Você está na página 1de 16

ENVOLVIMENTO

PARTICIPATIVO
S A B E R & E D U C A R 2 3 / 2 0 1 7 : C O N T O R N O S D A E D U C A Ç Ã O I N C L U S I VA N A P E R S P E T I VA D A L E I E D A S R E S P O S TA S E D U C AT I VA S

DE FAMÍLIAS
NO PROCESSO
DE APOIO EM
INTERVENÇÃO
PRECOCE NA
INFÂNCIA
Marisa Alexandra Maia Machado
Universidade de Aveiro

mamm@ua.pt

Paula Ângela Coelho Henriques dos Santos


Universidade de Aveiro

psantos@ua.pt

Marilyn Espe-Sherwindt
Kent State University (Estados Unidos da América)

mespeshe@kent.edu

122
Resumo Abstract
O desenvolvimento da criança ocorre no contexto do The child’s development process occurs in the context
seu envolvimento em relações significativas com “fi- of her/his involvement in meaningful relationships
guras de referência” – aquelas pessoas que, por res- with “reference persons” - those who, by responding
ponderem de forma contingente, regular e consis- in a contingent, regular and consistent manner to
tente às necessidades básicas da criança, se tornam the child’s basic needs, become “special”, unique to
“especiais”, únicas para ela; tratando-se, na maioria her/him; in most cases, they’re the child’s family,

S A B E R & E D U C A R 2 3 / 2 0 1 7 : C O N T O R N O S D A E D U C A Ç Ã O I N C L U S I VA N A P E R S P E T I VA D A L E I E D A S R E S P O S TA S E D U C AT I VA S
das situações, da família da criança. O seu envolvi- and their involvement and participation in the Early
mento e participação no processo de apoio em Inter- Childhood Intervention (ECI) process is an essential
venção Precoce na Infância (IPI) é uma componente component for its success, and a key in the path to-
essencial para o respetivo sucesso, e uma chave no wards the child’s educational and social inclusion.
percurso para a inclusão educativa e social da criança. This exploratory study, based on the framework of the
O estudo exploratório aqui apresentado, enquadran- “ECI effective help-giving practices” advocated in the
do-se no conjunto das práticas de ajuda eficaz em IPI literature, aims to obtain a better understanding of
defendidas na literatura, tem como finalidade obter (i) families’ perception about the opportunities they
uma melhor compreensão acerca (i) da perceção das are offered to participate in the process of support-
famílias sobre as oportunidades que lhes são ofere- ing their children, and (ii) about their expectations
cidas para participarem no processo de apoio às suas regarding the professional practices providing this
crianças, e (ii) as suas expetativas face às práticas dos participation.
profissionais facilitadoras dessa mesma participação. The generated data indicate that the inquired fami-
Os dados gerados indicam que as famílias inquiridas lies (represented by three mothers) experience a fam-
(representadas por três mães), experienciam uma ily centred approach that they recognize as a way for
abordagem centrada na família, que reconhecem the social and educational inclusion of their children,
como via para a inclusão social e educativa das suas and stress the importance of identifying support net-
crianças, e sublinham a importância da identificação works - formal and informal - in their lives and their
das redes de suporte – formal e informal – nas suas vi- children’s.
das e das suas crianças.
Keywords
Palavras-chave Early Childhood Intervention (ECI); Help-giving prac-
Intervenção Precoce na Infância (IPI); Práticas de aju- tices in ECI; Family centred practices; Participatory
da eficaz em IPI; Abordagem centrada na família; En- involvement; Social and Educational Inclusion.
volvimento participativo; Inclusão social e educativa.

123
1. Introdução organizada em torno do modelo de práticas de ajuda
eficaz, formulado por Dunst (2000); descreve-se a me-
todologia adotada, procede-se à apresentação e inter-
Numa abordagem centrada na família em Interven- pretação dos dados e, por último, tecem-se algumas
ção Precoce na Infância (IPI), as perceções e experiên- considerações finais.
cias das famílias são parte integrante das práticas de
IPI. Sendo as protagonistas do programa de interven-
ção, que detêm o poder de tomada de decisão, devem
ser-lhes garantidos meios, tempos, espaços..., para 2. Contextualiza-
S A B E R & E D U C A R 2 3 / 2 0 1 7 : C O N T O R N O S D A E D U C A Ç Ã O I N C L U S I VA N A P E R S P E T I VA D A L E I E D A S R E S P O S TA S E D U C AT I VA S

se pronunciarem sobre as oportunidades que lhes são


proporcionadas para exercerem a sua participação efe-
tiva no processo de intervenção, e sobre a forma como
as suas necessidades e expetativas são reconhecidas e
ção teórica
incorporadas no programa. Na verdade, a medida em 2.1. Intervenção Precoce na Infância: recurso
que os profissionais compreenderem as famílias, afe- formal para famílias e crianças
tará vivamente a qualidade das suas relações com elas A IPI, enquanto sistema de suporte a crianças de zero
e, consequentemente, a eficácia do seu apoio (Carva- a seis anos, com deficiência e/ou em risco de atraso
lho et al., 2016). Assim, identificar as necessidades e de desenvolvimento (McWilliam, 2010), e às suas fa-
expetativas que caracterizam as famílias pode permi- mílias, compreende as experiências e oportunidades
tir reunir informações que vão contribuir para mais diárias, mediadas pelos pais e outros prestadores de
ajustadas práticas de ajuda eficaz, e para o fomento cuidados principais, no contexto de atividades signifi-
de “encontros” satisfatórios entre as famílias e os pro- cativas nos ambientes naturais da criança, proporcio-
fissionais de IPI. nando-lhe a aquisição e prática de competências ajus-
Através deste estudo exploratório, enquadrado na con- tadas às interações das crianças com as suas “pessoas
ceção de “práticas de ajuda eficaz” em IPI (Simeons- de referência” (com quem partilham uma relação sig-
son, 1996, citado por Carvalho et al., 2016, p.103), e nificativa) (Dunst, Rabb, Trivette, & Swanson, 2012).
no enfoque do envolvimento participativo das famí- Através da concretização de uma abordagem centra-
lias no processo de intervenção, pretende-se alcançar da na família (Dunst, 2002; Espe-Sherwindt, 2008) e
uma melhor compreensão das perceções das famílias baseada nas rotinas (McWilliam, 2010), em contextos
acerca (i) das oportunidades, tempos e espaços propor- naturais de aprendizagem, a IPI pretende contribuir
cionados para a sua participação efetiva, e (ii) das suas para o fortalecimento do funcionamento familiar e o
expetativas quanto às práticas participativas desem- desenvolvimento das crianças. Por isso, a abordagem
penhadas pelos profissionais de IPI (promovendo a centrada na família, transdisciplinar e inclusiva,
participação das famílias no processo de intervenção). constitui o eixo principal das práticas recomendadas a
A abordagem centrada na família é um dos eixos prin- nível internacional e em Portugal para a IPI.
cipais das práticas recomendadas a nível internacio- Neste sentido, a intervenção centrada na família ca-
nal e em Portugal para a IPI, constituindo a dimensão racteriza-se por práticas que envolvem: um tratamen-
participativa a componente mais diferenciadora deste to das famílias com dignidade e respeito, enfatizando
modelo, e a capacitação dos intervenientes, uma ca- as suas competências e forças; a compartilha de infor-
racterística nuclear. Assim, uma vez que as práticas mações relevantes à tomada de decisões esclarecida,
centradas na família constituem um caso especial de pela família; o fomento de oportunidades de escolha
práticas de prestação de ajuda que enfatiza o envolvi- sobre os recursos identificados pela família como ne-
mento participativo da família em todo o processio de cessários; e o desenvolvimento de uma relação de co-
intervenção, desde as tomadas de decisão, à planifica- laboração e parceria – evoluindo para uma relação de
ção e à concretização das estratégias projetadas, orga- confiança, caraterizada por empatia, autenticidade e
nizámos o estudo em torno do quadro teórico proposto apreço incondicional (Rogers, 1983) entre a família e
por Dunst (2000), e assumindo uma orientação eco- o profissional de IPI (Dunst, Trivette, & Hamby, 2007;
lógica/inclusiva, segundo o postulado por Bronfen- Espe-Sherwindt, 2008).
brenner (1979). O presente artigo propõe considerar-se Os serviços em IPI desenvolvem-se ao longo de um ci-
esta “simbiose”, que resulta de uma abordagem inclu- clo de “encontros” entre a família e o profissional, em
siva e centrada na família da criança apoiada em IPI, que cada “encontro” deverá constituir-se como uma

