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Unidade III

Unidade III
5 MATERIAIS DE REVESTIMENTO

Neste tópico, vamos estudar os tipos de materiais de revestimento encontrados nas lojas de materiais
de construção. Muitas dúvidas ainda pairam sobre algumas definições que necessitamos esclarecer,
como o que são materiais de revestimento e materiais de acabamento.

A IT10 (Instrução Técnica número 10) intitulada Controle de materiais de acabamento e revestimento
do Corpo de Bombeiro do estado de São Paulo (SÃO PAULO, 2011) estabelece as condições a serem
atendidas pelos materiais de acabamento e de revestimento empregados nas edificações para que,
na ocorrência de incêndio, restrinjam a propagação de fogo e fumaça.

Exemplo de aplicação

Cada estado da União Federativa do Brasil tem sua instrução técnica; por isso, consulte a do seu
estado e baixe os arquivos.

A instrução técnica do estado de São Paulo (2011) apresenta algumas definições sobre os materiais
de acabamento e revestimento, a saber:

• Materiais de revestimento: todo material ou conjunto de materiais empregados nas superfícies


dos elementos construtivos das edificações, tanto nos ambientes internos como nos externos,
com a finalidade de atribuir características estéticas, de conforto, de durabilidade etc. Incluem‑se
nos materias de revestimento os pisos, os forros e as proteções térmicas dos elementos estruturais.

• Materiais de acabamento: todo material ou conjunto de materiais utilizados como arremates


entre elementos construtivos (rodapés, mata-juntas, golas etc.).

Ching (2006, p. 282) tem outra definição dos materiais de acabamento:

[...] materiais de acabamentos podem ser uma parte integral dos


elementos arquitetônicos que definem um espaço interno ou podem ser
acrescentados como uma camada adicional ou uma cobertura a paredes,
tetos e pisos previamente construídos em um recinto. Em ambos os casos,
eles devem ser selecionados tendo-se o contexto arquitetônico em mente.
Junto com os móveis, os materiais de acabamento desempenham um papel
significativo na criação da atmosfera desejada de um espaço interno.

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Diante disso, vamos adotar materiais de revestimento como linguagem usual em nosso texto, mas
você poderá encontrar materiais de acabamento sendo utilizados também no sentido de acabamento
final de uma obra.

Brown e Farrelly (2014) relatam que podemos agrupar e descrever os materiais de acabamento de
acordo com quatro possibilidades. A primeira forma seria agrupar de acordo com os seus nomes (o que
pode ser inconsistente, pois às vezes se baseia na forma que ele assume, por exemplo, um carpete).
A segunda consiste em classificar cientificamente seus componentes (como naturais, cerâmicos, metais
ou poliméricos; pedras, por exemplo, são materiais naturais). A terceira faz a classificação de acordo com
a sua função, seu uso provável (por exemplo, como um painel acústico ou material de estofamento).
A quarta e última maneira seria agrupá-los de acordo com o modo como os percebemos por meio dos
sentidos (material transparente/translúcido, macio/duro).

Para fins didáticos, vamos optar por agrupar os materiais de revestimento por sua classificação
científica e em seguida discorrer sobre suas características e sobre os cuidados que deveremos ter ao
especificá-los, utilizando alguns critérios e considerando piso, paredes e forros e suas aplicações.

Para especificar materiais de revestimento devemos levar em consideração alguns critérios. De acordo
com Ching (2006, p. 53),

[...] ao se definir e analisar um problema de projeto pode-se também


desenvolver objetivos e critérios através dos quais a efetividade de uma
solução pode ser medida. Seja qual for a natureza do problema de projeto
de interior com o qual se está lidando, há diversos critérios com os quais
devemos nos preocupar. Função e propósito: primeiramente, a função
desejada do projeto deve ser atendida e seu propósito deve ser alcançado.
Utilidade e economia: em segundo lugar, um projeto deve apresentar
utilidade, honestidade e economia na seleção e no uso dos materiais.
Forma e estilo: em terceiro lugar, o projeto deve ser esteticamente
agradável aos olhos e aos nossos demais sentidos. Imagem e significado:
em quarto lugar, deve projetar uma imagem e promover associações que
portem significados para as pessoas que o usam e experimentam.

Critérios devem ser estabelecidos e definições devidamente explicadas, como pavimentação.


De acordo com Ching (2006), pavimentação é uma superfície qualquer, contínua ou descontínua,
construída com a finalidade de permitir o trânsito pesado ou leve.

Sendo assim, inúmeras são as opções do mercado de materiais para acabamento de pisos. A escolha
de um piso monocromático (uma só cor) pode ser mais aproveitada em ambientes pequenos
(GURGEL, 2005), mas outros critérios devem ser levados em consideração.

Devemos levar em consideração diversos fatores para a escolha do pavimento de um ambiente.


Esse pavimento escolhido deve ser compatível com o uso, o fluxo de pessoas e o acabamento do
ambiente, como já dissemos. Para uma boa especificação dos pisos, temos que aliar beleza, segurança,
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custos, funcionalidade e praticidade. Cada ambiente possui características distintas e será exposto a
diferentes agentes. Tanto a cor como a textura podem influenciar na especificação, proporcionando
uma atmosfera específica.

Destacamos os materiais naturais, os materiais cerâmicos, os poliméricos e os materiais metálicos.

• Naturais: pedras (mármores e granitos), madeiras (assoalhos e tacos), bambu, gesso e couro.

• Cerâmicos: lajotas, placas cerâmicas, porcelanatos, pastilhas de porcelana e de vidro e pisos cimentícios.

• Poliméricos: pisos vinílicos, epóxi, tapetes e carpetes.

• Metálicos: chapas metálicas para pisos, fachadas entre outros.

É possível explorar nos ambientes aspectos psicológicos do usuário, como sensação de frio, com pisos
claros, e sensação de amplidão, com listas no sentido vertical. As cores quentes fazem o espaço parecer
menor, e as cores frias o fazem parecer maior. Isso confirma que a percepção humana é comandada pelos
nossos cinco sentidos: visão, tato, audição, olfato e paladar. Ao especificar materiais num ambiente,
podemos sensibilizar pessoas.

De acordo com o desempenho técnico do material e a função e as características necessárias do ambiente


e dos usuários, especificamos forros, paredes e pisos diferentes em ambientes residenciais, comerciais (lojas,
bares, restaurantes, clínicas da área de saúde, consultórios, ambientes corporativos/escritórios), industriais
e institucionais (creche, posto de saúde, escolas, entre outros).

Há vários itens que devem ser considerados ao conceber o projeto de especificação de forro, parede
e piso. São eles:

• o local e o tipo do ambiente;

• a função e o tamanho;

• a quantidade de pessoas que irão circular e permanecer no ambiente (piso);

• o tipo de atividade que será realizada no ambiente;

• se a área é seca ou molhada;

• se a área é interna ou externa;

• as condições climáticas do local;

• a limpeza;

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• a segurança do produto;

• o custo;

• a manutenção;

• a estética.

No entanto, será necessário considerar também o desgaste, a questão higiênica, a periodicidade da


limpeza, a conservação do material (se o produto escolhido permanece inalterável em aspectos como
cor, textura e dimensão), além do efeito estético, sensorial e decorativo.

O que especificar nos forros?

O forro, além de ter função estética, é um elemento construtivo que esconde o telhado, as vigas,
os materiais elétricos e até a caixa d’água quando não se tem laje. Os materiais escolhidos para
revestir os forros devem promover o isolamento térmico e acústico entre o telhado e o piso, além de
apresentar uma alta capacidade de reflexão de luz, boa resistência à umidade e ao fogo e proteção
contra fungos e bactérias.

São especificados os seguintes materiais para forro: madeira, gesso, estuque (massa de cal, gesso,
areia, cimento e água), placas de isopor, placas de PVC, tecidos, forros metálicos etc.

Necessitamos de mais atenção e foco nos produtos especificados para forro quanto à resistência
a incêndio. Essa característica é muito importante, pois indica se o material pode ou não soltar
fumaça tóxica.

Sendo assim, é necessário verificar o laudo técnico do produto e consultar as especificações do


corpo de bombeiros do seu estado. Em alguns estados do Brasil não se pode usar PVC como forro.
Se usado, ele deve ter em sua composição produto retardante de chamas.

O que especificar nas paredes?

As paredes são planos verticais de uma edificação que fecham, separam e protegem seus espaços
internos (CHING, 2006). Devem promover também isolamento térmico e acústico, proteger das intempéries
(ações de chuva, vento e sol) e fornecer segurança contra invasores. Podem oferecer e promover através da
textura e da cor do material uma atmosfera definida pelo designer.

Em paredes internas de áreas secas, podemos especificar tintas e suas diversas texturas,
materiais naturais, como madeira, bambu, papel de parede, chapa de madeira transformada,
metal e plástico. Já paredes de áreas molhadas devem estar revestidas de material impermeável
e de fácil limpeza, como cerâmicos, pastilhas de porcelana e de vidro, ladrilho hidráulico,
pedras, tintas e vinil. Cada material tem a sua particularidade, por isso, estude a fundo a
possibilidade de uso.
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O que especificar nos pisos?

Para os pisos, devemos ter em mente um material impermeável que suporte o desgaste, o peso,
a superfície lisa ou rugosa e a limpabilidade.

Separamos por áreas os ambientes na tentativa de facilitar o entendimento dos critérios


para pisos:

• Áreas internas residenciais: cozinhas, banheiros e lavanderias/área de serviço. Nessas áreas


precisamos de revestimentos que resistam à água; que tenham resistência ao desgaste das pessoas,
animais e objetos transitando; que tenham dureza, resistência química e facilidade de limpeza;
e que apresentem um material impermeável e resistente. Quanto à questão de escorregar, isso
deve ser analisado junto com o cliente (depende do briefing/perfil).

• Áreas social e íntima: nesses ambientes, consideramos a resistência do material, o nível de ruído
– ou seja, o conforto acústico –, o conforto térmico/sensação térmica e a manutenção, além do
estilo que o designer quer passar para o projeto. A sensação térmica e acústica dos produtos em
madeira e derivados de madeira, dos pisos vinílicos e das cerâmicas/porcelanatos são diferentes, e
o aspecto estético poderá ser decisivo na escolha.

• Áreas externas: esses revestimentos devem resistir às intempéries (ação do sol, chuva,
neve, granizos, ventos), não podem ser escorregadios e ao serem assentados devem ter
um caimento adequado para que a água da chuva seja drenada para o ralo/grelha. Para a
especificação em áreas externas recomenda-se utilizar um produto antiderrapante. Se esse
produto for cerâmico, deverá estar de acordo com a norma NBR 13818 (ABNT, 1997b), com
o coeficiente de atrito maior que 0,4. Esses dados são encontrados na ficha técnica dos
produtos, sendo necessário procurar essa informação no site, pelo 0800 das empresas e/ou
pelo departamento técnico. As pedras naturais também são excelentes especificações para
as áreas externas. Ainda existem no mercado revestimentos que, por sua conformação e
composição, permitem a drenagem da água da chuva: os pisos drenantes.

• Piscinas: em geral, dentro das piscinas podemos especificar material cerâmico/pastilhas de


porcelana/pastilhas de vidro, pedras, fibra de vidro e lona vinílica. Lembre-se da resistência
ao ataque químico com o cloro, com outros produtos que fazem a limpeza da água e
também com a própria água. Dependendo da região, a água pode ter alguma característica
mineral que reage com o cimento da argamassa e do rejunte, o que altera as superfícies
dos materiais. Se a estrutura da piscina for de concreto armado e/ou alvenaria, deveremos
impermeabilizá‑la. Os materiais recomendados são as argamassas aditivadas com resina,
pintura cimentícia e manta asfáltica, dentre outros. Para a área externa da piscina,
consideramos que o produto deva ser antiderrapante como primeira característica; sendo
assim, pedras e placas cimentícias e cerâmicas antiderrapantes são recomendadas.

• Áreas comerciais: nesses ambientes, consideramos a resistência do material, o desgaste por


abrasão (grande volume de pessoas e objetos a transitar pelo piso) e também os produtos com
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grande resistência ao risco e sua dureza. Objetos podem cair sobre o piso e também um mau
assentamento pode provocar destacamentos das peças. Os materiais polidos irão riscar e perder o
brilho com o tempo, principalmente se o ambiente comercial não estiver localizado num shopping,
como é o caso de uma loja de rua.

• Áreas industriais: nesses ambientes, devemos primeiramente descobrir que materiais as


indústrias manipulam – por exemplo, a fumaça e/ou o gás que porventura possam liberar durante
o processo de fabricação podem alterar as características dos produtos especificados, sem contar
a alta resistência ao impacto e ao desgaste por abrasão e resistência à flexão.

• Indústria de laticínio e açougues: são lugares onde os produtos que caem nos pisos podem
manchar e atacar quimicamente. Os produtos especificados devem ter boa resistência química ao
congelamento, ao manchamento e ao impacto, assim como boa limpabilidade.

• Áreas corporativas/escritórios: deve-se respeitar o tráfego de pessoas na área para depois


pensar nas normas de incêndio, fogo e fumaça. Quanto à durabilidade do produto, é necessário
conhecer o prazo de vida útil (quanto tempo o produto se mantém com boa aparência e sem
desgaste) e também se ele é sustentável (se na sua composição não tem chumbo e outros metais
pesados que possam ser prejudiciais à saúde dos colaboradores). A questão do ruído e conforto
térmico também deverá ser pensada. Para melhorar a concentração dos funcionários, os materiais
como pisos vinílicos e carpetes em placas modulares serão os mais recomendados, pois facilitam
a manutenção.

• Escadas e rampas: é preciso especificar produtos que resistam ao desgaste, pois normalmente
são lugares em que o fluxo de pessoas e veículos é muito alto. Deve-se ter uma superfície áspera,
com um produto classificado como antiderrapante, e lembrar que líquidos e outros objetos podem
cair sobre ele, por isso deve ter boa resistência ao manchamento aliada a uma superfície dura que
resista ao impacto.

• Posto de gasolina: verifique se o material tem resistência química, devido a produtos como
xampu para carros, entre outros, além de facilidade de limpeza e resistência a manchas e a
cargas elevadas.

Observação

Deve-se aplicar material antiderrapante no piso do box do banheiro


de idosos e mais uma faixa para fora dele. Conforme a NBR 9050 (ABNT,
2015a), o piso brilhante pode se tornar escorregadio quando molhado.

A seguir apresentamos os revestimentos naturais, cerâmicos, poliméricos e metálicos.

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5.1 Material natural

Petrucci (1998) relata que os materiais naturais são os mais antigos utilizados pelo homem,
motivado pelo fato de que tanto a madeira como a pedra podem ser empregadas praticamente sem
alteração do seu estado natural. Então, são considerados materiais naturais os que podem ser utilizados
sem a necessidade de transformação física de suas características. Entendemos materiais naturais de
acabamentos como:

• pedras (rochas ornamentais: granitos, mármores, pedra São Tomé, ardósias etc.);

• madeiras e bambu;

• gesso;

• couro.

5.1.1 Pedra

As rochas estão presentes nas construções das civilizações antigas e atestam a sua importância
como material. Como exemplos, podemos destacar as pirâmides no Egito e o Partenon em Atenas
(PETRUCCI, 1998). São materiais extremamente duros e que possuem grande resistência ao risco
e ao desgaste, e até hoje são muito especificados como material de acabamento. As rochas estão
localizadas nas pedreiras de extração, de onde, depois de um processo de explosão, chegam às
marmorarias para serem beneficiadas. Alguns tipos de pedras já foram considerados exclusivos da
nobreza e eram utilizados em palácios e igrejas. Somente quem tinha alto poder aquisitivo se utilizava
desse tipo de revestimento.

As rochas se apresentam como materiais básicos (pedras, britas, areia) e também como materiais
de revestimentos (bancadas de pias, lavatórios, revestimento de pisos e paredes etc.). As pedras que
usamos na construção civil, como mármores, granitos, ardósias, pedra mineira etc., são elementos
minerais resultantes de um processo geológico da natureza. Como materiais naturais e que possuem
uma composição química definida, são agregados de um ou mais minerais resultantes de um processo
geológico determinado por condições de temperatura e pressão.

Em sua norma NBR 15012, a ABNT (2013a) define rocha ornamental como uma substância
rochosa natural que, submetida a diferentes graus de modelamento ou beneficiamento, pode ser
utilizada como uma função estética de acabamento de superfícies de pisos, paredes e fachadas em
obras da construção civil.

De acordo com Chiodi Filho e Rodrigues (2009), rochas ornamentais e para revestimento são aquelas
capazes de ser extraídas em blocos ou placas recortadas em formas diversas, beneficiadas através
de esquadrejamento, polimento e lustro, para emprego in natura ou trabalhadas como revestimento de
edificações (pisos, fachadas, paredes, soleiras e colunas) ou peças decorativas (esculturas, tampos e pés
de mesas, pias, balcões e até arte funerária).
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Frascá ([s.d.]) ainda relata que:

• Rochas ornamentais: são todos os materiais rochosos aproveitados pela sua aparência estética
para utilização em trabalhos artísticos, como estatuária, como elemento decorativo (tampos,
balcões e outros) e como materiais para construção.

• Rochas para revestimento: são uma aplicação específica no revestimento de edificações, seja em
pisos, paredes ou fachadas (e a principal aplicação das rochas ornamentais na construção civil),
dos produtos do desmonte de materiais rochosos em blocos, de seu subsequente desdobramento
em chapas, processamento e corte em placas e ladrilhos.

• Rochas decorativas: são rochas usualmente utilizadas em revestimentos de interiores, geralmente


exibindo estruturação muito heterogênea, baixas resistências mecânicas e produção limitada.
Abrange parte das rochas comercialmente chamadas de exóticas.

No passado, a função das rochas nas edificações era primeiramente estrutural, depois
decorativa e artística (peças de arte e decoração, estátuas e outros artefatos). Atualmente, a pedra
perdeu essa função estruturante para outros materiais, como o ferro, o tijolo e o concreto, para as
argamassas em revestimentos e para outros produtos de substituição devido ao peso das peças, à
logística e ao custo do transporte do material. No entanto, as pedras aparecem especificadas na
maioria dos projetos, no mínimo como bancadas de pias de cozinha e banheiro, revestimentos de
pisos e paredes, entre outros.

Alencar (2013) comenta que o desempenho da rocha após a sua aplicação será influenciado pela
porosidade, absorção de água, desgaste e sua resistência mecânica à compressão e flexão, e que é
influenciado pela existência de minerais, os quais podem comprometer seu uso, durabilidade e custo
de manutenção.

Hagemann (2012) afirma que para especificarmos uma rocha deveremos ter em mente critérios
econômicos e técnicos. Não adianta nada escolhermos uma pedra que não existe na região se a entrega
da obra deverá ser em uma semana; pense na questão da logística e também no deslocamento do
material até a obra. Os critérios técnicos referem-se a características que o material possui que atendem
às finalidades de uso.

As rochas devem atender a normas como NBR 12763, NBR 12764, NBR 12766, NBR 12767, NBR
12769 e NBR 13818. Entre os ensaios descritos na norma, destacam-se a resistência ao desgaste e à
abrasão profunda e a resistência ao manchamento e ao ataque químico. Existe a necessidade de laudos
técnicos, comprovando esses ensaios para exportação de rochas no mercado externo.

O quadro a seguir apresenta os ensaios e suas respectivas normas.

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Quadro 4 – Ensaios de rochas e suas normas

Ensaio Norma ABNT


Análise petrográfica NBR 12768
Índices físicos NBR 12766
Compressão NBR 12767
Congelamento e desgelo NBR 12769
Tração na flexão NBR 12763
Dilatação térmica linear NBR 12765
Desgaste abrasivo NBR 12042
Resistência ao desgaste à abrasão profunda NBR 13818, Anexo E
Impacto de corpo duro NBR 12764
Resistência ao manchamento NBR 13818, Anexo G
Resistência ao ataque químico NBR 13818, Anexo H

Existem normas também para o assentamento de placas de rochas em função da sua localização
na edificação: a NBR 13707 e a NBR 13708.

Saiba mais

Consulte o manual de caracterização, aplicação, uso e manutenção das


principais rochas comerciais. Nele são explicados os maquinários envolvidos
para caracterizar os ensaios técnicos das pedras.

ALENCAR, C. R. A. Manual de caracterização, aplicação, uso e


manutenção das principais rochas comerciais no Espírito Santo: rochas
ornamentais. Cachoeiro de Itapemirim: Instituto Euvaldo Lodi, 2013.
Disponível em: <http://www.sindirochas.com/arquivos/manual-rochas.
pdf>. Acesso em: 31 jul. 2018.

Antes de especificar, necessitamos saber quais os tipos de pedras encontradas no mercado e


quais as mais usuais. Os mármores, granitos, pedra mineira, São Tomé e ardósia são as pedras mais
conhecidas. Para conhecimento, geologicamente existem três tipos de rochas: as magmáticas ou
ígneas, as sedimentares e as metamórficas, de acordo com Petrucci (1998).

As rochas magmáticas ou ígneas são formadas na superfície terrestre e consideradas em maior


abundância na Terra. Como exemplos, temos os granitos e o basalto.

O granito é um material que possui dureza alta, bastante resistência ao desgaste por abrasão
e baixa porosidade. Por isso, normalmente especificamos em pisos externos e internos de áreas
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MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO

comerciais e também em áreas residenciais. Especificamos em bancadas de pias de cozinha e


banheiro, lavatórios, soleiras, tampos de mesas, divisórias, prateleiras e objetos de decoração. Seu
aspecto visual é granuloso e mesclado, apresentando pontos pretos. Ele não possui veios na peça e
tem muito brilho quando polido.

Observação

Os nomes dos granitos mudam de região para região. Você pode verificar
isso na sua cidade.

Existem grandes jazidas no Espírito Santo e na Bahia, com algumas cores típicas que só existem lá.

São exemplos de granitos: vermelho capão bonito, branco ceará ou branco polar, branco espírito
santo, cinza mauá, cinza andorinha, preto são gabriel, verde labrador, preto piracaia, ás de paus, azul
bahia (só existe na região do estado da Bahia), verde ubatuba (só existe na região de Ubatuba, estado de
São Paulo), café imperial e verde meruoca. Veja as figuras a seguir:

A B C

Figura 113 – Granitos diversos

Figura 114 – Granito

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O basalto é muito resistente. De coloração cinza, também é conhecido como pedra ferro.
São especificado como calçadas e escadas, tanto de ambiente interno como externo, e nas paredes
conseguem absorver calor durante o dia, liberando-o durante a noite. Quando cortadas em formatos
menores, fazem parte do conjunto das pedras portuguesas (pedra utilizada em calçadas).

Por sua vez, as rochas metamórficas são derivadas da transfomação de rochas magmáticas ou
sedimentares pela ação do calor, da pressão ou da água. São pedras como mármores, quartzitos, ardósias
e gnaisses (rocha do morro do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro).

Mármores são rochas com mais de 50% de minerais carbonáticos (calcita e/ou dolomita). Têm veios
mais evidentes, uma coloração mais homogênea e não possuem pontos de cor preta como pigmentação.
Sua superfície pode ser ricada com mais facilidade devido a sua resistência ao risco – apresenta dureza
3 na escala Mohs. São mais moles e mais porosos, suscetíveis a manchas e ao desgaste, sofrem com a
ação do tempo e possuem sensibilidade à chuva ácida e à poluição.

São especificados, preferencialmente, em ambientes internos residenciais e comerciais. Quando


polidos, sua aparência confere elegância e sofisticação em obras de alto padrão. Observe, nas figuras a
seguir, as possibilidades de mosaicos:

A B C

Figura 115 – Desenhos dos mosaicos do Casino Bellagio

Devido às suas limitações, não se deve especificar em bancadas de pia de cozinha, pois o ácido do
limão, entre outros produtos, pode desgastá-lo.

O recomendado é impermeabilizar o contrapiso para que a umidade não venha a manchar as peças.
Também é recomendado utilizar cimento branco nas peças com tons claros para que sua cor não seja
alterada pela umidade.

Observação

Por ser um produto natural, existem diferenças nos veios e nas cores
dos produtos quando assentados. Por isso, explique ao seu cliente que não
temos como modificá-los.

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MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO

Exemplos de mármores nacionais: branco, aurora pérola, paraná, espírito santo e travertino. exemplos de
mármores importados: branco pigues, nero marquina, crema marfil, perlino branco, branco thassos, marrom
imperial, rosa valência, azul norueguês, branco carrara, branco carrara gioia, rojo coralito, rosso verona,
travertino romano bruto e verde guatemala.

Observação
Antes da reforma do aeroporto de Congonhas, o piso era composto de
peças com 50 x 50 cm de granito preto e mármore branco. Com o tráfego
intenso de pessoas, as rodinhas das malas e dos carrinhos, ao passar
pelos mármores, apresentavam-se desgastadas. Podíamos perceber que
as diferenças de nível estavam acentuadas entre o mármore branco e o
granito preto, já que mármores são mais moles e desgatam mais rápido
que os granitos.

Vale a pena comentar que o mármore também poderá ser utilizado com luz por dentro em balcões
de área comercial.

Já os quartzitos são pedras que não retêm o calor, por isso são especificadas em áreas externas
de pisos expostos ao sol, como áreas de lazer, bordas e áreas de piscina, chuveiros externos, varandas,
pátios, jardins e calçadas. São conhecidas como as pedras são tomé, mineira, madeira, goiás e itacolomi.
Quando filetadas (cortadas em tiras/filetes, podendo ter acabamento serrado ou natural), podem ser
chamadas também de canjiquinha. Observe as figuras:

A B C

Figura 116 – Pedra São Tomé

Figura 117 – Filete de pedra natural (bordas irregulares): pedra madeira

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A ardósia é uma das pedras mais econômicas encontradas no mercado. Algumas possuem um tom
esverdeado, cinza; outras, um tom mais escuro, como o grafite, e enferrujado. Podem apresentar uma
superfície antiderrapante e polida. Como material natural, as pedras possuem mescla, uma variação de
tonalidade quando assentadas, conforme a figura a seguir. Quando polidas, podem ser especificadas não
apenas como piso e parede, mas também como tampos de mesas, prateleiras, soleiras, bancadas de pias
e lavatórios, divisórias de banheiros, telhas, entre outras aplicações.

