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carlito azevedo
setembro – 2022
Gonzalo Rojas
Harryette Mullen
Martha Kornblith
Miyó Vestrini
Stanislavski
caderno de exercícios v. i
O dramaturgo reunia alguns atores para a leitura coletiva de uma peça, e após a
execução de cada fala de um ator, os outros deveriam sugerir pelo menos um “magico
se”, mesmo que absurdo.
Por exemplo: “E SE você falasse essa frase aos berros?”, “E SE você falasse essa frase
sussurrando?”, “E SE você falasse essa frase dando uma cambalhota?”, “E SE você
falasse essa frase caindo e levantando como se cada palavra dela fosse um tiro que
você levasse?”
Há um poema de Wislawa Szymborska em que o mágico “se” age como aqueles mágicos
que fazem coisas desaparecerem. No caso do poema, desaparecem as certezas:
Wislawa Szymborska
(Polônia)
Cálculo elegíaco
Quantos dos que conheci
(se de fato os conheci)
homens, mulheres
(se esta divisão ainda é válida)
cruzaram esta soleira
(se é uma soleira)
atravessaram esta ponte
(se chamarmos isso de ponte) —
Tudo
(se não restrinjo com a palavra)
têm já atrás de si
(se não à sua frente) —
Quantos
(se a pergunta faz sentido,
se é possível chegar à soma final
sem incluir a si mesmo na conta)
caíram no mais profundo dos sonos
(se não há um mais profundo) —
8
Até logo.
Até amanhã.
Até o próximo encontro.
Isto já não querem
(se não querem) repetir.
Entregues a um infinito
(se não outro) silêncio.
Ocupados só com aquilo
(se é só aquilo)
a que os obriga a ausência.
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exercício 2:
da arte divinatória
Delia Dominguez
(Chile)
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Imtiaz Dharker
(Paquistão)
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Gonzalo Rojas
(Chile)
Poietomancia
– Abra bem a mão esquerda, estire o polegar bem para fora; tudo
está escrito pelo punhal: libertinagem
e rigor, os dias imóveis
e os turbulentos nessa rede; a garota
tristíssima chorando; a identidade
de um no três, compreende?; a longa infância
com estrela quebrada; viagens, para que tanta
viagem e mais viagem; aquele acidente na noite
em Madrid; homenagens, muitas homenagens,
golpes de timão; um grande castigo
até sangrar, que modo de sangrar; mudanças outra vez
com a proteção de Júpiter, sempre Júpiter; crescimento
até longe nos dois filhos; ah aqui está o derrame,
fecha essa mão de louco, cerebral.
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exercício 3:
o léxico e o léxico invertido
Monte um léxico de 5 palavras referentes a um desses temas (ou um de sua
escolha) e escreva as definições de cada verbete a partir de um desejo maior ou
menor de fidelidade ao dicionário, de um desejo maior ou menor aos poderes da
transfiguração poética, de um desejo mais ou menor de vontade de se divertir.
Léxico da noite
Léxico da utopia
Léxico da infância
Léxico do comércio
Léxico do cosmos
Léxico do sexo
Léxico do acidente
Léxico da voz
(Exercício reserva: pegue os verbetes escolhidos para dois desses léxicos acima
(por exemplo: Léxico da utopia e Léxico da infância) e faça os poemas com léxicos
invertidos (por exemplo: um poema sobre a noite com as palavras selecionadas para
o léxico do comércio, e um poema sobre comércio com as palavras selecionadas
para o léxico da noite)
“A palavra possui uma vida dupla. Ora ela cresce como uma planta e produz um
acúmulo de cristais sonoros: então o começo do som vive sua própria vida e a parte
da razão permanece na sombra. Ora a palavra se põe a serviço da razão: o som
deixa de ser onipotente e absoluto, o som torna-se “nome” e executa docilmente as
ordens da razão. É uma luta dos dois universos, das duas potências, que prossegue
sempre no seio da palavra e que dá à língua uma vida dupla: dois círculos de
estrelas cadentes.”
ASSOMBRO
Súbito assomo
da ciranda
do nunca visto
vindo aos trancos
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CALENDÁRIO
Calada floração
fictícia
caindo da árvore
dos dias
DISCÓRDIA
Ao coração
dizendo sim
o não da mente
por acinte
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exercício 4:
“o que cassandra viu?”
Anne Carson
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James Tate
(EUA)
Querúbica
Levei minha filha Kelsey à estação
de trem. Quando o trem partiu, nos despedimos
acenando as mãos um longo tempo. Não tornei a vê-la.
Foi a primeira mulher a chegar na lua.
