O texto discute a metodologia da geografia agrária, definindo-a como o estudo dos sistemas de produção agrícola e suas relações com o solo e outros fatores ambientais. Apresenta três abordagens da geografia agrária: estatística, ecológica e fisionômica. Defende que a geografia agrária deve considerar tanto aspectos quantitativos quanto qualitativos para exercer plenamente suas contribuições científicas e práticas.
O texto discute a metodologia da geografia agrária, definindo-a como o estudo dos sistemas de produção agrícola e suas relações com o solo e outros fatores ambientais. Apresenta três abordagens da geografia agrária: estatística, ecológica e fisionômica. Defende que a geografia agrária deve considerar tanto aspectos quantitativos quanto qualitativos para exercer plenamente suas contribuições científicas e práticas.
O texto discute a metodologia da geografia agrária, definindo-a como o estudo dos sistemas de produção agrícola e suas relações com o solo e outros fatores ambientais. Apresenta três abordagens da geografia agrária: estatística, ecológica e fisionômica. Defende que a geografia agrária deve considerar tanto aspectos quantitativos quanto qualitativos para exercer plenamente suas contribuições científicas e práticas.
Disciplina: Geografia Agrária Prof.ª Neusa de Fátima Mariano
Fichamento do texto:
VALVERDE, Orlando. Metodologia da Geografia Agrária. (p. 1-16). In: CAMPO-
TERRITÓRIO: Revista de Geografia Agrária, Uberlândia, v. 1, n. 1, fev. 2006.
Orlando Valverde começa este texto falando dos diferentes
conhecimentos necessária para estudar a exploração agrícola com um maior aprofundamento, ele cita áreas como o estudo do solo, da geologia, do relevo, do clima, entre outros. A importância dada aqui está para com o estudo da natureza, Valverde indica que a Geografia Agrária está ligada ao estudo dos sistemas de produção de espécies animais e vegetais e que aliados ao solo e a outros elementos se tornam um indicador das possibilidades econômicas agrícolas. O autor estabelece também uma pequena observação crítica ao Brasil, indicando a ausência de material cartográfico necessário ao planejamento agrícola. O autor cita que a influência do ser humano neste meio, por motivos de ordem econômica, social e histórica, é algo de estudo recente dentro da Agrária.
O autor cita os três aspectos da Geografia Agrária segundo Waibel,
que define três diferentes tratamentos, a Geografia agrária estatística, a ecológica e a fisionômica. A primeira é a mais antiga e trata da representação cartográfica das produções agropecuárias de pontinhos que simbolizam valores absolutos ou por curvas isométricas simbolizando valores de produção per capita ou por unidade de área. Orlando mostra a evolução e aperfeiçoamento da área, cita o geógrafo alemão Egelbretch que aperfeiçoou os valores relativos e deu origem as “zonas agrícolas” e a crítica de Waibel dizendo que isto nada passa de um esforço para introduzir medidas exatas à Geografia.
Valverde segue seu texto mostrando visões de diferentes autores sobre
a geografia agrária e suas produções, como a visão radical de Hettner que acredite que este ramo pertence mais à mercelogia ou às ciências econômicas do que à Geografia. Já Faucher defende a criação de um ramo da geografia econômica apenas destinada a parte agrícola. Esta posição de Faucher é vista por Valverde como uma tentativa de distinguir a geografia agraria qualitativa, que este considera um ramo da geografia humana, da quantitativa, para ele parte da geografia econômica. Orlando conclui que tal divisão (qualitativa/quantitativa) é fictícia e não tem razão de existir.
Ele volta a falar das áreas a geografia agrária, partindo para a
ecológica, esta estuda as relações entre paisagem agrícola e meio fisiográfico (clima, solo, vegetação, relevo e animais) Valverde também faz uma observação à riqueza bibliográfica desta área. Diferente da escola determinista, o meio físico não é determinante da paisagem cultural, ele poderá impor limitações de acordo com o nível técnico que determinado grupo humano atingiu e com as condições econômicas e sociais deste grupo. O autor dá alguns exemplos relacionados ao declive das Serras brasileiras, onde muda-se a condição de terreno mas pouco muda a condição dos trabalhadores. Continua falando dos tipos de terrenos brasileiros, dando um contexto histórico do surgimento das plantações autônomas e falando também sobre a relação com o clima. Orlando pontua assim que a geografia agrária ecológica deve ser encarada não simplesmente em relação ao meio natural mas vendo também a contribuição cultural do homem.
