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Hernandes dias Lopes (trecho do livro comentários de Efésios, Editora Hagnos 2009)
Falando sobre o papel da esposa, Paulo escreve:
Mulheres, cada uma de vós seja submissa ao marido, assim como ao Senhor; pois o marido é
o cabeça da mulher, assim como Cristo é o cabeça da igreja, sendo ele mesmo o Salvador do corpo.
Mas, assim como a igreja está sujeita a Cristo, também as mulheres sejam em tudo submissas ao
marido (Efésios 5.22-24).
É relevante o fato de, nessa seção, os maridos e as esposas serem lembrados de seus
deveres e não de seus direitos. O apostolo Paulo, inspirado pelo Espirito Santo, ordena que as
mulheres sejam submissas ao marido. Mas o que e submissão? Essa palavra esta profundamente
desgastada em nossos dias. John Mackay diz corretamente que uma das maiores artimanhas do diabo
e esvaziar o sentido das grandes palavras cristas. Antes de prosseguirmos, portanto, precisamos
entender com clareza o que não e submissão.
Em primeiro lugar, submissão não é inferioridade. Devemos desinfetar a palavra “submissão”
de seus sentidos adulterados. A mulher não e inferior ao homem. Ela foi tão feita a imagem de Deus
quanto o homem. Ela foi tirada da costela do homem e não dos pés. Ela e auxiliadora idônea (aquela
que olha nos olhos) e não uma escrava.
Aos olhos de Deus, ela e coigual com o homem (G1 3.28; IPe 3.7). Concordo com John Stott
quando diz que não devemos pensar que a submissão que Paulo recomenda as esposas, as crianças e
aos servos seja outra palavra para inferioridade.
De igual forma, não devemos aceitar a ideia de uma obediência cega e servil. Submissão e
por-se debaixo da missão de outra pessoa. A missão do marido e glorificar a Deus, amando a esposa
como Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, e a missão da esposa e sustentar seu
marido nessa missão. Russell Shedd entende que submissão traz a ideia de apoiar e encorajar.
Em segundo lugar, submissão não é obediência incondicional. A submissão da esposa a
Jesus e uma submissão absolutamente exclusiva. Todos nos somos servos de Cristo. Nunca se afirma,
porem, que a esposa deva ser escrava ou serva do marido. Nossa relação com Jesus e uma relação de
submissão completa, inteira e absoluta. Não e essa a exortação dirigida as esposas. Se a submissão da
esposa ao marido implicar sua insubmissão a Cristo, ela precisa desobedecer ao marido, para obedecer
a Cristo. A autoridade do marido, dos pais e dos patrões não e ilimitada, nem a submissão das esposas,
dos filhos e dos empregados e incondicional. O principio e claro: devemos nos submeter ate o ponto em
que a obediência a autoridade do homem não envolva a desobediência a Deus; nesse ponto, a
“desobediência civil” passa a ser nosso dever cristão.
Agora, vejamos o que representa submissão:
Em primeiro lugar, devemos entender que a mulher deve ser submissa ao marido por causa
de Cristo (5.22). “Mulheres, cada um de vos seja submissa ao marido, assim como ao Senhor.” A
submissão da esposa ao marido não e igual a submissão a Cristo, mas por causa de Cristo. A
submissão da esposa ao marido e uma expressão da submissão da esposa a Cristo. A esposa
submete-se ao marido por amor e obediência a Cristo. A esposa submete-se ao marido para a gloria de
Deus (ICo 10.31). A esposa submete-se ao marido para que a Palavra de Deus não seja blasfemada (Tt
2.3-5).
