do futuro e a
incerteza traz preocupação. Nossas vidas parecem oprimidas quando desfocadas do
hoje.
Viver o momento oferece liberdade. Neste momento, sabemos que estamos a
salvo. Não estamos usando e temos tudo de que precisamos. Além do mais, a vida está
acontecendo no aqui e agora. O passado se foi e o futuro ainda não chegou; nossas
preocupações não irão mudar nada. Hoje, podemos desfrutar de nossa recuperação
neste momento.

Só por hoje: Eu vou estar no aqui e agora. Hoje, neste momento, estou livre.
30 de setembro Sendo nós mesmos

“Nosso verdadeiro valor reside em sermos nós mesmos”.

Texto Básico, p. 115


Repetidamente temos tentado corresponder às expectativas daqueles à nossa volta.


Podemos ter sido criados acreditando que estaríamos bem se tirássemos boas notas na
escola, arrumássemos nossos quartos ou nos vestíssemos de determinada maneira.
Agora, em recuperação, somos Aceitos como somos. Nosso verdadeiro valor para
os outros é sermos nós mesmos.À medida que trabalhamos os passos, aprendemos a
nos aceitar simplesmente como somos. Quando isto acontece, ganhamos a liberdade
para nos tornar quem queremos ser.
Cada um de nós tem boas qualidades que pode partilhar com os outros. Nossas
experiências, honestamente partilhadas, ajudam outros a achar o nível de identificação
de que precisam para começar sua recuperação. Descobrimos que todos temos dádivas
especiais para oferecer àqueles à nossa volta.

Só por hoje: Minha experiência em recuperação é a maior dádiva que posso dar a
outro adicto. Eu vou compartilhar honestamente com os outros.
OUTUBRO
Mais do que uma
motivação para crescer 1º de outubro

“Aprendemos que a dor pode ser um fator que motiva a recuperação“.

Texto Básico, p. 32

Sempre que sentimos dor, pensamos: “Dor – quem precisa dela!” Não vemos
nenhum bom propósito para a dor. Parece ser um exercício de sofrimento sem sentido.
Se alguém nos menciona crescimento espiritual quando sentimos dor, provavelmente
reagimos desgostosos e nos afastamos, pensando que nunca havíamos encontrado uma
pessoa tão indesejável.
Ma, e se os seres humanos não sentissem dor – nem física nem emocional?
Parece um mundo ideal? Não é bem assim. Se não fôssemos capazes de sentir dor
física, não saberíamos quando piscar para expulsar um cisco do olho; não saberíamos
quando nem mesmo quando nos virar dormindo. Simplesmente abusaríamos de nós
mesmos por falta de um sistema natural de alerta.
O mesmo é verdade para a dor emocional. Como saberíamos que nossas vidas
se tornaram incontroláveis, se não tivéssemos sentido dor? Da mesma maneira que a
dor física, a dor emocional nos indica quando parar de fazer algo que machuca.
Mas a dor não é apenas um fator de motivação. A dor emocional proporciona
uma base de comparação quando estamos felizes. Não poderíamos apreciar a alegria
sem conhecer a dor.

Só por hoje: Eu aceitarei a dor como uma pedra necessária da vida. Sei que, no
mesmo nível em que posso sentir dor, também posso sentir alegria.
2 de outubro Mantendo a fé

“Alcançamos a força ilimitada que nos proporcionam a oração


diária e a rendição, enquanto mantivermos a fé e a renovarmos ”.

Texto Básico, p. 49

A recuperação compõe-se de duas partes: ficar limpo e se manter limpo. Ficar


limpo é relativamente fácil, porque só temos de fazer uma vez. Manter-se limpo é mais
difícil, exigindo atenção todos os dias de nossas vidas. Entretanto, ambas extraem seu
poder da fé.
Ficamos limpos pela fé. Admitimos que a adicção era mais poderosa do que nós e
paramos de tentar lutar contra ela sozinhos. Entregamos a batalha a um Poder maior do
que nós, e esse Poder Superior fez com que ficássemos limpos.
Ficamos limpos, a cada dia, da mesma maneira: pela fé. Só por hoje, nos
rendemos. A vida pode ser grande demais para tentarmos resolver com nosso próprio
poder. Quando é assim, buscamos um Poder maior do que nós. Oramos, pedindo
orientação a nosso Poder Superior e força para seguí-la. Exercitando e renovando
nossa fé diariamente, nos conectamos com os recursos de que precisamos para viver
vidas limpas e plenas.
Existe uma força ilimitada disponível para nós, sempre que precisamos dela. Para
alcançá-la, tudo o que temos de fazer é manter a fé no Poder Superior que nos fez ficar
limpos e nos mantém limpo.

Só por hoje: A fé fez com que eu ficasse limpo, e a fé me manterá limpo. Hoje, eu
manterei a fé em meu Poder Superior. Renovarei minha rendição e pedirei sabedoria e
força.
Perdendo a teimosia 3 de outubro

“Nossos egos, antes tão grandes e dominadores, agora ficam em segundo


plano, pois estamos em harmonia com um Deus amoroso. Descobrimos
que vivemos vidas mais ricas, felizes e plenas, quando perdemos a teimosia “.

Texto Básico, p. 115


A adicção e a teimosia andam de mãos dadas. A perda de controle que


admitimos no Primeiro Passo era um produto tanto de nossa teimosia quanto de nosso
crônico abuso de drogas. E, hoje, viver na teimosia poderá tornar nossas vidas tão
incontrolável quanto eram quando estávamos usando. Quando nossas idéias, nossos
desejos e nossas exigências assumem um lugar principal em nossas vidas, nos
descobrimos em constante conflito com todos e tudo à nossa volta.
A teimosia reflete nossa dependência do ego. A única coisa que nos livrará da
teimosia e do conflito que ela gera em nossas vidas é quebrar nossa dependência do
ego,e, em vez disso, vir a depender da orientação e poder que nos são oferecidos por
um Deus amoroso.
Ao tomar nossas decisões, aprendemos a consultar princípios espirituais, não
nossos desejos egoístas. Aprendemos a buscar orientação de um Poder Superior, um
Poder com uma visão mais ampla que a nossa. Ao fazer isso, descobrimos nossas vidas
se mesclando cada vez mais facilmente com a ordem das coisas à nossa volta. Não
mais nos excluímos do fluxo da vida: nos tornamos uma parte dela e descobrimos a
plenitude que a recuperação tem a oferecer.

Só por hoje: Eu busco libertação do ego e dos conflitos gerados pela teimosia.
Tentarei melhorar meu contato consciente com o Deus da minha compreensão,
buscando a orientação e o poder de que preciso para viver em harmonia com meu
mundo.
4 de outubro A maravilha dos trinta dias

“Quando começamos a apreciar o alívio de nossa adicção,


corremos o risco de assumir novamente o controle das nossa
vidas. Esquecemos a agonia e a dor que conhecemos”.

Texto Básico, p. 54

Muitos de nós viveram “a maravilha dos trinta dias”. Estávamos desesperados e


morrendo quando chegamos em nossa primeira reunião de NA. Nos identificamos com
os adictos que encontramos e com a mensagem que eles partilharam. Com o apoio
deles, finalmente fomos capazes de parar de usar e respirar aliviados. Pela primeira
vez, depois de muito tempo, nos sentimos em casa. Da noite para o dia, nossas vidas se
transformaram: andamos, falamos, comemos, bebemos, dormimos e sonhamos
Narcóticos Anônimos.
Depois, Narcóticos Anônimos deixou de ser novidade. As reuniões que tinham
sido uma sensação se tornaram monótonas.Nossos amigos maravilhosos de NA se
tornaram chatos; suas palavras construtivas de NA, uma bobagem. Quando nossas
antigas companhias nos ligaram para nos convidar de volta para um pouco da velha
diversão, demos adeus à nossa recuperação.
Mais cedo ou mais tarde, retornamos às salas de Narcóticos Anônimos.
Descobrimos que nada tinha mudado lá fora – nem nós, nem nossas companhias, nem
as drogas, nem coisa alguma. Se algo mudou, foi para pior.
É verdade, as reuniões podem não ser um mar de diversões, e nossos amigos de
NA podem não ser gigantes espirituais. Mas existe um poder nas reuniões, um vínculo
comum entre os membros, uma vida no programa, sem a qual não podemos passar.
Hoje, nossa recuperação é mais do que apenas uma moda passageira – é uma maneira
de viver. Vamos viver o programa como se nossas vidas dependessem disso, porque
dependem.

Só por hoje: Eu não sou nenhuma “maravilha dos trinta dias”.O caminho de NA é
minha maneira de viver, e estou aqui para continuar.
Peça por misericórdia, não justiça 5 de outubro

“Muitos de nós têm dificuldade de admitir que prejudicaram


outras pessoas, pois julgavam-se vítimas da sua adicção “.

Texto Básico, p. 41

Nossas vidas estão progredindo muito bem. As coisas vão indo bem, e cada ano
em recuperação nos traz mais dádivas materiais e espirituais. Podemos ter algum
dinheiro no banco, um carro novo ou um relacionamento assumido. Temos alguma
autoconfiança e nossa fé num Poder Superior está crescendo.
Então, algo acontece. Alguém arromba nosso carro e furta o som, ou a pessoa
com quem estamos nos relacionando se torna infiel. Imediatamente nos sentimos
vítimas e lamentamos: “Onde está a justiça?” Mas, se fizermos uma retrospectiva de
nosso próprio comportamento, poderemos descobrir que já fomos culpados de fazer o
que acaba de ser feito conosco. Compreendemos que não iríamos realmente quere
justiça – nem para nós nem para os outros. O que queremos é misericórdia.
Agradecemos a um Deus amoroso pela compaixão que nos foi mostrada e
aproveitamos o momento para apreciar todas as dádivas preciosas que a recuperação
traz.

Só por hoje: Eu pedirei misericórdia, não justiça. Sou grato pela compaixão que me
foi mostrada e oferecerei misericórdia aos outros.
6 de outubro Reparações sem expectativas

“Projetar as reparações propriamente ditas pode ser um obstáculo maior,


tanto para se fazer à lista, como para se dispor a fazer reparações”.

Texto Básico, p. 42

O oitavo Passo nos pede que nos tornemos dispostos a fazer reparações a todas as
pessoas que prejudicamos. À medida que nos aproximamos deste passo, podemos ficar
imaginando qual será o resultado de nossas reparações. Seremos perdoados? Aliviados
de quaisquer sentimentos de culpa pendentes? Ou seremos condenados e repreendidos
pelas pessoas que prejudicamos?
Se esperamos receber os benefícios espirituais do Oitavo e Nono Passos, devemos
renunciar à nossa tendência de buscar o perdão. Se abordamos esses passos esperando
alguma coisa, é provável que fiquemos bem desapontados com os resultados.
Devemos perguntar a nós mesmos se estamos depositando nossas esperanças em obter
o perdão da pessoa a quem estamos fazendo reparação. Ou talvez esperemos ser
perdoados de nossa dívida por algum credor simpatizante, levado às lágrimas por
nossa história de má sorte.
Precisamos estar dispostos a fazer nossas reparações sem levar em conta a
conseqüência. Podemos planejar as reparações, mas não podemos planejar os
resultados. Embora seja possível que todas as pessoas a quem devemos reparações não
nos concedam um pleno perdão, aprendemos a perdoar a nós mesmos. No processo,
descobriremos que não temos mais que carregar o peso do passado.

Só por hoje: Eu abrirei mão de quaisquer expectativas que tenho em relação às


pessoas a quem devo reparações.
Dependendo de nosso Poder Superior 7 de outubro

“Como adictos em recuperação, descobrimos que ainda somos dependentes, mas


transferimos a nossa dependência das coisas à nossa volta para um Deus
amoroso e a força interior que conseguimos no nosso relacionamento com Ele “.

Texto Básico, p. 77

Para muitos adictos, a rebeldia é uma segunda natureza. Não queríamos


depender de Deus. A beleza de usar, pensávamos, era que isso nos dava o poder para
ser e sentir qualquer coisa que queríamos, tudo sozinhos. Mas o preço que pagamos
por essa liberdade ilusória foi uma dependência além de nossos piores pesadelos. Em
vez de nos libertar, usar nos escravizou.
Quando chegamos a Narcóticos Anônimos, aprendemos que depender de Deus
não precisava significar o que podíamos ter pensado que significava. Sim, se
queríamos ser devolvidos à sanidade, precisaríamos entrar em contato com um “Poder
maior do que nós”. No entanto, podíamos até mesmo criar um. Descobrimos que a
dependência de um Poder Superior não nos limitaria; nos libertaria.
O Poder que encontramos na recuperação é o poder que faltava em nós mesmos.
É o amor dos outros, do qual tanto tínhamos medo de depender. É o senso de direção
pessoal que nunca tivemos, a orientação que nunca pedimos por falta de humildade ou
de confiança para receber dos outros. São todas estas coisas e são nossas. Hoje somos
gratos por ter um Poder Superior do qual dependemos.

Só por hoje: Eu dependerei do amor e da força interior que retiro do Deus de minha
compreensão.
8 de outubro Um novo padrão de viver

“Se não usarmos o que temos, provavelmente perderemos”.

Texto Básico, p. 85

A adicção deu um padrão a nossas vidas e, com isso, um significado – escuro e


doentio, com certeza, mas apesar disso, um significado. O programa de recuperação de
Narcóticos Anônimos nos dá um novo padrão de viver para substituir nossas velhas
rotinas. E junto com esse novo padrão vem um novo significado para nossas vidas, um
significado de luz e de esperança.
O que é esse novo padrão de viver? Em vez de isolamento, encontramos
irmandade. Em vez de viver cegamente, repetindo sempre os mesmos erros,
examinamos a nós mesmos regularmente, livres para manter o que nos ajuda a crescer
e jogar fora o que nos atrapalha. Em vez de tentar constantemente levar a vida com
nosso próprio poder limitado, desenvolvemos um contato consciente com um Poder
amoroso maior do que nós.
Nossa vida deve ter um padrão. Para manter nossa recuperação, devemos manter
os novos padrões que nosso programa tem nos ensinado. Dando atenção regular a
esses padrões, manteremos a liberdade que temos encontrado em face da doença
mortal da adicção e conservamos o significado que a recuperação tem trazido a nossas
vidas.

Só por hoje: Eu começarei um novo padrão em minha vida: a manutenção regular de


minha recuperação.
Ordem 9 de outubro

“Salientamos a importância de arrumarmos a casa, pois isto nos traz alívio”.

Texto Básico, p. 105


Focalizar o que os outros estão fazendo pode nos proporcionar alívio


momentâneo de não ter que olhar para nós mesmos. Mas um dos segredos de sucesso
em Narcóticos Anônimos é certificar-se de que nossa própria casa está em ordem.
Então, de qualquer modo, o que significa “colocar nossa casa em ordem”?
Significa que trabalhamos os passos, nos permitindo olhar para o papel que
desempenhamos em nossos relacionamentos. Quando temos um problema com
alguém, podemos fazer nosso próprio inventário para descobrir qual tem sido nossa
participação no problema. Com ajuda de nosso padrinho/madrinha, nos empenhamos
para resolvê-lo. Então, a cada dia, continuamos a fazer nosso inventário para evitar
repetir os mesmos erros no futuro.
É bastante simples. Tratamos os outros como gostaríamos que os outros nos
tratassem. Prontamente fazemos reparações, quando as devemos. E quando,
diariamente, entregamos nossas vidas aos cuidados de nosso Poder Superior, podemos
começar a evitar a atuação da vontade egocêntrica tão característica de nossa adicção
ativa. Guiados por um Poder que busca o melhor para todos, nosso relacionamento
com os outros certamente irá melhorar.

Só por hoje: Eu colocarei minha casa em ordem. Hoje, examinarei minha participação
nos problemas de minha vida. Se devo reparações, eu as farei.
10 de outubro Conseqüências

“Antes de ficarmos limpos, a maior parte das nossas ações eram guiadas
por impulsos. Hoje não estamos presos a este tipo de pensamentos”.

Texto Básico, p. 98

Já se sentiu tentado a fazer alguma coisa, mesmo quando sabia que os resultados
seriam desastrosos? Já pensou sobre quanto doeria fazer o que estava tentado a fazer,
seguir em frente e fazê-lo assim mesmo?
Dizem que existem conseqüências para cada ação. Antes de ficar limpos, muitos
de nós simplesmente não acreditavam nisso. Mas hoje sabemos exatamente o que isso
significa. Quando agimos, sabemos que haverá conseqüências a pagar. Não podemos
mais decidir fazer algo na ignorância, quando sabemos muito bem que não gostaremos
do preço que teremos de pagar.
Existe um prêmio e um preço. Se estivermos dispostos a pagar o preço, não há
nada de errado em agir, apesar das conseqüências, mas sempre existe um preço a
pagar.

Só por hoje: Anates de agir, eu pensarei sobre as conseqüências de minha ações.


Lentes e atitudes 11de outubro

“Nosso melhor raciocínio meteu-nos em encrencas (...) Recuperação


é uma mudança ativa nos nossas idéias e atitudes”.

Texto Básico, p. 59

Durante a adicção ativa, o mundo provavelmente parecia um lugar horrível.


Usar nos ajudava a tolerar o mundo que víamos. Hoje, entretanto, compreendemos que
as condições do mundo não eram realmente o problema. Eram nossas idéias e atitudes
sobre o mundo que tornava impossível, para nós, encontrar nele um lugar confortável.
Nossas atitudes e idéias são as lentes através das quais vemos nossas vidas. Se
nossas “lentes” estão manchadas ou sujas, nossas vidas parecem embaçadas. Se nossas
atitudes não estão bem focalizadas, o mundo todo aparece distorcido. Para ver o
mundo claramente, precisamos manter nossas atitudes e idéias limpas, livres de coisas
como ressentimentos, negação, autopiedade e mente fechada. Para garantir que nossa
visão de vida está em foco, temos de nivelar nossas idéias com a realidade.
Na adicção, nosso melhor raciocínio nos impedia de ver claramente o mundo ou
nosso papel nele. A recuperação serve para corrigir a graduação da lente de nossa
atitude. Despindo-nos de nossa negação e a substituindo pela fé, honestidade consigo
mesmo, humildade e responsabilidade, os passos nos ajudam a ver a vida de uma
maneira inteiramente nova. Depois os passos nos ajudam a manter limpas as nossas
lentes espirituais, nos encorajando a examinar regularmente nossas idéias, atitudes e
ações.
Hoje, visto através das lentes limpas da fé e da recuperação, o mundo parece um
lugar quente e convidativo para viver.

