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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO
Órgão: Departamento Penitenciário Nacional - DEPEN
Unidade Examinada: Departamento Penitenciário Nacional - DEPEN
Município/UF: Brasília/DF
Relatório de Avaliação: e-Aud #986037
Missão
Elevar a credibilidade do Estado por meio da participação social, do controle
interno governamental e do combate à corrupção em defesa da sociedade.
Avaliação
O trabalho de avaliação, como parte da atividade de auditoria interna, consiste
na obtenção e na análise de evidências com o objetivo de fornecer opiniões ou
conclusões independentes sobre um objeto de auditoria. Objetiva também
avaliar a eficácia dos processos de governança, de gerenciamento de riscos e de
controles internos relativos ao objeto e à Unidade Auditada, e contribuir para o
seu aprimoramento.
QUAL FOI O TRABALHO
REALIZADO PELA CGU?
POR QUE A CGU REALIZOU ESSE
O trabalho consistiu na TRABALHO?
Auditoria Baseada em Riscos No modelo de negócio do Departamento
no Departamento
Penitenciário Nacional (DEPEN), o
Penitenciário Nacional, mais
macroprocesso de garantir o adequado
especificamente sobre
funcionamento do Sistema Penitenciário
processos pertencentes ao
Federal (SPF) possui riscos relevantes
macroprocesso de trabalho
“Garantir o adequado associados e que podem impactar o
funcionamento do Sistema atingimento dos objetivos da instituição.
Penitenciário Federal”, cujo Assim, procedeu-se a avaliação do objeto
objetivo de negócio consiste considerando os riscos identificados e as
em: Executar todas as ações etapas do trabalho pretenderam
necessárias para a adequada primariamente: Avaliar os processos
administração dos associados aos objetivos do macroprocesso
estabelecimentos penais em análise, considerando os riscos e controles
federais que compõem o das atividades do negócio; e apresentar ao
Sistema Penitenciário Federal gestor uma avaliação que permita o
(SPF), que se presta ao aperfeiçoamento da gestão.
isolamento das lideranças do
crime organizado e custódia de
presos condenados e
QUAIS AS CONCLUSÕES
provisórios sujeitos ao regime ALCANÇADAS PELA CGU? QUAIS
disciplinar diferenciado, líderes AS RECOMENDAÇÕES QUE
de organizações criminosas,
presos responsáveis pela DEVERÃO SER ADOTADAS?
prática reiterada de crimes Verificou-se que o processo de trabalho de
violentos, presos responsáveis “Garantir o adequado funcionamento do
por ato de fuga ou grave Sistema Penitenciário Federal” está
indisciplina no sistema estruturado e, de forma geral, os controles
prisional de origem, presos de
implementados mitigam razoavelmente os
alta periculosidade e que
eventos de risco relacionados. Não obstante a
possam comprometer a ordem
avaliação positiva, considerando os aspectos
e segurança pública, e réus
avaliados pode-se concluir que o
colaboradores presos ou
delatores premiados. Incluindo macroprocesso avaliado possui oportunidades
as ações necessárias a de melhorias, as quais foram ressalvadas e
implementação das deverão ser tratadas, permitindo maior
assistências material, jurídica, eficiência no alcance dos objetivos de negócio
saúde, educacional, social e no contexto das atividades do DEPEN.
cultural.
