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Saúde Materna

Manual de Boas Práticas


Manual de Boas Práticas Saúde Materna

Documento de controlo

Validação pelo Aprovação em


Versão Elaboração / revisão
Conselho Técnico Conselho Geral

1 Idalina Brites 22/08/2022 06/10/2022

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Siglas e Abreviaturas
AC Atendimento Complementar
ACES Agrupamento de Centros de Saúde
ACSS Administração Central do Sistema de Saúde
ADR Área Dedicada para Doentes Respiratórios
ARS LVT Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo
BCG Bacillus Calmette-Guérin
Bi-CSP Bilhete de Identidade dos Cuidados de Saúde Primários
CADI Carers Assessment of Difficulties Index (Índice de Avaliação das Dificuldades do Cuidador)
CAM Consumo de Antimicrobianos
CAMI Carers Assessment of Managing Index (Índice de Avaliação das Estratégias de Coping do Cuidador)
CASI Carers Assessment of Satisfation Index (Índice de Satisfação do Cuidador)
CCS Conselho Clínico e de Saúde
CES Comissão de Ética para a Saúde
CID Classificação Internacional de Doenças
CIPE Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem
CPCJ Comissão de Proteção de Crianças e Jovens
CQSD Comissão da Qualidade e Segurança do Doente
CSP Cuidados de Saúde Primários
CTH Consulta a Tempo e Horas
DAV Diretivas Antecipadas de Vontade
DGS Direção Geral de Saúde
DiOr-CSP Diagnóstico de Desenvolvimento Organizacional nos Cuidados de Saúde Primários
ECCI Equipas de Cuidados Continuados Integrados
ECL Equipa Coordenadora Local
ECSCP Equipa Comunitária de Suporte em Cuidados Paliativos
EN European Norm (Norma Europeia)
ERPI Estrutura Residencial Para Idosos
ERS Entidade Reguladora da Saúde
IACS Infeções associadas aos cuidados de saúde
ICPC International Classification of Primary Care (Classificação Internacional de Cuidados de Saúde Primários)
IDG Índice de Desempenho Global
IDS Índice de Desempenho Sectorial
IPST Instituto Português do Sangue e da Transplantação
ISO International Organization for Standardization (Norma Internacional)
LAC Livre Acesso e Circulação
MCDT Meios Complementares de Diagnóstico e Terapêutica
MGF Medicina Geral e Familiar
MIM@UF Módulo de Informação e Monitorização das Unidades Funcionais
NACJR Núcleo de Apoio a Crianças e Jovens em Risco
NP Norma Portuguesa
PA Processos Assistenciais
PAI Plano de Auditoria Interna
PAPA Programa de Apoio à Prescrição Antibiótica
PAUF Plano de Ação da Unidade Funcional
PBCI Precauções Básicas de Controlo de Infeção
PEM Prescrição Eletrónica Médica
PG Processos de Gestão
PNSD Plano Nacional para a Segurança dos Doentes
PNV Plano Nacional de Vacinação
PPCIRA Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos
PS Processos de Suporte
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RCCR Rastreio do Cancro Colorretal


RCCU Rastreio do Cancro do Colo do Útero
RNCCI Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados
RAC Registo Administrativo de Contacto
RAI Responsável pelo Acesso à Informação
RAM Reações Adversas a Medicamentos
RENTEV Registo Nacional do Testamento Vital
RENNDA Registo Nacional de Não Dadores
RNU Registo Nacional de Utentes
RSE Registo de Saúde Eletrónico
RSE-AP Registo de Saúde Eletrónico - Área do Profissional
RSE-PU Registo de Saúde Eletrónico - Portal do Utente
SGTD Sistema de Gestão do Transporte de Doentes
SIGA Sistema Integrado de Gestão do Acesso
SINUS Sistema de Informação para Unidades de Saúde
SOAP Subjetivo (S) Objetivo (O) Avaliação (A) Plano (P)
SNS Serviço Nacional de Saúde
SPMS Serviços Partilhados do Ministério da Saúde
TMRG Tempos Máximos de Resposta Garantidos
TV Testamento Vital
UCC Unidade de Cuidados na Comunidade
UCSP Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados
URAP Unidade de Recursos Assistenciais Partilhados
USF Unidade de Saúde Familiar
VASPR Vacina anti sarampo papeira e rubéola

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ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................... 6
1.1 OBJETIVOS ............................................................................................................................................. 6
2. GRAVIDEZ DE BAIXO RISCO ..................................................................................................................... 7
3. CONSULTA PRÉ-CONCEPCIONAL.............................................................................................................. 8
3.1 ATIVIDADES MÉDICAS ........................................................................................................................... 8
3.2 ATIVIDADES DE ENFERMAGEM ............................................................................................................. 9
3.3 REFERENCIAÇÃO HOSPITALAR ............................................................................................................. 10
4. VIGILÂNCIA DE GRAVIDEZ DE BAIXO RISCO .......................................................................................... 11
4.1 ACTIVIDADES MÉDICAS ....................................................................................................................... 11
4.2 ACTIVIDADES DE ENFERMAGEM ......................................................................................................... 13
4.3 EXAMES COMPLEMENTARES DURANTE A GRAVIDEZ ......................................................................... 20
4.4 SUPLEMENTAÇÃO DURANTE A GRAVIDEZ .......................................................................................... 22
4.5 AVALIAÇÃO DO ESTADO VACINAL ....................................................................................................... 22
4.6 PROFILAXIA DA ISOIMUNIZAÇÃO RH .................................................................................................. 22
4.7 PREVENÇÃO DE FORMAS GRAVES DE HEMOGLOBINOPATIAS ........................................................... 24
4.8 DOENÇAS INFECIOSAS NA GRAVIDEZ .................................................................................................. 25
4.9 REFERENCIAÇÃO HOSPITALAR NA CONSULTA DE SAÚDE MATERNA ................................................. 27
5. INTERRUPÇÃO VOLUNTÁRIA DA GRAVIDEZ .......................................................................................... 28
6. CONSULTA DE PUERPÉRIO ..................................................................................................................... 29
7. INDICADORES DE MONITORIZAÇÃO...................................................................................................... 30
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................................. 31

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1. INTRODUÇÃO

Sendo a vigilância da gravidez um processo assistencial contínuo, os cuidados prestados na consulta de Saúde

Materna (SM) deverão ser partilhados entre os três grupos profissionais (médicos, enfermeiros e secretários clínicos),

no sentido de permitir uma complementaridade dos mesmos, fundamental para melhoria da assistência à mulher

grávida e sua família.