A B

Figura 118 – Filete de pedra ardósia e ardósia 30 x 30 cm

A pedra miracema, considerada como um granito bruto, é muito especificada em áreas


externas, como calçadas, varandas, jardins e entradas de veículos, pelo seu aspecto antiderrapante.
Apresenta cores amarela, rosa e cinza. Veja as figuras:

A B C

Figura 119 – Miracema

As pedras portuguesas são conhecidas como mosaico português e petit-pavé. São compostas
por pedra calcária branca, branco neve, amarela, vermelha e cinza e por basalto preto (rocha
ígnea); ainda é possível encontrar em algumas regiões a pedra portuguesa na cor azul e
verde. Possuem uma superfície com aspecto rústico e irregular e podem ser consideradas
antiderrapantes e com grande durabilidade. Essas rochas possuem grande rigidez e grande
resistência ao desgate. Tal tradição cultural vem de nossos colonizadores, os portugueses, com
os seus múltiplos desenhos de composição de moisaico pelas calçadas do Brasil. O mais famoso
é o desenho da calçada da praia de Copacabana, no Rio de Janeiro

Podem ser especificadas tanto em ambientes externos como internos, nos pisos e paredes.
Algumas aplicações em parede não possuem rejunte, o que confere ao ambiente outra linguagem
visual. Elas necessitam de mão de obra especializada. Observe as figuras a seguir:

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MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO

A B C

Figura 120 – Piso de pedra portuguesa (A), Vila Real de Santo Antônio (B), Portugal (C)

Especificamos rochas também de acordo com o seu acabamento (elas podem ser rochas ao natural, polidas
e beneficiadas/texturizadas), função e uso no ambiente. Quando especificada de acordo com o acabamento,
imagine que a rocha nasce com uma textura natural, mas pode ser polida, o que resulta em um
acabamento liso e com brilho, e pode também ser beneficiada quando, através de maquinários, deixamos sua
superfície com diferentes acabamentos rugosos. Para especificarmos o piso do box de um idoso, devemos, de
acordo com a norma NBR 9050 (ABNT, 2015a), especificar um produto antiderrapante com textura.

A pedra natural deve ser usada com moderação. Há um tempo estava na moda utilizar pedra filetada/
canjiquinha em revestimentos de paredes tanto externos como internos. A pedra pode deixar o clima
mais informal, sendo especificada em ambientes como banheiros, jardins de inverno, salas de estar e
TV e dormitório. No entanto, fazemos a seguinte ressalva: em dormitório, poderá juntar poeira entre
os vãos das pedras, dificultando a limpeza, e elas podem também passar a sensação de frio dentro
do ambiente. Deve-se evitar pintar as pedras com tintas coloridas, conforme afirma Gurgel (2005).
Quanto aos acabamentos das superfícies das pedras, podem ser de diversos tipos:

• Bruto ou in natura: material sem acabamento. Sua superfície tem aspecto rugoso. Pode ser
especificada em áreas externas.
• Polido (brilho): de aparência lisa e brilhante, é indicada para áreas secas, pois na presença de
água pode se tornar muito escorregadia.
• Flameado ou flamejado: a pedra recebe um jato de fogo em sua superfície que deixa um aspecto
rugoso e ondulado. Pode ser especificada em áreas externas.
• Apicoado: superfície conseguida através de pequenas marteladas, deixando a pedra com
aspecto áspero e uniforme. É muito especificada em áreas externas, pode ser considerada uma
textura antiderrapante.
• Jateado: superfície conseguida através de jatos de areia lançados sobre a pedra, deixando-a com
aspecto opaco. Também pode ser indicada para áreas externas.
• Legivado: superfície conseguida através do lixamento bruto das pedras, deixando a pedra com
um acabamento semipolido. Seu aspecto é rústico e sem brilho. É especificada em áreas internas
e externas.
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• Resinado: é aplicada uma camada de resina que irá cobrir os poros da pedra, dando a aparência
de brilho. É indicada para áreas secas.

Exemplo de aplicação

Procure na internet imagens de paredes revestidas com pedras portuguesas. Selecione duas aplicações
e aponte as vantagens e as desvantagens desses materiais.

Assentamento de pedras

Existem dois processos de aplicação das placas de rocha: o sistema aderente (assentamento da pedra
com argamassa no piso e parede) e o sistema de assentamento por grampos metálicos. Normas definem
que podemos usar a argamassa de assentamento de pedras em fachadas e em paredes internas com painel
de até 2 m de altura; acima de 2 m, é necessário utilizar grampos. Em fachada (paredes externas), deve-se
usar grampo para painel de até 3 m de altura, grampo e tela para fachadas entre 3 e 15 m de altura.
Com alturas superiores a 15 m, é preciso utilizar dispositivos metálicos como elementos de fixação.

Para assentamento de pisos, recomenda-se que a base substrato do contrapiso esteja curada por
15 dias antes da aplicação, limpa, livre de desvios e com prumo.

No quadro a seguir observamos a aplicação de mármores e granitos:

Quadro 5 – Síntese de aplicação de mármore e granito

Aplicação das pedras Mármore Granito


Sem restrições para aplicação em pisos.
Ambientes residenciais: Mas cuidado: por ser mais poroso, Sem restrições para
pisos e soleiras internas possivelmente pode manchar com a aplicação em pisos
umidade do solo e outros agentes
Não recomendado devido à
Cozinhas: porosidade e absorção, resultando Sem restrições
piso na falta de limpabilidade
Sem restrições para pisos, Sem restrições para pisos,
Banheiros paredes e bancadas paredes e bancadas
Piso externo: Deve ser usado com Deve ser usado com
comercial e residencial acabamento antiderrapante acabamento antiderrapante
Pela aparência estética muito
Muito especificado pela beleza de seus
Parede interna granulosa e por ser mais pesado,
veios e em função do menor peso não é muito especificado
Não recomendado. Lembrando que a
chuva ácida e a poluição podem alterar
Parede externa Sem restrições
a sua superfície, além do sal e areia das
áreas litorâneas
Ambientes comerciais: Sem restrições Sem restrições
pisos

Vale destacar que em cidades litorâneas as rochas carbonáticas mármores podem ter restrições
de especificação nas fachadas e pisos devido ao ataque da névoa salina e pela abrasividade das

130
MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO

areias das praias, presentes nas solas dos sapatos. É necessário verificar também as condições dos
ventos na região, que com o tempo podem desgastar esse material, e consultar uma marmoraria
de confiança, pois em cada região de praia a salinidade da água é diferente.

Manutenção de pedras

De acordo com Alencar (2013), os manchamentos dispostos irregularmente pela superfície da


rocha conferem mudança na coloração e provocam uma deterioração estética, e isso normalmente
não interfere nas propriedades mecânicas. Muitas patologias podem interferir na aparência da
pedra, mas existe a possibilidade de remoção.

No quadro a seguir observamos as possibilidades de limpeza:

Quadro 6 – Manchas e remoção

Manchamentos

Tipos de mancha Remoção

Utilizar removedor de base neutra.


Cerveja, whisky, vinho, refrigerante, café, Caso não resolva na primeira aplicação,
madeira, papelão etc. reaplicar e deixar agir por mais tempo

Podem ser removidas com produtos de


Suor de mão, poluição, óleo, gorduras etc. base neutra. Caso não haja efeito, utilizar
removedor de base alcalina

Fungos, musgo, ceras, resinas, óleo


lubrificante da parte giratória da porta, Maior possibilidade de remoção com
mancha de cola aplicada na fixação da removedor de base alcalina
placa, mancha do material de rejunte
Amarelamento com respingo de água
da torneira, ferrugem, eflorescência nas
áreas externas ou nas escadarias, oxidação Utilizar removedor de base ácida
em estrutura metálica ou parafuso
galvanizado
Se for mármore ou limestone, utilizar
Oxidação do ferro da própria rocha removedor de ferrugem com base neutra;
(mármore e granito) se for granito, utilizar removedor de
ferrugem de base ácida

Fonte: Cetemag (apud ALENCAR, 2013, p. 49).

Observação

Consulte as embalagens dos produtos de limpeza de pedras para que não


ocorra nenhum acidente, por exemplo, ao misturar dois ou mais produtos.

Ao manipular materiais de limpeza para pedras, como ácidos, tenha


cuidado com o odor, principalmente em ambientes fechados, e não deixe
de usar luvas. Siga as instruções dos fabricantes.
131
Unidade III

5.1.2 Madeira e bambu

Utilizada desde os primórdios como abrigo, a madeira em sua forma natural apresenta sensação
de aconchego e conforto. Algumas espécies são consideradas mais aptas que outras para o uso nas
construções devido a suas características de resistência, pois algumas são mais macias e outras são mais
duras. De forma geral, a madeira é sensível à luz do sol e outros agentes, como insetos (cupins e brocas),
bactérias e fungos, os quais podem ser ocasionados pela umidade, que pode causar apodrecimento.
No mercado encontramos madeiras maciças e madeiras transformadas (reflorestamento), conforme as
figuras a seguir:

A B

Figura 121 – Madeira maciça pínus (A) e madeira transformada OSB (B)

Elas fornecem ao ambiente a sensação de calor e conforto térmico, além de valorizar o imóvel com
requinte e sofisticação, dependendo da sua superfície brilhante ou mais rústica.

Como um material natural, as madeiras podem ser aplicadas numa obra de forma temporária
e definitiva. De forma temporária, temos a aplicação em canteiros de obras, nos escoramentos das
lajes, para confeccionar as fôrmas e para utilização nos andaimes. As madeiras definitivas podem
aparecer nas estruturas (pilares, vigas e lajes), coberturas, esquadrias, molduras, acabamentos de pisos
(assoalhos, tábua corrida e tacos) e forros (ZENID, 2009). As madeiras são classificadas em madeira
maciça e madeira transformada.

São vantagens da madeira maciça o conforto tátil (sensação de piso quente) e sua estética,
que, aliados, fornecem sofisticação ao ambiente. Portanto, quando especificamos madeira maciça,
como o assoalho (tábuas em madeira serrada e beneficiada com espessuras, larguras e comprimentos
variados), podemos contar com uma longa vida útil e durável do material. Se a limpeza e a manutenção
forem corretas, teremos o material durável por séculos.

São desvantagens da madeira maciça algumas limitações e restrições de uso devido a sua
sensibilidade à água, o fato de ser um material combustível e deteriorado por cupins, seu impacto
ambiental quando extraída de forma ilegal, a variação dimensional das peças por ser um produto
natural e sua constante manutenção.

Com a demanda alta por madeira em comprimentos maiores e a dificuldade de encontrar madeira maciça
(de alto custo), foram desenvolvidas as madeiras transformadas ou painéis. Esses painéis têm peso, em geral,
menor e conseguem manter as propriedades isolante, térmica e acústica. Os materiais de pintura e vernizes

132
MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO

evoluíram e cada vez mais são necessárias madeiras com superfícies planas, sem defeitos. Esses painéis
conseguem resolver esse problema aliando diversas espessuras e formatos.

Os painéis de madeira transformada apresentam vantagens, como o aproveitamento integral das


madeiras de reflorestamento, a possibilidade de melhoria nas características físicas e mecânicas e
também o fato de serem resistentes, de as chapas terem grandes dimensões e de algumas linhas serem
à prova d’água.

As madeiras transformadas são compostas pela reaglomeração das partículas de madeira (o que
chamamos por fibras), que, unidas por pressão, com ou sem adição de resinas ou materiais ligantes, se
compactam. Essa pressão pode variar, definindo materiais com resistências e preços diferentes. As madeiras
transformadas são materiais duráveis, usadas na indústria da construção civil e na de móveis, pois permitem
ser cortadas, furadas, estampadas, curvadas, dobradas e coladas.

Encontramos no mercado madeiras transformadas, como o compensado aglomerado, o MDF, o MDP


e o OSB. São muito especificadas na indústria de mobiliário, entre outras funções. Existem normas
específicas para painéis: NBR ISO 1096; NBR ISO 1098; NBR 9490; NBR 9531; NBR 9533; NBR 15316-2
e NBR 14880.

Observe nas figuras a seguir os painéis de madeira transformada e algumas aplicações:

A B

C D

Figura 122 – Painéis de madeira transformada: OSB (A), compensado (B) e MDF (C e D)

São vantagens da madeira transformada a homogeneidade de composição e o comportamento


físico e mecânico, além do fato de já possuir tratamento de preservação, de as chapas possuírem grandes
133
Unidade III

dimensões e uniformidade, de a madeira ser aproveitada integralmente e, por apresentar superfície lisa,
poder receber por colagem outras chapas e/ou pintura. É especificada na indústria civil e de móveis e
também em painéis, como já relatamos. Suas desvantagens são a possibilidade de empenar e a restrição
à água e ao fogo.

No mercado, encontramos a madeira maciça para materiais de revestimento (em assoalhos, tacos,
tacões e parquete ou parquet) e as madeiras transformadas para carpetes de madeira ou laminados.

Assoalhos ou tábua corrida

O Brasil possui uma enorme variedade de espécies de madeira com cores diferentes para
revestimento em pisos. A instalação de um assoalho de madeira numa obra pode valorizar o
empreendimento, aumentando até o seu valor imobiliário. Normalmente especificamos assoalhos
em halls, salas de estar e jantar, corredores e dormitórios.

Mas, afinal, o que é assoalho?

Assoalho são madeiras em formato retangular como réguas maciças de larguras que podem variar
de 10 a 30 cm, com comprimento de 1,2 a 5,5 m e espessura de 18 mm a 25 mm (essas medidas podem
variar de região para região). Essas tábuas possuem encaixe macho-fêmea e são aparafusadas em ripas
de madeira embutida na argamassa de cimento de regularização do piso. Para que o assentamento
aconteça, deve ser previsto em projeto (principalmente de apartamentos) um contrapiso mais baixo.

Segundo Borges, Montefusco e Leite (2004), o encaixe macho-fêmea, conforme a figura a seguir,
permite maior solidez ao conjunto.

Encaixe macho-fêmea

Figura 123 – Encaixe do assoalho macho-fêmea

O que precisa ficar esclarecido é que a madeira necessita estar seca e com a umidade controlada,
por isso deixe secar a peça de 15 a 20 dias no ambiente em que será instalada, para que não venha a
empenar. Borges, Montefusco e Leite (2004) ainda recomendam que na hora da compra deve-se preferir
a madeira que foi seca em estufa, pois caso não seja, após a colocação e com o passar do tempo as
tábuas tenderão a curvar-se, deixando o piso com um aspecto desagradável.

Segundo Galvão e Jankowsky (1985), durante a secagem as madeiras podem apresentar defeitos como:

• Empenamento: é a distorção da peça de madeira em relação aos planos de sua superfície.

• Empenamento torcido: caracteriza-se pelo fato de a peça apresentar-se torcida.


134
MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO

• Encanoamento: é definido quando as margens da peça permanecem aproximadamente paralelas


e ela adquire um aspecto encanoado ou de canaleta (possivelmente a secagem foi mais rápida em
uma das faces).

• Rachaduras: aparecem como consequência da diferença de retração nas direções radial e


tangencial da madeira e da diferença de umidade entre regiões contíguas de uma peça durante o
processo de secagem.

Saiba mais

Observe os desenhos dos defeitos na secagem de madeiras e o


comportamento de 280 espécies de madeiras brasileiras nativas e exóticas
cultivadas, comercializadas ou potencialmente comercializáveis nos textos
a seguir:

DEFEITOS na secagem de madeiras. Madeireira São Paulo, 12 jul. 2015.


Disponível em: <http://www.madsaopaulo.com.br/defeitos-na-secagem-
de-madeiras/>. Acesso em: 2 ago. 2018.

MENDES, A. de S.; MARQUES, M. H. B.; MARTINS, V. A. Programas de


secagem para madeiras brasileiras. Brasília: Editora do Ibama, 1998.

As madeiras mais especificadas para assoalho são: Ipê, Grapia, Sucupira, Cumaru, Marfim e Jatobá,
porém Zenid (2009) recomenda as seguintes madeiras para assoalhos domésticos, de acordo com o
quadro. Pelo nome científico pode-se encontrar a madeira em sua cidade.

Quadro 7 – Madeiras recomendadas pelo IPT para assoalho doméstico


(tábuas corridas, tacos, tacões e parquetes)

Nome Popular Nome científico


Angico-preto Anadenanthera macrocarpa
Angico-vermelho Parapiptadenia rigida
Bacuri Platonia insignis
Garapa Apuleia leiocarpa
Goiabão Pouteria pachycarpa
Itaúba Mezilaurus itauba
Macacaúba Platymiscium ulei
Maçaranduba Manilkara spp
Muiracatiara Astronium lecointei
Pau-amarelo Euxylophora paraensis

135
Unidade III

Pau-mulato Calycophyllum sprumceanum


Pau-roxo Peltogyne spp
Tanibuca Terminalia spp
Tatajuba Bagassa guianensis
Timborana Piptadenia suaveolens
Uxi Anadenanthera macrocarpa

Fonte: Zenid (2009, p. 49).

Nas figuras a seguir observa-se o piso em tábua corrida, o assoalho:

A B

Figura 124 – Assoalho em madeira: assentamento na horizontal (A e B)


e assentamento vertical em ângulo reto (C)

O assoalho pode ser recuperado sendo lixado e encerado, e também passando sinteco ou verniz.
Ele pode ser assentado em diagonal ou em ângulo reto (horizontal ou vertical), conforme a figura
a seguir. Verifique com o seu cliente a melhor opção para o ambiente.

Horizontal Vertical Diagonal

Figura 125 – Tipos de assentamento do assoalho

136
MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO

Taco

Tacos são peças maciças de madeira com possibilidade de criar diversos desenhos, são aliadas
também às opções de cor e espécie de madeira. O taco havia sumido do leque das opções dos designers
e arquitetos, mas recentemente alguns profissionais estão apostando nesse material natural. Ele voltou
a ser especificado pela facilidade de assentamento, por seu custo e principalmente pelo efeito estético
sensorial e decorativo.

O taco tradicional tem dimensão 7 x 21 cm, conforme a figura a seguir, uma dimensão menor que o
assoalho e um custo mais acessível, o que gera uma alternativa para o reaproveitamento de eventuais
sobras na aplicação. Os tacos têm encaixe macho-fêmea e podem possuir largura de 5, 7 e 10 cm. Os de
dimensões maiores, 10 x 40 cm e 10 x 50 cm, são conhecidos por tacão; já no tamanho de 2 ou 3 cm de
largura são conhecidos por taco palito.

Figura 126 – Taco: dimensões

Os tacos podem ser recuperados e até raspados, tendo a cor original alterada e modificada pelos efeitos
da pátina e dos vernizes. Podem ser fixados com colas PU e poliméricas diretamente sobre o contrapiso;
sua instalação é tranquila e não faz muita sujeira. Não especifique em áreas molhadas, pois a madeira pode
deteriorar, reduzindo seu tempo de vida útil. Como desvantagem, podem aparecer fissuras na superfície
das peças, frestas, deslocamento, inchamento por umidade, fungos e cupim. Veja as figuras:

A B

Figura 127 – Taco em madeira: taco assentado vertical (A) e taco assentado diagonal (B)

Existem outras possibilidades de assentamentos dos tacos.


137
Unidade III

Exemplo de aplicação

Encontre na internet figuras de diferentes assentamentos de tacos. Monte um banco de imagens e


reflita se o assentamento muda as relações de percepção do espaço do ambiente.

Podem ser fixados também à base de resina sintética (polímeros) sobre contrapiso nivelado e
devidamente protegido de umidade (sugestão: impermeabilize o contrapiso antes de assentar).
Ao assentar, é necessário respeitar as juntas de 1 cm e lixar após 72 horas; depois da raspagem, deve-se
usar um acabamento de verniz brilhante, acetinado ou fosco. Veja o que o projeto pede.

Parquete ou parquet

Os parquetes são constituídos de peças variadas de tacos e tacos palitos em formatos diversos,
compondo desenhos geométricos, como mandalas. Veja as figuras:

A B

Figura 128 – Parquetes

Decks em madeira

Decks são réguas de madeiras fixadas por meio de parafusos em barrotes ou vigas que formam o
contrapiso, com caimento para facilitar o escoamento da água em áreas como piscinas, fontes, ofurôs,
áreas de descanso etc.

A B

Figura 129 – Decks em madeira

138
MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO

Podem ser encontrados em peças menores, como 30 x 30 cm ou 30 x 60 cm, e por modulação


desenhamos pisos para sacadas e outros ambientes. São comercializados/vendidos à pronta entrega
em lojas de material de construção. Existe a facilidade de serem removidos pelo cliente e retirados para
manutenção periódica de limpeza ou para mudanças de layout.

Forros em madeira

Podemos utilizar madeiras maciças e madeiras transformadas para revestir os forros. São chamados
de lambris, de acordo com a NBR 7203 (ABNT, 1982). Existem forros e revestimentos em madeira
transformada, aglomerada e revestida com madeira natural, produzida industrialmente e com resistência
à umidade, ao ruído, ao fogo e térmica.

Saiba mais

A Hunter Douglas é uma das marcas que produzem esse material. Entre
no site da empresa e baixe os catálogos:

<www.hunterdouglas.com.br>.

O IPT recomenda madeiras maciças para o forro, de acordo com o quadro a seguir:

Quadro 8 – Madeiras recomendadas pelo IPT para forros e revestimentos

Nome popular Nome científico


Angelim-pedra Hymenolobium spp
Bacuri Platonia insignis
Cerejeira Amburana cearensis
Curupixá Micropholis venulosa
Freijó Cordia goeldiana
Grevílea Grevillea robusta
Louro-canela Ocotea spp ou Nectandra spp
Louro-vermelho Nectandra rubra
Macacaúba Platymiscium ulei
Marinheiro Guarea spp
Muiracatiara Astronium lecointei
Pau-amarelo Euxylopho paraensis
Pau-roxo Peltogyne spp
Rosadinho Micropholis guianensis
Tatajuba Bagassa guianensis
Vinhático Plathymenia spp

Fonte: Zenid (2009, p. 46).

139
Unidade III

Na figura a seguir observamos um forro em madeira maciça cortada irregularmente, criando um


efeito diferente de assentamento.

A B

Figura 130 – Forro em madeira maciça

Acabamentos da madeira

Os acabamentos da madeira dependerão da finalidade de uso da peça, o que determinará a sua


durabilidade. Podem ser sinteco, resina, pátina, clareamento e ebanização. Veja:

• Sinteco: produto que forma uma película, uma camada. É um verniz transparente ou com cor
que pode ser brilhante, fosco ou semifosco, sendo utilizado como proteção. Existe uma marca
conhecida no mercado como Bona.

• Resina: material de secagem rápida em forma de película, mas suscetível ao risco.

• Pátina: a madeira é lixada, pintada com uma cor e lixada novamente, o que deixa um aspecto
envenhecido tanto em móveis como em pisos.

• Clareamento: utilizado para rebaixar o tom da madeira.

• Ebanização: escurecimento da madeira com produtos escuros.

Saiba mais
Existem vários sites com galeria de fotos em que você pode acompanhar
e selecionar imagens dos ambientes asssentados com assoalhos em
madeira. Consulte:

140
MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO

MARCENARIA GARIMPO MINEIRO. Madeira de demolição: conheça


os três tipos de acabamento. 2017. Disponível em: <http://www.
blogmadeirademolicao.com.br/acabamentos-madeira-de-demolicao/>.
Acesso em: 27 jul. 2018.
<http://www.parquetnobre.com.br>.
<http://parquetsp.com.br/>.

Manutenção e limpeza da madeira

No geral, as madeiras irão riscar na presença de areias e outros agentes (até o sapato de salto fino).
Por isso, use capachos nas entradas das casas e ambientes comerciais e ceras para proteção no seu dia
a dia, e evite produtos de limpeza inadequados. Não deixe a madeira exposta ao sol, pois com o tempo
pode manchar. A umidade deve ser controlada. As ceras e produtos como lustra móveis podem manchar
o seu móvel, por isso, é importante ler atentamente as recomendações dos fabricantes.

Existe um produto impregnante que é passado na madeira para proteger da ação do sol e
da chuva e que deve ser reaplicado a cada 18 meses (isso irá depender da incidência solar, da
quantidade de chuvas e do uso do local). O produto, conhecido por Stain, possui várias marcas
no mercado. Ele é um material impregnante (entra nos poros da madeira) que não forma uma
película, o que permite que a madeira tenha a sua movimentação natural e não trinque, como
observamos nos vernizes e tintas convencionais.

Ainda assim, o uso de vernizes e tintas também é uma maneira de proteger a madeira e, dependendo
da exposição do material, pode ser uma alternativa muito viável. As tintas coloridas aplicadas nas
madeiras das esquadrias, por exemplo, podem deixar o ambiente mais agradável.

Existem no mercado várias cores de produtos que protegem a madeira e atendem a cada
necessidade de uso e exposição, por isso é importante consultar os fabricantes, como Sayerlack, Suvinil,
Sherwin‑Williams, entre outros.

No entanto, as madeiras transformadas também podem ser utilizadas como materiais de


revestimento, como os carpetes de madeira e os pisos laminados.

Carpete de madeira: madeira transformada

Esse material é composto de uma folha de madeira maciça de espessura fina, colada e prensada a
uma base de madeira transformada, como o compensado ou aglomerado, o MDF, o MDP ou similares.

O material é mais fino que a madeira maciça, portanto é mais suscetível ao impacto e ao risco.
A aplicação não é colada ou parafusada ao piso, mas apenas encaixada e colocada sobre o piso.
Suas placas são conhecidas também por pisos flutuantes. Podemos assentá-las sobre cerâmicas ou
superfícies regularizadas, o que caracteriza rapidez e praticidade na sua instalação e a vantagem

141
Unidade III

de permitir que esse material possa ser raspado e restaurado. Consulte sempre o fabricante quanto às
possibilidades de restauro, assentamento e manutenção do produto.

Preferivelmente, especifique em dormitórios e lugares de menor circulação. Seu preço é bem menor
que a madeira maciça, e o laminado e seu aspecto visual imitam a madeira. Normalmente é confundido
com o laminado de madeira.

O carpete de madeira possui algumas desvantagens:

• O isolamento acústico pode gerar ruído (movimento de pessoas).

• Não resiste à água (o material pode expandir).

• Quando objetos caem sobre o piso, podem marcar (resistência ao risco e ao impacto).

• A resistência à abrasão deve ser checada.

Caso especifique, use feltro nos pés dos móveis.

O carpete de madeira pode ser aplicado pelo sistema de encaixe macho-fêmea. Primeiramente,
é inserida uma manta adequada sobre o contrapiso, aplicada no sentido oposto ao da colocação das
réguas, para absorver impactos e regularizar as superfícies. Depois, as réguas são inseridas no sentido
dos veios, e o material é encaixado, deixando espaço para o rodapé.

Para sua manutenção, use pano úmido limpo com detergente neutro para a retirada de sujeiras e
vassoura de pelos para retirada do pó. Recomenda-se usar feltros nos pés dos móveis para evitar riscos
e não deixar o piso exposto ao sol, pois ele pode manchar e desbotar com o tempo. O carpete não é
resistente à água, por isso, seque o produto sempre que algum líquido cair sobre ele. Verifique junto ao
fabricante se existe algum produto específico para limpeza.

