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Homens 1, 2 e 3
Mulheres 1, 2 e 3
Coro
PRÓLOGO
(Rompendo com o silêncio e a penumbra, surge o coro de cantores entoando o hino “Deus de Amor”
enquanto trazem consigo lanternas/candeeiros, e cantando aquela ladainha relembram e/ou predizem o que
está para acontecer, preparando o clima para a história que será recontada. Enquanto isso, os atores
remontam o lava-pés e a última ceia numa interação com o público. Como se fossem imagens/estátuas da
igreja ganhando vida, durante um prelúdio que evoca os fatos a serem narrados.)
DEUS DE AMOR
(Atores e cantores saem de cena ao término da música para preparar-se, para a primeira cena/estação do
espetáculo, durante este vazio inicia-se a projeção e locução com os créditos do espetáculo)
PRIMEIRA ESTAÇÃO
Coro:
Deus é levado a juízo;/
Justo pagará por mim/
Morte e cruz/ é preciso
Que na cruz ache o seu fim.
M1 – De Caifás a Pilatos.
M2 – De Pilatos a Herodes.
H1 – Arrastado.
M3 – insultado.
TODOS - Que ele morra! Que ele morra! Que ele morra!
M2 – Perdoou Madalena.
H2 – Ressuscitou Lázaro.
H1 – (Pausa - Dirigindo-se ao público) – Não há ninguém que o defenda? Seus discípulos? Seus
amigos?
TODOS – Nenhum.
M1 – Nem Tiago.
M2 – Nem Pedro.
(Pausa)
M3 - Tinha já esquecido.
(Breve silencio)
H2 – E João?
M2 – João?
H1 – Vejo-o, pobre coitado, segundo a grande custo o amado mestre, até Anás, até Caifás, até Pilatos,
até Herodes... Mas não pensa em dizer:
TODOS - Que me preguem na cruz com meu senhor!
H1 – Porque deve o justo morrer... Justamente por que é justo? E nós? nós não o somos.
Panis angelicus
Fit panis hominum
Dat panis coelicus
Figuris terminum
O res mirabilis!
Manducat Dominum
Pauper, pauper
Servus et humilis
Pauper, pauper
Servus et humilis
Panis angelicus
Fit panis hominum
Dat panis coelicus
Figuris terminum
O res mirabilis!
Manducat Dominum
Pauper, pauper
Servus et humilis
Pauper, pauper
Servus, servus et humilis
Coro:
Nossos, pecados, escombros!
Não vedes que vai tombar?
Tomou todos sobre os ombros.
Vão-lhes todos arrancar.
M1 – O fratricídio de Caim.
TODOS - Todos!
H3 - Todos os assassinos!
TODOS - Todos!
TODOS - Todos!
H3 - Cuja vaga sobe desde a origem do mundo e irá quebrar-se um dia na montanha do julgamento.
M2 - Gritar os músculos.
H2 – E, lhe gritamos:
H2 – Para adiante!
H3 – Para adiante!
H2 – Para adiante!
M1 – Suando.
M2 – Ofegando.
M1 – Penando.
M2 – Silencioso.
M1 – Pobre cordeiro.
M2 – Pobre humanidade.
TERCEIRA ESTAÇÃO
Coro:
Cai. Meu orgulho lhe corta.
Dos joelhos o vigor.
Que os meus se gastem à porta,
À porta do teu amor.
M3 – Senhor!
M1 – Senhor!
M3 – Os dois joelhos!
M1 – A mão!
M3 – Alguém a pôs.
Coro :
(Solfejando até os atores montarem os praticáveis)
- Cai...
TODOS – Perdoai-me, Senhor. Se eu não tivesse caminhando de cabeça erguida, repleto da minha
ciência a suficiência, da minha satisfação e da minha vaidade, de olhos postos em mim, criatura
admirável, igual a seu Criador, desgostoso da minha condição ciumento da dos outros, - eu teria
visto esta pedra, teria aprendido a conhecer e a experimentar que eu não sou mais que ela: um
bocado de vossa terra, tirado por vós da sua inerte obscuridade; e que voltará um dia ao pó que foi.
Perdoai – me, Senhor!
Coro:
- Perdoai-nos,
Senhor...