Este Manual tem como objetivo definir as principais condutas a adotar no seguimento de uma gravidez, de forma a

uniformizar os procedimentos médicos, de enfermagem e administrativos assegurando, assim, boas práticas na

prestação de cuidados à mulher/família grávida.

A otimização de resultados e ganhos em saúde durante a gravidez deve ser enquadrada num conjunto alargado de

intervenções, a iniciar na consulta pré-concecional e a finalizar na consulta de puerpério.

O período da gravidez deve ser considerado como uma oportunidade para identificar e modificar situações de risco

de patologia futura, tais como a diabetes gestacional e a pré-eclâmpsia. Hoje em dia, sabe-se que a ocorrência destas

situações durante a gestação aumenta o risco futuro de diabetes e doença cardiovascular na mulher.

Pretende-se promover a Saúde da Mulher e do Feto, proporcionando a todas as grávidas identificadas a vigilância

adequada da sua gestação, com esta finalidade são lhes prestados cuidados de saúde integrados.

Realização de Consultas de Saúde Materna pela equipa de saúde, proporciona múltiplas atividades de

enriquecimento dos serviços prestados, em benefício da mãe e do seu filho.

A prestação de cuidados tem como referência a legislação em vigor, as Orientações Técnicas e as Circulares

Normativas e Informativas da DGS.

1.1 OBJETIVOS

Receber a mulher que pretende engravidar e/ou desde o início da gravidez, assegurando no fim da gestação, o

nascimento de uma criança saudável e a garantia do bem-estar materno e fetal;

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2. GRAVIDEZ DE BAIXO RISCO

DEFINIÇÃO

Define-se como gravidez de baixo risco “...aquela em que não é possível identificar, após avaliação clínica de acordo

com a avaliação do risco pré-natal baseada na escala de Goodwin modificada, (…) nenhum fator acrescido de

morbilidade materna, fetal e/ou neonatal. O risco, sendo dinâmico ao longo da gravidez, deve ser reavaliado em todas

as consultas.” (DGS, Programa nacional para a Vigilância da Gravidez de Baixo Risco, p.33).

DEFINIÇÃO FUNCIONAL

Conjunto de atividades centradas na mulher, casal, família que visam promover um futuro mais saudável desde o

início do ciclo de vida e que se pretende que sejam abrangentes, antecipatórias, numa perspetiva de participação ativa

de todos os envolvidos: família, cuidados de saúde primários (CSP), hospitalares e Unidade de Cuidados na Comunidade

(UCC).

Critérios de inclusão:

• Mulheres/famílias com diagnóstico de gravidez inscritas na USF Cartaxo Terra VIva

Critérios de saída/exclusão:

• Ocorrência de interrupção da gravidez (voluntária ou involuntária);

• 42 dias após o parto;

• Transferência de unidade de saúde.

Critérios de não inclusão:

• Mulheres/famílias que vivem longos períodos do ano fora de Portugal (não invalida a possibilidade

de estar incluída no programa de saúde materna, mantendo-se na contagem de casos em

denominador no indicador).

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As atividades a realizar terão em vista:

• A vigilância pré-natal da gravidez de baixo risco;

• A referenciação das grávidas de médio-alto risco para seguimento em meio hospitalar, quando

indicado, e acompanhamento paralelo da situação, em continuidade de cuidados;

• A promoção da adesão à vigilância preconizada, e dos comportamentos necessários ao bem-estar

materno-fetal;

• A adaptação do casal ao novo estadio da vida familiar;

• A preparação para o parto e parentalidade (na UCC);

• O apoio às puérperas após a alta hospitalar, assegurando cuidados que promovam a sua adaptação

ao novo estadio da vida individual e familiar e promovam o aleitamento materno, de acordo com as

orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS);

• A revisão do puerpério (RP) até ao 42º dia pós-parto.

3. CONSULTA PRÉ-CONCEPCIONAL

Vide Circular Normativa da DGS nº 02/DSMIA de 16 janeiro/2006 e Programa Nacional para a Vigilância da Gravidez de
Baixo Risco de Novembro de 2015 (Capítulo 1).

3.1 ATIVIDADES MÉDICAS

DETERMINAR/AVALIAR:

• Risco concecional, em particular o risco genético, através da história reprodutiva, médica e familiar
• Possíveis efeitos da gravidez sobre as condições médicas existentes, quer do ponto de vista da saúde materna,
quer fetal
• Modificações convenientes, orientando de acordo com os riscos identificados, para os cuidados diferenciados,
sempre que necessário
• Rastreio da violência nas relações de intimidade

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EFETUAR:

• A determinação do grupo sanguíneo e facto Rh


• O rastreio das hemoglobinopatias, de acordo com a circular normativa nº 18/DSMIA/2004
• O rastreio da toxoplasmose, da sífilis, da infeção por VIH e por Citomegalovírus (CMV)
• O rastreio do cancro do colo do útero, se indicado
• Outros testes laboratoriais, sempre que indicado

DISCUTIR:

• O espaçamento recomendado entre os nascimentos, incluindo as questões relativas ao uso dos contracetivos
e à sua interrupção
• As possíveis consequências para o feto da ocorrência, na gravidez, de uma infeção de transmissão sexual e a
importância da adoção, pelo homem e pela mulher, de comportamentos seguros
• O estado nutricional, hábitos alimentares e estilos de vida
• Os aspetos psicológicos, familiares, sociais e financeiros relacionados com a preparação da gravidez
• As vantagens da vigilância pré-natal precoce e continuada

RECOMENDAR:

• A suplementação com ácido fólico, a iniciar pelo menos dois meses antes da data de interrupção do método
contracetivo
• A realização, pelo futuro pai, do rastreio da sífilis, da infeção por VIH e do estado de portador de hepatite B