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
CGCMP - Coordenação-Geral de Classificação e Movimentação de Presos
CGIN - Coordenação-Geral de Inteligência Penitenciária
CGSEG - Coordenação-Geral de Segurança e Operações Penitenciárias
CGU - Controladoria-Geral da União
CNJ – Conselho Nacional de Justiça
COSO - Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission
DEPEN – Departamento Penitenciário Nacional
DIPEN – Diretoria de Inteligência Penitenciária
DISPF – Diretoria do Sistema Penitenciário Federal
ESPEN - Escola Nacional de Serviços Penais
FTIP – Força de Cooperação Penitenciária do DEPEN
MJSP - Ministério da Justiça e Segurança Pública
ORCRIM – Organizações Criminosas
PDI – Procedimento Disciplinar Interno
PDP - Plano de Desenvolvimento de Pessoas
SEI - Sistema Eletrônico de Informações
SFC - Secretaria Federal de Controle Interno
TCU – Tribunal de Contas da União
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 06
RESULTADO DOS EXAMES ............................................................................................. 09
1. Estruturação do processo de inclusão/permanência de presos no SPF........................09
a) Processos de trabalho relacionados à inclusão/permanência adequadamente
estruturados......................................................................................................................09
b) Conclusão questão 1........................................................................................11
2. Estruturação de segurança do SPF para isolamento de lideranças criminais e presos de
alta periculosidade...........................................................................................................11
a) Processos de trabalho relacionados aos procedimentos e rotinas de segurança
padronizados....................................................................................................................11
b) Estrutura dedicada para supervisão dos procedimentos e rotinas de segurança
ainda em formação...........................................................................................................12
c) Penitenciárias Federais de Brasília/DF e Mossoró/RN sem contrato de
manutenção predial..........................................................................................................13
d) Capacidade operacional para execução dos procedimentos de segurança nas
Penitenciárias Federais....................................................................................................14
e) Adequabilidade dos mecanismos preventivos para coibir a cooptação/coação
de agentes públicos lotados nas penitenciárias federais .................................................15
f) Conclusão questão 2........................................................................................16
3) Estruturação da inteligência do Sistema Penitenciário Federal..................................17
a) Disponibilidade de informações para emissão de opinião quanto à
inclusão/permanência de presos no SPF.........................................................................17
b) Deficiência na capacidade operacional da área de inteligência......................19
c) Conclusão questão 3........................................................................................20
4) Atuação das FTIP para resolução de crises nos sistemas penitenciários estaduais.....21
a) Normas contendo parâmetros para planejamento, execução, monitoramento e
avaliação das FTIP...........................................................................................................21
b) Planejamento da FTIP para que a missão cumpra o seu propósito.................22
c) Capacidade operacional empregada nas FTIP.................................................23
d) Continuidade das medidas implementadas nas FTIP......................................23
e) Conclusão questão 4........................................................................................24
5) Avaliação complementar – Resultados da aplicação de questionários eletrônicos.....25
RECOMENDAÇÕES ......................................................................................................... 37
CONCLUSÃO ................................................................................................................... 38
5
INTRODUÇÃO
O presente relatório apresenta os resultados da auditoria baseada em riscos realizada
no macroprocesso finalístico de “Garantir o adequado funcionamento do Sistema
Penitenciário Federal”, notadamente nas dimensões: inclusão/permanência de
lideranças do crime organizado e presos de alta periculosidade no SPF; execução e
gerenciamento dos procedimentos e rotinas de segurança penitenciária; produção e
difusão de informação de inteligência para o SPF; e atuação da Força Cooperação
Penitenciária (FITP) . Essa avaliação foi executada sem restrição à realização dos exames
e em observância às normas de auditoria aplicáveis ao Serviço Público Federal, em
especial a Instrução Normativa SFC/CGU nº 8, de 06 de dezembro de 2017, e tem por
objetivo avaliar os riscos e controles do macroprocesso selecionado.
6
existentes para os riscos envolvidos, e foram orientadas pelas seguintes questões de
auditoria:
4. Há eficácia na atuação das FTIP para resolução de crises nos sistemas penitenciários
estaduais?
4.1. Foram estabelecidas normas e manuais/procedimentos com a definição dos
parâmetros de planejamento e implantação das FTIP?
4.2. A capacidade operacional empregada nas FTIP é suficiente para atingir o
objetivo da intervenção?
4.3. O planejamento das FTIP é suficiente para que a missão cumpra o seu
propósito?
4.4. Os entes federados cooperam com as ações das FTIP e dão continuidade às
medidas implementadas?
7
para gestores e questionários eletrônicos para servidores). Por fim, as informações e
documentos levantados, foram objeto de análise pela equipe de auditoria.
Por fim, informa-se que os resultados dos exames estão expostos neste relatório por
questão de auditoria. Posteriormente, são apresentadas as recomendações emitidas,
com ciência da alta administração do DEPEN. Por último, a conclusão geral apresenta as
respostas às questões de auditoria a partir de uma síntese dos principais achados
encontrados.
8
RESULTADOS DOS EXAMES
1. Estruturação do processo de inclusão/permanência de presos no SPF
O Sistema Penitenciário Federal (SPF) possui como missão ser uma alternativa ao
sistema prisional ordinário, em situações específicas de risco à ordem pública ou ao
ambiente carcerário, bem quando necessário garantir a segurança do próprio preso. O
processo de inclusão de presos no SPF se inicia com solicitação do requerente
(Autoridade Administrativa, Ministério Público ou próprio preso) ao juiz estadual de
origem (juiz de execução ou processante). Após essa fase, o DEPEN é instado a se
manifestar sobre a pertinência da inclusão ou transferência do preso ao SPF, indicando
também o estabelecimento penal federal adequado, caso o juiz decida pelo deferimento
do pedido. Após emissão de parecer opinativo pelo DEPEN, os autos são encaminhados
ao juiz corregedor federal, o qual decidirá em última instância quanto à inclusão ou
transferência do preso ao SPF.
