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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Faculdade de Direito
Fundamentos do Direito Público
Jéssica Caverzan - 2014

Fichamento: Capítulo IX - Direito e Ciência Jurídica (Fundamentos do Direito Público, de


Carlos Ari Sundfeld).

1. Introdução
 O autor, em seu dilema para decidir a forma de expor noções essenciais de Direito e explicá-las na ciência
jurídica de forma completa, cita Karl Engish para destacar que o pensamento jurídico é cercado por
dúvidas não existentes noutros domínios científicos, citando também Kelsen para expor que Direito e
justiça são dois conceitos diferentes.

2. Normas jurídicas. Os mundos do ser e do dever-ser


 Em "Hipótese de Incidência Tributária”, Geraldo Ataliba define o direito como sendo um conjunto de
normas que compõem o sistema jurídico. Celso Antônio Bandeira de Mello complementa indicando que
a estrutura da norma jurídica é composta pela hipótese, previsão abstrata de uma situação; mandamento,
que é o comando; e a sanção, conquência imputada a alguém pela violação da norma.

 Celso Antônio ressalta a distinção entre o mundo do ser (natureza) e o do dever ser (normas), tendo este
último existência própria, já que as leis não derivam da natureza das coisas, mas da vontade dos homens.

 Os sistemas jurídicos podem variar, sendo que no mundo natural é pautado pelo princípio da casualidade
(causa e efeito): se A for, B será. No mundo do direito rege o princípio da imputação ou normatividade:
se A for, B deverá ser. A norma não descreve a realidade, mas como esta deve ser, por isso mesmo
desrespeitadas as normas jurídicas continuam existindo.

3. Sistema jurídico
 O Direito se distingue de outras ordens sociais como a religião e a moral, por ter uma ordem coativa, ou
seja, seu conjunto de normas possui sanções aplicadas coativamente.

 Segundo Ataliba, "o direito (em sentido objetivo) é um conjunto de normas que - por isso que integrando
a ordem jurídica - se chamam normas jurídicas".

 Para Kelsen, o direito só é compreendido quando considera-se as normas no seu conjunto, não somente
uma, mas o seu sistema e, portanto, nunca podem ser examinadas isoladamente. O Direito se auto
regula, inicialmente pela criação de novas normas, mas também através da hierarquia de diferentes níveis
de normas.

4. Direito e ciência jurídica


 O Direito não é uma ciência, mas objeto de estudo da Ciência do Direito, pois o Direito é normativo, não
descreve, mas prescreve.
 A ciência jurídica é composta de um conjunto de proposições. Para Kelsen, proposições jurídicas são
juízos hipotéticos, enunciados sobre um objeto dado ao conhecimento, que podem ser verdadeiros ou
falsos. Já as normas jurídicas não ensinam nada, são um ato de vontade, sendo válida ou inválida.

 Para Paulo de Barros Carvalho "a norma jurídica é a significação que colhemos da leitura dos textos do
direito positivo", produzido no plano mental como produto da percepção do mundo exterior. Assim sendo,
depende da interpretação: "ao enunciar os juízos, expedindo as respectivas proposições, ficarão registradas
as discrepâncias de entendimento dos sujeitos, a propósito dos termos utilizados.".

5. A atividade do profissional do direito


 Lourival Vilanova esclarece que a atividade do profissional jurídico é verificar quais as normas em vigor
que incidem sobre determinada categoria de fatos. Portanto, o propósito jurídico-dogmático é verificar se
a norma existe, ou seja, se tem validade e vigência.

 Frisa-se que é necessário o conhecimento da realidade-normativa para conhecer o direito, despindo-se de


todas as convicções pessoais e idealizações.

6. Divisão da ciência jurídica em ramos


 O Direito é uno e insuscetível de divisão, entrelaçando as normas pelos vínculos hierárquicos e pelas
relações de coordenação.

 Os ramos do Direito resultam de uma classificação realizada pela ciência do Direito, que tem por objetivo
sistematizar e organizar metodologicamente as normas através de suas características (ramos) e em suas
diferenças (subgrupos). A classificação dependerá do interesse e do critério adotado.

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