Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ÍNDICE
INTRODUÇÃO ............................................................ 3
TEOLOGIA DAS ALIANÇAS ...................................... 4
A ALIANÇA DA CRIAÇÃO ......................................... 7
A ALIANÇA DA REDENÇÃO ................................... 14
A ALIANÇA DA PRESERVAÇÃO.......................... 17
A ALIANÇA DA PROMESSA................................. 20
A ALIANÇA DA LEI................................................ 25
A ALIANÇA DO REINO.......................................... 28
A NOVA ALIANÇA ................................................. 30
RESUMO................................................................... 35
BIBLIOGRAFIA......................................................... 36
3
INTRODUÇÃO
1
Essa distinção para o Velho e o Novo Testamento pode ser encontrada no livro de O. Palmer
Robertson, Cristo dos pactos, pg. 53.
5
ALIANÇA
Gn 1.27-29: (27) "Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus
o criou; homem e mulher os criou. (28) E Deus os abençoou e lhes disse: Sede
fecundos, multiplicai-vos (bênção da fecundidade), enchei a terra e sujeitai-a
(bênção do domínio sobre a terra); dominai sobre os peixes do mar, sobre as
aves dos céus e sobre todo o animal que rasteja pela terra (bênção do domínio
sobre os demais seres viventes). (29) E disse Deus ainda: Eis que vos tenho
dado todas as ervas que dão semente e se acham na superfície de toda a terra e
todas as árvores em que há fruto que dê semente; vos será para mantimento
6
A ALIANÇA DA CRIAÇÃO
(OU “PACTO DE OBRAS”)
É assim chamado porque se refere à relação ou aliança que Deus tinha com a
humanidade (homem e mulher2) quando a criou. Vemos, nos primeiros capítulos
de Gênesis:
2
Isso não muda o fato de que o representante escolhido foi Adão. De fato, foi para Adão, e não
para a mulher, que Deus deu a ordem que serviria como teste da Aliança (Gn 2.15-17).
8
que dizem respeito a Deus somente. Não inclui as pessoas e a Criação em geral.
Exemplos: os quatro primeiros mandamentos do Decálogo.
Antes de continuarmos, não esqueça: Houve, na Criação, uma ordem
explícita de Deus ao homem, algo que envolvia um teste em relação à obediência
humana para com Deus. Gn 2.16, 17: (16) "E o SENHOR Deus lhe deu esta
ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, (17) mas da árvore do
conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela
comeres, certamente morrerás".
3
Porque Deus é Criador, e o homem, criatura; Deus é Senhor, e nós, Seus servos. Sempre foi assim – antes e
depois do pecado entrar no mundo – e sempre será. Por isso é que, mesmo quando houver novo céu e nova
terra, continuaremos tendo de obedecer à vontade de Deus como Seus servos (Ap 22.3, 4).
11
no meio do jardim, disse Deus: Dele não comereis, nem tocareis nele, para que
não morrais. (4) Então, a serpente disse à mulher: É certo que não morrereis. (5)
Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e,
como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal. (6) Vendo a mulher que a
árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar
entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele
comeu”.
A própria Bíblia, mais tarde, viria a mencionar a transgressão da aliança
por parte de Adão. Veja Os 6.7: “Mas eles transgrediram a aliança, como Adão;
eles se portaram aleivosamente contra mim.”
1) Deus não desiste de sua criatura, agora pecadora, mas vai ao seu encontro: “E
chamou o Senhor Deus ao homem e lhe perguntou: Onde estás?” (Gn 3.9) Deus
poderia simplesmente ter deixado o homem entregue à sua própria sorte,
abandonado em sua morte espiritual. Não precisava haver, necessariamente, um
novo contato após a queda.
2) O sustento do homem ainda seria possível: “No suor do teu rosto comerás o
teu pão”. (Gn 3.19) O homem ainda poderia sustentar-se, ainda que com trabalho
penoso e o suor do seu rosto.
3) A mulher continuaria tendo a capacidade de gerar, ou seja, não perdeu a
fecundidade: “em meio de dores darás à luz filhos”. (Gn 3.16) Eva reconheceu
que o ser mãe, após a queda, era uma bênção decorrente da graça divina (Gn
4.1, 25). Logo, a raça humana continuaria a existir. Tal existência foi garantida
pela permanência da capacidade de gerar. O próprio Adão percebe a amplitude
dessa bênção, ao dizer que Eva seria a mãe de todos os seres humanos (Gn
3.20).
12
4) Deus promete a destruição daquele que induziu nossos primeiros pais ao erro,
quando disse à serpente: “Porei inimizade entre ti e a mulher; entre a tua
descendência e o seu descendente. Este (o descendente da mulher) te ferirá a
cabeça...”. (Gn 3.15)
em vigor, qual seja, “o salário do pecado é a morte” (Rm 6.23a). Não que a morte
de tais animais tivesse poder para apagar os pecados de alguém, mas sim porque
esses animais simbolizavam Cristo, o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do
mundo” (Jo 1.29). Por outro lado, a obediência aos mandamentos continuaria
gerando bênçãos nas vidas dos obedientes também.
