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Apresenta:

Texto Original: Henry Ghéon


Tradução: Dom Marcos Barbosa
Adaptação: Thiago Ambtrieel
Personagens:

Homens 1, 2 e 3
Mulheres 1, 2 e 3
Coro

PRÓLOGO

(Rompendo com o silêncio e a penumbra, surge o coro de cantores entoando o hino “Deus de Amor”
enquanto trazem consigo lanternas/candeeiros, e cantando aquela ladainha relembram e/ou predizem o que
está para acontecer, preparando o clima para a história que será recontada. Enquanto isso, os atores
remontam o lava-pés e a última ceia numa interação com o público. Como se fossem imagens/estátuas da
igreja ganhando vida, durante um prelúdio que evoca os fatos a serem narrados.)

DEUS DE AMOR

1. Deus de amor, nós te adoramos neste Sacramento


Corpo e Sangue que fizeste nosso alimento
És o Deus escondido, vivo e vencedor
A teus pés depositamos todo nosso amor.

2. Meus pecados redimiste sob a tua cruz


Com teu Corpo e com teu Sangue, ó Senhor Jesus!
Sobre os nossos altares, Vítima sem par
Teu divino sacrifício queres renovar!

3. No Calvário se escondia tua divindade


Mas aqui também se esconde tua humanidade
Creio em ambas e peço, como o bom ladrão
No teu reino, eternamente, tua salvação!

4. Creio em ti ressuscitado, mais que São Tomé


Mas aumenta na minh'alma o poder da fé
Guarda a minha esperança, cresce o meu amor
Creio em Ti ressuscitado, meu Deus e Senhor!

5. Ó Jesus, que nesta vida pela fé eu vejo


Realiza, eu te suplico, este meu desejo
Ver-te, enfim, face a face, meu divino amigo
Lá no céu, eternamente, ser feliz contigo!

(Atores e cantores saem de cena ao término da música para preparar-se, para a primeira cena/estação do
espetáculo, durante este vazio inicia-se a projeção e locução com os créditos do espetáculo)
PRIMEIRA ESTAÇÃO

Coro:
Deus é levado a juízo;/
Justo pagará por mim/
Morte e cruz/ é preciso
Que na cruz ache o seu fim.

H1 – (Face para o público, compassadamente) - De Anás a Caifás.

M1 – De Caifás a Pilatos.

M2 – De Pilatos a Herodes.

H2 – E de Herodes de novo a Pilatos.

H1 – Arrastado.

M3 – insultado.

TODOS – Manchado, Batido.

H1- (Ele é Pilatos) - Não é bastante?

TODOS - Pergunta Pilatos antes de lavar as mãos.

H1 - Que quereis mais ainda?

TODOS - Que ele morra! Que ele morra! Que ele morra!

H1 – Mas, que fez ele? Por quê?

M1- Curou o cego de nascença.

M2 – Perdoou Madalena.

H2 – Ressuscitou Lázaro.

H3 – Caminhou sobre as águas

H1 – E é um crime vencer a morte.

TODOS – Seja crucificado! (3 x)

H1 – (Pausa - Dirigindo-se ao público) – Não há ninguém que o defenda? Seus discípulos? Seus
amigos?

TODOS – Nenhum.

M1 – Nem Tiago.

M2 – Nem Pedro.

H3 – Nem mesmo Pedro.

H2 - Ele o negou três vezes.

(Pausa)

M1 – Ontem, dava-lhes a carne como comida.

M2 – Ontem, dava-lhes o sangue como bebida.

H3 – Os mais ardorosos, os mais fiéis dormiram no jardim das oliveiras.

M3 - Tinha já esquecido.

(Breve silencio)

H2 – E João?

M2 – João?

H1 – Vejo-o, pobre coitado, segundo a grande custo o amado mestre, até Anás, até Caifás, até Pilatos,
até Herodes... Mas não pensa em dizer:
TODOS - Que me preguem na cruz com meu senhor!

H1 – Porque deve o justo morrer... Justamente por que é justo? E nós? nós não o somos.

TODOS - (Caindo em si) – Nós não o somos.

M3 – Deus é levado à juízo.

M2 – Justo pagará por mim.

H3 – Morte de cruz é preciso.

H2 – Que na cruz ache o seu fim.

