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FACULDADE INTERNACIONAL DA PARAÍBA


ESCOLA DE SAUDE
CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

MARIA HELENA DO NASCIMENTO DINIZ

ATUAÇÃO PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL NA POLÍTICA


DE SAÚDE: UMA ANÁLISE BIBLIOGRÁFICA SOBRE A
MATERIALIDADE DO PROJETO ÉTICO-POLÍTICO

JOÃO PESSOA-PB
2

JUNHO - 2017
MARIA HELENA DO NASCIMENTO DINIZ

ATUAÇÃO PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL NA POLÍTICA


DE SAÚDE: UMA ANÁLISE BIBLIOGRÁFICA SOBRE A
MATERIALIDADE DO PROJETO ÉTICO-POLÍTICO

Trabalho de Conclusão de Curso – TCC,


apresentado à Coordenação do Curso de
Serviço Social da Faculdade Internacional da
Paraíba – FPB, como exigência
complementar para obtenção do título de
Bacharel em Serviço Social.

Orientador: Prof Esp. Flávio Nery da Nóbrega Júnior

JOÃO PESSOA -PB


3

JUNHO - 2017

D585a

Diniz, Maria Helena do Nascimento.


Atuação profissional do assistente social na política de saúde:
uma análise bibliográfica sobre a materialidade do projeto ético-
político / Maria Helena do Nascimento Diniz.
. – João Pessoa, 2017.
53p.
Orientador: Profª Esp. Flávio Nery da Nóbrega Junior

João Pessoa, 2017. CDU


Monografia (Graduação Serviço Social) FPB
1. Saúde. 3. Projeto ético-político Assistente social. 2.

4. Neoliberal I I. Título

FPB/BC CDU 364

Cléia Pereira de Luna


Bibliotecária FPB CRB/1–480
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MARIA HELENA DO NASCIMENTO DINIZ

ATUAÇÃO PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL NA POLÍTICA


DE SAÚDE: UMA ANÁLISE BIBLIOGRÁFICA SOBRE A
MATERIALIDADE DO PROJETO ÉTICO-POLÍTICO

Trabalho de Conclusão de Curso – TCC, apresentado à Coordenação do Curso de


Serviço Social da Faculdade Internacional da Paraíba – FPB, como exigência
complementar para obtenção do título de Bacharel em Serviço Social.

APROVADA EM: ______/______/______.

BANCA EXAMINADORA

Faculdade Internacional da Paraíba - FPB


(Orientador) Prof. Esp, Flavio Nery da Nobrega Junior

Faculdade Internacional da Paraíba - FPB


(Examinadora) Profª. Ms, Dalliana Ferreira de Brito Grisi

_________________________________________________________________________
UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP
(Examinadora) Profª. Esp, Janaina Nunes da Silva
5

DEDICATÓRIA

Dedico a minha mãe, Maria Auxiliadora do


Nascimento Diniz, pela coragem, paciência,
amor, carinho e atenção partilhada ao longo
de minha vida
6

AGRADECIMENTOS

Inicialmente manifesto minha gratidão a Deus por ter me concedido a vida, seu
amparo e proteção. Desde o ventre da minha mãe ele me escolheu, dando-me livre arbítrio
da escolha, concretizando a realização de um sonho tornar-se possível e pela chance de
tudo isso ser vivenciado.
Aos meus avós maternos (in memorian): Maria da Conceição Nascimento e José
Pedro do Nascimento, pelo incentivo à educação, que mesmo sendo “semi-analfabetos”,
proporcionou-me a importância do ato de ler, investindo em uma biblioteca familiar em nosso
lar, visto que, “ uma casa sem livro é como um corpo sem alma” (Cícero).
A minha mãe, Maria Auxiliadora do Nascimento Diniz pela dedicação, mansidão,
mesmo aos tormentos da vida, chorando eu, dizendo que não iria conseguir. Ela segurava
em minhas mãos, dizendo palavras encorajadoras, com estímulos positivos, dentro das suas
limitações deu-me forças para prosseguir na minha jornada.
Aos meus irmãos: Emmanuel Lázaro do Nascimento Diniz, Lindemberg Bruno de Lima
Silva, Maria Rosalina do Nascimento Diniz e Ruth Emanuelle do Nascimento Diniz.
Aos meus sobrinhos, Juliana Diniz Nóbrega, Maria Cecília do Nascimento Diniz Silva,
Ana Rebeca do Nascimento Diniz Silva, José Pedro de Souza Lima pelo barulho e
brincadeiras, em especial a Gabriel Diniz Nóbrega pelos seus abraços e acalento que nesse
período de conclusão, mesmo sendo uma criança, vinha com seu jeito singelo, mandando-
me manter a calma.
Aos meus amigos da faculdade, Joana Teixeira Maia da Silva, Pedro Augusto Gomes
Neto e Fabiola Leite Cantalice Saraiva Maia pela garra e palavras de ânimos, pelo
acolhimento em seu lar e pela parceria travada durante os quatros anos de curso. No meio
do caminho encontrei amigos de jornada que passaram a ser amigos da vida e entre estas
pessoas estar a minha supervisora de estágio Maria Cristina de Souza Soares, sem a qual
dificilmente estaria hoje aqui. Assim como agradeço aos profissionais do Centro de Atenção
Integral à Saúde (CAIS) de Jaguaribe especialmente a Adriana Bocão Agra (minha psicóloga
do coração) pelas informações concedidas e vivenciadas.
Ao meu “amado mestre” Flávio Nery que me orientou, com estímulo motivador e
acolhimento, pela grande lição de “quem sabe faz a hora, não espera acontecer.” Ele sempre
estimulava-me com a seguinte frase tão especial: “está ótimo”. Isto ajudou-me a vencer as
dificuldades encontradas ao longo deste período. Enfim, encerro agradecendo ao corpo
docente pela contribuição do meu crescimento acadêmico.
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Dando sequência, agradeço aos mestres da vida, não os que estão inseridos nessa
instituição, mas alguns pensadores de todos os tempos, pois quando pensava em fraquejar,
retomava algumas frases que incentivava-me a caminhar: “ A paciência é amarga, mas seu
fruto é doce.” (Rousseau); “Matar o sonho é matarmo-nos. É mutilar a nossa alma”
(Fernando Pessoa); “O sonho sonhado sozinho é um sonho. Um sonho sonhado junto é
realidade.” (Yoko Ono)
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O momento que vivemos é um momento de plenos desafios. Mais do


que nunca é preciso ter coragem, é preciso ter esperanças para
enfrentar o presente. É preciso resistir e sonhar. É necessário
alimentar os sonhos e concretiza-los dia-a-dia no horizonte de novos
tempos mais humanos, mais justos, mais solidários.

Marilda Iamamoto
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RESUMO

DINIZ, Maria Helena do Nascimento. ATUAÇÃO PROFISSIONAL DO ASSISTENTE


SOCIAL NA POLÍTICA DE SAÚDE: uma análise bibliográfica sobre a materialidade
do projeto ético-político (2017) Monografia apresentada ao Curso de Serviço Social,
Faculdade Internacional da Paraíba, João Pessoa.

Este trabalho teve como proposta analisar a atuação do Assistente Social na Política
de Saúde, e tem como objetivo geral averiguar se há materialidade do projeto ético-
político na política de saúde, no sentido de conhecer se existe a articulação entre
teoria e prática para o fazer profissional, na perspectiva de compreender como se dá
a efetivação da materialização do projeto ético-político, analisando a importância do
aprimoramento contínuo para o processo de viabilização de direitos, pontuando os
desafios enfrentados pelos Assistentes Sociais nos espaços sócio ocupacionais com
a conjuntura neoliberal. Destacam-se os avanços da categoria profissional por meio
do Conselho Nacional de Saúde (CNS) e o Sistema Único (SUS). Apresenta
também a importância da formação continuada no processo de consolidação da
cidadania dos usuários que acessam os serviços públicos nos três níveis de atenção
da Política Nacional de Saúde. No entanto, para o desenvolvimento dos objetivos
utilizou a pesquisa bibliográfica, fazendo uma revisão da literatura sobre o tema por
meio de livros, artigos científicos, revistas e materiais eletrônicos.

Palavras-chave: Assistente Social. Saúde. Projeto ético-político. Neoliberal.


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ABSTRACT

DINIZ. Maria Helena do Nascimento. PROFESSIONAL ACTION OF THE SOCIAL


ASSISTANT IN HEALTH POLICY: a bibliographical analysis on the materiality of the
ethical-political project. (2017) Monograph presented at the Social Work Course,
Paraíba International College, João Pessoa.

The purpose of this study was to analyze the role of the Social Worker in Health Policy and its general
objective is to determine if there is a materiality of the ethical-political project in health policy, in order
to know if there is a link between theory and practice to do it Professional, with a view to
understanding how the ethical-political project materializes, analyzing the importance of continuous
improvement for the process of making rights feasible, highlighting the challenges faced by Social
Workers in the social-occupational spaces with the neoliberal conjuncture. Emphasis is given to
advances in the professional category through the National Health Council (CNS) and the Sistema
Único (SUS). It also presents the importance of continuing education in the process of consolidating
the citizenship of users accessing public services at the three levels of attention of the National Health
Policy. However, for the development of the objectives, the bibliographical research was used,
reviewing the literature on The topic through books, scientific articles, magazines and electronic
materials

Key-words: Social Worker. Health. Ethical-political project. Neoliberal.


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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................ 12

2 POLÍTICA DE SAÚDE NO BRASIL ......................................................................... 15


2.1 BREVE HISTÓRICO DA POLÍTICA DE SAÚDE NO BRASIL.................... 15
2.2 NÍVEIS DE ATENÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE................. 22

3 METODOLOGIA............................................................................................ 29
4 SERVIÇO SOCIAL NA POLÍTICA DE SAÚDE.............................................. 31
4.1 A FORMAÇÃO PROFISSIONAL SOBRE O PROJETO ÉTICO-
POLÍTICO........................................................................................................... 36

4.2 OS DESAFIOS ENFRENTADOS PELOS ASSISTENTES SOCIAIS


PARA MATERIALIZAÇÃO DO PROJETO ÉTICO-POLÍTICO......................... 4 40

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................ 49

REFERÊNCIAS................................................................................................. 51
12

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho de conclusão de curso consiste em abordar a luz da


efetividade do projeto- ético-político na Política de Saúde, de modo que, venha
averiguar atuação profissional na Política de Saúde para verificar a materialização
do projeto-ético-político.
No entanto, propõe estudar sobre a historicidade do Serviço Social
brasileiro, compreendendo a formação profissional e os desafios expostos pelos
Assistentes Sociais e as possibilidades de uma prática atrelada ao Projeto ético-
político do Serviço Social. É um tema importante, embora haja desafios enfrentados
na vida cotidiana dessa categoria, manifestada pela “questão social” sob diversas
formas metamorfoseadas em cada conjuntura histórica expressas das
desigualdades da sociedade capitalista.
Justamente por isso, este trabalho de conclusão de curso resgata a história
no intuito de trazer à luz do conhecimento aos profissionais de Serviço Social que
unificou a identidade profissional, contribuindo para mediar essa relação antagônica
entre capital e trabalho, embora muitos profissionais desconheçam ou não se
interesse em buscar a formação continuada como forma de viabilizar os direitos
sociais, proporcionando a inter-relação do usuário com os profissionais da saúde.
De modo que venha contribuir de forma interventiva nos diferentes espaços
sócio-ocupacionais, estimulando a interdisciplinaridade ao aproximar o ensino
acadêmico da realidade, na unidade de saúde, articulando teoria e prática
profissional.
Sabendo que as demandas apresentadas na realidade requerem um
profissional com competência técnica capaz de articular teoria e prática, adquirido no
âmbito acadêmico para que o direito seja efetivado, pois o papel do assistente social
é importante enquanto participante do processo de ampliação e consolidação da
cidadania.
No entanto, o objetivo geral da presente pesquisa é averiguar se há
materialidade do projeto ético-político na política de saúde, no sentido de conhecer
se existe a articulação entre teoria e prática no fazer profissional. Como objetivos
específicos, procuraremos analisar a compreensão do projeto ético-político do
Serviço Social, verificando como se dá a efetivação do Projeto ético-político,
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analisando a importância do aprimoramento contínuo para o processo de