Conforme estabelecido no Decreto 6.877/2009, para que o preso possa ser incluído no
SPF deve possuir, ao menos, uma das seguintes características:
Art. 3º...
I - ter desempenhado função de liderança ou participado de forma relevante em
organização criminosa;
II - ter praticado crime que coloque em risco a sua integridade física no ambiente prisional
de origem;
III - estar submetido ao Regime Disciplinar Diferenciado - RDD;
IV - ser membro de quadrilha ou bando, envolvido na prática reiterada de crimes com
violência ou grave ameaça;
V - ser réu colaborador ou delator premiado, desde que essa condição represente risco à
sua integridade física no ambiente prisional de origem; ou
VI - estar envolvido em incidentes de fuga, de violência ou de grave indisciplina no sistema
prisional de origem.
9
A importância da adequada estruturação desse processo na unidade se dá no efeito
perverso da inclusão de presos com perfil inadequado no sistema penitenciário federal.
Como consequência desse risco pode-se citar: sobrecarga do SPF, perda de credibilidade
institucional, aprofundar contatos de presos com lideranças criminosas, desvirtuamento
da finalidade do SPF, limitação de vagas no SPF, ganho de status do preso pela passagem
no SPF. Somado a isso, é importante considerar também o custo para a União na
manutenção dos presos. Segundo estudo do Conselho Nacional de Justiça (CNJ)1, o gasto
mensal por preso nas penitenciárias federais gira em torno de R$ 35 mil.
Após avaliação preliminar dos controles internos implantados, restou evidenciado que
os processos relacionados à inclusão/permanência de presos no SPF, executados na
Diretoria do Sistema Penitenciário Federal (DISPF), mais especificamente na
Coordenação-Geral de Classificação e Movimentação de Presos (CGCMP) e na
Coordenação-Geral de Inteligência Penitenciária (CGIN), estão adequadamente
estruturados e proporcionam razoável segurança de que os presos incluídos no sistema
possuam perfil adequado.
Verificou-se que há fluxos detalhados para todas as atividades dos setores citados. A
estrutura de controle implantada possui instâncias de decisão que obedecem ao
princípio da segregação de funções, estando presente a devida supervisão. A partir de
avaliação de amostra de processos de inclusão dos exercícios de 2020 e 2021, a qual
garantiu percentual de 95% de confiança com base na tabela da AICPA (Association of
International Certified Professional Accountants), verificou-se que os fluxos e
procedimentos de trabalho estabelecidos são seguidos na prática.
1
Relatório disponível no link: https://www.cnj.jus.br/wp-content/uploads/2021/11/calculando-custos-
prisionais-panorama-nacional-e-avancos-necessarios.pdf
10
Contornando essa questão, restou comprovado nas análises que a CGIN/DISPF possui
estruturação apropriada para avaliar o perfil do preso e pertinência de sua inclusão no
SPF, contando, para isso, com o apoio da Rede Nacional de Inteligência Penitenciária, a
qual é coordenada pelo Depen e visa subsidiar estratégias de melhorias do sistema
prisional e de combate ao crime organizado, permitindo a ampliação da interlocução
com as Unidades da Federação e outros órgãos de inteligência.
b) Conclusão Questão 1
A análise deste item visou responder a seguinte questão de auditoria 2. A forma como
o SPF está estruturado garante razoável segurança no isolamento de lideranças e presos
de alta periculosidade?
Na avaliação de riscos para este processo de trabalho específico foi identificado o risco
de “Ineficiência das medidas de isolamento”. A partir da análise do risco e avaliação
preliminar dos controles internos estabelecidos, estruturou-se a avaliação sob 04
(quatro) vertentes: padronização dos processos e rotinas de segurança; estruturação
física das penitenciárias federais; capacidade operacional para execução dos
procedimentos e rotinas de segurança; e mecanismos preventivos para coibir a
cooptação e coação de agentes públicos.
11
Dentre suas diversas atribuições, destaca-se o papel de supervisão dos procedimentos
de segurança dos Presídios Federais, executados de fato pelas Divisões de Segurança e
Disciplina (DISED) em cada uma das unidades prisionais.