MÚSICA - PANIS ANGELICUS

Panis angelicus
Fit panis hominum
Dat panis coelicus
Figuris terminum
O res mirabilis!
Manducat Dominum
Pauper, pauper
Servus et humilis
Pauper, pauper
Servus et humilis

Panis angelicus
Fit panis hominum
Dat panis coelicus
Figuris terminum
O res mirabilis!
Manducat Dominum
Pauper, pauper
Servus et humilis
Pauper, pauper
Servus, servus et humilis

Tradução: “Pão dos Anjos

Pão dos Anjos


Torne-se o pão dos homens
O pão do paraíso
Fim de toda dúvida
Que maravilha!
Que participa do Senhor
Pobre, pobre
Humilde servo
Pobre, pobre
Humilde servo

Pão dos Anjos


Torne-se o pão dos homens
O pão do paraíso
Fim de toda dúvida
Que maravilha!
Que participa do Senhor
Pobre, pobre
Humilde servo
Pobre, pobre
Humilde servo”.
SEGUNDA ESTAÇÃO

Coro:
Nossos, pecados, escombros!
Não vedes que vai tombar?
Tomou todos sobre os ombros.
Vão-lhes todos arrancar.

(Falam, imóveis, com dura intensidade)

H3 – A carga o tornou imóvel.

H2 – A cruz lhe mordeu o ombro.

M1 – Escolheram a madeira mais pesada.

M2 - Escolheram a madeira mais pesada.

H2 – E ele ainda pôs por cima o perjúrio de Adão.

M1 – O fratricídio de Caim.

M2 – O adultério do Rei profeta.

H3 – Pôs por cima todos os perjúrios,

TODOS - Todos!

H3 - Todos os assassinos!

TODOS - Todos!

H3 - Todos os adultérios dos homens!

TODOS - Todos!

H3 - Cuja vaga sobe desde a origem do mundo e irá quebrar-se um dia na montanha do julgamento.

TODOS - Os nossos também?

H3 - Todos os nossos. Ainda que tivéssemos batido uma só vez.

H2 – Sobre ele está a nossa violência.

M3 – Ainda que tivéssemos enganado uma só vez.

M1 – Sobre ele está a nossa traição.

H2 – Ainda que tivéssemos odiado uma só vez.

M2 – Carrega sobre si o nosso ódio.

H3 – Somos nós que lhe pesamos na cruz.

TODOS – Somos nós!

H3 – (Dolorosamente) – Por nós, é que a madeira entra-lhe na carne.

M1 - Faz estalar seus ossos.

M2 - Gritar os músculos.

M3 - Pesamos sobre ele com toda nossa força.

H2 – E, lhe gritamos:

TODOS - Para adiante!

H2 – Para adiante!

H3 – Para adiante!

H2 – Para adiante!

M1, M2 – Parai! Por piedade parai!


H2 - Nãaaaaaao! É preciso que ele nos leve até o fim.

MULHERES - O amor o quer.

M1 – Como o boi sob o aguilhão.

M2 – Sob o chicote, como o escravo.

M1 – Suando.

M2 – Ofegando.

M1 – Penando.

M2 – Silencioso.

TODOS – Até cair.

M1 – Pobre cordeiro.

M2 – Pobre humanidade.

H3 – Nossos pecados, escombros!

H2 – Não Vedes que vai tombar?

M1 – Tomou todos sobre os ombros.

TODOS – Vão todos arrancar!

TERCEIRA ESTAÇÃO

Coro:
Cai. Meu orgulho lhe corta.
Dos joelhos o vigor.
Que os meus se gastem à porta,
À porta do teu amor.

M3 – Senhor!

M1 – Senhor!

M3 – Os dois joelhos!

M1 – A mão!

M3 – Tropeçou numa pedra.

M1 – Não a podiam afastar do seu caminho?

M3 – Alguém a pôs.

TODOS – Quem a pôs?

Coro :
(Solfejando até os atores montarem os praticáveis)
- Cai...

TODOS – Perdoai-me, Senhor. Se eu não tivesse caminhando de cabeça erguida, repleto da minha
ciência a suficiência, da minha satisfação e da minha vaidade, de olhos postos em mim, criatura
admirável, igual a seu Criador, desgostoso da minha condição ciumento da dos outros, - eu teria
visto esta pedra, teria aprendido a conhecer e a experimentar que eu não sou mais que ela: um
bocado de vossa terra, tirado por vós da sua inerte obscuridade; e que voltará um dia ao pó que foi.
Perdoai – me, Senhor!

Coro:
- Perdoai-nos,
Senhor...

H1 – Quando vier o tempo de vossas núpcias, seremos deixados à porta como os maus servidores.

M3 – E como as virgens loucas, que julgaram indignos de seus encantos preparar as luzes do
festim...

H3 – Sobre os joelhos, assim.


M1 – Reduzindo à altura das feras.

M3 – Acorrentados à nossa miséria.

H1 – Mascando a terra de onde saímos. (Pausa) O homem caiu.

M3 – Meu orgulho lhe corta, dos joelhos, o vigor.

H3 - Os meus se gastarão à porta.

TODOS – A porta do seu amor.

QUARTA ESTAÇÃO

Coro:
Outra dor se junta,
E a mãe e o filho devoram.
Dá-lhe teu pranto, defunta,
Que os nossos não choram!

H1 – Ela está aqui!

