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B,

Bom dia. Eu acabei de acordar, e não consigo mais pensar em outra coisa. Eu não
consigo mais comer, não consigo mais ler, não consigo mais ouvir música, e não consigo
parar de chorar. Eu já sabia que seria difícil – muito difícil – mas eu não imaginava que seria
tão difícil assim. Eu sei que com o tempo vai melhorar, mas nesse momento parece
impossível – e eu não tenho certeza se eu quero que melhore. Essa tristeza que eu tô sentindo
é um dos teus traços residuais em mim, e eu não quero me livrar de nada que veio de ti. Eu
não quero lavar minha camisa, eu não quero terminar de ler o livro, eu não quero ouvir
nenhuma outra playlist que não seja a tua. Eu não quero mais falar com ninguém que não seja
tu. Eu não quero mais ver ninguém que não seja tu. Eu não quero fazer mais nada que não seja
contigo.
Mas eu não tô dizendo nada disso pra te deixar mal (prometo). É só que eu não tenho
mais ninguém com quem falar sobre isso. Parece que eu descobri um pedaço de mim que não
sabia que tinha, só pra perder logo em seguida. Duas semanas, cara. Foram só duas
semanas!!! Parece que foi a minha vida inteira. Parece que eu te conhecia desde antes de eu
nascer, e já sabia todos os teus gostos, teus jeitos, tudo sobre ti. Eu queria que a gente tivesse
mais tempo. Mas acho que essa é uma das muitas belezas do que aconteceu, foi efêmero,
como todas as coisas mais bonitas são. Foi um encontro de almas, e eu sei que eu nunca mais
vou ser o mesmo. Depois de ter os melhores dias da tua vida e sentir os melhores sentimentos
que tu já sentiu, nada nunca mais parece ser certo, o mundo se transforma e vira uma coisa
completamente nova. Eu me sinto incompleto. Na verdade, eu vivia incompleto, mas não
sabia disso até te conhecer, e por uns breves dias eu fui completado. Naqueles dias, eu era
infinito. Eu não sei quando eu vou me sentir infinito de novo. Eu não sei se algum dia eu
ainda vou me sentir infinito de novo. Eu não sei se eu quero me sentir infinito de novo. Não
sem ti. Mas eu sei que vai acontecer, uma hora ou outra, mas eu quero mesmo é estar contigo,
te ver, te ouvir, te cheirar, te sentir. Eu queria poder viver grudado contigo.
Eu nunca me senti assim antes, nem com aquela menina que eu te falei. Eu nunca
cheguei nem perto de sentir o que eu senti nesses dias, e não sei se algum dia eu vou sentir
algo parecido. Dói muito agora, dói mais do que eu algum dia pensei que poderia doer, mas eu
sei que essa dor é uma lembrança dos melhores dias da minha vida. Talvez a única. Eu não
quero que tu vire só uma lembrança. Eu quero te ver todo dia, falar contigo todo dia, te
perturbar todo dia, te tocar todo dia, te sentir todo dia. Nos primeiros dias, toda vez que eu
pensava em ti, eu sorria. Eu me sentia esquisito, ficava sem saber o que fazer, o que falar, o
que pensar. Eu sentia um frio na barriga e ficava assustado por ter sentido tudo isso tão rápido.
Agora toda vez que eu penso em ti, eu choro. Porque eu sei que eu perdi um pedaço de mim –
o melhor pedaço – e eu nunca vou conseguir substituir. Se nada der certo, talvez eu fale sobre
ti pros meus filhos, um dia. Eu vou falar sobre como todo mundo merece pelo menos um
amor épico na vida, e nesses últimos dias eu me senti épico, infinito, completo. Se tudo der
certo, então vai ser uma história incrível pra contar pros nossos (cinco) filhos, e todos eles vão
acreditar no amor. Geralmente a gente assume que nossos pais são almas gêmeas, mas os
nossos filhos saberiam disso com certeza. É isso que a gente é. Almas gêmeas. Em duas
semanas, a gente conseguiu perceber isso e se lapidar pra ficar ainda mais parecido um com o
outro. Eu te amo tanto, cara. Eu não sabia que dava pra amar alguém tanto assim. Eu te amo
(muito) mais do que eu me amo.
Eu não sei como tu te sente sobre ti mesmo, mas tu foi a primeira pessoa que eu