O importante é perceber que em Gn 3.15 Deus começa a revelar que irá
redimir, no meio da humanidade caída, um povo para si. Alguns estudiosos dizem
que a Aliança é alicerçada na promessa de Deus, justamente por causa daquilo
que Deus prometeu em Gn 3.15. Deus é fiel à Sua Palavra, à Sua promessa. Por
isso as palavras de Gn 3.15 haveriam de se cumprir.
Com o passar dos tempos, Deus foi pouco a pouco revelando mais
detalhes dessa sua Aliança com seu povo eleito. Fez isso em sua Aliança com
Noé, em sua Aliança com Abraão, em sua Aliança com Moisés, no Sinai, e na
Aliança com Davi. Finalmente, Jesus surgiu com a Nova Aliança e esclareceu
todas as coisas que foram reveladas, visto que o povo nunca entendeu
completamente todas elas.
CONCLUSÃO
A ALIANÇA DA REDENÇÃO
(OU “PACTO DA GRAÇA”)
Redenção significa o resgate de uma propriedade pelo pagamento de um
preço. Deus se propôs a resgatar aquilo que lhe pertence. Essa Aliança da
Redenção é também chamada PACTO DA GRAÇA, pois envolve um favor
imerecido de Deus para com o homem. O homem merecia morrer, pois fracassou
em sua obediência e a morte estava prevista como punição. Porém Deus, por Sua
graça, resolveu agir em favor do homem. Entretanto, havia dois problemas a
serem resolvidos para que essa relação pudesse ainda existir:
CRISTO entra em cena justamente para resolver esses dois problemas. Cristo
entra como fiador do homem nessa relação, a fim de garantir sua existência. Ele
irá, no lugar do homem, obedecer perfeitamente à vontade divina (obediência
ativa); sofrer a punição pelo fracasso humano, ou seja, a morte (obediência
passiva); e destruir aquele que deu início à rebelião humana contra Deus:
Satanás (conforme profetizado em Gn 3.15).
Note que a intenção de Deus continua a mesma: ter uma relação com o
homem que criou, uma relação de amor e obediência.
É importante notar que Deus já sabia que o homem ia fracassar, porque
mesmo a Queda inevitavelmente faz parte dos decretos de um Deus Soberano,
embora esse decreto não faça dEle autor do pecado ou tenha violentado a
vontade da criatura5 (Confissão de Fé, Capítulo III, Seção I). Sendo assim, Ele
também já havia planejado, desde a eternidade, uma solução para a Queda que
haveria de ocorrer.
5
Conforme o comentário de A. A. Hodge a essa Seção da Confissão, “... o propósito de Deus... em nenhum
aspecto causa o mal nem o aprova, mas apenas permite que o agente mau o realize, e então o administra
para seus próprios sapientíssimos e santíssimos fins” (pg. 98).
15
CONCLUSÃO
Por fim, ficamos sabendo, pelo texto de At 15.10, 11, que todos os judeus
eleitos do Velho Testamento, antepassados dos apóstolos, foram salvos pela
graça de Jesus. Esse fato confirma a predominância da Aliança da Redenção a
partir da queda do homem e a exclusividade de Cristo como único mediador (1
Tm 2.5).
17
A ALIANÇA DA PRESERVAÇÃO
A história do povo de Deus, a partir da Queda do homem, segue um curso
previsível. A “semente da mulher” vai se revelando a partir do primeiro casal. Eva
demonstra que reconhece seu primeiro filho como uma bênção de Deus. Quando
Caim nasceu, ela disse, em Gn 4.1: “... adquiri um varão com o auxílio do
Senhor”. Alguns comentaristas interpretam que tanto Adão quanto Eva esperavam
ansiosamente pelo nascimento do descendente que esmagaria a cabeça da
serpente.
Provavelmente Adão e Eva continuaram tementes a Deus, visto que seus
filhos aparentemente foram instruídos na relação com o Senhor, pois ambos –
Caim e Abel – fizeram ofertas a Ele, conforme Gn 4.3, 4: (3) “Aconteceu que no
fim de uns tempos trouxe Caim do fruto da terra uma oferta ao SENHOR. (4) Abel,
por sua vez, trouxe das primícias do seu rebanho, e da gordura deste. Agradou-se
o SENHOR de Abel e de sua oferta”.
Porém, começamos a perceber a descendência da serpente na pessoa de
Caim. Ele se deixou dominar pela ira, quando sua oferta foi rejeitada (Gn 4.5),
premeditou o assassinato de seu irmão e, por fim, o matou (Gn 4.8). Como se não
bastasse, mentiu a Deus, quando Este lhe perguntou sobre o paradeiro de Abel
(Gn 4.9).
Notem que Deus castigou Caim, amaldiçoando a terra para que ela não lhe
desse seus frutos (Gn 4.11, 12a) e o condenou a viver como um errante pelo
mundo (Gn 4.12b). O interessante é que a graça de Deus continua a atuar sobre
o pecador, como se vê até mesmo no caso de Caim. Deus garantiu a proteção e
sobrevivência de Caim ante possíveis inimigos (Gn 4.14, 15). Um claro exemplo
da graça geral de Deus.