Como chegou lá, ninguém sabe. E nunca
voltou, pelo que sei. Tampouco me escreveu
nenhuma carta, nunca me ligou. Espero
que sejas feliz, meu pequeno raio de lua. Passo as noites olhando
pelo telescópio. Vi dinossauros, leopardos das neves,
flamingos. Vi um cão caolho que abanava o rabo. Vi um caminhão
do correio. Vi um veleiro mas, como se sabe,
lá não tem água. Vi um letreiro que anunciava água com uma grande seta
apontando para a Terra. Vi um letreiro que anunciava hambúrgueres
com uma grande seta apontando para a Terra. E vi uma garota
cair de seu velocípede. Uma explosão de poeira
atômica cor de laranja, e nada mais. Nunca a tornei a ver.
As rodas do velocípede virado seguem girando.
Dorme, eu disse, dorme, minha filhinha.
a) O que eu vi
b) O que eu não vi
c) O que eu falei
d) O que eu não falei
e) O que eu pensei
f) O que eu não pensei
g) O que eu ouvi
h) o que eu não ouvi
i) o “eu” pode ser trocado por qualquer personagem, por exemplo “Cassandra”,
daí o nome do exercício “O que Cassandra viu?”
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Um trecho de um poema-livro da americana Juliana Spahr:
1º de dezembro de 2002
Amados, suas peles são uma fronteira que os separa do resto de vocês.
Falei das separações que definem este mundo e das separações que nos definem,
amados, mesmo quando gostamos de pressionar nossas peles umas contra as
outras durante a noite.
Quando falei de pele, falei de acender velas para lembrar a AIDS e a história dos
ataques no Quênia.
Falei da fumaça tóxica emitida pelo piso de plástico de uma boate em chamas em
Caracas.
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exercício 5:
coralidades, coros
Jean-Pierre Sarrazac assim define seu exercício, teatral, “Um coro na cidade”:
“Este exercício visa a coralidade. Por esse termo, eu entendo a irrupção, a
disseminação, a diáspora do coro. Se o coro antigo procedia da ideia de uníssono,
a coralidade moderna procede pela dispersão dos indivíduos – podemos dizer
átomos humanos. O teatro moderno e contemporâneo se esforça para dar voz à
multidão dos anônimos. O exercício aqui seria imaginar uma espécie de travelling
sonoro – captanto vozes, embriões de discussões, micro-confitos sobre fundo de
conversa ambiente – por sobre as ruas da cidade, uma praça. Podemos variar o
exercício acrescentando às vozes bem sonoras e identificáveis os pensamentos - os
monólogos interiores - que com elas passam a se envolver.”
O exercício aqui seria a construção de um poema com essa estrutura. Para dar um
exemplo das possibilidades imensas que esse exercício, aparentemente simples,
abre, cito aqui dois poemas do armênio Ara Shirinyam, tornados conhecidos pelo
livro de Kenneth Goldsmith:
Ara Shirinyam
(Armênia) – Dois poemas do livro “Teu país é incrível”
Armênia é incrível
armênia é um país incrível
famoso por seu cristianismo!
armênia é incrível
todos deveriam visitá-la
ao menos uma vez
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armênia é incrível
amo a armênia, mas acho
que não é para mim
Aruba é incrível
aruba é incrível
suas praia são lindas
e a gente de lá é incrível
aruba é incrível
nem uma gota de chuva
apenas uma nuvenzinha de vez em quando e mesmo assim
nunca faz muito calor
aruba é incrível
foi lá a minha lua de mel ano passado
amo aruba
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aruba é incrível para lua de mel
pelas seguintes razões
1. não há furacões
2. clima previsível
3. um monte de coisas para se fazer
aruba é incrível
se você é do tipo madrugados
não deixe de fazer snorkel
tem muitos ônibus-festa
que te levam de bar em bar
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exercício 6:
“avançar por elipses e interrupções”
Harryette Mullen
(Alabama)
Elíptico
Parece que não há meio de eles… É que deviam esforçar-se mais por... Deviam
ser mais… Quem nos dera que não fossem tão… É que eles nunca... É que eles
constantemente... É que às vezes eles… É que de vez em quando eles… No entanto,
é óbvio que eles... No geral, têm a tendência para... E as consequências disso é
que... Parece que não compreendem que... Se ao menos fizessem um esforço por…
Mas é sabido que têm dificuldades com... Há muitos que continuam sem perceber
que… Alguns são mais esclarecidos mas pura e simplesmente... É evidente que a
perspetiva deles tem sido limitada por… Por outro lado, é claro que se acham no
direito de... Naturalmente, não nos podemos esquecer que eles... Nem se pode
negar que eles... Sabemos que isto teve um impacto extraordinário na sua... Porém,
parece-nos que o modo como se comportam... Infelizmente, até agora a maneira
como temos interagido...