Por fim, frisa-se que não constituiu parte do escopo deste trabalho a visita in loco para
avaliação da execução dos procedimentos e rotinas de segurança nas penitenciárias
federais.
Os principais subsídios para supervisão pela CGSEG se dão pela comunicação com as
DISEDs, pelo reporte de situações específicas com o monitoramento eletrônico do setor
12
de inteligência, pelas informações administrativas presentes no Sistema Integrado de
Administração Penitenciária (SIAPEN) e por meio dos relatórios diários preenchidos
pelos chefes de plantão nas vivências das unidades prisionais.
13
-
Por fim, quanto à padronização de estrutura física, destaca-se que está em curso uma
Cooperação com a UNB para elaboração de arquiteturas padronizadas para o sistema
penitenciário nacional, tendo por base o Sistema Penitenciário Federal. Esse projeto
está sendo desenvolvido na construção da nova unidade do SPF, em Charqueadas no
Rio Grande do Sul.
14
2021, que houve a previsão de diversas capacitações para suprimento de lacunas
voltadas para área de segurança. Todavia considerando o contexto de pandemia do
Covid-19 em 2020, as capacitações em que havia a previsão de comparecimento
presencial não foram realizadas.
Um dos fatores mais críticos para os objetivos da unidade quanto ao SPF consiste nos
controles estabelecidos para se fornecer razoável segurança na prevenção da
cooptação e coação de agentes públicos e demais colaboradores que atuam nas
Penitenciárias Federais. Frisa-se que há total compreensão do risco inerente da
atividade, tendo em vista o enorme poderio de coerção das organizações criminosas
(ORCRIM), tanto por sua capacidade financeira como por sua capacidade de ameaça.
2
Processos estabelecidos para área de inteligência: Análise e Difusão; Análise e Parecer;
Contrainteligência; e Elemento de Operação (ELO).
15
identificação de servidor com perfil adequado, tem-se o fator do elevado custo (tempo
e recursos financeiros) para formação do agente de inteligência.
Uma das medidas que podem contribuir para otimização da força de trabalho se trata
da melhoria dos sistemas de análise de inteligência, os quais detalharemos melhor no
item 3b deste relatório.
f) Conclusão Questão 2
16
e normas de segurança, não obstante as melhorias já identificadas pela unidade e que
estão em processo de implementação, como a atualização dos manuais de segurança e
escolta, bem como a implementação de unidade dedicada para supervisão dos
procedimentos e rotinas de segurança.
Entretanto, quando da
finalização do trabalho foi verificado que os procedimentos licitatórios haviam sido
finalizados, estando as respectivas unidades com contrato de manutenção predial
vigente.
Na avaliação de riscos, para este processo de trabalho específico, foi identificado o risco
de “Emissão de Parecer Deficiente”. A partir da análise do risco e avaliação preliminar
dos controles internos estabelecidos, estruturou-se a avaliação sob 03 (três) vertentes:
a suficiência da disponibilidade das fontes; a capacidade operacional das fontes; e a
independência da emissão de opinião.
Para análise deste item foram considerados três aspectos de avaliação: atualização das
fontes de informações; formato e profundidade das informações; e capacidade de
aproveitamento das informações pela área.
17
Como base de exames substantivos, realizou-se avaliação dos processos de
inclusão/permanência de presos no SPF, conforme já explicitado no item 1a deste
relatório. A partir desta análise, especificamente no caso de inclusão,
Nesse sentido, muitas vezes há o pedido de inclusão emergencial de vários presos com
perfil genérico, sem individualizar cada um deles.
Dessa forma, verificou-se que há deficiências nas informações remetidas pelos entes
estaduais, com potencial de afetar a emissão de opinião pelo DEPEN.
18
A manifestação dos Estados, quando da análise da permanência, carece mais ainda de
fundamentação, uma vez que o preso não está mais em sua unidade, o que tornam
obsoletas as informações que tinham quando do pedido de inclusão. Por outro lado,
a profundidade do conteúdo produzido pelas unidades é superior, pois contém
relatórios de acompanhamentos dos presos feitos pelos próprios agentes durante a
permanência no SPF.