H1 – Quando vier o tempo de vossas núpcias, seremos deixados à porta como os maus servidores.
M3 – E como as virgens loucas, que julgaram indignos de seus encantos preparar as luzes do
festim...
QUARTA ESTAÇÃO
Coro:
Outra dor se junta,
E a mãe e o filho devoram.
Dá-lhe teu pranto, defunta,
Que os nossos não choram!
H1 – É ela que avança, sustentada pelas santas mulheres e perdendo a vida a cada passo.
M3 – Pende-lhe a cabeça.
M3 – Escondei-o!
M2 – Escondei-o!
H1 – É preciso que ela o veja. Ela veio para vê-lo, e vê-lo sofrer... Há mais de trinta anos que ela
espera esta hora.
M3 - Desde aquele dia, no templo, em que o velho Simeão tomou nos braços o menino, risonho e
luminoso, e profetizou para ele e para ela...
H2 – Eis a hora do gládio. Maria o viu brilhar entre os romanos no dia do triunfo, sobre o jumento. Viu
o que apontava debaixo do manto de Judas, aquela noite. E quanto Jesus suava de angústia e de
abandono, ele se plantou, de súbito, nela.
M3 - O dia se levanta.
H1 - E é ela que o enterra, tendo nas mãos o cabo, o cabo em forma de cruz. Com a mão no cabo. Ela
se ergue. É preciso que ela o veja, o veja sofrer, o veja morrer. Seu lugar está marcado no calvário;
caminha ao encontro de seu filho. (Pausa) - Ele a sentiu chegar, ele, para!
De Maria lacrimosa,
No encontro lastimosa
Vê a imensa compaixão
Vê a imensa compaixão
M2 – Ela o vê
H1 – Ele a vê.
H1 - É preciso segui-lo.
QUINTA ESTAÇÃO
Coro:
Oh! Um amigo lhe resta!
Mas não sou eu: Simão
Nenhuma ajuda lhe presta
Minha fé menor que um grão...
(Pausa)
H3 – Um passo.
H1- Um passo.
H3 – Um passo.
H1 – Um passo
H3 – Um passo.
H1 – Um passo
H1 e H2 – Um passo
M1 - Pobre homem!
M3 - Como é desgraçado.
TODOS - Dá pena!
H3 - Um passo.
H1 – Um passo.
M1 e M3 – Um passo.
H3 - Um passo.
H1 – Um passo.
M1 e M3 – Um passo.
H3 - Um passo.
H1 – Um passo.
M1 e M3 – Um passo.
M2 (Carrasco) - Ó homem!
TODOS – Que é?
TODOS – Simão.
M2 – E de onde eis?
TODOS – De Cirene.
TODOS – Eu?
M2 (Carrasco) E já!
Coro:
Oh! Um amigo lhe resta!
Mas não sou eu: Simão
Nenhuma ajuda lhe presta
Minha fé menor que um grão...
M1 - Levará a cruz de má vontade, mas a cruz lhe vai pagar o que agora lhe dá.
Coro:
Mais depressa!
H1– Um passo.
Coro:
Mais depressa!
H1– Um passo.
Coro:
Mais depressa!
H1– Um passo.
Coro:
Mais depressa!
SEXTA ESTAÇÃO
Coro:
No lenço da minha afronta,
Se eu a fronte lhe enxugasse,
Nela veria imprimir-se,
Verônica, a sua face.
TODOS – Certa mulher, Verônica, vendo-lhes as pálpebras coladas de sangue e pó, roído o rosto por
uma rude máscara de espuma e de suor, tirou o mais branco dos seus véus, correu ao encontro dele,
e, de joelho em terra, colocou o pano sobre a face divina.
M2 – (do seu lugar) – O pano, por um momento, refrescou a face ardente e aflita.
M2 – Minha irmã!
M1 – Os olhos choram.
M2 – Os lábios sangram.
M2 – Da sua lição.
H1 – Do seu perdão.
M1 – Indelével.
M2 – Essencial.
Coro:
No lenço da minha afronta,
Se eu a fronte lhe enxugasse,
Nela viria imprimir-se,
Verônica, a sua Face!
SÉTIMA ESTAÇÃO
Coro:
Segunda queda. É a dureza
Do meu coração, senhor.