124
oportunidade de confirmação para as famílias, quan- vida da criança através do trabalho que realiza, essen-
to à forma como as suas preocupações, necessidades e cialmente, com as famílias, através do respetivo en-
expetativas estão a ser reconhecidas, transformando- volvimento e participação (McWilliam, 2010; Moore,
-se assim num “encontro completo” (por oposição ao 2012). Assim, a relação de colaboração entre a família
conceito de “encontro incompleto”, que ocorre quando e o profissional é uma pedra angular para o fomen-
não há conexão entre as expetativas, necessidades e to da inclusão (Wettlaufer, Herb, Zeiders, & Morris,
desejos das famílias, e o reconhecimento e esforços 2013), e a participação das famílias, uma dimensão
dos profissionais) (Carvalho et al., 2016). No “ciclo de nuclear no processo de apoio em IPI.
intervenção” formulado por Simeonsson et al. (1996,

S A B E R & E D U C A R 2 3 / 2 0 1 7 : C O N T O R N O S D A E D U C A Ç Ã O I N C L U S I VA N A P E R S P E T I VA D A L E I E D A S R E S P O S TA S E D U C AT I VA S
citado por Carvalho et al., 2016, p. 101), estes “encon- 2.3. Práticas de ajuda eficaz em IPI
tros” ocorrem ao longo de uma sequência de etapas, As práticas de ajuda eficaz em IPI compreendem três
designadamente: referenciação, primeiros contactos, dimensões: relacional, participativa e qualidade
avaliação em IPI, desenvolvimento do Plano Indivi- técnica. A dimensão relacional (que inclui práticas
dual de Intervenção Precoce (PIIP), implementação e associadas à escuta ativa, empatia, compreensão e
monitorização, avaliação dos resultados e da satisfa- respeito) (Dunst et al., 2000; Dunst et al., 2007; Es-
ção das famílias, e transição para outros serviços. Um pe-Sherwindt, 2008), e a qualidade técnica (resultado
ciclo de intervenção repleto de “encontros completos” da formação e experiência profissional, incluindo o
resultará num sentimento de realização, capacitação conhecimento, a especialização e as competências do
e empowerment da família, a finalidade mais relevante profissional) (Carvalho et al., 2016; Dunst, 2000) já
para alcançar o fim último da IPI, que é o bem-estar e eram reconhecidas como componentes importantes
desenvolvimento da criança. no processo de prestação de ajuda eficaz em IPI (Carva-
Esta abordagem fomenta a inclusão das crianças com lho et al., 2016). No entanto, a investigação realizada
deficiência e/ou em risco de atraso de desenvolvimen- por Dunst e seus colaboradores apontou a existência
to, pois reconhece que o seu bem-estar e desenvolvi- de uma terceira componente – o envolvimento parti-
mento pode e deve ser promovido através de experiên- cipativo – que, quando colocado em prática em arti-
cias de vida nos seus contextos naturais, em equidade culação com as outras duas componentes, resulta em
de condições e direitos com os seus pares, vivendo na influências cumulativas, com efeitos significativos ao
mesma comunidade (Carvalho et al., 2016). nível da capacitação e empowerment das famílias. A Fi-
gura 1 representa graficamente a relação entre as três
2.2. Inclusão e IPI componentes, cuja composição corresponde ao “triân-
A concretização da inclusão social da criança presume gulo das práticas de ajuda eficaz” (Dunst et al., 2000).
um processo contínuo, centrando-se progressivamen-
Figura 1 - Práticas de ajuda eficaz em IPI (adaptado de Dunst,
te na pessoa/família, conforme Pimentel, Beltrão e
2000)
Santos (2012). De acordo com as autoras, uma aborda-
gem inclusiva privilegia a participação, considerando-
-se que esta depende, quer de características pessoais,
quer de fatores contextuais, implicando o empowerment
dos elementos das famílias. Numa relação de parceria
/ confiança entre família e profissionais, envolvendo
partilha de informação e aprendizagens conjuntas, e
o fomento do empowerment – desvendando o poder que
as famílias possuem – as famílias tornar-se-ão capa-
zes de gerir o processo de inclusão das suas crianças O envolvimento participativo compreende práticas
(Carvalho et al., 2016; Pimentel et al., 2012). que possibilitam às famílias: (i) oportunidades para
Segundo Gronita (2012, p. 87), a “simbiose decorrente analisar opções de intervenção, benefícios e limi-
da dialética entre IPI e inclusão” reflete-se, assim, “na tações das suas escolhas; (ii) a disponibilização de
impossibilidade de implementar a primeira sem prá- informações para a tomada de decisão; (iii) envolvi-
ticas inclusivas, e de a segunda não poder existir sem mento numa relação de colaboração com o profissio-
aumentar os níveis de participação social das crianças nal/a equipa de IPI; (iv) o seu envolvimento ativo na
e de participação e corresponsabilização das famílias”. implementação e realização das opções tomadas, e
Por isso, o profissional de IPI pode fazer a diferença na na relação de ajuda (Dunst, 2000). Ao acrescentar a

125
componente das práticas participativas à equação da
prestação de ajuda eficaz em IPI, enfatiza-se o envol-
vimento participativo da família na concretização do
3. Metodologia
programa de intervenção (Carvaho et al., 2016), atual- Assumindo o protagonismo da família na promoção
mente designado por “Plano Individualizado de Inter- do desenvolvimento da criança, e no enquadramen-
venção Precoce” (PIIP), (DL 281/2009). to da abordagem recomendada em IPI, importa com-
A IPI organiza-se, ainda, em torno de dois outros ei- preender as perceções das famílias sobre as suas opor-
xos, para além da intervenção nos contextos naturais tunidades de participação no processo de apoio em IPI,
da criança, e da abordagem centrada na família: (i) bem como conhecer as suas necessidades e expetati-
S A B E R & E D U C A R 2 3 / 2 0 1 7 : C O N T O R N O S D A E D U C A Ç Ã O I N C L U S I VA N A P E R S P E T I VA D A L E I E D A S R E S P O S TA S E D U C AT I VA S

é concretizada por uma equipa transdisciplinar, em vas face ao apoio em IPI, objetivando contribuir para o
que estão presentes profissionais das disciplinas que desenho de intervenções de ajuda eficaz, no contexto
a investigação aponta como pertinentes nas vidas das de encontros completos entre famílias e o profissional
crianças elegíveis para IPI e suas famílias (Educação, de IPI. Assim, formularam-se as seguintes questões
Saúde, Psicologia e Serviço Social); estes profissionais norteadoras do estudo:
partilham saberes, dúvidas, formas de trabalhar, su- I. Quais são as perceções das famílias acerca do seu en-
cessos e insucessos, numa construção que os trans- volvimento participativo no processo de apoio em IPI?
forma, de um somatório de pessoas, numa equipa II. Quais são as expetativas das famílias face ao apoio
transdisciplinar, em que um dos seus elementos – o em IPI, incluindo o modo como perspetivam a sua pró-
mediador de caso – assume junto das famílias que pria participação no processo de IPI?
lhe são atribuídas, a intervenção que é objeto da re- No sentido de operacionalizar as questões acima ex-
flexividade / autoavaliação contínua da equipa (sendo pressas, equacionaram-se objetivos de estudo, abaixo
que todos e cada um dos profissionais assume o papel expressos.
de mediador de caso junto de várias famílias); deste 1. Conhecer as perceções das famílias sobre o seu en-
modo, numa relação presencial de um-para-um, po- volvimento participativo no processo de apoio em IPI,
tencia-se o desenvolvimento de uma relação de con- i.e., sobre os espaços/oportunidades para a sua parti-
fiança (Rogers, 1983) entre a família e o profissional/ cipação;
mediador; e (ii) desenvolve-se numa lógica de coorde- 2. Identificar as perceções das famílias sobre a medida
nação e articulação dos serviços da comunidade, ob- em que os seus desejos, necessidades e expetativas, re-
jetivando o respeito pela privacidade e qualidade de levantes para o desenvolvimento da criança, são con-
vida da família (evitando a sobreposição de serviços e siderados (pelos profissionais) no processo de IPI.
a “invasão” da vida da família pelas diversas interven-
ções), a rentabilização de recursos e a otimização da 3.1. Opções metodológicas
intervenção (Carvalho et al., 2016). A partir dos enunciados das famílias, procurámos
compreender como perspetivavam o seu envolvimen-
to participativo no âmbito das práticas de ajuda efi-
caz, em IPI, de que eram destinatárias, em Portugal,
enveredando pelo paradigma interpretativo (Cohen,
Manion, & Morrison, 2005). Com vista à compreensão
dos significados atribuídos às práticas participativas
em IPI, deixámo-nos conduzir por uma natureza de
estudo qualitativa (Coutinho, 2015), constituindo o
presente estudo exploratório, um prelúdio para uma
investigação subsequente (Yin, 2015), que se projeta
ser mais aprofundada.
Assim, nesta primeira fase, o estudo incluiu apenas
três famílias, que se encontravam a receber apoio no
âmbito do Sistema Nacional de Intervenção Precoce
na Infância (SNIPI) (DL 281/2009), pelo mesmo profis-
sional, na Região Centro de Portugal.
Para a recolha de dados das famílias, recorreu-se à en-
trevista semiestruturada, numa situação de contacto