viabilização de direitos.
O Serviço Social na contemporaneidade é uma profissão interventiva, com
uma série de atribuições e competências, garantia de direitos sociais em busca de
uma sociedade verdadeiramente democrática, sem preconceitos e injustiça social.
Afinal, exige uma intervenção profissional na viabilização do acesso a consultas,
tratamentos e internações, por outro lado engloba os acontecimentos no cotidiano
do indivíduo, tais como: preconceito, discriminação, pelo desconhecimento do
cidadão em relação ao diagnóstico/ tratamento e dificuldade de acesso aos serviços
da população usuária e os mínimos recursos para prestação de serviço.
Portanto, cabe aos profissionais buscar estratégias que estimulem a
participação popular nas decisões a serem tomadas nos espaços sócio-
ocupacionais, que não desanimem de lutar por um SUS de qualidade, pelo acesso
universal em todos os níveis de complexidade, implementando o projeto de Reforma
Sanitária na luta pela efetivação do direito à saúde.
Diante do exposto, sua intervenção não pode ser pautada por práticas
curativa, mas que inclua aspectos informativos e preventivos com arsenal de
conhecimentos sobre as políticas públicas quanto a rede de serviços sociais para
haver tal integração. Nesse sentido, “exige-se um profissional qualificado, que
reforce e amplie a sua competência crítica; não só executivo, mas que pensa,
analisa, pesquisa e decifra a realidade.” (IAMAMOTO, 2013, p. 49)
Deste modo, o caminho metodológico percorrido para realização da
presente monografia foi pesquisas bibliográficas, como instrumento orientador para
dar subsídios na materialização deste trabalho, do qual foi possível entender o
assunto por utilizar enfoque explicativo dos principais autores que discorrem sobre o
tema. Conforme aponta (MATOS, 2013, p. 93):

Muito se fala, atualmente, sobre o “Projeto ético-político do


Serviço Social” na categoria profissional. Contudo, será que
seus componentes, profissionais e estudantes, compreendem
realmente – em termos dos seus fundamentos – sobre o que
estão falando? Ou será que é mais um jargão da moda na
profissão? Essa é uma questão que nos parece que deve ser
permanentemente problematizada, para que não caiamos no
risco de esvaziarmos de conteúdo esse projeto, tão caro para a
profissão.
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O interesse por esse tema iniciou com os questionamentos perpassados


pelos estudantes e profissionais de Serviço Social acerca da realidade vivida no
cotidiano profissional em contraponto ao projeto profissional, do esgotamento da
profissão, do costumeiro jargão que “na prática a teoria é outra”, havendo um
suposto antagonismo da profissão se há materialização do projeto ético-político,
além disso, negando a existência da mesma, pois o projeto societário estão
vinculados diretamente aos projetos profissionais porque os projetos profissionais
apresenta a auto-imagem da profissão, onde existe uma consonância entre ambas,
projetos esses que sugerem mudanças para a sociedade.
Sendo assim, houve a necessidade de debruçar e estudar um pouco sobre o
tema, com a finalidade de mostrar que os marcos legais da profissão, quanto aos
projetos construídos historicamente pela categoria profissional são os meios
norteadores para materialização.
Diante do que foi explicitado, sabe-se que o profissional, enfrenta situações
desafiadoras no cotidiano, mas um dos maiores desafios presentes entre os
profissionais é dismistificar que apesar das situações adversas vivenciadas por essa
categoria no espaço sócio-cupacional: com a falta de recursos humanos, materiais,
financeiros, além das correlações de forças institucionais, salários ínfimos, mesmo
assim existe a materialidade quando se põe em prática o conhecimento adquirido,
como fontes inspiradoras da concretização de direitos.
Para realização dessa pesquisa partimos dos seguintes questionamentos: O
que é o projeto ético-político? Como se materializa o projeto ético-político e os
parâmetros para atuação do assistente social na saúde? Qual a importância da
formação continuada dos assistentes sociais na saúde? Esses questionamentos
fizeram-me observar os profissionais do setor da saúde, que são vitimados por essa
conjuntura neoliberal de privatização de direitos, desencadeando essa falsa
consciência de que o projeto ético-político, não se materializa na prática profissional.
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2 POLÍTICA DE SAÚDE NO BRASIL

Neste capítulo, apresentaremos alguns aspectos da política de Saúde no


Brasil, sobre os avanços significativos enquanto política de direito, principalmente no
marco da Reforma Sanitária na década de 1975, elencando os trajetos percorridos
com a criação das Caixas de Aposentadorias, os Institutos de Aposentadoria e
Pensão, por fim a implantação do Sistema Único de Saúde na década de 80,
compreendendo desde os períodos anteriores com determinações sócio-históricas, à
ação estatal iniciado no governo de Getúlio Vargas desencadeando o atual modelo
de saúde pública adotado no Brasil que emerge até os dias atuais.
No segundo tópico, abordaremos os níveis de atenção especializada em
cada esfera de governo ofertado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

2.1 BREVE HISTÓRICO DA POLÍTICA DE SAÚDE NO BRASIL

A política de saúde no Brasil durante o período de 1500 até o primeiro


reinado não disponibilizava à saúde para população e não havia interesse em cria-
lo. Pois nesse Brasil Colônia e no Brasil Império, os pajés e boticários, eram as
únicas formas de acesso as Ações de saúde. Desta forma, a atenção à saúde era
voltada aos recursos da terra. Segundo (BRAVO, 2001, p. 2) a assistência médica
era pautada na filantropia e na prática liberal. Então já que os trabalhadores eram
desassistidos pelo poder estatal, ficavam a mercê das casas de caridade e
entidades filantrópicas. Em 1850 foi criada a inspetoria sanitária de portos e navios
para que as doenças de fora do país não chegasse no território brasileiro.
No século XX ocorre uma intensificação das demandas por proteção social;
a saúde pública solucionava apenas medidas sanitárias e controle de endemias, a
falta de um modelo sanitário para o país, deixavam as cidades brasileiras refém
desse quadro caótico, marcado por doenças epidêmicas, esse momento concebido
dentro de uma visão militar de erradicar as epidemias predominantes nessa época,
ficou conhecido como modelo Campanhista, “[...] o modelo campanhista de Oswaldo
Cruz introduziu a propaganda e a educação sanitária da população como forma de
prevenção das doenças.” (AGUIAR, 2011, p. 21).
Nessa mesma década ocorre a intensificação das doenças de massa, como
verminoses, malária, tuberculose, Doença de Chagas, lepra e desnutrição,
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ocasionada pelo crescimento das favelas, cortiços e bairros operários, trazidas


pelos portugueses e africanos que aqui chegavam, essa situação era desencadeada
pelas aglomerações urbanas, condições precária que a população estavam além da
imigração dos estrangeiros para fins de comércio. Esse quadro caótico no Brasil
Colônia e Imperial teve maior impacto devido à gradativa formação de favelas,
cortiços, bairros operários, facilitando a transmissão pela falta de saneamento
básico. “[...] a questão saúde já aparece como reivindicação no nascente movimento
operário. No início do século XX, surgem algumas iniciativas de organização do
setor saúde.” (BRAVO, 2001, p. 2).
De acordo com (BRAVO, 2001, p.3, grifos do autor), ressalta que:

A saúde pública, na década de 1920, adquire novo relevo no


discurso do poder. Há tentativas de extensão dos seus serviços
por todo país. A reforma Carlos Chagas, de 1923, tenta ampliar
o atendimento à saúde por parte do poder central, constituindo
uma das estratégias da União de ampliação do poder nacional
no interior da crise política em curso, sinalizada pelos tenentes,
a partir de 1922. Neste período, também foram colocadas as
questões de higiene e saúde do trabalhador, sendo tomadas
algumas medidas que se constituíram no embrião do esquema
previdenciário brasileiro, sendo a mais importante a criação
das Caixas de Aposentadoria e Pensões (CAPs) em 1923,
conhecida como Lei Elói Chaves.

Diante desse panorama a saúde da população era precária, este serviço não
era organizado no Brasil, tendo em vista, que o setor saúde começa se organizar
quando Eloy Chaves em 1923 cria as Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAP’S),
no período da República Velha (1889-1930), com o modelo econômico agrário-
exportador, conjuntura econômico pautada na política do café com leite. “Assim que,
em 24 de janeiro de 1923, foi aprovada pelo Congresso Nacional a Lei Eloi Chaves,
marco inicial da previdência social no Brasil. Através desta lei foram instituídas as
Caixas de Aposentadoria e Pensão (CAP’s). (POLIGNANO,2001, p.7).
Nesse sentido, vale ressaltar a trajetória percorrida do início do aparato
previdenciário brasileiro, o decreto de 1923 conhecido como Lei Eloy Chaves,
resultado do crescimento industrial e mobilização da classe trabalhadora na
reinvindicação por melhores condições de vida, trabalho e saúde.
Devido ao poder de mobilização, a categoria dos ferroviários foram os
primeiros a possuir as Caixas de Aposentadoria e Pensão, posteriormente estende a
outras profissões, como marítimos e portuários. Através desta lei foram instituídas as
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CAP’s, onde proviam assistência médica aos trabalhadores segurados e familiares,


além dos benefícios previdenciários (pensão para os dependentes, aposentadoria
por invalidez, velhice e por tempo de serviço). Observa-se que o financiamento era
de forma bipartite, com participação dos trabalhadores e patrão.
A conjuntura da saúde a partir da revolução de 1930 começou a mudar com
suas características econômicas e políticas, possibilitando o surgimento de políticas
sociais nacionais, sabendo que nesse período houve a necessidade de transformar
as expressões da “questão social” em questão política com a intervenção do Estado.
No entanto havia o predomínio das epidemias, fruto da migração e imigração. Nessa
mesma época, a saúde foi organizada em dois subsetores: a medicina
previdenciária e a saúde pública.

A medicina previdenciária, que surgiu na década de 30, com a


criação dos Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs),
pretendeu estender para um número maior de categorias de
assalariados urbanos os seus benefícios como forma de
“antecipar” as reivindicações destas categorias e não proceder
uma cobertura mais ampla. (BRAVO, 2001, p. 5)

Em 1933, “as CAP’S foram substituídas pelas IAP’S (Instituto de


Aposentadorias e Pensões), passando a ser organizada por categoria profissional
(marítimos, comerciários e bancários).” (POLIGNANO,2001, p. 10). Visto que, tanto
a CAP’S quanto os IAP’S, só usufruíam aqueles que tivessem vínculo empregatício,
era uma forma excludente com foco no contribuinte. Nesse ano supracitado o
patrão, empregado e governo, eram beneficiários da assistência médica hospitalar e
socorros farmacêuticos, sabendo que essa forma de financiamento era tripartite. No
entanto, a assistência médica limitava-se às classes dominantes, aos demais
restavam a medicina viabilizada pelo senso comum.

A unificação da Previdência Social, com a junção dos IAPs em


1966, se deu atendendo a duas características fundamentais: o
crescente papel interventivo do Estado na sociedade e o
alijamento dos trabalhadores do jogo político, com sua
exclusão na gestão da previdência, ficando-lhes reservado
apenas o papel de financiadores. (BRAVO, 2001, p. 6)

No ano de 1953, o Ministério da Saúde decepou-se do antigo Ministério da


Saúde e Educação, tendo como finalidade do governo atender os problemas de
saúde naquela época, instituindo normas de convivência, de relações sociais entre
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trabalho e a sociedade, passando a ter regras no mercado de trabalho e surgindo as


Leis Trabalhistas no governo de Vargas. Em se tratando das Leis Trabalhistas,
pautada no intervencionismo de Vargas com a defesa de capitalizar as
reivindicações da classe trabalhadora, com a imagem de “Pai dos Pobres”, ele
unificou os IAP’S em um regime único para todos dos trabalhadores geridos na CLT
(Consolidação das Leis Trabalhistas) com a Lei Orgânica sobre Previdência Social
no ano de 1960.