Só por hoje: Eu verei o mundo e minha vida através das lentes limpas e espirituais de
meu programa.
12 de outubro Estar certo

“Quando admitimos que nossas vidas se tornaram incontroláveis, não temos que
discutir o nosso ponto de vista (...) Já não temos que estar sempre com a razão”.

Texto Básico, p. 63

Nada nos isola mais rapidamente do calor e da camaradagem dos companheiros


membros de NA do que ter que estar “certo”. Inseguros, fingimos ser uma espécie de
figura autoritária. Sofrendo de baixa auto-estima, tentamos nos erguer colocando os
outros para baixo. Na melhor das hipóteses, essas táticas afastam os outros de nós; na
pior das hipóteses, provocam ataques. Quanto mais tentamos impressionar os outros
mostrando como estamos “certos”, mais errado nos tornamos.
Não precisamos estar “certos” para sermos seguros; não precisamos fingir que
temos todas as respostas para os outros nos amarem ou respeitarem. De fato, somente
o oposto é verdade. Nenhum de nós tem todas as respostas. Dependemos uns dos
outros para ajudar a preencher os vazios de nossa compreensão das coisas e
dependemos de um Poder maior do que o nosso para compensar nossa impotência
pessoal. Vivemos mais facilmente com os outros quando oferecemos o que sabemos,
admitimos o que não sabemos e buscamos aprender com nossos semelhantes. Vivemos
seguros de nós mesmos quando deixamos de contar com o nosso próprio poder e
começamos a contar com o Deus que viemos a compreender em recuperação.
Não precisamos estar “certos” o tempo todo, precisamos apenas estar em
recuperação.

Só por hoje: Deus, eu admito minha impotência e a falta de controle da minha vida.
Ajude-me a viver com os outros como um igual, dependente de Você para direção e
força.
Fazer uma diferença 13de outubro

“Não existem palavras para descrever o sentimento de consciência espiritual


que recebemos quando damos algo, por menor que seja, a outra pessoa”.

Texto Básico, p. 114


Às vezes, parece que existe tanta coisa errada com o mundo, que poderíamos
também nos esquecer de tentar mudar algo. “Afinal de contas”, pensamos, “o que
posso fazer no mundo? Sou apenas uma pessoa”. Se nossas preocupações são tão
amplas que desejamos a paz mundial ou tão pessoais que simplesmente queremos que
a recuperação esteja disponível para todo adicto que a deseje, a tarefa parece
dominadora. “Tanto trabalho para fazer, tão pouco tempo”, suspiramos, às vezes,
pensando se jamais faremos algo de bom.
Surpreendentemente, a menor das contribuições pode fazer a maior diferença.
Ganhar mais da vida do que uma existência ordinária e penosa requer muito pouco
esforço de nossa parte. Somos transformados pela profunda satisfação que
experimentamos quando elevamos o estado de espírito de apenas uma pessoa. Quando
sorrimos para alguém que está carrancudo, quando deixamos alguém ir na nossa frente
na rodovia, quando ligamos para um recém chegado apenas para dizer que nos
importamos, entramos no reino do extraordinário.
Quer mudar o mundo? Comece hoje à noite com o adicto que está sentado a seu
lado e depois imagine seu ato de bondade multiplicado. Uma pessoa de cada vez, cada
um de nós faz uma diferença.

Só por hoje: Um ato de bondade não me custa nada, mas é inestimável para quem o
recebe. Hoje, eu serei gentil com alguém.
14 de outubro O fim da solidão

“Com o amor que me mostram em Narcóticos


Anônimos, não tenho desculpas para a solidão”.

Basic Text, p. 262*

A adicção é uma doença solitária. Podemos estar cercados de gente, porém, mais
cedo ou mais tarde, nossa adicção cria um fosso entre nós e as pessoas de quem mais
gostamos. Muitos de nós somos impulsionados a procurar Narcóticos Anônimos por
uma solidão desesperadora.
Embora possamos nos aproximar das salas de NA com cautela e desconfiança,
somos bem recebidos com um abraço, um sorriso e um caloroso “continue voltando”.
Este poderá ser o primeiro lugar em que nos sentimos bem-vindos, há muito, muito
tempo. Observamos os outros membros conversando e rindo, saindo da reunião em
grupo para conversar mais na lanchonete local. Ficamos imaginando se nós também
poderíamos fazer parte dessa turma amorosa.
Nosso padrão de isolamento pode tornar difícil para nós nos unirmos a eles. Com o
tempo, entretanto, começamos a nos sentir “parte de”, em vez de “à parte de”. Logo,
quando entramos nas salas, nos sentimos em casa. Começamos a fazer amigos e nossas
vidas começam a mudar.
NA nos ensina como superar nosso isolamento. Através de nossas primeiras
tentativas de amizades formadas em nosso grupo de escolha, começamos a descobrir
que fazer amigos não é difícil. Uma sensação de fazer parte surge quando partilhamos
com os outros.

Só por hoje: Eu sou grato peças amizades que meu Poder Superior me deu em NA.
Graças a elas, não estou mais sozinho.

*N.T. Esta página refere-se ao Livro 2 do Texto básico em inglês.


Escolhas 15 de outubro

“Não escolhemos nos tornar adicto”.

Texto Básico, p. 3

Quando estávamos crescendo, todos nós tínhamos sonhos. Toda criança ouviu
um parente ou um vizinho perguntar: “O que você quer ser quando crescer?” Mesmo
se alguns de nós não tinham elaborado sonhos de sucesso, a maioria de nós sonhava
com trabalho, família e um futuro de dignidade e respeito. Mas ninguém perguntou:
“Você quer ser um drogadicto quando crescer?”
Não escolhemos nos tornar adictos e não podemos escolher deixar de ser
adictos. Temos a doença da adicção. Não somos responsáveis por tê-la, mas somos
responsáveis por nossa recuperação. Tendo aprendido que somos pessoas doentes e
que existe um caminho de recuperação, podemos parar de ficar culpando as
circunstâncias – ou a nós mesmos – e começar a viver a solução. Não escolhemos a
adicção, mas podemos escolher a recuperação.

Só por hoje: Eu escolho a recuperação.


16 de outubro A mais simples oração

“(...) rogando apenas o conhecimento de Sua vontade


em relação a nós e o poder de realizar esta vontade”.

Passo Onze

Como oramos? Com pouca experiência, muito de nós não sabem nem como
começar. O processo, entretanto, não é nem difícil nem complicado.
Chegamos a Narcóticos Anônimos por causa de nossa adicção às drogas. Mas, por
trás disso, muitos de nós sentíamos uma profunda sensação de espanto com a própria
vida. Parecíamos perdidos, vagando por um deserto sem rumo, sem ninguém para nos
guiar. A oração é um meio para obter uma direção na vida e o poder para seguir essa
direção.
Como a oração desempenha um papel tão importante na recuperação de NA,
muitos de nós reservam um tempo específico todos os dias para orar, estabelecendo
um padrão. Neste tempo sossegado, “conversamos” com nosso Poder Superior,
silenciosamente ou em voz alta. Perguntamos: “O que Você quer que eu faça?” Ao
mesmo tempo, pedimos: “Por favor, conceda-me o poder de realizar Sua vontade”.
Aprender a orar é simples. Pedimos o “conhecimento de Sua vontade em relação a
nós e o poder para realizar esta vontade”. Fazendo isso, encontramos a direção que nos
faltava e a força que precisamos para realizar a vontade de nosso Deus.

Só por hoje: Eu reservarei um tempo sossegado para “conversar” com meu Poder
Superior. Pedirei direção desse Poder e capacidade para agir de acordo com ela.
”A Verdade” 17 de outubro

“Tudo o que conhecemos está sujeito à revisão,


especialmente o que sabemos sobre a verdade”.

Texto Básico, p. 102


Muitos de nós pensávamos que podíamos reconhecer “A Verdade”.


Acreditávamos que a verdade era algo certo e imutável, que podíamos compreender
facilmente e sem questionamentos. A verdade autêntica, no entanto, era que
freqüentemente não podíamos enxergar a verdade – de fato, o que “sabíamos” a
respeito da verdade quase nos matou. Antes de poder começar a reconhecer a verdade,
tivemos que mudar nossa fidelidade a adicção por nossa fidelidade a um Poder
Superior, fonte de tudo que é bom e verdadeiro.
A verdade mudou, à medida que nossa fé num Poder Superior cresceu. Ao
trabalhar os passos, nossas vidas por inteiro começaram a mudar, através do poder da
cura dos princípios da recuperação. Para abrir a porta a essa mudança, tivemos de abrir
mão de nosso apego a uma verdade rígida e imutável.
A verdade se torna mais pura e mais simples cada vez que a encontramos. E
assim como os passos funcionam em nossas vidas todo dia – se nós o permitimos –,
nossa compreensão da verdade poderá mudar a cada dia, à medida que crescemos.

Só por hoje: Eu abrirei meus olhos e meu coração às mudanças causadas pelos passos.
Hoje, com uma mente aberta, posso entender a verdade em minha vida.
18 de outubro Todos pertencemos

“Embora ‘dois bicudos não se beijem’, como diz


o ditado, foi a adicção que nos uniu”.

Texto Básico, p. 95

Que mistura de gente em Narcóticos Anônimos! Em qualquer reunião, seja a noite


que for, encontraremos uma variedade de pessoas que provavelmente nunca teriam se
reunido numa mesma sala, se não fosse pela doença da adicção.
Certo companheiro, que é médico, descreveu sua falta de vontade em se identificar
em sua primeira reunião, recusando-se a entrar “naquela sala cheia de viciados”. E
uma companheira, com uma extensa experiência em cadeias e instituições, partilhou
uma história semelhante, apenas que seu choque e surpresa derivavam da constatação
de que “havia gente legal por lá – até mesmo vestindo ternos!” Estes dois amigos
recentemente celebraram seu sétimo aniversário de casamento.

As pessoas mais diferentes formam amizades, apadrinham umas às outras e


prestam serviço juntas. Nos encontramos juntos nas salas de recuperação, partilhando
os laços do sofrimento passado e a esperança pelo futuro. Nos encontramos numa base
mútua, com nosso foco nas duas coisas que todos temos em comum – adicção e
recuperação.

Só por hoje: Não importam quais sejam minhas características pessoais, eu pertenço.
Ter objetivos 19 de outubro

“(...) podíamos sentir o tempo, tocar a realidade e reconhecer os


valores espirituais, há muito, perdidos para a maioria de nós”.

Texto Básico, p. 96

Em nossa adicção ativa, éramos capazes de comprometer tudo em que


acreditávamos só para conseguir mais drogas. Quando roubávamos de nossas famílias,
nos vendíamos ou mentíamos para nossos patrões, estávamos ignorando valores muito
importantes para nós. Cada vez que comprometíamos outra das queridas crenças que
conservávamos, mais um pedaço da argamassa que mantinha unido nosso caráter
vinha abaixo. Na hora em que muitos de nós chegaram a nossa primeira reunião, nada
restava a não ser a ruína do que havíamos sido.
Quando realizarmos honestamente um primeiro exame de nós mesmos,
localizaremos nossos valores perdidos. Mas, para reconstruirmos nossos caracteres,
acharemos necessário manter esses valores, não importa quão grande seja a tentação
de colocá-los de lado. Necessitaremos ser honestos, mesmo quando pensamos que
podemos mentir para enganar todos à nossa volta. Se ignorarmos nossos valores,
descobriremos que as maiores mentiras que contamos foram aquelas que contamos
para nós mesmos.
Não queremos começar a demolir nossos espíritos novamente, depois de todo o
trabalho que tivemos em sua restauração. É essencial que tenhamos objetivos, ou
correremos o risco de ficar a ver navios. Respeitamos tudo aquilo que achamos
importantes para nós.

Só por hoje: Eu tenho objetivos. Minha força é o resultado de viver meus valores.
20 de outubro Liberdade para escolher

“A moralidade forçada não tem o poder que vem a


nós quando escolhemos uma vida espiritual”.

Texto Básico, p. 49

Em nossa adicção ativa, muitos de nós vivíamos nossas vidas por omissão. Não
estávamos dispostos ou éramos incapazes de fazer escolhas sobre como queríamos
agir, o que preferíamos fazer ou mesmo sobre onde iríamos viver. Permitíamos às
drogas ou às outras pessoas que tomassem as mais básicas decisões por nós. Estar
livres da adicção ativa significa, entre outras coisas, a liberdade de fazer essas escolhas
por nós mesmos.
Liberdade de escolha é uma dádiva maravilhosa, mas também é uma grande
responsabilidade. A escolha nos permite descobrir quem somos e em que acreditamos.
No entanto, ao exercê-la, somos requisitados a medir nossas próprias escolhas e a
aceitar as conseqüências. Isto leva alguns de nós a buscar alguém que fará nossas
escolhas – padrinho ou madrinha, grupo de escolha, amigos de NA –, da mesma
maneira que quando estávamos usando, nossa doença fazia escolhas por nós. Isto não
é recuperação.
Buscar a experiência dos outros é uma coisa; abdicar de responsabilidade pessoa é
outra coisa. Se não utilizamos a dádiva da liberdade que nos foi dada e se nos
recusamos a aceitar a responsabilidade decorrente dela, perderemos essa dádiva e
nossas vidas ficarão diminuídas. Somos responsáveis por nossa própria recuperação e
nossas próprias escolhas. Por mais difícil que possa parecer, temos que fazer essas
escolhas por conta própria e estarmos dispostos a aceitar as conseqüências.

Só por hoje: Eu sou grata pela liberdade de viver como escolhi. Hoje, aceitarei a
responsabilidade por minha recuperação, farei minhas próprias escolhas e aceitarei as
conseqüências.
A vontade de Deus hoje 21 de outubro

“Esta decisão exige uma aceitação contínua, fé sempre


crescente e um comportamento diário com a recuperação”.

IP Nº 14, “A experiência de adicto...”

Algumas vezes vivemos realmente o Terceiro Passo – e é ótimo! Não nos


arrependemos do passado, não temos medo do futuro e, em geral, estamos satisfeitos
com o presente. Outras vezes, no entanto, perdemos nossa visão da vontade de Deus
em nossas vidas.
Muitos de nós sonhamos em apagar os erros de nosso passado, mas o passado
não pode ser apagado. Muitos de nós agradecemos por ser assim, pois nossas
experiências do passado nos trouxeram à recuperação que desfrutamos hoje. Com a
prática do programa, podemos aprender a aceitar o passado e nos reconciliar com ele,
reparando nossos erros. Os mesmos Doze Passos podem ajudar a eliminar nossas
preocupações com o futuro. Quando praticamos diariamente os princípios de NA em
todos os nossos afazeres, podemos deixar os resultados nas mãos do nosso Poder
Superior.
Aparentemente nossos membros que têm mais fé são aqueles que estão mais
bem preparados para viver no momento presente. Alegria, valorização e gratidão pela
qualidade de vida – estes são o resultado de ter fé na vida. Quando praticamos os
princípios de nosso programa, hoje é o único dia que precisamos.

Só por hoje: Eu farei o máximo, hoje, e confiarei que o ontem e o amanhã estão sob
os cuidados de Deus.
22 de outubro Olhe quem está falando

“Nossa doença é tão traiçoeira que pode


nos meter em situações impossíveis”.

Texto Básico, p. 91

Alguns de nós dizem: “Minha doença está falando comigo”. Outros dizem:
“Minha cabeça não pára”. Ainda há outros que se referem ao “barulho em minha
mente” ou “o macaco em minhas costas”. Vamos encarar isso. Sofremos de uma
doença incurável que continua a nos afetar, mesmo em recuperação. Nossa doença nos
fornece informação distorcida sobre o que está acontecendo em nossas vidas. Ela nos
diz para não olhar para nós mesmos, porque o que veremos é muito assustador. Às
vezes, ela nos diz que não somos responsáveis por nós mesmos e nossas ações; outras
vezes nos diz que tudo que há de errado com o mundo é culpa nossa. Nossa doença
nos engana e nos leva a acreditar nisso.
O Programa de NA nos proporciona muitas vozes que contrabalançam nossa
dicção, vozes em que podemos confiar. Podemos ligar para nosso padrinho ou
madrinha para um teste de realidade. Podemos escutar a voz de um adicto tentando
ficar limpo. A solução derradeira é trabalhar os passos e recorrer à força de um Poder
Superior. Isto fará com que atravessemos aqueles tempos em que “nossa doença está
falando”.

Só por hoje: Eu ignorarei a “voz” de minha adicção. Escutarei a voz de meu programa
e de um Poder maior do que eu.
Rendição 23 de outubro

“Deixando de controlar, ganhamos um poder


muitíssimo maior através da rendição”.

Texto Básico, p. 48

Quando estávamos usando, fazíamos tudo que podíamos para que as coisas
corressem de nosso modo. Utilizávamos todos os esquemas imagináveis para controlar
nosso mundo. Quando conseguíamos o que queríamos, nos sentíamos poderosos,
invencíveis; quando não, nos sentíamos vulneráveis, derrotados. Mas isso não nos
deteve – apenas levou a mais esforços para controlar e manipular nossas vidas,
tornando-as administráveis.
Tramar era nossa maneira de negar nossa impotência. Enquanto pudéssemos
nos distrair com nossos planos, podíamos adiar a aceitação de que estávamos fora de
controle. Apenas gradualmente percebemos que nossas vidas tinham se tornado
incontroláveis e que todas as tramóias e manipulações do mundo não iriam colocá-las
novamente em ordem.
Quando admitimos nossa impotência, paramos de tentar controlar e administrar
nosso caminho para uma vida melhor – nós nos rendemos. Carentes de um poder
próprio suficiente, buscamos um Poder maior do que nós; precisamos de apoio e
orientação, pedimos a esse Poder que cuide de nossa vontade e de nossas vidas.
Pedimos a outros em recuperação que partilhem sua experiência de viver o Programa
de NA, em vez de tentar programar nossas próprias vidas. O poder e a orientação que
buscamos estão à nossa volta; precisamos apenas nos afastar do eu para encontrá-los.