126
direto, por ser um instrumento apropriado para ace-
der e compreender as suas perspetivas, em profundi-
dade (Coutinho, 2015).
4. Apresentação
3.2. Procedimentos de investigação
Foi construído um guião composto por: (i) a caracte-
e interpretação
rização pessoal e profissional dos elementos do agre-
gado familiar; e (ii) os blocos relativos aos “encontros”
vivenciados entre a família e o profissional de IPI, ao
dos dados

S A B E R & E D U C A R 2 3 / 2 0 1 7 : C O N T O R N O S D A E D U C A Ç Ã O I N C L U S I VA N A P E R S P E T I VA D A L E I E D A S R E S P O S TA S E D U C AT I VA S
longo das várias fases do ciclo de intervenção, tendo 4.1. Caracterização pessoal e profissional do
por base Simeonsson et al. (1996, citado por Carvalho agregado familiar e dos respetivos serviços de IPI
et al., 2016). recebidos pelas famílias
Foram realizados os procedimentos para a obtenção de Das famílias abordadas, somente as mães declararam
consentimento informado, estabelecendo-se contacto disponibilidade para participar no estudo, pelo que
direto com três famílias, que se disponibilizaram de são as suas narrativas que aqui se encontram espelha-
imediato para participar na investigação, salvaguar- das.
dando a garantia do seu anonimato, pelo que os no- Os dados gerados mostraram que todas as mães se
mes das crianças referidas são fictícios. encontravam desempregadas, conforme se verifi-
A análise de conteúdo a que foram submetidos os da- ca no Quadro 1, sugerindo que, sendo as cuidadoras
dos, foi selecionada por permitir formular inferências principais, são provavelmente o elemento da família
interpretativas sobre o envolvimento participativo das que dedica mais tempo a atender as necessidades das
famílias no processo de IPI, e foi aplicada seguindo os crianças.
princípios e procedimentos mencionados por Amado Acerca da sua situação profissional atual, a mãe da
(2013) e Bardin (2013). Carolina disse:
Considerando o quadro teórico em que se situam as Tenho de ter em conta que não posso ir trabalhar muito longe, por-
práticas de ajuda eficaz em IPI (Dunst, 2000), com en- que… sou responsável (…) por ela, sou eu que a levo à creche, sou eu
foque no envolvimento participativo, e as questões de que a visto, sou eu… e não posso também (…) trabalhar de noite.
investigação do presente estudo, através da análise de As causas prováveis para esta situação serão, para
conteúdo foram extraídas três categorias: (i) envolvi- além da necessidade de dedicar mais tempo a respon-
mento participativo de famílias; (ii) necessidades re- der às necessidades especiais das crianças, no contex-
lacionadas com o desenvolvimento da criança; e (iii) to das rotinas diárias, a falta de flexibilidade dos seus
expetativas de famílias quanto às práticas participati- empregadores, e a necessidade de frequentar serviços
vas, conforme anexo. diferenciados (consultas, terapias, entre outros).
Outra inferência que podemos formular, confirmada
na literatura (Mas, Gin’e, & McWilliam, 2016), é que
a situação de deficiência da criança, exigindo cuida-
dos especiais, tem muitas vezes impacto sobre a vida
profissional das mães, que deixam de exercer uma
profissão fora do lar, para dedicarem todo o seu tem-
po aos cuidados a prestar à criança com necessidades
especiais.
Por conseguinte, a situação profissional das mães
deve ser tida em atenção, não só por eventuais conse-
quências ao nível da economia da família, mas prin-
cipalmente porque esta situação pode influenciar ne-
gativamente o seu bem-estar (e, consequentemente,
o de toda a família, incluindo a criança). Isto é visível
na expressão da mãe da Carolina: “Deixei um bocado
o mundo para trás, o meu mundo…”. Sendo uma das

127
cuidadoras primárias da criança, esta mãe precisa de se sentir bem para conseguir contribuir de forma otimi-
zada para o seu desenvolvimento.

Quadro 1 – Caracterização pessoal e profissional do agregado familiar da criança

Rodrigo Carolina David


Agregado familiar Mãe, pai e criança Mãe, pai e criança Mãe, pai e criança
Idade (anos): Criança / Mãe
4 / n.r. / n.r. 2 / n.r. / n.r. 1 / 36 / 42
/ Pai
Portuguesa / Portuguesa / Portuguesa /
Nacionalidade: Criança / Mãe
Portuguesa / Portuguesa / Venezuelana /
/ Pai
S A B E R & E D U C A R 2 3 / 2 0 1 7 : C O N T O R N O S D A E D U C A Ç Ã O I N C L U S I VA N A P E R S P E T I VA D A L E I E D A S R E S P O S TA S E D U C AT I VA S

Portuguesa Moçambicana Portuguesa


Habilitações: Mãe / Pai Licenciatura / 12º ano Licenciatura / n.r. Licenciatura / 9º ano
Educadora de infância / Administrativa / Engenheira biológica /
Profissão: Mãe / Pai
Estivador Fresador Cozinheiro
Situação profissional: Mãe / Desempregada / Desempregada / Desempregada /
Pai Empregado Empregado Empregado
n.r. - não referenciado

Todas as famílias entrevistadas tinham como mediadora de caso, a Psicóloga da equipa de IPI, recebendo tam-
bém, no caso do Rodrigo, a intervenção da Terapeuta de Fala, e no caso da Carolina, da Assistente Social, ambas
da equipa, conforme expresso no Quadro 2.
As famílias da Carolina e do David estavam a receber o apoio em casa e na creche que as crianças frequentavam;
no caso da família do Rodrigo o apoio estava a ser concretizado no domicílio; contudo, aguardava-se autoriza-
ção para ser também prestado no jardim de infância frequentado pela criança. Todas as famílias estavam a ser
apoiadas semanalmente, em sessões com a duração de duas horas no domicílio e uma hora na creche, nos casos
da Carolina e do David. A família do David era a que tinha iniciado o apoio mais recentemente.

Quadro 2 - Dados sobre os serviços de IPI

Rodrigo Carolina David


1º - Terapia da fala 1º - Assistência social
Área dos serviços Psicologia
2º - Psicologia 2º - Psicologia
Contexto Domicílio Domicílio e creche Domicílio e creche
Frequência Semanal Semanal Semanal
Duração (horas) 2 2 no domicílio e 1 na creche 1
Tempo a receber apoio
24 20 3
(meses)

4.2. Envolvimento participativo de famílias apoiadas em IPI


A partir da categoria “envolvimento participativo”, emergiram seis subcategorias: (i) colaboração; (ii) partilha
de informação e/ou recursos; (iii) identificação de necessidades/objetivos, preocupações, pontos fortes; (iv) ca-
pacitação; (v) responsividade; (vi) flexibilidade e individualização da intervenção.