Das pedras vence a aspereza
As gotas do teu suor.
H2 – Mais devagar.
H3 – Devagar demais!
M2 – Como sofre.
M3 – A subida é íngreme.
M3 – A cabeça bateu!
H3 - Levantam-no à chicotadas.
Coro:
À chicotadas!
(VOCALISE – Música da VII estação)
H2 – Ah! Vós sentistes a dureza deste mundo, Senhor. Em vossos joelhos, vossas mãos, vossa
fronte.
H3 – Mesmo aquele que se julga bom, falta vinte vezes por dia à caridade fraterna.
M3 – Tanto doente!
M2 – Que será dos felizes, dos fortes, dos ricos, dos que tem mais saúde, se ocupar da miséria dos
outros?
H3 – Onde colocaram sua fortuna, sua alegria, sua força, sua saúde?
M3 - Tanto doente!
M2 – Tantos aflitos!
Coro:
Eles se queixam demais!
Basta! Basta! Fazei-os calar!
TODOS – Mas a miséria do mundo não se calará, porque gritaste, Senhor. Experimentando-a,
esposando-a queda em queda. E vosso grito não pode se extinguir.
H2 – Gritai, Senhor!
Coro:
“Chorai sobre vós”, diz êle.
Ah! Senhor, quantos gemidos.
Não brotam, porém das culpas,
Mas dos desejos traídos...
M1 – A certa altura, as mulheres de Israel que havia seguido o cortejo, batiam tanto no peito e tanto
se lamentavam, que o senhor as ouviu, e suspirou:
H1– Ó Filhas de Jerusalém, não choreis sobre mim, chorais, sobre vós, e vossos filhos. Pois eis que
virão dias que felizes as estéreis e as entranhas que não deram à luz, e os seios que não deram leite.
Então os homens começaram a gritar às montanhas:
H1 - E às colinas:
TODOS – Cobri-nos!
H3 – Lançado ao fogo.
M1 – Mas não é para que o lenho seco reverdeça, que o verde aceite ser tratado assim?
M1– Ainda que tombem Jerusalém e todas as cidades do mundo sobre as nossas alegrias, nossos
bens, nossos lares, nossos filhos, nada estará perdido, Senhor. Se arrancar de nossos corações e de
nossos olhos uma só lagrima, uma lagrima digna de correr nas vossas mãos!
NONA ESTAÇÃO
Coro:
Nossas faltas redobrando,
Entre o madeiro e o chão nu,
Vão o cordeiro esmagando...
Ó concupiscência, és tu?
TODOS – Senhor?
H3 - De todos abusamos.
M3 – (Com maior compaixão ainda) – Cordeiro de Deus, Cordeiro sem manchas! Quem vós pôs tão
baixo?
Coro:
Rogai por nós...!
Coro:
Rogai por nós...!
Coro:
Rogai por nós...!
Coro:
Rogai por nós...!
H3 – Sem escrúpulo.
H1 – Sem vergonha.
H1 – Matado.
H1 – E eis então o cordeiro sem mancha deitado sob os nossos desejos impuros.
(Pausa)
DÉCIMA ESTAÇÃO
Coro:
Ao ultrage dos olhares
Será exposto. Como um raio
Sua nudez nos fulmina.
Eis o homem, contemplai-o
TODOS – Nu!
TODOS – Nu!
M1 - Como Adão após, o pecado. Quando vê no seu corpo a vergonha e procura folhas para escondê-
la.
TODOS – Nu!
TODOS – Nu!
TODOS – Nu!
H1 - A fim de compor essa máscara derisória. Para a obra prima da criação de Deus.
H2 e M2 – Fomos nós.
M1 – Eis o Homem!
Coro:
Pregam-no pelas mãos.
Pelos pés ele é pregado.
Quem pregará meu destino
À cruz do crucificado?
M2 – A cruz que ele levou tão alto, o levará mais alto ainda.
M2 – Nela é deitado.
M1 – Nela é pregado.
H3 – E o cravo na madeira.
H3 – A mão sangra.
M2 – Que curava.
H3 – A outra mão.
H2 - Já está pronta.
H1 – O martelo.
M1 – O cravo.
H2 – A carne e a madeira.
Coro:
Pregam-no pelas mãos.