Só por hoje: Eu não tentarei tramar e manipular meu caminho para uma vida
administrável. Através do Programa de NA, me renderei aos cuidados de meu Poder
Superior.
24 de outubro Responsabilidade

“Não somos responsáveis pela nossa doença, apenas pela nossa


recuperação. À medida que começamos a aplicar o que
aprendemos, nossas vidas começam a mudar para melhor”.

Texto Básico, p. 99

Quando mais avançamos em recuperação, menos evitamos a responsabilidade por


nós mesmos e nossas ações. Aplicando os princípios do Programa de Narcóticos
Anônimos, somos capazes de mudar nossas vidas. Nossa existência adquire novo
significado quando aceitamos a responsabilidade e a liberdade de escolha que a
responsabilidade implica. Não tomamos a recuperação como garantida.
Assumimos a responsabilidade por nossa recuperação trabalhando os Doze Passos
com um padrinho/madrinha. Vamos às reuniões regularmente e partilhamos com o
recém chegado o que nos foi dado livremente: a dádiva da recuperação. Nos
envolvemos com nosso grupo de escolha e aceitamos a responsabilidade de nossa parte
em partilhar a recuperação com o adicto que ainda sofre. À medida que aprendemos
como partilhar efetivamente os princípios espirituais em todas as áreas de nossas
vidas, a qualidade de nossas vidas melhora.

Só por hoje: Utilizando as ferramentas espirituais que tenho ganho em recuperação,


tenho vontade e sou capaz de fazer escolhas responsáveis.
Princípios acima de personalidades 25 de outubro

“O anonimato é o alicerce espiritual de todas as nossas Tradições,


lembrando-nos sempre de colocar princípios acima de personalidades”.

Tradição Doze

“Princípios acima de personalidades”; Muitos de nós entoam estas palavras


junto com quem está lendo, sempre que as Doze Tradições são lidas. O fato de que
estas palavras se tornaram um tipo de clichê não faz com que sejam nem um pouco
menos importantes, quer no serviço, quer em nossas vidas. Estas palavras são uma
afirmação: “Escutamos nossa consciência e fazemos o que é certo, não importa de
quem esteja envolvido”.E este princípio serve como uma das pedras fundamentais da
recuperação tanto quanto nossas tradições.
O que é que “princípios acima de personalidades” realmente quer dizer?
Significa que praticamos honestidade, humildade, compaixão, tolerância e paciência
com todos, quer gostemos deles ou não. Colocar princípios acima de personalidades
nos ensina a tratar todos igualmente. O Décimo-Segundo Passo nos sugere praticar os
princípios em todas as nossas atividades; a Décima-Segunda Tradição sugere que os
apliquemos em nossos relacionamentos com todos.
Praticar os princípios não se limita a nossos amigos ou à saída de uma reunião.
É para todo dia, para todos... em todas as áreas das nossas vidas.

Só por hoje: Eu escutarei minha consciência e farei o que é certo. Meu foco será em
princípios, não na personalidade das pessoas.
26 de outubro O caminho para a auto-aceitação

“A aplicação dos Doze Passos da recuperação é o meio


mais eficaz para alcançar a auto-aceitação”.

IP Nº 19, “Auto-aceitação”

Nossa adicção em sido uma fonte de vergonha para muitos de nós. Nos
escondemos dos outros, certos de que, se alguém viesse a conhecer quem realmente
éramos, essa pessoa nos rejeitaria. NA nos ajuda a aprender a auto-aceitação.
Muitos de nós encontram uma grande dose de alívio apenas comparecendo às
reuniões, ouvindo os companheiros adictos partilhando suas histórias e descobrindo
que outros têm sentido o mesmo que sentimos em relação a nós mesmos. Quando os
outros partilham honestamente conosco quem eles são, sentimos-nos livres para fazer
o mesmo. À medida que aprendemos a contar a verdade a nosso respeito, aprendemos
a nos aceitar.
No entanto, revelar-se é apenas o começo. Uma vez que partilhamos as coisas que
nos deixam incomodados em relação a nossas vidas, precisamos encontrar uma nova
maneira de viver – e é aí que entram os passos. Desenvolvemos o conceito de um
Poder Superior. Fazemos um inventário detalhado de nossas vidas e discutimos com
nosso padrinho/madrinha. Pedimos ao Deus de nossa compreensão que remova nossos
defeitos de caráter e imperfeições que são a fonte de nossos problemas. Assumimos a
responsabilidade pelas coisas que fizemos e fazemos reparações por elas. E
incorporamos todas estas disciplinas em nossas vidas diárias, “praticando estes
princípios em todas as nossas atividades”.
Trabalhando os passos, podemos nos tornar pessoas que estimamos ser. Podemos
contar livremente a verdade a respeito de nós mesmos, pois não temos nada a
esconder.

Só por hoje: Eu trilharei o caminho da auto-aceitação. Eu me mostrarei, contarei a


verdade e trabalharei os passos.
Vivendo o presente 27 de outubro

“Queremos encarar nosso passado de frente, vê-lo como ele


realmente foi e libertá-lo para se podermos viver o hoje”.

Texto Básico, p. 31

Para muitos de nós, o passado é como um sonho ruim. Nossas vidas já não são
mais as mesmas, mas ainda temos memórias emocionais, ocasionais e altamente
carregadas de um passado realmente desconfortável. A culpa, o medo e a raiva que
uma vez nos dominaram podem se derramar em nossas vidas, complicando nossos
esforços para mudar e crescer.
Os Doze Passos são a fórmula que nos ajuda a aprender a colocar o passado em
seu lugar. Através do Quarto e Quinto Passos, nos conscientizamos de que nosso velho
comportamento não funcionava. Pedimos a um Poder Superior que nos livre de nossas
imperfeições, no Sexto e no Sétimo Passos e começamos a ficar livre da culpa e do
medo que nos assolaram por tantos anos. No Oitavo e no Nono Passos, fazendo
reparações demonstramos aos outros que nossas vidas estão mudando. Não somos
mais controlados pelo passado. Uma vez que o passado perdeu seu controle sobre nós,
estamos livres para descobrir novas maneiras de viver, maneiras que refletem quem
verdadeiramente somos.

Só por hoje: Eu não tenho que ser controlado por meu passado. Viverei este novo dia
como a nova pessoa em que estou me transformando.
28 de outubro Atitudes

“Podemos também usar os passos para melhorar as nossas atitudes”.

Texto Básico, p. 59

Não existem dias em que tudo parece conspirar contra você? Você não passa por
épocas em que está tão ocupado, ouvindo o inventário dos outros, que mal se agüenta
em pé? E quando você se pega estourando com seu companheiro de trabalho ou com a
pessoa amada sem nenhuma razão? Quando nos encontramos nesse estado de espírito
desolador, precisamos agir.
A qualquer momento do dia, podemos reservar alguns minutos e fazer um
“inventário localizado”. Examinamos como estamos reagindo às situações exteriores e
às outras pessoas. Ao fazer isto, poderemos descobrir que obviamente estamos
sofrendo de uma antiga “atitude negativa”. Um ponto de vista negativo pode
prejudicar nossa relação com nosso Poder Superior e com as pessoas em nossas vidas.
Quando somos honestos conosco, freqüentemente descobrimos que o problema se
encontra em nós mesmos e em nossas atitudes.
Não temos controle sobre os desafios que a vida nos apresenta. O que podemos
controlar é como reagimos a esses desafios. A qualquer momento, podemos mudar
nossa atitude. A única coisa que realmente muda em Narcóticos Anônimos somos nós.
Os Doze Passos nos fornecem as ferramentas para sais do problema e encontrar a
solução.

Só por hoje: Durante o dia todo, eu vou verificar minhas atitudes. Aplicarei os passos
para melhorá-las.
Viver no agora 29 de outubro

“Viver só por hoje alivia a carga do passado e o medo do futuro”.

Texto Básico, p. 102

Pensamentos sobre como era ruim – ou podia ser – podem desgastar nossas
esperanças de recuperação. Fantasias de como era maravilhoso – ou podia ser – podem
nos desviar de agirmos no mundo real. É por isso que, Narcóticos Anônimos, falamos
de viver e nos recuperar “só por hoje”.
Em NA, sabemos que podemos mudar. Viemos a acreditar que nosso Poder
Superior pode devolver a integridade de nossas mentes e corações. Podemos lidar com
os destroços de nosso passado através dos passos. Mantendo nossa recuperação, só por
hoje, podemos evitar criar problemas no futuro.
A vida em recuperação não é fantasia. Divagações sobre como era bom usar ou
sobre como podemos ser bem sucedidos ao usar no futuro, ilusões sobre como as
coisas podiam ser ótimas, expectativas exageradas que nos preparam para
desapontamentos e recaídas – tudo isso perde o poder diante do programa. Buscamos a
vontade de Deus, não a nossa. Buscamos servir aos outros, não a nós. Nosso
egocentrismo e a importância de como as coisas poderiam ou deveriam ser ótimas
desaparecem para nós. À luz da recuperação, percebemos a diferença entre fantasia e
realidade.

Só por hoje: Eu sou grato pelos princípios da recuperação e pela nova realidade que
eles me deram.
30 de outubro Coragem

“A nossa fé recém-descoberta funciona como um


alicerce para termos coragem no futuro”.

Texto Básico, p. 104


Narcóticos Anônimos não é lugar para medrosos! Encarar a vida em seus termos,
sem uso de drogas, nem sempre é fácil. A recuperação requer mais do que trabalho
duro; ela requer uma dose gêneros de coragem.
De qualquer modo, o que é coragem? Uma rápida olhada no dicionário nos trará a
resposta. Temos coragem quando encaramos e lidamos com qualquer coisa que
pensamos ser difícil, perigosa e dolorosa, em vez de fugir dela. Coragem significa ser
valente; ter um propósito; ter força interior. Então, o que realmente é coragem?
Coragem é uma atitude, uma atitude de perseverança.
É disso que um adicto em recuperação realmente precisa – perseverança.
Assumimos esse compromisso de permanecer com nosso programa, de evitar usar, não
importa o que aconteça. Um adicto corajoso é aquele que não usa, um dia de cada vez,
aconteça o que acontecer.
E o que nos dá coragem? Um relacionamento com um Poder Superior nos dá a
força e a coragem para permanecermos limpos. Sabemos que, contanto que estejamos
sob os cuidados de nosso Deus, teremos o poder de que precisamos para lidar com a
vida nos seus próprios termos.

Só por hoje: Eu tenho um Poder Superior que cuida de mim, aconteça o que
acontecer. Sabendo disso, hoje me esforçarei para ter uma atitude corajosa.
Nosso relacionamento
com um Poder Superior 31 de outubro

“A recuperação contínua depende da nossa relação com um


Deus amoroso, que se importa conosco e que fará por
nós o que achamos impossível fazermos sozinhos”.

Texto Básico, p. 108

Trabalhar os Doze Passos de Narcóticos Anônimos nos oferece um novo


começo na vida e alguma orientação para viver no mundo. Mas os passos são mais do
que um novo começo. Quando damos o máximo de nós para trabalhar os passos
desenvolvemos um relacionamento com nosso Poder Superior pessoal.
No Terceiro Passo, decidimos permitir que um Deus amoroso influencie nossas
vidas. Muito da coragem, confiança e disposição de que precisamos para continuar
através dos passos seguintes deriva desta decisão. No Sétimo Passo, vamos ainda mais
longe, pedindo a este Poder Superior que mude nossas vidas. O Décimo Primeiro
Passo é um meio de melhorar o relacionamento.
A recuperação é um processo de crescimento e mudança no qual nossas vidas
são renovadas. Os Doze Passos são o mapa da estreada, as direções específicas que
tomamos para continuar em recuperação. Mas o apoio de que precisamos para
proceder com cada passo vem da nossa fé num Poder Superior, a crença de que tudo
ficará bem. A fé nos fornece a coragem para agir. Cada passo que trabalhamos é
apoiado por nosso relacionamento com um Deus amoroso.

Só por hoje: Eu lembrarei que a fonte de minha coragem e disposição é meu


relacionamento com meu Poder Superior.
NOVEMBRO
Despertar 1º de novembro

“Deus nos ajuda, quando ajudamos uns aos outros“.

Texto Básico, p. 57

Nossa adicção nos levou a pensar quase exclusivamente em nós mesmos.


Mesmo nossas orações – se é que orávamos – eram centradas em nós mesmos.
Pedíamos a Deus que consertasse as coisas por nós ou nos tirasse de apuros. Por que?
Porque não queríamos viver com os problemas que criávamos para nós mesmos.
Éramos inseguros. Pensávamos que a vida consistia em conseguir drogas e sempre
queríamos mais.
Em recuperação obtemos mais do que simplesmente não usar. O despertar
espiritual que experimentamos trabalhando os Doze Passos nos revela a vida que
nunca sonhamos que fosse possível. Não precisamos mais nos preocupar se haverá o
“suficiente”, porque viemos a confiar em um Poder Superior amoroso que preenche
todas as nossas necessidades diárias. Aliviados de nossa insegurança sem fim, não
mais vemos o mundo como um lugar no qual competimos com os outros para a
satisfação de nossos desejos. Ao contrário, vemos o mundo como um lugar para viver
no amor que nosso Poder Superior nos mostrou. Nossas orações não são para obter
gratificações instantâneas; e sim para ajudar a nos ajudar mutuamente.
A recuperação nos desperta do pesadelo de egocentrismo, da luta e da
insegurança que residia no centro de nossa doença. Acordamos para uma nova
realidade: tudo que vale a pena só pode ser mantido dando de graça.

Só por hoje: Meu Deus, me ajude quando eu ajudo os outros. Hoje, vou procurar
ajudar, dando de graça o amor que o Poder Superior me deu, sabendo que este é o
caminho para mantê-lo.
2 de novembro Viver com problemas não resolvidos

“Faz uma grande diferença ter amigo que se


importam quando estamos com dor ”.

Texto Básico, p. 61

A solução é simples para a maior parte de nossos problemas. Chamamos nosso


padrinho/madrinha, oramos, trabalhamos os passos ou vamos a uma reunião. Mas e
aquelas situações em que nosso fardo está aumentando e não há solução à vista?
Muitos de nós sabemos o que é viver uma situação dolorosa – um problema que
simplesmente não vai desaparecer. Para alguns de nós, o problema é uma doença
incurável que ameaça a vida. Alguns de nós temos filhos incorrigíveis. Alguns de nós
sabemos que o salário não cobre as despesas. Alguns de nós cuidamos de um amigo ou
familiar portador de uma doença crônica.
Aqueles de nós que, em algum momento, têm que viver com um problema não
resolvido sabem o alívio que vem simplesmente de falar do problema com outros
amigos em recuperação. Podemos encontrar alívio no humor. Nossos amigos podem
apiedar-se ou expressar solidariedade. Qualquer coisa que façam alivia nosso fardo.
Eles podem não ser capaz de solucionar nosso problema ou remover nossos
sentimentos dolorosos, mas o simples fato de saber que somos amados e que os outros
se importam conosco torna nossos problemas toleráveis. Nunca mais precisamos estar
sozinhos com nossa dor novamente.

Só por hoje: Aqueles problemas que não posso resolver podem se tornar toleráveis,
partilhando-os com um amigo. Hoje, eu vou conversar com alguém que se importa.
Aconteça o que acontecer 3 de novembro

“Mais cedo ou mais tarde, teremos que caminhar com as nossas próprias pernas
e encarar a vida como ela é. Por que não fazê-lo então desde o início?“.

Texto Básico, p. 97

Alguns de nós sentimos que deveríamos proteger o recém-chegado dizendo que,


enquanto antes de tudo costumava ser horrível, agora que estamos em recuperação
tudo é maravilhoso. Sentimos que poderíamos espantar alguém falando de dou ou
dificuldades, casamentos terminados, ser roubado e fatos parecidos. Em um sincero e
bem intencionado desejo de levar a mensagem, tendemos a falar enfaticamente apenas
no que vai bem em nossas vidas.
Mas a maior parte dos recém-chegados já suspeita da verdade, mesmo que
estejam limpos a poucos dias. É possível que “a vida em seus próprios termos”, para o
recém-chegado comum, seja um pouco mais estressante do que a maneira como o
companheiro mais antigo lida com seu dia-a-dia. Se conseguirmos convencer o recém-
chegado de que a vida em recuperação se torna cor-de-rosa, será melhor ter certeza de
estar presente para apoiá-lo quando algo der errado em sua vida.
Talvez apenas precisemos partilhar realisticamente o modo como usamos as
ferramentas de Narcóticos Anônimos para aceitar “a vida em seus próprios termos”,
quaisquer que possam ser estes termos. Recuperação e vida por si mesma contêm
partes iguais de dor e alegria. É importante partilhar ambas, para o recém-chegado
então saber que nós ficamos limpos, aconteça o que acontecer.

Só por hoje: Eu vou ser honesto com os recém-chegados com quem eu partilhar e vou
deixá-los saber que, aconteça o que acontecer, não precisamos mais usar drogas.
4 de novembro Troca de amor

“(...) damos amor porque ele também nos foi dado tão livremente. Novas
fronteiras se abrem para nós à medida que aprendemos a amar. O
amor pode ser o fluxo de energia vital de uma pessoa para outra.”