(Tradução: Margarida Vale de Gato)
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e.e.cumings
(EUA)
eu
estou
te pedindo
querida é pra
que mais poderia um
não mas não é o que
claro mas você não parece
entender que eu não posso ser
mais claro a guerra não é o que
imaginamos mas por favor pelo amor de Oh
que diabo sim é verdade que fui
eu mas esse eu não sou eu
você não vê que agora não nem
sequer cristo mas você
precisa compreender
como porque
eu estou
morto
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exercício 7:
"do grotesco, sem exagerar"
Miyó Vestrini
(Venezuela)
Cenoura ralada
O primeiro suicídio é único.
Sempre te perguntam se foi um acidente
ou um firme propósito de morrer.
Te enfiam um tubo pelo nariz,
com força,
para que doa
e aprendas a não perturbar o próximo.
Quando começas a explicar que
a-morte-em-realidade-te-parecia-a-única-saída
ou que fazes isso
para-foder-tua-família-e-teu-marido,
já te deram as costas
e estão observando o tubo transparente
por onde desfila tua última ceia.
Apostam se é noodle ou arroz chinês.
O médico de plantão se revela intransigente:
é cenoura ralada.
Que nojo, diz a enfermeira da lábios grossos.
Me dispensaram furiosos,
porque ninguém ganhou a aposta.
O soro baixou depressa
e em dez minutos
já estava de volta em casa.
Não houve espaço para chorar,
nem tempo para sentir frio ou medo.
As pessoas não se ocupam da morte por excesso de amor.
Coisa de criança,
dizem,
como se as crianças vivessem se suicidando.
Busquei Hammet na página precisa:
nunca direi uma única palavra sobre tua vida
em livro algum,
se puder evitar.
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Martha Kornblith
(Venezuela)
30
sozinha
agora, apenas
persigo baratas
persigo baratas
persigo baratas
persigo baratas
31
Abdellatif Laâbi
(Marrocos)
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exercício 8:
Como vimos no módulo da oficina de poesia que se debruçou sobre a presença dos
cinco sentidos na produção poética, desde que acordamos até a hora de tornar a
dormir, atravessamos inúmeras camadas táteis, olfativas, visuais, auditivas, gustativas.
Ao acordar já o lençol ou um corpo alheio é uma camada tátil que será seguida pela
água do chuveiro, pelo sabonete, pela toalha, pela pão e pelo café, que por sua vez já
atuam sobre o paladar e sobre o olfato, que também sentiu o cheiro do sabonete, do
shampoo, e isso sem nem falar nas camadas sonoras da água na pia, do barulho da
rua, das vozes, do rádio, das aves, das explosões. Antes mesmo de colocarmos os pés
na rua, onde está o que Drummond chamou de "o contato furioso da existência", o
corpo já atravessou várias camadas de texturas, cheiros, sabores, sons, formas.
Francis Ponge
(França)
Os prazeres da porta
Os reis não tocam as portas.
Desconhecem essa felicidade: empurrar diante de si, com graça ou violência, um
desses grandes painéis familiares, voltar-se para ele para tornar a colocá-lo no
lugar, – ter em seus braços uma porta.
... A felicidade de agarrar pelo punho o nó de porcelana de um desses altos
obstáculos de um cômodo; o corpo a corpo rápido pelo qual, por um instante, os
passos detidos, o olho se abre e o corpo inteiro se acomoda em seu novo aposento.
Com mão amiga, ele a retém ainda, antes de a empurrar decididamente e se fechar
– o que o clique da mola robusta, mas bem azeitada, agradavelmente assegura.
34
oficina
35
Halina Grynberg
36
Clarisse Lyra
Praia da Gamboa
Ao reconhecer um poder em mim, me pergunto: é este um poder que devo exercer?
Minha sensibilidade é meu maior dom.
Meus textos são feitos para serem lidos, não para serem falados.
Falar, eu já falo. Minhas falas são outro tipo de poema.
Às vezes meus textos são feitos para serem cantados.
Marguerite Duras: "Escrever também é não falar. É calar-se. É uivar sem ruído".
A tarefa da poesia: falar por amor à fala; não falar por amor ao poder.