Aparentemente, a semente da mulher segue mais visivelmente na
genealogia de Sete, filho que substituiu Abel (Gn 4.25). A descendência da
serpente, por sua vez, segue mais visivelmente na genealogia de Caim (note o
trecho sobre Lameque, um dos descendentes de Caim, em Gn 4.23, 24). Isso não
quer dizer que todos os descendentes de Sete são eleitos, assim como não
significa também que todos os descendentes de Caim são ou serão sempre filhos
da serpente, pois o que permanece é o propósito da eleição (Rm 9.11). Quem
sabe se alguém da descendência de Caim não se converteu verdadeiramente ao
Senhor? Da mesma forma, quem garante que alguém da descendência de Sete
não serviu ao maligno? Porém, no início, até mesmo pelo fato de que só havia
praticamente duas famílias sobre a terra, as coisas pareciam assim.
Infelizmente, a maldade humana crescia na Terra (Gn 6.5), e Deus mostra
o Seu ódio pelo pecado com o dilúvio (Gn 6.11-17). Porém, o compromisso de
Deus feito na Aliança da Redenção não poderia ser frustrado. A humanidade e
nem a terra foram definitivamente destruídas, pois Noé e sua família foram
preservados (Gn 7.1). Isso mostra a fidelidade de Deus ao Pacto. O cumprimento
de Gn 3.15 dependia da continuidade da raça humana.
Deus agora faz uma aliança com Noé. Gn 9.8-10: (8) “Disse também Deus
a Noé e a seus filhos: (9) Eis que estabeleço a minha aliança convosco e com a
18
vossa descendência...”. Nessa aliança, ele revela mais alguns aspectos do Seu
plano de redimir um povo para Si. Cabe aqui um parêntese para repetir como as
coisas funcionam com o Deus das Alianças: na verdade, a aliança entre Deus e o
homem é uma só; Deus quer ter um relacionamento com o homem que criou, no
qual Ele seria o Deus de um povo e esse povo seria Seu. A aliança central se
revelou logo no início, na criação do homem. Todas as demais “alianças”, na
verdade, apenas complementam a aliança principal, dando novos aspectos desse
maravilhoso plano de Deus.
Pois bem, a aliança que Deus fez com Noé é chamada ALIANÇA DA
PRESERVAÇÃO. Isso, por motivos óbvios:
1º) Deus garante a preservação da existência humana por meio do alimento
vegetal e, agora, também o animal. Gn 9.3: “Tudo o que se move, e vive, ser-vos-
á para alimento; como vos dei a erva verde (Gn 1.29), tudo vos dou agora”.
2º) Deus garante a preservação da existência de todos os animais também. Por
isso, nesta aliança com Noé, Deus menciona também os outros seres viventes.
Gn 9.8-10: (8) “Disse também Deus a Noé e a seus filhos: (9) Eis que estabeleço
a minha aliança convosco e com a vossa descendência, (10) e com todos os
seres viventes que estão convosco: assim as aves, os animais domésticos e os
animais selváticos que saíram da arca, como todos os animais da terra”.
3º) Deus garante a preservação da existência humana por meio da manutenção
do ciclo da vida na terra. Gn 8.22: “Enquanto durar a terra, não deixará de haver
sementeira (terreno semeado) e ceifa, frio e calor, verão e inverno, dia e noite”.
4º) Deus garante a preservação da existência humana pela instituição da pena
de morte. Gn 9.6: “Se alguém derramar o sangue do homem, pelo homem se
derramará o seu; porque Deus fez o homem segundo a sua imagem”.
Alguns questionam a validade da pena de morte hoje, visto que no próprio
Decálogo há o mandamento “Não matarás” (Ex 20.13). Entretanto, esse
mandamento pode ser entendido como “Não assassinarás”, visto que a pena de
morte sempre existiu no meio do povo de Deus, não obstante esse mandamento
(observe que, no capítulo seguinte ao mandamento de “não matarás”, temos a
prescrição de Ex 21.12: “Quem ferir a outro, de modo que este morra, também
será morto”. Não haveria sentido para esse mandamento logo em seguida ao
Decálogo, se todo tipo de morte fosse proibido.). O que deve ser observado é que
só o governo civil tem o poder de morte sobre o assassino. Rm 13.4: “visto que a
autoridade é ministro de Deus para teu bem. Entretanto, se fizeres o mal, teme;
porque não é sem motivo que ela traz a espada; pois é ministro de Deus,
vingador, para castigar o que pratica o mal”.
4º) Deus garante a existência de tudo que há no mundo pela preservação da
própria Terra, o palco onde se concretizará o plano de Deus de redimir um povo
para Si. Gn 9.11: “Estabeleço a minha aliança convosco: não será mais destruída
toda carne por águas de dilúvio, nem mais haverá dilúvio para destruir a terra”.
A ALIANÇA DA PROMESSA
Será que a “semente da serpente” foi eliminada no dilúvio? Certamente que
não. Como eu disse anteriormente, os eleitos não estão restritos a uma
descendência ou genealogia específica. Mesmo entre os descendentes de Sete
haveria a semente da serpente. Não dá para sabermos se fulano é ou não eleito
apenas com base em sua ascendência ou genealogia. Em uma mesma família,
um filho pode ser eleito e o outro não (Por exemplo, Esaú e Jacó. Rm 9.11, 13)
Sabemos que a semente da mulher se mostraria mais clara na
descendência de Sem, filho de Noé, segundo palavras proféticas do próprio Noé.