(i) Quanto à colaboração:


As narrativas de todas as mães expuseram indicadores das suas perceções sobre o papel (ativo) que desempenha-
vam no apoio de IPI, verificando-se a sua efetiva participação, numa relação de colaboração, através das opor-
tunidades que lhes foram proporcionadas, as quais constituíram indicadores, designadamente, em relação a:
trabalho em parceria; avaliação da criança e de objetivos; elaboração do PIIP; outras atividades/situações.
As mães do Rodrigo e da Carolina revelaram que realizavam um trabalho “em conjunto” com a profissional de IPI.
A participação na observação do comportamento da criança nas suas rotinas diárias e na identificação das suas
competências – dado essencial para se avaliar da participação da família na elaboração e desenvolvimento do
PIIP - foram expressas pela mãe do Rodrigo, quando disse: “fomos avaliando nós mesmos o nosso filhote”.
A mesma mãe referiu que “na visita, normalmente avaliamos o que é que daquilo que elencámos anteriormen-
te já foi adquirido, não está adquirido, correspondeu ou não correspondeu às expetativas da família...”. Esta
participação evidente na revisão de objetivos (em cuja definição também participaram), revela o papel ativo da

128
família na implementação e monitorização da inter- dos estudos de Coogle, Guerette e Hanline (2013), e Ga-
venção, bem como que os objetivos presentes no PIIP vidia-Payne, Meddis e Mahar (2015).
se basearam nas prioridades da família, o que sugere Embora a narrativa da mãe do David não tenha revela-
a implementação de uma abordagem centrada na fa- do indícios sobre o trabalho em colaboração, essa au-
mília. sência pode dever-se ao facto de estar no inicio da in-
As mães da Carolina e do David colaboraram na elabo- tervenção e, portanto, no início da construção de uma
ração do PIIP, o que ficou claro quando a mãe da Ca- relação de confiança com a profissional de IPI.
rolina explicitou que “nós fazemos um plano… para, A análise dos dados reflete o envolvimento das famí-
por exemplo, a Carolina começar a andar… o que nós lias na avaliação da criança e dos objetivos traçados;

S A B E R & E D U C A R 2 3 / 2 0 1 7 : C O N T O R N O S D A E D U C A Ç Ã O I N C L U S I VA N A P E R S P E T I VA D A L E I E D A S R E S P O S TA S E D U C AT I VA S
utilizamos, um livro, uma história, um triciclo...”. na elaboração do PIIP e em situações específicas, como
Esta parceria entre a família e a profissional de IPI é a alimentação da criança na creche, o que sugere o em-
o que vai dar sentido ao PIIP. A evidência da narrati- powerment da família, visto que têm sido proporciona-
va desta mãe sugere que é dada a possibilidade às fa- das oportunidades às famílias de darem a sua opinião,
mílias de expressarem as suas opiniões, bem como de bem como de tomarem decisões sobre a sua criança e
orientarem uma intervenção apropriada às necessida- de avaliarem os objetivos definidos, o que parece de-
des das suas crianças. monstrar que estão a assumir um papel ativo, tam-
A mãe da Carolina referiu que se encontravam a “ela- bém no contexto formal que a criança frequenta.
borar um plano novo, também para a Carolina”. Esta
narrativa apresenta o PIIP como um documento fle- (ii) Partilha de informação e/ou recursos
xível, capaz de facilmente se adaptar às mudanças e A mãe da Carolina referiu, acerca da partilha de infor-
necessidades das crianças e suas famílias. mações, que abordam “tudo o que envolva a criança,
Além de se constatar que a mãe do David e a profis- desenvolvimento da criança, ao nível da creche, ao
sional se encontram a elaborar o PIIP, a mesma mãe nível da família, ao nível de doenças...”. A sua narra-
também referiu que: tiva, bem como a da mãe do Rodrigo, expõe a partilha
Entretanto, tem havido algumas reuniões com a educadora do in- de recursos, designadamente, livros e artigos. Neste
fantário, está-se a tentar que as refeições funcionem, quer em casa contexto, a mãe do Rodrigou explanou que a profissio-
quer na escola, mais ou menos no mesmo sentido para não haver nal de IPI “recomendou um livro que nos emprestou
depois discrepâncias entre a forma como se atua em casa e a forma para ler e que basicamente nos dava pistas sobre que
como se atua no contexto escolar. tipo de dificuldades ele teria”. Por sua vez, a mãe da
Esta colaboração evidente com os profissionais dos Carolina disse que “me trouxeram alguns artigos para
contextos de educação que a criança frequenta, é fun- eu ler”.
damental, uma vez que a creche é um espaço onde o Além de sugerirem uma parceria efetiva entre a fa-
David passa uma parte importante do seu tempo; os mília e a profissional de IPI (dimensão das práticas
profissionais de educação desempenham assim um participativas), estes dados mostram a profissional a
papel crucial no fomento de oportunidades de apren- oferecer apoio informativo às famílias (dimensão da
dizagem da criança, podendo “fazer a diferença” no qualidade técnica), revelando ainda que se encontra-
seu desenvolvimento. va atenta às necessidades das mesmas (dimensão das
Relativamente às refeições do Rodrigo, dado que “ele co- práticas relacionais).
mia muito mal”, como relatou a sua mãe, para além de Os desafios específicos das famílias e a relação com
já ter feito com a profissional “uma lista dos alimentos as sugestões que vão recebendo no apoio de IPI, por
que ele não gosta e dos que ele gosta”, ainda acrescentou forma a ultrapassá-los, são evidentes, e encontram-
informação, ou seja, “o que ele come… dado à boca”, por -se em consonância com os resultados dos estudos de
achar “importante dividir em três” pedacinhos, facili- Thompson e Bruns (2013) e Ziviani, Darlington, Fee-
tando a mastigação e deglutição da criança. ney, Rodger e Watter (2014).
Este dado parece sugerir que a profissional apoiou a fa-
mília, facilitando que se sentisse competente e confian- (iii) Identificação de necessidades, preocupações e
te, através do seu envolvimento decisivo nas rotinas diá- pontos fortes
rias da criança, mesmo no contexto formal de educação. É possível verificar que a profissional de IPI recolheu
Os dados sugerem que, de um modo geral, no apoio informações nos contactos iniciais com as famílias,
em IPI, foram proporcionadas oportunidades de par- como se pode ver no relato da mãe do Rodrigo, quando
ticipação das famílias, o que corrobora os resultados refere que “fizeram perguntas sobre o que é que nos

129
preocupava, para o que é que vínhamos, quais eram tiva que os profissionais exercem quando fornecem
as nossas necessidades”, a qual também aludiu a que, sugestões e promovem um sentimento de confiança e
embora se tenha notado que “a nossa necessidade era competência nas famílias, em relação ao desenvolvi-
de uma resposta de outra área, ela [a profissional de mento da criança.
IPI] encontrou meio de a Psicóloga vir e falar connosco Estes dados sugerem que as famílias, na situação em
em relação a esse assunto especifico”. A mesma mãe que se encontram, além de precisarem de informação,
reforçou ainda que “somos nós que enumeramos as também parecem necessitar de ajuda para conciliar
preocupações”, como também evidenciou que as suas informações de diversas fontes, ou opiniões contradi-
preocupações são consideradas no desenvolvimento tórias entre si.
S A B E R & E D U C A R 2 3 / 2 0 1 7 : C O N T O R N O S D A E D U C A Ç Ã O I N C L U S I VA N A P E R S P E T I VA D A L E I E D A S R E S P O S TA S E D U C AT I VA S