M1, M2, H2 – Ela!

H1 – É ela que avança, sustentada pelas santas mulheres e perdendo a vida a cada passo.

M2 – Como está pálida!

M3 – Seus olhos são devorados pelas lagrimas.

M2- Treme-lhe a boca.

M3 – Pende-lhe a cabeça.

M2 – Não tem força sequer para os braços!

H1– Afastai-vos, carrascos; que ela o veja!

M2 – Não; escondei-o. Seu coração não resiste.

M3 – Escondei-o!

M2 – Escondei-o!

M2 – Ao menos diante dela, poupai-o.

H2 – (Carrasco - Gravemente autoritário) – Mulheres, deixai-o cumprir, custe-lhe embora a morte, a


vontade de Deus e de seu filho.

M2, M3 – É preciso que ela o veja?

H1 – É preciso que ela o veja. Ela veio para vê-lo, e vê-lo sofrer... Há mais de trinta anos que ela
espera esta hora.

M3 - Desde aquele dia, no templo, em que o velho Simeão tomou nos braços o menino, risonho e
luminoso, e profetizou para ele e para ela...

M2 - E quanto a vós Maria, disse ele...

TODOS - Um gládio transpassará o vosso coração.

H1 – Há mais de trinta anos que ela espera o gládio.

M2 - Há mais de trinta anos que ela se prepara...

M3 - E aspira sofrer tanto ou mais que seu filho.

TODOD - Sofrerá menos.

M2 – Carrascos, não sabeis o que é mãe.


H1 – Mas sei o que é um Deus que tomou todo sofrimento sobre sim, e de todos os filhos e o de
todas as mães. Ela sofrerá menos. E seu pior sofrimento é justamente, não poder, na dor, descer
tanto quanto ele.
Mas, tanto quanto possa, ela quer descer. Ela exige que Deus lhe de a medida cheia, a cheia medida
humana, e Deus não falhará!

MULHERES – Eis a hora do gládio.

H2 – Eis a hora do gládio. Maria o viu brilhar entre os romanos no dia do triunfo, sobre o jumento. Viu
o que apontava debaixo do manto de Judas, aquela noite. E quanto Jesus suava de angústia e de
abandono, ele se plantou, de súbito, nela.

H1 - Ela está só.

M3 - O dia se levanta.

M2 - Ruído de armas... Gritos.

H2 - A notícia, que se espalha.

M3 - Seu filho está preso!

M2 - Seu filho é flagelado.

H1 - Seu filho é condenado.

H2 - A cada golpe, o gládio que se enterra.

H1 - E é ela que o enterra, tendo nas mãos o cabo, o cabo em forma de cruz. Com a mão no cabo. Ela
se ergue. É preciso que ela o veja, o veja sofrer, o veja morrer. Seu lugar está marcado no calvário;
caminha ao encontro de seu filho. (Pausa) - Ele a sentiu chegar, ele, para!

M2, M3 – Ela para.

MÚSICA - De Maria Lacrimosa

Pela Virgem Dolorosa,


Vossa Mãe tão piedosa,
Perdoai-me meu Jesus!
Perdoai-me meu Jesus!

De Maria lacrimosa,
No encontro lastimosa
Vê a imensa compaixão
Vê a imensa compaixão

M2 – Ela o vê

H1 – Ele a vê.

H1 – Ele se cala. (Pausa) Um só olhar trocado, que atravessa o mundo.

M2 - Como um raio de amor, esticado entre o céu e a terra.

M3 – Como a corda de uma citara, única, eterna.

H2 – Que não mais deixará de cantar sob o dedo dos anjos.

H3 – (Doloroso) – Mãe, em que estado!

M1 – Em que estado, meu filho!

H1 – É tudo, Ele continua seu caminho, e sua cruz é a mais pesada:


Ele se curva, mas uma fonte brotou de lagrimas, dos olhos maternos; os olhos, o coração, a alma lhe
transbordam. Ela cai.

MULHERES – Ela cai.

M2 – (num ímpeto, após uma pausa) – Carrascos não tendes coração?

M3 – Carrascos não tendes mãe?

M2 – Não viste, nunca, vossa mãe chorar?


H2 – Se o choro da Mãe tivesse podido enternecer, ela teria escondido seu choro. Pois a mãe não
veio para salvar seu filho, mas para dá-lo. Pronto. Que ele vá sozinho até o fim.

M3 – Vamos deixá-la então?

H1 - É preciso segui-lo.

M2 – Ah! Como estão secos os nossos olhos!

H1 – Aprendamos, pois, a compadecer. Outra dor, a dor se junta

M2 – E a Mãe e ao filho devoram.

M3 – Dá-nos teu pranto defunta

TODOS – Que os nossos olhos não choram.