Gn 9.26, 27: (26) “E ajuntou: Bendito seja o SENHOR, Deus de Sem...” (27)
“Engrandeça Deus a Jafé, e habite ele nas tendas de Sem...”. Abraão,
descendente de Sem (Gn 11.10, 26), foi um dos mais famosos eleitos de Deus,
devido à sua importância para a história da Redenção.
terra. Gn 12.3b: “em ti serão benditas todas as famílias da terra”. Antes de Cristo
vir, qualquer pessoa ou povo do Velho Testamento que cresse em Deus e em
Suas promessas era reconhecido por Ele (Js 2.1-11; Rt 1.3, 4, 16; Jn 3.5-10).
2) Deus promete a Abraão uma terra para seus descendentes (Gn 15.7).
Também nesta promessa vemos o duplo aspecto das promessas de Deus.
Num primeiro aspecto, essa promessa refere-se especificamente a uma terra real
aos descendentes carnais de Abraão, os hebreus. De fato, Deus tirou o povo do
cativeiro egípcio para dar-lhes a terra de Canaã, conforme a promessa feita a
Abraão. (Gn 15.13, 16; 17.8; Ex 3.17; Nm 13.1, 2; Dt 1.8; Js 1.1, 2). Já habitando
em Canaã, o povo de Israel pecou contra Deus e, como recompensa, foi expulso
da terra. Deus, então, repetiu a promessa da terra física para os descendentes
físicos de Abraão numa profecia de Jeremias. Jr 32.37: “Eis que eu os
congregarei de todas as terras, para onde os lancei na minha ira, no meu furor e
na minha grande indignação; tornarei a traze-los a este lugar e farei que nele
habitem seguramente”6.
Num segundo aspecto, essa promessa se refere a uma terra celestial para
os descendentes espirituais de Abraão (Hb 11.8-10, 13, 14, 16). Observe
especialmente os vs. 39 e 40 de Hb 11: “Ora, todos estes que obtiveram bom
testemunho por sua fé, não obtiveram, contudo, a concretização da promessa, por
haver Deus provido coisa superior a nosso respeito, para que eles, sem nós, não
fossem aperfeiçoados”. Veja o que o texto diz. Ele diz que aqueles que creram
nas promessas de Deus não obtiveram a concretização da promessa. Essa
concretização se refere ao cumprimento pleno da promessa. No caso da terra
prometida, essa promessa se concretizará de maneira plena e final na Jerusalém
celestial, uma terra que será desfrutada por eles e por nós, conforme o v. 40. O
aspecto espiritual da promessa é muito mais relevante do que o aspecto terreno.
A Jerusalém celestial, terra prometida ao Israel espiritual, é certa, garantida e
imperdível (Hb 12.22-24). Ela está garantida a todos os crentes eleitos, judeus e
gentios. Ela é a concretização da promessa de posse permanente de uma terra
para o povo de Deus.
6
Note, porém, que não há uma promessa de volta à Palestina após a Queda de Jerusalém, em 70 dC. Logo, o
retorno dos judeus em 1948, na fundação do Estado de Israel, pode até ser considerado como obra da
intervenção divina, mas não com base em algum texto bíblico específico.
22
A CIRCUNCISÃO
circuncidado ou não circuncidasse seus filhos, tal homem deveria ser eliminado,
pois isso significava a quebra da aliança feita com Abraão (Gn 17.14; Ex 4.24-26).
Vamos repetir o que temos dito para que nada se perca: o fato de uma
pessoa ter sido circuncidada no Velho Testamento, ou ser batizada no Novo
Testamento, e membro da Igreja Visível, não quer dizer, necessariamente, que
ela é realmente crente em Jesus (a Bíblia diz que no meio do trigo há o joio, Mt
13.24-30; 36-43). Não podemos reconhecer o joio, pois só Deus conhece o
coração dos homens (1 Sm 16.7). Por isso, o fato de uma pessoa ser
circuncidada e fazer parte da nação israelita não significava, necessariamente,
que ela tinha a mesma fé de Abraão. É Paulo quem diz: “Nem todos os de Israel
são verdadeiramente israelitas...” (Rm 9.6), e a circuncisão que realmente importa
é a do coração (Rm 2.28, 29).
De qualquer maneira, sendo ou não verdadeiramente um crente, essa
pessoa goza das bênçãos temporais de Deus e dos direitos e privilégios de fazer
parte do Seu povo, assim como gozavam todos os judeus, de maneira geral (Rm
3.1, 2; 9.4, 5; 1 Co 10.1-5). Agora, falando especificamente em termos de sua
salvação, esta dependia unicamente de sua eleição (Jo 1.12, 13; 6.44; 15.16; Rm
9.14-18).