Piso laminado: madeira transformada

Sua aparência é de madeira, mas consideramos esse material como polimérico. É composto por
várias camadas: filme de resina transparente (overlay), uma imagem decorativa da madeira, mais
um substrato de HDF-H (high density fiberboard ou painel de fibras de alta densidade) e um papel
laminado com resina especial. A aparência externa é quase idêntica à do carpete, porém o material é
mais durável e apresenta melhor resistência à abrasão que o carpete e uma gama de cores incríveis.
Possui uma camada de proteção antibactericida. Existem linhas de alta resistência que podemos aplicar
em ambientes comerciais e residenciais.

É comercializado em placas de diversos formatos. Alguns fabricantes são: Eucatex, Duratex, Durafloor,
Formica, Pertech, Quick-Step, Flooret, entre outros.

142
MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO

Filme transparente - Overlay

Imagem da madeira decorativa

Placa de HDF-H

Camada externa (papel + resina)

Figura 131 – Composição do piso laminado

Nessa figura pudemos observar a composição e explicar as funções de cada camada do piso
laminado. O overlay é uma camada de filme transparente, responsável pela resistência à abrasão.
No laminado decorativo (papel decorativo), são impressas as cores e tipologias das madeiras.
O substrato HDF-H são painéis de fibras de madeira transformada que resiste à umidade e dá
suporte ao piso. Por último, a camada externa ou balanço é a camada inferior, que protege o piso
contra a deformação. Os laminados são extremamente resistentes e possuem largura variando de
18 a 25 cm, comprimento de 1,20 a 1,40 m e espessura de 7 a 8 mm.

Apresentam como vantagens menor custo em relação à madeira maciça, facilidade de limpeza e
instalação, as madeiras utilizadas no processo são reflorestadas de florestas certificadas (portanto,
ecologicamente sustentáveis) e possuem garantia de 10 anos ou mais, dependendo das linhas, além de
serem antialérgicas e possuírem conforto térmico-acústico.

Existem normas expecíficas para os revestimentos laminados, como a NBR 14833, em três partes.

O assentamento do laminado é igual ao do carpete de madeira. O laminado pode ser


aplicado pelo sistema de encaixe macho-fêmea. Insira uma manta adequada sobre o contrapiso
aplicada no sentido oposto ao da colocação das réguas, para absorver impactos e regularizar
as superfícies. Verifique o sentido dos veios antes de inserir os laminados e encaixe as peças.
Coloque o macho voltado para a parede e deixe espaço para o rodapé. Siga as instruções de
cada fabricante.

Os laminados evoluíram. Podemos especificar desde piso até fachadas (paredes externas). Algumas
linhas possuem tratamento antipichação, podendo ficar expostos ao sol, chuva e outros agentes
externos, pois não amarelam. Eles possuem muitas cores e padrões diferenciados de madeira, sendo
personalizáveis com imagens, logomarcas, cores e desenhos escolhidos pelo designer.

Para a manutenção do laminado, conforme a figura a seguir, use vassouras de pano e/ou de pelo
para a retirada do pó e depois aplique um pano úmido limpo com detergente neutro para a retirada
de sujeira.

143
Unidade III

Figura 132 – Piso laminado

Recomenda-se usar feltros nos pés dos móveis para evitar riscos e não deixar o piso exposto ao
sol, pois ele pode manchar e desbotar com o tempo, igual ao carpete de madeira. O laminado não é
resistente à água, salvo algumas linhas, por isso, seque o produto sempre que algum líquido cair sobre
ele. Verifique junto ao fabricante se existe algum produto específico para limpeza.

Bambu

Material natural de origem asiática, o bambu tem muitas utilidades na construção civil,
sendo estrutura, material de revestimento e até de utensílio doméstico e de decoração. Com ele,
podemos fabricar telhas, forros, tubulação/encanamento de água, móveis, vasos e até maçaneta,
entre outros objetos.

Janssen (1984 apud MARTINS, 2002) enumera vantagens do uso do bambu como material de
construção em relação à madeira:

• é um material de baixo custo e de fácil reposição e transporte;

• permite a associação com outros materiais de construção;

• devido às suas qualidades físicas e mecânicas, é um material indicado para construções expostas
aos abalos sísmicos;

• apresenta multiplicidade de usos, como utensílios domésticos, artigos de lazer, alimentação,


medicamentos, ornamentação, fins energéticos, celulose e papel etc.

• é utilizado para recuperar áreas degradadas ou matas ciliares;

• apresenta facilidade de transporte e aproveitamento total do bambu, pois não deixa resíduo.

144
MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO

Entre as desvantagens estão:

• possuir baixa durabilidade natural, causando o apodrecimento ou ataque de insetos, se o colmo


não for tratado;

• perder sua resistência ao envelhecer;

• ser altamente combustível;

• ter maior tempo de secagem se comparado com madeiras de mesma massa específica;

• apresentar dificuldade na execução de ligações rígidas e estáveis;

• não apresentar comprimento e diâmetro uniformes, pois sua instabilidade dimensional pode
trazer problemas para as construções;

• rachar com muita facilidade, principalmente durante a secagem.

Por possuir amido em sua composição, o bambu precisa passar por um período de secagem ao ar
livre para atingir maior resistência e evitar fissura, ser tratado com produtos químicos preservativos ou
com sistema de autoclave ou ser queimado em fogo para ser protegido das pragas.

Sem essa proteção, o material pode apodrecer pelo ataque de insetos e fungos e não resistir.
Como produto natural, possui variação entre os colmos e já foi usado em alguns projetos
substituindo as barras de aço do concreto. O uso de pregos no bambu pode causar rachaduras.
A aplicação de vernizes e seladoras ajuda o material quando em contato com a umidade.

Infelizmente, o Brasil não tem a cultura de uso do bambu na construção, como os países da Ásia
e da América Latina (por exemplo, a Colômbia e o Equador). Alguns pesquisadores na área merecem
destaque, como Oscar Hidalgo López, Simón Vélez, Marcello Villegas, Hector Fabio Silva e os brasileiros
Antonio L. Beraldo, Khosrow Ghavami, Jaime Almeida, Normando Perazzo Barbosa, Marco Antonio dos
Reis, Juliana Cortez Barbosa, entre outros. Na figura a seguir, observamos uma toceira de bambu:

Figura 133 – Floresta de bambu

145
Unidade III

Como estrutura, o bambu aparece em pilares, vigas, lajes e escadas. Nas estruturas de pilares não
deve ser colocado diretamente sobre o solo; use sempre uma camada de concreto. Como material de
revestimento aparece como brises (elemento arquitetônico formado por placas verticais ou horizontais
que impedem a incidência direta do sol sobre a fachada), painéis de vedação vertical e nas paredes de
taipa de mão, forros e pisos laminados.

Saiba mais

Sobre o tema, acesse o site:

<https://sustentarqui.com.br/>.

Ainda não existe norma brasileira para a utilização do bambu como estrutura, mas pesquisadores
entraram em reunião em 2017 para a discussão e proposta de uma norma para esse material. A norma
é baseada e se apoia na NBR 7190. Existem normas colombianas – como a NSR-10 –, para estruturas
de madeira e bambu da espécie Guadua e peruanas – como a E.100 Bambu – que podem ser utilizadas
como direcionamento das estruturas.

As tramas de bambu da figura a seguir podem ser epecificadas como divisórias.

Figura 134 – Trama de bambu

5.1.3 Gesso

O gesso é produzido a partir do mineral gipsita, um pó de cor branca que endurece quando se adiciona
água a ele. Podemos utilizá-lo nas construções em acabamentos de rebocos (massa/revestimento para
ser utilizada no teto e paredes), rebaixamento do teto, golas de gesso (acabamentos entre o teto e a
parede), forros e divisórias. É um bom isolante térmico e acústico e resistente ao fogo.

146
MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO

Especificamos também o material gesso em divisórias de gesso acartonado no sistema drywall.


Normalmente especificamos forros de gesso em banheiros e cozinhas para esconder as tubulações de
água e esgoto do rebaixamento da laje, de acordo com Borges (2004).

Conforme ilustram as figuras a seguir, o gesso pode ser utilizado para o rebaixamento do
pé‑direito (altura entre o piso e o teto) de salas, embutindo luminárias, e para esconder as vigas,
deixando o ambiente contínuo.

A B

Figura 135 – Detalhes da sanca de gesso fechada

Pode ser dividido em alguns tipos, como sancas, tabicas, rebaixos e forro de gesso acartonado/drywall.

As sancas auxiliam na iluminação, proporcionado um acabamento entre a parede e o teto, uma


moldura, deixando o acabamento mais refinado e suntuoso. Nas figuras anteriores apresentamos
uma sanca de gesso fechada. Também podemos ter sanca de gesso aberta e sanca de gesso flutuante,
conforme as figuras a seguir:

A B

Figura 136 – Modelos de sancas de gesso: sanca de gesso aberta (A) e sanca de gesso flutuante (B)

As tabicas dão a impresão que o teto está flutuando. Elas auxiliam na redução das fissuras e criam
um vão entre a parede e o teto, não havendo a necessidade de utilização de molduras. Veja a figura:

147
Unidade III

Figura 137 – Tabicas

Podemos também esconder as instalações da cortina. Nesse caso, é utilizado um perfil em aço galvanizado.

Figura 138 – Detalhe da cortina embutida

Os rebaixos escondem as vigas e as imperfeições das lajes.

Instalação das placas de gesso

Os forros são constituídos por placas de gesso com um sistema de fixação por arames e/ou estruturas
de alumínio. Outro sistema é a instalação de placas removíveis de gesso e o assentamento de placas
drywall para forros. Podemos utilizar parafusos ou pregos para a fixação das placas e fita de papel kraft
junto às emendas para depois receber camadas de gesso para regularização. Finalizando o acabamento,
isso permite não enxergar as emendas das placas.

Durante as intalações do forro, deve-se prever a parte elétrica, deixando espaço para fios e pontos
das luminárias embutidas ou não. Verifique também se existe instalação de som ambiente, sprinkle
(sistema de combate a incêndios) e ar-condicionado, deixando espaço para as grelhas de ventilação
e/ou sistema de exaustão.

148
MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO

Sistema de exaustão é um tipo de ventilação forçada que evita mofos, remove a umidade e elimina
odores de um banheiro ou lavabo que não possui janela. É instalado no teto/forro e acionado por um
interruptor elétrico na parede; normalmente, quando se acende a luz, o sistema de exaustão é ligado.

Na figura a seguir apresentamos um sistema de instalação de placas de gesso. A instalação do forro


de gesso pelo sistema de drywall é mais rápida e um pouco mais cara que a instalação das placas de
gesso artesanal. Consulte na sua região.

Figura 139 – Instalação de placas de gesso: forro

Reveja o projeto do ambiente e analise a possibilidade de inserir ganchos e pendurar objetos. Tudo isso
deve ser pensado antes principalmente devido ao peso e à resistência do material. Como opção, consulte
as placas de drywall.

Outro material muito especificado são as placas de gesso em 3D, que podem ser aplicadas em
ambientes residenciais, comerciais e corporativos, conforme a figura a seguir. São peças modulares
em placas de gesso que possuem relevo e desenhos geométricos diversos. Esses materiais compõem e
deixam o ambiente refinado e elegante.

Saiba mais

Leia a matéria a seguir e verifique o painel 3D:

7 TENDÊNCIAS de decoração para 2017 e 2018. Andrea Carla Dinelli


Arquitetura, [s.d.]. Disponível em: <https://andreacarladinelli.com.br/7-
tendencias-de-decoracao-para-2017-e-2018/>. Acesso em: 17 ago. 2018.

149
Unidade III

Figura 140 – Painel em gesso 3D

Exemplo de aplicação

Monte uma biblioteca de imagens de painéis de gesso em 3D. Consulte, entre outros, o site a seguir:

60 PAINÉIS de gesso 3D – Placas e fotos. Decorfacil, 3 jan. 2018. Disponível em: <https://www.
decorfacil.com/paineis-de-gesso-3d/>. Acesso em: 2 ago. 2018.

Manutenção do gesso

Não podemos deixar o gesso submerso em água ou lavá-lo. Use sempre um pano limpo e seco para
a retirada do pó; depois, um pano úmido com detergente neutro para que saia uma possível sujeira.
Nos banheiros a umidade pode causar manchas no gesso, por isso, mantenha sempre o ambiente
ventilado (usando até um ventilador). Uma solução com água sanitária e panos descartáveis pode
fazer a limpeza. Para a manutenção periódica de pintura, use tinta látex ou acrílica.

5.1.4 Couro

O couro é mais um material natural que podemos especificar como material de revestimento.
Ele pode recobrir superfícies como pilares e paredes, sendo especificado também na decoração em
peças, móveis e estofados. No mercado atual, ele pode se apresentar como material natural ou mesmo
sintético (normalmente fabricado com poliuretano). Dependendo de sua aparência, apresenta o efeito
de durabilidade e sofisticação, apesar do apelo rústico.

150
MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO

São especificados em ambientes residenciais e comerciais, como salas, dormitórios, escritórios,


consultórios, entre outros. Móveis com tons escuros podem diminuir a noção de espaço. Faça simulações
em 3D para o seu projeto.

Na figura a seguir, apresentamos um couro em capitonê, que é uma técnica de estofaria. A peça leva
espuma e é revestida em tecido ou couro, com o afundamento de alguns pontos. Esse pontos possuem
um arremate de um botão e são calculados formando quadrados, losangos ou triângulos. Podem ou não
receber os botões nos pontos, ficando marcados pelos franzidos e dobras.

A B

Figura 141 – Couro: capitonê (A) e revestimento em couro para TV (B)

Manutenção do couro

Deve-se protegê-lo do sol, alimentos e bebidas. O couro pode riscar e também grudar no verão
devido ao suor excessivo de seus usuários. Aplique uma camada de vaselina líquida para hidratar o couro.
No mercado existe uma infinidade de produtos à base de vaselina que também protegem. Verifique o
briefing do projeto.

Saiba mais
Veja a cadeira Barcelona do arquiteto Mies Van der Rohe para o Pavilhão
Alemão da Exposição Internacional de Barcelona de 1929 e o modelo do
sofá Chesterfield. São peças clássicas:
PROJECTS. Mies Society, [s.d.]. Disponível em: <http://miessociety.org/
mies/projects/> Acesso em: 27 ago. 2018.

5.2 Material cerâmico

A origem da cerâmica é imprecisa, mas sabemos, a partir de relatos dos estudiosos da área da
Arqueologia, que povos primitivos usavam esse material em seus utensílios domésticos. Temos registros
de peças cerâmicas feitas pelos árabes, japoneses e chineses, como peças de decoração e materiais para
construção. Naquela época, palácios e igrejas eram adornados com revestimentos para demostrar o
poder, o luxo e a riqueza dos povos.
151
Unidade III

A B

Figura 142 – Material cerâmico em paredes internas e externas: Palácio Real Alcazar, Sevilha,
Espanha (A) e casa com revestimento de azulejo na fachada, Lagos, Portugal (B)

Saiba mais

Sobre a história das cerâmicas, acesse:

HISTÓRIA da cerâmica. Anfacer, [s.d.]. Disponível em: <http://www.


anfacer.org.br/historia-ceramica>. Acesso em: 2 ago. 2018.

O material cerâmico é feito de uma mistura de argila, água e outros componentes que através de
processos como trituração, moagem, mistura, prensagem ou extrusão é levada por uma esteira para
fornos de altas temperaturas.

São considerados materiais cerâmicos peças como:

• Cerâmicas vermelhas: telhas, tijolos, blocos cerâmicos, elementos vazados, lajes, tubos cerâmicos,
argila expandida e lajotas para pisos.

• Tijolos refratários: materiais que suportam grandes temperaturas. Especificamos em fornos e


churrasqueira, conforme as figuras a seguir:

A B

Figura 143 – Tijolo refratário aplicado em churrasqueira

152
MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO

• Cerâmica branca: louças sanitárias, como lavatórios e bacias, conforme as figuras a seguir,
e louças de mesa, como pratos, xícaras e bules, além de materiais refratários, como isolantes
térmicos, fritas e corantes, abrasivos, vidros, cal e cimento, cerâmica de alta tecnologia (naves
espaciais) e até coletes à prova de bala.

A B C

Figura 144 – Cerâmica branca: lavatório (A), mictório (B) e conjunto com bacia e lavatório (C)

Entretanto, o material cerâmico mais utilizado como revestimento de pisos, paredes e tetos são as
placas cerâmicas.

A placa cerâmica é um dos elementos que constituem o sistema de revestimento cerâmico, porém,
de acordo com a NBR 13817 (ABNT, 1997a), o revestimento cerâmico é o conjunto formado pelas placas
cerâmicas, pela argamassa de assentamento e pelo rejunte. O Brasil é o quarto maior produtor mundial
de revestimentos cerâmicos do mundo. Só perde para China, Itália e Espanha (INMETRO, 1998).

Muitas vezes o fabricante de revestimentos cerâmicos favorece ou enaltece algumas das


características técnicas do produto, como o desgaste da peça à abrasão, sendo que nem sempre essa
única característica deve ser levada em consideração.

Para a instalação de revestimentos cerâmicos em pisos, devemos ter em mente outras qualidades,
como absorção de água e resistência ao gelo, ao risco, ao manchamento e à limpabilidade.

O mercado nacional possui muitas marcas e modelos de revestimentos cerâmicos, com fábricas
espalhadas de norte a sul do país. Para que o processo de fabricação seja igual em todas as regiões,
a ABNT, juntamente com a Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica (Anfacer), determinou
alguns padrões e regras a serem seguidos. As normas existentes de placas cerâmicas são: NBR 8214, NBR
13316, NBR 13817, NBR 13818, NBR 15463 e NBR 15575.

Diante de tais informações, precisamos aprender a especificar os materiais cerâmicos para revestimento.

Ao especificar produtos cerâmicos, será necessário saber:

• Onde o produto será aplicado? Piso (interno ou externo), parede (interna) ou fachada (parede externa)?

• Esse produto estará sujeito a intempéries (ação do vento, chuva, calor, gelo) ou grande variação
climática (sol ao meio dia e depois chuva às 13h)?
153
Unidade III

• A área em questão é aclive (subida) ou declive (decida)? Escorrega?

• O ambiente é na praia ou no campo?

• A qual carga/peso estará submetido (por exemplo: garagem de veículos leves ou garagem de
caminhões de carga com muito peso)?

• Qual a intensidade do tráfego (pessoas circulando nesse ambiente)?

• Qual a frequência de limpeza (por exemplo, um restaurante: todo dia, três vezes ao dia)?

• No ambiente existe preocupação com escorregamento? É um quintal, uma cozinha industrial,


uma área externa pública?

De acordo com Cavani (2010), para a escolha de placas cerâmicas é necessário avaliar três
fatores simultaneamente:

• Estética: deve agradar ao usuário, ser bonito e combinar com o estilo da edificação.

• Custo: o preço deve ser condizente com o orçamento e a limitação do consumidor.

• Desempenho técnico: características necessárias ao ambiente e às solicitações de uso.

O fornecedor de revestimento cerâmico também deve se preocupar em definir resistência ao


ataque químico, à abrasão, à absorção de água e ao gelo, assim como o coeficiente de atrito, entre
outros itens.

A placa cerâmica para revestimento é um material composto de argila, quartzos, feldspato e outras
matérias-primas inorgânicas queimadas a altas temperaturas.

Seu processo se inicia com a matéria-prima selecionada e pesada sendo levada por esteira
a um moinho de bolas, em que, na presença de água, forma-se uma lama chamada barbotina.
Essa barbotina normalmente fica em reservatório, sendo movimentada por pás. Ela percorre um
equipamento e vai para uma centrífuga, na qual a lama perde a água, virando pó. Esse pó é inserido
num molde/fôrma e compactado por uma prensa ou passa por processo de extrusão. Depois disso, a
placa irá receber um ou mais banhos de esmalte e serigrafias/texturas para serem levadas ao forno
a uma temperatura de 900 a 1000 °C.

As peças possuem dimensões e formatos dos mais variados: 7,5 x 7,5 cm, 5 x 10 cm, 5 x 15 cm, 30 x 30 cm,
45 x 45 cm, 80 x 80 cm, 1,00 x 1,20 m, entre outros.

Suas características técnicas podem ser classificadas de acordo com a NBR 13818, a partir do que
se verá a seguir.

154
MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO

Conformação das peças

As placas cerâmicas podem ser extrudadas (tipo A), prensadas (tipo B) ou ainda de outros processos (tipo C).
Essa informação estará na tampa da caixa dos produtos cerâmicos. As cerâmicas prensadas são obtidas quando
o pó, ao sair de uma máquina centrífuga, é compactado num equipamento chamado prensa, que confere ao
material uma pressão, formando a placa de formatos variados.

Já a conformação extrudada pode ser comparada a uma máquina de fabricação de tijolos e também
à máquina de churros doces, que empurra o material através de uma matriz, um orifício no qual ele
adquire a sua forma.

Saiba mais
Sobre o tema, acesse:
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CERÂMICA (ABCERAM). Revistas: cerâmica.
[s.d.]. Disponível em: <https://abceram.org.br/revista-ceramica/>. Acesso em: 7
ago. 2018.

Observação
Antigamente, na fabricação, os azujelos eram levados para queimar
duas vezes. Isso conferia ao material uma baixa qualidade mecânica,
favorecendo a aparição de fissuras e craquelados.

Acabamento de sua superfície

As peças podem ser esmaltadas (glazed ou GL) ou não esmaltadas (unglazed ou UGL), como os porcelanatos.
Essa informação também estará na tampa da caixa dos produtos cerâmicos, conforme a figura a seguir:

Esmalte

Peça esmaltada

Espessura plana
Peça não esmaltada Espessura plena

Figura 145 – Acabamento superficial da placa cerâmica

155
Unidade III

Observação

Imagine materiais cerâmicos como bolos.

Bolo com cobertura = cerâmica com uma camada de esmalte sobre


a peça.

Bolo sem cobertura = massa única (por exemplo: massa de


porcelanato natural).

Capacidade de absorção de água

Essa característica está relacionada à porosidade da peça. Essa absorção vem da parte de
trás da peça, também chamada de tardoz. No geral, quanto mais água essa peça absorve, menos
resistência mecânica ela irá ter, ou seja, mais frágil será a sua massa. É uma das características
mais importantes para as especificações e deve-se dar prioridade a ela:

Tabela 3 – Classificações das placas de acordo com a NBR 13818

Nome da massa
Grupos Absorção de água Onde usar
Tipologia do produto

Ia 0 a 0,5% Porcelanato Pisos, paredes e fachadas

Ib 0,5 a 3% Grês Pisos, paredes e fachadas

IIa 3 a 6% Semigrês Pisos e paredes

IIb 6 a 10% Semiporoso Pisos e paredes

III Acima de 10% Poroso Paredes

Adaptado de: ABNT (1997b).

Observação

Em paredes internas os materiais podem absorver entre 10 e 20%


de água, porém possuem pouca resistência mecânica, sendo porosos
ou monoporosos. Azulejos antigos de 15 x 15 cm também entram
nessa categoria.

Identificamos o material cerâmico pelas informações contidas nas embalagens, conforme a tabela
a seguir:

156
MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO

Tabela 4 – Codificação dos grupos de absorção de água


em função dos métodos de fabricação

Métodos de fabricação
Grupos Absorção de água
Extrudado (A) Prensado (B) Outros (C)

Ia Entre 0% e 0,5% Bla


AI Cl
Ib 0,5 a 3% Blb

IIa 3 a 6% Alla Blla Clla

IIb 6% a 10% Allb Bllb Cllb

III Acima de 10% Alll Blll Clll

Adaptado de: ABNT (1997b).

Resistência à flexão e à ruptura

Indica a capacidade da placa de resistir e suportar esforços exercidos por pessoas, objetos, veículos,
móveis, equipamentos etc. que possam levar o piso a quebrar.

Esse item está relacionado intimamente com a absorção de água da placa. Quanto mais água a
placa absorver, menos resistente ela será. A massa de um azulejo (monoporosa) é frágil para suportar
cargas/pesos (não podemos andar sobre essa peça assentada). Portanto, quanto menos água a peça
absorver, mais resistência à ruptura a placa terá.

Ao assentarmos a placa cerâmica com a aplicação de argamassa sobre o piso, se não


espalharmos corretamente essa argamassa, houver falhas ou faltar massa, deixando vazios
na peça, quando nós andarmos sobre esse piso ou um veículo passar por cima dele, o piso
possivelmente irá quebrar.

Resistencia à abrasão

É o que mais conhecemos no mercado e o que todas as pessoas leigas acreditam ser o mais
importante, mas cuidado! Resistência à abrasão é o desgaste causado pela quantidade de pessoas,
veículos etc. trafegando ou andando pela superfície do revestimento de piso. Existem dois métodos
de avaliação da resistência à abrasão: desgaste superficial e desgaste profundo.

Desgaste superficial é a resistência superficial à abrasão de produtos esmaltados medida pelo índice
PEI (do Instituto de Porcelana e Esmalte), a partir de um aparelho chamado abrasímetro. Ele possui
uma escala de 0 a 5 na qual 0 é baixa resistência à abrasão (desgaste) e 5 é alta resistência à abrasão.
Isso significa que poderemos especificar os produtos com PEI 5 em lugares com muito movimento de
pessoas, como shoppings, aeroportos, restaurantes etc.

157
Unidade III

A B

Figura 146 – Aparelho abrasímetro (A) e material abrasivo utilizado durante o processo: esferas de aço (B)

Todas as marcas possuem em seu showroom de vendas nas lojas de materiais de construção etiquetas
mostrando o PEI. Elas são indicativos de onde podemos ou não especificar os produtos. Mas nunca
especifique somente pelo PEI. Deve-se agregar um conjunto de informações, como a absorção de água
e a resistência mecânica ao choque térmico, ao manchamento, entre outros critérios.

De acordo com a tabela a seguir, observa-se o uso sugerido e seu respectivo PEI da placa
cerâmica esmaltada.

Tabela 5 – PEI das cerâmicas esmaltadas

PEI Ciclos Resistência Uso sugerido


0 100 Muito baixa Apenas em paredes
Banheiros residenciais,
1 150 Baixa quartos residenciais
Dependências residenciais sem ligação
2 600 Média com área externa
Todas as dependências residenciais:
3 750, 1500 Média alta cozinhas, halls, sacadas,
quintais, corredores
Todas as dependências residenciais e
4 2100, 6000, 12000 Alta ambientes comerciais de tráfego médio:
salões comerciais, hotéis, consultórios
Todas as dependências residenciais e
5 >12000 Muito alta ambientes comerciais de tráfego intenso,
áreas públicas: shoppings, aeroportos

Adaptado de: ABNT (1997b).