19
Verificou-se ainda que
Avaliando-se os PDPs de 2020 e 2021, bem como o Relatório de Execução do PDP 2020,
verificou-se que para o ano de 2020 foram previstas 190 vagas de capacitação para
inteligência, Já no PDP 2021 estão previstas 290 vagas de
capacitação para ações de inteligência penitenciária.
c) Conclusão questão 3
20
- Quanto ao formato: em geral, atendem, especialmente as que são obtidas pelo canal
técnico de inteligência, pois necessariamente são realizadas no formato correto; e
- Quanto à profundidade: às vezes,
Por outro lado, observou-se, de forma positiva, que a área de inteligência tem acesso a
muitas fontes de dados independentes que
Somado a isso,
21
Quanto aos manuais/procedimentos,
Ressalta-se que na etapa prévia, a equipe precursora, formada por servidores de todas
as áreas temáticas necessárias ao desenvolvimento da ação, produz um diagnóstico com
avaliação do risco para a retomada do controle pleno da unidade prisional, recursos
humanos e recursos materiais necessários a retomada, bem como as ações de
assistências e capacitação que serão empregadas nas unidades correlatas.
22
Não obstante à inexistência de norma específica sobre a FTIP, a qual abordaria diversos
aspectos relevantes para execução do processo, entre eles o planejamento, é de
extrema importância que estejam formalizados os instrumentos de planejamento para
execução da FTIP. A falta de planejamento prejudica a avaliação quanto ao sucesso ou
não da operação e a criação de boas práticas a partir das experiências obtidas.
Há uma estrutura de pessoal dedicada à gestão institucional das FTIP no DEPEN, e outros
servidores penitenciários federais porventura necessários para atuar na coordenação
operacional a cada missão são recrutados com base em critérios razoavelmente
objetivos, segundo disponibilidade, experiência em trabalhos de unidades
penitenciárias e formação na Doutrina de Intervenção Tática Prisional.
Porém não foi possível avaliar se a capacidade operacional empregada nas FTIP é
suficiente para atingir o objetivo da intervenção, tendo em vista que as análises quanto
à suficiência do quantitativo de pessoal disponibilizado pelo DEPEN e pelos estados nas
missões restaram prejudicadas pois, nos processos disponibilizados para análise da
equipe de auditoria (FTIP no Amazonas, Roraima e Rio Grande do Sul), não constam
documentos formais de planejamento com informações, dentre outros aspectos, sobre
o efetivo de pessoal empregado.
23
d) Continuidade das medidas implementadas nas FTIP
Ao final das missões, é esperado que a crise no sistema penitenciário estadual tenha
sido controlada e que tenham sido transferidos conhecimento e procedimentos aos
entes federados objetos de intervenção.
De igual forma, não há um processo específico de apoio aos entes federados objetos de
FTIP em momento posterior à desmobilização das equipes de intervenções, existindo
apenas os mecanismos usuais de colaboração federativa, tais como repasse de recursos,
assinatura de convênios e instrumentos congêneres, e realização de treinamentos e
capacitações aos servidores nos estados.
Além disso, o gestor informou que não há ferramentas gerenciais específicas para medir
os efeitos de curto, médio e longo prazo das FTIP, sendo tais efeitos observados nas
reduções dos índices de criminalidade gerais divulgados pelos estados (de forma ampla),
e por levantamentos quanto aos números de assistências de outras ações executadas
pelos entes estaduais (de forma estrita). Acrescentou que está em fase de planejamento
24
a elaboração de um processo próprio de medição por meio de indicadores por parte da
Divisão de Segurança e Operações Penais Integradas.
e) Conclusão Questão 4
Verificou-se que há planejamento para que a missão cumpra o seu propósito, pois na
concepção das missões são utilizados os levantamentos realizados pela equipe
precursora (avaliação situacional) e os dados fornecidos pelas agências de inteligência,
e foi estabelecido um fluxo padrão utilizados nas operações. Porém nos processos
disponibilizados para análise da equipe de auditoria, não constam documentos formais
de planejamento contendo informações essenciais, e não há a definição de indicadores
ou de outras ferramentas gerenciais específicas a fim de subsidiar a definição do escopo
e profundidade de atuação das Forças-Tarefas.
Por fim, verifica-se que os entes federados cooperam com as ações das FTIP, mas não
há como atestar se a duração e escopo das operações são suficientes para realizar a
transferência do conhecimento/procedimentos aos estados, tendo em vista as
fragilidades expostas quanto aos elementos mínimos de planejamento e
monitoramento. Verificou-se também que não há um processo específico de apoio aos
entes em momento posterior à desmobilização das equipes de intervenção, tampouco
acompanhamento/monitoramento das medidas implementadas pelo estado após o fim
da FTIP, e não há ferramentas gerenciais específicas para medir os efeitos de curto,
médio e longo prazo das missões.