conheci que parecia vivo. Meu Deus, eu nunca conheci ninguém nem remotamente assim. Tu
é como uma dose de café quentinho. Tu é como ser banhado pela luz do sol. Tu é enérgico e
entusiasmado e tem uma energia chamativa que foi completamente emocionante pra mim
quando eu te conheci. Tu me beijou num lugar que eu nem sabia que existia. Quando tu sorri,
tu ilumina qualquer ambiente inteiro, então é sempre difícil não notar – é só seguir a luz.
Tenta te lembrar disso quando as coisas parecem confusas e tu não conseguir enxergar direito.
Se tu sorrir, tu ilumina o caminho, e aí tu pode continuar sem medo. Eu espero de todo o meu
coração, e isso é a coisa que eu mais quero de todas, mais do que qualquer outra coisa que eu
queira pra mim, que é que tu consiga te encontrar. E aí tu vai perceber como tu é brilhante,
aconchegante e confortador, como eu percebi quanto te encontrei. Então continua, busca com
força e vontade, que logo, logo, tu vai encontrar o Breno, e isso vai resolver todos os teus
problemas. Foi o que aconteceu comigo, e é uma coisa que acho que todo mundo merece que
aconteça pelo menos uma vez na vida. Todo mundo merece te encontrar. Todo mundo merece
se sentir seguro e acolhido, confortável e em casa, tudo isso em uma pessoa só. O mundo
inteiro ficaria encantado em te conhecer, e em saber como tu é extraordinário e sensacional.
Eu queria poder contar pra todo mundo o quanto tu é bom. Eu gosto muito de você, leãozinho.
Para desentristecer o meu coração tão só, basta eu encontrar você no caminho, um raio da
manhã, arrastando meu olhar como um ímã.
Eu te amo demais, e é tudo culpa tua. É culpa tua ser diferente de qualquer pessoa que
eu já conheci, é culpa tua ser cativante desse jeito e atrair sem esforço nenhum todas as
pessoas a orbitarem à tua volta – algumas boas, outras não, mas isso acontece. Quando
alguma coisa, qualquer coisa, é fenomenal de boa, todo mundo vai querer um pouco dessa
coisa, inclusive pessoas não tão boas. Tu atrai as pessoas porque tu é excepcional. Quando as
pessoas boas chegam, elas pegam um pouco de ti e deixam um pouco delas contigo,
construindo a tua história da maneira mais linda possível – foi o que tu fez comigo – mas
quando as pessoas ruins vêm, elas só tomam, e não deixam nada. Não que elas precisem
deixar, ou nem que elas poderiam: elas são tão vazias em si próprias que elas não têm mais
nada a oferecer, e só podem tirar, tirar, tirar – e de algum modo, nunca é suficiente, porque
elas continuam vazias. Talvez elas nem sejam más, talvez elas só tenham feito escolhas
erradas e se deixado atrair por outras pessoas vazias, que também tiraram pedaços delas e
deixaram elas vazias. Talvez ela só arrancaram tanto de si pra se curar das coisas mais rápido,
que acabaram falidos e sem mais nada a oferecer– é triste, mas não muda o estrago. Não que
não haja uma solução, só não é fácil. Elas precisam reencontrar os pedaços delas que foram
tirados, antes de finalmente voltar a compartilhar eles com outras pessoas. Talvez seja o caso
do teu namorado.
O teu caso, por outro lado, é completamente diferente. Os teus pedaços estão todos aí,
é nítido (e eu dei uma boa olhada antes de sair), eu acho que eles só estão fora do lugar. Tu
nunca seria uma pessoa vazia, pelo contrário, tu é cheião, completo, abundante, extravagante,
próspero. Tu transborda de ti, e isso é muito lindo de ser ver. Eu me sinto melhor só de
escrever sobre ti. Juro: eu só consegui parar de chorar quando eu comecei a escrever sobre ti.
É sério. Eu me sinto perdido sem ti. Eu te amo, Breno. Eu te amo, eu te amo, eu te amo.
Euteamoeuteamoeuteamoeuteamoeuteamoeuteamoeuteamoeuteamoeuteamoeuteamoeuteamo
euteamoeuteamoeuteamoeuteamoeuteamoeuteamoeuteamoeuteamoeuteamoeuteamoeuteamoe
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moeuteamoeuteamoeuteamoeuteamoeuteamoeuteamoeuteamoeuteamoeuteamoeuteamo.
Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo.

Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo.

Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo.

Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo.

Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo.

Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo.

Breno Pereira Silva,


Eu te amo como a lua ama as estrelas, eu te amo como os passarinhos amam os galhos
das árvores, eu te amo como as formigas amam as folhas que caem no chão, eu te amo como
uma criança ama outra, com um amor puro e que não conhece nenhum impedimento,
nenhuma barreira, um amor gratuito. Eu te amo de graça, de pirraça, de raiva, de amor. Eu te
amo com um amor ardente, vermelho, brilhante e chamativo, que não pode ser contido, nem
medido, nem parado, nem protegido. Eu te amo por tu ser como tu é, eu amo cada pedaço de
ti, cada tracinho teu; o jeito que tu fala das coisas, o jeito que tu me olha, o jeito que tu me
ama. Eu te amo mesmo sabendo que um dia tu não vai mais me amar tanto assim, e eu quero
continuar ter amando do mesmo jeito até quando isso acontecer. Eu te amo como meu irmão,
como meu amor, como eu mesmo. Quando eu te conheci, foi como conhecer a minha versão
original, e descobrir que esse tempo eu era só uma cópia. Tu é tudo que eu sempre quis ser. Tu
faz tudo que eu sempre quis fazer. Tu é tudo que eu sempre quis ter.
Enquanto eu escrevia isso tu me mandou a última mensagem. Tinha tanta coisa que eu
queria te dizer, mas não dava. Foi estranho. Pareceu que eu tava segurando tanta coisa nas
mãos enquanto eu falava contigo. Eu queria poder dizer tudo isso que eu escrevi. Mas eu não
podia. Eu nunca fui bom com despedidas, pra falar a verdade, essas ocasiões sempre me
deixavam meio tristinho e abatido, mas essa vez me pegou de jeito. Como quando eu te
conheci, eu já não sei mais como agir, o que falar, o que sentir. Eu não sei se tu tá te sentindo
tão mal como eu mas, se tu estiver, eu acho que sei como ajudar. Eu ouvi uma vez em um
filme que a natureza tem um jeito meio sorrateiro de encontrar nosso ponto mais fraco,
quando a gente menos espera. Só lembra que eu tô aqui. Eu sempre vou estar aqui, pronto pra
debruçar a saudade do meu corpo no teu corpo, toda vez que tu chegar.
A gente teve uma amizade boa. Talvez mais que uma amizade. E eu acho que a gente é
inteligente demais pra não saber o quão raro e especial isso foi. Tem uma canção do Michel
Sardou que diz “parce que c'était lui, parce que c'était moi,” algo parecido com “porque ele
era ele, porque eu era eu”. Breno era Breno, Kaian era Kaian. Mas Kaian também era Breno,
e Breno também era Kaian. A gente foi sortudo de ter se encontrado. Oh, meu bem, você
apareceu na hora certa. A gente sentiu muitas coisas, e eu acho isso invejável. Em só duas
semanas, a gente conseguiu sentir tudo, e talvez até mais um pouco – e o agora nos eternizou.
Como tu vive a tua vida, infelizmente, não é um problema meu – não importa o tanto que eu
quero que seja. Mas não esquece que os nossos corações e nossos corpos são dados pra gente
só uma vez e, muito mais rápido que a gente percebe, os corações se desgastam, e chega um
ponto em que ninguém mais olha para os nossos corpos, e sequer quer chegar próximo deles
(eu sempre chegaria perto do teu). Agora tem tristeza, dor. Não mata esse sentimento, e com
ele a alegria que a gente sentiu. É isso que eu vou tentar fazer. Eu senti tudo ao máximo, por
todos os dias que a gente tava junto. Eu ouvi uma vez em um filme que a gente arranca tanto
de nós pra se curar das coisas mais rápido, que acaba falido nos 30 e tem menos a oferecer
cada vez que começa com alguém novo. Mas não sentir nada pelo mero propósito de não
sentir nada? Que desperdício! Agora eu vou sentir a tristeza, a dor. Vou sentir com a mesma
intensidade que eu senti todo o resto, e eu vou gostar de sentir tudo isso, porque são ecos da
melhor coisa que já me aconteceu. É uma tristeza boa, porque vem de uma experiência boa.
Eu sempre soube que a gente vinha com prazo de validade, eu sempre soube ia ser breve, eu
sempre soube que ia doer, eu sabia que ia ser assim, e eu escolhi te sentir do mesmo jeito.
Meu leãozinho. Eu queria poder voltar no tempo pro primeiro dia, e fazer com que o nosso
breve demorasse pra sempre, eternizar o nosso agora. Às vezes a vida não deixa nada pra
gente, e as coisas abstratas passam da cabeça pro coração. Tu fez isso comigo. Obrigado.