158
MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO

Resistência profunda utilizada em produtos com massa plena/porcelanato

É utilizada para produtos não esmaltados, como os porcelanatos. O aparelho mede o volume de
material a ser removido em profundidade da peça. Quando submetido à ação de material abrasivo
de um disco, deve ter no máximo um desgaste de 175 mm3. Observe nas figuras a seguir o
aparelho de abrasão profunda:

A B

Figura 147 – Aparelho de abrasão profunda

Na tabela a seguir, apresentamos as classes relacionadas à abrasão profunda:

Tabela 6 – Resistência à abrasão profunda

Classe B – prensado Resistência à abrasão profunda

Bla Menor ou igual a 175 mm (altíssima)

Blb Menor ou igual a 275 mm (alta)

Blla Menor ou igual a 345 mm (média)

Bllb Menor ou igual a 540 mm (baixa)

Blll Menor ou igual a 540 mm (baixa)

Adaptado de: ABNT (1997b).

Resistência ao risco

É classificada pelo índice de dureza Mohs. O pesquisador Friedrich Mohs selecionou 10


minerais que variam de acordo com o seu grau de dureza, sendo 1 o mineral mais mole e 10 o
mais duro, conforme a tabela a seguir. Os minerais são passados pelas cerâmicas para verificar
quem risca quem.

159
Unidade III

Tabela 7 – Resistência ao risco

Escala Mineral

1 Talco

2 Gesso

3 Calcita

4 Fluorita

5 Apatita

6 Felspato

7 Quartzo

8 Topázio

9 Coríndon

10 Diamante

Adaptado de: ABNT (1997b).

A areia, mineral quatzo ou felsapto (6 e 7 na tabela), é encontrada com grande frequência nas ruas
e calçadas do nosso país. Esse mineral é o que trazemos nos sapatos e o que mais risca o piso.

Portanto, em ambientes que têm saída externa para a rua, como lojas de comércio nos centros
das cidades, é necessário proteger o piso com tapetes e capachos. Em lugares de praia com areia, não
especifique pisos com brilho ou polidos, como os porcelanatos.

Observação
O fio de cabelo é considerado duro e irá riscar o revestimento de um
salão de cabelereiro que possui baixa resistência ao risco. Use porcelanatos
naturais perto da cadeira de corte e lavatório.

Resistência ao manchamento

Indicará a facilidade de limpeza na remoção de manchas do revestimento. O ensaio, de acordo com


a norma NBR 13818 (ABNT, 1997b), descreve que ao deixar pingar gotas de agentes manchantes sobre
o piso por horas/dias pode-se verificar a facilidade da limpeza. Utilizamos esse ensaio para determinar
a resistência ao manchamento das peças.

Pelo quadro a seguir, observam-se as classes de resistência ao manchamento e os processos de


limpeza do material cerâmico.

160
MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO

Quadro 9 – Resistência ao manchamento

Classes Processo de limpeza Orientação para especificação


Hospitais e similares cozinhas, industriais, supermercados,
Sai com água quente por 5 minutos,
5 restaurantes, bares, áreas com grande circulação de
máxima facilidade de remoção pessoas, garagens coletivas, oficinas mecânicas
Lojas comerciais de pequeno porte, hotéis e similares,
4 Sai com água, pano e detergente neutro cozinhas e garagens residenciais
3 Sai com água e produto de limpeza, Salas, dormitórios e banheiros residenciais
Classe mínima como saponáceo líquido e pasta cristal
Sai por imersão em ácidos ou solventes
2 por 24 horas (ácido clorídrico, hidróxido Recusado por norma
de potásio e tricloetileno)
1 A mancha não sai, é impossível remover Recusado por norma

Adaptado de: ABNT (1997b).

Resistência ao congelamento

Significa que o material cerâmico resiste à exposição ao gelo. Verifique se o clima está sujeito a
baixas temperaturas na região. A absorção de água da peça é uma característica muito importante:
quanto menor a absorção, maior a resistência ao gelo. Nesse caso, os materiais porcelanato e grês
atenderão melhor à especificação.

Resistência ao ataque químico

Conforme a norma NBR 13818, Anexo H (ABNT, 1997b), a cerâmica deve permanecer inalterada
quando estiver em contato com determinados agentes químicos. São três classes de resistência:

• Classe A: resistência química alta.


• Classe B: resistência química média.
• Classe C: resistência química baixa.

Na tabela a seguir, são apresentados os agentes químicos colocados sobre as placas cerâmicas para
avaliar e verificar se mudam ou não sua superfície durante o tempo especificado de exposição:

Tabela 8 – Agente químicos

Reagente químico Concentração Tempo de contato


Ácido clodrídrico 3% em massa 168 h
Hidróxido de potássio 10% em massa 168 h
Ácido cítrico 3% em massa 6h
Hipoclorito de sódio 2,5% em massa 6h
Hidróxido de amônio 10% em massa 6h

Adaptado de: ABNT (1997b).

161
Unidade III

Conforme a NBR 13818 (ABNT, 1997b), é obrigatório que qualquer placa cerâmica tenha classe de
resistência química maior ou igual a B para produtos de uso doméstico e tratamentos de água de piscina.

Resistência ao escorregamento

Este item mostra se a peça pode ser considerada um produto antiderrapante e indica se o usuário
pode caminhar pela superfície com água, óleo ou outro líquido sem escorregar, o que é medido pelo
coeficiente de atrito. Nessa medição, um aparelho é passado pelo piso. Ele se movimenta a uma
velocidade constante sobre uma superfície horizontal e indica os seguintes valores:

Quadro 10 – Coeficiente de atrito

Valores Indicações Características das superfícies

≤ 0,4 Não usar em áreas externas Brilhante e lisa

Granilhada, esmaltada acetinada


0,4 a 0,7 Áreas externas em nível não lisa, esmaltada fosca e não lisa,
esmaltada rústica

Rústica não esmaltada,


≥ 0,7 Rampas: aclive ou declive esmaltada especial

Adaptado de: ABNT (1997b).

Vamos agora discorrer sobre os porcelanatos, que são considerados uma evolução da tecnologia de
fabricação do mundo cerâmico.

Porcelanato

São materiais cerâmicos queimados em fornos com temperatura entre 1200 e 1400 °C. Possuem
matéria-prima um pouco diferenciada da cerâmica comum, sendo o material triturado em partículas
mais finas, com alta prensagem, o que garante resistência mecânica maior e porosidade quase nula
(<0,5). Existem no mercado dois tipos de porcelanato: o técnico e o esmaltado. Eles podem apresentar
texturas como natural, polido e esmaltado.
O porcelanato técnico é um corpo único prensado (massa única). Não existe esmalte em sua
composição, apenas massa e corante. Ele nasce natural e depois pode ser polido. Esse porcelanato
terá resistência ao desgaste profundo. Ele normalmente é especificado em áreas de grande tráfego de
pessoas, comerciais e também residenciais.

Ao ser prensado durante o processo de fabricação, pode apresentar textura, conferindo à peça,
no ensaio de coeficiente de atrito, ser antiderrapante.

O porcelanato esmaltado é uma massa que recebe uma cobertura de esmalte sobre a peça. Ele terá
resistência ao desgaste superficial, o que chamamos de PEI, que varia de 1 a 5, como nas cerâmicas.
O que difere é a superprensagem e a baixa absorção de água do produto.

162
MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO

As placas cerâmicas podem vir retificadas ou não. Retificada é a peça que passa por um processo
de corte por disco e/ou outros equipamentos, o que é feito de maneira retilínea, garantindo dimensões
precisas e proporcionando uma junta mais fina e estreita.

Existem muitos fabricantes no Brasil, com uma infinidade de produtos de diferentes cores e texturas.
Escolha o que melhor se adapta ao projeto.

Pastilhas de porcelana

É o mesmo material de massa do porcelanato, porém com dimensões menores que 5 x 5 cm.
São especificadas tanto nas fachadas e piscinas quanto em ambientes comerciais e residenciais,
como cozinhas e banheiros, em pisos e paredes. Os grandes fabricantes nacionais são Atlas, NGK
e Jatobá, que produzem produtos de 2,5 x 2,5 cm, 4 x 4 cm, 5 x 5 cm, 1 x 2 cm etc. Por serem
pequenas, acabam fazendo a composição com peças maiores, criando um ambiente descontraído.

Figura 148 – Pastilha de porcelana

Podem ter massa plena e também ser esmaltadas. Se esmaltadas e com brilho, cuidado ao
especificar perto de áreas externas em pisos. As argamassas podem ser coloridas e já fazem o papel
de colar e rejuntar simultaneamente. As pastilhas de massa plena são chamadas de naturais e podem
ser especificadas em pisos.

Assentamento de material cerâmico

O assentamento deve seguir as normas NBR 13753, para revestimento de piso interno ou externo,
e NBR 13754, para revestimento de paredes internas.

No assentamento você deverá ter as ferramentas adequadas para a instalação, como linha nylon,
masseira (caixa para argamassa), balde plástico, martelo de borracha, trincha, prego de aço, espátula
de borracha, talhadeira, colher de pedreiro, desempenadeira dentada (verificar o tamanho do dente de
acordo com o tamanho das placas de revestimento: placas maiores, dentes maiores), escova de nylon,
esponja para limpeza, vassoura, nível de bolha, mangueira de nível, régua de alumínio, caneta para
marcação (cuidado, pois essa caneta pode, no caso de porcelanatos polidos, danificar o material), trena,
prumo, esquadro, alicate de corte, torquês, serra mármore (máquina da marca Makita, com serra de
disco) e máquina de corte reto.

163
Unidade III

Além dos materiais, o profissional deverá estar com o seu EPI (equipamento de proteção individual):
óculos de proteção, protetor auricular, máscara de poeira, sapato de segurança (com biqueira de aço),
capacete e luvas.

Nem todos os instaladores irão usar esses materiais e isso irá depender da qualidade da sua mão
de obra. Não esqueça que a qualidade do assentamento depende de um bom profissional. Observe, se
possível, alguma obra que ele já tenha assentado. De qualquer forma, nós, profissionais de decoração,
primamos pela qualidade nos assentamentos. Por isso, escolha o seu profissional instalador a dedo!

Além das ferramentas e do EPI, você vai precisar dos revestimentos cerâmicos, da argamassa
específica para o uso, de espaçadores de plásticos, das argamassas de rejuntamento e do projeto de
paginação (desenho em planta e elevação das peças).

O material utilizado para colar revestimentos cerâmicos, porcelanatos e pastilhas de vidro e de


porcelana são as argamassas industrializadas.

A norma NBR 14081 (ABNT, 2004) define argamassa colante industrializada como um produto
industrial, no estado seco, composto de cimento Portland, agregados minerais e aditivos químicos, que,
quando misturado com água, forma uma massa viscosa, plástica e aderente, empregada no assentamento
de placas cerâmicas para revestimento.

Em alguns lugares do Brasil, os revestimentos cerâmicos ainda são colados por argamassas feitas
na obra, no local, com cimento, areia e água, sem a inserção de aditivo (o que não é recomendado).
No geral as argamassas são compradas prontas nos depósitos de materiais de construção ou vêm prontas
das empresas de concreto pelos caminhões betoneiras.

Existem três tipos de argamassa, de acordo com a NBR 14081 (ABNT, 2004): são as argamassas
ACI, ACII e ACIII. A diferença entre a ACI e as demais é a quantidade de aditivos que irão promover a
aderência, a retenção de água e seu tempo em aberto.

Para facilitar a especificação das argamassas, algumas das grandes marcas, como Quartzolit,
Votorantim, Lafarge Holcim, Cauê, Cimpor, Portokoll, Atol, Itambé, Eliane, entre outras, escrevem em
suas embalagens o tipo de uso. De acordo com a norma, precisamos saber que:

• ACI – Argamassa colante tipo I: argamassa colante industrializada com características de


resistência às solicitações mecânicas e termoigrométricas típicas de revestimentos internos, com
exceção daqueles aplicados em saunas, churrasqueiras, estufas e outros revestimentos especiais.
Uso: assentamento de revestimentos cerâmicos de pisos em ambientes internos em áreas
molhavéis, como banheiros, cozinhas e áreas de serviço.

• ACII – Argamassa colante tipo II: argamassa colante industrializada com características de
adesividade que permite absorver os esforços existentes em revestimentos de pisos e paredes internos
e externos sujeitos a ciclos de variação termoigrométrica e a ação do vento. Uso: assentamento
de revestimentos cerâmicos de pisos em ambientes internos e externos, áreas molhavéis.
164
MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO

• ACIII – Argamassa colante tipo III: argamassa colante com tempo em aberto estendido (E)
e argamassa colante com tempo em deslizamento reduzido (D). Uso: pode ser especificada em
ambientes como piscinas de água quente, saunas, churrasqueiras, estufas, fachadas (paredes
externas das edificações) e outros revestimentos especiais, em fornos e para colar revestimentos
com dimensões maiores que 40 x 40 cm (60 x 60 cm, 90 x 90 cm, 1,00 x 1,20 m etc.

Mas, afinal, o que é o tempo em aberto?

Tempo em aberto é o intervalo entre a aplicação da argamassa e a formação de uma camada que
impede a aderência entre a argamassa e a peça cerâmica. É o tempo máximo recomendado para o seu
uso depois de ter sido misturada, ou seja, o intervalo em que a peça consegue ainda ser colocada na
superfície piso/parede/teto sem perder a capacidade de colar adequadamente. Quando o tempo em
aberto é maior nas argamassas, o assentador tem mais tempo para trabalhar. Elas são especificadas
em uma condição de alta temperatura, ventos ou baixa umidade ou substrato muito absorvente. Se o
tempo em aberto se passou, o melhor é descartar a argamassa, jogar fora. Esse tempo estará indicado
na embalagem dos produtos. Condições externas podem alterar o tempo em aberto.

Para a aplicação da argamassa de assentamento necessitamos de ferramentas como desempenadeira


de aço denteada (um lado liso e outro com dentes de 6 x 6 x 6 mm ou 8 x 8 x 8 mm). O tamanho do
dente da desempenadeira deve ser compatível com o tamanho das placas cerâmicas. Assim:

• para peças menores, de 2 x 2 cm, 5 x 5 cm, 10 x 10 cm, até 20 x 20 cm, utilize desempenadeiras
com dentes quadrados de 6 x 6 x 6 mm;

• para peças de 20 x 20 cm a 30 x 30 cm, utilize dentes quadrados de 8 x 8 x 8 mm;

• para peças maiores de 40 x 40 cm, utilize dentes de 10 x10 mm.

Nas figuras a seguir, apresentamos desempenadeiras:

A B

Figura 149 – Desempenadeiras com dentes variados

165
Unidade III

Não utilize desempenadeiras com dentes gastos ou refeitos em obra. Isso poderá prejudicar
o assentamento.

Para a continuidade do assentamento você ainda vai precisar de máquinas manuais para o corte do
revestimento, de acordo com as figuras a seguir:

A B

Figura 150 – Máquina de corte manual de material cerâmico

Também podem ser usadas máquinas elétricas, conforme as figuras a seguir:

A B

Figura 151 – Máquina de corte com disco (A) e discos de vários modelos (B)

Você ainda vai precisar de espátulas de borracha e de um martelo de borracha de cor branca (e não
preta, pois pode manchar e sujar um produto claro), conforme as figuras a seguir:

166
MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO

A B C

Figura 152 – Espátulas de borracha e martelo

Para a limpeza completa ainda necessitamos de esponja, pano limpo, espaçadores, recipiente, nível
e colher de pedreiro.

Preparação da base/contrapiso

O contrapiso deve estar curado no período mínimo de 14 dias. É necessário que ele esteja
cuidadosamente limpo e nivelado, sem fissuras e com rugosidade adequada.

A quantidade de argamassa a ser aplicada depende do formato do revestimento, conforme a tabela


a seguir:

Tabela 9 – Quantidade de argamassa e dimensão das placas

Tamanho da cerâmica Aplicação da argamassa


Até 20 x 20 cm Na base
20 x 20 cm e 30 x 30 cm Na base
Acima de 30 x 30 cm Na base e no verso da placa cerâmica

Adaptado de: ABNT (2004).

Saiba mais
Para visualizar melhor a aplicação de um revestimento cerâmico,
consulte o site da Weber Quartzolit Saint-Gobain:
<https://www.quartzolit.weber/>.

Planejando a aplicação

Para uma correta aplicação do produto será necessário um desenho de paginação do piso, da parede
e da fachada. Planejar desenhando fará a diferença principalmente nos locais onde temos recorte do
material, nos pontos de água, luz e ralos/grelhas que estão distribuídos no projeto.
167
Unidade III

Atenção nos detalhes:

• Defina o ponto de início de assentamento no piso; na entrada do ambiente, deixe os recortes no


caso de banheiros para trás das bancadas das pias e da bacia e/ou bidê sanitário.

• Verifique o tamanho ideal das juntas. Siga a recomendação do fabricante. Dica: alguns clientes
querem diminuir as juntas, mas como todos os produtos sofrem variação dimensional, a proximidade
das juntas irá destacar essa variação, deixando o produto mal assentado.

• Adquira a argamassa e o rejunte indicados para o seu produto e uso.

• Abra algumas caixas e simule a aplicação, como já dissemos anteriormente.

A escala normalmente para esse tipo de desenho é a 1:20 ou a 1:25. Não devemos nos esquecer
das juntas de dilatação e de assentamento necessárias para cada tipo de projeto. O ideal é desenhar
todas as parede em vistas, mostrando os detalhes.

Quando comprar material cerâmico, será necessário acrescentar 10% a mais da área original
do local a ser revestido para para o caso de assentamento no sentido ortogonal (ângulo de 90º).
Se o assentamento for no sentido diagnonal (ângulo de 45º), normalmente acrescentam-se 15%
da área original do local a ser revestido, isso para compensar a perda devido às quebras e recortes
nesse tipo de assentamento.

Essas porcentagens são normamente utilizadas de norte a sul do país. Temos que ter produtos
a mais para substituição (peças danificadas pelo uso), manutenção futura e/ou reposição, além de
peças que são utilizadas como acabamentos e rodapés. Isso irá garantir o mesmo lote, tonalidade e
cálibre do produto.

A B C

Figura 153 – Revestimento metálico em cerâmica de banheiro

As caixas recebidas deverão estar armazenadas em local coberto, seco, longe de umidade, colocando‑as
sempre na posição vertical. Recomendamos se possível deixar em cada cômodo o material a ser utilizado
para conferência dele com o projeto na obra.
168
MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO

Observação

Cuidado! Muitas vezes pode acontecer de o instalador sem querer


assentar a cerâmica rosa no banheiro do menino e a azul no banheiro da
menina, por isso confira com o projeto, visite a obra regularmente e oriente
o seu assentador.

Resumindo a instalação: antes de instalar o produto, ele deve estar compatível com o lugar
que irá ser assentado (se o produto for esmaltado, é necessário seguir o índice PEI de abrasão
superficial; se for porcelanato técnico, veja a indicação da textura da superfície). Ao receber o
material na obra, deve-se conferir com a nota fiscal a quantidade recebida do material em metros
quadrados, se todas as caixas possuem a mesma marca do fabricante, sua referência (nome do
produto), lote, classificação, cálibre, tonalidade e identificação (se é de primeira qualidade ou
segunda qualidade, ou seja, comercial).

Observação

O mercado comumente chama a segunda qualidade ou a segunda


linha de comercial. Isso indica que todas as peças dentro dessa caixa
terão algum tipo de defeito, por isso, muitas vezes o preço é mais baixo
que o normal.

Diferentes lotes podem apresentar variação de tonalidade e tamanho/cálibre. Verifique também o


tamanho nominal da peça, indicado pela letra (N), a dimensão de fabricação (W) e o formato modular
(M) ou não modular. Observe o detalhe da figura a seguir:

Figura 154 – Detalhe da modulação da parede: peças diferentes


entre piso e parede e largura do rejunte da parede

169
Unidade III

O tamanho nominal significa que a peça possui 30 x 30 cm, mas a dimensão do produto pode ser,
por exemplo, 29,5 x 29,5 cm, dependendo da marca. Isso significa que esse produto trabalha o que
chamamos de módulo (modularidade é a dimensão de fabricação acrescida da largura da junta de
assentamento) e utilizará, nesse caso, a junta de 5 mm para a sua composição.

Por norma técnica, os produtos podem sofrer uma variação dimensional dentro do forno. Essa variação
de tamanho é o que chamamos de cálibre. O cálibre, em algumas marcas, é determinado como tamanho P,
M ou G. Durante o recebimento devemos observar esse item também.

Exemplo prático: imagine um dormitório de 3 x 3 m. Ao aplicarmos o produto 30 x 30 cm


(nominal, porém 29,5 x 29,5 cm), respeitando a junta solicitada do fabricante de 5 mm, teremos
10 peças com rejunte de 5 mm de espessura por 10 peças com rejunte de 5 mm de espessura se
as paredes estiverem no esquadro (ângulo de 90 graus). Não teremos nesse ambiente recorte de
material (desperdício). A maioria das grandes construtoras trabalha com produtos modulares, o
que agiliza o tempo e facilita o assentamento.

Porém, fique atento! Dependendo da marca, o tamanho nominal de 30 x 30 cm pode ser


considerado um produto de 34 x 34 cm. Isso irá gerar, no mesmo ambiente 3 x 3 m, 9 peças
inteiras e uma peça com recorte em ambos os lados do ambiente. Todos os recortes devem ser
estudados com as juntas de assentamento e de dilatação seguida pela norma.

Dica de cálibre/tamanho: todas as peças devem ter o mesmo cálibre quando num mesmo ambiente.
Se você tiver variações dimensionais das peças, por exemplo, tamanho P com G, irá gerar um problema
de assentamento, pois as juntas não estarão alinhadas.

Outra atenção se faz necessária ao assentar materiais cerâmicos: as juntas.

Juntas

Junta, de acordo com a NBR 13753 (ABNT, 1996a), é um espaço regular entre duas peças de materiais
idênticos ou distintos. Esses espaços, recomendados entre as peças cerâmicas ou não, são preenchidos
por um material denominado rejunte (material à base de areia de granulometragem fina ou média,
corante, cimento e polímeros).

Atualmente, as placas cerâmicas no mercado podem vir retificadas ou não. Retificada é a peça
que passa por um processo de corte por disco e/ou outros equipamentos, o que é feito de maneira tão
retilínea que garante dimensões precisas, proporcionando uma junta mais fina (estreita).

A junta de assentamento está localizada entre cada placa de cerâmica e/ou pedra e é um
recurso que pode prevenir a aparição de rachaduras ou trincas. Esses espaços deixados entre as
placas visam:

• ajustar a compensação de variação das peças;

170
MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO

• acomodar as possíveis movimentações dos pisos, paredes ou fachadas, garantindo a vedação das
juntas e facilitando a troca das peças;
• evitar o estufamento do painel quando se expandem (possibilidade de calor);
• permitir que o conjunto se movimente;
• impermeabilizar as laterais das peças cerâmicas;
• facilitar a troca de peças isoladas;
• atender a estética.

Algumas marcas recomendam as indicações de juntas de assentamento para as peças cerâmicas em


geral, de acordo com a tabela a seguir:

Tabela 10 – Indicações de juntas de assentamento para as peças cerâmicas

Tipologia do produto Tamanho das juntas


Grês piso 5 mm
Grês fachada 5 x 5 cm e 7,5 x 7,5 cm 3 mm
Grês fachada 10 x 10 cm 5 mm
Monoporosa (paredes internas): 1,5 a 3 mm
todos os formatos
Porcelanato técnico (massa plena) 1,5 a 2 mm
Porcelanato esmaltado retificado 1,5 a 2 mm
Porcelanato esmaltado sem estar retificado 5 mm
até 30 x 30 cm
Porcelanato esmaltado sem estar retificado 7 mm
acima de 40 x 40 cm: grandes formatos

Verifique sempre junto ao fabricante o tamanho das juntas recomendado para o seu
assentamento. Existem quatro tipos de juntas, de acordo com a NBR 13753 (ABNT, 1996a):
de assentamento, de movimentação, de dessolidarização e estrutural.

• Junta de assentamento: é um espaço regular entre duas peças de placas cerâmicas adjacentes.
• Junta de movimentação: é um espaço regular cuja função é subdividir o revestimento do piso
para aliviar tensões provocadas pela movimentação da base ou do próprio revestimento.
• Junta de dessolidarização: também é um espaço regular cuja função é subdividir o
revestimento do piso para aliviar tensões provocadas pela movimentação da base ou do
próprio revestimento.
• Junta estrutural: é um espaço regular cuja função é aliviar tensões provocadas pela movimentação
da estrutura de concreto.
171
Unidade III

Veja a figura:
Chapisco

Emboço

Argamassa colante

Placa cerâmica
1. Junta estrutural

3. Junta de dessolidarização

2. Junta de assentamento 4. Junta de movimentação


Placa Placa Placa Placa
3 Argamassa 4
Contrapiso Contrapiso
Laje de concreto – substrato 1

Figura 155 – Tipos de junta

De acordo com a NBR 13753 (ABNT, 1996a), em ambientes interiores, sempre que a área do piso for
igual ou maior que 32 m2 ou sempre que uma das dimensões do revestimento for maior que 8 m, devem
ser executadas juntas de movimentação. Em exteriores e em pisos interiores expostos diretamente à
insolação e/ou umidade, as juntas de movimentação devem ser executadas sempre que a área for igual
ou maior que 20 m2 ou sempre que uma das dimensões do revestimento for maior que 4 m.

Por sua vez, a NBR 13754 (ABNT, 1996b) relata que em paredes com área igual ou maior que 32 m2
ou sempre que uma das dimensões do revestimento for igual ou maior que 8 m devem ser executadas
juntas de movimentação.

Já a NBR 13755 (ABNT, 1996c) recomenda a execução de juntas horizontais de movimentação espaçadas
no máximo a cada 3 m ou a cada pé-direito, na região de encunhamento da alvenaria. A norma também
orienta a execução de juntas verticais de movimentação espaçadas no máximo a cada 6 m.

Os tipos de junta e seus respectivos rejuntes:

• Junta de assentamento: preenchida com rejunte flexível.

• Junta de movimentação: preenchida com material flexível.

• Junta de dessolidarização: preenchida com material flexível.

• Junta estrutural: preenchida com enchimentos e material flexível ou dispositivos que suportem
grande deformação.
172
MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO

Nas figuras a seguir apresentamos os espaçadores utilizados durante o processo de assentamento.


As cruzetas possuem a largura mínima das juntas e são utilizadas para garantir que as peças
fiquem bem alinhadas.

Figura 156 – Espaçadores/cruzeta

Quanto à tonalidade, existem variações de cores, nuances, brilhos e texturas decorrentes de fatores
relacionados a matérias-primas e a fatores que ocorrem no processo produtivo. Portanto, deve-se
verificar se todas as caixas possuem a mesma tonalidade.