PROGRAMAR:

• O acompanhamento paralelo das situações de risco, em estreita colaboração/articulação com o Hospital

3.2 ATIVIDADES DE ENFERMAGEM

DETERMINAR/AVALIAR:

• Avaliação do consumo de tabaco, álcool e outras Substâncias Psicoativas (SPA)


• Avaliação de fatores de risco social, tais como pobreza, imigração, desemprego, refugiados, condições
habitacionais precárias

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EFETUAR:

• A Avaliação do estado vacinal e atualização do PNV (prioridade na vacinação contra o tétano, a difteria, a
rubéola e o sarampo)

DISCUTIR:

• O estado nutricional, hábitos alimentares e estilos de vida


• Os aspetos psicológicos, familiares, sociais e financeiros relacionados com a preparação da gravidez

RECOMENDAR:

• O registo do calendário das menstruações

3.3 REFERENCIAÇÃO HOSPITALAR

Deve ser referenciada para o hospital, de acordo com as normas em vigor, a mulher que deseje engravidar e que possua:
• Diabetes;
• Hipertensão arterial medicada;
• Situações familiares com risco genético;
• Antecedentes pessoais de interrupção médica da gravidez por malformação fetal;
• Doenças Autoimunes;
• Mulheres com antecedentes clínicos de trombose vascular (arterial, venosa ou de pequenos vasos);
• Mulheres com antecedentes obstétricos de:
o Uma ou mais mortes in útero inexplicadas de fetos morfologicamente normais (>10 semanas de
gestação);
o Um ou mais nascimentos prematuros (<34 semanas), de fetos morfologicamente normais, associados
a eclâmpsia ou pré‐eclâmpsia grave ou insuficiência placentar;
o Três ou mais abortos espontâneos consecutivos (<10 semanas), excluídas causas anatómicas,
hormonais e cromossómicas.
• Situações de indicação para manutenção de terapêutica crónica prévia, terapêutica potencialmente
teratogénica, ou outro risco fetal;
• Casal com relações sexuais há mais de 1 ano sem gravidez.

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4. VIGILÂNCIA DE GRAVIDEZ DE BAIXO RISCO

O esquema de vigilância e conduta durante a gravidez dependem da existência ou não de patologia. Por isso, pode

ser estabelecido um esquema comum para todas as grávidas numa gravidez de baixo risco. A identificação de um fator

de risco ou de uma situação anómala determina a atuação subsequente, podendo para este efeito serem utilizados

critérios adicionais por decisão de cada Unidade Coordenadora Funcional (saúde materna e neonatal).

Todas as grávidas deverão ser portadoras do Boletim de Saúde da Grávida (BSG), devidamente preenchido nos

Cuidados de Saúde Primários e Hospitalares.

Opta-se por dividir os procedimentos a serem realizados ao longo da vigilância da gravidez por trimestres devido às

especificidades de cada um deles. A avaliação do risco pré-natal é efetuada de acordo com a Tabela de Goodwin

modificada.

As consultas de Saúde Materna devem realizar-se com a periodicidade recomendada no Programa Nacional para a

Vigilância da Gravidez de Baixo Risco.

4.1 ACTIVIDADES MÉDICAS

A) Em todas as consultas

• Avaliação da motivação e adaptação pessoal e familiar para o estado de gravidez


• Avaliar sintomas habituais – náuseas, vómitos, pirose, obstipação, hemorroidas, varizes, leucorreia
• Altura uterina / batimentos cardíacos fetais (a partir das 16 semanas) / movimentos fetais (a partir das 18
semanas)
• Pesquisa de edemas / pesquisa de sinais de anemia (coloração da pele, das extremidades e da mucosa oral)
• Preenchimento de BSG com dados de anamnese, biometrias, resultados de exames, intercorrências
• Abordar questões sobre a sexualidade adequando à idade gestacional e risco da gravidez
• Monitorizar/ ensinar sinais de alerta em cada fase da gravidez
• Preenchimento do BSG

B) Primeira consulta – antes das 12 semanas

• Avaliação da motivação e adaptação pessoal e familiar para o estado de gravidez (desejada/planeada/não

aceite) / Cálculo de Grau de Risco da Gravidez

• Exame físico

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• Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral

• Suplementação com ácido fólico (400 μg/ dia) até à 12ª semana de gravidez e iodo (150-200 μg/dia) durante

toda a gravidez

• Pedido de Ecografia do 1ª trimestre

• Pedido de Avaliação Laboratorial do 1º Trimestre

C) Segunda consulta – entre as 14 e as 16 semanas e 6 dias

• Avaliação dos exames pedidos

• Reavaliação da IG e corrigir DPP com a Ecografia, se aplicável

• Suplementação em ferro

• Pedido de Ecografia do 2º Trimestre

• Ponderar pedido de rastreio de hemoglobinopatias (se não tiver já sido feito)

• Emissão de certificado de tempo de gravidez para efeitos de pagamento de abono pré-natal

D) Terceira consulta – antes das 24 semanas

• Avaliação dos exames pedidos

• Pedido de avaliação laboratorial do 2º trimestre

• Programar administração de Imunoglobulina anti-D, se aplicável

E) Quarta consulta – entre as 27 e as 30 semanas e 6 dias

• Avaliação dos exames pedidos

• Pedido de Ecografia do 3º Trimestre

• Pedido de avaliação laboratorial do 3º trimestre

F) Quinta consulta – entre as 34 e as 35 semanas e 6 dias

• Avaliação dos exames pedidos

• Pedido de pesquisa de Streptococos β hemolítico de grupo B (a realizar entre as 35 e 37 semanas)

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G) Sexta consulta – entre as 36 e as 38 semanas e 6 dias

• Avaliação dos exames pedidos

• Ensino sobre sinais de trabalho de parto / fisiologia do trabalho de parto / plano de parto

• Promoção do aleitamento materno

4.2 ACTIVIDADES DE ENFERMAGEM

No primeiro contacto com a gravida deve-se:

• Preencher Avaliação Inicial (Utilização do centro de saúde, e todos os itens de saúde da mulher);
• Associar o Programa de Saúde Materna.