O BATISMO INFANTIL
Cabe aqui, nesta altura do estudo, uma palavra sobre o batismo infantil. Os
batistas e pentecostais são contra o batismo infantil, pois dizem que, para ser
batizado, é necessário crer em Jesus como Salvador. Entretanto, a Bíblia diz que
o batismo, no NT, é o equivalente da circuncisão, praticada no VT (Cl 2.11, 12, na
NVI). Note que, na circuncisão, a criança de oito dias era circuncidada (Gn
17.12). Pergunto: por acaso uma criança de oito dias tem condições de crer em
alguma coisa? Como ela era circuncidada, se não tinha possibilidade ainda de
exercer a fé que tinha Abraão? Isso ocorria exatamente porque a criança não
tem condições de exercer fé. Se ela pudesse crer, isso lhe seria exigido. A fé é
exigida daqueles que podem crer. É por isso que o judeu, quando chegava à
idade da razão e já podia exercer fé, tinha de Deus as seguintes exortações de Dt
10.12-16: (16)“Circuncidai, pois, o vosso coração e não mais endureçais a vossa
cerviz.” e Jr 4.4a: “Circuncidai-vos para o SENHOR, circuncidai o vosso coração,
ó homens de Judá e moradores de Jerusalém...”. Paulo acrescenta uma
explicação a essas palavras em Rm 2.25: “Porque a circuncisão tem valor se
praticares a lei; se és, porém, transgressor da lei, a tua circuncisão já se tornou
incircuncisão”.
Mostro isso para salientar o fato de que não obstante uma criança recém-
nascida não poder crer, isso não significa que ela não possa ser uma eleita.
Tanto as crianças eleitas quanto os doentes mentais eleitos - que não podem
exercer fé nem arrependimento - são salvos pelo lavar regenerador do Espírito (Tt
3.5). Nada mais é exigido deles.
Portanto, não podemos impedir o batismo das crianças por duas simples razões:
24
1ª) Não sabemos se ela é ou não uma criança eleita. Devemos sempre partir do
pressuposto de que é, pois o filho do crente é considerado santo perante o
Senhor (1 Co 7.14). Isso significa que Deus o vê de forma especial, não da
mesma maneira que vê o filho do ímpio.
2ª) As crianças devem usufruir da bênção de fazer parte do povo de Deus. Era
assim tanto no Velho quanto no Novo Testamento. Acabamos de ver que o filho
do crente é santo. Em outras palavras, Deus o considera “separado” do mundo,
prova de que esse filho é especial para Deus. Até mesmo o cônjuge de um crente,
mesmo que não seja crente, é “santificado” no convívio com o crente. Deus tem
uma consideração especial pela família dos crentes, mesmo que nessa família
haja não-crentes. Evidentemente, isso não quer dizer que a pessoa seja eleita,
mas sim que ela usufrui de uma consideração especial, por parte de Deus, nesta
vida.
Voltando à questão do batismo de crianças, devemos lembrar que o próprio
Jesus diz que das crianças é o reino de Deus (Mt 19.13, 14). O reino de Deus não
é composto só de adultos, mas de crianças também. Há crianças eleitas, assim
como há adultos eleitos. A circuncisão e o batismo são sinais visíveis, externos de
que o indivíduo faz parte do povo de Deus. No VT o sinal era a circuncisão. No
NT, é o batismo.
Portanto, se a pessoa for adulta e tiver condições de demonstrar sua fé,
evidentemente deve fazê-lo no ato do batismo. Só não exigimos das crianças uma
profissão de sua fé porque ela não tem condições de fazer isso. Porém não
podemos excluí-la do batismo. Voltamos a repetir que o próprio judeu, quando
chegava na idade da razão, tinha de tomar uma posição, confirmando ou não a
circuncisão que lhe foi feita quando criança (Dt 10.16). Portanto, como havia uma
prescrição para incluir as crianças na circuncisão, e o batismo é a circuncisão de
Cristo (NVI, Cl 2.11, 12), fazemos o mesmo com nossas crianças.
25
A ALIANÇA DA LEI
Há muita confusão em torno do papel da Lei de Moisés para o crente hoje.
Sabemos que desde a Queda do homem ninguém pode conseguir a salvação
pela obediência à Lei. A Bíblia diz que ninguém pode ser justificado por obras da
lei. Gl 2.16: “sabendo, contudo, que o homem NÃO É justificado por obras da lei,
e, sim, mediante a fé em Cristo Jesus, também nós temos crido em Cristo Jesus,
para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, POIS
POR OBRAS DA LEI NINGUÉM SERÁ JUSTIFICADO”.
Mesmo que quisesse, o homem não poderia ser justificado por obras da lei,
pois ninguém tem condições de cumprir toda a Lei. A Bíblia diz que, se
tropeçarmos num só ponto dela, somos considerados culpados de todos (Tg 2.9-
11). Se alguém fosse obrigado a cumprir toda a lei, para conseguir a salvação,
poderíamos dizer que essa pessoa está sob aquilo que a Bíblia chama de
“maldição da lei”. Veja Gl 3.10, 12-14. Segundo esse texto, Cristo sofreu a
maldição da lei, qual seja, ter de cumpri-la perfeitamente para obter a salvação.
Uma pergunta comum agora é se temos de observar TODA a Lei que foi dada
a Israel. Para entendermos essa questão é preciso saber que a Lei se divide
basicamente em três partes:
Há a Lei Moral, que está relacionada diretamente à santidade e pureza de Deus.