QUINTA ESTAÇÃO

Coro:
Oh! Um amigo lhe resta!
Mas não sou eu: Simão
Nenhuma ajuda lhe presta
Minha fé menor que um grão...

(Pausa)

H3 – Um passo.

H1- Um passo.

H3 – Um passo.

H1 – Um passo

H3 – Um passo.

H1 – Um passo

H1 e H2 – Um passo

M1 (imóvel) – Ele não pode mais.

M3 – Ninguém para ajudá-lo?

H3 – Ninguém? Ninguém... O mundo não mudou... Muitos pensam consigo mesmo:

M1 - Pobre homem!

M3 - Como é desgraçado.

TODOS - Dá pena!

H3 - Mas nenhum lhe estende a mão. Ninguém ousa.

H1 – Homens sem coração.

H3 – Homens sem fé, como nós.

TODOS – Como nós!

H3 - Um passo.

H1 – Um passo.

M1 e M3 – Um passo.

H3 - Um passo.

H1 – Um passo.

M1 e M3 – Um passo.

H3 - Um passo.
H1 – Um passo.

M1 e M3 – Um passo.

H3 - Ora, os carrascos não se caçam... Não chegam ao fim?

M2 (Carrasco) - Ó homem!

TODOS – Que é?

M2 (Carrasco) – Como te chamas?

TODOS – Simão.

M2 – E de onde eis?

TODOS – De Cirene.

M2 (Carrasco) – Pois bem, Simão: vem ajudar um pouco!

TODOS – Eu?

M2 (Carrasco) E já!

TODOS - (Apontando para à carga) É esta?

Coro:
Oh! Um amigo lhe resta!
Mas não sou eu: Simão
Nenhuma ajuda lhe presta
Minha fé menor que um grão...

H3– (Ao público) – Ele obedece, mais reclama.

M3 - Não se teria oferecido. Não sabe a honra que lhe cabe.

H1 - Estava ali, teve essa sorte.

M1 - Levará a cruz de má vontade, mas a cruz lhe vai pagar o que agora lhe dá.

H3 - Ele se torna o amigo do salvador.

TODOS – Ele se torna o amigo do salvador.

M1– Ele representa todos os homens. E o salvador, o salvará.

TODOS - E o salvador o salvará!

H3 – Apesar de sua má vontade.

TODOS - (Todo esse diálogo é de intensidade crescente) – Apesar da nossa má vontade.

H1– Vamos! Um passo.

Coro:
Mais depressa!

H1– Um passo.

Coro:
Mais depressa!
H1– Um passo.

Coro:
Mais depressa!

H1– Um passo.

Coro:
Mais depressa!

H3– Oh! Um amigo lhe resta.


M3 – Mas não sou eu, é Simão!

M1 – Nenhuma ajuda lhe presta a minha fé.

H1 – Menor que um grão.

SEXTA ESTAÇÃO

Coro:
No lenço da minha afronta,
Se eu a fronte lhe enxugasse,
Nela veria imprimir-se,
Verônica, a sua face.

TODOS – Certa mulher, Verônica, vendo-lhes as pálpebras coladas de sangue e pó, roído o rosto por
uma rude máscara de espuma e de suor, tirou o mais branco dos seus véus, correu ao encontro dele,
e, de joelho em terra, colocou o pano sobre a face divina.

M2 – (do seu lugar) – O pano, por um momento, refrescou a face ardente e aflita.

M1 – Mas já os carrascos repeliam a mulher com o pano entre as mãos, desdobrado...

M2 – Minha irmã!

M1– Minha irmã! Vede: Ele deixou no pano sua imagem.

M2 – A Imagem do seu sofrimento.

M1 – A imagem da sua doçura...

M2 – Nenhum traço, marcado pelo sangue, que não diga:

HOMENS - Eu sou manso.

M1, M2 – Nenhum que não nos diga.

HOMENS - Eu sofro por vós e para vós.

M1 – Os olhos choram.

M2 – Os lábios sangram.

H1 - Nada, nada se esqueceu do seu doloroso esplendor.

M1 – Da sua eterna censura.

H3 - Da sua eterna agonia.

M2 – Da sua lição.

H1 – Do seu perdão.

M1 - E Verônica pode beijar os seus traços sem apegar-lhe a memória.

H1 – Possa o rosto de sua Paixão imprimir-se em nós como num pano!

M1 – Indelével.

M2 – Essencial.

TODOS - No lenço da minha afronta,


Se eu a fronte lhe enxugasse,
Nela viria imprimir-se,
Verônica, a sua Face!

Coro:
No lenço da minha afronta,
Se eu a fronte lhe enxugasse,
Nela viria imprimir-se,
Verônica, a sua Face!
SÉTIMA ESTAÇÃO

Coro:
Segunda queda. É a dureza
Do meu coração, senhor.
Das pedras vence a aspereza
As gotas do teu suor.

H2 – Mais devagar.