Texto Básico, p. 114

Amor dado e amor recebido é a própria essência da vida. É o denominador comum


universal, nos ligando àqueles que estão às nossa volta. A adicção nos privou desta
ligação, nos trancando dentro de nós mesmos.
O amor que descobrimos no Programa de NA reabriu o mundo para nós. Ele
destrancou a cela da adicção onde estávamos aprisionados. Recebemos amor de outros
membros de NA, descobrimos – talvez pela primeira vez – o que é o amor e o que ele
pode fazer. Ouvimos companheiros falando sobre partilhar amor e percebemos como
isto preenche suas vidas.
Começamos a suspeitar que, se dar e receber amor significam tanto para os outros,
talvez possam dar significado a nossas vidas também. Sentimos que estamos a ponto
de fazer uma grande descoberta, porém também sentimos que não entenderemos
completamente o significado do amor até que compartilhemos o nosso. Ao fazer isso,
descobrimos a ligação perdida entre nós mesmos e o mundo.
Hoje, percebemos que o que eles disseram era verdade: “Só podemos manter o que
temos se o compartilharmos”.

Só por hoje: A vida é uma fronteira para mim e o veículo que vou usar para explorá-la
é o amor. Eu vou dar de graça o amor que recebi.
Orientação de Deus 5 de novembro

“Nosso Poder Superior está acessível a todo o momento. Recebemos orientação,


quando pedimos o conhecimento da vontade de Deus em relação a nós“.

Texto Básico, p. 103


Não é sempre fácil tomar uma decisão certa. Isto é verdadeiramente especial
para adictos aprendendo a viver através de princípios espirituais pela primeira vez. Na
adicção, desenvolvemos impulsos autodestrutivos e anti-sociais. Nossa doença não nos
preparou pára tomar decisões sensatas.
Hoje, para achar a direção de que precisamos, pedimos a nosso Poder Superior.
Paramos; oramos; e, em silêncio, ouvimos a orientação interior. Viemos a acreditar
que podemos confiar que podemos confiar em um Poder Superior maior do que nós
mesmos. Este Poder está acessível sempre que precisamos dele. Tudo que precisamos
fazer é orar pedindo o conhecimento da vontade de nosso Deus e forças para realizá-la.
Cada vez que fazemos isto e cada vez que descobrimos direção no meio de
nossa confusão, nossa fé cresce. Quanto mais confiamos em nosso Poder Superior,
mais fácil se torna pedir esta direção. Descobrimos o Poder que estava faltando em
nossa adicção, um Poder que está disponível para nós em todos os momentos. Para
descobrir a direção de que precisamos plenamente e crescer espiritualmente, tudo o
que temos que fazer é manter contato com o Deus de nossa compreensão.

Só por hoje: Meu Poder Superior é a fonte de orientação espiritual dentro de mim que
eu sempre posso buscar. Hoje, quando eu perder a direção, vou pedir o conhecimento
da vontade de meu Poder Superior.
6 de novembro Entendendo a humanidade

“A humildade resulta de sermos mais honesto conosco.”

Texto Básico, p. 38

Humildade era uma idéia tão estranha para a maioria de nós que a ignoramos
enquanto podíamos. Quando pela primeira vez vimos a palavra “humildemente” no
Sétimo Passo, podemos ter imaginado que ela significava que tínhamos bastante
humilhação guardada. Talvez tenhamos ido ao dicionário, apenas par nos tornar ainda
mais confusos com sua definição. Não entendíamos como modéstia e subordinação se
aplicavam à recuperação.
Ser humilde não significa que somos a mais baixa forma de vida. Pelo contrário,
tornar-se humilde significa atingir uma visão realista de nós mesmos e de onde nos
situamos no mundo. Alcançamos um estado de consciência baseado na aceitação de
todos os aspectos de nós mesmos. Não recusamos nossas boas qualidades nem
exageramos nossos defeitos. Honestamente aceitamos quem somos.
Nenhum de nós irá atingir um estado de humildade perfeita. Mas certamente
podemos nos esforçar para honestamente admitir nossas imperfeições, aceirar nossas
qualidades e confiar em nosso Poder Superior como fonte de força. Humildade não
significa rastejar pelos caminhos da vida, significa apenas admitir que não podemos
nos recuperar sozinhos. Precisamos uns dos outros e, acima de tudo, precisamos do
poder de um Deus amoroso.

Só por hoje: Para ser humilde, eu vou aceitar honestamente todas as minhas facetas,
vendo meu verdadeiro lugar no mundo. Para obter a força de que preciso para ocupar
este lugar, eu vou confiar no Deus de minha compreensão.
Sentindo a vontade de Deus 7 de novembro

“Eu sinceramente acreditava que um Poder Superior


poderia devolver a minha sanidade e eu iria parar de
tentar adivinhar qual seria a vontade de Deus, apenas
aceitando as coisas como elas eram, sendo grato“.

Basic Text, p. 198*


Quanto mais tempo ficamos limpos, menor é a certeza de “saber” qual é a


vontade de nosso Poder Superior para nós – e cada dia isso importa menos. O
conhecimento da vontade de nosso Poder Superior se torna uma questão menos de
“entender” e mais de “sentir”. Ainda praticamos o Décimo-Primeiro Passo fielmente.
Mas em vez de procurar por “sinais” de nosso Poder Superior, começamos a acreditar
mais em nossa intuição, confiando em nossos sentimentos sobre o que nos fará sentir
bem.
Depois de estar limpo por alguns anos, tudo o que parecemos saber é quando
estamos agindo contra a vontade de nosso Poder Superior para nós. Quando estamos
indo contra a vontade de Deus, encontramos aquele velho e desconfortável sentimento
em nossas entranhas. Esta náusea é um aviso de que, se continuamos nesta direção,
muitas noites sem dormir nos aguardam. Precisamos prestar atenção nestes
sentimentos que são quase sempre sinais de que estamos agindo contra a vontade de
nosso Poder Superior.
Nosso Décimo-Primeiro Passo estabelece claramente o verdadeiro objetivo da
oração e da meditação: melhorar nosso contato consciente com o Deus de nossa
compreensão, trazendo o conhecimento mais claro da vontade de nosso Poder Superior
para nós e força para realizá-la. Sabemos mais claramente a vontade de Deus pelo que
sentimos, não por “sinais” ou palavras – mas pelo que nos faz sentir bem.

Só por hoje: Eu vou orar pelo conhecimento da vontade de meu Poder Superior para
mim e força para realizá-la. Vou prestar atenção a meus sentimentos e agir quando eles
me fizerem bem.
*N.T. Esta página refere-se ao Livro 2 do Texto Básico em inglês.
8 de novembro Livre da insanidade

“Acredito que seria insano pedir a alguém: Por favor,


me dê um ataque do coração ou um acidente fatal”

Texto Básico, p. 25

Ouvimos dizer, que a menos que estejamos amando, não podemos lembrar como é
o sentimento de estar apaixonado. O mesmo ocorre com a insanidade: uma vez que
estamos livres dela, esquecemos como podem ser verdadeiramente estranho nossos
pensamentos insanos. Mas, para ser gratos pelo grau de sanidade que recuperamos em
Narcóticos Anônimos, precisamos lembrar quanto estávamos mergulhados na
insanidade.
Hoje, pode ser ridículo imaginar um pensamento do tipo: “Por favor, me dê um
ataque do coração ou um acidente fatal?” Ninguém em seu juízo perfeito pediria algo
assim. Essa é a questão. Em nossa adicção ativa, nós cortejávamos doenças fatais,
degradações, desonestidade, desfalques, destruições, morte violenta e até mesmo
morte por completa estupidez. Neste contexto, a idéia de pedir por um ataque do
coração ou acidente fatal não soa tão estranha assim. Isso demonstra quanto estávamos
insanos.
A programação. O companheirismo e nosso Poder Superior – juntos – operam
milagres. O Segundo Passo não é uma esperança infrutífera – é realidade.
Reconhecendo o grau de insanidade a que chegamos, podemos desfrutar cada vez mais
deste Poder milagroso que nos resgata para a sanidade. Por isso, somos
verdadeiramente gratos.

Só por hoje: Eu terei algum tempo para lembrar quão insano eu estava durante minha
adicção ativa. Então agradecerei a meu Poder Superior a sanidade que venho
resgatando em minha vida.
Os melhores planos 9 de novembro

“Nossas ações é que são importantes. Deixemos


os resultados com nosso Poder Superior“.

Texto Básico, p. 100


Existe um velho ditado que algumas vezes ouvimos em nossas reuniões: “Se
você quer que Deus ria, faça planos”. Normalmente, quando ouvimos isto, também
rimos, mas com uma ponta de nervosismo em nosso riso. Imaginamos se todos os
nossos cuidadosos planos estão condenados ao fracasso. Se estamos planejando um
grande evento – um casamento, um retorno aos estudos ou, talvez, uma mudança de
carreira –, começamos a imaginar se nossos planos são os mesmos de nosso Poder
Superior. Somos capazes de nos preocupar tão obsessivamente com esta questão que
nos recusamos a fazer mais planos.
Mas o certo é que realmente não sabemos se os planos que o Poder Superior
traçou para nós são ou não definitivos. A maior parte de nós tem opiniões sobre
fatalidade e destino, mas, acreditando ou não nestas teorias, ainda temos a
responsabilidade de viver nossas vidas e fazer planos para o futuro. Se nos recusarmos
a aceitar responsabilidade sobre nossas vidas, mesmo assim estaremos fazendo planos
– planos para uma existência maçante e superficial.
O que fazemos em recuperação são planos, não resultados. Nunca saberemos
quando o casamento, a educação ou o novo emprego irá funcionar, antes de tentar.
Simplesmente, usamos bom senso, consultamos nossos padrinhos/madrinhas, oramos,
usamos toda informação disponível e fazemos os planos mais razoáveis que podemos.
No mais, acreditamos no cuidado amoroso do Deus de nossa compreensão, sabendo
que agimos responsavelmente.

Só por hoje: Eu vou fazer planos, mas eu não vou planejar os resultados. Eu vou
acreditar no cuidado amoroso de meu Poder Superior.
10 de novembro Medo ou fé

“Mas não importa o quanto corrêssemos”,


sempre levávamos o medo conosco”

Texto Básico, p. 16

Para muitos de nós, o medo era um fator constante em nossas vidas, antes de
chegar a Narcóticos Anônimos. Nós usávamos porque tínhamos medo de sentir a dor
física ou emocional. Nosso medo de pessoas e situações nos deu uma desculpa
conveniente para usar drogas. Alguns de nós tínhamos tanto medo de tudo que éramos
incapazes mesmo de sair de casa sem antes usar.
Ao ficar limpo, substituímos nosso medo pela crença na irmandade, nos passos e
no Poder Superior. À medida que esta crença cresce, nossa fé no milagre da
recuperação começa a colorir todos os aspectos de nossa vida. Começamos a nos ver
com outros olhos, percebemos que somos seres espirituais e nos esforçamos para viver
de acordo com os princípios espirituais.
A aplicação destes princípios espirituais ajuda a eliminar o medo de nossas vidas.
Abstendo-nos de tratar os outros de maneira prejudicial ou fora da lei, descobrimos
que não precisamos ter medo de como seremos tratados. À medida que praticamos
amor, compaixão, compreensão e paciência em nossos relacionamentos com os outros,
somos tratados com respeito e consideração. Percebemos que estas mudanças positivas
são o resultado de deixar nosso Poder Superior trabalhar em nós. Viemos a acreditar –
não a pensar, mas a acreditar – que nosso Poder Superior quer apenas o melhor para
nós. Não importam quais as circunstâncias, descobrimos que podemos caminhar dom
fé e não com medo.

Só por hoje: Eu não preciso mais seguir com medo, mas poso caminhar acreditando
que meu Poder Superior tem apenas o melhor guardado para mim.
Da rendição à aceitação 11 de novembro

“Nós nos rendemos calmamente, e deixamos o que”.


Deus, da maneira que compreendemos, cuide de nós“.

Texto Básico, p. 28

Rendição e aceitação são parecidas com paixão e amor. A paixão começa


quando encontramos alguém especial. A paixão requer apenas o reconhecimento do
objeto de nossa paixão. Para a paixão se tornar amor, entretanto, é preciso um grande
esforço. A ligação inicial deve ser lenta, pacientemente nutrida para se tornar um laço
sólido e duradouro.
Acontece o mesmo com a rendição e a aceitação. Nos rendemos quando
reconhecemos nossa impotência. Lentamente, viemos a acreditar que um Poder
Superior a nós mesmos pode nos dar o cuidado de que precisamos. A rendição se
transforma em aceitação quando deixamos este Poder entrar em nossas vidas.
Examinamos nossas vidas e deixamos nosso Deus nos ver como somos. Tendo
permitido que o Deus de nossa compreensão conhecesse nosso interior, aceitamos
mais seus cuidados. Pedimos a este Poder para nos aliviar de nossos defeitos e nos
ajudar a reparar o mal que fizemos. Então, iniciamos uma nova maneira de viver,
aumentando nosso contato e aceitando a orientação, o cuidado e a força contínuos de
nosso Poder Superior.
A rendição, assim como a paixão, pode ser o início de um longo
relacionamento. Para transformar rendição em aceitação, entretanto, temos que deixar
Deus de nossa compreensão cuida de nós a cada dia.

Só por hoje: Minha recuperação é mais paixão. Eu me rendi. Hoje, eu vou nutrir meu
contato consciente com meu Poder Superior e aceitar seu cuidado contínuo por mim.
12 de novembro Nossa própria história

“Quando contamos nossa própria história com


honestidade, alguém poderá se identificar conosco.”
Texto Básico, p. 107

Muitos de nós temos ouvido oradores verdadeiramente cativantes em convenções


de Narcóticos Anônimos. Lembramos a platéia se alternando entre lágrimas de
identificação e brincadeiras hilariantes, “Algum dia”, podemos pensar, “eu também
vou ser orador principal de uma convenção.”
Para muitos de nós este dia ainda está para chegar. Vez ou outra podemos ser
chamados para ser orador em uma reunião perto de onde moramos. Podemos falar em
uma oficina de uma pequena convenção. Mas depois de todo este tempo, nós ainda
não somos “exímios” oradores, tudo bem. Aprendemos que também temos uma
mensagem especial para partilhar, mesmo que seja uma reunião local com quinze ou
vinte adictos nos ouvindo.
Cada um de nós tem apenas sua própria história para contar. Não podemos contar
a história de mais ninguém. Toda vez que vamos partilhar, muitos de nós descobrimos
que todas as frases inteligentes e histórias engraçadas parecem desaparecer de nossas
mentes. Mas temos algo a oferecer. Levamos a mensagem de esperança – podemos e
nos recuperamos de nossa adicção. E isto basta.

Só por hoje: Eu vou lembrar que minha história honesta é o que partilho melhor.
Hoje, isto basta.
Imperfeitos 13 de novembro

“Não vamos ser perfeitos. Se fôssemos


perfeitos, não seríamos humanos“.

Texto Básico, p. 33

Todos nós tínhamos expectativas sobre nossas vidas em recuperação. Alguns de


nós pensávamos que a recuperação de repente nos daria empregos ou nos tornaria
capazes de fazer qualquer coisa que quiséssemos. OU talvez imaginássemos uma
perfeita adequação e facilidade em nossa interação com os outros. Quando paramos
para pensar, percebemos que esperávamos que a recuperação nos tornasse perfeitos.
Esperamos não continuar a cometer Eros. Mas cometemos. Não é nosso lado adicto se
mostrando; é nosso lado humano.
Em Narcóticos Anônimos nos esforçamos por recuperação, não por perfeição.
A única promessa que é feita é nos libertar da adicção ativa. Perfeição não é um
estágio atingível da natureza humana; não é um objetivo realista. O que muitas vezes
procuramos na perfeição é nos libertando do desconforto de cometer erros. Em troca
desta libertação do desconforto, perdemos nossa curiosidade, nossa flexibilidade e o
espaço para nosso crescimento.
Podemos considerar esta troca: queremos viver o resto de nossas vidas em um
pequeno mundo bem definido; salvos, mas talvez sufocados? Ou queremos nos
aventurar no desconhecido, assumir o risco e alcançar o que a vida tem a nos oferecer?

Só por hoje: Eu quero tudo que a vida tem a me oferecer e tudo que a recuperação tem
para me dar. Hoje, eu vou assumir o risco, tentar algo novo e crescer.
14 de novembro Não apenas sobrevivendo

“Quando usávamos, nossas vidas tornaram-se um exercício de sobrevivência.


Agora, estamos vivendo muito mais do que sobrevivendo.”

Texto Básico, p. 56

“Seria melhor morrer!” Um refrão familiar para um adicto na ativa, e com boas
razões. Tudo que podíamos esperar era continuar na existência miserável. Nosso apego
à vida era o mais frágil possível. Nossa decadência emocional, nossa morte espiritual e
o esmagador conhecimento de que nada mudaria eram constantes. Tínhamos pouca
esperança e nenhuma idéia da vida que estávamos jogando fora.
A restauração de nossas emoções, nossos espíritos e nossa saúde física leva tempo.
Quanto mais experiência adquirimos de viver, em vez de simplesmente existir, mais
compreendemos quão preciosa e encantadora pode ser a vida. Viajar, brincar com uma
criança, amar, expandir nossos horizontes intelectuais e nos relacionar estão entre as
inúmeras atividades que dizem: “Estou vivo”. Descobrimos muito mais para apreciar e
sentimos gratidão por ter uma segunda chance.
Se tivéssemos morrido durante nossa adicção ativa, nos privaríamos de muitas
belezas da vida. Toso dia agradecemos a um Poder maior que nós mesmos outro dia
limpo e outro dia de vida.

Só por hoje: Eu estou grato por estar vivo. Eu vou fazer algo hoje para celebrar.
Abrir mão 15 de novembro

“Tome minha vontade e minha vida. Oriente-me


na minha recuperação. Mostre-me como viver“.