Breninho, eu tô morrendo de saudade. Não tô sabendo lidar muito bem com isso e, a
cada momento que passa, as memórias vão parecendo cada vez mais um sonho. É muito
difícil pra mim agir como se nada daquilo tivesse acontecido, voltar à minha vida de antes,
fingir que a gente não é amigo, fingir que a gente não se gosta, fingir que os dias mais
intensos da minha vida nunca aconteceram, fingir que eu não encontrei a minha alma gêmea.
Acho que eu tô deprimido. Eu mal consigo escrever agora, mas eu também não consigo mais
fazer nada. De repente, eu tô sem ânimo pra nada, o tempo que passou tão rápido já não passa
mais, as paredes do meu quarto parecem que tão ficando mais perto. Acho que eu tô
sufocando. Acho estranho finalmente sentir tudo isso. Eu já li sobre esse sentimento de agonia
em poemas e romances épicos, mas sentir todos eles é uma onda completamente diferente...
eu achava exagero por parte dos poetas, mas agora eu já acho que alguns deles estavam sendo
até brandos.
“Brando” parece com “Breno”. Por causa disso, eu fui pesquisar o significado do teu
nome, e descobri que significa “rei”. Sabia? Chefe, líder, sopro criador, superior, nobre. O
mais interessante é que todos esses significados são facilmente confundidos com as tuas
características. Aqui diz também que é um nome belo e de sonoridade agradável. Eu amo o
som do teu nome. Brrrrrrrrrreeeno. BrenoBrenoBrenoBreno. Brenoooooo. Teamoteamoteamo.
Eu não aguento mais, sério. Tá tudo muito chato.
Me toquei aqui que eu não te contei direito sobre minha relação com o meu pai, e tô
afim de falar agora, ele tá sendo meio mala com todo mundo aqui. Ele é um cara meio raivoso
e agressivo, principalmente com minha mãe e minha irmã, e por causa disso eu enfrento ele.

Eu tô começando a me dar conta de que talvez nada nunca mais volte a ser o mesmo.
Talvez a gente nunca mais volte a se falar, e talvez eu nunca mais te veja. Tudo o que eu mais
queria agora era poder falar contigo, te ver, te tocar, te abraçar, mas nada disso é possível.
Mas vai dar tudo certo. A gente vai se encontrar de novo, e tudo vai ficar bem. A gente vai
conversar, a gente vai se abraçar, a gente vai ficar junto. E se der certo, a gente vai fazer umas
cadeiras juntos.