37
Cleo Vaz
zoom
uma ponte metálica de 300 m
pode aumentar até 20 cm
o fator de expansão do quartzolit é 0,00001 m/grau C
ando sobre o piso da ala L
de 4 em 4 m há placas de dilatação
que impedem o cimento de trincar
e me causam espécie
já estou na altura da sala 552
não dá para voltar atrás
va pensieiro, arranhe o sexto sentido
pousado numa gaiola sem uma das portinholas
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abre suas pétalas de sangue
e quase engelhada
transporta a manhã com suas asas douradas, para o concreto.
39
Tamya Moreira
40
não invejo seus óculos escuros e
sei da ingenuidade de suas mãos
em um muro pintaram
um par de asas a palavra liberdade
em língua estrangeira
procuro uma sombra
encontro o reflexo de meu rosto
em uma vitrine
há um cabide
meu cabelo grudado em minha nuca
um vestido vazio
se num barco deslizasse
não seria uma solução
não saberia conduzi-lo e o ar
não se move e a água
está turva
41
Sabrina Carvalho
Se eu tir
Sempre questionei a existência de um buraco que me habitasse. Não sei bem onde
se instalara essa massa negra e oca. Pensara certa vez em parti-me ao meio, na
longitudinal, a fim de encontrar o todo maciço: era preciso ser temerário. Era preciso
convocar o desconhecido. Era preciso tirar o eu de mim, esvaziar-me de mim. Para
efetuar este ato, necessitava de algo que me fosse inesperado. Não sei.
Fui convencida pela força natural do corpo, por um excitação passageira que brotou
de uma curiosidade, desse desejo do inesperado e desconhecido, desse desejo de ser
desejada e dei-me uma primeira e última chance, inseri a mim mesma em um longo
ritual: dividir-me em dois.
É possível que nesse momento tenha rememorado uma fala de Fedro, algo sobre (
o amor) tornar-me corajosa, como fonte de heroísmo e inspiração da moral. Talvez
fosse isso, eu precisasse de coragem.
Ocorreu-me: a anomalia do mundo tem em sua gênese o escuso furor do nada, tenho
em mim a galáxia, esse todo maciço e denso. Precisava experimentar o contrário, a
leveza das estrelas, a mim já não suportava, pesava-me muito, sentia o apocalipse
tomando forma em meu corpo, já não era a mesma. Necessito experimentar-me o
avesso, disse-lhe. Não fora capaz, ao rasgar-me, foi-se embora, não suportava ver a
antítese que em mim rebentava.
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Marcia Alvaredo
poupo o eu distanciado
das discussões enfadonhas
desde 1850
espero que eles se entendam
e vamos
ao verão europeu
pelas viagens digitais
flutuar contigo à beira do Rio Pó
antes que se comam uns aos outros
e volto rápido
aqui nem me desfilo
e já me assobiam
faço meu céu branco de lençol
a esperança de ter um sonho
uma bochecha é barca no travesseiro
por um sono de dez horas sem interrupção
e ainda por dentro dele poder me alongar
ou mesmo só
acordar toda lisa
mas,
a desorientação anda de tal ordem
que não se sabe
se o banho começa
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no pé esquerdo ou direito
a resposta se dá pela fruta madura
natural que se caia do pé
como pai alimenta a filha
tão pequena e cheia de caroço
subo as escadas
para poder descê-las
e na casa se passa
– sim, ao mesmo tempo –
não existe bem e o mal
os miquinhos não me culpem
eu avisei da ordem natural
dos riscos da algazarra nos galhos
no chão
a realidade
só não sabia e sabia
que é de certo
que a mais viralata de todas
o fizesse
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Inês Campos
Dos modos
guillotin, ao contrário do que se imaginava,
não inventou a guilhotina
inventou a função da lâmina como forma de pena a velocidade era a condição
necessária
para uma morte mais humana – pensava ele
o aparelho decapitou 2.794
inimigos da revolução
guillotin se inspirou em uma gravura de durer do século XVI, que trazia o ditador
tito manilo decapitando o próprio filho
mas foi o doutor louis, um cirurgião
que recomendou em 7 de março de 1792
que fosse dado ao aparelho uma lâmina
oblíqua – provou o doutor que assim, de banda a resistência dos ossos não
retardaria tanto
o tempo da lâmina
manobra que os pilotos de avião fizeram depois os pássaros desde antes
para perfurar a resistência do ar
calcularam 40 mil vítimas da guilhotina
entre 1792 a 1799
já o homem pós-moderno no mundo terra plana conseguiu a proeza de 6 milhões
de mortos
em um ano, mas foi louise bourgeois
ao colocar a guilhotina no batente da sua porta em frente à sua mesa de trabalho
ao seu corpo
sem precisar soltar a corda
que demonstrou toda a gravidade de um dia decapitado
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