Você está na página 1de 22

CALDEIRAS

DE
ALTA PRESSÃO
Engenharia do Produto – Foco Energia

Flávio Maltempi Ferreira


Tópicos da Apresentação

 INTRODUÇÃO

 CLASSES DE PRESSÃO

 INFLUÊNCIA DA ELEVAÇÃO DA PRESSÃO NO PROJETO


E FABRICAÇÃO DAS CALDEIRAS

 ELEVAÇÃO DA PRESSÃO DE OPERAÇÃO DA CALDEIRA


x GERAÇÃO DE ENERGIA

 CUIDADOS ESPECIAIS COM EQUIPAMENTOS DE ALTA


PRESSÃO
Engenharia do Produto
Introdução

A crise do setor energético e o risco do “apagão” criou a


expectativa e oportunidades para novas unidades geradoras de
energia elétrica.
Entre as novas unidades geradoras vamos destacar as
centrais termoelétricas que utilizam a biomassa como
combustível , principalmente o bagaço de cana.
Para atender a demanda do mercado as centrais
termoelétricas, principalmente as Usinas de Açúcar e Álcool,
tiveram que otimizar suas plantas, aumentando a pressão de
operação das caldeiras e também a eficiência dos equipamentos,
visando um aumento na geração de energia elétrica permitindo a
venda do excedente da energia gerada.

Engenharia do Produto
Introdução

Fonte: O Estado de São Paulo, 05/11/2006

Fonte: O Estado de São Paulo, 12/11/2006

Engenharia do Produto
Classes de Pressão
Na última década as caldeiras a bagaço de cana sofreram uma
evolução tecnológica muito grande, pois até então a máxima pressão de
operação destas caldeiras era 42 Kgf/cm², consideradas de alta pressão
pelo setor sucroalcooleiro, na mesma época as centrais termoelétricas a
óleo e carvão, assim como as indústrias de papel e celulose já utilizavam
caldeiras com pressões de 85 Kgf/cm² a 100 Kgf/cm².
Atualmente podemos definir as classes de pressão utilizadas pelo
setor conforme tabela abaixo;
CATEGORIA PRESSÃO DE OPERAÇÃO

Baixa Pressão Até 21 Kgf/cm²


Média Pressão 42 Kgf/cm²
Alta Pressão (*) A partir 60 Kgf/cm²
(*) Na Europa e Estados Unidos são consideradas de Alta Pressão as
caldeiras com pressões a partir de 100 Kgf/cm².

Engenharia do Produto
Influência da elevação da pressão
no projeto das caldeiras
Destacamos abaixo as principais alterações no projeto das caldeiras
com a elevação da pressão:
1. Superfície convectiva (Boiler Bank, Feixe tubular):
À medida que se aumenta a pressão de operação das caldeiras a área de
troca térmica por convecção diminuem e a área de radiação aumenta.
Qt = U x A x LMTD; onde:

Qt = calor trocado.
U = coeficiente global de troca térmica.
A = área de troca térmica.
LMTD = média logarítmica das temperaturas
Quanto maior a pressão, menor o LMTD, tendência pela qual tende-se a
diminuir a área de troca em caldeiras de alta pressão.

Engenharia do Produto
Influência da elevação da pressão
no projeto das caldeiras
1.1 Feixe tubular Caldeira de dois tambores

Engenharia do Produto
Influência da elevação da pressão
no projeto das caldeiras
1.2 Feixe tubular caldeira Single Drum

Engenharia do Produto
Influência da elevação da pressão
no projeto das caldeiras
2. Materiais utilizados :
Com o aumento da pressão necessitamos utilizar / substituir alguns
materiais da caldeiras com tensões de trabalho admissíveis superiores.

2.1 Fornalha / evaporador (feixe tubular) / economizadores :


O material normalmente utilizado em caldeiras de pressão de operação
até 87 Kgf/cm² é o ASTM A-178, para pressões imediatamente superiores
utilizamos o ASTM A-210 A-1, pois conforme tabela abaixo as tensões
admissíveis são superiores.
Material 500 °F 750 °F 850 °F
A-178 A 13.400 10.700 7.900
A-210 A-1 17.100 13.000 8.700
Notas:
 Tensões admissíveis estão em psi.
 Fonte ASME II, Part D.

Engenharia do Produto
Influência da elevação da pressão
no projeto das caldeiras
2.2 Tubos do superaquecedor:
Além do tubos de aço liga normalmente já utilizados, na parte final do
superaquecedor (maior temperatura de metal), utilizaremos ASTM A-213
T91, pois conforme tabela abaixo as tensões admissíveis são superiores.
Material 850 °F 1000 °F 1100 °F
A-213 T11
14.000 6.300 2.800
1 ¼ Cr- ½ Mo - Si
A-213 T22
16.600 8.000 3.800
2 ¼ Cr- 1 Mo
A-213 T91
20.300 16.300 10.300
9 Cr- 1 Mo - V

Notas:
 Tensões admissíveis estão em psi.
 Fonte ASME II, Part D.

Engenharia do Produto
Influência da elevação da pressão
no projeto das caldeiras

3. Coletor de saída de vapor:


Similar as considerações do item 2.

4. Tambores de Vapor e Água:


Com a elevação da pressão de operação os tambores de vapor e água
se tornam muito espessos em função da eficiência de furação do feixe,
desta forma, as caldeiras de 1 Tambor (SINGLE DRUM) se tornam mais
atraentes, pois consegue-se trabalhar com espessuras menores.
As caldeiras SINGLE DRUM não possuem furação do feixe.