H3 – Devagar demais!

M2 – Como sofre.

M3 – A subida é íngreme.

H2 – Os carrascos praguejam, batem, empurram. O homem caiu.

M2 (caindo de joelhos) Os joelhos!

M3 – A cabeça bateu!

H2 (essas quatro réplicas apressadas, bruscas) - A coroa de espinhos caiu...

M2 (mais gravemente) – Um longo soluço no peito.

H3 - Levantam-no à chicotadas.

Coro:
À chicotadas!
(VOCALISE – Música da VII estação)

H2 – Ah! Vós sentistes a dureza deste mundo, Senhor. Em vossos joelhos, vossas mãos, vossa
fronte.

H3 – Mesmo aquele que se julga bom, falta vinte vezes por dia à caridade fraterna.

M2 (Tom amargo e irônico) – Tanto pobre!

M3 – Tanto doente!

M2 – Que será dos felizes, dos fortes, dos ricos, dos que tem mais saúde, se ocupar da miséria dos
outros?

H3 – Onde colocaram sua fortuna, sua alegria, sua força, sua saúde?

M2 (como acima) – Tanto pobre!

M3 - Tanto doente!

M2 – Tantos aflitos!

Coro:
Eles se queixam demais!
Basta! Basta! Fazei-os calar!

TODOS – Mas a miséria do mundo não se calará, porque gritaste, Senhor. Experimentando-a,
esposando-a queda em queda. E vosso grito não pode se extinguir.

H2 – Gritai, Senhor!

M2 – É a dureza do meu coração, senhor.

H3 – Das pedras vence a aspereza.

M3 – As gotas do teu suor...


OITAVA ESTAÇÃO

Coro:
“Chorai sobre vós”, diz êle.
Ah! Senhor, quantos gemidos.
Não brotam, porém das culpas,
Mas dos desejos traídos...

M1 – A certa altura, as mulheres de Israel que havia seguido o cortejo, batiam tanto no peito e tanto
se lamentavam, que o senhor as ouviu, e suspirou:

H1– Ó Filhas de Jerusalém, não choreis sobre mim, chorais, sobre vós, e vossos filhos. Pois eis que
virão dias que felizes as estéreis e as entranhas que não deram à luz, e os seios que não deram leite.
Então os homens começaram a gritar às montanhas:

TODOS - Cai sobre nós!

H1 - E às colinas:

TODOS – Cobri-nos!

H1 – Pois, se o lenho verde é tratado assim, o que fará do seco?

M2 – Será posto em feixes.

H3 – Lançado ao fogo.

M2 – Queimai-o, queimai-o, Senhor!

H2 – É o que ele merece!

M1 – Mas não é para que o lenho seco reverdeça, que o verde aceite ser tratado assim?

M2 – Um pouco do vosso sangue.

TODOS - Um pouco do vosso sangue.

H2 – Um pouco de vossa seiva.

TODOS - Um pouco de vossa seiva

M2 – Em toda a floresta das almas não irá reverdecer?

M1– Ainda que tombem Jerusalém e todas as cidades do mundo sobre as nossas alegrias, nossos
bens, nossos lares, nossos filhos, nada estará perdido, Senhor. Se arrancar de nossos corações e de
nossos olhos uma só lagrima, uma lagrima digna de correr nas vossas mãos!

H1 (em voz baixa) – Chorai sobre vós, diz ele.

M1 – Ah! Senhor, quantos gemidos!

H3 – Não brotam, porém das culpas.

TODOS – Mas, dos desejos traídos!

NONA ESTAÇÃO

Coro:
Nossas faltas redobrando,
Entre o madeiro e o chão nu,
Vão o cordeiro esmagando...
Ó concupiscência, és tu?

TODOS – Senhor?

H1– Caiu de cheio sobre o rosto.

H3 – Sob a árvore e como uma árvore que se abate.

H1 – Sobre a terra de nossos pecados.

H3 – Sobre a terra de nossas delícias.


H1 - Comprimido de encontro a ela por essa árvore, cujos frutos, saboreamos todos...

H3 - De todos abusamos.

H1 - De todos usamos mal.

H3 - Dos maus e dos bons, contanto que fossem deleitosos.

H1 – Até do mel e do maná tiramos veneno.

H3 – Do mel das núpcias, do maná do repouso.

M3 – (Com maior compaixão ainda) – Cordeiro de Deus, Cordeiro sem manchas! Quem vós pôs tão
baixo?

M1 - Não nos seria possível reerguer-vos?

H1 – Não temos olhos senão para o que agrada aos olhos.

M1 e M3- Por minha culpa!

Coro:
Rogai por nós...!

H3 – Boca, senão para o que agrada a boca.

M1 e M3- Por minha culpa!

Coro:
Rogai por nós...!

H1 – Mãos apenas para agarrar os bens do mundo.