Há a Lei Cerimonial, que se refere aos sacrifícios e rituais levíticos.
Há a Lei Civil, que se refere diretamente ao governo civil de Israel. Na verdade,
foi a dádiva da Lei que permitiu a Israel tornar-se uma nação. Deus prometeu a
Abraão que faria uma grande nação surgir dele. Gn 12.2a: “de ti farei uma grande
nação”. Sabemos que toda nação precisa de uma constituição, a fim de que exista
uma unidade e identidade nacional. A Lei se constituía numa constituição de vida
e fé (pois a Lei, como um todo, não envolve só questões civis) para Israel, e foi a
Lei que tornou Israel uma nação.
Portanto, as leis civis para o Governo de Israel também foram dadas pelo
próprio Deus, visto que o governo israelita era teocrático. Deus era o Rei de
Israel, até que o povo israelita pediu um rei humano sobre si (1 Sm 8.4-7). O
interessante é que Samuel advertiu o povo quanto às conseqüências de se ter um
rei humano, mas foi totalmente ignorado (1 Sm 8.10-22).
Note agora que a Lei Moral, a Lei Cerimonial e a Lei Civil vieram de Deus,
mas dessas três, só devemos seguir a primeira. Eis as razões:
A Lei Cerimonial, que envolvia os serviços sacerdotais e todos os sacrifícios
levíticos, apontava para o sacrifício vicário de Cristo. Cristo cumpriu todo o
simbolismo dessa parte da Lei. Por isso, essa representação tipológica não é
mais necessária. Jesus a cumpriu completamente (Hb 7.11-19; 26-28).
A Lei Civil dizia respeito à organização civil do estado de Israel. Eis algumas
delas:
27
Ex 21.26, 27. Note que, como a sociedade de Israel era escravista, Deus
estabelece leis envolvendo escravos.
Ex 21.28-32. Como na sociedade de Israel havia gente que criava gado, nada
mais natural que haver regras para boi “chifrador”.
Toda sociedade ou nação tem ladrão. Por isso também há, na lei civil de Israel,
regras com respeito a ladrões. Ex 22.2-4.
Podemos aprender alguma coisa dessa lei, tirar lições observando seus
princípios, mas não são coisas tidas como obrigatórias para a nossa nação. Jesus
se sujeitou a essa também, e a cumpriu perfeitamente. Ele respeitou as leis do
Estado de Israel, ainda que muitas delas já não estivessem em vigor sob o
domínio romano, visto que os romanos não permitiam, por exemplo, que os judeus
condenassem alguém à morte. Só o Estado Romano podia fazer isso.
Para nós, hoje, a lei civil dada a Israel não é obrigatória, pois tinha por
objetivo a organização jurídica de Israel enquanto nação. Cada nação deve ter
suas próprias leis e obedecê-las. Jesus respeitou as leis do Império Romano,
quando pagou tributo a César, pois Israel estava sob domínio romano (Mt 22.17-
21). Cristo nos ensina aqui a respeitar as autoridades governamentais. Devemos
entender que é o próprio Deus quem institui as autoridades de todas as nações
(Rm 13.1) Cabe à autoridade constituída de cada nação estabelecer leis que
sirvam para o bem da nação, bem como zelar pela justiça (Rm 13.4). Quanto a
nós, crentes, devemos submissão às autoridades de nossa nação (Rm 13.5-7).
Quanto à Lei Moral, essa também foi cumprida perfeitamente por Cristo.
Jesus não cometeu nenhum pecado contra a pessoa de Deus, a tal ponto que Ele
mesmo perguntou se havia alguém que podia acusá-lo de pecado (Jo 8.46a). Esta
Lei permanece como algo essencial no nosso relacionamento com Deus, pois
ainda continuamos a ter de obedecer a Sua vontade. O resumo da Lei Moral,
como já dissemos, está nos Dez Mandamentos.
28
A ALIANÇA DO REINO
Se a Aliança da Promessa, com Abraão, revela que Deus iria constituir um
povo a partir de Abraão; e a Aliança da Lei, com Moisés, revela que esse povo
seria uma nação, a Aliança do Reino, feita com Davi, garante definitivamente que
essa nação seria um reino, com um rei para governar com justiça numa dinastia
sem fim.
A Aliança do Reino, feita com Davi, revela aspectos da Aliança da
Redenção que têm a ver diretamente com o descendente da mulher, profetizado
em Gn 3.15. Nesta aliança, expressa em 2 Sm 7, ficamos sabendo que:
4º) Tanto esse rei quanto o seu reino significariam o próprio Deus reinando
sobre Seu povo.
O autor da carta aos Hebreus revela que o Salmo 45.6 é um salmo messiânico,
pois fala sobre a eternidade do reinado do Messias e ainda chama esse Messias
de “Deus” . Veja Hb 1.8: “mas acerca do Filho: O teu trono, ó Deus, é para todo o
sempre. E: Cetro de eqüidade é o cetro do seu reino”.