As atividades em geografia agraria englobam o chamado sistema
agrícola, o autor cita a definição de Lauer onde este sistema é definido pela distribuição espacial e cronológica das espécies e culturas, ou seja, de todas as áreas de utilização, sobre a área cultivada segundo determinados princípios. Assim Valverde resume as diferentes “áreas” e a definição desse sistema agrícola. Para ele a área estatística se resume a responder as perguntas: “Onde são produzidos os produtos agrícolas?” e “Quanto é produzido?”. A ecológica em: “Como são produzidos os produtos agrícolas?”. A geografia agrária não se resume apenas aos sistemas mas também ao que Waibel denominou formações econômicas, os tipos de paisagem agrícola.
Desta maneira chegamos ao terceiro aspecto, o fisionômico, baseado
na observação, no trabalho de campo. Valverde reforça que o instrumento mais importante levado ao campo é o cérebro, não estamos ali apenas como viajantes, como turistas, o olhar está diretamente associado à reflexão, é necessária uma interpretação da paisagem e uma compreensão de seus elementos, noções que os franceses denominaram “morfologia agrária” e “estrutura agrária”. O autor cita que deve-se fazer também o estudo, a interpretação histórica da paisagem para compreende-la melhor, é o que os geógrafos ingleses chamam de “historical approach”. A análise da sucessão das culturas e a influência da cultura que desaparece sobre a que a sucede. O autor cita alguns exemplos relacionados ao trabalho nos canaviais paulistas e conclui dizendo que apenas a compreensão da evolução histórica é que nos leva a entender a resistência que os agricultores oferecem a introdução de novos sistemas, a sobrevivência das velhas estruturas, reforça a resistência ao progresso técnico. Isto pode ser observado em nosso país que possui estruturas sociais e econômicas arcaicas em diversas regiões.
Orlando cita também as influências econômicas como um fator na
interpretação das paisagens, no estudo das diversas culturas, o objetivo da produção deve ser levado em conta. Ele dá o exemplo do cultivo de laranja-pera na baixada fluminense, que está totalmente voltada para o mercado internacional e é localizada no Rio apenas para a diminuição dos custos de transporte. Ligado as influencias econômicas estão as influências sociais, mais vinculadas à organização econômica e que também deve ser objeto de pesquisa do geógrafo.
Há um outro conceito ao qual o sistema agrícola é subordinado chamo
forma de economia ou instituição econômica, dentro de uma instituição podem existir dois ou mais sistemas agrícolas. Forma de economia e forma de atividade se diferem, o primeiro é estabelecido pelo processo de valorização da economia enquanto o segundo refere-se ao processo de trabalho. Orlando define que as formas de economia estão englobadas em um processo ainda mais amplo que é o de modo de produção.
O modo de produção é constituído por dois elementos, as forças
produtivas e as relações de produção, e caracteriza as fases da história econômica da humanidade, um exemplo comum é a sucessão do modo de produção feudal para o modo de produção capitalista. Valverde faz assim uma comparação relacionando Geografia Econômica com Economia Política assim como Geomorfologia e Geologia estão relacionadas.
Gênero de vida é um outro conceito que o autor traz e que está
relacionado às influências sociais, Sorre traz uma definição de gênero de vida como o conjunto de técnicas desenvolvidas por um grupo humanos para se adaptar ao meio geográfico, porém tal definição peca ao exprimir somente relações entre grupo social e natureza e também por considerar o ser humano individualmente.
Valverde volta a discussão sobre onde a geografia agrária se encontra,
ele traz o fato de que muitos conceitos da geografia humana podem ser tratados pela agrárias mas que o inverso não ocorre frequentemente, cita também a relação da agrária com a geografia do comércio e das industrias, no que se refere a exploração do solo e a comercialização e industrialização dos produtos agrícolas. Para o autor a geografia agrária não deve se resumir apenas a classificação do sistema agrícola, ela deve tratar de todos os elementos modificadores da paisagem agrícola. Em última análise é a intepretação de toda uma história, de todo um rastro deixado pelo ser humano camponês na paisagem, sua luta pela vida.
O autor então conclui dizendo que a geografia agrária deve ser
entendida em ambo os aspectos quantitativos e qualitativos, só assim podendo exercer de fato uma contribuição para a ciência tendo um cunho científico e uma utilidade prática.