Você está na página 1de 2

Seminário Arquidiocesano da Paraíba Imaculada Conceição

Curso de Teologia
Professor: Padre Carlos
Disciplina: Literatura Sapiencial e Salmos
Aluno: Severino dos Anjos Pessoa
Data: 29.05.2023

Introdução ao Salmos 88 (87)


Este salmo é o salmo mais triste de todo o livro dos Salmos. É carregado de tristeza e
desânimo. Neste salmo não há alívio; não há conforto. Outros salmos podem ser tristes e
sombrios, mas são misturados com fé, confiança e, finalmente, esperança e vitória. O Salmo 88,
no entanto, é sombrio do começo ao fim. A última palavra deste salmo é “escuridão” (Sl 88:18).
O único raio de esperança neste salmo é a Pessoa a quem o salmista se dirige neste salmo: o
“SENHOR, o Deus da minha salvação” (Sl 88:1). Aqui encontramos uma referência ao nome
Jesus, que significa ‘o SENHOR é a salvação’.
O salmo é a oração de um homem que sofre incessantemente. Ele reclama da terrível e
dura opressão que o leva à beira da morte. No entanto, dia e noite ele invocou o Senhor. Na
aplicação deste salmo a Cristo, vemos o sofrimento que Ele sofreu por causa da maldição da lei.
Na aplicação aos crentes, tanto de Israel como da igreja, vemos o sofrimento que é necessário
para ser purificado e chegar à glória.
O sofrimento do salmo se aplica ao sofrimento do remanescente no tempo do fim,
pouco antes da vinda do Senhor Jesus. O remanescente sofrerá tanto durante a grande tribulação
que lhes parecerá que não há fim para suas necessidades, e que as trevas prevalecerão sobre a
luz. O salmo também nos lembra do sofrimento do Senhor Jesus. Por meio de Seu sofrimento,
Ele pôde se tornar a fonte de água viva. Este é “um maskil” ou “um ensinamento” do maskilim
(Sl 88:1). Veja mais no Salmo 32:1.
Este salmo é chamado de “um cântico” (Sl 88:1). A canção não é, porém, como
costuma ser, uma canção de louvor, mas uma canção de lamentação, na qual se cantam a tristeza
e o desespero.
O salmista em sua profunda angústia se volta para o “SENHOR”, a quem ele chama de
“Deus da minha salvação” (Sl 88:1; Sl 27:9). A gota d’água, o único raio de esperança neste
salmo sombrio de sofrimento, é que ele conhece a Deus como o Deus de sua salvação.
A última palavra de Hemã é ‘escuridão’. Com isso, o salmo parece ter atingido um
ponto baixo absoluto e sem esperança. Muitos salmos vão da escuridão para a luz. Esse não é o
caso aqui. No entanto, o fim não fala de desespero. Hemã voltou-se para Deus. Deus responderá
ao seu clamor. Ele o fará em Seu tempo. Quando é lua nova, quando a lua não mostra mais um
único raio de luz, quando há escuridão profunda, é ao mesmo tempo o início da corrida para a
lua cheia.
Assim pode ser na vida de um crente que toda esperança de salvação se foi. No entanto,
isso não significa que todas as orações foram em vão. Às vezes, temos que chegar a um ponto
tão baixo para chegar à entrega e resignação completas. Então vemos que Deus vai trabalhar.
O salmista não confessa pecados, o que significa que a tragédia é imotivada e
inexplicável. Não há descrição de inimigos nem de sua ação hostil: será que a sua hostilidade se
concentra em Deus?, ou no último inimigo, a morte? A primeira coisa que Deus criou foi a luz,
a última que o homem encontra são as trevas.
Os comentaristas antigos põem esse salmo na boca de Jesus no Getsêmani e na cruz.
Por fim, o salmista terá que aprender que o caminho de Cristo para a glória é através do
sofrimento. É por isso que o Senhor anunciou Seu sofrimento três vezes (Lc 9:22-27; Lc 9:43-
45; Lc 18:31-34) e ensinou aos discípulos de Emaús: “Não era necessário que o Cristo
padecesse estas coisas? e entrar em Sua glória?” (Lucas 24:26). Uma lição semelhante deve ser
aprendida pelo remanescente; uma lição semelhante deve ser aprendida por nós hoje (Rm 8:17).
Ocasião.
Nada se sabe da ocasião em que o salmo foi composto, exceto, como provavelmente
está indicado no título, que foi em um tempo de doença; e no próprio salmo descobrimos que foi
quando a mente estava envolta em trevas impenetráveis, sem nenhum conforto.

Conteúdo.
O salmo consiste em duas partes:

A. Uma descrição do sofrimento do homem doente (Salmo 88:1-9).

1. Sua alma estava cheia de problemas, e ele se aproximou da sepultura (Salmo 88:3);
2. Ele estava, por assim dizer, já morto, e como aqueles colocados na sepultura
profunda, a quem Deus havia esquecido (Salmo 88:4-6);
3. A ira de Deus pesou sobre ele, e todas as suas ondas passaram sobre ele ( Salmo
88:7);
4. Deus afastou dele todos os seus amigos, e o deixou sofrendo sozinho (Salmo 88:8);
5. Seus olhos choravam por causa de sua aflição, e ele clamava diariamente a Deus
(Salmo 88:9).

B. Sua oração por misericórdia e libertação (Salmo 88:10-18). As razões para a seriedade da
oração, ou os fundamentos da petição são:

1. Que os mortos não podiam louvar a Deus, ou ver as maravilhas de sua mão (Salmo
88:10-12); “Para a alma morta o corpo é um sepulcro.” (Santo Agostinho de Hipona)
2. Que a fidelidade e benevolência de Deus não podiam ser mostradas na sepultura (Salmo
88:11);
3. Que seus problemas eram profundos e opressores, pois Deus havia rejeitado sua alma e
havia escondido sua face dele; ele estava aflito há muito tempo; ele estava desorientado
com os terrores de Deus; a feroz ira de Deus caiu sobre ele; companheiros, amigos e
conhecidos foram colocados longe dele (Salmo 88:13-18).

Fonte de pesquisa:

 https://bibliotecabiblica.blogspot.com/2015/08/significado-de-salmos-88.html
 https://www.apologeta.com.br/salmo-88/
 Bíblia de Peregrino
 Agostinho de Hipona, Comentários aos Salmos

Você também pode gostar