[...] Finalmente em 1960 foi promulgada a lei 3.807,


denominada Lei Orgânica da Previdência Social, que veio
estabelecer a unificação do regime geral da previdência social,
destinado a abranger todos os trabalhadores sujeitos ao regime
da CLT, excluídos os trabalhadores rurais, os empregados
domésticos e naturalmente os servidores públicos e de
autarquias e que tivessem regimes próprios de previdência. Os
trabalhadores rurais só viriam a ser incorporados ao sistema 3
anos mais tarde, quando foi promulgada a lei 4.214 de 2/3/63
que instituiu o Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural
(FUNRURAL). A lei previa uma contribuição tríplice com a
participação do empregado, empregador e a União [...].
(POLIGNANO, 2001, p.12)

Na década de 1960 foi marcado com características do autoritarismo, com o


fechamento dos canais de participação dos trabalhadores, e um discurso de
racionalidade técnica e administrativa que repercutiu nas ações da Previdência e
Saúde. A Lei Orgânica de Previdência Social uniformiza direito dos segurados dos
diversos institutos, o que agrava as dificuldades financeiras da Previdência. Esta lei
pode ser considerada um marco para a derrota do período contencionista previsto
na década de 1930 em que tinha como um dos determinantes a diminuição dos
gastos principalmente por conta do crescimento dos trabalhadores inseridos na
Previdência, pois anteriormente era restrito aos ferroviários, posteriormente
abrangeu os portuários, marítimos e demais categorias profissionais. Por isso,
segundo (Oliveira e Teixeira apud Bravo, 2001, p.5):

Para os autores, um dos determinantes para a diminuição dos


gastos foi, sem dúvida, o efeito produzido pelo rápido
crescimento da massa de trabalhadores inseridos. A
previdência preocupa-se mais efetivamente com a acumulação
de reservas financeiras do que com a ampla prestação de
serviços.
19

Devido só ter acesso à saúde quem contribuísse, no ano de1975, veio o


movimento pela Reforma Sanitária no Brasil, havendo lutas e mobilizações
crescentes quanto à insatisfação das estruturas de saúde que eram insuficientes
para a demanda existente, com a finalidade de abranger as classes sociais sem
distinção de raça, etnia, aquisição social.
Sendo “articulado ao longo dos anos 1970 e 1980 no Brasil, na perspectiva de
reformulação do sistema de saúde que aprofundou no período do regime militar.”
(AGUIAR, 2011, p.36) tendo como reinvindicação melhoria das condições de vida da
população, acabando a assistência médica curativa, lucrativa e excludente, em prol
de uma perspectiva democrática, assegurando a transformação social na concepção
de cidadania plena, ou seja, conquistas de direitos que atendesse toda população
sem exclusão.
Já que a Reforma Sanitária tinha finalidade de melhorar as condições de vida
e higiene dessa classe pauperizada, disponibilizando o acesso aos serviços
independente de contribuição. Portanto ao tratar das lutas vivenciadas naquela
época (AGUIAR, 2011, p. 36) dispõe que:

[...] Esse projeto, cujo desenho e conteúdo consolidaram-se


gradativamente ao longo do tempo, preconizava a
transformação da relação entre Estado e sociedade, com clara
defesa da participação social de forma institucionalizada nos
rumos da política de saúde e pela construção da cidadania.
Tinha como ambição a universalização do direito à saúde [...]

A Reforma Sanitária tinha como pauta a saúde pública enquanto


direito de todos, a partir dessa reinvindicação por melhores condições de vida em
busca de uma cidadania plena, os trabalhadores, estudantes, lideranças
populares propuseram um modelo de proteção social integral, reconhecendo como
direito social a ser garantido pelo Estado. Neste momento, a saúde deixa de
pertencer apenas a uma categoria, assumindo uma dimensão política, vinculada a
democracia, tendo como principais propostas:

[...] a universalização do acesso; a concepção de saúde como


direito social e dever do Estado; a reestruturação do setor
através da estratégia do Sistema Unificado de Saúde, visando
um profundo reordenamento setorial com um novo olhar sobre
a saúde individual e coletiva; a descentralização do processo
decisório para as esferas estadual e municipal; o financiamento
efetivo [...] (BRAVO, 2001, p.9).
20

As propostas foram discutidas na VIII Conferência Nacional de Saúde, no qual


foram levantados a má distribuição e falta de coordenação dos serviços de saúde,
proveniente da desigualdade de acesso, diferenciação no atendimento de acordo
com a clientela, além da exclusão de uma grande parcela da população. “No evento
foram debatidos [..] os princípios e diretrizes da Reforma Sanitária, destacando-se o
reconhecimento da saúde como direito de todos.” (AGUIAR, 2011, p.37) tornando
assim, o mais importante e grande marco para o surgimento do SUS no Brasil.
Nesse sentido, vale destacar que a aprovação do SUS, significou uma vitória
para sociedade civil, passando assumir seu caráter social incorporado com os
princípios elencados na Reforma Sanitária. Mediante os marcos históricos, houve a
implantação do SUS (Sistema Único de Saúde no Brasil), onde a Saúde pública era
vista com outros olhos, como concretização do direito que cada cidadão tem de
usufruir da saúde pública de qualidade com acesso universal e igualitário aos
serviços. Desta forma o SUS foi posto em execução no Brasil, sendo uma das
maiores conquistas materializada com respaldo da Constituição Federal onde cita
que:

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado,


garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à
redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção,
proteção e recuperação. (BRASIL, 2012, p.116)

É importante ressaltar que o SUS, terá participação direta das três esferas
(Federal, Estadual e Municipal) embasada pelos objetivos que respalda dar
assistência à população, universalizando o atendimento e contribuindo para melhoria
da atenção à saúde da população brasileira. Buscando os meios, processos,
estruturas e métodos capazes de alcançar tais objetivos com eficiência e eficácia, e
torná-lo efetivo em nosso país.
O SUS (Sistema Único de Saúde) com sua grande importância tem seus
princípios doutrinários: universalidade, equidade e integralidade. Com base nas
ações e serviços públicos que estão disponíveis aos usuários que integram o
Sistema Único de Saúde (SUS), recorrente de lutas e mobilizações da classe
trabalhadora, conquistamos direitos sociais universais, fazendo parte da condição de
cidadania.
21

Desta forma, segundo (MATOS, 2003, p. 98) a construção do SUS se embasa


pelos seguintes princípios doutrinários e organizativos:

Universalidade: A defesa de que toda pessoa, independente de


contribuição financeira ou não, tem direito aos serviços públicos
de saúde.
Descentralização: A compreensão de que a política pública de
saúde deve se dar de maneira descentralizada, privilegiando o
planejamento da esfera local. Sem com isso desobrigar os
estados e o governo federal.
Hierarquização: Que os serviços de saúde sejam estruturados
de maneira que haja uma ordenação da prestação de acordo
com as demandas apresentadas.
Integralidade: A compreensão de que o atendimento deve
entender o homem enquanto uma totalidade, bem como a
articulação entre os saberes envolvidos nesse processo,
notadamente na articulação entre a assistência preventiva e a
curativa.
Regionalização: Buscar uma articulação entre a rede de
serviços de uma determinada região, por compreender que a
situação de saúde de uma população está ligada diretamente
às suas condições de vida, bem como articular a rede de
serviços de saúde existentes.
Participação Popular: A defesa da participação da sociedade
civil na elaboração, fiscalização e implementação da política
pública de saúde, portanto o exercício de controle social.

Sendo assim, universalidade é um dos princípios fundamentais do SUS, em


que determina acesso ao serviço de saúde por todas classes sociais, independente
que o serviço seja da esfera Federal, Estadual e Municipal. De modo, que garanta
este direito a toda população quando dele necessitar sem exclusão e distinção.
Equidade refere-se à atendimento conforme suas necessidades independente do
nível de complexidade de forma igualitária sem privilégios. Por fim, a integralidade
tem sido associada à prevenção e a cura dos usuários de uma forma global tentando
promover e recuperar sua saúde.
Dessa forma, os princípios organizativos assim como a regionalização,
hierarquização em que a população usuária deve ter conhecimento dos níveis
crescentes de complexidade de uma área geográfica delimitada; favorecendo as
ações de vigilância epidemiológica, sobretudo ainda existe a descentralização o qual
distribui as responsabilidades dos níveis de governo trazendo para sociedade um
22

direito nas decisões no que diz respeito às políticas de saúde, usando como
estratégia a redução das desigualdades sociais.
Por meio de acesso aos bens e serviços ofertados para sociedade, tendo
como objetivo o Artigo 5º da Lei 8080/90 regimentado pela Lei Orgânica de Saúde
(LOS) aprovada pelo Congresso em 1990, destacando: “III - A assistência às
pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde,
com a realização integrada das ações assistenciais e das atividades preventivas.”
Com vistas respeitar o princípio da integralidade que visa prevenção e a cura,
proferida por essa lei 8080/90, estabelecendo atendimento aos usuários levando-se
em conta os princípios doutrinários, baseando-se na promoção em que são ações
que buscam controlar as doenças e agravos através de tratamento e prevenção do
estado de saúde da população; além da proteção que tem por finalidade a
prevenção através de saneamento básico, imunização, vigilância em saúde etc; e
por fim, a recuperação evitando mortes dos cidadãos por meio de tratamento com
atendimento médico.

2.2 NÍVEIS DE ATENÇÃO À SAÚDE DA POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE

Para atingirmos a clareza de como a saúde movimenta-se em sua divisão,


necessitamos partir do gênese da definição da palavra saúde. Segundo a
Organização Mundial de Saúde (OMS) conceitua a saúde como “um estado de
completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e
enfermidades.” Desta forma, a saúde está relacionada as condições em que vivem
as pessoas na sua coletividade, sua relação com o trabalho, estilo de vida e demais
fatores entre eles: a moradia, saneamento básico para podermos avaliar qual
condição está a saúde da população.
Nesta direção, a Saúde obteve vários avanços a partir da Reforma Sanitária,
no qual podemos ressaltar a NOB/SUS com suas leis e normas como instrumento
legal de descentralização, visto sendo um dos princípios do SUS. Com base nisso o
Conselho Nacional de Saúde faz uma ressalva:

Como instrumento de regulação do SUS, esta NOB, além de


incluir as orientações operacionais propriamente ditas, explicita
e dá conseqüência prática, em sua totalidade, aos princípios e
às diretrizes do Sistema, consubstanciados na Constituição
Federal e nas Leis No. 8.080/90 e No. 8.142/90, [...]
23