Antes de assentar, a norma NBR 13818 (ABNT, 1997b) recomenda que você monte um painel no piso,
como já foi dito, e fique a um metro de distância para avaliar se o produto possui alguma variação ou se
as peças apresentam algum tipo de defeito. Essas peças devem ser separadas e utilizadas para recortes,
por exemplo. Caso se verifique que o produto possui muitas peças danificadas, algo superior a 5% no
caso de produtos de primeira qualidade/extra, isso deve ser reclamado com o fabricante pelo site ou
pelo telefone 0800 antes do assentamento direto. Verifique a garantia do fabricante e leia as instruções
fornecidas. Cada fabricante possui uma dica especial, uma instrução específica quanto à sua instalação.
Estude antes de assentar.

Alguns produtos possuem uma mescla proposital que algumas marcas chamam de destonalização,
ou seja, é a variação de tonalidade realizada de forma intencional, contínua, padronizada e controlada
dentro de cada caixa. Nesse caso, deve-se misturar os produtos dessa caixa com outras caixas antes de
assentar, simulando um painel no piso e verificando a um metro de distância. Essa prática irá favorecer
o aspecto visual do assentamento desse ambiente.

Observação

Faltando uma peça durante aplicação, nem sempre a tonalidade mais


próxima da 38, por exemplo, será a 39. Consulte o fabricante, ele indicará a
tonalidade adequada e a loja mais próxima.

Todas as caixas deverão ter a classificação desse produto de acordo com a NBR 13817 (ABNT,
1997a). Portanto, na caixa deverá estar escrita a classificação quanto à abrasão (que pode variar de 0 a 5),
173
Unidade III

a classe de resistência química (que pode variar com letras A, B ou C), a classe de resistência ao
manchamento (que pode variar de 0 a 5) e o coeficiente de atrito para pisos. Infelizmente nem todos os
fabricantes seguem o que a norma solicita.

Observação

O laudo técnico é a carta que descreve características técnicas e normas


utilizadas na fabricação dos produtos. É necessário anexar esse documento
junto ao memorial descritivo do projeto, pois trata-se de maior segurança
para usuário e designer.

Quando assentar cerâmicas que possuem muito brilho e/ou porcelanatos polidos, deve-se ter cuidado
com a areia (encontrada com frequência na obra), que poderá riscar o seu produto. Por isso, deve-se
proteger esses produtos já assentados. Caso não consiga desviar a passagem por esse ambiente, coloque
uma camada de estopa e gesso.

Produtos que possuem uma textura mais abrasiva e rugosa terão facilidade de juntar mais sujeira,
portanto a sua higiene deverá ocorrer logo após o seu assentamento. Cuidado: esse produto pode não
ser antiderrapante. Lembre-se de que produtos possuem essa característica apenas se tiverem laudo
técnico do fabricante avisando que o seu coeficiente de atrito é maior que 0,4.

5.2.1 Piso cimentício

Os pisos cimentícios são compostos por cimento, areia, água e mais alguns aditivos que são segredos
industriais. Podem ser feitos na obra, como o cimento queimado, ou comprados prontos para serem
instalados, como o concreto estampado e as placas cimentícias. São conhecidos por vários nomes, como
bloquetes, pavimentos drenantes, intertravados de concreto e piso grama. Eles são peças, blocos de
concreto pré-fabricados que acabam por substituir os paralelepípedos utilizados nas ruas antigas das
cidades. Esses blocos possuem formatos variados, podendo ser retangulares, hexagonais, quadriculares,
raquete, 16 faces, entre outros, conforme as figuras a seguir. Possuem também variedade de cores, que
são conseguidas pela adição de pigmentos à massa.

A B

Figura 157 – Pisos de concreto

174
MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO

Possuem como vantagem, caso haja necessidade de manutenção de infraestrutura, a retirada


do produto sem quebrar, podendo ser instalados novamente. Além disso, o material é econômico e
permeável, sendo a água da chuva absorvida pelo solo.

A desvantagem é o processo de instalação. Por ser manual, costuma demorar e, por esse motivo,
apresentar custo elevado.

Existem normas técnicas da ABNT, como a NBR 9781 e a NBR 9780, para a verificação do peso
máximo que o produto pode suportar sem afundar ou quebrar. As espessuras das peças de concreto
devem ser respeitadas para cada tipo de carga: 6 cm para tráfego leve, 8 cm para veículos comerciais e
10 a 12 cm para áreas de tráfego muito pesado.

Saiba mais
Consulte a cartilha a seguir:
ABCP. Pavimentos intertravados: um caminho de vantagens com
baixo custo. [s.d.]. Disponível em: <https://maski.com.br/cartilha-abcp-de-
pavimentos-intertravados/>. Acesso em: 7 ago. 2018.
Você também pode se cadastrar no site da ABCP para mais informações:
<www.abcp.org.br>.

Para o assentamento do piso cimentício, a camada de piso deve ser regularizada e compactada com
brita graduada simples ou bica corrida, sendo feito o nivelamento de areia de assentamento. Insira as
peças e faça o alinhamento, o corte e os ajustes nas extremidades. Não existe a necessidade de armar
o piso com barras de aço. Os pisos intertravados possuem desenhos de encaixe que garantem a sua
fixação e a solidez do conjunto.

Para a manutenção do piso cimentício, lave com água e detergente neutro com vassoura de cerdas
duras ou utilize a máquina WAP, lavadora de alta pressão. Para a limpeza pesada, use produto limpa
pedra. Sempre consulte o manual do fabricante a respeito de produtos de limpeza.

Outros produtos do mercado são as placas cimentícias de formatos maiores, como 40 x 40 cm,
50 x 50 cm etc. Marcas como Castelatto, Solarium e Maski fabricam peças de formatos variados com
texturas para ambientes comerciais e residenciais. Algumas peças possuem relevo e atualmente são
chamadas de peças 3D (com três dimensões, iguais às placas de gesso).

Granilite ou granilito

Borges (2004) relata que granilite é uma massa composta de cimento e pequenos cacos de pedra
(granito, mármore calcário, quartzo, dentre outros) e corantes/pigmentos, como óxido de ferro, água
e areia. A granulometria de suas pedras pode variar, e o cimento utilizado em sua composição pode
175
Unidade III

ser o comum ou o branco. Dê preferência para um tipo só de rocha em sua composição, pois a
resistência será maior no mineral quartzo e menor no mármore, por exemplo.

Os pequenos pedaços de pedra em dimensões reduzidas de 5 mm ou menos têm formato irregular.


O produto pode apresentar uma variação de cor de fabricante para fabricante. Vale a pena ressaltar
que a composição e quantidade de material deve ser checada para que a composição não fique muito
distinta quando as pedras são aplicadas em lugares próximos.

É um material muito econômico, especificado em áreas externas ou internas e até em bancadas.


Não aplique o produto sobre o gesso, a cal ou o fibrocimento.

Existem dois tipos de granilite:

• Granilite polido: o revestimento é polido e recebe camadas de resina. Produto liso, é geralmente
recomendado para áreas internas.
• Granilite fulgê (fulget): mantém a textura dos pedriscos, tem aspecto rugoso e é antiderrapante.
Sendo assim, torna-se ideal para áreas externas, como calçadas, rampas, escadas, entorno de
piscinas, salas, paredes, entre outros ambientes. Entretanto, precisaremos de mais vigor na hora
da limpeza. Veja a figura:

Figura 158 – Granilite fulgê

Em seu assentamento, como uma massa, o granilite é espalhado pelo piso nivelado com uma
desempenadeira. Deve-se deixar espaçamento para as juntas de movimentação, recomendando-se
que os quadros formados pelas juntas não ultrapassem a medida de 1,50 x 1,50 m. Pode ser polido
depois de assentado.

Saiba mais
Para acompanhar o processo de execução de um piso em granilite, consulte:
PASSO a passo granilite. Clube do Concreto, 6 nov. 2013. Disponível
em: <http://www.clubedoconcreto.com.br/2013/11/granilite-passo-passo.
html>. Acesso em: 6 ago. 2018.

176
MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO

A manutenção é feita com vassoura de cerdas duras, detergente neutro ou sabão em pó e


água. Evite o contato com produtos abrasivos e químicos (cloro ou ácidos). A máquina WAP de
limpeza pode ser utilizada desde que o bico esteja regulado para o modo leque para o granilite
fulgê. Para o granilite polido, aplique cera. A reaplicação da resina deve seguir a recomendação
do fabricante.

Ladrilho hidráulico

Muitos pensam que o ladrilho é um material cerâmico e que vai para o forno, mas isso
não acontece. São pisos constituídos de cimento, cimento branco, areia e pigmento colorido,
trabalhados em fôrmas e prensas. Para cores claras, como amarelo, laranja, verde etc., é utilizado
o cimento branco na composição.

Os ladrilhos têm origem nos antigos mosaicos bizantinos. Eles recebem esse nome pelo fato de
serem apenas molhados, sem processo de queima. As primeiras fábricas no Brasil surgiram no final do
século XIX, primeiramente dedicadas ao revestimento de paredes e depois aos pisos Portland.

Foram e são especificados em pisos e paredes dos mais variados espaços: as fazendas de café do
século XIX, museus, como o Ipiranga e a Pinacoteca, em São Paulo, e tantos pisos de igrejas e espaços
comerciais e residenciais espalhados pelo Brasil. Veja as figuras:

A B C

Figura 159 – Revestimento em ladrilho hidráulico

De acordo com Borges (2004), no passado os ladrilhos eram o piso mais empregado nas áreas de
banheiro e cozinha, pois não haviam ainda surgido cerâmicas, granilite etc.

São geralmente fabricados nos formatos de 20 x 20 cm, além de peças para composição de
faixa e rodapé. Era um piso comum e de baixo valor, mas atualmente vem ganhando espaço
e reaparecendo nas especificações de ambientes comerciais e residenciais. Suas medidas são
variáveis de 15 x 15 cm, 15 x 30 cm, 10 x 10 cm, entre outras, sendo a camada de desenho de
aproximadamente 5 mm.

177
Unidade III

O processo de fabricação consiste numa camada de tinta. Tinta, nesse caso, é um corante
(pigmento com cor) mais cimento branco ou comum inserido numa fôrma metálica (devidamente
com desmoldante), de acordo com as figuras a seguir. A fôrma antigamente era de ferro e/ou
bronze, sendo hoje feita com latão. Depois de a tinta ser inserida na fôrma, o processo continua
com uma camada de massa (cimento e areia) e a terceira camada (cimento, areia e pouca água:
farofa), para depois ser levado a uma prensa.

As peças são feitas manualmente. Depois de prensadas, vão para uma estante para repouso
por 24 horas e são levadas à imersão na água por um período de 1 hora. Elas possuem muita
resistência ao desgaste, principalmente nas áreas de tráfego intenso, aliando também características
antiderrapantes e de alta resistência à abrasão.

Os ladrilhos ainda são indicados para áreas externas, passeios públicos, rampas para
automóveis, ambientes internos e bordas de piscina, oferecendo segurança para as pessoas
mesmo quando molhados (PORTLAND, 2010). Sobre o tema, a ABNT apresenta as normas NBR 9457,
NBR 9458 e NBR 9459.

Saiba mais

Assista ao vídeo:

LADRILHO hidráulico: uma arte, um piso. Brasil: IPTV, 2012. 17 min.


Disponível em: <http://iptv.usp.br/portal/video.action?idItem=10480>.
Acesso em: 9 ago. 2018.

Leia os textos:

LADRILHO hidráulico. Armazém das Oficinas, [s.d.]. Disponível em:


<http://armazemoficinas.com.br/novo/oficinas/ladrilho-hidraulico/>.
Acesso em: 7 ago. 2018.

CECI. Oficina de mosaico e ladrilhos hidráulicos. [s.d.]. Disponível em:


<http://www.ct.ceci-br.org/ceci/publicacoes/textos-para-discussao/547.
html>. Acesso em: 7 ago. 2018.

Atualmente, também pode ser utilizado como ladrilho o podotátil. Podotátil são peças que possuem
relevo e servem de sinalização tátil. Esses pisos ajudam as pessoas com baixa visão e com deficiência
visual quanto ao seu posicionamento nas calçadas, dentro de bancos e em outros ambientes.

Os ladrilhos apresentam como vantagens: facilidade de instalação e manutenção; rápida liberação


para o tráfego; variedade de cores e texturas, boa resistência e durabilidade; e o fato de serem um
produto ecológico, pois podem ser reciclados e reutilizados.
178
MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO

Entretanto, eles apresentam algumas desvantagens: podem absorver gordura e manchar se não
forem impermeabilizados e possuem pequenas imperfeições nos desenhos, pois o produto é artesanal,
feito peça por peça. Verifique se o ladrilho especificado para o piso da cozinha e churrasqueira está
impermeabilizado ou então passe verniz de poliuretano (produto que deixa brilho).

No assentamento do ladrilho hidráulico, ao receber as peças na obra, guarde-os sobre pallets como
os materiais cerâmicos, virado face a face para que não risquem. Utilize argamassa industrializada e
uma desempenadeira dentada. A diferença de espessura das peças (por ser artesanal) deve ser retirada
na massa. Por isso, passe argamassa no contrapiso e na peça inteira, evitando assim a quebra das pontas
do ladrilho. Utilize normalmente uma junta de 1 a 2 mm entre as peças. Não use martelo de borracha
ao assentar, pois pode sujar, manchar e fissurar as peças.

Saiba mais

Para acompanhar o processo de instalação do ladrilho, leia:

PORTLAND. Manual de ladrilho hidráulico: passeio público. São Paulo:


ABCP, 2010. Disponível em: <http://solucoesparacidades.com.br/wp-
content/uploads/2012/08/ManualLadrilhoHidraulico.pdf>. Acesso em:
26 jul. 2018.

Quanto à manutenção, os fabricantes recomendam passar cera líquida com um rodo a cada
15 dias para manter o brilho das peças, pois a cera protege a resina. Caso necessite limpar, utilize água
e detergente neutro. Os fabricantes ainda recomendam não lavar os ladrilhos com ácido muriático,
cândida e outros produtos químicos. Leia todas as instruções do fabricante escolhido para assentar e
cuidar da manutenção, pois cada empresa pode ter uma particularidade.

É muito comum hoje em dia os designers optarem por adesivos colados sobre os materiais cerâmicos
das paredes que têm “a cara” do ladrilho. Isso pode ser uma alternativa mais eficaz, econômica e veloz
para o caso de uma reforma.

Outro material cerâmico também muito especificado pelos designers é o vidro.

5.2.2 Vidro

O vidro está presente nas edificações na maioria dos ambientes, o que confere uma
integração dos espaços e transparência, fornecendo luz com possibilidades de ventilação, sendo
sua aplicação mais comum em janelas, blocos ou fibras de vidro. A areia é um dos componentes
para a fabricação do vidro e é considerada um material cerâmico normalmente estudado à parte
em livros teóricos de materiais de construção. Segundo Borges (2004), o vidro é um produto
obtido pelo resfriamento de uma massa em fusão, pelo calor, de óxidos, tendo como constituinte
principal a sílica/areia.
179
Unidade III

Óxido/alumina/magnésio
Óxido metálico/cor
Sódio
Sílica

Figura 160 – Componentes do vidro

Petrucci (1998) relata que o material do vidro é utilizado desde a mais remota Antiguidade, com os
fenícios e egípcios. Grande impulso se deu através do Império Romano, com a instalação de fábricas de
vidro nas regiões conquistadas. Nessa época, o vidro já era soprado.

Nos séculos III e IV da Era Cristã, o vidro já era utilizado como proteção de janelas, sendo o do século VI
especificado na catedral de Santa Sofia, em Constantinopla, o primeiro vidro colorido instalado da
arquitetura, de acordo com Sichieri, Caran e Santos (2010).

O vidro veio do Oriente para Veneza, onde mestres vidreiros aperfeiçoaram a técnica de fabricação,
sendo respeitados pelo mundo. Esse vidro de cristal, transparente e incolor, bem como os espelhos, foi
desenvolvido em Veneza.

Sichieri, Caran e Santos (2010) relatam que somente no século XVIII o vidro plano transparente foi
utilizado na composição de abertura nas janelas, proporcionando fachadas mais interessantes.
No século XIX, com o aumento de vãos e aberturas, o vidro passou a ser mais um elemento de integração
de espaços.

Westphal (2016) determina a linha do tempo da evolução do vidro, conforme a figura a seguir:

Contas de vidro
em tumbas de 3500 a.C.
faraós egípcios
Século V a.C. Cerâmica vitrificada
na Mesopotâmia
Anéis e pequenas
imagens de vidro Século II a.C.

Século I a.C. Uso do ferro de


sopro - vasos
Fabricação vidro
plano por sopro Séculos XVIII e XIX
em cilindro
1913 Fabricação por
estiramento
Vidro float 1950

Figura 161 – Linha do tempo da evolução do vidro

180
MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO

Os vidros normalmente possuem uma cloração mais esverdeada, adquirida em seu processo de
fabricação. Só o vidro extra clean tem aparência sem o verde, pois ele possui um baixo teor de ferro,
resultando num vidro extremamente transparente e claro. Verifique os detalhes da cor dos vidros nas
figuras a seguir:

A B

Figura 162 – Vidro extra clean (A) e vidro tom esverdeado (B)

Observação

A transparência do vidro pode interferir no seu processo de criação.


Verifique o projeto, pois o tom esverdeado compromete o conjunto.
Normalmente o extra clean é especificado para tampos de mesa.

A ABNT apresenta a norma NBR 7199, que estabelece regras gerais para a utilização de vidros na
construção civil. Nela também é possível encontrar qual o tipo de vidro mais adequado para cada
aplicação. Existe também uma fórmula disponível que calcula a espessura ideal. Quanto à recomendação
da norma, especificamos para cobertura utilizar vidro aramado ou laminado. Já a norma NBR NM 293
estabelece os termos aplicáveis a produtos de vidro plano em chapa e acessório usado na construção
civil. Por sua vez, a NBR NM 294 tem por objetivo estabelecer as dimensões e requisitos de qualidade
(em relação aos defeitos ópticos e de aspecto) dos vidros planos float, incolor e colorido destinados ao
mercado de arquitetura. Existem ainda a NBR NM 295, sobre vidro aramado, e a NBR 16673, a respeito
dos vidros revestidos para controle solar.

Saiba mais

A Abravidro tem uma revista mensal que apresenta tudo sobre vidro, de
novas tendências a colas feitas com esse material. Consulte:

ABRAVIDRO. O vidroplano. [s.d.]. Disponível em: <https://abravidro.org.


br/o-vidroplano/destaques/>. Acesso em: 7 ago. 2018.

181
Unidade III

O processo de fabricação do vidro evoluiu e hoje o sistema de vidro float é um dos mais utilizados.
A fabricação de vidro plano float consiste em uma temperatura de 1100 °C, com o vidro fundido saindo
direto para um tanque que contém estanho líquido. Ele se espalha por esse tanque, formando longas
tiras. Nas bordas dessas tiras há cilindros dentados que puxam o vidro lateralmente, de forma a dar-lhe
uma espessura próxima àquela desejada.

No quadro a seguir podemos observar a classificação dos vidros:

Quadro 11 – Classificação dos vidros de acordo com a NBR NM 293

Tipo Forma Transparência Acabamento Coloração Colocação


Recozido Liso, polido, impresso,
Temperado antirreflexivo,
Plano, plano de
segurança, curvo, Transparente, serigrafado, fosco, Incolor; Caixilhos, vidros
Laminado metalizado ou
endurecido, translúcido, colorido ou autoportantes,
refletivo, vidro de
Aramado perfilado, opaco absorvente misto.
baixa emissividade
ondulado
Duplo ou ou low e, gravado e
insulado esmaltado

Fonte: ABNT (1989, p. 1 e 2).

A cadeia produtiva do vidro no país funciona da seguinte maneira: os vidros são produzidos nas fábricas
como float, impresso, aramado e laminado. Na sequência, são levados para uma processadora para serem
laminados, temperados, curvos e serigrafados, e nas vidraçarias eles são cortados e instalados.

Westphal mostra no quadro a seguir os diferentes tipos de vidro fabricados e processados:

Quadro 12 – Tipos de vidros fabricado no Brasil

Processados nas distribuidoras


Produzidos nas fábricas Vidros especiais
Tratamento superficial Beneficiamento
Aramado Acidado Curvo Antibactéria
Controle solar Jateado Insulado Antifogo
Espelho Pintado a frio Laminado Antirrisco
Extra clear Serigrafado Temperado Autolimpante
Float colorido Blindado
Float incolor Fotovoltáico
Impresso
Laminado

Adaptado de: Westphal (2016) e ABNT (1989).

Veremos a seguir os principais tipos de vidro utilizados na construção.

Vidro float incolor

Tem espessura entre 2 e 19 mm, é incolor e utilizado como base para a fabricação de outros tipos de
vidros, como os coloridos, laminados e refletivos. É um produto de baixo custo e fácil beneficiamento,
182
MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO

mas possui como desvantagens produzir estilhaços cortantes e ser um material frágil quando comparado
com o temperado. Observe nas figuras a seguir o vidro incolor:

A B

Figura 163 – Vidro incolor

Vidro de segurança

De acordo com a norma NBR 7199 (ABNT, 1989), os vidros de segurança apresentam em seu processo
de fabricação redução do risco de ferimentos em casos de quedas ou impactos e choques.

Vidro de segurança: vidro temperado

O vidro temperado gera segurança, pois resiste ao choque até cinco vezes mais que o vidro comum.
Em sua composição, recebe um tratamento térmico, e quando quebra não forma cacos pontiagudos pois
seus pedaços são arredondados, sem bordas cortantes. O processo de têmpera consiste no aquecimento
gradativo a uma temperatura próxima ao ponto de amolecimento do vidro (cerca de 700 °C) e depois
ocorre um resfriamento rápido através de jatos de ar (SICIERI et al., 2010).

É normalmente especificado em portas de box de banheiros (veja a figura a seguir), para segurança
dos usuários e em lugares que precisam de mais resistência, como shoppings, escritórios, bancos e lojas.
Pode ser fixado por aparafusamento.

A B

Figura 164 – Vidro temperado (A) e vidro temperado quebrado (B)

183
Unidade III

Vidro de segurança: vidro laminado

São duas peças de vidro incolores intercaladas por uma ou mais películas plásticas poliméricas – como
o PVB (polivinil butiral) de alta resistência, o EVA (etileno-vinil-acetato) ou a resina – interligadas por
calor e pressão. Esses três polímeros têm aspecto incolor, sendo seu processo e maquinário diferenciados.
Esse vidro filtra os raios solares, protegendo as pessoas do sol e minimizando o desbotamento e as
manchas em móveis e objetos do seu ambiente, assim como proporciona com o PVB acústico uma
melhora em 50% do som percebido.

O vidro laminado é especificado em automóveis, fachadas, coberturas, sacadas, pisos, divisórias,


portas automáticas, janelas, prateleiras, tampos de mesa, portas de armário, claraboias e vitrines.
Quando se quebra, esse vidro não se desprende e nem estilhaça: seus pedaços ficam presos à película,
não necessitando de substituição imediata. Possuem cores diversificadas. Nas figuras a seguir são
apresentadas a composição do vidro laminado e sua quebra:

Vidro float incolor

Película PVB polivinil butiral

Vidro float incolor

B C

Figura 165 – Vidro de segurança: vidro laminado (A) e vidro laminado quebrado (B e C)

184
MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO

Saiba mais

Leia o texto a seguir:

WEIKU na Expo Revestir, a Fashion Week da arquitetura. Weiku, 14 mar.


2018. Disponível em: <http://www.weiku.com.br/blog/weiku-na-expo-
revestir-a-fashion-week-da-arquitetura/?doing_wp_cron=1525086344.9
486958980560302734375>. Acesso em: 7 ago. 2018.

Vale alertar que em portas de vidro, divisórias e vitrines deve-se pensar em vidros de segurança
como temperados e laminados, pois há riscos de acidente com crianças e adultos que podem ser fatais.

Vidro de segurança: aramado

As chapas de vidro recebem uma tela metálica dentro de sua composição que resiste à corrosão e
ao fogo e não produz estilhaços. A malha metálica produz efeito decorativo e é especificada em móveis,
guarda-corpos, divisórias e coberturas, segundo a norma NBR 7199.

A B

Figura 166 – Vidro aramado (A) e vidro aramado quebrado (B)

Vidro de segurança: vidro blindado

É um vidro multilaminado com a função de proteger o ambiente contra disparos de arma de fogo.
É especificado em automóveis de luxo, bancos e lojas de joia.

Vidro duplo ou insulado

É composto por duas ou mais lâminas de vidros separadas por gás inerte através de um ou mais
espaçadores que impedem a entrada de umidade e a saída de gás. As bordas são hermeticamente
185
Unidade III

fechadas com materiais que suportam altas e baixas temperaturas e resistem à radiação ultravioleta
(SICHIERI; CARAN; SANTOS, 2010).

O vidro duplo apresenta baixa transferência de calor e bom isolamento acústico. Podem-se
combinar dois tipos de vidro idênticos ou diferentes, por exemplo, usar um temperado com a
proteção térmica e acústica com o laminado de controle solar. Junto ao perfil da esquadria existe
um hidrossecante para impedir o embaçamento do vidro. Pode ser dotado de persianas internas
de controle remoto, dosando assim a questão da luminosidade sem comprometer o consumo de
energia do ar condicionado.

Vidro reflexivo

São vidros que aliam conforto ambiental e eficiência energética. São produzidos com uma camada
de óxido metálico, imperceptível ao olho, tecnologia que garante o controle da intensidade de luz e
calor transmitidos para o ambiente interno.

Esse óxido tem como finalidade a absorção de comprimentos de ondas específicos, resultando em
uma coloração específica. São esses óxidos que proporcionam ao vidro características de refletividade
parcial. São produzidos a partir do vidro float, podendo ser incolor ou colorido.

Conforme Westphal (2016, p. 24), “Esse óxido funciona como uma peneira, um filtro para a radiação
solar, permitindo o controle da transmissão de luz e calor para o ambiente de acordo com o projeto”.

Pode ser especificado em vidro de janela, fachada e cobertura envidraçada. A NBR 16023 garante a
qualidade e o desempenho dos vidros revestidos para o controle solar.

Vidro colorido

Pode ser pintado ou serigrafado. O vidro pintado recebe uma camada de tinta colorida que garante
o brilho e a cor desejada, sendo especificado em ambientes comerciais e residenciais, móveis e fachadas.
Veja as figuras:

A B

Figura 167 – Vidros coloridos: aplicação em fachada

186
MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO

O vidro serigrafado recebe uma camada de tinta esmalte e é levado até o forno, no qual os pigmentos
coloridos acabam fazendo parte dele e possibilitam um controle de sombreamento e privacidade, além
do uso para escrita e propaganda.

A B

Figura 168 – Vidro colorido azul (A) e serigrafado da divisória (B)


Vidro jateado

O vidro recebe uma camada de jato de areia, que o torna um material opaco. Existe a possibilidade
de criar muitas formas e desenhos para esse vidro.

