7 de novembro de 1892

O uso de parábolas por Cristo

O Senhor tem verdades importantes para revelar àqueles que desejam compreender as
coisas do Espírito. Suas aulas são para todos e adaptadas às necessidades de todos. Conquanto
suas lições sejam revestidas de linguagem tão simples que uma criança possa entendê-las, a
verdade é tão profunda que os mais eruditos podem muito bem se encantar e adorar o Autor de
incomparável sabedoria. Embora o mais sábio possa encontrar abundante alimento para o
pensamento em sua mais simples declaração, o mais humilde pode compreender sua verdade e
apropriar-se de suas promessas às necessidades da alma. Jesus ensinou os homens com o
propósito de despertar o desejo de compreender as coisas de Deus, para que contemplassem a
excelência do caráter divino e aplicassem a justiça de Cristo, na qual pudessem ser aceitos
perante o Senhor Jeová. Você tem uma sensação de necessidade em sua alma? Você tem fome
e sede de justiça? Então, esta é uma evidência de que Cristo operou em seu coração e criou
este senso de necessidade em sua alma, a fim de que ele possa ser procurado para fazer por
você, por meio da investidura do Espírito Santo, aquilo que é impossível para você fazer por si
mesmo.{ST, 7 de novembro de 1892, par. 1}

Entre as multidões que ouviram as palavras de Cristo, estavam escribas e fariseus,

saduceus e anciãos, rabinos e sacerdotes, herodianos e governantes. A maioria dessa classe
eram homens orgulhosos, amantes do mundo, fanáticos e ambiciosos, que amavam o louvor
dos homens mais do que a aprovação de Deus; pois eles eram ignorantes tanto das Escrituras
como do poder de Deus. Em sua ignorância, eles não hesitaram em suplantar o ensino dos
profetas com suas próprias exposições da palavra de Deus . Eles arrancaram a Escritura de sua
relação com a verdade, e a fizeram servir à causa do erro. Mas eram extremamente ciumentos de
sua posição como professores do povo, e olhavam com ódio para o Mestre divino, que ensinava
como quem tem autoridade. Acima de tudo, eles desejavam encontrar algo por meio do qual
pudessem acusá-lo; e com esse propósito colocaram espiões em seu encalço para ver se não
conseguiam pegar de seus lábios algo que causasse sua condenação e silenciar para sempre
aquele que parecia atrair o mundo atrás dele. Mas Jesus conhecia o coração de todos e entendia
o caráter dos homens que o observavam com olhares malignos das multidões que se reuniam
para ouvir suas palavras, e ele apresentou a verdade de tal forma que eles não puderam
encontrar nada que pudesse apresentar seu caso perante o Sinédrio. Em parábolas ele expôs a
hipocrisia e as obras perversas daqueles que ocupavam altos cargos, e revestido de uma
verdade tão cortante de um caráter que se tivesse sido dito em denúncia direta, eles teriam posto
um fim ao seu ministério. Mas enquanto ele se esquivava dos espiões traiçoeiros, ele deixava a
verdade tão clara que o erro se manifestava, e o honesto de coração podia prontamente discernir
o que era verdade. {ST, 7 de novembro de 1892, par. 2}

As parábolas de Cristo foram registradas, e para o pesquisador honesto e diligente da

verdade, seu significado será esclarecido, seu mistério revelado. Aqueles que não buscam a
verdade como a um tesouro escondido, tornam manifesto o fato de que não desejam
sinceramente saber o que é a verdade. Cristo ainda diz a seus verdadeiros seguidores: "É dado a
vocês conhecer o mistério do reino dos céus." “Aquele que lhe pertence será dado, e ele terá
mais abundância.” Aquele que responde à atração de Cristo, será encontrado indagando quanto
ao que é a verdade, a fim de que seus pés sejam dirigidos no caminho da justiça. Cristo está
atraindo todos os homens, mas nem todos respondem ao seu atrair. Aqueles que entregam sua
vontade à vontade de Deus, que estão dispostos a seguir onde o Espírito de Deus pode levar,
que recebem a luz e andam nela, buscará ainda mais iluminação celestial e "terá mais
abundância". Mas quem resiste à atração do Espírito de Deus e se recusa a andar na luz,
escolhendo trilhar o caminho de sua própria escolha, não será compelido a ceder sua obstinada
vontade, nem será forçado a trilhar o caminho da paz e santidade. Aqueles que seguem este
curso são aqueles que, tendo olhos, não vêem, mas estão cegos para os terríveis resultados de
sua escolha, e caminham nas fagulhas de seu próprio fogo, e se deitarão em tristeza. {ST, 7 de
novembro de 1892, par. 3}

Isaías profetizou sobre as trevas morais que envolveriam aqueles que fossem elevados
em sua própria estima; ele disse: “Vai, e dize a este povo: Ouvi, deveras, mas não
compreendeis; e vedes, mas não percebeis. Engorda o coração deste povo, pesa-lhe os ouvidos
e fecha-lhe os olhos; para que não vejam com os olhos e ouçam com os ouvidos, e entendam
com o coração, e se convertam e sejam curados. ” Os líderes judeus corromperam seus corações
com imaginações vãs, com conhecimento terreno, sensual e diabólico; e embora professassem
crer no sacrifício típico que prefigurou o Cordeiro de Deus ao longo de todos os séculos desde a
queda do homem, eles se opuseram a Cristo e rejeitaram a Luz do mundo. Como um manto de
morte, eles cobriram suas almas de erro; e embora Cristo lhes apresentasse o significado interior
da economia judaica, para que eles pudessem discernir que ele era o grande Antítipo, eles
fecharam os olhos, para que não percebessem, e endureceram seus corações, para que não
entendessem. {ST, 7 de novembro de 1892, par. 4}

Jesus foi o originador da religião dos judeus, e quão claramente ele podia abrir para a
mente o significado de cada sombra e símbolo, e revelar a relação de todo o sistema consigo
mesmo. Aquilo que havia sido mal interpretado, ele expôs diante deles em sua clara conexão com
a verdade, e tornou clara a glória do serviço levítico. Ele procurou abrir aos homens o fato de que
o sistema judaico de religião apresentava em tipos e sombras todo o mistério do evangelho. O
serviço do passado não devia ser considerado com desprezo; pois em Cristo, o tipo encontrou o
antítipo e a substância da sombra. {ST, 7 de novembro de 1892, par. 5}

As lições que Cristo apresentou em suas palavras de verdade são como pérolas
preciosas; pois neles concedeu aos homens uma possessão inestimável. Muito do que ele
ensinou ainda é vagamente compreendido, e o lixo do erro cobre muitas gemas gloriosas da
verdade. Essas joias da verdade devem ser buscadas com tão grande diligência quanto os
homens buscam um tesouro escondido. Aqueles que conhecem o amor de Cristo devem
considerá-lo como o fez o homem que encontrou o tesouro escondido e, por alegria, foi e vendeu
tudo o que tinha para comprar o campo e cavar cada centímetro dele para descobrir os ricos
veios de ouro e prata. O ensino de Cristo é mais precioso do que qualquer mina da Terra pode
ser, e exige mais zelo de nossa parte em buscar as joias da verdade do que qualquer bem que
possamos assegurar no mundo. Devemos envidar os maiores esforços para compreender o pleno
significado da verdade que ele transmitirá à mente em parábolas ou máximas. Aquele que
deseja compreender as coisas espirituais, cave fundo nas minas da verdade. {ST, 7 de novembro
de 1892, par. 6}