do PIIP, pois narrou que “quando nós temos algumas A mãe do Rodrigo evidenciou a importância da capa-
preocupações especificas, nós enquadramo-las nesse citação quando referiu que ela e a profissional de IPI
plano”. estavam a:
Ainda neste contexto, a mãe do David declarou que a tentar encontrar uma resposta mais equilibrada e que responda
profissional de IPI fez “questão de perguntar quais são melhor às necessidades dele. Isso é que é importante para nós, é
as nossas preocupações com ele [o David]”. alguém que nos acompanhe, que o acompanhe a ele, não é numa
Por sua vez, a mãe do Rodrigo indicou que identifica- hora por semana ou duas que fará toda a diferença, mas aquilo que
ram “quais eram os pontos fortes [do Rodrigo]”. ela [a profissional] numa hora ou duas pode dizer-nos a nós, pais, e
As narrativas de todas as mães evidenciam que a iden- que pode nos ajudar a descobrir nesse tempo ou a encaminhar-nos,
tificação das prioridades e preocupações, bem como nós podemos fazer durante a semana, mês, anos, com ele e isso é
dos pontos fortes, espelhou-se em vários momentos que vai fazer a diferença.
do apoio. Esta identificação sugere que a profissional Esta mãe expressa assim, tão claramente, porque é
procurava conhecer e compreender as famílias através que a capacitação com vista à autonomia da família é
das informações que reunia e usava para conduzir a um objetivo fulcral da intervenção em IPI.
intervenções individualizadas, tal como se requerem As mães da Carolina e do David abordaram a impor-
em IPI. tância do desenvolvimento de competências através
Na narrativa de uma das mães, constatou-se que a do apoio em IPI. A mãe da Carolina mencionou que “[a
profissional responsável pelo apoio se encontrava em profissional de IPI] ajudou a andar, entretanto incen-
estreita articulação com o apoio de retaguarda dos res- tivou muito a Carolina a ter curiosidade pelos livros,
tantes profissionais da equipa, evidenciando o funcio- pela pintura, pelo desenho, para ela pegar na caneta,
namento transdisciplinar da equipa de IPI. agora, também, na fala, tentamos conciliar algumas
situações para ver se ela desenvolve”. Acrescentando,
(iv) Capacitação ainda, que ela e a profissional de IPI tiveram “um tru-
As mães do Rodrigo e da Carolina abordaram o aconse- que também para ela [a Carolina] dormir… era muito
lhamento e as orientações que receberam, com vista à complicado, mas… conseguimos resolver a situação e
capacitação da família e da criança. Principalmente a foi uma grande ajuda”.
mãe do Rodrigo, que apresentou uma maior incidên- No que concerne ao trabalho que é desenvolvido na
cia nestes dados, como é possível verificar nos seus creche com o David, pela profissional de IPI, a mãe do
relatos: “o que tentamos agora fazer para a Carolina David transfere-o para as rotinas diárias efetuadas no
começar a falar, é contar-lhe uma história, são peque- domicílio, dado que referiu “eu ponho em prática em
nas dicas que me vão dando e que eu vou tentando fa- casa”. Esta evidência sugere a existência de articula-
zer”; “tenho sempre tido um aconselhamento e faço ção no apoio dado nos diferentes contextos naturais
sempre que possível”. da criança.
A mãe da Carolina, quando referiu que “por vezes, só
o facto de uma pessoa ter opinião... outro médico já (v) Responsividade
tem outra opinião e nós ficamos muito baralhados, os Todas as mães indicaram que a profissional de IPI es-
pais e a família... e eu comentava isto com a [a profis- clareceu as suas dúvidas e teve a capacidade de respon-
sional de] intervenção precoce, [que dizia] «faz bem, der às suas perguntas. A mãe do Rodrigo disse: “bom-
experimente, faça!», porque nos dava aquela ajuda, bardeávamo-la com perguntas, até escrevíamos as
aquela força para nós fazermos, porque depois nós perguntas para depois quando ela chegava perguntar-
também temos medo de falhar, que é o grande peca- mos”; “sucedeu ter uma dúvida e mandar uma men-
do”. Estes relatos evidenciam a influência significa- sagem: aconteceu isto, o que é que vou fazer?”. A mãe

130
da Carolina aludiu a que “perguntava sempre o que (i) Informação
é que podia fazer”. Enquanto a mãe do David relatou As mães do Rodrigo e do David evidenciaram neces-
que procedia ao “esclarecimento das minhas dúvidas”, sidades de informação. A mãe do Rodrigo referiu que
a par de já ter confrontado mais do que um profissio- as suas “principais necessidades relacionadas com ele
nal, a fim de perceber se a resposta que davam era con- são basicamente as questões de comunicação”, preci-
gruente: “questiono o pessoal do SNIPI e a terapeuta sando, assim, de informação sobre o desenvolvimento
ocupacional sobre um determinado assunto que me da criança. Por outro lado, a mãe do David narrou que
preocupa relativamente ao David, para perceber se as necessitava de informação sobre a gestão de compor-
respostas vão no mesmo sentido, e tem havido algum tamentos, pois segundo a mesma, “gerir comporta-

S A B E R & E D U C A R 2 3 / 2 0 1 7 : C O N T O R N O S D A E D U C A Ç Ã O I N C L U S I VA N A P E R S P E T I VA D A L E I E D A S R E S P O S TA S E D U C AT I VA S
equilíbrio nessas respostas”. mentos também, às vezes, é preciso”.
Dado que todas as mães abordaram positivamente a ca- Constatou-se que as mães do Rodrigo e da Carolina ex-
pacidade de resposta da profissional de IPI, a sua valori- puseram a necessidade de informação para a sua capa-
zação sugere que a responsividade é essencial no desem- citação na promoção do desenvolvimento da criança,
penho profissional, no sentido de esclarecer dúvidas e no sentido de saber o que fazer de forma a contribuir
transmitir confiança ao longo de um processo de apoio para esse processo. A mãe do Rodrigo referiu:
que se requer dinâmico, pois, como exposto pela mãe do A coisa que um pai mais quer saber, é: o que é que eu tenho de fazer
Rodrigo, a família vai “tendo sempre questões”. para mudar isto, primeiro; depois, o que é que eu preciso de fazer
para que ele a seguir faça outra coisa qualquer. Assim como, o que
(vi) Flexibilidade e individualização da intervenção nós pretendemos conseguir é capacitar ao máximo o nosso filho,
Constatou-se que a intervenção recebida pelas mães nestas áreas em que tem mais dificuldade.
do Rodrigo e da Carolina foi sentida como específica A mesma mãe também salientou a vontade de apren-
para as necessidades das suas crianças, e prestada de der, referindo que “nós precisamos é de alguém que
forma flexível. Esta última característica foi evidente nos vá ensinando as formas de que vamos tirando
na narrativa da mãe da Carolina, quando expressou maior partido das capacidades do nosso filho, que tem
“nada de muita rigidez” quanto ao apoio. A diferen- muitas, e que o possa ajudar a ser uma criança mais
ciação de estratégias foi patente no relato da mãe do feliz”.
Rodrigo, quando referiu que a profissional de IPI “co- A mãe da Carolina indicou que necessita de saber
meçou a adotar um sistema diferente: “todas as sema- como mudar algumas rotinas da sua filha, bem como
nas trazia algum jogo novo, algum brinquedo… con- os seus horários, de modo a permitir uma maior parti-
seguia chegar a ele [Rodrigo] muito mais facilmente cipação da família, incluindo a criança. Em algumas
com este fator surpresa, que para ele é imprescindí- atividades comunitárias:
vel”. A mesma mãe abordou a elaboração de materiais Não coincidem muito bem com o horário, talvez porque a minha
individualizados pela profissional de IPI, quando disse filha está ainda com muitas rotinas e isso é bom por um lado, mas é
que “para fazerem um jogo com as fotos dele [Rodrigo] mau para nós, por outro. E isso é uma situação que ainda não con-
mesmo, para ele falar dele… materiais… são criados segui lidar muito bem… também podemos ter ajuda nisso, porque
propositadamente para o nosso filho”. temos de contornar essas situações.
Estes resultados sugerem que as práticas de IPI estão a A análise das necessidades em relação ao desenvol-
ir ao encontro das necessidades únicas de cada família vimento da criança, pelas mães participantes, expõe
e da sua criança. uma maior incidência nas necessidades de informa-
Os relatos das mães acerca do fomento do seu envol- ção e de redes de suporte, em consonância com os re-
vimento participativo no processo de apoio, parece re- sultados dos estudos de Hodgetts, Zwaigenbaum e Ni-
fletir a implementação das práticas de ajuda eficaz, cholas (2015), e Russa, Matthew e Owen-DeSchryver
com enfoque numa abordagem centrada na família, (2015).
em congruência com os resultados do estudo de For- A acentuada necessidade de informação leva a inferir
dham, Gibson e Bowes (2011). que, o facto de se tratar de crianças com deficiência e/
ou em risco de desenvolvimento, pode fazer com que,
4.3. Necessidades de famílias apoiadas em IPI, por diversas vezes, a família não se sinta segura sobre
relacionadas com o desenvolvimento da criança o que é melhor para a sua criança. E, por isso, precise
As necessidades foram identificadas com base nas de informações para saber o que fazer, como fazer, que
narrativas das mães e, assim, conduziram a duas sub- caminho tomar.
categorias: (i) informação, e (ii) redes de suporte.