Vidro impresso ou fantasia

Em um dos lados da superfície, a peça apresenta uma impressão de formas e desenhos diferentes
quando ainda está aquecido. Isso deixa o vidro mais translúcido, gerando mais privacidade e
barreira visual. Alguns dos tipos de vidro impresso ou fantasia: pontilhado, quadrado, antílope
(textura que imita a pele de um animal, sinuoso), miniboreal, astral, mosaico, granito, canelado,
ártico, entre outros.

Figura 169 – Vidros fantasia: vidro canelado

187
Unidade III

Vidro inteligente/vidro polarizado/smart glass/vidro eletrônico

Esse vidro possui uma película que quando ligada à energia elétrica deixa o vidro transparente
e quando desligada deixa o vidro opaco. Os vidros podem ter espessura de 8 a 14 mm e cores cinza,
cinza escuro e cobre, dependendo do fabricante. O vidro protege o ambiente dos danos do sol e reduz
o ruído. É possível colocar a película em vidros já instalados, e ainda podemos utilizá-lo como tela
para projeção de filmes.

É especificado em lugares onde há necessidade de privacidade, tanto áreas comerciais e residenciais


como clínicas, salas de cirurgia em hospitais, divisórias internas de salas de reuniões, salas de espera,
janelas e grandes aberturas (sem uso de cortinas), portarias, hotéis, espaços pequenos que necessitam
de privacidade e banheiros integrados ao dormitório.

Exemplo de aplicação

Procure na internet mais imagens sobre o vidro inteligente e as utilize em ambientes corporativos.

Quanto ao acabamento de bordas dos vidros, veja a figura a seguir:

Lapidado reto
Lapidado Silicone estrutural com
borda exposta
Lapidado

Polido Polido reto


Silicone estrutural com
Polido acabamento diferenciado

Meia-cana
Lapidado Aplicação em espelhos,
vidros decorativos e móveis

Meia-cera polido
Polido Aplicação em espelhos,
vidros decorativos e móveis
Especificar ângulo
(22º, 45º ou 67º) Bizotê lapidado
Silicone estrutura
Lapidado
Ângulo Bizotê polido
(22º, 45º ou 67º) Espelhos e vidros
Polido decorativos de móveis

Corte natural Filetado


Vidros para caixilhos com
Filetado tratamento térmico

Figura 170 – Tipos de acabamento de borda

Os mosaicos de vidro foram muito especificados nas igrejas, templos e capelas. No entanto, são
atualmente especificados em áreas comerciais, como restaurantes, lojas e consultórios. Seja criativo!
Invente seus mosaicos coloridos com linhas e desenhos atuais.
188
MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO

A B

Figura 171 – Mosaicos de vidro

Piso de vidro

O piso de vidro também podem ser especificados, mas cuidados com a superfície e a transparência
devem ser verificados em projeto antes da compra do material. Apesar de a norma não recomendar, a
área comercial especifica o laminado e o laminado temperado com restrições. O laminado, se quebrar,
não irá machucar o usuário, pois suas peças estão presas à camada de laminação.

Saiba mais
Leia o texto:
GELINSKI, G. Pisos e escadas: chapas de vidro. Arcoweb, 2005.
Disponível em: <https://www.arcoweb.com.br/finestra/tecnologia/pisos-e-
escadas-01-09-2005>. Acesso em: 27 jul. 2018.

Para conhecimento, a indústria de vidro brasileira é composta por marcas como Cebrace, Guardian,
Poltemper, União Brasileira de Vidros (UBV), Saint-Gobain, AGC Vidros do Brasil, Companhia Brasileira de
Vidros Planos (CBVP), Santa Marina – Saint-Gobain, entre outras.

Exemplo de aplicação

Faça uma busca na sua região e verifique os tipos de vidro disponíveis.

No assentamento de vidro, em geral, deve-se verificar o recebimento do material na obra, conferindo


se a espessura, o comprimento e a largura estão de acordo com o projeto. Verifique também se a
superfície do vidro está em ordem e não apresenta riscos, ondulações, manchas, bolhas de ar, trincas e
fissuras devido ao manuseio.

Normalmente, o vidro deverá ser encaixado numa esquadria devidamente limpa e sem pregos.
Utilize silicone para fixação/vedação. Os vidros também podem ser fixados diretamente na alvenaria.

189
Unidade III

Vidros não verticais Vidros projetantes móveis


• Laminado de segurança • Laminado de segurança
• Aramado • Aramado
• Insulado com vidro interno • Insulado com vidro interno
aramado ou laminado aramado ou laminado
• Temperado (totalmente
encaixilhado; e projeção
< 25 cm)
• Float e impresso (totalmente
encaixilhado; projeção
< 25 cm; e área < 0,64 m2)

Vidros verticais
• Laminado de segurança
• Aramado
• Insulado com os vidros acima

Vidros verticais susceptíveis


ao impacto humano
• Temperado
• Laminado de segurança
• Aramado
• Insulado composto com os
vidros acima

Figura 172 – Aplicações que exigem vidros de segurança

Saiba mais

No manual a seguir é apresentado o projeto de revisão da norma NBR 7199,


além do desempenho lumínico e acústico e da eficiência energética:

WESTPHAL, F. S. Manual técnico do vidro plano para edificações.


Abrividro, 2016. Disponível em: <https://www.researchgate.net/profile/
Fernando_Westphal2/publication/313693214_Manual_Tecnico_do_
Vidro_Plano_para_Edificacoes/links/58c002d7aca272a178e6e0d8/Manual-
Tecnico-do-Vidro-Plano-para-Edificacoes.pdf>. Acesso em: 26 jul. 2018.

Manutenção e limpeza do vidro

Muitas vezes, restos de tinta, poeira, argamassa e muita sujeira podem dificultar o processo de
limpeza após a obra. Se a argamassa estiver sobre o vidro, muito cuidado com a espátula na hora
de retirar. Sugestão: água quente com vinagre e limão primeiro, para depois que amolecer o cimento
retirar com bucha macia e detergente neutro. Para tinta, use álcool isopropílico, thinner ou removedores
específicos de tintas.

190
MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO

Saiba mais

O vidro tem uma feira de exposição somente para ele, é a Glass South
América, que acontece a cada dois anos no mês de maio. Se você estiver
na cidade de São Paulo, vale a pena conferir. Nela há até um concurso para
estudantes. Acesse o site da feira e o da Abravidro, que contém todas as
normas utilizadas pelo setor vidreiro.

<www.glassexpo.com.br>.

<www.abravidro.org.br>.

5.2.3 Espelho

A história conta que o reflexo do homem na água inspirou a fabricação dos espelhos. O espelho é
uma lâmina de vidro ou cristal (um vidro float, ou vidro plano) que na parte posterior apresenta uma
superfície metalizada (uma camada metálica de prata, alumínio ou cromo que em seguida recebe
uma camada de tinta de proteção) que serve para refletir a luz e as imagens de objetos e pessoas.
Quando olhamos para o vidro, essa superfície metalizada reflete nossa imagem.

É muito especificado para ampliar ambientes pequenos, principalmente em paredes decorativas de


salas de estar e jantar e outros ambientes, dormitórios e portas de armário. Em ambientes comerciais,
são especificados em lojas, academias, restaurantes, hotéis, elevadores, farmácias, cassinos, entre outros.

Existem dois tipos de fabricação: o galvânico (prata mais cobre e tinta de proteção) e o copper-free
(não utiliza cobre em sua composição). Isso evita sua oxidação e dá boa aderência à tinta, conforme
Westphal (2016).

Figura 173 – Espelho

191
Unidade III

A NBR 14696 (ABNT, 2015b) relata que para revestimentos de paredes os espelhos devem
ser colados com colas adequadas ou pendurados por meio de instalação mecânica. A figura a
seguir apresenta um espelho de lavatório de banheiro dividido em partes com acabamento bisotê;
perceba que o espelho cobre da altura da bancada até o teto, sendo o frontão (peça de pedra de
acabamento entre a bancada e a parede que serve para proteger a parede da água), neste caso,
de mármore de altura superior a 5 cm.

Observação

Os espelhos venezianos merecem destaque, pois eram considerados


os melhores do mundo. Eles surgiram no século XIV utilizando a técnica de
superfície lisa e fundo metálico. Os italianos eram considerados os mestres e
detinham o monopólio do espelho. O salão dos espelhos do palácio de Versalhes,
na França, foi um exemplo da quebra do monopólio veneziano. O rei francês
comprou o segredo de alguns mestres e implantou fábricas na França.

Em seu assentamento, o espelho é um material que merece cuidado na hora do transporte e


durante sua instalação, pois podemos considerá-lo como vidro. O espelho pode ser instalado com
silicone, conforme recomendação da NBR 15198, que pode variar de acordo com o tamanho e a
espessura do espelho. Na tabela a seguir apresentamos as quantidades de silicone para realizar
a fixação do espelho.

Tabela 11 – Quantidade do produto a ser utilizado

Espessura x comprimento
Área do espelho
4 mm 5 mm 6 mm
0,50 m2 10 cm 13 cm 15 cm
0,75 m2 15 cm 19 cm 232 cm
1 m2 20 cm 25 cm 30 cm
1,25 m2 25 cm 32 cm 38 cm
1,50 m2 30 cm 38 cm 45 cm
1,75 m2 35 cm 44 cm 53 cm
2 m2 40 cm 50 cm 60 cm
2,5 m2 50 cm 63 cm 75 cm
3 m2 60 cm 75 cm 90 cm

Fonte: Cebrace ([s.d.], p. 3).

A norma ainda recomenda que não se deve utilizar cola de sapateiro, jornal ou outros elementos em
contato com o verso do espelho.

192
MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO

Saiba mais

Descubra a história do espelho veneziano, com seus modelos e


desenhos, em:

DECORAÇÃO: história do espelho veneziano. Cores da Casa, 2012.


Disponível em: <http://www.coresdacasa.com.br/2012/09/decoracao-
historia-do-espelho-veneziano.html#axzz5ECmYhkuy>. Acesso em:
26 jul. 2018.

No que se refere à manutenção, deve ser feita limpeza com álcool e produtos específicos para vidro
existentes no mercado, com pano seco ou papel toalha.

5.3 Material metálico

De acordo com Petrucci (1998), o metal mais importante ainda é o ferro, seguido do cobre, alumínio,
chumbo e zinco. Esses minerais são encontrados na natureza e transformados por vários processos.
A utilização dos metais foi um dos fatos mais importantes da história da humanidade.

O autor ainda comenta que o cobre e o ouro apresentam-se, no estado nativo, com certa abundância.
Sendo o cobre mais duro e resistente que o ouro, foi utilizado para as primeiras armas e ferramentas.
Historicamente, os egípcios e os romanos já utilizavam o aço.

Como característica, os metais possuem alta condutibilidade elétrica e térmica, brilho típico e
opaciade, além de grande resistência mecânica, sendo bastante deformáveis. Geralmente são ligados
com outros elementos, formando o que entendemos por ligas, o que irá configurar um material mais
resistente, com características melhores e 100% recicláveis, conforme Bauer (2000).

Observação

Liga metálica é uma mistura, de aspecto homogêneo, de um ou mais


metais entre si ou com outros elementos (BAUER, 2000).

Brown e Farrelly (2014) relatam que os metais tendem a ser fortes e dúcteis, embora
suas propriedades mecânicas também variem muito: alguns metais, como as ligas de níquel,
resistem à corrosão; o titânio pode ter mais resistência a altas temperaturas do que outros
metais; o alumínio é fácil de moldar; o ferro e o aço são empregados na construção civil
devido à sua resistência.

193
Unidade III

As autoras ainda comentam que

[...] os metais também adquirem várias formas por meio de diferentes


processos, como a fundição e a moldagem, o corte a laser, a chapeação, a
fiação e a estampagem. Os metais muitas vezes são utilizados em estruturas
e como material de revestimento de elevações, além de serem comuns no
desenho de produtos como os de ferragem, fixação e conexão: pregos,
rebites, dobradiças, grampos etc. (BROWN; FARRELLY, 2014, p. 146).

Utilizamos os metais também pelo seu efeito estético e não só por sua função. Técnicas como
esmerilhar, martelar, anodizar, oxidar, envernizar, polir ou receber uma pintura eletrostática podem ser
um diferencial aplicado em superfície metálica.

Como já relatamos, os metais podem ser especificados em estruturas e também em materiais como
torneiras, tubulações (na parte elétrica e hidráulica), ralos, luminárias, esquadrias, guarnições, pisos,
chapas metálicas para paredes externas/fachadas e paredes internas, telhas e condutores verticais para
água de chuvas, de mobiliário até utensílios domésticos etc.

Os metais podem ser encontrados nas lojas de materiais de construção em forma de bobina de
aço para a fabricação de telhas, chapas finas usadas na linha branca – geladeiras e fogões –, barras,
vergalhões, fios e tubos.

O tratamento superficial da peça metálica será necessário para que não ocorra corrosão.
Entretanto, desvantagens ainda podem aparecer, como a necessidade de mão de obra e equipamentos
especializados, limitação de execução em fábrica das dimensões dos perfis quando especificados para
estruturas, peso elevado e custo de transporte até o local da montagem.

As serralherias trabalham com produtos metálicos. Podemos destacar entre a matéria-prima o ferro,
encontrado em peças perfiladas em U, T, I e L, quadrados, redondos, chatos etc. e em chapas; o alumínio,
em peças perfiladas e em chapas; e o aço comum e zincado (BORGES, 2004).

Na figura a seguir apresentamos as chapas metálicas que podem também apresentar texturas e ser
especificadas e fabricadas como piso tátil.

Figura 174 – Chapa metálica de ferro especificada em pisos e paredes

194
MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO

Se você, aluno, desenhar as esquadrias e/ou chapas metálicas diferenciadas para painéis internos ou
externos em seu projeto de interiores, procure um serralheiro de confiança para a execução e instalação
na obra. Observe sempre os detalhes, como encaixes e/ou parafusos ou a soldagem do material, pois o
acabamento é fundamental na nossa profissão.

No que se refere ao seu assentamento, dependendo do uso e do local de aplicação, o material


pode ser encaixado, soldado e/ou parafusado, por isso siga sempre as informações dos fabricantes
quanto às instalações.

Para a correta manutenção do material metálico contra a corrosão são necessárias algumas técnicas,
como a pintura utilizando um fundo primer anticorrosivo, aguardar secar e depois aplicar tinta esmalte
ou tinta a óleo da cor especificada em projeto. Outros métodos são utilizados para a proteção contra a
corrosão do metal em indústrias durante o processo de fabricação, como a plastificação, a anodização,
a galvanoplastia e a proteção catódica, que não aprofundaremos aqui.

5.3.1 Alumínio

O alumínio é um metal obtido a partir do minério chamado bauxita. O Brasil tem a terceira maior
reserva de bauxita no mundo. O país também é o sexto maior produtor mundial de alumínio em sua
forma bruta e o nono maior consumidor do metal no planeta (ABAL, 2018).

De acordo com Bauer (2000), o alumínio é um metal muito leve, estável e que possui boa condutibilidade
(esse metal pode esquentar e esfriar rapidamente). Ele está presente nas obras em materiais de esquadrias
(portas e janelas), painéis de revestimento, fachadas envidraçadas, estruturas para coberturas, divisórias, forros,
boxes, utensílios para construção, formas para paredes de concreto, andaimes, escoras, puxadores, dobradiças,
torneiras, lâmpadas e luminárias, instalações elétricas, telhas e estruturas, entre outros.

É um metal de cor cinza claro que aceita coloração sob determinadas condições e também um
material reciclável com uma vida média acima de 40 anos. Ele possui dois tipos de acabamento externo:
pintado ou anodizado.

Podem ser fabricados em chapas ou por extrusão (perfis), sendo a resistência à corrosão das
esquadrias de alumínio conseguida através do processo de anodização (BORGES, 2004).

A anodização é um processo que consiste na formação de uma película de óxido de alumínio sobre o
alumínio. Essa camada é extremamente dura, estável e transparente e impede a oxidação de camadas inferiores.
A película é obtida através da eletrólise, em que a peça de alumínio é o anodo (daí vem o termo anodização),
cuja reação com o oxigênio liberado na eletrólise produz sobre a peça a camada de óxido de alumínio.

A anodização é um modo de dar maior proteção que a camada natural de


óxido, aumentando também a reflexão e o brilho e a resistência aos ataques
químicos, tais como o resultante do cimento. Depois de polido, o metal
sofre eletrólise, funcionando como um ânodo. É imerso num meio ácido,
oxálico, bórico ou fosfórico. Conforme o ácido será a qualidade. Depois da
195
Unidade III

anodização, as superfícies ficam porosas, e é preciso selá-las em um banho


de água quente. No caso de se desejar colorir, deve-se fazer pintura antes
do banho da selagem, ou usar eletrólitos especiais. A anodização pode ser
fosca ou brilhante, e esta, de alto ou de baixo brilho (BAUER, 2000, p. 604).

Algumas das vantagens do alumínio: ele não requer grandes manutenções periódicas, como pintura,
mesmo exposto em áreas como o litoral (devido à presença da maresia), ou raspagem; reflete a luz nas
luminárias; é um excelente condutor de temperatura; é resistente à ferrugem/corrosão; é fácil de limpar;
é durável; é reciclável, como já dissemos; e ainda é resistente a intempéries no isolamento térmico e
no consumo de energia elétrica. Como material leve, seu transporte também irá custar mais barato na
previsão de orçamento e montagem.

Devido às suas propriedades físicas, o alumínio pode ser cortado e furado, sendo a união das peças
estruturais por aparafusamento ou rebitagem a frio. É impermeável e altamente combinável com outros
elementos escolhidos para a decoração do seu ambiente. Sua relação custo-benefício e manutenção
futura é incontestável.

É um material muito especificado em regiões litorâneas e com muita poluição. Como desvantagem,
se o alumínio estiver em contato com materiais ferrosos ou de aço, como parafusos de aço não
inoxidável, ele pode enferrujar. Além disso, o custo inicial é alto.

Entre os usos das chapas metálicas perfuradas, foscas ou brilhantes de alumínio, destaca-se
o realizado nas fachadas dos edifícios, que deixa os projetos contemporâneos. Nas figuras a seguir
podemos observar as chapas metálicas de alumínio:

A B C

Figura 175 – Chapas metálicas de alumínio

O alumínio também pode ser pintado com cores diversas, como visto nas figuras a seguir:

A B

Figura 176 – Alumínio pintado

196
MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO

Ele pode ainda apresentar texturas de madeira e bronze.

Quanto às normas, a ABNT apresenta a NBR ISO 7583, que define os termos relativos ao
alumínio anodizado, e a NBR 14155, que estabelece o método para determinação da dureza
das camadas de anodização para fins técnicos do alumínio e suas ligas através da utilização de
aparelho associado a microscópio mecanográfico.

Saiba mais
A Associação Brasileira de Alumínio apresenta um site interativo com
novidades do setor da construção com alumínio. Consulte:
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DO ALUMÍNIO (ABAL). Aplicações do alumínio.
[s.d.]. Disponível em: <http://abal.org.br/aplicacoes/construcao-civil/>.
Acesso em: 7 ago. 2018.

5.3.2 Chapa de aço (aço, aço inox e aço corten)

O ferro está presente nos portões antigos de ferro fundido, portas e janelas, além de mobiliários
urbanos, como os bancos. Já o aço está presente nos automóveis, nos metais sanitários, nas torneiras,
nos perfis metálicos de pilares e vigas das edificações, entre outros usos.

Ele é encontrado nas jazidas através do mineral ferro, também chamado de óxido de ferro ou
hematita, para depois ser transformado em aço. Depois de extraído, vai para uma usina siderúrgica,
em que, com carvão e calcário, é queimado num longo forno de mais 50 metros a 1500 Cº. Como vem
com muita areia misturada ao ferro metálico, ele sai líquido do forno. Ao injetar oxigênio no ferro
líquido, retira-se o carbono que está dissolvido no ferro, melhorando as características do ferro novo.
Também podemos fazer ferro fundido de sucata de materiais.

O aço é uma mistura controlada de ferro e carbono. Existe uma grande variedade de aço
disponível no mercado, pois cada uma de suas aplicações demanda alterações na forma e na
composição. Temos o aço carbono ou com baixo teor de liga, aços ligados especiais, aço construção
mecânica e aço para ferramentas. Também poderíamos classificar os aços de outras maneiras: de
acordo com sua composição química, sua estrutura ou sua aplicação.

Saiba mais
O Instituto Aço Brasil apresenta uma tabela com os produtos fabricados
e as produtoras de aço do setor da construção. Consulte:
INSTITUTO AÇO BRASIL (IAB). Produtos. [s.d.]. Disponível em: <http://
www.acobrasil.org.br/site2015/produtos.asp>. Acesso em: 7 ago. 2018.

197
Unidade III

Aço inox

O aço inox ou inoxidável é uma liga metálica composta de ferro, cromo com teor mínimo de 10,5%,
baixo teor de carbono e níquel bastante resistente à corrosão e ao calor. O cromo adicionado a essa liga
confere uma notável resistência à corrosão (PATTON, 1978). A diferença entre o aço e o aço inox está no
teor de cromo. O cromo favorece a formação de uma camada protetora.

Essa camada passiva de proteção do aço inox confere proteção a eventuais problemas de corrosão e
oxidação (ferrugem). Se removida a camada devido a riscos, ela tem a capacidade de se autorregenerar
em diferentes ambientes. No aço carbono comum, é preciso utilizar processos protetores de superfície,
como pintura, galvanização, fosfatização ou bicromatização.

Figura 177 – Camada passiva de proteção

É fornecido no mercado através de chapas, bobinas e tubos para uso na construção e no design.
Ele transmite modernidade e é nobre, elegante e durável. Sua superfície pode ser brilhante, fosca,
escovada ou colorida e ele pode ser aplicado em diversas superfícies.

Os tipos de aço inox são 304 e 316, K30 e K39 e K44, com espessuras que variam de 0,40 a
3,00 mm. A largura das chapas pode variar entre 1200, 1220, 1250 e 1300 mm e o comprimento,
de 2000 a 3000 mm.

Saiba mais

Vale a pena conferir as imagens do hall do hotel City Garden, na


Suíça. Consulte:

CITY GARDEN HOTEL. Photo gallery. [s.d.]. Disponível em: <https://www.


citygarden.ch/en/photo-gallery/360/>. Acesso em: 7 ago. 2018.

De acordo com o quadro a seguir, podem ser especificados os tipos de aço inox para os
seguintes ambientes:

198
MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO

Quadro 13 – Atmosfera

Atmosfera
Urbana Urbana
Aço inox Rural Industrial** Litorânea***
pouco contaminada poluída*
(AISI) I E I E I E I E I E
K30 A A A C C N N N N N
K44 A A A A A A A C A C
K39 A A A A A A A C C N
304 A A A A A A A C C N
316 A A A A A A A A A N
A = adequado N = não adequado I = interiores E = exteriores C = consultar Aperam
* Atmosferas que contêm muitos sólidos em suspensão ou gases provenientes do sistema de exaustão de automóveis.
** Algumas atmosferas industriais podem conter elevados teores de gases sulfurosos (SOx), permitindo a condensação de
ácido sulfúrico (H2SO4) na superfície dos materiais. Sem os devidos cuidados, nessas condições, até os aços inox considerados
adequados podem sofrer corrosão.
*** Em atmosferas litorâneas, o teor de cloreto, os ventos predominantes e a distância do mar podem representar um papel
muito importante. A resistência à corrosão dos materiais estará sempre relacionada a esses fatores.

Fonte: Aperam ([s.d.]).

O aço inox possui como vantagens: fácil limpeza, ser higiênico, ter alta durabilidade, baixo custo de
manutenção e grande resistência à variação de temperaturas, ser um material reciclável e resistente e
possuir boa relação custo-benefício durante a obra.

É muito especificado em ambientes hospitalares e consultórios dentários, entre outros locais,


em equipamentos sanitários, pias e mobiliário, elevadores, corrimões de escadas, chapas metálicas para
fachadas, detalhes para piso tátil e ralos lineares, entre outras peças.

Algumas pessoas podem pensar que o inox é um material que pode ser associado à frieza, porém ele
pode ser misturado a outros materiais, como tijolos e cerâmicas, e fazer grandes contrastes de texturas,
como visto nas figuras a seguir:

A B

Figura 178 – Chapa inox em geladeira (A) e escada rolante (B)

Pilares revestidos em inox polido do hotel City Garden, na Suíça, se apresentam como um espelho,
conferindo um ambiente de requinte. As chapas perfuradas de inox do Allianz Parque, estádio do
199
Unidade III

Palmeiras, em São Paulo, remetem o partido de um cesto e, intercaladas e trançadas, mostram a intenção
plástica do conceito do projeto.

Aço corten

Esse aço tem como aparência superficial uma coloração naturalmente avermelhada e oxidada,
enferrujada, chamada de pátina. É também conhecido como aço patinável. Em sua composição de ligas,
os elementos como cobre e fósforo possuem proporções diferenciadas, por isso ele é considerado um
aço de baixa liga. Por ser um material mais leve, foi desenvolvido na década de 1930 nos Estados Unidos
para a indústria ferroviária na construção de vagões.

Pode ser especificado como estrutura da edificação e também utilizado como chapas metálicas de
revestimento de mobiliários, portas e portões, em chapas de paredes internas e fachadas, esculturas,
pergolados, entre outros usos.

É um material que pode ser especificado em locais de praia e com alto índice de poluição de dióxido
de enxofre, pois tem alta resistência a corrosão e a intempéries, baixa necessidade de manutenção e
maior durabilidade que o aço, além de dispensar a pintura e, como todo aço, ser 100% reciclável.

Figura 179 – Aço corten

Saiba mais
Para conhecer a história, ver imagens e obter mais informações sobre o
aço corten, pesquise as seguintes referências:
9 VANTAGENS e usos do aço corten em projetos. Hometeka, 29 jul. 2016.
Disponível em: <https://www.hometeka.com.br/inspire-se/9-vantagens-
e-usos-do-aco-corten-em-projetos-e-construcoes/>. Acesso em: 7 ago. 2018.
HELM, J. Museu Monteagudo/Amann-Cánovas-Maruri. ArchDaily, 8 mar.
2018. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/01-22392/museu-
monteagudo-amann-canovas-maruri>. Acesso em: 7 ago. 2018.
O QUE é aço corten? Portal Met@lica, [s.d.]. Disponível em: <http://
wwwo.metalica.com.br/o-que-e-aco-corten>. Acesso em: 7 ago. 2018.

200
MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO

No assentamento de materiais metálicos, dependendo do uso e do local de aplicação, o material pode


ser encaixado, soldado e/ou parafusado, e as chapas podem ser coladas através de adesivos dupla face,
por isso siga sempre as informações dos fabricantes quanto às instalações. No caso de revestimentos de
pisos e paredes, use argamassa epóxi para juntas.