Sendo assim, a NOB ampliou um avanço na gestão do SUS, permitindo o


acesso aos bens e serviços à população nas três esferas de governos, no entanto
outro fator importante que contribuiu para o desempenho do Sistema Único foi a
Carta Magna atual da Constituição Federal que traz em seu artigo 5º: “que todos são
iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País [...] direito à vida, à igualdade, [..].”
Partindo dessa premissa, as pessoas tem direito à saúde, cabendo o Estado
assegurar o mesmo, independente de cor, raça, etnia e religião, sendo de caráter
universal e igualitário às ações e serviços.
Ainda no contexto do Sistema Único de Saúde está a portaria 3.390 de 30 de
dezembro de 2013 onde normatiza diretrizes para organização da Rede de Atenção
a Saúde (RAS) nas três esferas estadual, municipal e federal em consonância com
Política Nacional de Atenção Hospitalar (PNHOSP), com garantia de universalidade
de acesso atendendo as necessidades da população com uma equipe
multiprofissional e interdisciplinar, por meio do acesso regulado e/ou espontâneo
estabelecido pela Política Nacional de Regulação (PNR) prestando de forma
intersetorial e humanizadora o atendimento dos usuários aos serviços de saúde.
Dessa forma, a Política Nacional de Atenção Hospitalar foi erguida pelos
eixos estruturantes, Gestão Hospitalar; Assistência Hospitalar; Formação;
Desenvolvimento e Gestão da Força de Trabalho; Financiamento; Contratualização
e Responsabilidades das Esferas de Gestão. (BRASIL, 2017). Deste modo, com
base nas diretrizes inseridas na PNHOSP, para haver efetividade dos serviços
precisa da responsabilidade dos entes federativos, representado pelo financiamento
tripartite e bipartite, em que estabelece a responsabilidade dos gestores para
organização dos seus territórios.
As diretrizes da PNHOSP regionaliza a atenção hospitalar levando em conta a
abrangência territorial e populacional de acordo com as pactuações regionais; tendo
uma continuação do cuidado através da integração do hospital com os demais
pontos de atenção do RAS.
Contudo, após essa conquista importante para sociedade que assegura tais
direitos, foram regimentado duas Leis Orgânicas da Saúde (LOS), tais como: a Lei
8080/90 e a Lei 8142/90 em que preconiza a participação social no SUS, ambas
24

trazem consigo os princípios e diretrizes abordados anteriormente por (Matos, 2003,


p.98)
O sistema de saúde é organizado por níveis de atenção onde atende a
população com um atendimento de qualidade de modo descentralizado aos
conjuntos de serviços assistenciais em que proporciona aos usuários uma
complexidade específica desde a atenção primária (baixa complexidade), ofertados
pelos Postos de Saúde Familiar (PSF) e as Unidades Básicas de Saúde (UBS), em
seguida atenção secundária (média complexidade), o qual encontra as Unidades de
Pronto Atendimento (UPAS) até a atenção terciária (alta complexidade) oferecidos
pelos hospitais, sobretudo esses aparatos nas três esferas consolidou-se na década
de 90, surgindo as comissões paritárias de secretários de saúde e o conselho de
saúde, visto sendo regido pela Lei nº 8.142/90, de 28 de dezembro de 1990, no
artigo 1º, parágrafo 2º do artigo 198 que o SUS seja organizado a partir da
“participação da comunidade”, sendo assim:“o Conselho de Saúde é um órgão
colegiado por representantes do governo, [...] profissionais de saúde e usuários, [...]
cujas decisões serão homologadas [...] constituído em cada esfera de governo.”
Tendo em vista, o aperfeiçoamento do Sistema Único de Saúde (SUS) a
Norma Operacional de Assistência à Saúde (NOAS-SUS) estabelece o processo de
regionalização da atenção básica, média complexidade e alta complexidade por
meio da portaria 373 de fevereiro de 2002, cujo objetivo é a universalidade e
integralidade aos que acessam o serviço. Neste sentido, segundo o Ministério da
Saúde a portaria 373 ressalta que:

O processo de regionalização deverá contemplar uma lógica de


planejamento integrado, compreendendo as noções de
territorialidade, na identificação de prioridades de intervenção e
de conformação de sistemas funcionais de saúde, não
necessariamente restritos à abrangência municipal, mas
respeitando seus limites como unidade indivisível, de forma a
garantir o acesso dos cidadãos a todas as ações e serviços
necessários para a resolução de seus problemas de saúde,
otimizando os recursos disponíveis. (BRASIL, 2002, p.2)

A partir desse sistema, os serviços e ações de saúde, devem ser organizados


de forma regionalizada e hierarquizada, divididas em três níveis de atenção à Saúde
no âmbito do SUS: Atenção Básica, Média Complexidade e Alta Complexidade. Para
embasar o princípio da “descentralização administrativa”, no qual delega a cada
25

município a tarefa de suprir as ações de saúde a sua população nos três níveis de
governo, os autores Costa e Maeda (2001, p.144) apresenta a atenção primária
como:

O modelo proposto com a constituição do SUS é o piramidal,


que apresenta na sua base o nível de atenção primário,
constituído da chamada Rede Básica de Saúde, um conjunto
de unidades básicas de saúde pertencentes ao poder público,
responsáveis pela atenção integral, individual e coletiva por
meio da atuação interdisciplinar. Essas unidades, distribuídas
de maneira a cobrir populações adstritas, caracterizam se pela
integração das ações de promoção e prevenção de saúde
coletiva, terapêutica e de reabilitação, representando uma
resolutividade, de 80%, constituindo-se na porta de entrada
principal do sistema, ou seja, a porta de acesso aos níveis de
maior complexidade.

Desse modo a Atenção Básica refere-se ações desenvolvidas para pessoas


de caráter individual e coletivo, pelo baixo emprego de tecnologias em seus
procedimentos com vistas a orientar sobre a prevenção de agravos, tendo
campanhas de informação contra o câncer, campanhas de vacinas, campanha de
tabagismo, ou seja, um leque de informações de políticas sanitárias que visa
proteger e recuperar a saúde do paciente, composta por uma equipe
multiprofissional: técnico de enfermagem, enfermeiro, médico e agentes
comunitários de saúde. A atenção básica desenvolve suas ações pelos princípios do
SUS. Sendo assim a Portaria do Ministério da Saúde nº 648/2006, prevê aprovação
da nova política de Atenção Básica, com base no seu anexo I, que tem por
definição:

[...] um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e


coletivo, que abrange a promoção e a proteção da saúde, a
prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a
reabilitação, redução de danos e a manutenção da saúde com
o objetivo de desenvolver uma atenção integral que impacte na
situação de saúde e autonomia das pessoas e nos
determinantes e condicionantes de saúde das coletividades. É
desenvolvida por meio do exercício de práticas de cuidado e
gestão, democráticas e participativas, sob forma de trabalho
em equipe, dirigidas a populações de territórios definidos, pelas
quais assume a responsabilidade sanitária, considerando a
dinamicidade existente no território em que vivem essas
populações. (BRASIL, 2011, p. 3)
26

Como podemos observar que atenção básica é a porta de entrada do sistema


de saúde brasileiro, no qual oferece respostas resolutiva minimizando os danos que
vivem a população, através de programas educativos direcionados tanto à
prevenção de doenças como à preservação do bem-estar comuns nas
comunidades, sendo os procedimentos de baixo custo. Na Média Complexidade são
desenvolvidas ações de promoção, proteção, diagnóstico, tratamento, reabilitação e
manutenção da saúde, além de procedimentos ambulatórias, tais como: raios-x,
psicólogo, ultrassom, consulta pediátrica, exames de laboratório em geral, etc.
Tendo em vista que, que as ações que também compõe a atenção básica: são a
assistência farmacêutica, onde amplia o acesso a população aos medicamentos
básicos. Conforme o (Ministério da Saúde 2009 apud Conselho Nacional de
Secretarias de Saúde, 2011, p.12) ressalta Média Complexidade como:

A média complexidade ambulatorial é composta por ações e


serviços que visam atender aos principais problemas e agravos
de saúde da população, cuja complexidade da assistência na
prática clínica demande a disponibilidade de profissionais
especializados e a utilização de recursos tecnológicos, para o
apoio diagnóstico e tratamento.

Portanto, o serviço de média complexidade dispõe de recursos tecnológicos


que propicia a população acesso a serviços qualificados, integrada a Saúde Básica
a fim de possibilitar a continuidade de cuidado saúde/doença, através de
profissionais por meio de um Sistema de Regulação - SISREG, para viabilizar o
acesso ao serviço especializado de assistência ambulatorial por meio de uma equipe
multiprofissional.
Segundo (VIANA, 2015, p.2) a Atenção Especializada é:

[...] feita através de um conjunto de ações, práticas,


conhecimentos e serviços de saúde realizados em ambiente
ambulatorial, que englobam a utilização de equipamentos
médico-hospitalares e profissionais especializados para a
produção do cuidado em média e alta complexidade. É
caracteristicamente demarcadas pela incorporação de
processos de trabalho que precisam de maior densidade
tecnológica, as chamadas tecnologias especializadas e deve
ser preferencialmente ofertada de forma hierarquizada e
regionalizada, garantindo a escala adequada (economia de
escala) para assegurar tanto uma boa relação custo/benefício
quanto a qualidade da atenção a ser prestada.
27

No entanto, para o usuário acessar os serviços especializados de maior


densidade tecnológica precisa está encaminhado das Unidades de Atenção Básica,
através do agendamento via internet portando o cartão do SUS, comprovante de
residência e documento com identificação. Entretanto quando a população precisa
de serviços qualificados de alto custo é orientada buscar a Alta Complexidade
Hospitalar. Com base nisso, Ministério da Saúde (2009 apud Conselho Nacional de
Secretarias de Saúde, 2011, p. 13) define Alta Complexidade como:

Conjunto de procedimentos que, no contexto do SUS, envolve


alta tecnologia e alto custo, objetivando propiciar à população
acesso a serviços qualificados, integrando-os aos demais
níveis de atenção à saúde (atenção básica e de média
complexidade). As principais áreas que compõem a alta
complexidade do SUS, e que estão organizadas em “redes”,
são: assistência ao paciente portador de doença renal crônica
(por meio dos procedimentos de diálise); assistência ao
paciente oncológico; cirurgia cardiovascular; cirurgia vascular;
cirurgia cardiovascular pediátrica; procedimentos da cardiologia
intervencionista [...].

Podemos perceber que a Alta Complexidade Hospitalar são serviços médicos


de alto custo, que precisa de recursos tecnológicos avançados (como tomografia,
ressonância magnética, terapia renal e quimioterapia por exemplo) para solucionar
os problemas, integrando-os aos demais níveis de atenção à saúde, englobando os
hospitais de grande porte, subsidiados pela esfera estadual e privada, atendendo
situações que na média complexidade não puderam ser tratadas por serem casos
mais complexos. Deste modo, independentemente do nível de complexidades os
profissionais precisam ser capacitados para atender os problemas de saúde da
população.
Apesar dessas conquistas significativas ao longo da história, presencia-se um
retrocesso e ameaça ao desmonte da seguridade social (saúde, assistência e
previdência). Bravo (2009, p.100), aborda que:

A proposta de Política de Saúde construída na década de 1980


tem sido desconstruída. A saúde fica vinculada ao mercado,
enfatizando-se [...] a sociedade civil, responsabilizando a
mesma para assumir os custos da crise. Com relação ao SUS,
[...] verificou-se o descumprimento dos dispositivos
constitucionais e legais e uma omissão do governo federal na
regulamentação e fiscalização das ações de saúde em geral.
28

Bravo (2009) enfatiza que a proposta construída na década de 1980 vem


sendo desconstruída, onde a sociedade civil assume os custos da crise, tendo que
recorrer a mercantilização para se ter acesso a saúde. Embora no art. 196, diz que a
saúde é direito de todos e dever do estado. No entanto, é notário que a sociedade
civil vem sendo penalizada pela tal crise que sabrecai para classe trabalhadora, com
essas contenções de gastos públicos por meio da Lei de Responsabilidade Fiscal,
mas ao mesmo tempo em que limita gastos públicos, o governo sanciona medidas
de reajuste de salários dos servidores federais de alto escalão (deputados,
senadores, ministros, etc). Todas essas questões de restrição de gastos,
compromete o avanço da política social, refletindo no princípio da integralidade, pois
falta insumos necessários para prevenir determinadas necessidades básicas. Nos
quais, podemos elencar, a existência do serviço, porém não tem meios para
desenvolvê-lo, exemplo: no programa de anti-tabagismo falta medicamentos,
adesivos, entre outros materiais que impede a prevenção de doenças e agravos.
Por outro lado, não é só a saúde que está sendo desconstruída, mas a
educação e os direitos dos cidadãos.
29

3 METODOLOGIA

O presente projeto monográfico terá como abordagem temática, a materialidade


do projeto ético-político na política de saúde, ressaltando que a importância da
formação continuada, contribui para viabilizar aos usuários sobre os direitos sociais,
por meio da retomada das leituras em matérias de Serviço Social, onde subsidiará
na intervenção profissional frente a realidade com respaldo da pesquisa qualitativa.
Conforme (MINAYO, 2009, p.21) a:

[...] pesquisa qualitativa [...] trabalha com o universo de


significados, motivações, aspirações, crenças, valores e
atitudes. Esse conjunto de fenômenos humanos é
entendido aqui como parte da realidade social, pois o
ser humano se distingue não só por agir, mas por
pensar sobre o que faz e por interpretar suas ações
dentro e a partir da realidade vivida e partilhada com
seus semelhantes.