Se ainda não estão associados, associar os Fenómenos:

• Adesão à vacinação
• Comportamento de procura de saúde
• Comportamento de adesão
• Autocuidado
• Gravidez
• Satisfação conjugal
• Adaptação
• Amamentar
• Trabalho parto
• Papel parental

1º Consulta até às 10 Semanas

INTERVENÇÕES:

• Supervisionar a adesão à vacinação - Verificar PNV se está atualizado e registar. Colocar no ALERTA a validade

da vacina antitetânica.

• Ensinar sobre vacinação - Caso a vacina estar desatualizada planear a sua administração a partir das 20

semanas, de acordo com a opção da grávida.

• Informar sobre serviços de saúde

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• Incentivar para a utilização de serviços de saúde - Informar sobre a necessidade de vigilância durante a gravidez

e a presença de vários profissionais como o enfermeiro e médico de família, pessoal administrativo, curso de

preparação para o parto. Poderão ser solicitados outros profissionais de saúde, de acordo com as suas

necessidades e as da sua família (Técnico de Serviços Sociais, psicólogo, higienista oral, etc.)

• Avaliar motivação e adaptação pessoal e familiar para o estado de gravidez

• Informar sobre o Boletim de Saúde da Grávida- Fornecer e preencher boletim da grávida com dados de

anamnese, biometrias entre outros e informar sobre a necessidade de o boletim a acompanhar em todas as

consultas

• Ensinar sobre sinais de alarme- Informar sobre sinais e sintomas de alerta nesta fase tais como hemorragia

vaginal, dores abdominais, queixas urinárias, vómitos persistentes.

• Ensinar sobre condições de risco para a infeção- Relativas a infeções alimentares, urinárias e sexuais.

• Ensinar sobre hábitos alimentares durante a gravidez - Ensino sobre alimentação equilibrada e polifracionada,

restrição de açúcar e gorduras, suplementos de ferro e acido fólico. Alimentos recomendados e a evitar devido

a infeções como toxoplasmose, brucelose, salmonelas, etc.

• Ensinar sobre hábitos de exercício- Ensinos sobre exercício físico, práticas de desporto e precauções nas

viagens

• Informar sobre relação sexual - Desmistificar mitos e esclarecer dúvidas. Explorar sentimentos da grávida,

alterações da libido. Poderão existir complicações na gravidez e aí é desaconselhável ter relações sexuais.

• Informar sobre alimentação - Aspetos mencionados nos hábitos alimentares

• Informar sobre vestuário - Roupa adequada nesta fase. Não deve ser apertada, roupa interior de algodão

• Informar sobre higiene- Informar sobre hábitos de sono e repouso, higiene corporal e dentária

• Ensinar sobre desenvolvimento fetal - Ensinos respetivos a evolução e desenvolvimento do feto no interior

• Explicar nova fase do ciclo de vida da família - Ter em conta N.º de filhos, idades, aceitação da gravidez,

ambivalência de sentimentos, etc.

• Incentivar o envolvimento da família durante a gravidez - Incentivar a importância do envolvimento do pai,

aceitação da gravidez, presença nas consultas, dinâmica familiar, etc.

• Informar sobre alterações corporais durante a gravidez - Ensinos relativos a crescimento do abdómen (pouco

visível nesta consulta) alteração dos seios e da cor da pele, maior sonolência, obstipação e polaquiúria,

• Ensinar sobre desenvolvimento fetal

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• Informar sobre desconfortos na gravidez - Registo de todos os desconfortos associados a este trimestre bem

como ensinos e medidas de alívio, tais como hipersensibilidade mamária, corrimento vaginal, náuseas e

vómitos, azia, aspetos psicológicos,

• Informar sobre direitos sociais - Situação profissional, lei da maternidade e paternidade (dispensa para

consultas pré-natais)

• Monitorizar frequência cardíaca, tensão arterial, peso corporal, urina através de “combur

• Providenciar material de leitura - Facultar panfletos e brochuras sobre aspetos falados anteriormente

• Orientar a pessoa para serviços médicos - Encaminhamento para médico de família

2º consulta entre 11e 19 semanas

INTERVENÇÕES

• Informar sobre alimentação, alterações corporais durante a gravidez, vestuário, relação sexual, desconfortos

na gravidez associados a 2, º trimestre de gravidez como: cefaleias, lombalgias, edemas, hipotensão,

• Reforçar ensinos anteriores sobre: sinais de alarme, desenvolvimento fetal, condições de risco para a infeção,

hábitos alimentares durante a gravidez, hábitos de exercício, relação sexual, vestuário e higiene

• Ensinar sobre desenvolvimento fetal- esclarecer sobre movimentos fetais

• Reavaliar idade gestacional e corrigir DPP, se aplicável

• Monitorizar frequência cardíaca, tensão arterial, peso corporal, urina através de “combur

• Incentivar o envolvimento da família durante a gravidez

• Providenciar material de leitura- Facultar panfletos e brochuras sobre aspetos falados anteriormente

• Orientar a pessoa para serviços médicos - Encaminhamento para médico de família

3ª Consulta da 20ª à 24ª Semana

INTERVENÇÕES

• Informar sobre alimentação, alterações corporais durante a gravidez, vestuário, relação sexual, desconfortos

na gravidez associados a 2, º trimestre de gravidez como: cefaleias, lombalgias, edemas, hipotensão,

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Manual de Boas Práticas Saúde Materna

• Reforçar ensinos anteriores sobre: sinais de alarme, desenvolvimento fetal, condições de risco para a infeção,

hábitos alimentares durante a gravidez, hábitos de exercício, relação sexual, vestuário e higiene

• Monitorizar frequência cardíaca, tensão arterial, peso corporal, urina através de “combur

• Incentivar o envolvimento da família durante a gravidez

• Ensinar sobre desenvolvimento fetal

• Programar administração de Imunoglobulina anti-D, se aplicável

• Incentivar para curso de preparação para o parto (CPP)

• Informar sobre existência e finalidade a das aulas de preparação para o parto

• Orientar para CPP- Encaminhamento para o serviço respetivo

• Promover exercícios de Kegel para fortalecimento do pavimento pélvico

• Providenciar material de leitura- Facultar panfletos e brochuras sobre aspetos falados anteriormente