M1 e M3- Por minha culpa!

Coro:
Rogai por nós...!

H3 – Pés, somente para voar ao encontro do prazer.

M1 e M3- Por minha culpa!

Coro:
Rogai por nós...!

H1 – Se não possuímos tudo, tudo cobiçamos na carne de nossa alma.

H3 – Sem escrúpulo.

H1 – Sem vergonha.

H3 – Os bens de nossos pais.

H1 - A mulher de nosso amigo.

H3 - Nós teríamos roubado,

H1 – Matado.

H3 – Para saciar nossa inveja.

H1 – E eis então o cordeiro sem mancha deitado sob os nossos desejos impuros.

M3 – (Dolorosamente) Da árvore do prazer ter-se-á feito uma árvore de sofrimento?

M1 – (Dolorosamente) Que poderemos colher dela agora?

H1 e H3 – (Com dureza) A dor!

(Pausa)

H1 – Nossas faltas redobrando.

M3 – Entre o madeiro e o chão nu.


M1- Vão o Cordeiro esmagando.

TODOS – Ó concupiscência, és tu!

DÉCIMA ESTAÇÃO

Coro:
Ao ultrage dos olhares
Será exposto. Como um raio
Sua nudez nos fulmina.
Eis o homem, contemplai-o

H1 - Descarregam-no de sua cruz.

H2 – Ele se levanta de olho fechados.

M2 – Há um véu/ de sangue em seus olhos.

M1 – Que a mão fatigada afasta.

H1 – (Dolorosamente) – Dão-lhe vinho a beber...

H2 – Misturado com fel.

M2 – Ele apenas humedece os lábios... e o rejeita.

H1 – Vê diante de si soldados, sacerdotes, basbaques, prostitutas, moleques, a escória do povo, - e


mais longe, algumas mulheres. Sua mãe está entre elas. Tomam-no e o põe nu diante de todos.

TODOS – Nu!

M2 - Como se criou e nos criou.

TODOS – Nu!

M1 - Como Adão após, o pecado. Quando vê no seu corpo a vergonha e procura folhas para escondê-
la.

TODOS – Nu!

H2 - Como Abel assassinado.

TODOS – Nu!

H2 - Como Noé na embriaguez.

TODOS – Nu!

H1 – Mas, ninguém para cobrir.

TODOS – Mas, ninguém para cobrir...

H1– A falta sem o prazer.

H2 - A vergonha sem a falta.

TODOS - Nossa vergonha. Nossas faltas.

H2 - Sobre um corpo sem falta e vergonha.

H1 - Sobre o homem sem pecado, todas as taras do pecado.

M2 – Pintadas com seu sangue.

M1 – Buriladas na sua pele.

H2 – Incrustadas na sua carne.

H1– Eis aqui o Homem, obra prima dos homens.

H2, M2 - Porque todos os homens se puseram juntos.


M1 - Cada um juntando um traço de horror.

H1 - A fim de compor essa máscara derisória. Para a obra prima da criação de Deus.

H1, M1 – Eis o Homem.

H2 e M2 – Fomos nós.

H1 – (Dolorosamente, concluindo) – Eis o que fizemos do Homem.

M2 – Cobri-o! Ele sente vergonha.

H1 - É ele que não ousa mais nos olhar.

M1 – Ao ultraje dos olhares foi exposto.

H2 – Como um raio, sua nudez nos fulmina.

M1 – Eis o Homem!

TODOS - (Repetidamente até dispersar-se para fora da cena) Ocultai-o!

DÉCIMA PRIMEIRA ESTAÇÃO

Coro:
Pregam-no pelas mãos.
Pelos pés ele é pregado.
Quem pregará meu destino
À cruz do crucificado?

M3 – O anjo velou sua vergonha: só a dor é vista agora.

M2 – A cruz que ele levou tão alto, o levará mais alto ainda.

M2 – Nela é deitado.

M1 – Nela é pregado.

H3 – O martelo sobre o cravo.

H2 – O cravo na mão e no osso.

H3 – E o cravo na madeira.

H2 - E a carne e o osso na madeira.

H3 – A mão sangra.

M3 - A mão direita que abençoava.

M2 – Que curava.

H3 – A outra mão.

H2 - Já está pronta.

H1 – O martelo.

M1 – O cravo.

H2 – A carne e a madeira.

M1 – (como acima) – A mão esquerda que ignorava...

M3 – O que dava a direita.

M2 - Os pés, um sobre o outro.

H1, M1 – Como dois irmãos.

M2 – Os pés que sofrem um pelo outro.

M3 – A pecadora não mais os lavará.


M1 – Não mais pisarão este solo maldito.

H2 – Pronto. Ergue-se a cruz. (Completando as flâmulas, a imagem do Jesus Crucificado)

Coro:
Pregam-no pelas mãos.
Pelos pés ele é pregado.
Quem pregará meu destino
À cruz do crucificado?

