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Legitimidade, Eficiência e Direito

Monopólio de violência legal


→ “Uma empresa com caráter de instituição
política denominamos Estado, quando e na
medida em que seu quadro administrativo
reivindica com êxito o monopólio legítimo da
coação física para realizar ordens vigentes”
(WEBER, Max. Economia e sociedade.
Fundamentos de sociologia compreensiva.
Vol. 1 Brasília: UnB, 1991, p. 34)
Monopólio de violência legal
→ O Estado:
a) Detém o monopólio da violência;
b) Utiliza de violência legal;
c) Utiliza de violência legítima;

→ Nos dias de hoje, a violência só é tolerada se


for exercida legalmente e de forma legítima
Legitimidade
→ “A legitimidade é decorrente do sentimento
expresso por uma comunidade de que determinada
conduta é justa, correta. Daí dizer-se que esta implica
sempre reconhecimento. Assim, a legitimidade
pode ser definida como um amplo consenso, no
seio da sociedade, de que uma autoridade
adquire e exerce poder de modo adequado”
(SABADELL, Ana. Manual de Sociologia Jurídica.
5a ed, Revista dos Tribunais: 2010, p. 131)
Legitimidade
→ Nem sempre o Estado e o Direito tiveram
legitimidade; ex: Idade Média
→ A noção de legitimidade começa a se tornar
importante a partir do século XVIII e início do século
XIX, com a intensificação da ideia do contrato social
→ Contrato social = a sociedade e o Estado são
produtos de um contrato entre os indivíduos, e, por
isso, devem representá-los
Legitimidade e Direito
→ O Direito é um instrumento capaz de legitimar
um governo e suas ações, na medida em que:
a) o Direito está ligado à ideia de Justiça
(legitimidade material);
b) o Direito está ligado à ideia de segurança
jurídica; previsibilidade = tudo o que ocorre deve
ocorrer conforme o Direito (legitimidade formal)
Legitimidade e Direito
→ A legitimidade material sempre pressupõe a
legitimidade formal: hoje em dia, a Justiça
sempre deve ser realizada conforme os
procedimentos do Direito, sob pena de se
tornar injusta e, portanto, ilegítima
→ Ex: Justiça com as próprias mãos; infringir
regras processuais visando alcançar “A
JUSTIÇA”, et cetera
Legitimidade e Direito

→ Por fim, cabe lembrar que a legitimidade


nunca é definitiva: o poder político deve sempre
se esforçar para realizar atos justos por meio do
Direito, do contrário, atos graves poderão ocorrer:
revoluções, golpes, et cetera
Tridimensionalidade do Direito

→ Miguel Reale entende que todo sistema jurídico tem três


dimensões:
a) Justiça: interessa aos filósofos do Direito, que buscam
a idealidade do Direito (como o Direito deveria ser)
b) Validade: interessa ao cientista do Direito, que busca
identificar quais normas são válidas e seu sentido
c) Eficácia: interessa ao sociólogo do Direito, que
examina sua eficácia, sua realidade social
Tridimensionalidade do Direito
→ As três dimensões se relacionam entre si

→ Por exemplo, se a sociedade entende que


uma lei é injusta, provavelmente ela não terá
eficácia e, em alguns casos, poderá até ser
revogada: crime de adultério
Análise das repercussões sociais
de uma norma jurídica
→ Segundo SABADELL (2010, p. 70), a análise das
repercussões sociais de uma norma jurídica podem
ser feitas em três perspectivas (não confundir com a
tridimensionalidade falada anteriormente):
1) Efeitos da norma
2) Eficácia da Norma
3) Adequação interna da norma
1. Efeitos da norma
→ Qualquer repercussão social causada por uma
norma jurídica

→ Exemplo: lei federal que aumenta em 80% os


tributos pagos por empresas estrangeiras. A fuga
destas empresas do país é um efeito da norma
2. Eficácia da norma
→ Diz respeito ao grau de cumprimento da norma
→ Uma norma é socialmente eficaz quando:
I) é respeitada pelos indivíduos (eficácia primária)
II) sua violação é efetivamente punida pelo Estado
(eficácia secundária)
→ Nenhuma norma jurídica é 100% eficaz: nem todos
os indivíduos a respeitam; e nem todas as
transgressões são punidas ou descobertas pelo Estado
2. Eficácia da norma
→ Theodor Geiger (sociólogo do Direito), para
estudar a eficácia da norma, propôs a quota de
eficácia

→ “A quota de eficácia indica a relação entre


eficácia e ineficácia da norma” (SABADELL,
2010, p. 71)
2. Eficácia da norma

qE = E/S

* qE → Quota de Eficácia
* E → Casos de Eficácia
* S → Número total de situações típicas
2. Eficácia da norma

→ Exemplo retirado de SABADELL, 2010, p. 71:


→ 10 milhões de proprietários de veículos;
→ 5 milhões pagam o IPVA
→ 2 milhões de inadimplentes foram identificados
pelo Estado e sofreram algum tipo de sanção
(pagamento forçado + multa)
2. Eficácia da norma

qE = E/S
qE= 7/10
qE= 70%
→ Assim, a quota de eficácia da norma do IPVA
foi de 70%
3. Adequação interna da norma
→ “Capacidade da norma em atingir a finalidade social
estabelecida pelo legislador” (SABADELL, 2010, p. 72)
→ Capacidade da norma cumprir sua ratio legis
→ Lei de Drogas: ela realmente consegue desestimular o
uso?
→ Outro exemplo: norma que proíbe quem praticou
crimes falimentares de exercer o comércio; comerciantes
voltam a exercer o comércio, mas utilizando o nome de
parentes
Resumindo

1. Efeitos da norma: como ela munda o mundo?


2. Eficácia da norma: ela é levada a sério?
3. Adequação interna da norma: ela cumpre sua
razão de ser?
Outras questões sobre eficácia
da norma jurídica

→ Normas simbólicas: normas com baixa


eficácia mas que produzem um efeito simbólico
na sociedade; ex: art. 216-A, C/40, crime de
assédio sexual;
Fatores de eficácia da norma
jurídica
1. Divulgação da norma
2. Conhecimento efetivo da norma por parte de seus destinatários
3. Perfeição técnica da norma
4. Estudos preparatórios sobre o tema
5. Imposição de consequências sociais aceitas pela comunidade
6. Expectativa de consequências negativas (sanção)
7. Participação dos cidadãos na elaboração e aplicação das normas
8. Coesão social

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