• Orientar a pessoa para serviços médicos - Encaminhamento para médico de família

4ª Consulta da 25ª à 29ª Semana

INTERVENÇÕES

• Informar sobre alimentação, alterações corporais durante a gravidez, vestuário, relação sexual, desconfortos

na gravidez

• Ensinar sobre desconfortos na gravidez associados a 2, º trimestre de gravidez como: cefaleias, lombalgias,

edemas, hipotensão,

• Reforçar ensinos anteriores sobre: sinais de alarme, desenvolvimento fetal, condições de risco para a infeção,

hábitos alimentares durante a gravidez, hábitos de exercício, relação sexual, vestuário e higiene

• Monitorizar frequência cardíaca, tensão arterial, peso corporal, urina através de “combur

• Realizar profilaxia da isomunização, se aplicável

• Incentivar o envolvimento da família durante a gravidez

• Ensinar sobre desenvolvimento fetal

• Informar sobre enxoval para o bebé


• Incentivar para curso de preparação para o parto (CPP)

• Informar sobre CPP

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Manual de Boas Práticas Saúde Materna

• Orientar para CPP

• Ensinar sobre transporte do RN - Ensino sobre segurança rodoviária e cadeira adequada ao transporte do bebé

• Ensinar sobre o que levar para a maternidade

• Providenciar material de leitura- Facultar panfletos e brochuras sobre aspetos falados anteriormente

• Orientar a pessoa para serviços médicos - Encaminhamento para médico de família

5ª Consulta da 30ª à 33ª semana

INTERVENÇÕES

• Reforçar ensinos anteriores sobre: sinais de alarme, desenvolvimento fetal, condições de risco para a infeção,

hábitos alimentares durante a gravidez, hábitos de exercício, relação sexual, vestuário e higiene, enxoval e o

que levar para a maternidade, direitos sociais

• Monitorizar frequência cardíaca, tensão arterial, peso corporal, urina através de “combur

• Incentivar o envolvimento da família durante a gravidez

• Ensinar sobre desenvolvimento fetal

• Informar sobre alterações corporais e desconfortos da gravidez- desconfortos associados ao 3º trimestre de

gravidez: aumento de frequência urinaria, cãibras, contrações, insónias, sensação de falta de ar, etc.

• Incentivar amamentação- esclarecer dúvidas existentes e registar motivação da gravida para amamentar

• Ensinar sobre amamentação, - benefícios e técnica de amamentação

• Ensinar sobre relação entre amamentação e vinculação mãe/filho

• Informar sobre métodos de ajuda no trabalho de parto- métodos físicos psicológicos e analgesia

• Informar sobre plano de parto

• Informar sobre epidural

• Providenciar material de leitura- Facultar panfletos e brochuras sobre aspetos falados anteriormente

• Orientar a pessoa para serviços médicos - Encaminhamento para médico de família

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Manual de Boas Práticas Saúde Materna

6ª Consulta da 34ª à 36ª semana

INTERVENÇÕES

• Reforçar ensinos anteriores sobre: sinais de alarme, condições de risco para a infeção, hábitos alimentares

durante a gravidez, hábitos de exercício, relação sexual, vestuário e higiene, alterações corporais e

desconfortos, enxoval e o que levar para a maternidade, direitos sociais

• Monitorizar frequência cardíaca, tensão arterial, peso corporal, urina através de “combur

• Ensinar sobre desenvolvimento fetal

• Incentivar amamentação- esclarecer dúvidas existentes e registar motivação da gravida para amamentar

• Ensinar sobre amamentação, - benefícios e técnica de amamentação

• Instruir sobre técnica de amamentação

• Instruir sobre preparação dos mamilos

• Ensinar sobre a prevenção da mastite

• Ensinar sobre relação entre amamentação e vinculação mãe/filho

• Ensinar sobre fisiopatologia do trabalho de parto

• Ensinar sobre sinais de parto

• Ensinar sobre os primeiros cuidados ao RN

• Incentivar o envolvimento da família durante a gravidez

• Providenciar material de leitura- Facultar panfletos e brochuras sobre aspetos falados anteriormente

• Orientar a pessoa para serviços médicos - Encaminhamento para médico de família

7ª Consulta da 37ª à 40ª semana

INTERVENÇÕES

• Reforçar ensinos anteriores sobre: sinais de alarme, condições de risco para a infeção, hábitos alimentares

durante a gravidez, hábitos de exercício, relação sexual, vestuário e higiene, alterações corporais e

desconfortos, enxoval e o que levar para a maternidade, direitos sociais

• Monitorizar frequência cardíaca, tensão arterial, peso corporal, urina através de “combur

• Ensinar sobre desenvolvimento fetal

• Incentivar amamentação- esclarecer dúvidas existentes

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Manual de Boas Práticas Saúde Materna

• Reforçar ensinos sobre amamentação, - benefícios e técnica de amamentação e relação entre amamentação e

vinculação mãe/filho

• Reforçar ensinos sobre fisiopatologia do trabalho de parto

• Reforçar ensinos sobre sinais de parto e sinais de alarme

• Ensinar sobre os cuidados ao RN

• Ensinar os pais sobre cuidados ao coto umbilical

• Informar sobre a primeira consulta do RN

• Informar sobre diagnostico precoce

• Orientar a pessoa para serviços médicos - Encaminhamento para médico de família

8ª Consulta – Puerpério (4 a 6 semanas após o parto)

Associar o programa Puerpério e finalizar o programa de Saúde Materna.