H2 - Os ossos estalam.

M1 – A cabeça oscila.

M2, M3– (Num grito) – Senhor!

H3 – E plantam a cruz sobre o crânio de Adão.

H2 – Suas vestes são divididas.

H3 – Sua túnica é sorteada.

M2, M3 – Caçoam dele e provocam-no

H1 - Tu, que destróis o templo e o reconstróis em três dias, desce da cruz; salva a ti próprio!

H2 – Tu que salvas os outros não te podes salvar?

H3– “Se és filho de Deus, pede a teu pai que te liberte”.

M1 – Riem. Ousam rir.

H1 - O rei dos Judeus entre dois criminosos.

M3 – Mas Jesus só cuida de levar ao fim o seu martírio.

M2 – Pendendo de todo seu peso e de todo o nosso, dos pés, das mãos, das chagas dos cravos, a
fim de contentar seu Pai, no céu.

M3 – E seu Pai estende sobre o céu uma nuvem opaca e negra, por onde não passará sequer uma
gota de azul.

(pausa)

H2 – Devíeis escolher entre nós e vós.

M2 – Ou nos salvar, ou salvar a vós mesmo.

M3 – Senhor, que não pudestes vos salvar, salve-nos!

H3 - Fixai-nos na cruz!

H2 - Fixai a cruz em nós!

H3 – Pelos pés.

H2 – Pelas mãos.

H3 – Quando nossos pés ou nossas mãos se desviarem.

(Pausa)

M3 – Pregam-no pelas mãos.

M2 – Pelos pés ele é pregado.

TODOS – Quem pregará meu destino. A cruz do crucificado?


DÉCIMA SEGUNDA ESTAÇÃO

Coro:
Transborda de sangue a taça.
Como a ele a lança fez.
O seu grito nos transpassa.
Está morto. É nossa vez.

H1 – Deixaram que eles se aproximassem para vê-lo morrer.

M1 – Maria, sua mãe, e a irmã de sua Mãe.

H3 – João.

M1 – Maria Madalena.

H1 – E ele os reconhece. – “Mulher, eis aí teu filho.

M1 – Maria se inclina.

H1 – ‘‘Eis, aí tua mãe.”

H2 - João soluça.

M3 – Madalena lhe beija os pés.

H1 – (Ao público) – Assim os que ele deixa terão mãe, uma família, um lar.

MULHERES – E ele nos deixa, todos.

HOMENS – E ele nos salva, todos.

TODOS – Já pode entrar em agonia. Agonia, agonia, agonia...


(Clima de Inquietação e medo).

H1 – Uma nuvem espessa se forma.

H3 - A multidão se alarma e foge.

H1 – O mau ladrão blasfema.

H3 – Reza o bom.

TODOS – Não são sequer três horas e eis a noite.

H3 – Deus mudou o curso dos astros.

H1 - Para que não vejam Deus morrer.

(Pausa)

H1 – (Contendo a aflição e o terror) – Ora, Jesus não vê mais os homens, não vê mais a sua criação. É
o cáus primitivo antes que o Espírito Santo soprasse a forma e a vida no mundo. O mundo volta ao
nada. Cristo está só, sem poder sobre ele. (Fortemente) - “Senhor! Senhor!” grita com voz forte...

M1, M2 – Ele chama seu Pai.

H2, M3 – Ele chama seu pai.

H1 – (Fortemente ainda, completando sua frase) – “Por que me abandonaste?” Sua língua queima:
“Eu tenho sede”.

TODOS – (em voz branda) – Eu tenho sede.

H1 – Um soldado, na ponta de um caniço, lhe estende a esponja e o vinagre.

M1, M2 – Mas de novo Jesus solta um grito dilacerante:

Solo (barítono):
Paaaai...!
Nas tuas mãos entrego meu espírito...!

H1– E ele entrega o seu espírito.

(Todos simulam um derradeiro suspiro)


H1 - Quando lhe transpassarem o flanco, sairá sangue e água. Todos os homens poderão beber.
Transborda de sangue a taça.

TODOS – Como a ele a lança fez.

M1, M2 – O seu grito nos transpassa.

H1 - Está morto.

M1, M2 – É nossa vez.

DÉCIMA TERCEIRA ESTAÇÃO

Coro:
Recebei-nos, Mãe, nos braços
Como tendes recebido,
Trôpegos, são nossos passos,
Mãe, como temos vivido!

H3 - O fruto tombou da árvore.

H2 - E nós com ele tombamos.

H3 - Precipitados pelo remorso e pela vergonha.

H2 - Do alto de nosso orgulho.

H3 – De nossa indiferença.

H2 – De nossa saciedade.

H3 - De nossa crueldade.

H2 – Manchados de um sangue que não é nosso.