Engenharia do Produto
Influência da elevação da pressão
no projeto das caldeiras
4.1 Tambor de vapor da caldeira de 87 Kgf/cm² / 510 Gr.C

Engenharia do Produto
Influência da elevação da pressão
no projeto das caldeiras

Engenharia do Produto
Influência da elevação da pressão
no projeto das caldeiras
4.2 Tambor de vapor caldeira P proj. = 104 Kgf/cm²

Cliente : Kvaerner do Brasil


- Caldeira Single Drum
- Pressão do projeto : 104 kgf/cm2
- Caldeira Selada pelo ASME (Selo “S”)
- Ano de Fabricação : 2003

Engenharia do Produto
Influência da elevação da pressão
no projeto das caldeiras
Caldeira AT-275 SINGLE DRUM

Engenharia do Produto
Elevação da pressão de operação
da Caldeira x Geração de Energia
Para estudo da pressão de operação x geração de energia vamos
considerar os dados reais de eficiência das caldeiras e fixar a energia de
entrada para cada caldeira, ou seja, a quantidade de combustível será sempre
a mesma (50.000 Kg/h), e simular para diferentes pressões e temperaturas à
vazão de vapor gerada e conseqüentemente a energia gerada.
O Combustível considerado é bagaço de cana com características médias
abaixo:
• Carbono = 23% peso
• Hidrogênio = 3,3% peso
• Oxigênio = 23% peso
• H2O = 50% peso
• Cinzas = 0,7% peso
• PCI = 1775 Kcal/Kg
• PCS = 2250 Kcal/Kg

Engenharia do Produto
Elevação da pressão de operação
da Caldeira X Geração de Energia
CICLO DE RANKINE

Engenharia do Produto
Elevação da pressão de operação
da Caldeira X Geração de Energia

Engenharia do Produto
Elevação da pressão de operação
da Caldeira X Geração de Energia
Tabela 1 - Condensação
Pressão Temp. Ef. Caldeira/Temp Entalpia Entalpia Vazão do Energia Energia Energia % Geração
de do de Saída de da Água do Vapor Vapor Gerada consumida Líquida superior a
Geração vapor Gases h2 h3 gerada Q W3 – 4 na bomba (Kw) caldeira
(Kgf/cm2) (oC) (oC) (Kcal/Kg) (Kcal/Kg) (Kg/h) (Kw) W 12 (Kw) 21/300oC

21 300 84,5% / 200º C 110 720 122.940 24.306 110 24.196 -

42 400 87,5% / 160º C 110 766 118.380 29.738 208 29.530 22

65 480 87,5% / 160º C 110 804 111.900 33.055 302 32.753 35,3

92 520 87,5% / 160º C 110 820 109.375 34.345 416 33.929 40,2

120 540 87,5% / 160º C 110 826 108.460 34.815 537 34.278 41,7

• Q vapor = mcomb x PCI x η


(h3 – h2)
• W3 – 4 = Q vapor (h3 – h4) (Kcal/h x 1,163 x 10E-3 = Kw) ; (Eficiência 100% ciclo ideal)
• Considerando h4 = 550 kcal/kg (vapor saturado a 0,5 kgf/cm2)
• W 1-2 = p x Q x HB (Cv x 0,736 = Kw)
η x 75
• Energia Líquida = W 3-4 - W 1-2

Engenharia do Produto
Elevação da pressão de operação
da Caldeira X Geração de Energia
Tabela 2 – (Contra Pressão 1,5 kgf/cm2 man)
Pressão Temp. Ef. Caldeira/Temp Entalpia Entalpia Vazão do Energia Energia Energia % Geração
de do de Saída de da Água do Vapor Vapor Gerada consumida Líquida superior a
Geração vapor Gases h2 h3 gerada Q W3 – 4 na bomba (Kw) caldeira
2 o o o
(Kgf/cm ) ( C) ( C) (Kcal/Kg) (Kcal/Kg) (Kg/h) (Kw) W 12 (Kw) 21/300 C

21 300 84,5% / 200º C 110 720 122.940 10.925 110 10.815 -

42 400 87,5% / 160º C 110 766 118.380 16.245 208 16.037 48,3

65 480 87,5% / 160º C 110 804 111.900 20.301 302 19.999 84,9

92 520 87,5%/ 160º C 110 820 109.375 21.879 416 21.463 98,4

120 540 87,5% / 160º C 110 826 108.460 22.453 537 21.916 102,6

• Q vapor = mcomb x PCI x η


(h3 – h2)
• W3 – 4 = Q vapor (h3 – h4) (Kcal/h x 1,163 x 10E-3 = Kw) ; (Eficiência considerada 100%)
• Considerando h4 = 648 kcal/kg (vapor saturado a 2,5 kgf/cm2)
• W 1-2 = p x Q x HB (Cv x 0,736 = Kw)
η x 75
• Energia Líquida = W 3-4 - W 1-2

Engenharia do Produto
Cuidados Especiais com
Equipamentos de Alta Pressão
Alguns cuidados adicionais devem ser levados em consideração nas
caldeiras de Alta Pressão :
 Tratamento da Água
O sistema de tratamento da água deve ser selecionado e dimensionado
para evitar danos nas caldeiras e turbinas, tais como : Incrustações por
sais, Volatização da sílica e Controle da corrosão cáustica ou por oxigênio.

 Operação
Devido as caldeiras de alta pressão trabalharem em condições críticas, a
operação e monitoramento devem ser diferenciados, principalmente no
que diz respeito aos controles de nível, temperaturas de metal e controle
da temperatura do vapor.

Engenharia do Produto
Cuidados Especiais com
Equipamentos de Alta Pressão

 Conservação
Normalmente nas caldeiras de Alta Pressão são aplicados materiais de
Aço Liga que requerem cuidados especiais durante o período em que não
estejam em operação, para evitar principalmente a corrosão desses
materiais por cloro ou sódio.

Engenharia do Produto

Você também pode gostar