INTERVENÇÕES

• Monitorizar frequência cardíaca, tensão arterial, peso corporal

• Educar hábitos alimentares durante lactação

• Ensinar sobre a amamentação

• Ensinar sobre preparação das mamas

• Ensinar sobre prevenção de mastite

• Ensinar sobre relação entre amamentação/ vinculação mãe/ filho

• Ensinar sobre relação entre lactação e estilos de vida

• Incentivar a amamentação

• Avaliar o aleitamento materno- Observar sinais de uma boa pega;

• Validar os cuidados com as mamas e mamilos;

• Capacitar para a resolução de dificuldades durante a amamentação

• Ensinar sobre cuidados ao RN

• Ensinar os pais sobre competências do lactente

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Manual de Boas Práticas Saúde Materna

• Ensinar os pais sobre alimentação do lactente - Ensinos realizados sobre aleitamento materno, aleitamento

artificial

• Ensinar os pais sobre cuidados ao coto umbilical

• Ensinar os pais sobre prevenção de acidentes

• Ensinar os pais sobre características das dejeções

• Ensinar os pais sobre hábitos da criança hábitos de sono, intestinais e cólicas

• Ensinar sobre desenvolvimento infantil

• Ensinar sobre transporte do RN

• Orientar a pessoa para serviços médicos - Encaminhamento para médico de família

4.3 EXAMES COMPLEMENTARES DURANTE A GRAVIDEZ

1º TRIMESTRE

Avaliação Laboratorial (a realizar antes das 13 semanas):


✓ Citologia Cervical, se indicado;
✓ Tipagem ABO e fator Rh;

✓ Pesquisa de aglutininas irregulares (teste de Coombs indireto);

✓ Eletroforese da hemoglobina;

✓ Hemograma completo;

✓ Glicémia em jejum;
✓ VDRL;
✓ Serologia Rubéola – IgG e IgM (se desconhecido ou não imune em consulta pré-concecional);

✓ Serologia Toxoplasmose – IgG e IgM (se desconhecido ou não imune em consulta pré-concecional);

✓ Ac VIH 1 e 2;

✓ AgHBs;

✓ Urocultura com eventual TSA.

Ecografia (entre as 11 e as 13 semanas e 6 dias)


Com vista a confirmar a viabilidade fetal, determinar o número de fetos e corionicidade, datar corretamente a

gravidez (comprimento crânio-caudal), diagnosticar malformações major e contribuir para a avaliação do risco de

aneuploidias.

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2º TRIMESTRE

Avaliação Laboratorial (a realizar entre as 18 e as 20 semanas):


✓ Serologia Rubéola - IgG e IgM (nas mulheres não imunes).

Avaliação Laboratorial (a realizar entre as 24 e as 28 semanas):


✓ Hemograma completo;

✓ PTGO c/ 75g (colheita às 0h, 1h e 2h);

✓ Serologia Toxoplasmose – IgG e IgM (nas mulheres não imunes);

✓ Pesquisa de aglutininas irregulares (teste de Coombs indireto).

Ecografia (entre as 20 e as 22 semanas e 6 dias):


Para identificação de malformações fetais (ecografia morfológica).

3º TRIMESTRE

Avaliação Laboratorial (entre as 32 e 34 semanas):


✓ Hemograma completo;

✓ VDRL;

✓ Serologia Toxoplasmose - IgG e IgM (nas mulheres não imunes);

✓ Ac. VIH 1 e 2;

✓ AgHBs (nas grávidas não vacinadas e cujo rastreio foi negativo no 1º trimestre).

Avaliação Laboratorial (entre as 35 e 37 semanas):


✓ Pesquisa de Streptococcus β hemolítico do grupo B – colheita no 1/3 externo da vagina e ano‐retal.

Ecografia (entre as 30 e as 32 semanas e 6 dias):


Com o intuito de avaliar o desenvolvimento fetal e diagnóstico de anomalias tardias, apresentação fetal, perímetro

cefálico e abdominal, comprimento do fémur, estimativa ponderal e parâmetros biofísicos de avaliação do bem‐estar

fetal.

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4.4 SUPLEMENTAÇÃO DURANTE A GRAVIDEZ

A suplementação com Iodo, ácido fólico e ferro, durante a preconceção, gravidez e amamentação deverá acontecer

de acordo com o descrito no Programa Nacional para a Vigilância da Gravidez de Baixo Risco de Novembro de 2015.

4.5 AVALIAÇÃO DO ESTADO VACINAL

A avaliação do estado vacinal durante a preconceção, gravidez e amamentação deverá acontecer de acordo com o

descrito no Programa Nacional de Vacinação em vigor.

4.6 PROFILAXIA DA ISOIMUNIZAÇÃO RH

Considerando os benefícios que advêm para as futuras mães e crianças da profilaxia da isoimunização Rh às 28

semanas de gestação e, tendo em vista garantir a equidade no acesso aos cuidados de saúde, a Direcção-Geral da Saúde

estabelece que a imunoglobulina anti-D (300 mcg) deve ser disponibilizada, às 28 semanas de gestação, a todas as

grávidas RH- não sensibilizadas.

De acordo com o despacho n. º1051/2000, deverá ser sempre preenchido o impresso modelo n. º1804 da Imprensa

Nacional, referente à administração de produtos hemoderivados e é obrigatório o registo datado da administração da

Ig anti-D no Boletim de Saúde da Grávida. No entanto, a administração da Ig anti-D é condicionada pelo prévio

consentimento livre e esclarecido por parte da grávida. Este esclarecimento deve abranger informação relativa ao

eventual risco associado aos hemoderivados e a possibilidade da não administração se o pai biológico for Rh-.

Para além de ser disponibilizada às 28 semanas de gestação, a todas as grávidas Rh- não sensibilizadas, a

Imunoglobulina anti-D (300 mcg), deve ser ainda administrada nas circunstâncias descritas na Circular Normativa nº

2/DSMIA de 15/01/2007.

Após a administração de Ig anti-D às 28 semanas, o teste de Coombs indireto será sempre positivo, pelo que não é

necessário realizá-lo.

O pedido da Ig anti-D é feito na consulta realizada antes das 24 semanas, na qual deverá ser realizado o pedido de

consentimento informado. As requisições são entregues na Secretaria, onde cabe aos secretários clínicos enviarem a

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requisição para a responsável de Compras e Logística do ACeS Lezíria, através de correio interno ou excecionalmente

por correio eletrónico.

O médico de família deverá efetuar pedido de teste de Coombs indireto para a grávida realizar entre as 24 e 26

semanas. O resultado deverá acompanhá-la na consulta das 28 semanas (se vigiada na unidade) ou na marcação da

consulta de enfermagem para administração de Ig anti-D (no caso de grávidas não vigiadas na unidade).