30
A NOVA ALIANÇA
Como dissemos no início do estudo, a partir da Queda do homem, Jesus
entrou como fiador da aliança entre Deus e os homens. Portanto, desde o Éden
que o povo de Deus vive sob o Pacto da Graça ou Aliança da Redenção. As
alianças com Noé, Abraão, Israel (representado por Moisés) e Davi simplesmente
revelam aspectos dessa Aliança da Redenção, a qual tem Jesus como único
mediador.
Por exemplo, a Aliança da Preservação, feita com Noé, mostrou que, por
causa da Aliança da Redenção, a terra e a humanidade seriam preservadas; a
Aliança da Promessa, feita com Abraão, mostrou que, por causa da Aliança da
Redenção, Deus constituiu um povo para Si, um povo que viveria pela fé; a
Aliança da Lei, feita com Israel, na pessoa de Moisés, mostrou que, por causa da
Aliança da Redenção, o povo de Deus, agora uma nação, teria uma revelação
completa da vontade do seu Senhor, a fim de que pudesse viver de maneira que
O agradasse e honrasse; e a Aliança do Reino, feita com Davi, mostrou que a
nação – agora um reino – passaria a ter, por causa da Aliança da Redenção, um
rei justo, que a governaria pela eternidade.
Conclui-se que aspectos da Aliança da Redenção são revelados na
Aliança da Preservação, na Aliança da Promessa, na Aliança da Lei e na
Aliança do Reino.
A PROFECIA DE JEREMIAS
Pelo que temos estudado até aqui, a aliança em Cristo é nova em relação à
Aliança da Criação (Pacto das Obras), visto que Cristo tornou-se literalmente
mediador de uma “nova” aliança desde a queda do homem, conforme se vê em
Gn 3.15.
Essa “Nova” Aliança, que fecha todas as demais alianças feitas sob a
Aliança da Redenção, é feita com a Igreja (Mt 26.26-28; 1 Co 11.23-25). Portanto,
repetimos: é nova especialmente em relação à Aliança da Criação (Pacto das
Obras), feita no início, com Adão, antes da Queda.
Porém, o autor aos Hebreus acrescenta que essa Nova Aliança é nova
também em relação à Aliança da Lei, feita com Moisés. Essa relação foi feita com
base em uma profecia de Jeremias (Hb 8.7-12). Vejamos, no próprio livro de
Jeremias, o que a profecia diz. Jr 31.31-34:
31
(31) “Eis aí vêm dias, diz o SENHOR, em que firmarei nova aliança com a casa de
Israel e com a casa de Judá. (32) Não conforme a aliança que fiz com seus pais,
no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito (uma alusão
óbvia à Aliança da Lei); porquanto eles anularam a minha aliança, não obstante
eu os haver desposado, diz o SENHOR. (33) Porque esta é a aliança que firmarei
com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o SENHOR: Na mente, lhes
imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei; eu serei o seu
Deus, e eles serão o meu povo. (34) Não ensinará jamais cada um ao seu
próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece ao SENHOR, porque
todos me conhecerão, desde o menor até ao maior deles, diz o SENHOR. Pois
perdoarei as suas iniqüidades e dos seus pecados jamais me lembrarei”.
Logo, a Nova Aliança também é “nova” por se apresentar como uma
renovação da Aliança da Lei. Para entender isso melhor, devemos considerar que
nem todos os israelitas eram verdadeiramente crentes.
1º) Uma nova conversão para a nação de Israel (vs. 33, 34).
A linguagem de Jr 31.33, 34 é, sem dúvida alguma, uma linguagem de
conversão: “Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas
inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.... Perdoarei as suas
iniqüidades e dos seus pecados jamais me lembrarei”.
Pense, agora, na quantidade de crentes que surgiu na nação de Israel no
período do Novo Testamento, já a partir da pregação de João Batista (Mt 3.1-6,
11).
A maioria da nação de Israel demonstrou que não tinha a lei no coração e
acabaram por menosprezá-la, recebendo a punição por isso (o cativeiro). Imagine
uma pessoa nascer e crescer num lugar, como se fosse crente, e, na verdade,
nunca ter tido um compromisso verdadeiro com Deus. Isso podia acontecer e, de
fato, acontecia em Israel. Ora, se isso acontece até na Igreja hoje, cujas pessoas
têm a oportunidade de decidir ou não se querem estar ali (pública profissão de
fé), imagine numa nação onde tal liberdade de escolha não era dada ao
indivíduo? Ou seja, o judeu tinha que fazer parte da Aliança, mesmo que, no seu
coração, não houvesse qualquer interesse nela. Caso contrário, seria extirpado
do convívio em comunidade (Gn 17.14; Ex 4.24-26). A possibilidade da existência
de joio era infinitamente maior.
32
2º) Não haveria mais intermediários humanos entre o povo e Deus. Cada
crente passaria a ter acesso direto a Deus, conhecendo-O através de Jesus
Cristo, homem e Deus ao mesmo tempo (v. 34)
Essa é uma bênção exclusiva da “nova” aliança, que ocorreria somente
após a encarnação de Cristo, visto que no Velho Testamento o povo de Israel
sempre teve intermediários em suas alianças com Deus.