Sendo assim, em busca da apreensão da realidade seguimos a abordagem


qualitativa, pois o profissional precisa analisar e decifrar a realidade na qual está
inserida, mas é necessário enfatizar que através da leitura podem-se interpretar as
subjetividades dos usuários. Lakatos (2003, p.19) ressalta que:

A leitura constitui-se em fator decisivo de estudo, pois


propicia a ampliação de conhecimentos, a obtenção de
informações básicas ou específicas, a abertura de
novos horizontes para a mente, a sistematização do
pensamento, o enriquecimento de vocabulário e o
melhor entendimento do conteúdo das obras. [...] Ler
significa conhecer, interpretar, decifrar, distinguir os
elementos mais importantes dos secundários e, optando
pelos mais representativos e sugestivos, utilizá-los
como fonte de novas idéias e do saber.

A leitura possibilita ao profissional de Serviço Social, reduzir a dicotomia entre


a teoria e a prática tão recorrente na atualidade da prática do profissional de Serviço
Social nos mais diversos espaços sócios ocupacionais que necessita de uma
bagagem intelectual para minimizar a exclusão e a injustiça social.
Para realização da pesquisa, seguimos a abordagem qualitativa exploratória
através de pesquisa bibliográfica, obtidos por meio de livros e sites eletrônicos
desenvolvidos exclusivamente a partir de fontes já elaboradas. Segundo Lakatos
(2003, p.183): a pesquisa bibliográfica, [...] abrange toda bibliografia já tornada
30

pública em relação ao tema de estudo, desde as publicações avulsas, boletins,


jornais, revistas, livros,[...].
31

4 SERVIÇO SOCIAL NA POLÍTICA DE SAÚDE

A implantação do Serviço Social, se dá no decorrer das décadas de 1920 e


1930, especialmente no que se referir à “questão social”, no bojo da qual se dá o
surgimento do Serviço Social. (IAMAMOTO, 2013). Dessa forma, a década de 1930
o Serviço Social foi caracterizado pelo surgimento desta profissão no Brasil,
marcado com forte influência sobre as práticas profissionais atrelados nas doutrinas
da igreja católica, com uma postura burguesa disfarçada de religiosa, as ações
profissionais era de forma filantrópicas, pautada na caridade e benemerência.
Em 1945, devido o Estado querer harmonizar a relação entre capital e trabalho,
passa recrutar assistentes sociais na execução das políticas sociais, para entender
as expressões da questão social, por outro lado, sua intervenção estava relacionada
à tarefa educativa em relação aos hábitos de higiene e saúde, custeados pelos
próprios beneficiados. Neste mesmo período, mantinha a exploração da força de
trabalho como forma de enfrentamento das expressões da questão social .
Após década de 60 o conservadorismo da profissão começou a ser
questionado, por isso houve o “processo de revisão da profissão, uma vez que, para
atender as demandas, torna-se indispensável [...] técnicas modernas que se
contraponham àquilo que poderia oferecer o chamado ‘Serviço Social tradicional’
(CARVALHO & IAMAMOTO, 2003, p. 364-365)”. Esse cenário colaborou para o
processo de transformação no Serviço Social, que passou a intervir de forma mais
qualificada na questão social, ocasionando uma revisão para atender a exigência da
realidade. Pois as pessoas não queria uma prática empirista, reiterativa, paliativa,
psicolagizantes em querer que o proletariado aceitasse sua forma de explorado
advindas da vontade de Deus, apropriada da encíclica Rerum Novarum para explicar
os males da questão social. Sobretudo, nessa década de 30 evidencia seus
aspectos político interventivo, compreendido pela sociedade, assim as ações
voluntárias não atendiam às demandas da classe trabalhadora.
Portanto, a década de 1970, foi a “ primeira aproximação do Serviço latino-
americano à tradição marxista.” (IAMAMOTO, 2013, p. 205). A teoria de Marx
contribuiu para romper com o conservadorismo iniciando um movimento de
renovação da profissão que buscou romper o modo tradicionalista do Serviço Social,
embora tenha sido de forma enviesada, por não ser orientada pelas fontes clássicas.
32

Desta forma a primeira aproximação redundou no chamamento dos


profissionais ao compromisso político, o que sugeria a necessidade de se dispor de
um ponto de vista de classe na análise da sociedade, impondo uma revisão no papel
do assistente social na sociedade. O Congresso da Virada aconteceu em 1979,
marco na categoria profissional atrelada a classe trabalhadora, fazendo parte das
ciências sociais, passando o profissional a gestar e executar políticas públicas, além
do aumento das áreas de pesquisa, fomentando a produção do conhecimento,
articulando ensino, pesquisa e prática profissional.
No entanto, na década de 1980 a profissão ampliou seu debate téorico
fundamentada no marxismo, passando por uma revisão interna, dando uma nova
direção a profissão. Segundo (IAMAMOTTO, 2013, p. 204):

na década de 1980 – herdeira da ditadura militar e de seu


projeto de modernização conservadora, a categoria dos
assistentes sociais emerge na cena social no processo de
transição democrática com um novo perfil profissional e
acadêmico.

Nessa mesma década, (Iamamoto, 2013) faz o aprofundamento correto dos


caminhos teóricos de Marx, fazendo toda trajetória do Serviço Social enfatizando
que foi um período extremamente fértil para os rumos técnicos-acadêmicos e
amadurecimento na discussão teórica. Sendo assim, o relacionamento com a teoria
marxista foi no propósito de não voltar o que estava posto anteriormente, buscando
propor a sociedade mudanças nas atribuições profissionais do Serviço Social, então:
[...]a descoberta do marxismo pelo Serviço Social latino-americano contribuiu
decisivamente para um processo de ruptura téorica e prática com a tradição
profissional, [...]” (IAMAMOTO, 2013, p. 210). Nesse contexto, inicia a maturidade
hegemônica da profissão, marcado com a tradição marxista. A partir de então, exigia
uma prática modernizadora, orientada por pressupostos teórico-metodológicos.
Desta forma, (BRAVO, 2009, p. 202) aponta que:

O Serviço Social na saúde vai receber as influências da


modernização que operou no âmbito das políticas sociais,
sedimentando na sua ação na prática curativa, principalmente
na assistência médica previdenciária – maior empregador dos
profissionais. Foram enfatizadas as técnicas de intervenção, a
burocratização das atividades, a psicologização das relações
sociais e a concessão de benefícios.
33

Conforme a autora supracitada, o Serviço Social recebe influência da


modernização rompendo com o conservadorismo, por isso a produção do
conhecimento é necessário, embora haja indagação a respeito de sua atribuição na
atuação profissional predominante nos dias atuais, sobretudo porque constitui uma
instituição que emerge e se desenvolve no interior da sociedade capitalista de
caráter interventivo, porém embasado no contexto neoliberal que exige uma ação na
medicina previdenciária, no sentido de controle da população tendo que enquadrar
os usuários as exigências da ordem vigente, alienando os trabalhadores com
aspectos reformista, muitas vezes readaptando a outras funções para não obter a
concessão da aposentadoria, indo em contraponto aos princípios respaldado pelo
Projeto ético-politico comprometido com a liberdade da classe trabalhadora e sim na
manutenção da burguesia.
Contudo, apesar da Saúde ser integrada ao tripé da Seguridade Social em
1988 enquanto direito de todos e dever do Estado chega desconjunturada na
década de 1990, sendo impossível articular os avanços e debates construídos na
Reforma Sanitária por estar ditada em uma lógica neoliberal, que tende a não
realização e mesmo a ruptura do direito universal à saúde, fortalecendo o Projeto
Privatista . Com base nessas informações, verifica-se que segundo o (CFESS, 2010,
p. 13):

O projeto da saúde articulado ao mercado ou reatualização do


modelo médico assistencial privatista está pautado na Política
de Ajuste que tem como principais tendências a contenção dos
gastos [...] A tarefa do Estado, [...] consiste em garantir um
mínimo aos que não podem pagar, ficando para o setor privado
o atendimento aos que têm acesso ao mercado. Suas
principais propostas são: caráter focalizado para atender às
populações vulneráveis por meio do pacote básico para a
saúde, [...] A universalidade do direito - um dos fundamentos
centrais do SUS e contido no projeto de Reforma Sanitária - é
um dos aspectos que tem provocado resistência dos
formuladores do projeto privatista da saúde.

Desta forma, a desresponsabilização do Estado perante a saúde, fortalece os


planos privados como alternativa ao acesso à saúde indisponível na rede pública,
ignorando o marco legal da saúde (Constituição Federal de 1988) a todos os
brasileiros. Com isto, o projeto privatista trás consequências para o Serviço Social,
interferindo no distanciamento da ação profissional no que diz respeito a
consolidação dos direitos à saúde da população usuária. No entanto, é de suma
34

importância que a atuação do assistente social, deve estar embasada segundo os


parâmetros da atuação do assistente social (CFESS, 2010, p.44): “democratizar
informações por meio de orientações (individuais e coletivas) e/ou encaminhamentos
quanto aos direitos sociais da população usuária.” Nesse sentido, através do seu
conhecimento téorico-metodológico precisa promover uma reflexão crítica,
possibilitando aos cidadãos consciência de seu direito à saúde.
Cabe expor o que diz a resolução N.º 218 de 06 de março de 1997 anunciada
pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS) em que reconhece o Assistente Social
como uma das trezes categorias profissionais de saúde de nível superior .
Portanto, o Serviço Social e outras categorias profissionais exerce sua
atuação em diversos espaços sócio-ocupacional englobando as três esferas de
governo, exigindo que através da democratização de informações, atrelado a
interdisciplinaridade oportunize um momento de orientação, amenizando as
angústias e orientações, gerando um Acolhimento Humanizado, exercendo seu
papel em unidades básicas, hospitais, entre outros.
A atuação do profissional em Serviço Social deve ser fundamentada pelo
Projeto Ético-Político que tem como alicerce as Diretrizes Curriculares, Lei que
Regulamenta a profissão e o Código de Ética, que orienta a categoria profissional
sobre os deveres e direito do assistente social, norteando para o exercício da
profissão com caráter normativo e jurídico, respeitando os indivíduos e atuando no
processo de transferência de direito dentro da lei que regulamenta a profissão.
Sabendo que o projeto, expressa o compromisso da categoria com a construção de
uma nova ordem societária mais justa, democrática e garantidora de direitos
universais.
E para finalizar, se faz necessário enfatizar que os Parâmetros de Atuação do
Assistente Social preconiza orientações gerais que norteiam o posicionamento frente
as demandas identificadas no cotidiano. Dessa forma, antes de articular a atuação
do profissional, requer ressaltarmos que, “esse documento, ora intitulado
“Parâmetros para a Atuação de Assistentes Sociais na Saúde”, tem como finalidade
referenciar a intervenção dos profissionais de Serviço Social na área da saúde.”
(CFESS, 2010, p.11).
Nesta direção, segundo os (Parâmetros 2010, p.36), a Lei de
Regulamentação da Profissão estabelece, no seu artigo 4º, como competências do
assistente social:
35

• elaborar, implementar, executar e avaliar políticas sociais


junto à órgãos da administração pública direta ou indireta,
empresas, entidades e organizações populares;
• elaborar, coordenar, executar e avaliar planos, programas e
projetos que sejam de âmbito de atuação do Serviço Social
com participação da sociedade civil;
• encaminhar providências e prestar orientação social a
indivíduos, grupos e à população;
• orientar indivíduos e grupos de diferentes segmentos sociais
no sentido de identificar recursos e de fazer uso dos mesmos
no atendimento e na defesa de seus direitos;
• planejar, organizar e administrar benefícios e serviços sociais;
• planejar, executar e avaliar pesquisas que possam contribuir
para a análise da realidade social e para subsidiar ações
profissionais;
• prestar assessoria e consultoria a órgãos da administração
pública direta, indireta, empresas privadas e outras entidades;
• prestar assessoria e apoio aos movimentos sociais em
matéria relacionada às políticas sociais, no exercício e na
defesa dos direitos civis, políticos e sociais da coletividade;
• planejamento, organização e administração de serviços
sociais e de Unidade de Serviço Social;
• realizar estudos socioeconômicos com os usuários para fins
de benefícios e serviços sociais junto aos órgãos da
administração pública direta e indireta, empresas privadas e
outras entidades.