Depois da chegada à Unidade, devem ser verificadas condições de transporte e de imediato a Ig anti-D deve ser

armazenada no frigorífico até à sua administração. Ao receber a Ig anti-D o enfermeiro deve conferir os dados desta

com a requisição, averiguar as condições de transporte da mesma (deve ser transportado em recipiente isotérmico),

examinar as embalagens, verificar a validade e armazená-la no frigorífico entre 2°C a 8°C.

Administração:

A administração é feita na consulta das 28 semanas, e se teste de Coombs indireto for negativo, realiza-se a

administração da Ig anti-D. Em caso da não administração nessa consulta, poderá ser realizada até às 30 semanas e 6

dias.

Antes, procede-se ao preenchimento e arquivo dos impressos com respetivo consentimento informado em local

próprio, bem como registo no Boletim de Saúde da Grávida e plataforma e-Vacinas.

A Ig anti-D deverá estar à temperatura ambiente antes de ser administrada por via intramuscular e em segurança,

preferencialmente no glúteo com a utente deitada. Após esta administração, a utente deve permanecer em observação

durante pelo menos 30 minutos. Por fim regista-se na requisição de hemoderivados (impresso modelo n. º1804 da

Imprensa Nacional) a data de administração e o lote do medicamento, faz-se o registo em SClinico, nomeadamente no

campo “Prescrições médicas - Medicação” e no e-vacinas.

No caso de a utente faltar à administração na data prevista, deverá ser convocada com maior brevidade possível

para que a administração ocorra em tempo útil.

Se administração Ig anti-D ocorrer noutra unidade de saúde, aquela que estava reservada para a grávida em questão

deverá ser devolvida à farmácia.

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4.7 PREVENÇÃO DE FORMAS GRAVES DE HEMOGLOBINOPATIAS

São consensualmente recomendadas a deteção e informação precoce, preferencialmente pré-concecional, de

adultos portadores (heterozigotos), a identificação e o aconselhamento genético dos casais em risco, e, quando

necessário, a oferta de diagnóstico pré-natal.

Nos últimos anos, tem-se verificado uma acentuada migração interna no País e o acolhimento de um número

crescente de imigrantes provenientes daqueles países, assim como, da Europa de Leste e da Ásia, áreas com elevada

prevalência de hemoglobinopatias e características genéticas distintas. Neste contexto, deverá ser proposta a pesquisa

de hemoglobinopatias a todas as mulheres em idade reprodutiva, em particular, nas consultas de planeamento familiar,

pré-concecional ou, com carácter de urgência, na primeira consulta da gravidez, de acordo com a seguinte metodologia

proposta.

Figura 2 – Abordagem da suspeita de hemoglobinopatias

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4.8 DOENÇAS INFECIOSAS NA GRAVIDEZ

Rubéola

• Ac IgG/IgM rubéola:
✓ “Não imune” – Repete análise às 18-20 semanas;

✓ “Imune” – Não volta a repetir a análise;


✓ “Negativo/positivo” – Repete a análise após 2-3 semanas → Referenciar ao hospital,
✓ “Positivo/positivo” - Suspeita de primoinfeção → Referenciar ao hospital.

Nota: procedimento a verificar mesmo se a mulher foi vacinada; recomendar a não exposição a pessoas doentes,

particularmente crianças.

Toxoplasmose

• Ac IgG/IgM toxoplasmose:

✓ “Não imune” – Repete no 2º e 3º trimestres da gravidez;


✓ “Imune” – Não volta a repetir a análise;
✓ “Negativo/positivo” – Repete a análise após 2-3 semanas → Referenciar ao hospital;

✓ “Positivo/positivo” – Suspeita de primoinfeção → Referenciar ao hospital.

Sífilis

• VDRL:
✓ “Não reativo” – repete no 3º Trimestre;

✓ “Positivo” – solicitar sempre titulação de TPHA ou FTA-ABS.

• TPHA ou FTA-ABS:
✓ “Negativo” – falso positivo;
✓ “Positivo” – suspeita de primoinfeção/recorrência → Referenciar ao hospital;

Testar companheiro – tratar de acordo.

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Hepatite B

• AgHBs:
✓ “Negativo” – Repete no 3º Trimestre;
✓ “Positivo” – Solicitar marcadores da Hepatite B (AgHBe) e Hepatite C e função hepática (transaminases,
fosfatase alcalina, LDH e gama GT) e referenciar ao hospital.

• AgHBe:

✓ “Positivo” → Referenciar ao hospital.


• Análises função hepática:

✓ Alterada → Referenciar ao hospital.

Imunodeficiência Humana Viral (HIV)

• Ac HIV 1 e 2:

✓ “Negativo” – repete no 3º Trimestre;


✓ “Positivo” → Referenciar ao hospital.

Varicela

Grávidas com história de contacto com Varicela e que não estejam imunizadas ou desconheçam o seu estado
imunitário, devem ser enviadas ao Serviço de Urgência de Obstetrícia/Ginecologia.

Verrugas genitais

✓ Referenciar à consulta de Patologia do Colo;

✓ Devem ser avaliados os contactos sexuais da grávida.

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4.9 REFERENCIAÇÃO HOSPITALAR NA CONSULTA DE SAÚDE MATERNA

A avaliação do risco pré-natal é efetuada de acordo com a Tabela de Goodwin modificada, sendo seguidas ao nível

dos CSP as grávidas que tenham baixo risco (≤2). O risco ao longo da gravidez é dinâmico, devendo ser calculado em

cada consulta. Assim, a grávida deverá ser referenciada aos CSS sempre que se identifique um risco médio (3 a 6 pontos)

ou alto (≥7 pontos).

A referenciação para os CSS deverá ser feita através de pedido de consulta via CTH-Alert P1 ou RSE-SIGA.

Critérios de referenciação à consulta de Alto Risco:

• Idade ≥ 40 anos;

• Goodwin modificado >2;

• Obesidade (IMC ≥ 35 kg/m2) ou baixo peso (IMC ≤ 18 kg/m2);

• Toxicodependentes ou alcoolismo;

• Antecedentes relacionados com complicações obstétricas;

• Patologia materna associada à gravidez actual;

• Patologia própria da gravidez actual;

• Filho com anomalia congénita;

• História familiar de alterações genéticas;

• Anomalias ecográficas em qualquer fase da gravidez.