Na manutenção e limpeza de metais, use detergente neutro, água morna e esponja macia para
que não risque. O uso de um saponáceo cremoso e de escova de dentes pode ser útil nos cantos. Secar
com pano ajuda a não manchar. Você poderá polir o metal depois da limpeza utilizando produto lustra
móveis com um pano seco, entre outros produtos para polimento do mercado. Outra opção é detergente
neutro e água, juntamente com os removedores à base de amônia (amoníacos diluídos em água morna
também podem ajudar a remover a sujeira, com esponja macia). Esponja de aço irá riscar a superfície.
Não use produtos abrasivos, como sapóleos, pasta rosa, removedores, ácido muriático, soda cáustica,
cloro, éter, acetona e esponjas ásperas.

5.4 Material polimérico

Polímeros são também conhecidos como materiais plásticos. São materiais fáceis de moldar e
podem substituir materiais nobres, como a madeira, o aço e o vidro. Possuem como propriedades:
elevada processabilidade, facilidade de serem moldados, resistência a rupturas e a desgastes,
resistência a agentes atmosféricos, peso reduzido, ótima isolação acústica e térmica e baixo custo
de produção.

Bauer (2000) relata que plásticos são materiais artificiais formados pela combinação do carbono
com oxigênio, hidrogênio, nitrogênio e outros elementos orgânicos ou inorgânicos que, embora sólidos
no seu estado final, em alguma fase de sua fabricação apresentam-se sob a condição de líquidos,
podendo, então, ser moldados nas mais diferentes formas. As matérias-primas, como petróleo, gás
natural, madeira, álcool e CO2, dão origem aos polímeros e são ricas em carbono, o átomo principal que
constitui os materiais poliméricos.

Para Brown e Farrelly (2014), os polímeros incluem materiais de ocorrência natural, como a
borracha, a goma-laca e a celulose, além de materiais sintéticos ou semissintéticos, como baquelite,
polipropileno, nylon e silicone. Os polímeros podem ser manipilulados por meio de processos termofixos,
ou termoplásticos, que os tornam maleáveis e/ou dúcteis.

A evolução dos polímeros pode ser explicada em três fases, de acordo com Barros (2011, p. 2).

1° fase: polímeros são compostos orgânicos e reações de difícil execução


em laboratório. Até o século XIX somente era possível utilizar polímeros
produzidos naturalmente, pois não havia tecnologia disponível para
promover reações entre os compostos de carbono.

2° fase: pesquisas sobre química orgânica se multiplicam. Em 1883


Goodyear descobre a vulcanização da borracha natural. Por volta de 1860
já havia a moldagem industrial de plásticos naturais reforçados com fibras,
201
Unidade III

como a goma-laca e a guta-percha. Em 1910 começa a funcionar a primeira


fábrica de rayon no EUA e em 1924 surgem as fibras de acetato de celulose.

3° fase: Regnault polimeriza o cloreto de vinila com o auxílio da luz do sol.


Einhorn e Bischoff descobrem o policabonato. Baekeland sintetiza resinas de
fenol-formaldeídeo. É o primeiro plástico totalmente sintético que surge em
escala comercial. O período entre 1920 e 1950 foi decisivo para o surgimento
dos polímeros modernos. Durante a década de 1960 surgem os plásticos
de engenharia. Na década de 1980 observa-se certo amadurecimento
da tecnologia dos polímeros. Finalmente na década de 1990 temos os
catalisadores de metaloceno, reciclagem em grande escala de garrafas de
PE e PET, biopolímeros, uso em larga escala dos elastômeros termoplásticos
e plásticos de engenharia. A preocupação com a reciclagem torna-se quase
uma obsessão, pois dela depende a viabilização comercial dos polímeros.

Saiba mais
A apostila a seguir oferece relatos sobre polímeros:
BARROS, C. Materiais de construção: apostila de polímeros. Pelotas:
Instituto Federal de Ciência e Tecnologia Sul-Rio-Grandense, 2011.

O polímero é o primeiro material sintético de engenharia. Ele apresenta processamento fácil e


econômico, redução de peso e melhora na apresentação, no desempenho, na durabilidade e na segurança.

Segundo Bauer (2000), são classificados em relação ao calor como termoplásticos, termofixos e elastômeros.
Os termoplásticos são aqueles materiais que amolecem quando aquecidos, sendo então moldados e
posteriormente resfriados. No entanto, não perdem suas propriedades nesse processo, podendo ser novamente
amolecidos e moldados sob a ação de calor, sendo o processo repetido, como ocorre com o PE, o PP e o
PVC. Já os termofixos são materiais que no processo de moldagem resultam da reação química irreversível
entre as moléculas do material, tornando-o duro e quebradiço e não sendo permitido que seja moldado
outra vez. São exemplos os silicones, o poliuretano e o epóxi. Os elastômeros ou borrachas são um grupo à
parte, pois exibem elasticidade em longas faixas de deformação na temperatura ambiente após o processo de
vulcanização, sendo denominados borracha sintética.

Eles estão presentes nas obras de construção em instalações hidráulicas prediais, tubulações em PVC
de águas pluviais, esgoto, água limpa etc., nas instalações elétricas, em dutos e subdutos elétricos, cabos,
fios, espelhos/interruptores de luz e tomadas, assim como nas esquadrias de PVC de portas e janelas, nas
telhas de PVC, PP e acrílico, em pisos vinílicos e de PVC e em tintas e vernizes.

Podemos utilizar os polímeros como materiais para piso, paredes, forros e telhas. No que se refere
a pisos, os polímeros podem ser os vinílicos, os que contêm pó de pedra e resinas, como Marmoglass,
Nanoglass, Silestone etc.
202
MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO

5.4.1 Piso vinílico

Os pisos vinílicos são produzidos a partir do PVC e apresentados no mercado através de placas,
pisos semiflexíveis ou mantas que são adaptadas para aplicação em qualquer ambiente interno
(BARROS, 2011). Para Borges (2004), pisos vinílicos são materiais compostos por policloreto de
vinila, aditivos plastificantes, cargas minerais, fibras, vernizes (fatores PU e PUR), pigmentos e
aditivos especiais.

São leves, flexíveis e semiflexíveis, possuem camada de proteção UV contra os raios solares e
são 100% recicláveis. Especificados em ambientes internos e não externos, são vendidos em placas
modulares, em réguas e também em mantas/rolos cobrados por metro quadrado (instalados em
grandes áreas). Esses pisos são muito especificados na área da Saúde, como clínicas, hospitais,
hotéis, lojas e até residências.

A sensação do produto ao toque é um diferencial, já que não esquenta tanto no calor, como os
carpetes, e no frio é mais aconchegante que os materiais cerâmicos. Pode ser utilizado em paredes e
pisos de obras novas ou reformas. Sua instalação é rápida, fácil e limpa, podendo ser colado ou colocado
por sistema de encaixe sobre alguns materiais.

O material pode ser lavado, só não pode ficar imerso em água. Existem linhas específicas para áreas
de cozinha e banheiro, consulte as linhas existentes.

Há duas normas da ABNT que regulamentamo piso vinílico: NBR 14917 e a NBR 7374.

Exemplo de aplicação

O segredo do bom designer é ficar antenado aos lançamentos dos materiais de revestimento.
Por isso, visite anualmente as feiras de materiais de construção. Consulte os catálogos dos fabricantes
para escolher os pisos vinílicos e encontre o modelo desejado para o perfil do seu cliente.

Nas figuras a seguir observamos os diferentes modelos de pisos vinílicos:

A B

Figura 180 – Placas vinílicas para piso

203
Unidade III

Saiba mais

A empresa Tarkett tem em seu catálogo linhas diferenciadas que valem


Baixe seus catálogos:

TARKETT. Linha Ambienta Estúdio. [s.d.]. Disponível em: <http://tarkett.


com.br/midias/downloads/15208841371.pdf>. Acesso em: 7 ago. 2018.

No assentamento do piso vinílico, opte por um profissional especializado para fazer a aplicação.
Deixe os pisos que serão aplicados num local plano por 24 horas, fora da embalagem, para que os
produtos se adaptem à temperatura ambiente. Já a superfície do contrapiso deve estar limpa, seca,
nivelada/regularizada, sem imperfeições e impermeabilizada. Sobre o contrapiso deverá ser instalada
uma manta.

Alguns fabricantes solicitam um teste de umidade para verificar o contrapiso: deixe uma peça de
50 x 50 cm por 48 horas colada com fita adesiva. Se o produto estiver com marcas de condensação ou
escurecimento do contrapiso, isso significa que existe umidade.

Podemos instalá-lo sobre material cerâmico, porcelanato ou cimento queimado, mas


verifique as informações do seu fabricante para descobrir se essa possibilidade existe mesmo.
Ele só não pode ser aplicado sobre tacos e assoalhos, laminados e carpetes caso exista a
necessidade de retirá-los. A superfície deve estar livre de umidade, seca, firme e nivelada,
como já comentamos.

Caso você já tenha um piso vinílico e deseje aplicar outro modelo novo, mas tenha que entregar
o imóvel com o piso vinílico antigo, lembre-se de que ao retirar o produto novo a cola irá danificar o
vinílico antigo.

Na manutenção e limpeza vinílicas, use pano torcido com água morna e detergente neutro, depois
use pano seco.

5.4.2 Corian, Silestone, Marmoglass, Nanoglass

Corian

É um material polimérico sólido, composto de resina e minerais naturais que compactado a uma alta
temperatura consegue ser moldado de formas diferentes. Trata-se de material não poroso, resistente
a riscos e impactos, fácil de limpar e que pode ser reparado. Esse produto é desenvolvido pela marca
Dupon. Veja as figuras:

204
MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO

A B C

Figura 181 – Corian: banheiras e lavatórios

Esses materiais são muito especificados na área de design de interiores para compor bancadas de
pias, lavatórios, obras residenciais e comerciais, bancadas de bares e até mobiliários, bancadas de jornais
na TV, clínicas e ambientes na área da Saúde.

Durante o seu processo de fabricação ainda é inserida à massa uma quantidade de antibactericidas
que evitam a proliferação de bactérias e fungos sob sua superfície. Por isso, especifique em lugares que
necessitam de 100% de higiene.

Trata-se de um material inerte que em caso de incêndio não produz fumaça tóxica.

Quando adicionado corante, a cartela de cores pode variar do mais claro tom até o mais escuro.
Veja as cores como pink, laranja etc., que não conseguimos produzir nas pedras. Suas emendas
são quase imperceptíveis, e conseguimos deixar cantos arredondados. Esse material tem capacidade
translúcida. Podemos até mesmo inserir lâmpadas em projeto de móveis e elementos decorativos.

O custo do Corian pode ser um empecilho se não analisado antes em projeto. Ele pode se deformar
em locais muito quentes, como fornos, e pode ser sensível a alguns produtos químicos, como acetona
e certos solventes.

Saiba mais

Consulte o site da Corian e baixe seu manual:

<http://www.corian.com.br/>.

Silestone

Outro material também polimérico é o Silestone. Trata-se de pedras industrializadas compostas de


94% de quartzo e resinas compactadas por vibrocompressão. O material possui dureza e resistência
a manchas. Apresenta uma cartela de cores que podem chegar a 90, com três tipos de texturas.

205
Unidade III

É muito especificado em bancadas de cozinhas e banheiros, banheiras, escadas, painéis, pisos e


revestimentos de paredes (junta de 1 a 2 mm).

Marmoglass

Material polimérico produzido com resina, sílica, pó de mármore e vidro sob condições de altas
temperaturas e que recebe polimento. É comercializado em chapas retangulares de 2,43 x 1,22 m e
possui três cores: Marmoglass white, Marmoglass bege e Marmoglass composite.

Com aquecimento, o Marmoglass obtém diferentes formatos, podendo ser utilizado em superfícies
arqueadas e curvas. Tem baixíssima absorção de água, boa resistência ao risco e elevado grau de dureza.
Podemos especificar em ambientes internos e externos, como pisos personalizados, cozinhas, banheiros,
paredes e tampos de mesa/mobiliário.

Como desvantagem, não pode receber calor direto, que pode ocasionar rachaduras/trincas; por
isso, evite o contato direto com panelas quentes. Infelizmente o produto não pode ser restaurado
parcialmente. Como com qualquer superficie brilhante, cuidado com a areia dos sapatos, que pode riscar.

Nanoglass

Essa pedra industrializada é um material polimérico de cor branca composto de resina e pó de vidro
através de fusão constante. Vale destacar que o branco é extremamente homogêneo, imita o vidro e é
um material importado. O Nanoglass tem uma tecnologia mais avançada e possui menos bolhas devido
à composição da massa.

É comercializado através de chapas de formatos regulares de 2,81 m x 1,41 m x 1,8 cm de espessura,


2,81 m x 1,49 m x 1,8 cm de espessura e 2,81 m x 1,35 m x 1,8 cm de espessura. Possui absorção de
0,022%, quase nula, não encardindo, e apresenta resistência ao risco 5 na escala Mohs, resistência a
ácidos < 0,11% e fácil manutenção.

Assim como o Marmoglass, apresenta como desvantagens o fato de não poder receber calor direto,
que pode ocasionar rachaduras/trincas; por isso, deve-se evitar o contato direto com panelas quentes.
Infelizmente o produto não pode ser restaurado parcialmente. Como com qualquer superfície brilhante,
é necessário tomar cuidado com a areia dos sapatos, que pode riscar.

É muito especificado em bancadas de pias e cozinhas, deixando um acabamento perfeito na execução


de bordas e molduras, além de revestimento de pisos internos e paredes internas e externas, fachadas,
bancadas laboratoriais, clínicas, escadas e peças de mobiliários, assim como em nichos de banheiro
dentro do box para deixar shampoo, condicionador etc.

O Corian, o Silestone, o Marmoglass e o Nanoglass podem substituir pedras como granito e mármore
em suas aplicações, com as seguintes vantagens: propriedade de dureza e resistência, variedade de
cores e texturas, facilidade de limpeza e substituição de partes eventualmente manchadas sem deixar
emendas visíveis.
206
MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO

As pedras naturais, como não são compactadas, podem apresentar pontos de ruptura em qualquer
lado da peça. Além dos desenhos dos veios, não existe uniformidade.

Quadro 14 – Diferenças entre as pedras industrializadas

Corian Silestone Marmoglass Nanoglass


Resina, pó de
Resina e pó de vidro. mármore, vidro.
Indicado para piso
Não deixa Bolhas de ar da
Resina mais quartzo e que não necessite de
Matéria-prima emendas. Massa composição são menores,
pigmento. acabamento refinado.
contínua. o que possibilita
Possui bolhas de ar na mais uniformidade e
composição acabamento mais fino
Chapas planas polidas
Formato Massa contínua Placas e bancadas Chapas e bancadas. 2,81 m x 1,41 m x 1,8 cm
de espessura.
Reação em contato Sol direto pode Sol direto pode Sol direto pode Sol direto pode
com o sol alterar a cor alterar a cor alterar a cor alterar a cor
Cor e textura Cores variadas Cores variadas Cores variadas. Só branca polida.
Não deixar panela Não deixar panela Não deixar panela Não deixar panela
Reação a altas quente sobre a quente sobre quente sobre quente sobre
temperaturas bancada a bancada. a bancada a bancada
Bancadas de Bancadas em geral.
Bancadas de Bancadas de escritórios,
escritórios, Não recomendado
Usos escritórios, lavabos, lavabos, cozinhas,
lavabos, cozinhas, para piso em área
cozinhas, mobiliários mobiliários
mobiliários. externa liso

Exemplo de aplicação

Faça uma simulação da área de uma bancada de um bar de 3 m de comprimento x 0,60 cm de


largura x 1,20 m de altura utilizando Corian. Quantos m2 você necessita comprar?

5.4.3 Tinta

Tinta é um material polimérico utilizado como proteção de superfícies. Petrucci (1998) comenta
que pelo nome genérico de tintas e vernizes compreende-se qualquer material de revestimento, de
consistência líquida ou pastosa, apto a cobrir, proteger e colorir a superfície de um objeto ou parede.

Azeredo (1988) relata que a pintura vai além do seu valor estético e tem a finalidade de combater
a deterioração dos materiais formando superficialmente uma película resistente à ação dos agentes
de destruição ou de corrosão. O autor ainda comenta que outra influência sensível é o da cor sobre
o ambiente e as pessoas que nele habitam. Dependendo da cor selecionada, pode-se interferir no
comportamento do usuário.

As tintas têm a função de proteger, decorar, embelezar, sinalizar e identificar, manter limpas as
superfícies contra a ação das intempéries, como sol, chuva, poluição, umidade, bolor e outros agentes,
além de contribuir na distribuição de luz de um ambiente. Elas alteram significativamente a aparência
final da superfície na qual foram aplicadas, fornecendo possibilidades através das cores em sua função

207
Unidade III

decorativa e estética. Podem ser brilhantes ou foscas, transparentes ou não, coloridas ou incolores, bem
como apresentar resistência a determinados tipos de agentes agressivos.

Podemos pintar superfícies como madeiras, alvenaria, concreto, materiais ferrosos e não ferrosos.
A aplicação de fundos ou primer, massas e condicionadores pode ou não acontecer. Mas vamos
comentar esse assunto adiante.

A tinta é composta por pigmentos orgânicos e inorgânicos, resina, solvente e aditivo, conforme a
figura a seguir:

• Pigmentos: são substâncias minerais ou orgânicas responsáveis pela cor, brilho e opacidade,
carcaterísticas de consistência, durabilidade e resistência à tinta.

• Resina: é o filme de tinta.

• Solvente: é um líquido volátil que serve para dissolver a resina.

• Aditivo: é uma substância que facilita a formulação da tinta desenvolvendo suas propriedades.
Em pequenas quantidades, confere estabilidade, forma de aplicação e tempo de secagem na
formulação da tinta.

Veremos a seguir algumas recomendações presentes na NBR 15079 (ABNT, 2011a):

Solvente
Resina Água
Solvente orgânico
Pigmento
Orgânico
Inorgânico Aditivo
Tintas

Figura 182 – Componentes da tinta

Como especificar a tinta certa?

Para especificar um material polimérico como a tinta, teremos que seguir alguns passos:

Primeiro, defina: o que você vai pintar? É um piso, uma parede, uma laje?

Exemplo: na porta de madeira externa não se deve aplicar um fundo?

E qual é o material? Metal, madeira, plástico, concreto, tijolo?

O segundo passo é: qual acabamento você quer? Fosco, brilho, semibrilho, acetinado?

Qual o nível de exposição da superfície que será pintada? É uma superfície interna ou externa?
Ela tem contato com água, sujeira ou sol?

208
MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO

Por último, defina a cor do ambiente em questão.

Como escolher a cor?

Para isso, utilize os catálogos das marcas como Coral, Suvinil, Sherwin-Williams, Ypiranga, Renner
e Eucatex, entre outras. O catálogo, material físico, parece um leque com todas as cores. Normalmente
são lançadas coleções com cores e tendências a cada ano.

Figura 183 – Catálogo de cores

Caso opte pelo catálogo on-line, siga as instruções do site do seu fabricante. Simule cores pelo
programa, mas antes de comprar efetivamente mande fazer uma lata pequena e teste a cor numa
parede com três demãos para verificar se é essa mesma que você escolheu. Em ambientes nos quais não
se tenha muita luminosidade as cores ficarão alteradas.

Tipos de tinta

Seria maravilhoso se houvesse uma tinta só para todas as superfícies, mas infelizmente isso não acontece.
A escolha da tinta certa será essencial para um excelente acabamento e durabilidade da sua aplicação.

Petrucci (1998) afirma que uma classificação simples de superfícies é a seguinte: madeira, alvenaria,
concreto, metais ferrosos e não ferrosos (alumínio, zinco, estanho e cobre).

O autor ainda relata que o processamento de uma pintura se realiza através das seguintes etapas:

• Preparação das superfícies.

• Aplicação eventual de fundos, massas e condicionador.

• Aplicação de tinta de acabamento.

A aplicação de fundo, primer e massas pode estar ausente em muitos casos. Sendo assim, verifique
junto ao fabricante a necessidade. Segue um exemplo:
209
Unidade III

Existem no mercado tintas como látex acrílicas, látex PVA, esmalte sintético, verniz, óleo, epóxi e
vinil-acrílicas. Como já comentamos, há acabamentos como brilhante, semibrilho, fosco e acetinado.

Em ambientes internos, podem ser aplicados os três tipos de tinta látex (econômica, standard e
premium), cabendo a cada consumidor, junto com o seu designer, escolher a cor e o tipo de acabamento.
Em ambientes externos (fachadas), em que existe a necessidade de maior resistência em função do
intemperismo, devem ser usadas as tintas classificadas como standard e premium.

Existem ainda tintas para aplicações específicas, como para utilização em banheiros ou em imóveis
no litoral, que têm características apropriadas para esses ambientes.

Existe uma ordem para pintar os ambientes. Inicie pelo forro e teto para depois seguir com as
paredes, portas, janelas e, por último, o rodapé. As esquadrias devem ser protegidas com fita crepe.

A B

Figura 184 – Aplicação de tinta: batentes, guarnições e portas recebendo pintura


látex cor branca (A) e paredes da sala de estar e jantar com uma demão de
selador pronto para receber a pintura em látex (B)

Esquema de pintura normalmente aplicado, segundo Borges (2004):

• acabamento:

— massa corrida/acrílica;
— látex PVA/acrílico.

• acabamento normal:

— fundo;
— látex PVA/acrílico.

210
MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO

• acabamento texturizado:

— fundo;
— látex PVA/acrílico aplicado com rolo alveolar.

5.4.4 Textura

Texturas também são materiais poliméricos que, de acordo com Borges (2004), são especificadas em
superfícies externas, mas na decoração de interiores essa regra nem sempre se aplica, pois especificamos
também em paredes internas. Infelizmente, muitos clientes acabam usando as texturas em paredes
que podem apresentar infiltrações e rachaduras como forma de esconder essas patologias. Por isso,
cuidado ao reformar e ao se deparar com texturas em paredes. Investigue se nessa reforma o cliente
quer retirar o material, podemos alterar/atrasar nosso cronograma de execução e entrega devido a
patologias encontradas. O autor ainda comenta que

[...] esse tipo de acabamento é obtido utilizando o rolo alveolar, que é um rolo
com furos em sua superfície que proporciona o acabamento texturizado. A textura
mais aberta ou fechada é consequência do número de vezes que se passa o rolo
sobre a superfície. Mais vezes, em textura mais fechada o número de passadas
do rolo não é o número de demãos. Uma demão, neste caso, pode ser aplicada
com mais de uma passada de rolo; é o movimento vai e vem do rolo, ao que nos
referimos (BORGES, 2004, p. 276).

O relevo que as texturas apresentam pode revelar um ambiente moderno e cheio de requinte.
Existem no mercado tintas que aparentam texturas de madeira, camurça, aço, entre outros materiais.
Atualmente, as texturas em tintas, dependendo da marca e modelo, são aplicadas em uma demão.

O mercado apresenta uma grande variedade de produtos. Mudando os pincéis/instrumentos de


acabamento, você terá texturas diferenciadas, como efeitos ondulados, grafiatos, rachuras, mesclas etc.
Na figura a seguir observamos uma textura grafiato:

Figura 185 – Textura grafiato

211
Unidade III

Antigamente, quando não existiam tantos materiais para texturas prontos no mercado, os acabamentos
eram realizados com argamassa. Podemos desenvolver texturas não só com tintas: placa de gesso, cerâmica,
concreto, papel de parede, couro, textura em madeira e chapa metálica também são opções.

Saiba mais

Verifique mais de 50 opções de textura no link a seguir:

PAREDES com texturas. Decorfacil, 30 jan. 2018. Disponível em: <https://


www.decorfacil.com/paredes-com-texturas/>. Acesso em: 2 ago. 2018.

5.4.5 Carpete

De acordo com Ching (2006), carpetes são na maioria das vezes fabricados com tecidos sintéticos em
rolos de larguras variadas e também vendidos por metro quadrado. São considerados produtos poliméricos.
Podem ser instalados no piso e nas paredes devido às suas propriedades acústicas e térmicas, segurança,
conforto e proteção antimicrobial, além de apresentarem uma versatilidade de texturas de fios e cores.

Os carpetes podem ser fabricados a partir de dois tipos de fibras: as naturais e as sintéticas.
As naturais são lã, algodão e juta; as sintéticas, rayon, acetato, poliéster, acrílico e polipropileno.

Ching (2006) relata que as fibras sintéticas, como o nylon, são as fibras de superfície atualmente
predominantes. Elas apresentam excelente força e durabilidade, são resistentes a desgaste e mofo e
secam rapidamente. Podem ter qualidades antiestáticas através do uso de filamentos condutivos. O nylon
também pode ser tingido com o uso de soluções resistentes ao descolorimento causado por raios solares ou
produtos químicos. O poliéster tem a textura e o toque da lã. Ele resiste ao desgaste por abrasão, manchas e
descolorimento, além de ter baixo custo e ser muito usado em carpetes residenciais. Os carpetes em placas
mais encontrados no mercado são o polipropileno e o nylon. Em ambientes corporativos, deve-se prestar
atenção quanto à classificação antichamas para fornecer maior segurança aos usuários.

Saiba mais

O capítulo 7 do livro a seguir apresenta os tipos de fabricação de tapetes:

CHING, F. D. K. Arquitetura de interiores ilustrada. Tradução Alexandre


Ferreira da Silva Salvaterra. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006.

Como material polimérico, o nylon é o mais utilizado devido à facilidade de limpeza, resistência ao
desgaste e baixa proliferação de microrganismos. Os carpetes passam a sensação de aconchego e são

212
MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO

especificados em áreas residenciais e comerciais, como cinemas, teatros, escritórios, hotéis, bancos etc.
Em locais mais frios são mais especificados.

A B C

Figura 186 – Carpetes

Em seu assentamento, são fixados com cola sobre um contrapiso cimentado liso, nivelado e limpo.
Pode oferecer problemas a pessoas alérgicas devido à sua manutenção e limpeza. Por isso, verifique os
dados do seu usuário.

A manutenção é feita passando aspirador de pó diariamente. Líquidos sobre os carpetes devem ser
limpos rapidamente.

5.4.6 Policarbonato

Feito à base de resina, o policarbonato é um material resistente, transparente e que pode substituir
o vidro no fechamento das estruturas. Resiste a impactos e permite que seja curvado, sendo muito
especificado em coberturas curvas de fachadas, passarelas, divisórias, entre outros usos.