Por meio deste documento busca oferecer qualidade no atendimento à


população usuária do serviço de saúde, visando através da democratização de
informações o acesso aos direitos conquistados na Reforma Sanitária, tendo em
vista a defesa da democracia nos espaços sócio-ocupacional, sobretudo
contribuindo aos profissionais articular teoria e prática no exercício de sua atuação.
Sendo assim, o Assistente Social precisa estar embasado com o projeto ético-
político, visto sendo fundamental para o posicionamento nas situações adversas
recorrentes no cotidiano, facilitando uma visão crítica da realidade norteada pela
perspectiva teórico político.
Sabemos que os Parâmetros elencam algumas competências do Assistente
Social no campo de intervenção, embora desempenhe atividades inadequadas no
dia-a-dia, onde observei na vivência de estágio a emissão de declaração quando o
atendimento é realizado por quaisquer outros profissionais que não o Assistente
Social, no entanto dependendo do nível de complexidade hospitalar os mesmos
desenvolvem outras ações, tais como: solicitam ambulância, comunicam o óbito
36

além de informar o estado clínico do paciente, acarretando a falta de identidade e


caminhando para uma prática médica.

4.1 A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO CONTINUADA

Neste capítulo apresentaremos a formação continuada do Assistente Social,


como obrigatória para melhorar a qualidade do serviço prestado à população,
mostrando que aquisição do conhecimento efetivará o Projeto ético-político
profissional.

4.2 A FORMAÇÃO PROFISSIONAL SOBRE O PROJETO ÉTICO-POLÍTICO

Ao se falar em formação profissional, requer pensarmos no Código de ética


do Assistente Social onde (BARROCO, 2012, p.130): ressalta a formação
continuada como “compromisso com a qualidade dos serviços prestados à
população e com aprimoramento intelectual, na perspectiva da competência
profissional.”
Isto pressupõe que através do conhecimento pode viabilizar o acesso do
usuário ao serviço, com acolhimento de forma humanizada proporcionando um
vínculo entre o profissional e usuário, permitindo a inclusão, a fim de solucionar os
problemas de saúde, com maior enfoque nos direitos dos cidadãos, defendendo a
dignidade da pessoa humana. Tendo como perspectiva efetivar a qualidade nos
serviços prestados, de modo que venha atender as necessidades postas
cotidianamente na sua prática de trabalho. Desta forma:

[...] o conhecimento como um meio de trabalho sem esse não


consegue efetuar sua atividade ou trabalho. As bases teórico-
metodológicas são recursos essenciais que o Assistente Social
aciona para exercer o seu trabalho. [...] o conjunto de
conhecimentos e habilidades adquiridos pelo Assistente Social
ao longo do seu processo formativo são parte do acervo de
seus meios de trabalho. (IAMAMOTO, 2013, p.62)

Portanto, a produção do conhecimento busca conhecer alguns problemas


originados pelas desigualdades sociais que se apresenta de várias formas ao
cotidiano profissional, tais como: desemprego, pouca escolaridade, trabalho
informal, entre outros, possibilitando uma intervenção crítica, de modo que venha
37

decifrar a realidade em que os usuários estão inseridos. Partimos do pressuposto


que a formação continuada é fundamental para garantir a materialização do projeto
ético-político no exercício profissional, através do ensino, pesquisa e extensão
podendo estreitar as relações entre a academia e meio profissional. Mas
(IAMAMOTO, 2013, p.52) expõe que há um desafio entre profissionais e estudantes
entre o teórico-metodológico com o exercício da prática profissional cotidiana. Sendo
assim, o exercício da profissão requer um profissional crítico atento ao mundo
contemporâneo, socializando conhecimentos, informações, competência na gestão,
avaliação de programas e projetos sociais com a finalidade de inclusão e igualdade
social.
Entende-se que a prática profissional precisa de saberes e um conhecimento
aproximado da realidade imediata com respaldo de valores, habilidades e atitudes,
rompendo com aspectos conservadores. É necessário discutir que a formação
continuada contribui para o fortalecimento da categoria.
No entanto é fundamental desmistificar essa concepção “teoria versus prática”
e tomar a formação continuada como processo de aperfeiçoamento com vista a
qualificar o Assistente Social para o trabalho profissional na direção do compromisso
com a classe trabalhadora. Conforme (Costa, 2008, p. 122):

[...] o processo de qualificação continuada é fundamental para


a sobrevivência no mercado de trabalho. Estudar, pesquisar,
debater temas, reler livros e textos não podem ser atividades
desenvolvidas apenas no período da graduação ou nos “muros”
da universidade e suas salas de aula. Se no cotidiano da
prática profissional o Assistente Social não se atualiza, não
questiona as demandas institucionais, não acompanha o
movimento e as mudanças da realidade social, estará
certamente fadado ao fracasso e a uma reprodução mecânica
nas atividades, tornando-se assim um burocrata, e, sem
dúvidas, não promovendo mudanças significativas seja no
cotidiano da população usuária ou na própria inserção do
Serviço Social no mercado de trabalho.

Diante do exposto compreendemos que o investimento contínuo do


conhecimento em estratégias de cunho teórico-prático para os Assistentes Sociais
desvendar a realidade social e apreender as contradições e qualificar as práticas
operativas relacionando teoria e prática. Pois uma demanda, não deve ser estudado
de forma isolada, sem entender de forma reflexiva a totalidade dos problemas
sociais no qual estão vulneráveis os sujeitos, tendo uma atitude investigativa na
38

perspectiva de desocultar o real, até porque os profissionais vivem numa realidade


complexa, com interesses sociais divergentes.
Dessa forma, ao invés dos Assistentes Sociais rotularem esse
comportamento, precisam fazer um estudo aprofundado do caso e retomar os
saberes no campo da Sociologia, para compreender os motivos pelos quais levam
certas atitudes. Com base, nessa análise (Max weber apud COSTA, 2005, p. 97),
“ressalta que a conduta humana dotada de sentido.” Portanto o conhecimento da
historicidade permite desvendar as ações humanas na realidade, seu modo de agir,
expresso em diversas situações. No entanto, essa reflexão foi adquirida por meio da
interdisciplinaridade adquirida no âmbito acadêmico podendo ser transferida nos
diferentes espaços sócio ocupacional.
Não há dúvida que a falta de reflexões críticas embasadas teoricamente,
conduz ao exercício de desempenho repetitivo e burocrático, impossibilitando de
distinguir os elementos presentes na realidade, utilizando em sua prática
formulações do senso comum, assim, (Montanõ, 2003, p.41) afirma:

Que o senso comum, acaba sendo o sentido da prática. Sendo


o “ponto-de-vista” do senso comum também o praticismo, a
prática sem teoria. Desta maneira o profissional que se apoia
no praticismo, exatamente por ter sua base no “senso comum”
não consegue ultrapassar o aparente [...]

Dessa forma, alguns não percebem que essa prática limitada (restrita sem
entender a totalidade) não proporciona visualizar a conjuntura e a correlação de
forças manifestas de forma oculta, acarretando uma perspectiva tradicional, que se
distancia dos princípios que regem o Projeto Ético-Político, no qual podemos frisar a
eliminação de todas as formas de preconceito, por mais que não concordamos cabe
a nós respeitarmos, até porque as pessoas que não tem acesso à educação, cultura,
escola, estão propícios a marginalização, embora não se pode generalizar mas
refletir que há fatores externos (contexto social) que contribuem para determinadas
atitudes. Contudo requer um profissional qualificado para mediar às exigências no
posto de trabalho, através do investimento da formação continuada, realizado por
meio de leituras de acervos teóricos, cursos de capacitação, participação em
congresso e eventos em geral, permite fazer o movimento do arcabouço teórico com
a prática vivenciada com intuito de gerar qualidade e competência na ação exercida
39

pelos profissionais. Sendo assim, podemos afirmar que não existe articulação entre
teoria e prática? Diante disso (VASCONCELOS, 1999, p.16) cita que:

[...] tais questionamentos acontecem devido ao fato que teoria


e prática nem sempre andam juntas, mais que uma depende da
outra. Que a busca de uma ruptura, teórico-prático com um
fazer profissional tradicional, conservador, que contribui
somente para reprodução social, não se efetivará sem uma
articulação sistemática e de qualidade entre academia e
profissional tradicional.

Salienta-se que se faz necessário o profissional ter as dimensões teórico-


metodológico para dar visibilidade ao agir profissional embasada com Políticas
Públicas e benefícios sociais, em diversos setores, como: saúde, previdência social,
atendimento ao idoso, da pessoa com deficiência, entre outros, de modo que
contribui para construção da cidadania. Em suma, podemos observar que nossas
intervenções profissionais precisa se apropriar da bagagem teórica construído na
academia, para não cairmos nas armadilhas do Serviço Social abordado por
Iamamoto que perpassam nosso cotidiano profissional.
A formação continuada aparece como um desafio para os profissionais que
atuam em diversas áreas, porque algumas não se conscientizam que ausência de
qualificação profissional marca um ensino fragmentado, defasado, comprometendo
sua atuação. Percebemos que há diversos desafios enfrentados pelos profissionais,
mas nos dias atuais predomina um grande obstáculo, desenvolver propostas
criativas e inovadoras, que sejam capazes de decifrar e intervir na realidade,
capazes de concretizar direitos sociais previstos em lei à população usuária.
Porém, não se pode ignorar a formação, principalmente no que diz respeito
ao nível superior, embora discentes culpabilizam que tanto o ensino no âmbito
privado quanto o âmbito público, não atende as demandas atuais. Por outro lado,
percebemos que esses estigmas também advêm de profissionais no processo de
aposentadoria, onde repetem diversos jargões, dentre eles, “que não precisa se
qualificar” porque estão perto de se aposentar, teoria fica na academia, embora não
percebam que a formação é perene, uma vez que permite à passagem das
construções teóricas à intervenção, oferecendo uma atuação de qualidade
comprometida com os interesses daqueles que utilizam de seus serviços, entretanto
sem essa concepção gera uma atuação precarizada.
40

As demandas apresentadas requerem uma formação profissional com


práticas conscientes com competências técnicas, políticas e comprometido com o
Projeto ético-político.
Vale ressaltar que os profissionais não buscam o aprimoramento de suas
competências técnicas por falta de incentivos da instituição em que trabalha, uma
vez que delimita as possibilidades de crescimento intelectual de cada funcionário
para se adequar às novas tendências da globalização e realidade do mercado, é
necessário subsídio por parte das instituições aos profissionais que tem necessidade
de dar continuidade aos estudos e contribuir para processo de reconstrução
profissional dos Assistentes Sociais frente à contextualidade vigente.
A postura de não ler, reduz a possibilidade de compreender as
particularidades, com a qual o profissional trabalha, deixando, consequentemente,
de acompanhar as mudanças que acontece no seio da profissão.