A grávida inserida no grupo de baixo risco deverá ser referenciada atempadamente para realização de consulta

hospitalar de avaliação de bem-estar fetal (ABEF) e acompanhamento, a iniciar entre as 35 e as 36 semanas.

A referenciação para o hospital, quer para consulta de Alto Risco, quer para consulta de ABEF, é efetuada via ALERT

P1 (CTH) ou RSE-SIGA. Nestes pedidos de consulta devem constar as seguintes informações:

• Dados pessoais atualizados (morada, telefone de contacto);

• Motivo da referenciação:

• Idade materna (atual e à data do parto);


• Índice obstétrico;
• Data provável do parto corrigida (segundo ecografia de 1º trimestre);

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• Idade gestacional atual;


• Antecedentes pessoais e familiares relevantes;
• Intercorrências na gestação atual;
• Medicação habitual;
• Outras informações que sejam relevantes.

5. INTERRUPÇÃO VOLUNTÁRIA DA GRAVIDEZ

ENQUADRAMENTO LEGAL

A interrupção da gravidez (IVG) pode atualmente ser realizada em estabelecimentos de saúde oficiais ou

oficialmente reconhecidos de acordo com o designado na Lei nº 16/2007.

O Código do Trabalho ‐ Artigo 38.º determina o período de Licença por interrupção da gravidez.

De acordo com a Lei 16/2007, a interrupção da gravidez por opção da mulher - alínea e) do artigo 142º do Código

Penal ‐ deve ser precedida pela realização de uma consulta, cujo objetivo é confirmar uma gestação em curso, datar a

gravidez e fornecer as informações necessárias para que a mulher possa decidir de forma livre e consciente.

Tendo em conta que os riscos de uma interrupção de gravidez são tanto menores quanto menor for a idade

gestacional, o período entre a marcação e a efetivação da consulta prévia não deve ser superior a 5 dias, sem prejuízo

de serem tidos em conta os prazos legais estabelecidos.

Mesmo que tenha sido disponibilizado um método contracetivo no decurso do processo (DIU, implante ou outro),

deve ser garantido o seguimento, idealmente no prazo de 15 dias, em consulta de saúde reprodutiva/planeamento

familiar no centro de saúde ou no hospital.

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6. CONSULTA DE PUERPÉRIO

As consultas do puerpério devem idealmente ser realizadas em articulação e complementaridade com as consultas

de Saúde Infantil. No puerpério que decorra sem complicações ou desvios da normalidade preconiza‐se uma consulta

a realizar entre a 4ª e a 6ª semanas após o parto, idealmente fazendo coincidir a consulta de Puerpério com a consulta

do primeiro mês do Recém-Nascido.

Deve ser consagrada uma consulta no puerpério precoce (até ao 15º dia pós-parto) em puérperas com situações

especificas:

Necessitem de avaliação de ferida cirúrgica e eventual remoção de material de sutura;

Dificuldades no estabelecimento e manutenção do aleitamento materno;

Sinalizadas pelo hospital.

As puérperas com Diabetes Gestacional deverão realizar reclassificação nas 6 a 8 semanas após o parto. As puérperas

portadoras de infeção VIH ou Hepatite B ou C serão referenciadas à Consulta de Infeciologia do Hospital Distrital de

Santarém (HDS).

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7. INDICADORES DE MONITORIZAÇÃO

A avaliação do processo assistencial é imprescindível no seu desempenho e implementação. A USF

Cartaxo Terra Viva selecionou indicadores que podem ser monitorizados pelos sistemas informáticos

utilizados.

• Indicador 011 – Proporção gráv. c/ consulta méd. vigil. 1º trim.;

• Indicador 295 – Propor. puérp. 5+ cons. vig. enf. grav. e c/ RP;

• Indicador 308 – Proporção grávidas com ecografia 2º trimestre;

• Indicador 310 – Índice realização exames laborat. 1º trim. grav.;

• Indicador 311 – Índice realização exames laborat. 2º trim. grav.;

• Indicador 312 – Índice realização exames laborat. 3º trim. grav.;

• Indicador 384 – Propor. RN cuja mãe tem registo de gravidez;

• Indicador 398 – Prop. gráv. fumad. c/ int. breve ou mt. breve 1ºT.

Os resultados dos indicadores acima referidos são retirados mensalmente na plataforma MIM@UF e

analisados trimestralmente.

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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

• Diário da República n.º 30/2009, Série I de 2009-02-12, Lei n.º 7/2009 – Aprova a revisão do Código do
Trabalho.

• Diário da República n.º 75/2007, Série I de 2007-04-17, Lei nº 16/2007 – Exclusão da ilicitude nos casos de
interrupção voluntária da gravidez.

• Direção-Geral da Saúde, Circular Normativa de 21/06/07 – Organização dos Serviços para implementação da
Lei 16/2007 de 17 de abril.

• Direção-Geral da Saúde, Circular Normativa nº 02/DSMIA de 16 janeiro/2006 – Prestação de cuidados pré-


concecionais.

• Direção-Geral da Saúde, Circular Normativa nº 11/DSMIA de 26/09/2006 – Diagnóstico Pré-Natal de


Cardiopatias Congénitas.

• Direção-Geral da Saúde, Circular Normativa nº 18/DSMIA – Prevenção das formas graves de


Hemoglobinopatia.

• Direção-Geral da Saúde, Circular Normativa nº 2/DSMIA de 15/01/2007 – Profilaxia da Isoimunização Rh.

• Direção-Geral da Saúde, Norma nº 018/2020 de 27/09/2020 – Programa Nacional de Vacinação 2020.

• Direção-Geral da Saúde, Orientação nº 011/2013 – Aporte de iodo em mulheres na preconceção, gravidez e


amamentação.

• Direção-Geral da Saúde, Programa Nacional para a Vigilância da Gravidez de Baixo Risco, Lisboa, 2015.

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