Figura 187 – Policarbonato

5.4.7 Papel de parede

Também fazem parte da categoria de materiais poliméricos os papéis de parede, que podem ser
emborrachados, impermeáveis, ter texturas, entre outras características. Existe uma infinidade de
padrões, cores e modelos variados. São vendidos em rolos e aplicados nas paredes e tetos de ambientes
residenciais, comerciais etc. (AZEREDO, 1987).
213
Unidade III

O papel de parede surgiu na China através do papel arroz de cor branca fosca. Ele é muito utilizado
também nas divisórias das casas japonesas. Quando chegou na Europa, era usado para decorar paredes,
janelas e portas, substituindo as telas e as tapeçarias, que eram penduradas nas paredes. Os papéis
decoravam os palácios e, quando começaram a ser impressos, tornaram-se mais coloridos e mais baratos.

Conforme Azeredo (1987), para que as figuras e desenhos do papel não sofram desencontro, passa‑se
um rolo de borracha dura para tirar a espessura da superposição das duas faixas.

Saiba mais

Conheça a história do papel de parede:

A HISTÓRIA do papel de parede. Portodesign, 19 set. 2012. Disponível em:


<http://www.portodesign.com.br/blog/a-historia-do-papel-de-parede/>.
Acesso em: 7 ago. 2018.

Os profissionais de interiores o especificam muito para quartos de criança e para ambientes escolares
infantis, comerciais e corporativos. Hoje usamos até tecidos como papel de parede. Observe as figuras
a seguir, com modelos variados.

A B

Figura 188 – Papel de parede

Observação

Grifes da moda, como a Hermès, também fabricam papel de parede.


A seguir discorreremos sobre os materiais poliméricos que são utilizados em impermeabilizações.

6 MATERIAIS PARA IMPERMEABILIZAÇÃO

Para Ripper (1995), chuva e umidade do solo são os maiores inimigos das construções. Por isso,
necessitamos prever e cuidar da execução das obras e dar atenção ao que chamamos de impermeabilização.
Impermeabilizar significa selar, vedar ou corrigir materiais porosos e suas possíveis falhas, geradas por
defeitos técnicos ou por movimentação da estrutura.
214
MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO

Segundo a NBR 9575 (ABNT, 2010b), impermeabilização é um conjunto de operações e técnicas


construtivas/serviços, composto por uma ou mais camadas, que tem por finalidade proteger as
construções contra a ação deletéria de fluídos, de vapores e da umidade. A impermeabilização cria uma
barreira para que a água não penetre em uma estrutura, parede, piso etc.

A água é um dos principais agentes patógicos construtivos. Quando não se protege a estrutura e
outros elementos ou quando não se valoriza essa etapa da construção, podemos colocar a edificação
à mercê de patologias construtivas, como manchas de umidade, bolor, destacamento de argamassas e
camadas de tintas, oxidação e até insetos, como os cupins.

A função da impermeabilização será evitar a ação da chuva, vento e intempéries em geral por
meio de infiltrações em qualquer parte da construção: parede, laje, pisos, muros, coberturas e aberturas
(portas e janelas). A impermeabilização garante maior vida útil da construção, impede a corrosão das
armaduras do concreto e ferragens, evita ambientes insalubres devido a fungos, umidades, mofos e
bolores, preserva a edifcação das ações do tempo e diminui a necessidade de reformas e pinturas.

Imagine marquise (projeção da cobertura) de um comércio ou residência com problemas de


infiltração. Se essa marquise não foi impereabilizada, a água vai chegar até a ferragem e corroer tanto
o reboco quanto a ferragem, criando chance de desabamento.

A água de infiltrações pode chegar através da chuva nas paredes, coberturas e pisos. Também
pode aparecer por umidade de solo nas fundações e nos pisos sobre o solo, sob pressão nas piscinas e
reservatórios e sob condensação em superfícies expostas ao calor e ao frio nas edificações, de acordo
com a figura a seguir:
Chuva

Chuva Condensação

Vazamentos
Falta de ventilação
Condensação e insolação

Percolações
Infiltrações
Infiltrações Superficial

Capilaridade
Vazamentos
Lençol freático subterrâneos

Figura 189 – Aparecimentos da água na edificação

215
Unidade III

Vale a pena alertar que a impermeabilização é um assunto que merece respeito e especificação
correta. O mofo, aparentemente tão inofensivo numa parede, com seu possível mau cheiro e sua estética
muito feia, pode afetar a saúde das pessoas, causando infecções terríveis.

De acordo com a NBR 9575 (ABNT, 2010b), a seleção do tipo de impermeabilização deve ser feita
segundo a solicitação imposta pelo fluído nas partes construtivas que requeiram estanqueidade,
conforme vimos na figura anterior.

Observação

Em floreiras é muito comum a infiltração.

Em Campinas, uma floreira de um edifício residencial desabou na


calçada devido a infiltrações que corroeram a ferragem, atingido o solo a
uma altura de 33 m.

Os tipos de infiltração podem ser por capilaridade, percolação, evaporação/condensação e pressão hidrostática.

A capilaridade é uma propriedade física que faz com que os fluídos subam do piso pela parede;
parece um efeito esponja absorvendo um líquido. Como exemplo citamos a umidade da terra que
sobe pelas paredes. Ela tende a subir de 30 a 40 cm, podendo chegar a até 1,20 m. Como ela vem do
piso pela parede, devemos impermeabilizar as fundações para que a infiltração não suba.

A percolação é a passagem da água. Como exemplo citamos a água que cai na sacada, no parapeito
ou na marquise, podendo chegar até a estrutura. Se a água não tem uma barreira, pode passar e sair
pela luminária e até por uma trinca na laje.

Na figura a seguir observamos a água da chuva entrando pela parede:

Figura 190 – Água da chuva sobre parapeito da esquadria (percolação)

216
MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO

Condensação é o processo do vapor para o líquido. Ocorre nas superfícies expostas ao vapor e ao
frio. Nos banheiros, o vapor do chuveiro quente gera mofo e bolor que se instalam no teto, pois a janela
não é compatível para a passagem desse vapor. A água no teto passa por capilaridade e vai para a parte
superior da laje. Outro exemplo é o teto de reservatórios de água.

A pressão hidrostática é outro tipo de infiltração. Nesse caso, a água passa e faz força no sentido da
impermeabilização, como em uma piscina ou até mesmo no subsolo de um prédio ou num reservatório,
como na figura a seguir:

Figura 191 – Reservatório: água sobre pressão

Dependendo da superfície a ser protegida são usados diferentes sistemas de impermeabilização.


Temos que impermeabilizar as fundações, as estruturas, como pilares, vigas e lajes, as paredes ou sistemas
de vedação, a cobertura, com suas telhas, e até pensar nos pregos utilizados nas construções, que devem
ser resistentes à corrosão, como já dissemos.

A norma NBR 9574 (ABNT, 2008b) sistematiza os processos de execução e estabelece em seu escopo
as exigências e recomendações relativas à execução de impermeabilização para que sejam atendidas as
condições mínimas de proteção da construção contra a passagem de fluídos, bem como a salubridade,
segurança e conforto do usuário, tanto para construções novas como para reformas e reparos de um
modo geral.

Já a norma NBR 9575 (ABNT, 2010b) define os termos técnicos, as especificações e as exigências de
projetos, aborda a questão da salubridade, segurança e conforto do usuário e estabelece as exigências
e recomendações relativas à selação e ao projeto de impermeabilização para que sejam atendidas as
condições mínimas de proteção da construção contra a passagem de fuídos, bem como a salubridade,
a segurança e o conforto do usuário.

Por sua vez, a NBR 15575 (ABNT, 2015c) aborda a impermeabilização e sua execução, discorrendo
sobre as áreas molhadas identificadas com a necessidade de garantir a estanqueidade. Os lugares com
áreas molhadas são os pisos da cozinha, a área de serviço, os banheiros e as piscinas numa residência.

Todos os sistemas merecem impermeabilização, porém em coberturas, terraços, lajes planas e


rampas é necessário planejar a execução com um cuidado especial, considerando que um possível
217
Unidade III

estrago será seguido de muitos aborrecimentos e poderá até mesmo retirar o morador de dentro da
construção. Não só planejar como também checar a vida útil do material impermeabilizante utilizado
será necessário durante essa operação. Utilize sempre empresas especializadas no assunto para
resolver o seu problema (RIPPER, 1995).

O projeto de impermeabilização deve contemplar a escolha do sistema mais adequado a ser


utilizado juntamente com a selação dos materiais, identificando e solucionando as possíveis
interferências de outros sistemas. Consulte sempre mais que uma empresa especializada para
comparar os preços, os prazos de execução, a garantia e o serviço. Além disso, se possivel, visite as
obras já realizadas por essa empresa.

O aparecimento de manchas de bolor oriundo da umidade nas paredes pode trazer problemas de
saúde aos moradores das edificações, como já relatamos. Sendo assim, são considerados patologias,
ou doenças da construção, o desprendimento de argamassas, as manchas de umidade nas paredes e
o bolor preto.

A B

C D

Figura 192 – Patologias construtivas: desprendimento da argamassa (A),


manchas de umidade na parede (B) e manchas e bolores nas paredes (C e D)

Os problemas também podem aparecer nas obras novas e em reformas, mesmo antes de serem
entregues, e estarão presentes nas paredes, pisos e vazamentos no telhado.

218
MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO

Antes de escolher qual produto é melhor para impermeabilizar, será necessário fazer um
planejamento, identificando onde é necessário impermeabilizar. Esses ambientes são lugares como
alicerces da fundação, paredes, pisos de banheiros, cozinhas, áreas de serviço, lajes, coberturas,
reservatórios, piscinas, jardineiras de sacadas, terraços etc. Defina o tipo de estrutura a ser
impermeabilizada (bloco, concreto armado, se a estrutura está elevada ou enterrada) e contrate mão
de obra especializada para realizar a aplicação. A regularização das superfícies deve ser checada antes
de aplicarmos os produtos impermeabilizantes.

Figura 193

Existem dois sistemas de impermeabilização: o sistema rígido e o flexível. O sistema rígido tem
baixa capacidade de absorver deformações da base, como as fissuras e trincas. São utilizados em
locais que não sofram vibrações e movimentações. Consideramos o material argamassa polimérica
como exemplo e citamos algumas marcas, como Viaplus 1000, Denvertec 100, SikaTop 100 e Vedatop.
Essa argamassa pode ser passada nas paredes e pisos, realizando a impermeabilização. Consulte na
sua região outros fabricantes.

O sistema flexível suporta deformações da base, como fissuras e trincas. Materiais desse tipo são
aplicados em lajes de cobertura, calhas de concreto, áreas externas e áreas frias, como banheiros,
cozinhas, áreas de serviço, reservatórios e piscinas. O sistema flexível pode ser a quente ou a frio,
sem reforços ou reforçados e moldados no local ou pré-moldados (chegam prontos na obra).

Podemos utilizar materiais como as resinas termoplásticas das marcas Viaplus 5000, Denvertec 540,
SikaTop Flex e Vedatop Flex e a resina com fibras (marcas Viaplus 7000, Denvertec Elastic, SikaTop Flex
Fibras e Vedatop Flex Fibras). Esses materiais são dois ou mais componentes misturados e também
aplicados nas paredes e pisos.

Ainda no sistema flexível, podemos utilizar o produto manta asfáltica. Existem vários tipos de manta,
com 3 a 5 mm, e são necessárias emendas, pois elas são vendidas em rolos. Sua aplicação é mais rápida
e pode ser realizada em banheiros e áreas de serviço (áreas pequenas sem movimentação estrutural e
sem variação de temperatura). Já as coberturas, os terraços e as sacadas vão necessitar de outro tipo
de manta, pois são maiores, podem sofrer movimentação e variação de temperatura e são expostas ao
sol. Em áreas como estacionamentos de prédios, rampas e reservatórios, que estão sujeitas a grande
variação na estrutura, teremos que especificar uma manta com espessura maior.

219
Unidade III

Figura 194 – Manta asfáltica

Outros materiais são apresentados para corrigir as patologias: argamassa polimérica, espuma flexível,
Neoprene, emulsao asfáltica, tinta impermeabilizante, chapas de EPS (isopor), lona preta/polietileno,
entre outros.

Vamos discorrer sobre alguns deles.

Argamassa polimérica

Argamassa nada mais é do que a mistura de cimento, areia e água. Esta em especial contém em sua
fórmula aditivos e polímeros que formam um revestimento contra a água. Pode ser utilizada em áreas
frias e molhadas, poços de elevadores, estruturas como vigas baldrame, piscinas, banheiras, pisos etc.

Essas argamassas poliméricas protegem por hidrofugação do sistema capilar e permitem a


respiração dos materiais, mantendo o ambiente saudável, salubre e longe de fungos e bolores que
podem afetar a saúde das pessoas. Existem no mercado marcas como Vedacit, Sika, Denver, Biomassa
e Viapol, entre outras. Procure na sua região e consulte sempre o site do fabricante na sua região para
obter informações precisas.

Espuma flexível (calafetador)

Esse produto é um calafetador utilizado para vedar buracos e fendas. Essa espuma flexível pode
ser aplicada entre os possíveis vão das esquadrias de portas e janelas ao serem instaladas quando
em contato com as paredes ou painéis. O material se acomoda, evitando que a água, o ar e sujeiras
entrem por aquele espaço, e realiza a impermeabilização.

Exemplo de aplicação

Procure figuras de calafetadores na internet.

220
MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO

Neoprene

Material usado para preencher as juntas de dilatação, pois confere maior flexibilidade,
aumentando a vida útil da edificação. Esse tipo de material demanda pouca manutenção e
consegue impermeabilizar as superfícies que estão em contato com óleo e outros materiais.
Ele é composto por uma borracha sintética flexível com possibilidade de cores que deve ser
inserida nas juntas dos pisos e paredes. Seu acabamento pode ser metálico. Observe, por
exemplo, as juntas de movimentação dos shoppings centers .

A NBR 13753 (ABNT, 1996a) relata que em ambientes interiores, sempre que a área do piso for igual
ou maior que 32 m² ou sempre que uma das dimensões do revestimento for maior que 8 m, devem ser
executadas juntas de movimentação. Já em ambientes exteriores expostos diretamente à insolação e/ou
umidade, as juntas de movimentação devem ser executadas sempre que a área for igual ou maior que
20 m2 ou sempre que uma das dimensões do revestimento for maior que 4 m. Para esses casos, use nas
juntas o Neoprene.

Saiba mais

Conheça o material Neoprene nos links a seguir:

ACABAMENTO para juntas de dilatação. Prenova, [s.d.]. Disponível


em: <http://www.prenovasc.com.br/produto/acabamento-para-juntas-
de-dilatacao/>. Acesso em: 20 abr. 2018.

JUNTAS de dilatação. Data Piso, [s.d.]. Disponível em: <http://www.


datapiso.com.br/produtos/juntas_dilatacao.html>. Acesso em: 20 abr. 2018.

JUNTA de dilatação de Neoprene. Acrévea, [s.d.]. Disponível em:


<https://www.acrevea.com.br/junta-de-dilatacao-de-neoprene/>.
Acesso em: 20 abr. 2018.

JUNTA de dilatação Neoprene. Uniontech, [s.d.]. Disponível em:


<http://www.juntasdedilatacao.com.br/junta-dilatacao-neoprene>.
Acesso em: 20 abr. 2018.

JUNTAS de Neoprene: definições, tratamento, movimentações,


aplicações e escolha da junta adequada. Casa d’Água, [s.d.]. Disponível
em: <http://www.casadagua.com/dicas/juntas-de-neoprene-definicoes-
tratamento-movimentacoes-aplicacoes-e-escolha-da-junta-
adequada/>. Acesso em: 20 abr. 2018.

221
Unidade III

Emulsão asfáltica

De acordo com a NBR 9685 (ABNT, 2005a), a emulsão asfáltica para impermeabilização é um produto
resultante da dispersão de asfalto em água, através de agentes emulsificantes. Podem ser aplicados a
frio, como uma tinta, com uma espátula ou trincha, não devendo ser inflamável.

É especificada para impermeabilizar as fundações, vigas baldrames, muros de arrimo, alicerces e


estruturas em contato com o solo. Deve ser armazenada em local coberto, seco, com ventilação e fora
do alcance de fontes de calor. É comercializada em galão de 3,6 kg, balde de 18 kg ou tambor de 200 kg.

Saiba mais

Conheça o material emulsão asfáltica:

BRASQUÍMICA. Produtos. [s.d.]. Disponível em: <http://www.brasquimica


.com.br/produtos/>. Acesso em: 15 maio 2018.

PEREIRA, C. Emulsão asfáltica: passo a passo da aplicação. Escola


Engenharia, 2018. Disponível em: <https://www.escolaengenharia.com.br/
emulsao-asfaltica/>. Acesso em: 15 maio 2018.

Tinta impermeabilizante

Produto à base de polímeros que possui um alto poder de bloqueio de umidade e apresenta
características bactericidas e antifúngicas. O produto sela e impermeabiliza, fornecendo acabamento e
cobrindo microfissuras. É utilizada em paredes externas, telhados, lajes etc.

Figura 195 – Tinta impermeabilizante

Os problemas mais comuns encontrados nas obras de reformas são as paredes com umidade e
as piscinas e coberturas com vazamentos. Mas o que fazer para resolver o problema de umidade
em parede?
222
MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO

Apresentaremos agora o procedimento de um dos fabricantes para resolver esse problema. Para a
aplicação do produto num ambiente em que as pessoas estejam morando, cubra os móveis e outros
objetos antes de iniciar a operação.

Para o caso de uma parede com umidade, o fabricante da marca Vedacit recomenda a utilização de
produtos como Bianco, Fecha Trinca, Vedacit e Vedapren Parede.

Para a preparação do chapisco, teremos uma lata de cimento, três latas de areia, 4,5 litros de
Bianco e 9 litros de água. Com essa receita você irá cobrir 11 m2 de parede. A aplicação será feita
com rolo. Você deverá chapiscar com essa receita para depois aplicar uma argamassa impermeável,
de acordo com o seguinte procedimento: uma lata de cimento, três latas de areia, 1 litro de Vedacit e
16 litros de água. Isso irá render 3,6 m2 de área.

Essa massa deve ser homogênea, portanto, misture os componentes. O fabricante recomenda
ainda verificar as condições do reboco: ele deve estar aderido e íntegro e não estar soltando
pó. Lixe as paredes e remova toda a pintura existente; se essa parede apresentar mofo e bolor,
enxague com água sanitária e espere secar. Se nessa parede houver tricas, preencha com o
Fecha Trinca utilizando uma espátula e aplique Vedapren Parede com o rolo de pintura em
três demãos. Dilua a primeira demão em 10% de água. Mas se o reboco estiver soltando ou
caindo, será necessário removê-lo. Em seguida, refaça o chapisco Bianco com o rolo de textura
e aplique a argamassa com Vedacit utilizando a colher de pedreiro. Por fim, dê o acabamento
aplicando o Vedapren Parede. Ao terminar o serviço, limpe o local, retirando a poeira, e lave e
enxague os materiais utilizados no processo, como espátulas e colheres de pedreiro, antes de
guardar para que não enferrujem.

Outro caso importante é a impermeabilização de piscinas e espelhos d’água, pois os vazamentos


podem comprometer a estrutura do concreto, fazendo com que o consumo de água aumente, além de
prejudicar a estrutura da casa que está ao lado. Avalie a questão do tipo de solo e sua inclinação nessa
área, assim como outros itens, consultando empresas especializadas.

A marca Viapol recomenda para piscinas de concreto elevadas ou estruturas mistas de concreto e
alvenaria estrutural a aplicação de dupla manta asfáltica estruturada em poliéster (essa linha é chamada
Torodin). Existe até uma massa epóxi dupla dinâmica que pode ser aplicada embaixo d’água, a qual se
carateriza pela secagem rápida e pelo fácil manuseio. Consulte o site do fabricante e leia atentamente
seu catálogo técnico.

Para que não ocorra vazamento em lajes de cobertura (lajes planas ou lajes inclinadas), é necessário
verificar se a laje está curada há 28 dias antes de iniciar o serviço de impermeabilização. Normalmente é
aplicada uma emulsão asfáltica com rolo de cor preta seguida da aplicação da manta. A manta é vendida
em rolo e aplicada com ação de um maçarico para que faça a aderência na superfície. Cuidados são
necessários nas emendas da manta, nas junções entre pisos e paredes, nos ralos e nos sistemas de hidráulica
e elétrica. Verifique se o assentador está usando os equipamentos de segurança individual (EPI), como
capacete, uniforme, óculos de proteção, máscara, luvas e sapatos especiais.

223
Unidade III

Saiba mais

Conheça mais sobre os produtos impermeabilizantes no link a seguir:

<http://www.viapol.com.br/>.

Como consequências decorrentes da falta de projeto de impermeabilização, podemos apresentar


a improvisação na obra, soluções não satisfatórias, custos elevados e dificuldade na definição das
responsabilidades dos técnicos envolvidos. Tenha em mente que o projeto de impermeabilização pode
custar de 2 a 3% do custo total da obra. Lembre-se que a ação da água da chuva é responsável por 50%
dos problemas em edificações, e os custos com manutenção e reparo podem chegar a até 20% do custo
total de um empreendimento. A desinformação do designer, do engenheiro e do arquiteto da obra sobre
impermeabilização pode gerar muitas patologias construtivas.

Exemplo de aplicação

Selecione um ambiente de um dormitório de uma revista. Em posse da imagem do dormitório, use


um papel manteiga/fosco ou mesmo um vegetal por cima para transcrever a imagem para o papel
(copiar as linhas dessa foto). Vamos treinar o traço: sua mão deve ser firme, não sendo necessário usar
régua. Copie esse dormitório três vezes. Após concluídas as três reproduções, os alunos irão desenvolver
em cada uma delas uma nova decoração, especificando cores, estampas, linhas etc. Selecione através
do catálogo de tintas as cores que serão utilizadas e forneça toda a especificação das tintas e suas
texturas utilizadas. Especifique duas cores diferentes. No outro desenho, use somente o grafite para
fazer linhas, quadriculados, estampas etc. (não use cor nesse desenho). Poste as quatro imagens finais
(o dormitório da foto e os desenhos) no fórum de atividades e discuta com seus colegas o resultado.

Resumo

Nesta unidade comentamos os tipos de materiais de revestimento


especificados em pisos, paredes e forros de obras residenciais, comerciais etc.

Demostramos que para especificar materiais dependemos de vários


critérios, como: local onde será inserido (piso, parede ou teto), disponibilidade
na região, durabilidade do material, segurança, conforto, estética, higiene
e, claro, relação custo-benefício.

Os materiais podem ser divididos entre naturais, cerâmicos, metálicos


e poliméricos. Os materiais como a pedra, a madeira, o bambu, o gesso e
o couro são materiais naturais que possuem variações dimensionais e de
texturas entre suas peças.

224
MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO

Na sequência, expusemos os materiais cerâmicos, como as placas


cerâmicas, o porcelanato e as pastilhas; mostrando quais são os materiais
imprescindíveis para o seu assentamento. Relatamos a função das juntas,
tão necessárias para que o revestimento se acomode no piso e na parede,
evitando fissuras e rachaduras, problemas patológicos que enfrentamos
nas reformas.

O vidro é outro dos materiais cerâmicos estudados à parte que, por


sua variedade de tipologia, apresentam inúmeros produtos. Questões de
segurança, conforto ambiental, resistência mecânica e estética devem ser
analisados durante o processo de especificação.

Também foram apresentados os materiais metálicos, como o ferro,


o alumínio, o aço, o aço inox e o aço corten, com suas propriedades de
condutibilidade de eletricidade e calor. Vários são os usos dos materiais
metálicos na construção, como as esquadrias e os metais para lavatórios,
mas nas fachadas em que são especificados em chapas, geram edificações
com volumetrias impactantes e design tecnológico.

Os materiais poliméricos são produtos moldáveis e não inflamáveis que


são usados na indústria de móveis e na construção civil. São tão presentes
nas obras que vão da tubulação, esquadrias e tintas até o carpete e objetos
de decoração. Como principais características, apresentamos a resistência
e a leveza, o que facilita o transporte e o manuseio das peças, sua ótima
isolação acústica e térmica e também o baixo custo de produção.

A durabilidade das edificações, bem como a redução de custos de


manutenção e recuperação, depende da adequada utilização de sistemas
impermeabilizantes. As edificações devem estar protegidas da água, de
outros fluídos e da umidade para que não ocorra infiltrações.

Os materiais impermeabilizantes podem ser divididos em dois grupos: rígidos


(compostos de bases cimentícias) e flexíveis (à base de polímeros/borrachas).
As coberturas merecem um destaque, visto que podem ocasionar problemas
maiores para os usuários quando não se realiza a impermeabilização. A umidade
e as infiltrações podem ocasionar bolores e fungos, considerados patologias da
construção, antes mesmo de você entregar a obra. Por isso, atenção na execução
da impermeabilização.

Por fim, vimos que existe uma infinidade de normas sobre os materiais e
que deve-se levar em consideração o uso, o local, o usuário e até as condições
climáticas da região para que a especificação seja correta. Quanto mais produtos o
designer conhecer, novas possibilidades de combinações de materiais serão usadas
para deixar as edificações esteticamente agradáveis e economicamente viáveis.
225
Unidade III

Exercícios

Questão 1. Entre os materiais para pisos, podem ser destacados os materiais naturais, os cerâmicos,
os poliméricos e os metálicos. Analise a lista a seguir e estabeleça a relação entre o material e o tipo
de material:

Quadro 15

Tipo de material Material


1. Natural a. Lajota
2. Cerâmico b. Latão
3. Polimérico c. Taco
4. Metálico d. Epóxi

Agora, assinale a alternativa que apresenta corretamente essa relação:

A) 1-a, 2-c, 3-d e 4-b.

B) 1-c, 2-a, 3-d e 4-b.

C) 1-b, 2-a, 3-c e 4-d.

D) 1-d, 2-b, 3-c e 4-a.

E) 1-c, 2-b, 3-a e 4-d.

Resposta correta: alternativa B.

Análise da questão

1-c: o taco é feito de madeira, que é um material natural.

2-a: a lajota é processada em uma fábrica a partir de composição de materiais que a transformam
em uma cerâmica.

3-d: uma resina epóxi ou poliepóxido é um plástico termofixo que endurece quando se mistura com
um agente catalisador ou endurecedor.

4-b: o latão é uma liga metálica de cobre e zinco.

226
MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO

Questão 2. De acordo com a resistência ao manchamento, os materiais são classificados em cinco


classes. A classe de material de maior resistência é a classe 5, em que:

A) A mancha sai por imersão em ácidos ou solventes, por 24 horas, ácido clorídrico, hidróxido de
potássio e tricloroetileno.

B) A mancha não sai, é impossível remover.

C) A mancha sai com água e produtos de limpeza, como saponáceo líquido e pasta cristal.

D) A mancha sai com água, pano e detergente neutro.

E) A mancha sai com água quente em 5 minutos, possui extrema facilidade de remoção.

Resolução desta questão na plataforma.

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