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INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CURSO DE BACHARELADO EM ENGENHARIA MECÂNICA

ARTHUR BARBOSA BEZERRA


ARTHUR CRIVILLIN
GUILHERME LAPORTI ALVES
GUSTAVO DEOCLECIO GIACOMIN

ANÁLISE DO DESEMPENHO DE DIFERENTES TIPOS DE


ALETAS BÁSICAS COMO COOLER DE PROCESSADOR

ARACRUZ - ES
2022
ARTHUR BARBOSA BEZERRA
ARTHUR CRIVILLIN
GUILHERME LAPORTI ALVES
GUSTAVO DEOCLECIO GIACOMIN

ANÁLISE DO DESEMPENHO DE DIFERENTES TIPOS DE


ALETAS BÁSICAS COMO COOLER DE PROCESSADOR

Trabalho apresentado ao Instituto Federal do


Espírito Santo – IFES, Campus Aracruz, como
requisito para aprovação na matéria de
Transferência de Calor 1.

Orientador: Prof.______________________

Co-orientador: Prof.____________________

ARACRUZ
2022

Orientador: Prof.______________________

Co-orientador: Prof.____________________
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 4

2. OBJETIVO ................................................................................................... 5

3. ANÁLISES E CÁLCULOS............................................................................ 6

4. MOTIVAÇÃO ............................................................................................... 8

5. SIMULAÇÃO E RESULTADOS ................................................................. 12

5.1. ALETA RETANGULAR ........................................................................... 12

5.2. ALETA CILÍNDRICA ............................................................................... 15

5.3. ALETA TRIANGULAR ............................................................................ 18

6. CONCLUSÃO ............................................................................................ 22

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 25
1. INTRODUÇÃO

A transferência de calor, em seus vários modos, é diretamente


proporcional à área em que o processo ocorre. Por isso, uma das soluções para
melhorá-la, seja por condução ou convecção, é aumentar a área em que o calor
perpassa, a essa solução foi dado o nome de aleta.
A função principal de uma aleta é aumentar a área de transferência
de calor, para que assim a sua dissipação seja dada de uma melhor forma, e
para facilitar mais ainda o processo, são utilizados, geralmente, materiais que
conduzem calor muito bem, tais como alumínio ou cobre por exemplo.
As aletas são aplicadas em muitas áreas diferentes da indústria,
desde motores de combustão interna até componentes eletrônicos, que é onde
o enfoque desse estudo se encontra.
Aparelhos eletrônicos como computadores e celulares são dotados de
componentes que produzem calor na sua operação devido ao esforço para ler
ou escrever quantidade enormes de dados. Em esforços computacionais muito
grandes, processadores podem chegar a temperatura de 90ºC. Por isso, o
sistema de refrigeração de computadores conta com cooler-boxes que fazem
uso de aletas, que além de conduzir muito bem o calor, evitam danos estruturais
aos componentes devido às altas temperaturas.
2. OBJETIVO

Esse estudo tem como objetivo analisar os diferentes comportamentos


da temperatura de operação de um processador com diferentes tipos de aleta
presentes no processo de refrigeração dos componentes. Utilizaremos aletas
retangulares, cilíndricas e triangulares e observaremos como elas alteram a
condução de calor no sistema em mesmas condições de coeficiente de
condução e convecção, bem como a taxa de calor fornecida pela fonte de calor
e a forma de entrada e saída de ar.

Para essa análise, foi montado um sistema de volume de controle, que


é o gabinete, no qual abriga os hardwares e o trocador de calor, no software
SolidWorks e nele foram feitas as devidas simulaçõe.
3. ANÁLISES E CÁLCULOS

Diferentes aletas possuem diferentes desempenhos na sua função de


melhorar a condução de calor, como a condução depende da área, diferentes
formatos de área geram diferentes conduções. A partir desse conceito, foram
calculadas as eficiências das 3 aletas diferentes analisadas nesse estudo.

Para o cálculo foram utilizadas expressões, que partem da definição


de eficiência que é encontrada no livro “Transferência de Calor e Massa” dos
autores Çengel e Ghajar.

𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑟𝑒𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑇𝑟𝑎𝑠𝑛𝑓𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑎𝑡𝑟á𝑣𝑒𝑠 𝑑𝑎 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎


𝜂𝑎 =
𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑓𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑎𝑡𝑟á𝑣𝑒𝑠 𝑑𝑎 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎
𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑡𝑜𝑑𝑎 𝑎 𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑓í𝑐𝑖𝑒 𝑑𝑎 𝑎𝑙𝑒𝑡𝑎 𝑎 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑒𝑟𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑑𝑎 𝑏𝑎𝑠𝑒.

E as expressões que são encontradas para as aletas presente neste


estudo são:

Figura 1: Geometria de aletas e suas eficiências.