4.3 OS DESAFIOS ENFRENTADOS PELOS ASSISTENTES SOCIAIS PARA


MATERIALIZAÇÃO DO PROJETO ÉTICO-POLÍTICO

Para compreendermos os desafios enfrentados pelos Assistentes Sociais sob


a Materialização do Projeto Ético-político, se faz necessário primeiramente, entender
o que é projeto profissional, como surge e qual a sua implicação na prática
profissional dessa categoria.
Desta maneira, o projeto profissional coletivo deve estar vinculado ao projeto
societário numa direção que favorece uma transformação social na área da saúde
com base na universalização de acesso aos bens e serviços. Partindo dessa
afirmação, (CARDOSO, 2013, p.11, grifos do autor) aponta que o projeto profissional
“é um dos tipos de projeto coletivo, porém [...] versará sobre determinada projeção
para uma profissão, tratando de uma esfera particular, embora esteja como vimos,
em consonância com uma determinada projeção da sociedade”.
Portanto, cabe ressaltar que os projetos profissionais têm em sua prática
potencialidade política, jurídica e ética, prevista no Código de Ética, se constitui num
importante elemento para ampliação do horizonte da emancipação social e política
da sociedade, comprometido na autonomia, sem dominação e exploração de classe.
Os projetos vão se modificando, se alterando ao longo do período, pois reaparecem
e se modificam em conformidade as alterações nas relações sociais as quais a
41

profissão atua. Da mesma forma é o projeto Ético-Político, ele vai se moldando de


acordo com as gerações, incorporando novas demandas para se legitimar.
Entretanto, pode-se afirmar que ambos os projetos necessitam um do outro, ou seja:

Os projetos profissionais apresentam a auto-imagem de uma


profissão, elegem os valores que a legitimam socialmente,
delimitam e priorizam seus objetivos e funções, formulam os
requisitos (teóricos, práticos e institucionais) para o seu
exercício, prescrevem normas para o comportamento dos
profissionais e estabelecem as bases das suas relações com
os usuários de seus serviços, com as outras profissões e com
as organizações e instituições sociais privadas e públicas.
(NETTO apud CARDOSO, 2013, p.11).

Os projetos profissionais abrange um corpo profissional que dá resistência e


respeito à profissão frente aos usuários e instituições, em relação ao atendimento de
necessidades sociais com uma organização de cunho jurídico da profissão:

[...] na qual se constitui o arcabouço legal e institucional da


profissão, envolve um conjunto de leis e resoluções,
documentos e textos políticos consagrados no seio da
profissão. Há nessa dimensão duas esferas distintas, ainda que
desarticuladas, quais, quais sejam: um aparato jurídico-político
estritamente profissional e um aparato jurídico-político de
caráter mais abrangente. No primeiro caso, temos
determinados componentes construídos e legitimados pela
categoria, tais como: o atual Código de Ética Profissional
Profissional, a Lei de Regulamentação da Profissão (Lei
8662/93) e as Novas Diretrizes Curriculares dos Cursos de
Serviço Social, documento referendado em sua integralidade
pela Assembleia Nacional da ABEPSS em 1966 e aprovado,
com substanciais e prejudiciais alterações, pelo MEC. No
segundo, temos o conjunto de leis (a legislação social)
advindas do capítulo da Ordem Social da Constituição Federal
de 1988, que, embora não exclusivo da profissão, ela diz
respeito tanto pela sua implementação efetiva tocada pelos
assistentes sociais em suas diversas áreas de atuação(pense
na área da saúde e na LOS – Lei Orgânica de Saúde- ou na
assistência social e na LOAS- Lei Orgânica da Assistência –
ou- ainda, na área da Infância e juventude ECA- Estatuto da
Criança e do Adolescente), [...] (TEIXEIRA, 2009, p.9)

É preciso ter a clareza que são a partir desses instrumentos que norteiam o
projeto profissional Dessa forma, “esses elementos constitutivos [...] formam o corpo
de identidades que fornecem aquilo que José Paulo Netto chamou de “auto-imagem
da profissão.” (TEIXEIRA, 2009, p. 10). Em suma, os elementos trás os princípios da
42

igualdade, recusa da sociedade capitalista, democracia, à liberdade considerando o


indivíduo como sujeitos de direitos, que norteiam o projeto ético-político, onde:

[..] tem em seu núcleo o reconhecimento da liberdade como


valor ético-central – a liberdade concebida historicamente,
como possibilidade de escolher entre alternativas concretas;
daí um compromisso com a autonomia, a emancipação e a
plena expansão dos indivíduos sociais. Consequentemente, o
projeto profissional vincula-se a um projeto societário que
propõe a construção de uma nova ordem social, sem
dominação e/ou exploração de classe de classe, etnia e gênero
(NETTO apud TEIXEIRA, 2009, p.6)

Neste sentido, os projetos profissionais é a auto-imagem da profissão em


consonância ao projeto societário, havendo uma práxis entre ambas, num processo
de interação com os mesmos, ou seja, visando sua própria transformação, bem
como a transformação do cotidiano dos sujeitos, combinando os dois elementos
teoria e prática, para não se afundar apenas em serviços burocráticos e
mecanizados, buscando intervir na realidade concreta dos usuários com qualidade.
O assistente social está inserido na divisão sócio técnica do trabalho, diante isso, a
categoria profissional precisa se apropriar do conhecimento para intervir no seu
objeto de estudo que é a questão social de modo que enfrente as sequelas entre o
capital e trabalho, por meio da moralidade profissional, nessa perspectiva
(CARDOSO, 2013, p.15, grifos da autora) afirma que:

[...] a moralidade profissional, [...] possibilita a suspensão da


cotidianidade ao pensar a relação do eu com o coletivo,
estabelecendo parâmetros para a relação do profissional com a
sociedade. A ética profissional traz em si valores e princípios
que direcionarão o agir profissional e expressa-se na vivência
cotidiana dos profissionais [...].

Nesse contexto, entendemos a ética como reflexão sobre a moralidade,


pressupondo que o ethos; modo de ser da profissão constituída na relação complexa
permite os Assistentes Sociais se posicionar na vivência cotidiana, em prol do
empoderamento da sociedade, possibilitando a ruptura com a ordem social vigente,
evidenciadas no capitalismo, promovendo o senso crítico no proletariado para que
os trabalhadores lutem pelos direitos, reivindiquem por melhores salários, condições
de vida e por uma legislação de proteção ao trabalho. No entanto só terá viabilidade
através das dimensões que compõe a ética profissional:
43

Dimensão filosófica – fornece as bases téoricas para uma


reflexão ética voltada à compreensão dos valores, princípios e
modos de ser ético-morais e oferece os fundamentos para uma
concepção ética; b) o modo de ser (ethos) da profissão que diz
respeito – 1) à moralidade profissional (consciência moral dos
seus agentes objetivada na teleologia profissional), o que
reproduz uma imagem social e cria determinadas expectativas;
2) ao produto objetivo das ações profissionais individuais e
coletivas (consequências ético-políticas); c) a normatização
objetivada no Código de Ética Profissional, com suas normas,
direitos, deveres e sanções. (BARROCO, 2010, p.69)

A autora supracitada afirma que atuação do Assistente Social deve estar


interligada entre essas dimensões, mediando os conflitos sociais por uma
determinada direção ético-política, permitindo que os sujeitos ultrapassem os
determinismos econômicos que os aprisionam, embasado com os conhecimentos
dos marcos legais da profissão, materializando o projeto ético-político.
Começaremos a discutir essa temática, a partir do conceito de Projeto Ético-
Político enfatizado por (SILVA, 2012, p.19):

Compreendemos o Projeto Ético do Serviço como um produto


das relações societárias que marcam a construção da
identidade desta profissão e sua categoria profissional,
conferindo uma unicidade, um corpo à profissão. Ao mesmo
tempo, deve projetá-la para a sociedade num movimento
contínuo de retroalimentação.

Silva (2012) traz a concepção de que o projeto ético-político é um produto


construído historicamente a partir das relações societárias, sendo assim, uma
construção inacabada, tendo que haver uma retroalimentação contínua da categoria
profissional. O projeto ético-político é um produto que marca a identidade e categoria
profissional, conferindo uma unicidade, um corpo a profissão, expresso pelos
instrumentos potencializador da prática profissional: Código de Ética, Lei que
Regulamenta a Profissão e as Diretrizes Curriculares.
No entanto, é importante mencionar que o Projeto Ético-Político, são frutos de
dois momentos: Movimento de Reconceituação e Congresso da Virada, onde esses
movimentos nos levou as discussões sobre a necessidade de atualização e a
Regulamentação da profissão. Pois o movimento de Reconceituação surgiu na
década dos anos 1960 sendo: “um fenômeno tipicamente latino-americano.
44

Dominado pela contestação ao tradicionalismo profissional, implicou um


questionamento global da profissão: de seus fundamentos ideo-teóricos [...]”
(IAMAMOTO, 2013, p. 205).
Em que não queria essa prática pragmática (prática pela prática), asséptica,
neutra, querendo romper essa ação, por isso o Congresso da Virada (1979) foi
importante para dar redefinição da prática profissional. Sabendo que foi fundada
devido a inoperância inadequada do Serviço Social tradicional frente a realidade
latino-americana e o reconhecimento da exigência de uma redefinição do agir
profissional, tendo como perspectiva a transformação social, com uma proposta
interventiva atrelada as classes populares.
Desde modo, na década de 1980 através do Movimento de Reconceituação a
profissão aproximou-se das teorias marxistas para uma tentativa de ruptura com
intuito de romper com seu conservadorismo, foi um momento fértil para os rumos
acadêmicos, mas embora haja desafios impostos ao profissional que perpassam até
os dias atuais.
[...] aproximação do Serviço Social com amplo e heterogêneo
universo marxista foram também responsáveis por inúmeros
equívocos e impasses de ordem teórica, política e profissional
cujas refrações até hoje se fazem presentes. [...] prática
político-partidária. Por meio dela muitas inquietudes foram
transferidas da militância política para a prática profissional.
(IAMAMOTO, 2013, p.210)

Existem dilemas de ordem teóricas presentes, nas quais podemos perceber


na sua prática profissional vinculada ao compromisso político, sem romper com
herança conservadora, cuja prática utilitária, em função de atender os detentores de
poder e não a população propriamente dita. Porém os direitos dos indivíduos ficam
em segundo plano, priorizando aos mais ricos com a finalidade de renovar o vínculo
empregatício, onde os políticos utilizam os profissionais como fantoches,
permanecendo assim a função de cabide eleitoreiro de emprego. Dessa forma, a
prática do assistente social no militantismo vai a contraste da herança intelectual do
Serviço Social, fazendo com que:

[...] direta ou indiretamente, consciente ou inconscientemente,


reproduz e/ou reforça o status quo, sem conseguirem romper,
na prática, com valores conservadores. Assim, [...] maioria
desses profissionais realiza atividades profissionais na direção
contrária aos interesses históricos das classes trabalhadoras
[...] (VASCONCELOS, 2012, p.34)
45

De acordo com visão da autora supracitada, o projeto hegemônico é


tensionado por disputas antagônicas por parte de alguns profissionais, onde
desempenha uma função contrária porque o projeto neoliberal ameaça o projeto
hegemônico dos assistentes sociais, ou seja, porque eles acabam exercendo seu
trabalho vinculado a empresas privadas, públicas ou em organizações não
governamentais. Dessa forma o vínculo empregatício faz com que os profissionais
entrem nos mesmos desafios e dificuldades dos demais trabalhadores e por isso,
são levados a uma “prática conservadora,” para satisfação material das
necessidades dos seres humanos, como diz (ALBORNOZ, 2006, p. 40):

[...] Chegamos assim a uma das características mais decisivas


no do mundo do trabalho em que vivemos, e que é a
submissão ao capital, aos interesses dos capitalistas e dos
proprietários. Esse é um ponto chave das determinações do
trabalho nesse sistema. A força de trabalho é dada como uma
mercadoria. Em muitas situações e momentos da sociedade
contemporânea, o trabalho e sua ideologia se tornam
instrumentos de submissão política. [...] O mundo é
domesticado pela submissão ao trabalho. As pessoas se
percebem como alegres robôs que não tem efetivo poder de
decisão sobre o mundo em que trabalham. Todas as atividades
são feitas como labores pela sobrevivência.