H3 - Nós calcamos o justo no lagar.

H2 – Este homem era verdadeiramente o filho de Deus!

M2 – Se nós tivéssemos vivido melhor.

M3 – Se nós tivéssemos amado mais.

M2 – Ele não estaria morto.

H1 – Ele não estaria morto, ó mãe.

M2 – Vós não estaríeis aí, na treva, ao pé da árvore da salvação.

M3 - Reabrindo os vossos braços e os vossos joelhos para o fruto que vossas entranhas carregaram,
e que teve de amadurecer duas vezes, para nossa alegria e vossa dor.

M2 – Uma vez no vosso amor.

M3 – Outra, nos vossos ultrajes.

M2 – João, sustentai a cabeça! A vossa repousou tão docemente no seu peito, no último banquete.

M3 – Madalena, sustentai os pés, eles não esqueceram o perfume da urna de alabastro.

H2 – Mãe, não tombeis com o peso de vosso Filho.

H3 - É preciso também que pregueis na terra os seus algozes, com seus pecados.

M2 - Recebei-nos, Mãe, nos braços,

M3 - Como o tendes recebido.

H3 – Trôpegos são nossos passos.

TODOS – Mãe... Como temos vivido!


MÚSICA – Ave Verum Corpos (De: Sebastian Mozart)

Ave Verum Corpus


Ave verum corpus natum de Maria Virgine
Vere passum, immolatum in cruce pro homine
Cuius latus perforatum unda fluxit et sanguine
Esto nobis praegustatum mortis in examine
O Iesu dulcis, o Iesu pie, o Iesu fili Mariae.
Ave verum corpus natum de Maria Virgine
Vere passum, immolatum in cruce pro homine
Cuius latus perforatum unda fluxit et sanguine
Esto nobis praegustatum mortis in examine
O Iesu dulcis, o Iesu pie, o Iesu fili Mariae.

Tradução: “Salve, Ó Verdadeiro Corpo


Salve. ó verdadeiro corpo nascido da Virgem Maria
Que verdadeiramente padeceu e foi imolado na cruz pelo homem
De seu lado transpassado fluiu água e sangue
Sê para nós remédio na hora tremenda da morte
Ó doce Jesus, ó bom Jesus, ó Jesus filho de Maria.
Salve.ó verdadeiro corpo nascido da Virgem Maria
Que verdadeiramente padeceu e foi imolado na cruz pelo homem
De seu lado transpassado fluiu água e sangue
Sê para nós remédio na hora tremenda da morte
Ó doce Jesus, ó bom Jesus, ó Jesus filho de Maria.”

DÉCIMA QUARTA ESTAÇÃO

Coro:
Santo sepulcro. Eis a cova.
O homem velho é deitado.
Saia a criatura nova,
Deixe aos vermes o pecado!

M2- O Senhor está perto dos que tem coração o quebrantado e salva os de espírito abatido. (Salmos
34:18)

M3 - E Deus enxugará de seus olhos toda lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor,
nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas.

M1- Ainda Que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estais
comigo Senhor; a tua vara e o teu cajado me consolam.

MULHERES (Entrando) – Na manhã do terceiro dia...

M2 - Quando as mulheres vieram ao sepulcro para embalsamar o corpo...

M3 - A terra estremeceu/ e a pedra rolou.

M1 - Um anjo estava sentado em cima, branco como a neve, brilhante como um relâmpago.

Coro:
E o homem,
saindo do túmulo,
segue atrás dele.
O caminho,
que conduz ao Pai.

H1- Por que procuras entre os mortos, ó mulheres, aquele que está vivo? Cristo ressuscitou!

M3 - Jesus ressuscitou, Cristo vive!

MULHERES – Aleluia!

HOMENS – Aleluia!
Coro:
Aleluia...!
Ressuscitou...!

(ORAÇÃO DO CREDO)
TODOS: Creio em Deus-Pai, todo poderoso,
H1 e M1: Criador do céu e da terra.
H2 e M2: E, em Jesus Cristo seu único filho e Nosso Senhor.
H3 e M3: Que foi concebido pelo poder do Espírito Santo,
MULHERES: Nasceu da Virgem Maria,
HOMENS: Padeceu sob Pôncio Pilatos,
H1 e M1: Foi crucificado, morto e sepultado,
H2 e M2: Desceu a mansão dos mortos,
H3 e M3: Ressuscitou ao terceiro dia,
TODOS: Subiu aos céus.
Está sentado à direita de Deus Pai, todo poderoso.
De onde há de vir julgar os vivos e os mortos.
H1: Creio no Espírito Santo,
M1: Na Santa Igreja Católica
H2: Na comunhão dos Santos
M2: Na remissão dos pecados
H3: Na ressurreição da carne
M3: Na vida eterna
TODOS: Amém!

(FIM)

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