131
(ii) Redes de suporte dade parece ter sido exposta devido ao receio de uma
Todas as mães apontaram as redes de suporte como eventual exclusão das suas crianças nos contextos for-
necessidades. Quanto ao apoio formal, as mães do Ro- mais de educação. Daí a necessidade expressa pelas
drigo e do David salientaram a frequência do apoio de mães entrevistadas, de que a profissional de IPI con-
IPI nos seus relatos, ou seja, a mãe do Rodrigo referiu tribua, nesses contextos, para a sensibilização, para
que “outra hora ou outras horas de terapia da fala, é o a criação de oportunidades e para a reunião das condi-
que nós achávamos que fazia falta mais”; e acrescen- ções necessárias para que a criança participe em todas
tou que “ainda melhor, melhor, seria terapia da fala as atividades, com os seus pares.
logo na escola”. Por sua vez, a mãe do David indicou Por conseguinte, os resultados refletem a necessidade
S A B E R & E D U C A R 2 3 / 2 0 1 7 : C O N T O R N O S D A E D U C A Ç Ã O I N C L U S I VA N A P E R S P E T I VA D A L E I E D A S R E S P O S TA S E D U C AT I VA S

que “com este tipo de crianças, o acompanhamento de inclusão das crianças nas atividades em contextos
tem de ser mais frequente... e acho que a frequência é formais educativos, pois estes espaços, por contarem
importante, e um dia por semana acaba por ser muito com outras crianças, podem proporcionar experiên-
pouco”. cias promotoras de aprendizagens relevantes para
Duas mães evidenciaram nas suas narrativas, a ne- todo o desenvolvimento, salientando-se o domínio da
cessidade de ajuda relativamente à creche/jardim de socialização e da comunicação.
infância. A mãe do Rodrigo mencionou: Ao nível da inclusão da criança na vida comunitária,
Precisamos de ajuda com a escola sempre, às vezes sentimos as es- os dados parecem indicar que as crianças podem não
colas, um lugar que os pais não entram, não passam da porta. E estar a usufruir plenamente de serviços e/ou progra-
os profissionais de intervenção precoce passam, o que significa que mas locais que poderiam ser pertinentes para o seu
mais facilmente chegam aos educadores, aos professores de ensino bem-estar e desenvolvimento. Por conseguinte, as
especial, por aí fora. famílias devem ser apoiadas para aumentar o seu en-
A mesma mãe reforçou, ainda, que “se nós pudésse- volvimento em atividades comunitárias, como biblio-
mos «transplantar» a terapeuta dele para a escola para tecas, parques,… entre outras, com vista ao desenvol-
usar os meninos na intervenção com ele, isso era ex- vimento saudável das crianças e das próprias famílias.
celente! Porque seria uma intervenção estruturada, Portanto, o conhecimento dos recursos da família e
com acesso a pares da idade dele, ia ser fantástico!”. E, da comunidade é de extrema importância para a in-
uma vez que, “ela [profissional de IPI], como está per- tervenção, pelo que os profissionais deverão apoiar a
feitamente disponível e desperta para as necessidades família na mobilização dos recursos que possui e na
dele, ia mediar muito bem as coisas com os outros me- identificação dos que necessita, para alcançar os re-
ninos, pelo o menos é a minha perspetiva”. sultados esperados em IPI.
A mãe do David referiu que precisava de ajuda “sobre- Apesar de uma das mães ter afirmado que não sentia
tudo a nível do infantário”, dado que neste contexto a necessidade de interagir com grupos de pais, o facto
“sentem-se um bocadinho perdidos com ele, muitas de justificar essa ausência de necessidade por ter uma
vezes como trabalhar com ele, como lidar com ele”. vizinha com uma criança com deficiência, com quem
Por essa razão, esta mãe disse que, “nos últimos tem- compartilhava desabafos, sugere a importância do
pos, temos pedido mesmo que a pessoa que nos acom- apoio informal, no que respeita aos vizinhos, amigos,
panha, intervenha mais a nível do infantário, do que e, também, aos grupos de pais de crianças com neces-
propriamente em casa”. A mesma mãe afirmou que, sidades especiais.
“sobre redes de apoio é uma coisa que nunca foi fala-
da, e acho que é importante”. 4.4. Expetativas das famílias quanto às práticas
Também sobre estas redes, a mãe da Carolina eviden- participativas desempenhadas pelo profissional
ciou a necessidade de participar em atividades comu- de IPI
nitárias quando explicitou que “faz-me falta mais ati- Com base na segunda questão de investigação, emer-
vidades para a Carolina, faz-me falta fazer… também giu a terceira categoria de dados, concernente às expe-
o meio em que vivo por aqui é aldeia, mas mais ativi- tativas das famílias quanto às práticas participativas
dades que existissem para nós a levarmos”. desempenhadas pelo profissional de IPI. As três sub-
Os resultados sugerem que as famílias sentem a ne- categorias extraídas das narrativas das mães, com-
cessidade de que a prestação de serviços de IPI seja põem-se por: (i) recursos; (ii) processo da intervenção;
efetuada, para além do domicílio, também na creche/ e (iii) rede de suporte de apoio informal.
jardim de infância, com predominância na duração
do apoio. A análise dos dados reflete que esta necessi-

132
(i) Recursos Quando o objetivo é valorizar aquilo que importa para a
A mãe do David referenciou a disponibilização de família, torna-se absolutamente relevante conhecer as
recursos com vista ao desenvolvimento da criança, suas expetativas. Da análise dos dados, podemos verifi-
quando disse “espero que nos deem algumas ferra- car que estas eram distintas no grupo de mães inquiri-
mentas para nós conseguirmos que ele se desenvolva das, exceto no que respeita à promoção da capacitação
o máximo possível”. dos pais e da criança: esta expetativa era partilhada pe-
las três mães. Sublinha-se, assim, que conhecer as ex-
(ii) Processo da intervenção petativas das famílias torna-se imprescindível, quando
Todas as mães têm como expetativas, o fomento da se pretende desenvolver uma intervenção mais eficaz,