É nessa sobrevivência que requer retomamos a palavra “status quo”,


abordado por Vasconcelos termo bastante pertinente que condiz no posicionamento,
condição das coisas, ou seja, expressões que faz analogia a prática de profissionais,
ora em unidades de saúde, instituições tendo um posicionamento em determinadas
situações de não atender aos interesses da classe trabalhadora e sim na correlação
de forças institucional, de uma organização social capitalista, sendo verdadeiros
robôs de trabalho, que não utilizam dos seus instrumentos para o exercício
profissional em prol do povo e sim submissos aos detentores de poder se auto
alienando, tendo uma falsa consciência de classe, em que não se enxerga enquanto
trabalhador explorado e aprisionado nesse sistema.
No entanto os assistentes sociais enfrentam em seu cotidiano profissional
outros desafios explícitos pelas precárias condições de trabalho promovido pelo
desmonte dos direitos trabalhistas e políticas sociais- no caso a saúde pública
acarretando uma:
46

[...]profunda desvalorização e exploração da força de trabalho,


coloca aos assistentes sociais relações e condições de trabalho
fragilizadas e pauperizadas, fortalecidas pelas [...]
subcontratações e terceirizações. Este contexto vem
ameaçando uma atuação profissional em sintonia com os
princípios e diretrizes do Projeto Ético-Político [...] (COSTA,
2014, p. 374)

Dessa forma, as condições de trabalhos fragilizadas expressos por salas


pequenas, inviabilizando o atendimento de qualidade, violando a privacidade do
usuário, embora esteja respaldado no Código de ética, ameaça os princípios e
diretrizes do Projeto Ético-Político, por outro lado, poucos profissionais para atender
uma grande demanda de usuário, sobrecarregando os profissionais com o mesmo
valor salarial, fazendo isso diminui vagas de emprego, não contratam pessoas,
permitindo que os mesmos tenham acúmulo de função no mesmo espaço sócio-
ocupacional. Embora, os cidadãos tenham avanços embasados na Consolidação
das Leis Trabalhistas (CLT), vivem numa doutrina política e econômica chamada
neoliberalismo acerca das privatizações dos órgãos estatais, terceirizando os cargos
e precarizando as relações de trabalho, quebrando a instabilidade profissional, além
disso, aumentando o desemprego. Dessa forma o trabalho na sociedade capitalista
tem apresentado segundo (ALVES, apud MENDES; WUNSCH, 2011, p. 465) um:

O contexto [..] de precarização, flexibilização, trabalho parcial,


polivalência de funções, redução dos postos de trabalho, [...],
com salários em declínio e/ou instáveis. Ressaltam-se ainda
outras questões relacionadas à precarização dos contratos, [...]
denominada de precariedade objetiva (contrato por prazo
determinado, trabalho temporário) [...]

Dentre as questões levantas, são realizadas reflexões acerca dos desafios


enfrentados pela profissão retratados pelos limites institucionais destaca-se que os
assistentes sociais estão subordinados, assim como qualquer outro trabalhador
assalariado, ao mercado de trabalho, que por sua vez trata-se de um mercado que
não está muito interessado na realização de um trabalho com qualidade, mas sim
em um trabalho tecnicista, que cumpra metas e que dê conta das demandas a
serem atendidas, com ações diretamente limitadas a determinados meios sem
recursos financeiros e instrumentais para dar viabilidade a sua atuação, tais como:
folha de encaminhamento, folha de registro de atendimento chamado Boletim de
Produção Ambulatorial (BPA), folha de declaração, além de linha telefônica para dar
47

agilidade no processo de trabalho. Dessa forma, a ausência desses aparatos


compromete o desenvolvimento de sua atuação, embora no artigo 7º do capítulo II
do Código de Ética constituem como direito dos assistentes sociais: “dispor de
condições de trabalho condignas, seja em entidade pública ou privada, de forma a
garantir a qualidade do exercício profissional.” (BARROCO, 2012, p. 181)
No mundo de hoje, a burguesia é a classe dominadora em nossa sociedade de
modo que determina as formas pelas quais se realiza hoje o trabalho, no entanto por
mais que haja limites que possa apresentar no cotidiano, a prática deve estar
ancorada com o Código de Ética e o Projeto Ético-Político . Contudo:

[...] trazendo essas análises para o seio do Serviço Social e


fazendo uma articulação com a materialização do Projeto Ético-
Político (PEP) é um desafio necessário e uma reflexão
importante aos/às profissionais que estão no cotidiano da
intervenção. [...] na contradição entre ser instrumental ao
projeto burguês e se rebelar contra essa esta identidade ao se
atrelar a um projeto emancipatório de sociedade desde seu
processo de reconceituação. (COSTA, 2014, p. 368)

Sendo assim, percebe- se muitos desafios no cotidiano da intervenção, mas


esse tipo de atuação pode ocorrer, tendo por base a desumanização quando
submete que o seu sucesso profissional esteja atrelado ao reconhecimento de uma
postura egocêntrica, principalmente no que tange ao esquecimento que seu papel
está inserido enquanto mediador de conflitos entre burguesia x proletariado, afim de
minimizar as desigualdades sociais desencadeado por esse modo de produção
capitalista que envolve a exploração do trabalho, ocasionando a desarticulação entre
teoria e prática, prevalecendo o distanciamento em prol da permanência dos postos
de trabalho.
Entretanto, o profissional terá que buscar soluções para amenizar os
problemas, se apropriando das Políticas Públicas para enfrentar as múltiplas
expressões da Questão Social, no intuito de efetivar os direitos trabalhadores.
Embora, esses “direitos”, estejam sendo ameaçados pela ofensiva neoliberal, indo
em contraponto à democracia, que por sua vez não inclui decisões políticas em prol
do povo e sim das classes que possui uma ascensão social elevada.
Este cenário de distanciamento entre teoria e prática, muitas das vezes é
ocasionada pela conjuntura neoliberal, responsável pelo retrocesso de direitos,
48

precarização de trabalho, fazendo com que a atuação profissional tenha dificuldade


de viabilizar os direitos dos usuários.
Sendo assim, os motivos pelos quais leva o assistente social da saúde ter essa
concepção de teoria versus prática, implicam pelas fragilidades que a saúde pública
enfrenta por não propiciar os direitos cabíveis dos cidadãos, por isso, os mesmos
tem aquela velha concepção de que “o conhecimento é bonito, mas a realidade é
cruel.” (VASCONCELOS, 2012, p. 43). Analisando a frase da autora supracitada,
nos remete pensar a realidade social dos cidadãos brasileiros em que os mesmos
vivem dias devastadores, transtornados, cabisbaixo, desencadeado pela privação de
direitos ao acesso a saúde, sendo obrigados a madrugar nas instituições em busca
de atendimento médico, sem ter a certeza de que serão atendidos, onde muitas das
vezes retomam a seus lares sem respostas, havendo uma violação de direitos,
apesar de ser adquirido pelo Movimento da Reforma Sanitária.
49

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao finalizar este trabalho de conclusão de curso, sobre a atuação


profissional do Assistente Social na Saúde, percebem-se vários desafios para
materialização do projeto ético-político com a conjuntura neoliberal, onde os
profissionais entram nos mesmos desafios e dificuldades dos demais trabalhadores.
Em suma, verifica-se que a efetivação da materialidade do projeto ético-
político na Política de Saúde, se faz necessário com a articulação entre teoria e
prática no exercício profissional. Com isso, compreendemos que a efetividade não
se dá pelas conquistas trabalhistas e sociais e sim pelo acúmulo de conhecimento
teórico, metodológicos e éticos que consolidam o projeto da profissão.
Por outro lado, sabemos que o conhecimento é importante para
desvendar o oculto, de modo que contribui para decifrar e intervir na realidade,
porém ele se torna uma ameaça ao que detém o poder porque o capitalismo não
quer profissionais criativos e inovadores, sobretudo que transfira o conhecimento
adquirido no âmbito acadêmico para os espaços sócio-ocupacional. Dessa forma,
requer profissionais vulneráveis a manipulação, onde sua atuação esteja atrelada as
correlações de forças institucionais, colocando essa categoria a mercê do capital,
fazendo com que os profissionais se submetam a explorar, manipular os usuários
com intuito de garantir seu vínculo empregatício nos postos de trabalhos a fim de
efetivar sua sobrevivência.
Embora o Movimento de Reconceituação, contestou o tradicionalismo
profissional, percebemos nos dias atuais, que alguns profissionais desenvolvem
suas atividades sob a ótica conservadora, herdadas desde os tempos remotos do
Serviço Social.
Devido à riqueza ser coletiva e a apropriação privada alguns profissionais
se contrapõe ao projeto hegemônico do Serviço Social, mantendo aspectos
conservadores em sua atuação subordinado ao projeto burguês. No entanto
percebe-se algo paradoxal, uma vez que não podemos ser totalmente marxista, nem
tampouco engatado a esse projeto em detrimento da sociedade, podemos sim
mediar conflitos para obter uma sociedade justa e igualitária.
50

Vivemos em uma realidade cruel onde a saúde de contenção de custos,


restrição do acesso aos serviços públicos torna-se antagônicos a Reforma Sanitária.
É preciso profissionais com competência, apontando o caminho da transformação
social, fazendo com que os usuários lutem em prol de melhoria nos serviços
ofertados, sendo uma forma mais elevada da emancipação humana, prevenindo a
violação de direitos garantida na Constituição de 1988.
Por mais que haja desafio para materialização do Projeto Ético-Político nos
espaços que os Assistentes Sociais atuam, ele é importante para efetivação dessas
conquistas historicamente na vida dos usuários, sobretudo porque ele possibilita
maximizar a luta pela superação das desigualdades sociais ocasianada pelo
agravamento da questão social, tendo como instrumento mediador desses conflitos
o arcabouço teórico.
Torna-se perceptível a importância do trabalho do assistente social na
saúde, visto que desenvolvem ações que beneficie a efetivação do direito dos
usuários aos serviços de saúde pública em defesa da democracia e dos direitos
sociais articulado com outras categorias profissionais.
Ana Maria Vasconcelos (2012) menciona a importância do trabalho
profissional frente a realidade com referencial teórico, dando subsídio para uma
análise teórico-crítico da sociedade e ser profissional crítico em relação às
instituições que desrespeita com o exercício profissional, onde os profissionais
acabam ficando fatalista, por conta da instituição não disponibilizar recursos ou
meios de condições de trabalho.
51

REFERÊNCIAS

AGUIAR, Zenaide Neto. Sistema Único de Saúde: antecedentes, percurso,


perspectivas e desafios. São Paulo: Martinari, 2011.

ALBORNOZ, Suzana. O que é trabalho. São Paulo: Brasiliense, 2006

BARROCO, Maria Lucia Silva. Código de Ética do/a Assistente Social


Comentado. São Paulo: Cortez, 2012

_______ Ética e Serviço Social: fundamentos ontológicos. – 8. Ed. São Paulo:


Cortez, 2010

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.


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