Texto Básico, p. 28

Como iniciamos o processo de deixar que nosso Poder Superior oriente nossas
vidas? Quando procuramos conselho sobre situações que nos perturbam,
freqüentemente descobrimos que nosso Poder Superior trabalha através dos outros.
Quando aceitamos que não temos todas as respostas, nos abrimos para novas e
diferentes opções. A boa vontade para abrir mão de nossas opiniões e idéias
preconcebidas abre o canal para que uma orientação espiritual ilumine nosso caminho.
Às vezes temos que ser levados até nosso limite, antes de estar prontos para
entregar situações difíceis a nosso Poder Superior. Tramar ansiosamente, lutar,
planejar, preocupar-se, nada disso basta. Podemos estar certos de que, se entregarmos
nossos problemas a nosso Poder Superior, ouvindo os outros partilharem sua
experiência ou na quietude da meditação, as respostas virão.
Não há razão em viver uma existência frenética. Lutar com a vida como se a
casa estivesse pegando fogo nos exaure e não leva a lugar nenhum. A longo prazo, por
mais que manipulemos, nossa situação não mudará. Quando abrimos mão disto e nos
permitirmos ter acesso a um Poder Superior, descobriremos o melhor caminho a
seguir. Com certeza, as respostas vindas de uma base espiritual serão muito superiores
a quaisquer respostas que possamos inventar por nós mesmos.

Só por hoje: Eu vou entregar e deixar que meu Poder Superior orientar minha vida.
16 de novembro = Sozinho nunca
mais

“Aos poucos e com cuidado, saímos do isolamento e da


solidão da adicção e entramos na corrente da vida.”

Texto Básico, p. 39

Muitos de nós passaram muito tempo de sua adicção ativa sozinhos, evitando
outras pessoas – especialmente pessoas que não estavam usando – a todo custo. Depois
de anos de isolamento, tentar achar um lugar em uma animada e às vezes agitada
irmandade nem sempre é fácil. Podemos continuar nos sentindo isolados, focalizando
nossas diferenças em vez de nossas semelhanças. Os sentimentos esmagadores que
freqüentemente surgem no início da recuperação – sentimentos de medo, raiva e
desconfiança – também podem nos manter isolados. Podemos nos sentir como
estranhos, mas devemos relembrar que a alienação é nossa, não de NA.
Em Narcóticos Anônimos, nos é oferecida uma oportunidade muito especial de
amizade. Somos colocados junto com pessoas que nos entendem como ninguém.
Somos encorajados a partilhar nossos sentimentos, nossos problemas, nossos triunfos e
nossas falhas com essas pessoas. Aos poucos, o reconhecimento e a identificação que
descobrimos em NA preenchem o vazio da alienação em nossos corações. Como
temos ouvido falar – o programa funciona, se deixarmos.

Só por hoje: A amizade de outros membros da Irmandade é uma dádiva que sustenta a
vida. Eu vou buscar a amizade que é oferecida em NA e aceitá-la.
Passando pela dor 17 de novembro

“Não temos que usar nunca mais,


independente de como nos sentimos.
Todos os sentimentos acabarão passando.”

Texto Básico, p. 90

Dói como nunca doeu antes. Você sai da cama depois de uma noite de insônia,
fala com Deus e, mesmo assim, não se sente melhor. “Vai passar”, uma pequena voz
fala. “Quando?” – você se pergunta à medida que anda de um lado para o outro
resmungando e prossegue com seu dia.
Você chora em seu carro e liga o rádio a todo volume, para nem ouvir seus
próprios pensamentos. Mas você vai direto para o trabalho e nem pensa em usar
drogas.
Você está queimado por dentro. Justamente quando a dor se torna insuportável,
você fica insensível e entorpecido. Vai a uma reunião e deseja estar tão contente como
os outros membros parecem estar. Mas você não recai.
Chora mais um pouco e fala com seu padrinho/madrinha. Dirige-se para a casa
de um amigo e nem percebe a bela paisagem, pois sua paisagem interior está desolada.
Você pode não se sentir melhor depois da visita a seu amigo – mas, pelo menos, você
não foi procurar um traficante.
Você ouve um Quinto Passo. Partilha em uma reunião. Você olha o calendário e
vê que conseguiu ficar mais um dia limpo.
Então, um dia você acorda, olha para fora e se dá conta de que o dia está lindo.
O sol brilha. O céu está azul. Você respira fundo, sorri novamente e sabe que
realmente a dor passa.

Só por hoje: Não interessa como me sinto hoje, eu vou continuar em recuperação.
18 de novembro Autoconhecimento

“O Décimo Passo pode nos ajudar a corrigir nossos


problemas com a vida, e evitar que se repitam.”

Texto Básico, p. 46

Nossas identidades, o modo como pensamos e sentimos, foram moldados por


nossas experiências. Algumas destas nos fizeram pessoas melhores; outras nos
causaram vergonha e embaraço; todas elas influenciaram que somos hoje. Podemos
tirar vantagem do conhecimento adquirido, examinando nossos erros e usando esta
sabedoria para orientar as decisões que tomaremos hoje.
Aceitar a nós mesmos significa aceitar todos os aspectos de nossas vidas – nossas
qualidades, nossos defeitos, nossos sucessos e nossas falhas. Vergonha e culpa não
trabalhadas podem nos paralisar, impedindo-nos de progredir em nossas vidas.
Algumas das mais significativas reparações que podemos fazer pelos erros de nosso
passado são feitas simplesmente agindo diferente hoje. Nos esforçamos para melhorar
e avaliamos nosso sucesso comparando quem costumávamos ser com quem somos
agora.
Sendo humanos, continuamos cometendo erros. Olhando para nosso passado e
percebendo que temos mudado e crescido, iremos encontrar esperança para o futuro. O
melhor está por vir.

Só por hoje: Eu vou fazer o melhor que posso com o que tenho hoje. Cada dia vou
aprender alguma coisa nova que vai me ajudar amanhã.
A linguagem da empatia 19 de novembro

“(...) o adicto encontraria desde o início toda a identificação necessária


para se convencer de que podia ficar limpo, através do exemplo de
outros adictos que vinham se recuperando há vários anos...”

Texto Básico, p. 96

Muitos de nós assistimos a nossa primeira reunião e, não estando


completamente certos de que NA era para nós, encontramos muito para criticar.
Sentíamos como se ninguém tivesse sofrido como nós ou como se não tivéssemos
sofrido o bastante. Mas escutamos e começamos a ouvir algo novo, uma linguagem
sem palavras, com suas raízes no reconhecimento, crença e fé: a linguagem da
empatia. Desejando fazer parte, continuamos ouvindo.
Descobrimos toda a identificação de que necessitamos à medida que
aprendemos a entender e a falar a linguagem da empatia. Para entender esta linguagem
especial, ouvimos com nossos corações. A linguagem da empatia usa poucas palavras;
é mais sentida do que falada. Não dá qualquer sermão ou aula – ela escuta. Ela pode
alcançar e tocar o espírito de outro adicto sem falar uma simples palavra.
A fluência na linguagem da empatia vem através da prática. Quanto mais a
usamos com outros adictos e com nosso Poder Superior, mais entendemos esta
linguagem. Ela nos mantém voltando.

Só por hoje: Eu vou ouvir com meu coração. A cada dia, vou me tornar mais fluente
na linguagem da empatia.
20 de novembro Encontrando a realização

“Não estávamos orientados para a realização pessoal;


focalizávamos o vazio e a falta de sentido em tudo.”

Texto Básico, p. 97

Em nossa adicção ativa, provavelmente centenas de vezes quisemos nos tornar


outra pessoa. Podemos ter desejado trocar de lugar com alguém que tivesse um belo
carro ou uma casa maior, um emprego melhor, uma companheira mais atraente –
qualquer coisa diferente do que tínhamos. Tão forte era nosso desespero que
dificilmente podíamos imaginar alguém em pior situação que nós mesmos.
Em recuperação, podemos descobrir que estamos experimentando um outro tipo
de inveja. Podemos continuar a comparar nosso interior com o exterior dos outros e
ainda sentir como se não tivéssemos o suficiente. Podemos pensar que cada um, do
mais novo ao mais antigo membro, fala melhor do que nós nas reuniões. Podemos
pensar que cada um está trabalhando melhor o programa porque tem um carro melhor,
uma casa maior, mais dinheiro e assim por diante.
O processo de recuperação experimentado através dos Doze Passos vai nos tirar da
atitude de inveja e baixa auto-estima para um lugar de realização espiritual e profunda
gratidão pelo que realmente temos. Percebemos que nunca quisemos trocar de lugar
com os outros, pois o que encontramos dentro de nós mesmos não tem preço.

Só por hoje: Tenho muito para agradecer em minha vida. Eu vou apreciar a realização
espiritual que encontrei em recuperação.
Abrindo mão de nossos defeitos 21 de novembro

“Se [defeitos de caráter] contribuíssem para a nossa saúde e


felicidade, não teríamos chegado a um tal estado de desespero.”

Texto Básico, p. 38

Iniciar o Sexto e Sétimo Passos não é sempre fácil. Podemos nos sentir como se
tivéssemos tantos erros que somos totalmente defeituosos. Podemos nos sentir como se
nos escondêssemos embaixo de uma pedra. Em nenhuma hipótese iríamos querer que
nossos companheiros adictos soubessem de nossas imperfeições.
Provavelmente iremos passar um tempo examinando tudo o que dizemos e
fazemos para identificar nossos defeitos de caráter e estarmos certos de suprimi-los.
Podemos olhar um determinado dia de nosso passado, nos sentindo humilhados por ter
a certeza de haver dito a coisa mais embaraçosa do mundo. Decidimos nos livrar a
todo custo destes traços horríveis.
Mas em lugar nenhum do Sexto e Sétimo Passos eles nos dizem que podemos
aprender a controlar nossos defeitos de caráter. De fato, quanto mais atenção dermos a
eles, mais firmemente enraizados eles se tornarão em nossas vidas. É preciso
humildade para reconhecer que não podemos controlar nossos defeitos, assim como
não podemos controlar nossa adicção. Não podemos remover nossos próprios defeitos;
apenas podemos pedir a um Deus amoroso que os remova.
Abrir mão de alguma coisa dolorosa pode ser tão difícil quanto abrir mão de
algo prazeroso. Mas vamos reconhecer – agarrar-se a ela dá muito trabalho. Quando
realmente pensamos sobre aquilo a que estamos nos agarrando, vemos que o esforço
não vale a pena. É tempo de abrir mão de nossos defeitos de caráter e pedir que Deus
os remova.

Só por hoje: Estou pronto para ter meus defeitos removidos Eu vou abrir mão e
permitir que um Poder Superior amoroso cuide de mim.
22 de novembro Primeiro os alicerces

“Quando começamos a funcionar em sociedade, a


nossa liberdade criativa nos ajuda a ordenar nossas
prioridades e fazer as coisas básicas primeiro.”

Texto Básico, p. 94

Logo depois que ficamos limpos, alguns de nós começam a colocar outras
prioridades à frente de nossa recuperação. Trabalho, família, relacionamento – tudo
isso é parte da vida que descobrimos quando estabelecemos os alicerces de nossa
recuperação. Mas não podemos construir uma vida estável, antes de fazer o duro
serviço básico de estabelecer os alicerces de nossa recuperação. Assim como uma casa
construída na areia, esse tipo de vida seria, na melhor das hipóteses, instável.
Antes de começar a colocar toda a nossa atenção em reconstruir a estrutura de
nossas vidas, precisamos estabelecer nossos alicerces. Reconhecemos, primeiro, que
ainda temos alicerce, que nossa adicção tornou nossas vidas completamente
incontroláveis. Então, com a ajuda de nosso padrinho/madrinha e nosso grupo de
escolha, encontramos fé num Poder suficientemente forte que nos ajude a preparar o
terreno para nossas novas vidas. Limpamos os escombros do lugar sobre o qual iremos
reconstruir nosso futuro. Finalmente, desenvolvemos uma profunda familiaridade com
os princípios que iremos praticar em todas as atividades: auto-exame honesto,
confiança na orientação e na força de nosso Poder Superior e prestação de serviços aos
outros.
Uma vez preparados nossos alicerces, então podemos colocar com plena
capacidade nossas vidas em ordem. Mas primeiro temos que perguntar a nós mesmos
se nossos alicerces são seguros, pois sem eles nada que construímos pode durar muito.

Só por hoje: Eu vou cuidar de estabelecer os alicerces seguros para minha


recuperação. Sobre estes alicerces, eu posso construir uma vida inteira em
recuperação.
Vontade de Deus 23 de novembro

“O alívio de ‘abrir mão e entregar a Deus’ ajuda-nos


a desenvolver uma vida que vale a pena viver.”

Texto Básico, p. 28

Em nossa adicção, tínhamos medo do que pudesse acontecer se não


controlássemos tudo à nossa volta. Muitos de nós criamos elaboradas mentiras para
proteger nosso uso de drogas. Alguns de nós manipulamos todos à nossa volta, numa
tentativa de frenética de conseguir deles alguma coisa para poder usar mais drogas.
Outros percorrem grandes distâncias para impedir duas pessoas de se falarem,
descobrindo talvez nossa trilha de mentiras. Nos empenhamos arduamente em manter
uma ilusão de controle sobre nossa adicção e nossas vidas. Neste processo, nos
privamos de experimentar a serenidade que vem da rendição à vontade de um Poder
Superior.
Em nossa recuperação, é importante abrir mão de nossa ilusão de controle e nos
render a um Poder Superior, cuja vontade para nós é melhor que qualquer coisa que
possamos conseguir, controlar, manipular ou inventar para nós mesmos. Se
percebemos que estamos tentando controlar resultados e sentindo medo do futuro,
existe uma atitude que podemos tomar para reverter essa tendência. Vamos para nosso
Segundo e Terceiro Passos e procuramos aquilo em que viemos a acreditar sobre um
Poder Superior. Realmente acreditamos que este Poder pode cuidar de nós e nos
devolver à sanidade? Se sim, podemos viver com todos os altos e baixos da vida – suas
decepções, suas tristezas, suas maravilhas e suas alegrias.

Só por hoje: Eu vou me render e deixar que à vontade de meu Poder Superior
aconteça em minha vida. Eu vou aceitar a dádiva da serenidade que esta rendição traz.
24 de novembro Recuperar-se com gratidão

“Alimentamos o pensamento de que não estava valendo


a pena ficarmos limpos e os velhos pensamentos
incitam a autopiedade, o ressentimento e a raiva.”

Texto Básico, p. 111

Existem dias em que alguns de nós chafurdam em autopiedade. Isto é, fácil de


ocorrer. Podemos ter expectativas sobre como nossas vidas deveriam estar em
recuperação, expectativas que nem sempre são alcançadas. Talvez tenhamos tentado
controlar alguém sem sucesso, ou pensamos que nossa situação deveria ser diferente.
Talvez tenhamos nos comparado com outros adictos em recuperação, sentindo-nos
inferiores. Quanto mais tentarmos fazer nossa vida de acordo com nossas expectativas,
mais desconfortáveis nos sentiremos. A autopiedade pode ser o resultado de viver em
nossas expectativas e não no mundo como ele é realmente.
Quando o mundo não atende nossas expectativas, são geralmente nossas
expectativas que precisam ser ajustadas, não o mundo. Podemos começar
desenvolvendo gratidão por nossa recuperação, comparando nossas vidas, hoje, com a
maneira de viver a que estávamos acostumados. Podemos estender este exercício de
gratidão contando as coisas boas em nossas vidas, nos tornando agradecidos pelo fato
de o mundo não ser conforme nossas expectativas, porém melhor. E, se continuarmos
trabalhando os Doze Passos e, além disso, cultivando gratidão e aceitação, o que
podemos esperar do futuro é mais crescimento, mais felicidade e mais paz de espírito.
Muito nos tem sido dado em recuperação; estar limpo tem valido a pena. A
aceitação de nossas vidas, só por hoje, nos liberta da autopiedade.

Só por hoje: Eu vou aceitar minha vida, com gratidão, assim como ela é.
Meditação 25 de novembro

“Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz


interior que nos põe em contato com o Deus dentro de nós.”

Texto Básico, p. 50

À medida que nossa recuperação progride, freqüentemente refletimos sobre o


que nos trouxe para Narcóticos Anônimos, em primeiro lugar, e se estamos prontos
para apreciar quanto à qualidade de nossas vidas melhorou. Não precisamos mais
temer nossos próprios pensamentos. E quanto mais oramos e meditamos, mais
experimentamos uma tranqüila sensação de bem-estar. A paz e tranqüilidade que
experimentamos durante nossos momentos de quietude confirmam se nossas
necessidades mais importantes – nossas necessidades espirituais – estão sendo
alcançadas.
Estamos prontos para nos identificar com outros adictos e reforçar nossa
conscientização neste processo. Aprendemos a evitar julgar os outros e
experimentamos a liberdade de sermos nós mesmos.Em nossa reflexão espiritual,
intuitivamente descobrimos “O Deus dentro de nós” e percebemos que estamos em
harmonia com um Poder maior do que nós.

Só por hoje: Eu vou refletir sobre a dádiva da recuperação e ouvir tranqüilamente a


orientação de meu Poder Superior.
26 de novembro Responsabilidade

“Muitas coisas acontecem em um dia, tanto negativas quanto


positivas. Se não nos damos tempo para apreciar ambas, podemos
estar perdendo o que nos ajudaria a crescer.”

IP Nº 8, “Só por hoje”

As responsabilidades da vida estão em todo lugar. “Devemos” usar cintos de


segurança. “Devemos” limpar nossas casas. “Devemos” fazer algumas coisas para
nossa esposa/esposo, nossos filhos, as pessoas que apadrinhamos. Acima de tudo isto,
“devemos” ir às reuniões e praticar nosso programa o melhor que pudermos. Não é de
admirar que, algumas vezes, queiramos fugir de todas estas tarefas e ir par uma ilha
isolada onde não haja nada que “devamos” fazer.
Nestes momentos, quando nos sentimos esmagados por nossas responsabilidades,
é porque esquecemos que a responsabilidade não precisa ser um fardo. Quando temos
o desejo de fugir de nossas responsabilidades, precisamos nos acalmar, relembrar por
que as escolhemos e prestar atenção nas dádivas que elas nos trazem. Um trabalho que
normalmente achamos desafiador e interessante, um parceiro cuja personalidade
normalmente nos entusiasma, ou uma criança com a qual gostamos de brincar ou
cuidar – existe uma alegria para ser descoberta em todas as responsabilidades de
nossas vidas.

