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“Escola Estadual Profa.

Júlia Kubitschek”
Discurso - Poema: E NÃO SOBROU NINGUÉM
Martin Niemöller/Bertolt Brecht (tema transversal)
Sociologia - 4º Bimestre (3º EMTI) Prof. Silvio Lobato

Biografia: Emil Gustav Friedrich Martin Niemöller (1892-1984) foi um pastor luterano alemão (Em 1931),
considerado em sua época como um símbolo da resistência aos nazistas. Ingressou na Marinha. Na Primeira Guerra
Mundial, serviu como comandante de submarino. Apoiou a ascensão de Hitler, em 1933, acreditando que isso
significaria um novo despertar nacional. Mas ficou alarmado com a tentativa de Hitler em dominar a Igreja Luterana.
Recusou obediência à direção oficial, tornando-se um importante centro da resistência alemã protestante ao regime
Nazista. A partir disso, Niemöller fica cada vez mais na mira do regime. É observado pela Gestapo e proibido de fazer
pregações, o que ele não aceita. Em 1935, é preso pela primeira vez e logo libertado. Martin Niemöller já era tido
nessa época como o mais importante porta-voz da resistência protestante.

Tornou-se mundialmente conhecido em razão do seu discurso-poema conhecido como ‘E não sobrou
ninguém’.
No verão de 1937, ele pregava:

"E quem como eu, que não viu nada a seu lado no ofício religioso vespertino de anteontem, a não ser três
jovens policiais da Gestapo — três jovens que certamente foram batizados um dia em nome de Nosso Senhor Jesus
Cristo e que certamente juraram fidelidade ao seu Salvador na cerimônia de crisma, e agora são enviados para
armar ciladas à comunidade de Jesus Cristo –, não esquece facilmente o ultraje à Igreja e deseja clamar 'Senhor,
tende piedade' de forma bem profunda."
Em julho de 1937, Niemöller foi preso novamente. Após 07 meses, começou o seu processo, segundo a
acusação, Martin Niemöller teria criticado as medidas do governo nas suas pregações "de maneira ameaçadora para
a paz pública", teria feito "declarações hostis e provocadores" sobre alguns ministros do Reich e, com isto,
transgredido o "parágrafo do Chanceler" e a "lei da perfídia".
A sentença: 07 meses de prisão mais multa. Os juízes consideraram a pena como cumprida, em função do
longo tempo de prisão preventiva. Niemöller deveria assim ter deixado a sala do tribunal como homem livre. Para
Hitler, no entanto, a sentença pareceu muito suave. Ele enviou o pastor como seu "prisioneiro pessoal" para um
campo de concentração. Até o fim da guerra, durante mais de sete anos, Martin Niemöller permaneceu preso —
inicialmente, no campo de concentração de Sachsenhausen, depois no de Dachau. Foi libertado pelos aliados.

"Eu me calei"

Quando os nazistas levaram os comunistas, eu me calei; afinal de contas, eu não era comunista.
Quando eles prenderam os socialdemocratas, eu fiquei calado; eu não era socialdemocrata.
Quando eles levaram os sindicalistas, eu fiquei em silêncio; eu não era sindicalista.
Quando eles vieram por mim, não havia mais ninguém para protestar.

Originalmente, o texto foi extraído de um sermão ministrado por Niemöller, em 6 de janeiro de 1946, e cuja
tradução parcial é a seguinte:

... então, as pessoas que foram colocadas nos campos eram comunistas. Quem se importava com elas? Nós
sabíamos, estava estampado nos jornais. Quem levantou sua voz? A Igreja Confessional, talvez? Nós pensamos:
comunistas, aqueles opositores da religião, aqueles inimigos dos cristãos - "eu deveria ser o guardião do meu
irmão?".
Então eles se livraram dos doentes, os chamados incuráveis. Lembro-me de uma conversa que tive com
uma pessoa que dizia ser cristã. Ela disse: 'Talvez sejam certos, essas pessoas incuravelmente doentes apenas
custam dinheiro para o Estado, são apenas um fardo para si mesmas e para as outras. Não é melhor para todos se
elas forem tiradas do meio [da sociedade]? Só então a igreja como tal tomou conhecimento.
Então começamos a conversar, até que nossas vozes foram novamente silenciadas em público. Podemos
dizer que não somos culpados/responsáveis?
A perseguição aos judeus, a forma como tratávamos os países ocupados, ou as coisas na Grécia, na
Polônia, na Tchecoslováquia ou na Holanda, que foram escritas nos jornais. [...] Acredito que nós, os cristãos da
Igreja Confessional, temos todos os motivos para dizer: mea culpa, mea culpa! Podemos nos eximir com a
desculpa de que teria me custado a cabeça se eu tivesse falado.
Preferimos ficar em silêncio. Certamente não estamos sem culpa/falha, e eu me pergunto repetidamente: o
que teria acontecido, se, no ano de 1933 ou 1934 - podia ter havido alguma possibilidade -, 14.000 pastores
protestantes e todas as comunidades protestantes na Alemanha tivessem defendido a verdade até a morte? Se
tivéssemos dito, na época, que não é correto Hermann Göring simplesmente colocar 100.000 comunistas nos
campos de concentração, a fim de deixá-los morrer. Posso imaginar que talvez 30.000 a 40.000 cristãos
protestantes teriam tido suas cabeças cortadas, mas também posso imaginar que teríamos resgatado 30-40.000
milhões de pessoas, porque isso é o que nos está custando agora.

Bertolt Brecht (1898-1956) foi um dramaturgo, romancista e poeta alemão, teatrólogo. Sua obra fugia dos
interesses da elite dominante, e visava esclarecer as questões sociais da época.
Seus trabalhos artísticos e teóricos influenciaram profundamente o teatro contemporâneo, tornando-o
mundialmente conhecido a partir das apresentações realizadas em Paris durante os anos 1954 e 1955.
Desde a década de 1980 tornou-se conhecido pelo seu discurso/poema antinazista, largamente adaptado e
parafraseado, conhecido no Brasil como "E não sobrou ninguém...".

Primeiro levaram os negros


Bertolt Brecht (1898-1956)

Primeiro levaram os negros


Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém.

"Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência
nacional. Pena: reclusão de um a três anos e multa. ” (Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989).

“Art. 139. Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: Pena - detenção, de três meses a um
ano, e multa. ” (Código Penal).

O que diferencia os crimes é o direcionamento da conduta, enquanto que na injúria racial (art. 139, CP) a
ofensa é direcionada a um indivíduo especifico, no crime de racismo, a ofensa é contra uma coletividade, por
exemplo, toda uma raça, não há especificação do ofendido (Art. 20, Lei nº 7.716)

ATIVIDADES: Roda de bate papo:


Estamos vivenciando atualmente cada vez mais episódios de racismo, injúria racial, preconceito. Por isso, a
proposta da aula não visa exaurir o assunto, mas instigar o repensar, o refletir sobre o tema e, ao mesmo tempo,
ampliar a conscientização e o papel de agente de cada aluno para findar ou amenizar atitudes que ferem o próximo.

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