E ainda, no mesmo livro, existe um gráfico comparativo da eficiência


em função das características geométricas e térmicas do material e meio que a
aleta está empregada.
Figura 2: Gráfico da queda de eficiência em função das características
geométricas.
4. MOTIVAÇÃO

Atualmente, temos processadores de alta capacidade e desempenho,


como os processadores Intel i9 e AMD Epyc que consomem mais 100 Watts,
gerando muito calor no componente. Por este motivo, um sistema de
arrefecimento tão potente quanto o processador é necessário ser usado, como
os heat pipes e water cooler.

Figura 3: Water cooler e heat pipe, respectivamente.

Utilizando um modelo de dissipador com aletas cilíndricas modelado


no SolidWorks, com diâmetro da base de 5mm e comprimento de 40mm,
totalizando 225 unidades em uma área de 120x120 mm², feito de liga de alumínio
6061, que apresenta um coeficiente de condução: k = 170 W/Mk.

Figura 4: Aleta cilíndrica modelada no SolidWorks


Em um caso hipotético, simulamos para ter ideia do que um cooler
fora dos limites de operação pode sofrer em um estresse causado por um
processador de alto desempenho. Foram selecionadas seguintes condições de
contorno: ar como fluido no interior do gabinete; uma ventoinha axial 4020-12HH
(padrão da biblioteca do SolidWorks) que gira a 785,4 rad/s; considerando
geração de calor no cooler vindo do processador i9 que dissipa,
aproximadamente, 100 Watts; na saída do gabinete, a pressão a atmosférica
(101,325 kPa); e coeficiente de transferência de calor de 40 W/m²K.

Figura 5: Condições de contorno do caso motivacional.

Com a análise da temperatura no interior do gabinete em um corte


que contém a aleta, foi observado, através da simulação, que a temperatura no
cooler superou os 1000 K, e como o cooler é feito de alumínio, ultrapassando o
seu ponto de fusão, de 933,47 K (660,47°C), aproximadamente, derretendo o
componente, mas antes mesmo de chegar a essa temperatura, os outros
componentes adjacentes já teriam falhado, causando o desligamento do
computador, e não chegaria a esta temperatura elevada.
Figura 6: Temperatura em uma secção transversal do gabinete.

Figura 7: Linhas de corrente dentro do gabinete.

Observa-se que podemos melhorar a troca de calor somente


mudando a geometria do gabinete. Alterando a altura das ventoinhas de entrada
de ar para melhorar o fluxo de ar através do cooler/aleta, e ainda como o
SolidWorks utiliza um coeficiente de convecção fixo e escolhemos um valor baixo
de 40 W/m²K, aumentá-lo seria uma opção para aproximar o resultado de uma
convecção forçada através das ventoinhas, que, de acordo com a tabela 1-5 do
livro de “Transferência de Calor e Massa” dos autores Çengel e Ghajar, varia
entre 25-250 W/m²K.
Aplicando as sugestões de melhora, houve melhora na troca de calor,
ainda abaixo do esperado, mas saímos de 1100,60 K para 378,03K (827°C para
105,03°C). Novas condições de contorno foram incluídas, como diminuição da
rotação da ventoinha para 434,59 rad/s, porém na saída foi imposta uma nova
condição de saída de ar com os parâmetros dessa ventoinha nova, o coeficiente
de convecção foi aumentado para 200 W/m²K.

Figura 8: Linhas de corrente e temperatura máxima em uma seção


transversal do gabinete.

Fica evidente que coolers comuns sem ventoinha não são


recomendados para serem usados com processadores potentes, justamente por
não serem projetados para aguentar altas taxas de transferências de calor como
a gerada pelos mesmos.
5. SIMULAÇÃO E RESULTADOS

O SolidWorks ele realiza todos os cálculos para as situações


tridimensionais e não colocamos dependência do tempo, ou seja, o regime se
torna permanente. Para os 3 casos a seguir, as condições de contorno serão:
a. Ventoinha Axial 1238-12H, diâmetro externo de 120mm e rotação
de 366,52 rad/s.
b. Saída de ar à pressão atmosférica - 101,325 kPa.
c. Taxa de transferência de calor de 50 W.
d. Condutividade térmica do alumínio 6061, k = 170 W/mK.
e. Coeficiente de convecção térmica, h = 200 W/m²K.

Figura 9: Condições de contorno.

5.1. ALETA RETANGULAR

Foi desenhado uma aleta de base retangular, com área de 120x2,5


mm² e comprimento de 40 mm em cada aleta inspirada no cooler abaixo, usado
em processadores mais fracos que dissipam 50 Watts.

Figura 10: Aleta desenhada no SolidWorks.


Figura 11: Aleta base para o modelo no SolidWorks.

Obtendo a temperatura máxima em uma seção qualquer que


contenha a cooler, foi analisado que a temperatura do fluido aumentou ao longo
do escoamento do fluido em relação à aleta. Na primeira secção, a maior
temperatura foi 310,52 K (37,37°C), na segunda 331,24 K (58,09°C), e por fim,
332,52 K (59,37°C).

Figura 12: Temperatura do fluido na primeira secção.


Figura 13: Temperatura do fluido na segunda secção.

Figura 14: Temperatura do fluido na segunda secção.