Só por hoje: Cada momento é especial. Eu vou prestar atenção, ser grato por minhas
responsabilidades e pelas alegrias especiais que elas trazem.
Procurando ajuda de Deus 27 de novembro

“Há momentos em nossa recuperação em que a decisão de pedir


ajuda a Deus é a nossa maior fonte de força e coragem”

Texto Básico, p. 28

Quando praticamos o Terceiro Passo, decidimos permitir que um Poder


Superior amoroso nos oriente e cuide de nós em nossa vida diária. Tomamos a decisão
de permitir esta orientação e cuidado dentro de nossas vidas. Alguns de nós acreditam
que, uma vez tomada à decisão do Terceiro Passo, Deus nos conduzirá; daí em diante,
é só uma questão de prestar atenção para onde somos levados.
A decisão do Terceiro Passo é um ato de fé, e pedir a ajuda de Deus é uma
maneira de renovar este ato de fé. Fazer a fé funcionar em nossa vida diária nos dá
toda a coragem e a força de que precisamos, porque sabemos que temos a ajuda de um
Poder amoroso. Confiamos que nossas necessidades serão atendidas. Podemos
conseguir esta fé e confiança apenas pedindo.

Só por hoje: Eu vou relembrar que não estou sozinho, pedindo a meu Poder Superior
ajuda em cada passo do caminho.
28 de novembro Sendo nós mesmos

“Somos verdadeiramente humildes quando aceitamos


e tentamos, honestamente, ser quem somos.”

Texto Básico, p. 38

Humildade é um conceito enigmático. Sabemos bastante sobre humilhação, mas


humildade é uma idéia nova. Ela parece ser, suspeitosamente, “submeter-se”, “dobrar-
se”, “rastejar”. Mas a humildade não é isto. A humildade é, simplesmente, aceitação de
quem somos.
No momento em que chegamos a um passo que usa a palavra “humildemente”, já
começamos a colocar este princípio em prática. O Quarto Passo nos dá uma
oportunidade de examinar quem realmente somos, e o Quinto nos ajudará a aceitar
este conhecimento.
A prática da humildade envolve aceitar nossa própria natureza, sendo
honestamente nós mesmos. Não temos que nos humilhar ou nos rebaixar, nem temos
que tentar parecer mais inteligente, rico ou feliz do que realmente somos. Humildade
simplesmente significa abandonar todas as pretensões e viver tão honestamente quanto
pudermos.

Só por hoje: Eu vou permitir que o conhecimento de minha natureza guie minhas
ações. Hoje, eu vou encarar o mundo sendo eu mesmo.
O cuidado de nosso Poder Superior 29 de novembro

“Acreditamos que nosso Poder Superior cuidará de nós.”

Texto Básico, p. 62

Nosso programa é baseado na idéia de que a aplicação de princípios simples


pode produzir profundos efeitos em nossas vidas. Um destes princípios é que, se
pedirmos, nosso Poder Superior cuidará de nós. Este princípio é tão básico que
podemos tender a ignorá-lo. A não ser que aprendamos conscientemente a aplicar esta
verdade espiritual, podemos omitir algo tão essencial para nossa recuperação como
respirar é para viver.
O que acontece quando nos descobrimos estressados ou em pânico? Se
procuramos coerentemente melhorar nosso relacionamento com nosso Poder Superior,
não teremos problemas. Em vez de agir precipitadamente, vamos parar um momento e
recordar as situações no passado em que nosso Poder Superior mostrou ser cuidadoso
conosco. Isto irá nos assegurar que nosso Poder Superior ainda está se encarregando de
nossas vidas. Então, vamos procurar orientação e força para a situação em questão,
vamos prosseguir com acalma. Confiantes em que nossa vida está nas mãos de Deus.
“Nosso programa é um conjunto de princípios”, diz nosso Livreto Branco.
Quanto mais coerentemente procuramos melhorar nossa apreciação consciente destes
princípios, mais prontamente estaremos aptos a aplicá-los.

Só por hoje: Eu vou procurar melhorar meu contato consciente com o Poder Superior
que cuida de mim. Quando a necessidade surgir, sei que estarei pronto para confiar
neste cuidado.
30 de novembro Partilhando meu verdadeiro eu

“Partilhando com outros, não nos sentimos isolados e sozinhos.”

Texto Básico, p. 92

Intimidade é partilhar nossos mais profundos pensamentos e sentimentos com


outro ser humano. Muitos de nós ansiamos pelo calor e a companhia que a intimidade
traz, mas estas coisas não vêm sem esforço. Em nossa adicção, aprendemos a nos
afastar dos outros para que não ameaçassem nosso uso. Em recuperação, aprendemos
como confiar nos outros. Intimidade requer baixar nossas defesas. Para sentir a
proximidade que a intimidade traz, devemos permitir que os outros cheguem perto de
nós – de nosso verdadeiro eu.
Se vamos partilhar nosso mais profundo interior com os outros, devemos primeiro
ter uma idéia de como é realmente nosso mais profundo interior. Regularmente
examinamos nossa vida para descobrir que realmente somos, o que realmente
queremos e como realmente nos sentimos. Então, com base em nossos próprios e
regulares inventários, devemos ser tão completa e coerentemente honestos com nossos
amigos quanto pudermos.
Intimidade é uma palavra da vida e, portanto, uma parte da vida limpa. Como tudo
em recuperação, tem seu preço. O rigoroso auto-exame que a intimidade exige pode
ser um trabalho duro. A honestidade total da intimidade freqüentemente traz suas
próprias complicações. Mas o fato de libertar-nos do isolamento e da solidão
compensa este esforço.

Só por hoje: Eu procuro libertar-me do isolamento e da solidão através da intimidade.


Hoje, vou conhecer “meu verdadeiro eu”, fazendo o inventário pessoal, e vou praticar
a honestidade completa com outra pessoa.
DEZEMBRO
Recompensas da vida 1º de Dezembro

“Começamos a rogar apenas a vontade de Deus em relação a nós. Desta


maneira, alcançamos apenas aquilo com que somos capazes de lidar.”

Texto Básico, p. 52

Imaginem o que aconteceria se Deus nos desse tudo o que desejássemos. Um


carro novo fabuloso, notas dez, um triplo aumento de salário – tudo ganho sem
esforço, só por termos pedido.
Agora imaginem os problemas que vêm junto com as fortunas não
conquistadas, carros novos luxuosos e notas escolares não merecidas. O que faríamos
com um enorme aumento de salário dado sem nenhuma razão? Como iríamos lidar
com nossas novas responsabilidades financeiras? Como iríamos viver de acordo com
essa mudança? Poderíamos aparentar que merecemos tal pagamento quando sabemos
que não?
E sobre aquele carro fantástico? A maioria vem com apólices de seguros
custosos e pesados custos de manutenção. Estamos preparados para cuidar daquilo que
pedimos?
Honras acadêmicas? Poderíamos nos apresentar com alunos do mais alto nível
depois de nos terem dado altas notas que não merecemos? O que faríamos se fôssemos
expostos como fraudes?
Quando falamos com Deus, precisamos nos lembrar de que vivemos no mundo
real. Ganhamos recompensas e vamos aprendendo a lidar com elas à medida que as
vivenciamos. Limitando nossas orações a pedir o conhecimento da vontade de Deus, o
poder de realizá-la e a habilidade de vivermos com as conseqüências, estaremos
seguros de que não obteremos mais do que podemos dar conta.

Só por hoje: Eu vou orar somente para conhecer a vontade de Deus e pelo poder de
realizá-la no mundo real.
2 de dezembro Recuperação: nossa primeira prioridade

“Temos que manter a nossa recuperação em primeiro


lugar e as nossas prioridades na sua ordem correta.”

Texto Básico, p. 89

Antes de chegarmos a NA, tínhamos várias desculpas para justificar o nosso uso
de drogas: “Ele gritou comigo.” “Ela disse isto.” “Meu companheiro me deixou.” “Fui
despedido.” Usávamos as mesmas desculpas para não procurar ajuda para nosso
problema com drogas. Tivemos que perceber que essas coisas aconteciam porque
continuávamos a usar drogas. Somente quando fizemos da recuperação nossa primeira
prioridade, estas situações começaram a mudar.
Podemos hoje estar sujeito a esta mesma tendência, usando desculpas para não
assistir às reuniões e não prestar serviço. Nossas desculpas atuais podem ser de
natureza diferente: “Não tenho com quem deixar as crianças.” “Minhas férias me
exauriram.” “Tenho que terminar este projeto para impressionar o meu patrão.” Mas,
mesmo assim, temos de colocar a recuperação como nossa primeira prioridade; caso
contrário, não teremos de nos preocupar nem mesmo com desculpas: crianças, férias e
empregos provavelmente não estarão mais em nossas vidas, se viermos a recair.
Nossa recuperação deve vir em primeiro lugar. Emprego ou desemprego,
relacionamentos ou não relacionamentos, temos que assistir às reuniões, trabalhar os
passos, telefonar para nosso padrinho, e estar a serviço de Deus e dos outros. Essas
simples ações tornam possível termos férias, famílias e patrões para nos
preocuparmos. A recuperação é o alicerce de nossas vidas, fazendo com que tudo o
mais seja possível.

Só por hoje: Manterei minhas prioridades em ordem. Em primeiro lugar na lista está
minha recuperação.
Visão sem limites 3 de dezembro

“Talvez, pela primeira vez, tenhamos uma visão da nova vida.”

Texto Básico, p. 38

Em nossa adicção a visão que tínhamos de nós mesmos era muito limitada.
Todos os dias passávamos pela mesma rotina; obter, usar , descobrir meios e modos de
obter mais. E isso era tudo o que poderíamos razoavelmente esperar enquanto
durassem nossas vidas. Nosso potencial era limitado.
Hoje, nossos projetos são outros. A recuperação nos deu uma nova visão de nós
mesmos e de nossas vidas. Nós não mais nos encontramos presos em nossa
interminável e cinza rotina da adicção. Estamos livres para nos estender em novos
caminhos, tentar novas idéias e atividades. Fazendo isso, nos vemos de uma nova
maneira. Nosso potencial é limitado somente pela força do Poder Superior que cuida
de nós – e esta força não tem limites.
Em recuperação, a vida e tudo o mais que existe nela parece aberto para nós.
Guiados por nossos princípios espirituais, movidos pelo poder dado a nós pelo Deus de
nossa compreensão, nossos horizontes são ilimitados.

Só por hoje: Eu vou abrir meus olhos às possibilidades diante de mim. Meu potencial
é tão ilimitado e tão poderoso quanto o Deus de minha compreensão. Agirei movido
por este potencial.
4 de dezembro A vontade de Deus, não a nossa

“Sabemos que, se rogarmos a vontade de Deus, receberemos


o que for melhor para nós, independente do que pensamos.”

Texto Básico, p. 49

Quando chegamos a NA, nossas vozes interiores tinham se tornado não confiável
e autodestrutivas. A adicção distorceu nossos desejos, nossos interesses, nosso senso
do que era o melhor para nós. Por isso tem sido tão importante, em recuperação,
desenvolver nossa crença num Poder maior do que nós mesmos, algo que pudesse
prover um direcionamento mais confiável e mais são do que o nosso. Começamos a
aprender como contar com o cuidado desse Poder e a confiar na direção interior que
ele nos provê.
Como em todos os processos de aprendizagem, é preciso prática para “rogarmos
apenas o conhecimento da vontade de Deus para conosco e o poder de realizar essa
vontade”.As atitudes egoístas e egocêntricas que desenvolvemos em nossa adicção não
são rejeitadas por nós da noite para o dia. Essas atitudes poderão afetar o modo como
oramos. Podemos até nos pegar fazendo uma oração do tipo: “Livre-me deste defeito
de caráter para que eu possa parecer melhor”.
Quanto mais objetivo formos sobre nossas próprias idéias e desejos, mais fácil será
distinguir entre a nossa vontade e a vontade de nosso Poder Superior. Poderemos orar:
“Deus, só para Sua informação, isto é o que eu desejo nesta situação. No entanto, peço
que Sua vontade, e não a minha, seja realizada”. Uma vez que façamos isto, estaremos
preparados para reconhecer e aceitar a orientação de nosso Poder Superior.

Só por hoje: Poder Superior aprendi a confiar em Sua orientação; no entanto, eu ainda
tenho minhas próprias idéias sobre como quero viver a minha vida. Deixe-me partilhar
essas idéias com Você e, então, entender claramente qual a Sua vontade em relação a
mim. No fim, que Sua vontade, e não a minha, seja realizada.
Aqueles que desejam se recuperar 5 de
dezembro

“Temos visto o programa funcionar para qualquer adicto que,


honesta e sinceramente, queira parar (de usar drogas).”

Texto Básico, p. 11

Como reconhecemos quando alguém honesta e sinceramente deseja parar de


usar drogas? A verdade é que não sabemos! Já que não podemos ler mentes ou saber
os motivos e desejos dos outros, simplesmente temos que esperar pelo melhor.
Podemos conversar com um recém-chegado em uma reunião, achar que nunca
mais iremos vê-lo novamente, e encontrá-lo anos depois em recuperação. Talvez
fiquemos tentados a desistir de alguém que viva recaindo constantemente ou que não
se mantenha limpo desde o inicio, mas não devemos. Não importa o quão sem vontade
essa pessoa possa parecer, mas um simples fato permanece – o adicto está presente na
reunião.
Talvez nunca venhamos, a saber os resultados da nossa prática do Décimo-
Segundo Passo; não cabe a nós avaliar a boa vontade de um recém-chegado. A
mensagem que levamos é uma parte de nós. Nós a levamos a toda parte e a
partilhamos de graça, deixando os resultados entregues a um Poder maior do que nós.

Só por hoje: Eu vou partilhar minha recuperação com qualquer adicto em qualquer
lugar, a qualquer hora e sob quaisquer circunstâncias. Entregarei os resultados para o
meu Poder Superior.
6 de dezembro Romance e recuperação

“Relacionamentos podem ser uma área terrivelmente dolorosa.”

Texto Básico, p. 89

Para alguns de nós o amor é como um elixir. A excitação de um novo


relacionamento amoroso, a curiosidade de explorar a intimidade, a sensação de
liberdade que adquirimos por permitir nos tornarmos vulneráveis – todas essas
emoções são poderosas, mas não podemos esquecer que temos apenas um alívio diário
de nossa adicção. Apegarmo-nos a esse alívio diário deve ser prioridade máxima na
vida de qualquer adicto em recuperação.
Podemos nos envolver demais em nosso relacionamento. Podemos vir a
negligenciar velhos amigos e nosso padrinho, nesse processo. Então, quando as coisas
ficam difíceis, freqüentemente temos a sensação de que não conseguimos mais
alcançar aquelas pessoas que nos ajudaram antes de nosso envolvimento amoroso. Esta
crença pode estabelecer a base para uma recaída. Trabalhando nosso programa
consistentemente e freqüentando reuniões, asseguramos uma rede de recuperação,
ainda que estejamos profundamente envolvidos.
Nosso desejo de estar envolvido romanticamente é natural. Não devemos esquecer
que, sem nossa programação, até mesmo a relação mais saudável não nos protege
contra a força de nossa adicção.

Só por hoje: Em meu desejo por romance, não vou ignorar minha recuperação.
Sobreviver às nossas emoções 7 de dezembro

“Usamos ferramentas à nossa disposição e desenvolvemos


a capacidade de sobreviver às nossas emoções.”

Texto Básico, p. 33

“Sobreviver às nossas emoções?” – alguns de nós perguntam, “Você deve estar


brincando!” Quando estávamos usando, nunca nos demos a chance de aprender como
sobreviver a elas. Você não sobrevive aos seus sentimentos, pensávamos... você os
droga. O problema era que aquela “cura” para nossas emoções estava nos matando.
Então, chegamos a Narcóticos Anônimos, começamos a trabalhar os Doze Passos e,
como resultado, a amadurecer emocionalmente.
Muitos de nós encontraram alívio emocional desde o início. Estávamos
exaustos de fingir que nossas vidas e nossa adicção estavam sob controle; na realidade
nos sentimos melhor admitindo finalmente que não estavam sob controle. Depois de
partilhar nosso inventário com nosso padrinho, começamos a sentir que não
precisávamos negar quem éramos ou o que sentíamos para sermos aceitos. Quando
terminamos de fazer nossas reparações, descobrimos que não precisávamos sofrer com
a culpa. Poderíamos admiti-la e isso não nos mataria. Quanto mais praticávamos o
Programa de NS, melhor nos sentíamos em viver a vida como ela é.
O programa funciona hoje tão bem como sempre funcionou. Fazendo o
inventário diário, sendo honestos e rendendo-nos à realidade, podemos sobreviver aos
sentimentos que a vida coloca em nosso caminho. Usando as ferramentas disponíveis,
desenvolvemos a habilidade de sobreviver às nossas emoções.

Só por hoje: Eu não negarei meus sentimentos. Praticarei honestidade e me renderei à


vida como ela é. Usarei as ferramentas desse programa para sobreviver às minhas
emoções.

*N.T. Esta página refere-se ao Livro 2 do Texto Básico em inglês.


8 de dezembro Chamando um defeito de defeito

“Quando vemos como nossos defeitos existem nas nossas vidas e os


aceitamos, podemos abrir mão deles e prosseguir na nossa nova vida. ”

Texto Básico, p. 37

As vezes, nossa presteza em remover nossos defeitos de caráter depende de como


os denominamos. Se ao denominarmos nossos defeitos nós os “minimizamos”, talvez
não sejamos capazes de perceber o mal que eles causam. E, se parece que eles não
causam mal nenhum, porque haveríamos de pedir ao Poder Superior para removê-los
de nossas vidas?
Tome por exemplo “o bonzinho”. Não parece que exista algo de errado, não é
mesmo? Significa que somos simpáticos com as pessoas, certo? Não muito. Falando
sem rodeios, isto quer dizer que somos desonestos e manipuladores. Mentimos sobre
nossos sentimentos, nossas crenças e nossas necessidades, bajulando os outros para
que eles concordem com nossos desejos.
Ou talvez pensemos que somos pessoas “fáceis de lidar”. Mas “fácil de lidar”
significa ignorar nossos trabalhos domésticos, evitar confrontos ou ficar acomodados a
uma rotina confortável? Então, o melhor nome para isso seria “preguiça”, ou
“procrastinação”. Ou “medo”.
Muitos de nós temos dificuldades de identificar nossos defeitos de caráter. Se esse
é o nosso caso, podemos falar com nosso padrinho ou companheiro de NA.
Descrevemos nossos comportamentos a eles clara e honestamente e pedimos ajuda a
eles na identificação de nossos defeitos. À medida que o tempo passa,
progressivamente nos tornamos mais capazes de identificar nossos próprios defeitos de
caráter, chamando-os pelos seus nomes verdadeiros.