S A B E R & E D U C A R 2 3 / 2 0 1 7 : C O N T O R N O S D A E D U C A Ç Ã O I N C L U S I VA N A P E R S P E T I VA D A L E I E D A S R E S P O S TA S E D U C AT I VA S
sua capacitação e, por conseguinte, da sua criança, através de práticas individualizadas, flexíveis e inclusi-
através da intervenção em IPI. A mãe do Rodrigo re- vas. Embora uma mãe tenha apresentado como expeta-
feriu que a sua família pretende que a profissional tiva, a possibilidade de entrar em contacto com a pro-
de IPI “dê pistas de ação” para “ajudar a encontrar os fissional de IPI, em caso de necessidade, em momentos
caminhos mais certos”, e que por isso, espera que a diferentes dos que estavam agendados para o apoio, na
profissional, “acima de tudo vá dar o seu melhor para verdade uma das mães tinha já enviado uma mensagem
nos ajudar, e mais do que a nós, à nossa criança. Mas a solicitar apoio, num momento entre visitas domiciliá-
ajudando-nos, ajuda-o a ele de certeza”. A mãe da Ca- rias, tendo-se verificado a disponibilidade da profissio-
rolina espera receber ajuda para se “desenvolver ainda nal. A capacitação das famílias e das suas crianças cons-
mais”. Por sua vez, a mãe do David afirmou: “espera- titui a expetativa mais incidente, o que indicia o reforço
mos que nos vão dando ajudas e dicas”, a fim de ela e o da relevância da dimensão participativa na abordagem
marido conseguirem “estimulá-lo [o David] para ele se centrada na família e nas práticas de ajuda eficaz em IPI.
desenvolver da melhor forma possível”. A análise dos dados reflete ainda que, ter em consi-
A mãe do Rodrigo apresentou como expetativa, a in- deração as experiências de outras famílias na mesma
tervenção diferenciada, dado que referiu “que não ve- situação, poderá constituir uma fonte de apoio emo-
nham com receitas, que não venham com «isto aplica- cional, como corrobora a investigação de Mayorga-
-se desta forma, vamos fazer e o resultado é aquele», -Fernández, Madrid-Vivar e García-Martínez (2015).
porque nós somos todos diferentes e nós não espera- Assim, a expetativa de receber apoio que promova a
mos que venham aplicar-nos o modelo A, B ou C”. interação com outros pais, aponta a importância do
A disponibilidade da profissional de IPI para o esclare- apoio à participação das famílias em redes de pais de
cimento de dúvidas das famílias constituiu uma expe- crianças com necessidades especiais, em consonância
tativa para a mãe do David, dado que narrou: com o estudo de Pimentel e Dias (2012).
Tem de haver uma certa disponibilidade para poder… eu até agora,
por exemplo, não sentia necessidade de fora do horário, por assim
dizer, tirar dúvidas com os terapeutas que o acompanham, quer da
intervenção precoce, quer das outras terapias, mas acho que tem de
haver essa abertura por parte dos profissionais, de atender um te-
lefonema quando haja uma necessidade, poderem esclarecer uma
dúvida fora daquele horário que é o da visita propriamente dito...
porque às vezes é muito limitador.

(iii) Rede de apoio informal


O fomento da interação com outros pais constituiu
uma das expetativas da mãe da Carolina: “se nós inte-
ragíssemos mais com os outros pais, outras crianças…
porque nós vemos a nossa situação, mas se calhar há
outras situações semelhantes ou muito próximas. E
conhecermo-nos, às vezes, é bom, porque «olhe, pas-
sei por isto», «então como é que fez?», «fiz assim». É
bom, é uma sugestão, é qualquer coisa ali que nos po-
derá ajudar”.

133
Considerações fomento da capacitação dos pais e da criança; a inter-
venção diferenciada; e a facilitação da interação com
outros pais.

finais Na verdade, porque o associativismo é uma dimen-


são que pode ser muito relevante para o empowerment
das famílias, sugerimos que os serviços de IPI propor-
As narrativas das mães evidenciam o papel ativo que cionem espaços de compartilha e convivência entre
desempenharam no apoio em IPI, verificando-se a sua famílias de crianças em apoio. Temos conhecimento
efetiva participação, pelas oportunidades que lhes fo- da existência de algumas situações em que isto é uma
S A B E R & E D U C A R 2 3 / 2 0 1 7 : C O N T O R N O S D A E D U C A Ç Ã O I N C L U S I VA N A P E R S P E T I VA D A L E I E D A S R E S P O S TA S E D U C AT I VA S

ram proporcionadas, através de (i) estabelecimento de realidade, nomeadamente, no âmbito de trabalho de-
uma relação de colaboração, em que as famílias aju- senvolvido pela Associação Nacional de Intervenção
daram na avaliação da criança, definiram objetivos, Precoce (ANIP), mas sabemos que a maioria das famí-
contribuíram para a elaboração e concretização do lias portuguesas precisa ainda de apoio para se envol-
PIIP, incluindo o envolvimento nas tomadas de de- ver em grupos de pais.
cisão sobre as rotinas das crianças nos contextos for- Os dados sugerem ainda a congruência dos relatos das
mais de educação, nomeadamente, relacionadas com mães sobre a sua experiência em IPI, com os princí-
as refeições na creche; (ii) partilha de informação e/ou pios das práticas centradas na família, e com as práti-
de recursos; (iii) capacitação, por meio do provimento cas de ajuda eficaz, com especial relevo para as práti-
de informações e sugestões, bem como oportunidades cas participativas. No entanto, surgiram indicadores
para aplicação e desenvolvimento de competências; de que as redes de suporte devem ser mais exploradas
(iv) identificação de necessidades, preocupações e pelos profissionais de IPI, promovendo a inclusão das
pontos fortes da família e da criança; (v) responsivi- famílias na comunidade.
dade, pelo esclarecimento de dúvidas, capacidade de Importa que os profissionais promovam a mobilização
resposta e disponibilidade da profissional de IPI; e (vi) de fontes de apoio informal - sabendo que terão uma
flexibilidade e individualização da intervenção, pela maior duração temporal nas vidas das famílias e das
diferenciação de estratégias e elaboração de materiais crianças, comparativamente com o apoio formal -, e
individualizados. que promovam a equidade no acesso aos serviços e ati-
Neste estudo, a importância da qualidade do apoio vidades da comunidade.
oferecido pelas profissionais de IPI, no processo de de- No sentido de atender à expetativa expressa pelas fa-
senvolvimento de competências, com vista à capacita- mílias, de poderem contactar com a profissional de
ção dos pais e das suas crianças, refletiu-se na análise IPI, em situações extraordinárias, fora do horário
das práticas de IPI pelas famílias, nas necessidades e agendado para as visitas domiciliárias, sugerimos que
nas expetativas por elas partilhadas, mas sobretudo poderia ser útil uma ferramenta tecnológica online,
nas perceções das famílias sobre o modo como essas que disponibilizasse informação sobre o desenvolvi-
necessidades e expetativas eram respondidas pelas mento da criança; que facilitasse a conexão entre a
profissionais. família e os profissionais de IPI, entre as sessões pre-
As necessidades relacionadas com o processo de pro- senciais; e que facilitasse o intercâmbio online entre
moção do desenvolvimento da criança incidiram ao famílias.
nível da informação - sobre desenvolvimento, gestão A análise dos resultados refletiu a necessidade da
de comportamentos e capacitação da família; e nas prestação de serviços de IPI nos contextos formais de
necessidades ao nível do apoio na identificação e aces- educação, no sentido de otimizar a inclusão da criança
so às redes de suporte, quer formal, quer informal, re- no grupo de pares; a este propósito, recomenda-se que
levantes a esse processo. os profissionais de IPI garantam que a criança tenha o
Como expetativas face às práticas participativas do máximo envolvimento e participação durante o tem-
profissional de IPI, foram expressas ao nível da iden- po em que está na creche/jardim de infância.
tificação dos recursos; do processo da intervenção; Os profissionais de IPI devem promover uma maior
e da rede de suporte informal; ainda, quanto à rede intercompreensão e inclusão das famílias em todos
de apoio formal, designadamente em relação à IPI, os espaços, e trabalhar com elas para que acedam,
foi apontada a disponibilização de ferramentas rele- em equidade, a serviços e atividades. Neste contex-
vantes à promoção do desenvolvimento da criança; a to, pode ser pertinente a identificação de recursos e
disponibilidade para o esclarecimento de dúvidas; o apoios através de um ecomapa – diagrama dos apoios

134
à família (Jung, 2012) -, de forma colaborativa, por for-
ma a estabelecer correspondências entre as necessida-
des da criança e da família, e os apoios disponíveis, Referências
facilitando a consciencialização da família, dessas Amado, J. (2013). Manual de Investigação Qualitativa em
fontes de suporte (ou stresse). Educação. Coimbra: Imprensa da Universidade de
Por fim, a importância da dimensão participativa da Coimbra.
família no apoio em IPI, refletida nos dados emer- Bardin, L. (2013). Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70.
gentes deste estudo, sugere ser vital que se garanta a Bronfenbrenner, U. (1979). The Ecology of Human
máxima participação à criança e sua família, nos seus Development. Experiments by Nature and Design.