Sob a Aliança da Consumação, ou Nova Aliança, a restauração plena do
relacionamento entre Deus e os homens alcança sua plenitude, pois Cristo não é
simplesmente um mediador entre Deus e os homens. Ele é o próprio Deus (Jo
1.1, 14; Rm 9.5; Fp 2.6; 1 Jo 5.20). Em Cristo, Deus já está numa plena e direta
comunhão com os homens. Este fato é uma singularidade da nova aliança, pois
ainda que Cristo já estivesse intermediando a relação entre Deus e os homens
desde Gn 3.15, lembremos que também havia intermediários humanos entre Deus
e os homens. Mesmo na Aliança da Redenção, ocorrida logo após o fracasso da
Aliança da Criação, havia um representante humano, Adão. É verdade que o
homem só continuou tendo uma relação com Deus por causa de Cristo, mas foi
Adão que representou a humanidade nessa aliança.
Portanto, a restauração da comunhão entre Deus e os homens,
especificamente os eleitos, já ocorria desde Gn 3.15, por intermédio de Cristo. A
diferença básica é que, com Cristo encarnado, a comunhão alcança sua
plenitude. Como está escrito em Jo 1.14: “E o Verbo se fez carne, e habitou entre
nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito
do Pai”.
É por isso também que Jeremias diz, em 31.34: “Não ensinará jamais cada
um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece ao SENHOR,
porque todos me conhecerão, desde o menor até o maior deles, diz o
SENHOR...”. Quando Cristo se encarna, o crente passa a ter o conhecimento
direto de Deus. Não há mais sacerdotes, não há mais intermediários humanos
como Noé, Abraão, Moisés e Davi. Agora todo crente tem acesso direto a Deus,
por intermédio de Cristo. Jo 14.6: “... ninguém vem ao Pai senão por mim”. 1 Tm
2.5: “Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo
Jesus, homem”.
Essa é uma grande vantagem do crente do Novo Testamento em relação
ao crente do Velho Testamento. O crente do NT não tem mais intermediários
entre ele e Deus. O crente do NT, assim como ocorria somente com o sacerdote
do VT, pode ir diretamente a Deus.
Recapitulando...
A Nova Aliança não é somente nova em relação à Aliança da Criação ou
Pacto de Obras, em que o homem fracassou e foi substituído por Cristo. É “nova”
também em relação à Aliança da Lei, pelo menos no que concerne ao povo judeu.
Isso porque chegou um momento, no Velho Testamenoto, em que não havia
povo de Deus, mas um povo desobediente em cujo meio havia os eleitos de
Deus.
Porém, uma nova conversão foi prometida, gerando israelitas
33
CONCLUSÃO
Como se vê, os planos de Deus não podem ser frustrados. Quando criou a
humanidade, Deus a fez porque quis relacionar-se com um povo. Esse povo foi
criado para amar e obedecer a Deus. A Queda de Adão poderia ter posto tudo a
perder, se não fosse o nosso Soberano Deus que estivesse no comando. Dentre
a humanidade caída, Ele separou um povo para cumprir o propósito original, a
saber, ter um povo para Si e ser o Deus desse povo.
De fato, em todas as alianças descritas vemos sempre presente, implícita
ou explicitamente, a idéia ou fórmula: “Teu Deus, meu povo”. Ou seja, sempre
há aquela idéia presente, de que Deus quer ser Deus do homem, e que Ele quer
um povo para Si.
Aliança com Adão, antes e depois da Queda. Antes da Queda, vemos Deus
relacionando-se com o homem no Éden (Gn 2.15-25; 3.8). Após a Queda, Sua
graça em prol da continuidade da relação se manifesta na promessa de Gn 3.15.
Aliança com Noé. Deus continua querendo se relacionar com um povo. Não
destrói todos. Preserva Noé e sua família para que a existência desse povo seja
possível (Gn 6.7, 8, 17 e 18).
Aliança com Abraão. Gn 17.7: “Estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a
tua descendência no decurso das suas gerações, aliança perpétua, para ser o teu
34
RESUMO
DEUS FEZ UMA ALIANÇA COM SUA CRIATURA, QUANDO A CRIOU, VISANDO
UM RELACIONAMENTO DE AMOR E OBEDIÊNCIA. ESSA ALIANÇA É
CHAMADA ALIANÇA DA CRIAÇÃO (OU PACTO DE OBRAS). COMO O HOMEM
QUEBROU ESSA ALIANÇA, DEUS FEZ OUTRA ALIANÇA EM SUBSTITUIÇÃO À
PRIMEIRA, MAS COM O MESMO OBJETIVO, CHAMADA ALIANÇA DA
REDENÇÃO (OU PACTO DA GRAÇA).
Pela ALIANÇA DA REDENÇÃO (ou PACTO DA GRAÇA), feito com Adão, ficou
claro que:
1) Sempre haveria inimizade entre a semente da mulher (os crentes eleitos e
Cristo) e a semente da serpente (o próprio Satanás, os demônios e os não-
crentes). Que comunhão pode haver entre luz e trevas? (2 Co 6.14)
2) O descendente da mulher (Cristo) venceria definitivamente Satanás, ainda
que fosse ferido nessa luta.
BIBLIOGRAFIA