Talvez eu tenha feito disso mais do que foi. Talvez eu tenha imaginado que a gente
tinha algo a mais do que a gente teve, porque eu não consigo entender como tu conseguiu
abandonar tudo isso tão rápido e deixar a gente de lado com tanta facilidade, literalmente da
noite pro dia. Mas aí eu percebo que tu sempre quis acabar tudo. Tu sempre quis terminar e
finalizar tudo isso que a gente teve, e só não conseguiu porque eu não deixava. Eu era o
problema. Eu sempre fui o problema. Fui eu que fiz tu te separar do teu namorado e fui eu que
te segurei longe dele por tanto tempo. Mas no fim, o amor de vocês foi mais forte, e o bem
venceu. É duro ser o vilão da história de alguém, mas acho que mais duro ainda é perceber
isso quando a gente acha que tá sendo o herói. É duro saber que eu tô mal sozinho, mais duro
ainda saber que enquanto eu tô mal tu tá muito bem. Feliz, com ele, sem sentir a minha falta.
De volta ao normal. E mesmo que tu sinta minha falta agora, vai passar bem mais rápido do
que tu imagina. Bem mais rápido do que vai passar pra mim.
Eu me odeio, e eu odeio a pessoa que eu me tornei. O tempo inteiro pra baixo, de cara
amarrada, sem ânimo pras coisas, te escrevendo só pra dizer o quanto eu tô mal. Acho que eu
vou rever tudo o que eu botei nessa carta e tirar as partes ruins. Tu não me deve mais nada, eu
não tenho mais o direito de despejar meus sentimentos ruins em ti. Não é como se tu pudesse
fazer alguma coisa. Acho que nem amigo a gente é mais. Só colegas. Conhecidos. Dois caras
que fizeram uma peça juntos uma vez. Nada mais que isso.

Ontem foi o melhor dia da minha vida. De verdade. De todos. Eu não consigo lembrar
sem chorar, mas vou tentar. Eu ainda tava mal por ontem quando eu acordei e, pensando
agora, eu acho que eu já consigo verbalizar mais ou menos o
Ontem, vocês voltaram.
Tu escolheu me abandonar, me deixar pra trás, soltar a minha mão. Tu fez a tua
escolha. O que mais me incomoda nisso tudo é que tu teve uma escolha, e tu nem sequer
parou pra pensar nisso. Tu simplesmente desistiu, e abriu mão da gente como se não fosse
nada. Mas talvez não tenha sido mesmo. Talvez eu tenha dado muuuuuuuito mais
profundidade pra tudo isso do que realmente teve. Porque se tivesse, eu acho que tu teria
lutado um pouquinho mais pela gente. Eu fui completamente idiota de algum dia pensar que
eu poderia competir com ele. É claro que não, porque aparentemente tudo o que a gente teve
nunca foi absolutamente nada perto de tudo o que vocês têm. Completamente insignificante.
Tão insignificante que tu largou absolutamente tudo pra trás, na beira da estrada.
Eu achava que ele queria voltar mais do que tu, mas era ele que estava dando
condições pra volta, e foi tu quem teve que sacrificar alguma coisa pra voltar com ele. Mas
também depende do que a gente chama de sacrifício. Quanto menor o sacrifício, mais fácil ele
é, mais rápido a gente sacrifica. E porra, que sacrifício rápido. Relâmpago. Literalmente do
dia pra noite. A gente passou a tarde juntos, e mesmo assim não teve aparentemente nenhum
efeito em ti. Não incentivou em nada na tua escolha. Não atrasou nem um pouquinho.
Eu queria nunca ter te conhecido. Eu queria nunca ter sentido nada disso. Eu queria
nunca ter nem participado daquele curso de férias. Eu queria que nada disso nunca tivesse
acontecido. Espero te esquecer o mais rápido possível, e nunca mais ter que olhar na tua cara.
Eu te odeio. Tu foi a pior coisa que já me aconteceu.
Pode acreditar que tu vai ser muito mais feliz com ele.
E se tu realmente acredita em qualquer uma dessas coisas que eu escrevi, facilita as
coisas e some da minha vida, por favor. Me evita.
Se tu não acredita em nada disso e consegue enxergar pra além das palavras que eu
escrevi, eu ainda tô no mesmo lugar onde tu me deixou. E, sinceramente, eu não sei se eu vou
conseguir sair daqui tão cedo. Até porque eu não tenho ninguém pra me tirar daqui.
Em todo caso, boa vida e boa sorte. Espero que ele te trate bem.

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