Pelos pés ele é pregado.
Quem pregará meu destino
À cruz do crucificado?
H2 - Os ossos estalam.
M1 – A cabeça oscila.
H1 - Tu, que destróis o templo e o reconstróis em três dias, desce da cruz; salva a ti próprio!
M2 – Pendendo de todo seu peso e de todo o nosso, dos pés, das mãos, das chagas dos cravos, a
fim de contentar seu Pai, no céu.
M3 – E seu Pai estende sobre o céu uma nuvem opaca e negra, por onde não passará sequer uma
gota de azul.
(pausa)
H3 - Fixai-nos na cruz!
H3 – Pelos pés.
H2 – Pelas mãos.
(Pausa)
Coro:
Transborda de sangue a taça.
Como a ele a lança fez.
O seu grito nos transpassa.
Está morto. É nossa vez.
H3 – João.
M1 – Maria Madalena.
M1 – Maria se inclina.
H2 - João soluça.
H1 – (Ao público) – Assim os que ele deixa terão mãe, uma família, um lar.
H3 – Reza o bom.
(Pausa)
H1 – (Contendo a aflição e o terror) – Ora, Jesus não vê mais os homens, não vê mais a sua criação. É
o cáus primitivo antes que o Espírito Santo soprasse a forma e a vida no mundo. O mundo volta ao
nada. Cristo está só, sem poder sobre ele. (Fortemente) - “Senhor! Senhor!” grita com voz forte...
H1 – (Fortemente ainda, completando sua frase) – “Por que me abandonaste?” Sua língua queima:
“Eu tenho sede”.
Solo (barítono):
Paaaai...!
Nas tuas mãos entrego meu espírito...!
H1 - Está morto.
Coro:
Recebei-nos, Mãe, nos braços
Como tendes recebido,
Trôpegos, são nossos passos,
Mãe, como temos vivido!
H3 – De nossa indiferença.
H2 – De nossa saciedade.
H3 - De nossa crueldade.
M3 - Reabrindo os vossos braços e os vossos joelhos para o fruto que vossas entranhas carregaram,
e que teve de amadurecer duas vezes, para nossa alegria e vossa dor.
M2 – João, sustentai a cabeça! A vossa repousou tão docemente no seu peito, no último banquete.
H3 - É preciso também que pregueis na terra os seus algozes, com seus pecados.
Coro:
Santo sepulcro. Eis a cova.
O homem velho é deitado.
Saia a criatura nova,
Deixe aos vermes o pecado!
M2- O Senhor está perto dos que tem coração o quebrantado e salva os de espírito abatido. (Salmos
34:18)
M3 - E Deus enxugará de seus olhos toda lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor,
nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas.
M1- Ainda Que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estais
comigo Senhor; a tua vara e o teu cajado me consolam.
M1 - Um anjo estava sentado em cima, branco como a neve, brilhante como um relâmpago.
Coro:
E o homem,
saindo do túmulo,
segue atrás dele.
O caminho,
que conduz ao Pai.
H1- Por que procuras entre os mortos, ó mulheres, aquele que está vivo? Cristo ressuscitou!
MULHERES – Aleluia!
HOMENS – Aleluia!
Coro:
Aleluia...!
Ressuscitou...!
(ORAÇÃO DO CREDO)
TODOS: Creio em Deus-Pai, todo poderoso,
H1 e M1: Criador do céu e da terra.
H2 e M2: E, em Jesus Cristo seu único filho e Nosso Senhor.
H3 e M3: Que foi concebido pelo poder do Espírito Santo,
MULHERES: Nasceu da Virgem Maria,
HOMENS: Padeceu sob Pôncio Pilatos,
H1 e M1: Foi crucificado, morto e sepultado,
H2 e M2: Desceu a mansão dos mortos,
H3 e M3: Ressuscitou ao terceiro dia,
TODOS: Subiu aos céus.
Está sentado à direita de Deus Pai, todo poderoso.
De onde há de vir julgar os vivos e os mortos.
H1: Creio no Espírito Santo,
M1: Na Santa Igreja Católica
H2: Na comunhão dos Santos
M2: Na remissão dos pecados
H3: Na ressurreição da carne
M3: Na vida eterna
TODOS: Amém!
(FIM)