E na aleta, obteve-se uma temperatura máxima de 332,84 K (59,69°C)


e mínima de 329,16K (56,01°C) de acordo com a distribuição de temperatura
obtida. Ainda, há uma distribuição crescente de temperatura, a temperatura
aumenta da esquerda para direita.
Figura 15: Distribuição de temperatura na aleta, vista frontal.

Figura 16: Distribuição de temperatura na aleta, vista traseira.

5.2. ALETA CILÍNDRICA

Também desenhada no SolidWorks, cada aleta possui um diâmetro


de 5 mm e comprimento de 40mm.
Figura 17: Aleta piniforme (cilíndrica).

Com a análise de seções que contenham a aleta, observou-se que a


temperatura do ar em volta do cooler também aumentou à medida que o fluido
escoava. Na primeira secao, foi obtido 317,37 K (44,22°C), na segunda, 336,07
K (62,92°C), e na última, 338,20 K (65,05°C).

Figura 18: Temperatura do fluido na primeira secção.


Figura 19: Temperatura do fluido na primeira secção.

Figura 20: Temperatura do fluido na primeira secção.

Analisando a distribuição de temperatura no cooler de aletas


piniformes, obteve-se uma temperatura máxima de 338,55 K (65,4°C) e mínima
de 327,89 K (54,74°C). Ainda, como no caso retangular, há uma distribuição
crescente de temperatura.
Figura 21: Distribuição de temperatura na aleta, vista frontal.

Figura 22: Distribuição de temperatura na aleta, vista traseira.

5.3. ALETA TRIANGULAR

E para finalizar, foi construída uma aleta triangular, de base 120x2,5


mm² e altura de 40 mm.
Figura 23: Aleta triangular.

Com a análise de seções na qual tenha a aleta, foi calculado pelo


software que a temperatura do ar em volta do cooler aumentou, como nos outros
casos, à medida que havia fluxo de ar. Na primeira seção, foi obtido 302,34 K
(29,19°C), na segunda, 325,51 K (52,36°C), e na última, 326,12 K (52,97°C).

Figura 24: Temperatura do fluido na primeira secção.


Figura 25: Temperatura do fluido na primeira secção.

Figura 26: Temperatura do fluido na primeira secção.

Analisando a distribuição de temperatura no cooler triangular, foi


observado uma temperatura máxima de 326,37 K (53,22°C) e mínima de 321,34
K (48,19°C). Ainda, como nos outros casos, há uma distribuição crescente de
temperatura.
Figura 27: Distribuição de temperatura na aleta, vista frontal.

Figura 28: Distribuição de temperatura na aleta, vista traseira.


6. CONCLUSÃO

Para todos os casos há maior temperatura em um dos cantos da aleta,


pois como podemos ver nas linhas de corrente, há um fluxo preferencial nas
costas da aleta, logo, quando o ar chega com uma temperatura menor acontece
uma troca de calor mais intensa com a aleta, e como o ar irá receber calor e
aquecer, e consequentemente, a taxa de transferência de calor diminui, então, a
temperatura aumenta ao longo do cooler.

Mas essa temperatura ainda está muito além do limite suportado pelos
componentes adjacentes e até mesmo a própria placa, como podemos ver,
esses tipos de dissipadores (sem convecção forçada) não são recomendados.
Somente para os casos de processadores que dissipam menos que 50 Watts,
que se tornam viáveis, isso se os componentes adjacentes suportarem.

Tendo essas condições em mente, por meio do nosso trabalho,


podemos ponderar sobre as formas das aletas e sua eficiência, para optarmos
pela melhor aplicação nos possíveis casos, entre eles:

● Mini PCs

● Ambientes de alta taxa de convecção

● Baixo ruído

Figura 29: Distribuição de temperatura e fluxo de ar na aleta retangular, vista traseira.


Figura 30: Distribuição de temperatura e fluxo de ar na aleta piniforme, vista traseira.

Figura 31: Distribuição de temperatura e fluxo de ar na aleta triangular,


vista traseira.

Abaixo seguem os valores calculados de eficiências para cada tipo


geométrico de aleta usado na análise desse estudo.

• ɳretangular = 0,6737 ou 67,37%


• ɳcircular = 0,6737 ou 67,37%
• ɳtriangular = 0,6190 ou 61,90%

Tomando os valores das eficiência percebemos que é muito baixa, na


prática, aletas devem ser usadas se sua eficiência for maior que 90%, contudo,
entre as aletas presente no estudo, recomendamos usar aletas no formato
triangular, pois ela apresentou menor distribuição de temperatura na simulação,
independentemente de ter a menor eficiência nas condições de contorno
impostas, e, caso o coeficiente de convecção diminuir, sua eficiência irá se tornar
maior que as outras, pois a razão da função de Bessel irá aumentar na expressão
da eficiência e o termo 1/mL irá aumentar até um limite no qual a eficiência
passará a diminuir novamente.
REFERÊNCIAS

ÇENGEL, Yunus; GHAJAR, Afshin. Transferência de


Calor e Massa: Fundamentos e Aplicações. 4° edição. AMGH EDITORA
LTDA, 2012.

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