Só por hoje: Eu darei aos meus defeitos seus nomes verdadeiros. Se tiver dificuldades
para fazer isso, pedirei ajuda ao meu padrinho.
Ouvindo 9 de dezembro

“Esta capacidade de ouvir é uma dádiva, e cresce à medida


que crescemos espiritualmente. A vida assume um novo
significado quando nos abrimos a esta dádiva.”

Texto Básico, p. 116


Alguma vez você já observou duas criancinhas conversando? Uma fala sobre
dragões coloridos, enquanto a outra fala sobre como é desconfortável ter areia dentro
dos sapatos. Às vezes encontramos os mesmos problemas de comunicação, à medida
que aprendemos a ouvir os outros. Talvez nas reuniões nos debatamos tentando
desesperadamente ouvir a pessoa partilhando, enquanto nossas mentes estão ocupadas
pensando no que iremos dizer quando for nossa vez de falar. Quando conversamos,
podemos de repente perceber que nossas respostas não têm nada a ver com as
perguntas que estão fazendo. Elas são na verdade discursos preparados nas garras da
nossa auto-obsessão.
Aprender a ouvir – realmente ouvir – é tarefa difícil, mas não está além do
nosso alcance. Podemos começar identificando em nossas respostas o que nosso
companheiro está dizendo. Podemos perguntar se há alguma coisa que possamos fazer
para ajudar quando alguém expressa um problema.
Com um pouco de prática, nos libertaremos mais da nossa auto-obsessão e
faremos um contato mais próximo com as pessoas em nossas vidas.

Só por hoje: Eu aquietarei meus próprios pensamentos e ouvirei o que o outro está
dizendo.
10 dezembro Vencedores

“Comecei a imitar algumas coisas que os vencedores estavam


fazendo. Fui envolvido por NA. Me senti muito bem...”

Text Basic, p. 223*

Freqüentemente ouvimos dizer nas reuniões que deveríamos “colar com os


vencedores”. Quem são os vencedores em Narcóticos Anônimos? Os vencedores são
facilmente identificados. Eles têm um programa de recuperação ativo, vivendo na
solução e ficando fora do problema. Vencedores estão sempre prontos a estenderem as
mãos para o recém-chegado. Eles têm padrinhos e trabalham com esses padrinhos. Os
vencedores se mantêm limpos só por hoje.
Os vencedores são adictos em recuperação que mantêm um estado mental
positivo. Podem estar passando por fases complicadas, mas assim mesmo vão às
reuniões e compartilham abertamente isso. Vencedores sabem em seus corações que,
com a ajuda do Poder Superior, nada acontecerá que não possa ser resolvido.
Vencedores lutam pela unidade em seus esforços de serviço. Vencedores praticam
colocar “princípios à frente de personalidades”. Vencedores lembram a importância do
anonimato, agindo de acordo com este princípio, independente de quem esteja
envolvido.
Vencedores mantêm senso de humor. Vencedores têm a capacidade de rirem de si
mesmos. E quando vencedores riem, eles riem com vocês e não de vocês.
Quem são os vencedores em Narcóticos Anônimos? Qualquer um de nós pode ser
considerado um vencedor. Todos nós temos traços de vencedor, às vezes chegamos
bem perto do ideal, às vezes não. Se estamos limpos hoje e trabalhamos nosso
programa o melhor que podemos, somos vencedores!

Só por hoje: Eu lutarei para realizar meus ideais. Serei um vencedor.

_____________________

*N.T. Esta página refere-se ao Livro 2 do Texto Básico em Inglês.


Sofrimento é opcional 11 de dezembro

“Ninguém está nos forçando a desistir de nossa miséria.”

Texto Básico, p. 31

É engraçado lembrar como relutamos em nos render à recuperação. Parecíamos


pensar que tínhamos vidas maravilhosas como adictos na ativa e que abandonar as
drogas seria pior do que cumprir sentença de trabalhos forçados para o resto da vida.
Na realidade, o oposto era verdade: nossas vidas eram miseráveis, mas tínhamos medo
de trocar aquele sofrimento que nos era familiar pelas incertezas da recuperação.
É possível também sofrer em recuperação, embora não seja necessário.
Ninguém nos forçará a praticar os passos, ir às reuniões ou trabalhar com um padrinho.
Não há patrulha em NA que nos forçará a fazer as coisas que nos aliviarão a dor. Mas
nós temos uma escolha. Já escolhemos desistir da miséria da adicção ativa pela
sanidade da recuperação. Agora, se nós estivermos prontos para trocar o sofrimento de
hoje por uma paz ainda maior, temos condições de fazer exatamente isso. Basta
realmente querer.

Só por hoje: Eu não preciso sofrer, a não ser que eu realmente queira. Hoje, trocarei
meu sofrimento pelos benefícios da recuperação.
12 de dezembro Medo de Mudança

“Trabalhando os passos, chegamos a aceitar a vontade de um Poder


Superior... Perdemos o nosso medo do desconhecido. Somos libertados.”

Texto Básico, p. 17

A vida é uma série de mudanças, pequenas e grandes. Embora possamos saber e


aceitar esse fato intelectualmente, é provável que nossa primeira reação emocional à
mudança seja o medo. Por alguma razão, presumimos que toda mudança machuca, nos
fazendo sofrer.
Se pensarmos nas mudanças que aconteceram em nossas vidas no passado,
veremos que a maioria delas foi para melhor. Estávamos provavelmente muito
amedrontados com a perspectiva da vida sem drogas; no entanto, essa é a melhor coisa
que já nos aconteceu. Talvez tenhamos perdido um emprego que pensávamos ser vital
para nós, porém, mais tarde encontramos um desafio maior e maior satisfação pessoal
em uma nova carreira. À medida que prosseguimos nos aventurando em nossa
recuperação, provavelmente experimentaremos mais mudanças. Superaremos velhas
situações e estaremos prontos para novas.
Com todos os tipos de mudança acontecendo, é natural nos agarrarmos a alguma
coisa, qualquer coisa conhecida, e tentar nos segurar a ela. Encontraremos conforto
num Poder maior que nós mesmos. Quanto mais permitirmos mudanças acontecerem
sob orientação do nosso Poder Superior, mais confiança teremos de que essas
mudanças serão para melhor. A fé substituirá o medo, e em nossos corações saberemos
que tudo estará bem.

Só por hoje: Quando eu tiver medo de alguma mudança em minha vida, me


confortarei por saber que o desejo de Deus para mim pe bom.
Ser membro 13 de dezembro

“Há somente um requisito para ser membro,


o desejo de parar e usar.”

Texto Básico, p. 10

Todos nós conhecemos pessoas que poderiam se beneficiar de Narcóticos


Anônimos. Muitas pessoas que encontramos pela vida afora – membros de nossa
família, velhos amigos, colegas de trabalho – poderiam realmente usar o programa de
recuperação em suas vidas. Infelizmente, aqueles que precisam de nós nem sempre
encontram seu caminho para nossas salas.
NA é um programa de atração, não de promoção. Somente somos membros
quando dizemos que somos. Podemos trazer nossos amigos e pessoas queridas a uma
reunião se elas desejarem, mas não podemos forçá-las a abraçar o modo de vida que
nos libertou da adicção ativa.
Ser membro de Narcóticos Anônimos é uma decisão altamente pessoal. A
escolha de tornar-se membro é feita no coração de cada adicto individualmente. Ao
longo do tempo, a freqüência forçada de reuniões não mantém muitos adictos em
nossas salas. Só os adictos que ainda sofrem podem decidir se são impotentes perante
sua adicção, se houver oportunidade. Podemos levar a mensagem, mas não podemos
levar o adicto.

Só por hoje: Sou agradecido pela minha decisão de me tornar membro de Narcóticos
Anônimos.
14 de dezembro Adicção, drogas e recuperação

“Adicção é uma doença física, mental e espiritual que


afeta todas as áreas de nossas vidas.”

Texto Básico, p. 21

Antes de começar a usar, muitos de nós tinham um estereótipo, uma imagem


mental de como os adictos deveriam parecer. Alguns de nós imaginávamos um
drogado roubando armazéns para comprar droga. Outros imaginavam um recluso
paranóico tentando enxergar a vida por detrás de cortinas perpetuamente cerradas e
portas trancada. Como não cabíamos em nenhum desses estereótipos – pensávamos –,
não poderíamos ser adictos.
Enquanto nosso uso progredia, descartávamos essas concepções errôneas sobre
drogas. Podemos ter pensado que adicção significava hábito físico, acreditando que
qualquer droga que não produzisse hábito físico não era adictiva. Ou pensávamos que
as drogas que consumíamos estavam causando todos os nossos problemas.
Pensávamos que apenas nossa libertação das drogas devolveria a sanidade às nossas
vidas.
Uma das lições mais importantes que aprendemos em Narcóticos Anônimos é que
adicção é muito mais do que as drogas que usávamos. A adicção é uma parte de nós, é
uma doença que envolve cada área de nossas vidas, com ou sem drogas. Podemos ver
seu efeito em nossos pensamentos, nossos sentimentos, nosso comportamento, mesmo
depois de pararmos de usar. Por causa disso, precisamos de uma solução que funcione
para cada área de nossas vidas: os Doze Passos.

Só por hoje: Adicção não é uma doença simples, mas tem uma solução simples. Hoje,
viverei nesta solução: os Doze Passos da recuperação.
Alegria de partilhar 15 de dezembro

“Existe um princípio espiritual de dar aquilo que nos foi dado em Narcóticos
Anônimos, para podermos mantê-lo. Ao ajudarmos os outros a se manterem
limpos, desfrutamos o benefício da riqueza espiritual que encontramos.”

Texto Básico, p. 53

Repetidas vezes em nossa recuperação, os outros têm compartilhado livremente


conosco o que foi compartilhado livremente com eles. Talvez tenhamos sido os
receptores de uma chamada do Décimo –Segundo Passo. Talvez alguém nos tenha
pego e trazido à nossa primeira reunião. Talvez alguém nos tenha pago jantar quando
éramos recém-chegados. A todos nós foi dados tempo, atenção e amor pelos nossos
companheiros. Talvez tenhamos perguntado a alguém: “Que posso fazer para
retribuir?” E a resposta que recebemos foi provavelmente uma sugestão de que
fizéssemos o mesmo por um membro mais novo, quando fôssemos capazes.
À medida que vamos mantendo nossa recuperação e tempo limpo, sentimos
vontade de fazer aos outros as coisas que alguém fez por nós, e ficamos felizes em
poder. Se ouvimos a mensagem enquanto estávamos hospitalizados ou em alguma
instituição, podemos fazer parte do nosso Sub-Comitê de H&I local. Talvez possamos
nos tornar voluntários no serviço de ajuda telefônica de NA, ou podemos dar nosso
tempo, atenção e amor a um recém-chegado que estejamos tentando ajudar.
Em nossa recuperação muito nos foi dado. Um dos maiores presentes é o
privilégio de partilhar com o outro o que foi partilhado conosco, sem nenhuma
expectativa de recompensa. É uma alegria descobrir que temos alguma coisa que pode
ser útil a outros, e essa alegria é multiplicada quando nós a partilhamos. Hoje podemos
fazer isso, livre e agradecidamente.

Só por hoje: Muito me foi dado em minha recuperação, e sou profundamente


agradecido por isso. Terei alegria em poder dividir isto com os outros tão livremente
quanto dói dividido comigo.
16 de dezembro Onde há fumaça...

“A complacência é o inimigo de membros com substancial


tempo limpo. Se permanecermos complacentes por
muito tempo, o processo de recuperação cessa.”

Texto Básico, p. 91

Em nossa recuperação, reconhecer complacência é como ver fumaça num


ambiente. A “fumaça” fica mais espessa quando cai nossa freqüência de reunião,
decresce nosso contato com recém-chegados ou nossas relações com nosso padrinho
não são mantidas. Com a continuidade da complacência, não seremos capazes de
enxergar através da fumaça para encontrar saída. Somente uma atitude nossa imediata
evitará um inferno.
Precisamos aprender a reconhecer a fumaça da complacência. Em NA temos toda
a ajuda necessária para fazer isso. Precisamos despender tempo com os outros adictos
em recuperação, porque eles podem detectar nossa complacência antes de nós. Recém-
chegados nos lembrarão como a adicção ativa pode ser dolorosa. Nosso padrinho nos
ajudará a nos manter focados, e a literatura de recuperação mantida ao alcance pode
ser usada para extinguir as pequenas fagulhas que acontecem de tempos em tempos. A
participação regular em nossa recuperação certamente nos capacitará a enxergar aquele
vapor de fumaça muito antes que ele se transforme num inferno maior.

Só por hoje: Eu participarei na extensão completa de minha recuperação. Meu


compromisso com NA é tão forte hoje como era no início de minha recuperação.
Motivos para o serviço 17 de dezembro

“Tudo o que acontece no decorrer do serviço de NA tem


que ser motivado pelo desejo de levar a mensagem de
recuperação com maior êxito ao adicto que ainda sofre.”

Texto Básico, p. xiv


Nossos motivos são freqüentemente uma surpresa para nós. Em nossos


primeiros dias de recuperação, eles eram quase sempre uma surpresa! Aprendemos a
checar nossos motivos através da oração, meditação, os passos e falando com nosso
padrinho ou outros adictos. Quando nos encontramos com uma ânsia especialmente
forte para fazer ou ter alguma coisa, é particularmente importante checar nossos
motivos para descobrirmos o que realmente queremos.
No início da recuperação, muitos de nós nos jogamos no serviço com grande
fervor antes de termos começado com a prática regular de checagem de motivos. Leva
algum tempo antes de nos tornarmos cientes das razões reais de nosso zelo. Podemos
estar querendo impressionar os outros, exibir nossos talentos, ou ser reconhecidos e
importantes. Bem, esses desejos podem não ser prejudiciais em outros cenários,
expressos através de outros meios. No entanto, em serviço de NA, eles podem causar
sérios danos.
Quando decidimos servir NA, decidimos ajudar adictos a encontrar e manter a
recuperação. Temos que checar cuidadosamente nossos motivos em serviço,
lembrando que é mais fácil afugentar adictos que estão usando do que convencê-los a
ficar. Quando mostramos a eles leviandade, manipulação ou ostentação, apresentamos
um quadro de recuperação não atraente. No entanto, o desejo altruísta de servir aos
outros cria uma atmosfera que é atraente ao adicto que ainda sofre.

Só por hoje: Checarei meus motivos para um espírito verdadeiro de serviço.


18 de dezembro A mensagem de nossas reuniões

“O fato de nós, em todo e qualquer grupo, nos concentrarmos na


mensagem, proporciona consistência; os adictos podem contar conosco”.

Texto Básico, p. 73

Os casos de nossas maluquices na adicção ativa podem ser engraçados. As


histórias de nossas reações bizarras à vida, na época em que estávamos usando, podem
ser interessantes. Mas elas tendem a passar mais confusão do que mensagem.
Discussões filosóficas sobre a natureza de Deus são fascinantes. Argumentos sobre
controvérsia correntes têm o seu lugar – no entanto, não numa reunião de NA.
Àquelas horas em que ficamos desgostosos com reuniões e nos vemos reclamando
que “eles não sabem compartilhar” ou “foi outra sessão choramingante”,
provavelmente são uma indicação de que temos que dar uma boa e dura examinada em
como nós compartilhamos.
A mensagem verdadeira de recuperação é compartilharmos como chegamos e
como permanecemos aqui através da prática dos Doze Passos. Isto é o que procuramos
quando vamos a uma reunião. Nosso propósito primordial é levar a mensagem ao
adicto que ainda sofre, e o que partilhamos nas reuniões pode tanto contribuir
significativamente para este esforço como desvalorizá-lo enormemente. A escolha e a
responsabilidade são nossas.

Só por hoje: Eu compartilharei minha recuperação numa reunião de NA.


Fazendo o que falamos 19 de dezembro

“As palavras nada significam até que as coloquemos em ação”.

Texto Básico, p. 63

O Décimo-Segundo Passo nos lembra de “praticarmos esses princípios em todas


as nossas atividades”. Em NA temos exemplos vivos dessa sugestão à nossa volta. Os
membros mais experientes, aqueles que parecem ter uma aura de paz os rodeando,
demonstram as recompensas de terem aplicado este pouquinho de conhecimento em
suas vidas.
Para receber as recompensas do Décimo-Segundo Passo, é vital que
pratiquemos os princípios espirituais de recuperação, mesmo quando ninguém estiver
olhando. Se nas reuniões falamos de recuperação, mas continuamos a viver como
fazíamos na época da adicção ativa, nossos companheiros pensarão que não estamos
fazendo nada mais do que citar frases de pára-choque de caminhão.
O que passamos para membros mais novos procede mais de como vivemos do
que daquilo que dizemos. Se aconselharmos alguém a “entregar-se” sem haver
experimentado o milagre do Terceiro Passo, provavelmente a mensagem não atingirá
os ouvidos do recém-chegado para quem ela foi dirigida. Por outro lado, se “fazemos o
que falamos” e partilhamos nossa experiência genuína de recuperação, a mensagem
certamente será evidente a todos.

Só por hoje: Praticarei os princípios de recuperação, mesmo quando sou o único a


saber.
20 dezembro Superando a auto-obsessão

“Ao vivermos os passos, começamos a abrir mão da auto-obsessão.”