S A B E R & E D U C A R 2 3 / 2 0 1 7 : C O N T O R N O S D A E D U C A Ç Ã O I N C L U S I VA N A P E R S P E T I VA D A L E I E D A S R E S P O S TA S E D U C AT I VA S
contextos naturais, de forma a abrir e consolidar as Cambridge: Harvard University Press.
vias para a sua emancipação. Carvalho, L., Almeida, I., Felgueiras, I., Leitão, S.,
Boavida, J., Santos, P., …, Franco, V. (2016). Práticas
recomendadas em Intervenção Precoce na infância. Um guia
para profissionais (1ª ed.). Coimbra: ANIP.
Cohen, L., Manion, L., & Morrison, K. (2005). Research
methods in education (5th ed). UK: Taylor & Francis
e-Library.
Coogle, C. G., Guerette, A. R., & Hanline, M. F.
(2013). Early Intervention Experiences of Families
of Children with an Autism Spectrum Disorder:
A Qualitative Pilot Study. Early Childhood Research &
Practice, 15(1). Coutinho, C. P. (2015). Metodologia de
Investigação em Ciências Sociais e Humanas: Teoria e Prática
(2ª edição). Coimbra: Edições Almedina.
Decreto-Lei nº 281/2009, de 6 de outubro. Diário da
República, n.º 193/209 – 1ª Série. Ministérios do Trabalho
e da Solidariedade Social, da Saúde e da Educação.
Dunst, C. J. (2000). Corresponsabilização e práticas
de ajuda que se revelam eficazes no trabalho com
as famílias. In Correia, L. M., & Serrano, A. M.,
Envolvimento Parental em Intervenção Precoce. Das Práticas
Centradas na Criança às Práticas Centradas na Família
(pp.123-141). Porto: Porto Editora.
Dunst, C. J. (2002). Family-Centered Practices: Birth
Through High School. The Journal of Special Education,
36(3), 139-147.
Dunst, C. J., Trivette, C. M., & Hamby, D. W. (2007).
Meta-Analysis of Family-Centered Helpgiving
Practices Research. Mental Retardation and
Developmental Disabilities Research Reviews, 13, 370-378.
Dunst, C. J., Rabb, M., Trivette, C. M., & Swanson,
J. (2012). Oportunidades de aprendizagem para
a criança no quotidiano da comunidade. In
McWilliam, R. A., Trabalhar com as Famílias de Crianças
com Necessidades Especiais (pp.73-106). Porto: Porto
Editora.
Espe-Sherwindt, M. (2008). Family-centred practice:
collaboration, competency and evidence. Journal
compilation. UK: Blackwell Publishing.

135
Fordham, L, Gibson, F., & Bowes, J. (2011). Pighini, M. J., Goelman, H., Buchanan, M.,
Information and professional support: key Schonert-Reichl, K., & Brynelsen, D. (2014).
factors in the provision of family-centred early Learning from parents’ stories about what works in
childhood intervention services. Child: care, health early intervention. International Journal of Psychology,
and development, 38 (5), 647–653. doi:10.1111/j.1365- 49(4), 263–270. doi: 10.1002/ijop.12024
2214.2011.01324.x Pimentel, J. S., Beltrão, L., Santos, M. J. (2012).
S A B E R & E D U C A R 2 3 / 2 0 1 7 : C O N T O R N O S D A E D U C A Ç Ã O I N C L U S I VA N A P E R S P E T I VA D A L E I E D A S R E S P O S TA S E D U C AT I VA S

Gavidia-Payne, S., Meddis, K., & Mahar, N. (2015). Capacitação das famílias no processo de inclusão.
Correlates of child and family outcomes in an In Ramos, N., Mendes, E., Silva, A. I., Porfírio,
Australian community based early childhood J. (Orgs.). Família, Educação e Desenvolvimento no séc.
intervention program. Journal of Intellectual & XXI: Olhares Interdisciplinares (pp.73-81). Portalegre:
Developmental Disability, 40(1), 57–67. doi.org/10.3109 Instituto Politécnico de Portalegre.
/13668250.2014.983056 Rogers, C. (1983). Tornar-se Pessoa. Lisboa: Moraes.
Gronita, J. (2012). A intervenção precoce na Shonkoff, J. P. (2010). Building a New Biodevelopmental
infância enquanto processo de inclusão e de Framework to Guide the Future of Early Childhood
desenvolvimento social In Ramos, N., Mendes, Policy. Child Development, 1(1), 357–367.
E., Silva, A. I., Porfírio, J. (Orgs.). Família, Educação Thompson, S. D., & Bruns, D. A. (2013). Perceptions
e Desenvolvimento no séc. XXI: Olhares Interdisciplinares of Early Intervention Services: Adolescent and
(pp.83-89). Portalegre: Instituto Politécnico de Adult Mothers in Two States. Early Childhood Research
Portalegre - Escola Superior de Educação. & Practice, 15(1). Retrieved from http://ecrp.uiuc.
Hodgetts, S., Zwaigenbaum, L., & Nicholas, D. (2015). edu/v15n1/thompson.html
Profile and predictors of service needs for families Wettlaufer, H., Herb, K., Zeiders, S., Morris, A.
of children with autism spectrum disorders. SAGE, (2013). Supporting Participation Inclusive Practices in Early
19(6), 673-683. doi: 10.1177/1362361314543531 Intervention for Young Children with ASD. Paper presented
Jung, L. A. (2012). Identificar os apoios às famílias e at the National Autism Conference, Pennsylvania.
outros recursos. In McWilliam, R. A., Trabalhar com Yin, R. K. (2015). Estudo de caso: planejamento e métodos (5ª
as Famílias de Crianças com Necessidades Especiais (pp. 20- ed.). Porto Alegre: Bookman.
37). Porto: Porto Editora. Ziviani, J., Darlington, Y., Feeney, R., Rodger, S.,
Mayorga-Fernández, M. J., Madrid-Vivar, D., & & Watter, P. (2014). Early intervention services of
García-Martínez, M. P. (2015). Aprender a trabajar children with physical disabilities: Complexity of
con las familias en Atención Temprana: estudio child and family needs. Australian Occupational Therapy
de caso. Escritos de Psicología, 8(2). Retrieved from Journal, 61, 67–75. doi: 10.1111/1440-1630.12059
http://dx.doi.org/10.5231/psy.writ.2015.1306
McWilliam, R. (2010). Early Intervention in Natural
Environments: A Five-Component Model. Early
Steps, 1-16.
McWilliam, R. A. (2012). Visitas domiciliárias de
apoio. In McWilliam, R. A., Trabalhar com as Famílias
de Crianças com Necessidades Especiais (pp. 227-262).
Porto: Porto Editora.
Moore, T. G. (2012). Rethinking early childhood intervention
services: Implications for policy and practice. Paper
presented at the 10th Biennial National Conference
of Early Childhood Intervention, Australia, and
the 1st Asia-Pacific Early Childhood Intervention
Conference, Perth, Western Australia.

136
Anexo

Tabela 3 - Grelha integrada das categorias, subcategorias e respetivos indicadores

Categorias Subcategorias Indicadores


Trabalho em parceria
Avaliação da criança e de objetivos
Colaboração
Elaboração do Plano Individual de Intervenção Precoce (PIIP)
Alimentação

S A B E R & E D U C A R 2 3 / 2 0 1 7 : C O N T O R N O S D A E D U C A Ç Ã O I N C L U S I VA N A P E R S P E T I VA D A L E I E D A S R E S P O S TA S E D U C AT I VA S
Partilha de informação Informações
e/ou recursos Recursos
Fornecimento de conselhos/dicas/sugestões
Envolvimento Capacitação
participativo de Desenvolvimento de competências
famílias Identificação de Necessidades
necessidades, Preocupações
preocupações, pontos
fortes Pontos fortes da criança
Responsividade Esclarecimento de dúvidas/Capacidade de resposta
Flexibilidade e Flexibilidade
individualização da Diferenciação de estratégias
intervenção Elaboração de materiais individualizados
Desenvolvimento da criança
Necessidade Informação Gestão de comportamentos
relacionadas com
Capacitação dos pais
o desenvolvimento
da criança Apoio formal
Redes de suporte
Apoio informal
Disponibilidade do profissional
Expetativas de Processo da intervenção Fomento da capacitação dos pais e da criança
famílias quanto Intervenção diferenciada
às práticas Recursos Disponibilização de ferramentas
participativas
Rede de suporte de
Fomento da interação com outros pais
apoio informal

137

Você também pode gostar