John Stott esta certo ao dizer que as mulheres, por trás do marido, do pai e do Senhor devem
discernir o próprio Senhor, que lhes deu a autoridade que tem. Assim, se elas quiserem submeter-se a
Cristo, submeter-se-ao a eles, visto que e a autoridade de Cristo que exercem. Concordo com Francis
Foulkes quando diz que o casamento ilustra a relação da igreja com Cristo de modo mais adequado do
que a ilustração da relação do templo com a pedra angular ou ate mesmo que a relação do corpo com
seu Cabeça. Saímos, aqui, de ilustrações inanimadas ou do campo biológico para uma ilustração tirada
da área mais profundamente pessoal
Em segundo lugar, devemos observar que a submissão da esposa ao marido é sua liberdade
(5.23). “Pois o marido e o cabeça da mulher, assim como Cristo e o Cabeça da igreja, sendo ele mesmo
o Salvador do corpo.” A submissão não e escravidão, mas liberdade. A verdade liberta. Só sou livre
quando obedeço as leis do meu pais. Um trem só e livre quando corre em cima dos trilhos. John Stott
esta correto quando diz o ensino bíblico e que Deus deu ao homem uma certa liderança, e que sua
esposa encontra a si mesma e seu verdadeiro papel dado por Deus não na rebelião contra o marido
nem contra a liderança dele, mas, sim, na submissão voluntaria e alegre.
Em terceiro lugar, a luz do ensino de Paulo, a submissão da esposa ao marido é sua glória
(5.24). “Mas, assim como a igreja está sujeita a Cristo, também as mulheres sejam em tudo submissas
ao marido.” Assim como a glória da igreja é ser submissa a Cristo, também a glória da esposa
é ser submissa ao marido. A submissão da igreja a Cristo é voluntária, devotada, sincera e
entusiástica. É uma submissão motivada pelo amor. A igreja só é bela quando se submete a
Cristo. A submissão da igreja a Cristo não a desonra nem a desvaloriza. A igreja só é feliz
quando se submete a Cristo. Quando a igreja deixa de se submeter a Cristo, ela perde sua
identidade, seu nome, sua reputação e seu poder.
A submissão não é a um senhor autoritário, autocrático, déspota e insensível, mas a alguém
que a ama a ponto de dar sua vida por ela. A submissão da esposa não é a um tirano, mas a um marido
que a ama como Cristo ama a igreja. O cabeça do corpo é o salvador do corpo; a característica de sua
condição de cabeça não é tanto a de Senhor, mas, sobretudo, a de Salvador.
Em quarto lugar, a submissão da esposa ao marido é a sua missão (5.22). A palavra
“submissão” indica que a missão da esposa é sustentar a missão do marido, e a missão do marido é
amar a esposa a ponto de morrer por ela. A mulher submissa faz bem ao marido todos os dias de sua
vida e pavimenta o caminho do amor do marido por ela.
O papel do marido (5.25-33)
Ao detalhar o papel do marido, Paulo escreve: Maridos, cada um de vós ame a sua mulher,
assim como Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, a fim de santificá-la, tendo-a
purificado com o lavar da água, pela palavra, para apresentá-la a si mesmo como igreja gloriosa, sem
mancha, nem ruga, nem qualquer coisa semelhante, mas santa e irrepreensível. Assim o marido deve
amar sua mulher como ao próprio corpo. Quem ama sua mulher,
ama a si mesmo. Pois ninguém jamais odiou o próprio corpo; antes, alimenta-o e dele cuida; e
assim também Cristo em relação à igreja; porque somos membros do seu corpo. Por isso o homem
deixará pai e mãe e se unirá a sua mulher, e os dois serão uma só carne. Esse mistério é grande, mas
eu me refiro a Cristo e à igreja. Entretanto, também cada um de vós ame sua mulher como a si mesmo,
e a mulher respeite o marido (5.25-33).
Se a palavra que caracteriza o dever da esposa é submissão, a palavra que caracteriza o
dever do marido é amor. SÒ o marido que deseja que a esposa lhe seja submissa como a igreja o é a
Cristo deve amá-la como Cristo ama a igreja.
O amor do marido pela esposa deve ser perseverante, santificador, sacrificial, romântico,
protetor e provedor. Ele deve amar a esposa não apenas como a si mesmo, mas mais do que a si
mesmo. Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela. Esse é o modelo prescrito por Deus
para ser seguido pelo marido.
Assim, o marido nunca deve usar sua liderança para sufocar a esposa nem para impedi-la de
se expressar. O conceito de autoridade nas Escrituras não tem que ver com poder, domínio e opressão.
A liderança do marido não é uma permissão para agir com autoritarismo, mas uma
oportunidade para servir com amor. A ênfase de Paulo não está na autoridade do marido, mas em seu
amor (5.25,28,33). O que representa ser submisso? É entregar-se a alguém. O que representa amar? E
entregar-se por alguém.