Texto Básico, p. 105

Muito de nós viemos ao programa convencidos de que nossos sentimentos, nossas


vontades e necessidades eram da maior importância para todos. A vida toda tínhamos
praticado um comportamento de egoísmo e egocentrismo e acreditávamos que essa
seRia a única maneira de viver.
O egocentrismo não cessa só porque paramos de usar drogas. Talvez, ao
assistirmos nossa primeira reunião de NA, fiquemos certos de que todos na sala estão
nos observando, nos julgando e nos condenando. Podemos exigir que nosso padrinho
esteja à mão para nos ouvir na hora que quisermos... e ele, por sua vez, pode,
gentilmente sugerir que o mundo não gira em torno de nós. Quanto mais insistirmos
em ser o centro do universo, menos satisfeitos estaremos com nossos amigos, nosso
padrinho e tudo o mais.
A liberdade da auto-obsessão pode ser encontrada através da concentração maior
nas necessidades dos outros do que nas nossas. Quando os outros tiverem problemas,
podemos oferecer ajuda. Quando recém-chegados necessitarem de carona para as
reuniões, podemos levá-los. Quando os amigos estiverem se sentindo sós, podemos
passar um tempo com eles. Quando nos sentirmos não amados, mas sim ignorados,
podemos oferecer o amor e a atenção de que necessitamos a outra pessoa. Doando, nós
recebemos muito mais em retorno – e essa é uma promessa em que podemos confiar.

Só por hoje: Partilharei o mundo com os outros, sabendo que eles são tão importantes
como eu sou. Fortificarei meu espírito me doando.
Aceitação e mudança 21 de dezembro

“A liberdade de mudar parece vir depois da aceitação de nós mesmos”.

Texto Básico, p. 63

Medo e negação são o contrário da aceitação. Nenhuma de nós é prefeito, nem a


nossos próprios olhos: todos nós temos certos traços que, dada a oportunidade,
gostaríamos de mudar. Algumas vezes ficamos espantados ao constatar como estamos
longe de nossos ideais, tão espantados que tememos não ter a chance de nos tornarmos
quem gostaríamos de ser. Aí é que entra nosso mecanismo de defesa da negação que
nos leva ao extremo oposto: nada em nós precisa ser mudado, nós nos dizemos, então
para que se preocupar? Nenhum dos dois extremos nos dá a liberdade de mudar.
Se somos um membro antigo de NA ou novo na recuperação, a liberdade da
mudança só é adquirida pela prática dos Doze Passos. Quando admitimos nossa
impotência e falta de controle de nossas vidas, desativamos a mentira que diz que não
temos que mudar. Vindo a acreditar que um Poder maior que nós pode nos ajudar,
perdemos o medo de que temos males irreparáveis, viemos a acreditar que podemos
mudar. Nós nos entregamos aos cuidados de Deus de nossa compreensão e obtemos a
força que precisamos para fazer um exame cuidadoso e honesto de nós mesmos.
Admitimos a Deus, a nós mesmos e a outro ser humano o que encontramos. Aceitamos
o bom e o mau em nós mesmos: com esta aceitação, nós nos tornamos livres para
mudar.

Só por hoje: Eu quero mudar. Trabalhando os passos, anularei medo e negação e


encontrarei a aceitação necessária para mudar.
22 de dezembro Uma nova maneira de viver

“Todos nós enfrentamos o mesmo dilema quando chegamos no fim da linha e


descobrimos que não conseguimos mais funcionar como ser humano, com ou
sem drogas... ou continuar; da melhor maneira possível, até o amargo fim,
(prisão, instituição ou morte), ou encontrar uma nova maneira de viver.”

Texto Básico, p. 95

Qual foi o pior aspecto de nossa adicção ativa? Para muitos de nós não era a
possibilidade de que poderíamos morrer algum dia de nossa doença. A pior parte era a
morte em vida que experimentávamos todo dia, a interminável falta de sentido da vida.
Nós nos sentíamos fantasmas ambulantes, e não partes vivas e amorosas do mundo à
nossa volta.
Em recuperação, viemos a acreditar que estamos aqui por uma razão: nos amarmos
e amarmos aos outros. Trabalhando os Doze Passos, aprendemos a nos aceitar. Com
esta auto-aceitação vem o respeito próprio. Vimos que tudo que fazemos tem um efeito
nos outros, somos parte das vidas daqueles à nossa volta, e eles da nossa. Começamos
a confiar em outras pessoas e tomar conhecimento de nossa responsabilidade para com
elas.
Em recuperação, voltamos à vida. Mantemos nossas novas vidas contribuindo para
o bem estar dos outros e buscando cada dia fazer isso melhor... é aí que o Décimo, o
Décimo-Primeiro e o Décimo-Segundo Passos entram. Os dias de viver como um
fantasma passaram, mas só enquanto desejamos ativamente ser saudáveis, amorosos,
partes contribuintes em nossas próprias vidas e nas vidas dos outros à nossa volta.

Só por hoje: Descobri uma nova maneira de viver. Hoje, procurarei servir aos outros
com amor e amar a mim mesmo.
Novas idéias 23 de dezembro

“Reavaliamos as nossas velhas idéias, a fim de conhecermos


as novas idéias que levam uma nova maneira de viver.”

Texto Básico, p. 102


Aprender a viver um novo modo e vida pode ser difícil. Algumas vezes, quando
a caminhada fica especialmente dura, ficamos tentados a seguir o caminho mais fácil e
viver regido por nossas velhas idéias novamente. Esquecemos que nossas velhas idéias
estavam nos matando. Para seguir uma nova maneira de viver, precisamos abrir nossas
mentes a novas idéias.
Trabalhar os passos, assistir às reuniões, partilhar com os outros, confiar em um
padrinho, essas sugestões podem encontrar nossa resistência e até mesmo nossa
rebeldia. OP programa de NA requer esforço, mas cada passo do programa nos traz
mais perto de ser as pessoas que verdadeiramente queremos ser. Queremos mudar,
crescer e nos tornar alguma coisa a mais do que somos hoje. Para fazer isso, abrimos
nossas mentes, experimentamos as novas idéias que encontramos em NA e
aprendemos a viver um novo modo de vida.

Só por hoje: Eu abrirei minha mente para novas idéias e aprenderei a viver minha
vida de uma nova maneira.
24 de dezembro O grupo

“O Décimo-Segundo Passo do nosso programa pessoal diz


que levamos a mensagem ao adicto que ainda sofre... O grupo
é o veículo mais poderoso que temos para levar a mensagem.”

Texto Básico, p. 74

Quando chegamos pela primeira vez às reuniões de Narcóticos Anônimos,


encontramos adictos em recuperação. Sabemos que eles são adictos porque falam
sobre as mesmas experiências e sentimentos que tivemos. Sabemos que eles estão se
recuperando por causa de sua serenidade; eles têm algo que queremos. Sentimos
esperança quando outros adictos partilham sua experiência conosco nas reuniões de
NA.
A atmosfera de recuperação nos atrai às reuniões. Esta atmosfera é criada quando
os membros do grupo assumem o compromisso de trabalharem juntos. Tentamos
realçar esta atmosfera de recuperação ajudando arrumar a sala para as reuniões,
cumprimentando recém-chegados e conversando com outros adictos depois da reunião.
Essa demonstração de nosso compromisso faz nossas reuniões atraentes e ajuda nossos
grupos a partilharem sua recuperação.
Partilhar experiências em reuniões é um meio pelo qual ajudamos uns aos outros, e
é freqüentemente o alicerce para o nosso sentimento de pertencer. Nós nos
identificamos com os outros adictos, então confiamos em suas mensagens de
esperança. Muitos de nós não teríamos permanecido em Narcóticos Anônimos sem
aquela sensação de pertencer e de esperança. Quando partilhamos em reuniões de
grupo, sustentamos nossa recuperação pessoal enquanto ajudamos os outros.

Só por hoje: Eu estenderei a mão a outro adicto em meu grupo e partilharei minha
recuperação.
Anonimato e Teimosia 25 de dezembro

“O impulso para ganho pessoal... que trouxe tanta dor no


passado, cai por terra se aderirmos ao princípio anonimato ”

Texto Básico, p. 83

A própria palavra anonimato significa falta de nome, mas há um princípio


maior sendo praticado no anonimato do Programa de NA: o princípio da abnegação.
Quando admitimos nossa impotência para controlar nossas próprias vidas, damos o
primeiro passo para longe da teimosia e o primeiro passo para nos aproximar da
abnegação. Quanto menos tentarmos conduzir nossas vidas de acordo com nossa
própria vontade, mais encontraremos o poder e a orientação que um dia tanto fizeram
falta em nossas vidas.
Mas o princípio da abnegação nos dá muito mais do que a sensação de
melhora... nos ajuda a viver melhor. Nossas idéias de como o mundo deveria ser
dirigido começaram a ser menos importantes, e paramos de tentar impor nossa vontade
a todos e a tudo à nossa volta. E quando abandonamos nossa pretensão de “saber tudo”
e começamos a reconhecer o valor da experiência de outras pessoas, passamos a
reconhecer o valor da experiência de outras pessoas, passamos a tratá-las com respeito.
Os interesses dos outros se tornam tão importantes para nós como os do grupo, mais
do que só o que é melhor para nós. Começamos a viver uma vida que é maior do que
nós, que é mais do que só nós, nosso nome, nosso ego... Começamos a viver o
princípio do anonimato.

Só por hoje: Deus, por favor, liberte-me da minha teimosia. Ajude-me a compreender
o princípio do anonimato; ajude-me a viver abnegadamente.
26 de dezembro Poder infalível

“À medida que aprendemos a confiar neste Poder,


começamos a superar o nosso medo da vida.”

Texto Básico, p. 26

Somos pessoas acostumadas a colocar todos os nossos ovos numa só cesta. Muitos
de nós tínhamos uma droga de escolha. Confiávamos nela para poder passar cada dia e
tornar a vida suportável. Éramos fiéis àquela droga; de fato nos submeteríamos a ela
sem reservas. E aí ela se virou contra nós. Fomos traídos pela única coisa da qual
sempre dependemos, e essa traição nos deixou desamparados.
Agora que encontramos as salas de recuperação, podemos ficar tentados a confiar
em outro ser humano para satisfazer nossas necessidades. Podemos esperar isto de
nosso padrinho, nosso namorado ou de nosso melhor amigo. Porém, depender de seres
humanos é arriscado. Carecem de perfeição. Podem estar de férias, dormindo ou de
mau-humor quando precisamos deles.
Nossa dependência deve se apoiar em um Poder maior do que nós. Nenhuma força
humana pode restaurar nossa sanidade, cuidar de nossa vontade e nossas vidas, ou
estar completamente disponível e amorosa sempre que tivermos necessidade.
Depositamos nossa confiança no Deus de nossa compreensão, porque apenas esse
Poder jamais nos faltará.

Só por hoje: Eu depositarei minha confiança em um Poder maior do que eu mesmo,


pois só esse Poder jamais me decepcionará.
Deus poderia nos
devolver à sanidade 27 de dezembro

“O processo de vir a acreditar devolver-no à sanidade.”

Texto Básico, p. 26

Agora que finalmente admitimos nossa insanidade e vimos seus exemplos em


todas as manifestações, podemos ficar tentados a acreditar que ficamos condenados a
repetir este comportamento para o resto dae nossas vidas. Pensávamos que nossa
adicção ativa era sem esperança para nosso tipo particular de insanidade.
Não é assim! Sabemos que devemos nossa liberdade da adicção ativa à graça de
Deus amoroso. Se nosso Poder Superior pode realizar tal milagre como nos livrar de
nossa obsessão de usar drogas, certamente esse Poder também pode remover nossa
insanidade em todas as suas formas.
Se duvidamos disso, tudo o que temos de fazer é pensar sobre a sanidade que já
foi restaurada em nossas vidas. Talvez tenhamos nos descontrolado com nossos
cartões de crédito, mas a sanidade volta quando admitimos a derrota e os cortamos.
Talvez estejamos nos sentindo sós e tenhamos vontade de visitar nossos velhos
companheiros de ativa. Em vez disso, um ato de sanidade é visitar nosso padrinho.
A insanidade de nossa adicção vai ficando para trás à medida que começamos a
experimentar momentos de sanidade em nossa recuperação. Nossa fé em um Poder
maior do que nós mesmos cresce quando começamos a compreender que até mesmo
nosso tipo de sanidade não é nada diante deste Poder.

Só por hoje: Eu agradeço ao Deus de minha compreensão por cada ato são em minha
vida, porque.sei que eles são indicações de minha volta à sanidade.
28 de dezembro Depressão

“Não estamos mais lutando contra o medo, a raiva,


a culpa, a autopiedade ou depressão.”

Texto Básico, p. 29

Muitos de nós como adictos ficamos deprimidos de vez em quando. Quando nos
sentimos deprimidos, podemos ficar tentados a nos isolar. No entanto, se fazemos isso,
nossa depressão pode se transformar em desespero. Não podemos nos dar ao luxo de
deixar a depressão nos levar a usar.
Em vez disso, tentamos manter a rotina de nossas vidas. Damos prioridade
máxima à freqüência de reuniões e ao contato com nosso padrinho. Partilhar com
outros nossos sentimentos nos ajuda a tomar conhecimento de que não somos os
únicos que ficamos deprimidos em recuperação. Trabalhar com recém-chegado pode
fazer maravilhas para o nosso estado mental. E o mais importante, oração e meditação
nos ajudam a obter a força de que necessitamos para sobreviver à depressão.
Praticamos a aceitação e lembramos que sentimentos como depressão passarão
com o tempo. Em vez de lutar com nossos sentimentos, nós os aceitamos e pedimos
força para passar por eles.

Só por hoje: Eu aceito que meus sentimentos de depressão não durarão para sempre.
Falarei abertamente sobre meus sentimentos com meu padrinho ou outra pessoa que
compreenda.
Através dos olhos alheios 29 de dezembro

“Quando alguém nos aponta um defeito, a nossa


primeira reação poderá ser defensiva... [Mas] se
quisermos realmente se livres, ouviremos atentamente
o que os companheiros tiverem a nos dizer.”

Texto Básico, p. 39

Em algum ponto de nossa recuperação, chegamos à embaraçosa conclusão de


que o modo como nos vemos não é necessariamente o modo como os outros nos vêem.
Provavelmente não somos nem tão maus, tão bons, tão belos ou tão feios como
pensamos ser – mas estamos muito perto de nós mesmos para termos certeza. É aí que
entram nossos amigos de programação, se importando o bastante para partilhar
conosco o que eles vêem quando olham para nós. Eles nos dizem as coisas boas sobre
nós que talvez não sejamos capazes de enxergar.
Podemos reagir defensivamente a tal “ajuda” e, em alguns casos, com razão. No
entanto, mesmo as observações maliciosas sobre nossas supostas falhas podem
esclarecer aspectos de nossa recuperação que nós mesmos não conseguimos ver. De
onde quer que venha uma percepção útil, oferecida por qualquer que seja a razão, não
podemos nos dar ao luxo de ignorá-la.
Não necessitamos aguardar os outros oferecerem espontaneamente suas
percepções. Quando passamos tempo com nosso padrinho ou com outros membros de
NA em quem confiamos, podemos tomar a iniciativa de pedir a eles que nos digam o
que eles vêem sobre estas áreas de nossas vidas para as quais somos cegos. Queremos
uma visão mais ampla de nossa vida; podemos ter essa visão vendo a nós mesmos
através dos olhos dos outros.

Só por hoje: Eu procuro me ver como verdadeiramente sou. Escutarei o que os outros
dizem sobre mim e me verei através de seus olhos.
30 de dezembro Ação e oração

“(...) crescimento não é o resultado de um desejo,


é resultado de ação e oração.”

Texto Básico, p. 39

Algumas vezes parece que nossa recuperação cresce muito lentamente. Nos
debatemos com os passos; lutamos com os mesmos problemas; trabalhamos sob os
mesmos sentimentos desconfortáveis dia após dia. Desejamos que a recuperação se
mova um pouquinho mais rápida para que possamos sentir algum bem estar!
Sé desejar não funciona em recuperação; este não é um programa mágico. Se
desejos curassem adicção, nós todos estaríamos bem há muito tempo! O que realmente
nos dá alívio em recuperação é a ação e oração.
Narcóticos Anônimos tem funcionado para tantos adictos porque é um programa
de ação e oração cuidadosamente traçado. As ações que empreendemos em cada um
dos passos nos trazem mais e mais recuperação em cada área de nossas vidas. E a
oração nos mantém em contato com nosso Poder Superior. Juntas, ação e oração nos
mantêm bem firmes na recuperação.

Só por hoje: Minha recuperação é muito preciosa para simplesmente desejá-la. Hoje é
um bom dia para ação e oração.
Servir 31 de dezembro

“Trabalhar com os outros é apenas o começo do serviço.”

Texto Básico, p. 64

Agora estamos em recuperação. Vivendo o programa, alcançamos alguma


estabilidade em nossas vidas. Nossa fé em um Poder Superior cresceu. Nosso despertar
espiritual individual esta progredindo confortavelmente. E agora?
Simplesmente paramos e apreciamos? Claro que não. Encontramos uma
maneira de viver.
Nossa tendência é pensar no serviço em termos de comitê ou de ocupar uma
posição de algum nível, porém servir ultrapassa essa interpretação. De fato, podemos
encontrar oportunidades para servir em quase todas as áreas de nossas vidas. Nossos
empregos são uma forma de servir à comunidade, não importa nossa atividade. O
trabalho que fazemos em nossos lares serve às nossas famílias. Talvez façamos
trabalho voluntário em nossa comunidade.
Nossos esforços de servir realmente fazem uma diferença! Se duvidamos disso,
podemos imaginar como seria o mundo se ninguém desse o trabalho de servir aos
outros. Nosso trabalho serve à humanidade. A mensagem que levamos transcende as
salas de recuperação, afetando tudo o que fazemos.

Só por hoje: Eu vou procurar oportunidades para servir em tudo que eu faço.

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