25
Quanto a esta última questão, em complemento ao relatório preliminar, a unidade
entende que não é pertinente a implementação de processos de
acompanhamento/monitoramento da continuidade das medidas implementadas pelos
estados, tendo em vista que o escopo da FTIP é auxiliar os estados em momentos de
crises em seus sistemas penitenciários, retomando o controle de unidades rebeladas.
Para além da retomada de controle, a FTIP deixa como legado procedimentos de
segurança que visam elevar o nível de segurança das unidades, além de várias outras
orientações, conforme se extrai da Matriz de Responsabilidade produzida ao final da
FTIP. Acrescenta ainda que, considerando que a governança daquelas unidades
prisionais é do estado federado e que o DEPEN auxilia os estados em várias frentes, a
implementação de processos posteriores à execução da FTIP são dispensáveis.
Nas perguntas com foco na área de inteligência (itens ‘a’, ‘g’ e ‘h’ abaixo), aplicadas aos
servidores da Divisão de Análise e Contrainteligência, obteve-se o percentual de 100%
de resposta, considerando o quantitativo total de 6 servidores. No que se refere aos
itens ‘b’, ‘c’, ‘d’, ‘e’ e ‘f’, aplicados aos servidores lotados na DISEDs, obteve-se 85
respostas completas, representando o percentual de 14,5% do total 585 servidores.
Reforça-se que os resultados que são apresentados a seguir não configuram uma
constatação de auditoria, mas servem de elemento informativo como exposto no
parágrafo anterior.
26
Aplicando-se o questionário com os servidores que de fato produzem os pareceres,
estruturou-se o questionário com duas perguntas no formato de múltipla escolha e
escalonada em cinco níveis (Nunca, Raramente, Às vezes, Muitas Vezes e Sempre).
A1. Você já sofreu ou sofre algum tipo de pressão externa indevida para direcionamento da
análise do parecer de inclusão/permanência?
A2. Algum colega de trabalho já sofreu ou sofre algum tipo de pressão externa indevida para
direcionamento da análise do parecer de inclusão/permanência?
Estatísticas respostas A1
60,0%
50,0%
50,0%
40,0%
33,3%
30,0%
20,0% 16,7%
10,0%
0,0% 0,0%
0,0%
Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre
Estatísticas resposta A2
60,0%
50,0%
50,0%
40,0%
30,0%
10,0%
0,0% 0,0%
0,0%
Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre
Na questão A1 obtivemos 50% (Às vezes) e 33,3% (Muitas vezes). Já para questão A2
obtivemos 50% (Às vezes), 16,7% (Muitas vezes) e 16,7% (Nunca). Embora os testes
aplicados não tenham identificado a questão de ingerência sobre os processos, o
questionário eletrônico demonstra uma estatística relevante sobre a percepção dos
servidores, que precisa ser considerada e avaliada pela alta administração do DEPEN.
27
Nesse item buscou-se trazer a avaliação dos servidores das DISEDs, se o Manual de
Procedimentos de Segurança e Rotinas de Trabalho é de amplo conhecimento e se de
fato os procedimentos são efetivamente aplicados. Por meio de questionário eletrônico,
realizou-se os seguintes questionamentos:
A1. Numa escala de 0 a 5 (considerando 5 o nível máximo), qual seu nível de conhecimento
sobre procedimentos e rotinas de segurança estabelecidos por meio da Portaria DSPF nº
38/2014 e por meio de outras normas/manuais referente à área em que você atua?
A2. Numa escala de 0 a 5 (considerando 5 o nível máximo), qual o nível de aderência das
práticas diárias das rotinas de trabalho aos procedimentos e rotinas de segurança
normatizados?
Estatística resposta A1
45 42,35
40 36,47
35
30
25
20
15,29
15
10
5 1,18 2,35 1,18 1,18
0
0 1 2 3 4 5 Sem
resposta
Estatística resposta A2
45 42,35
40
35
30 28,24
25
18,82
20
15
10 7,06
5 1,18 2,35
0
0
0 1 2 3 4 5 Sem
resposta
A partir das estatísticas apresentadas, verifica-se, pela percepção dos servidores que
executam as rotinas e procedimentos de segurança nas unidades prisionais, que há
padronização dos processos de trabalho e que há razoável aderência dos
procedimentos normatizados às práticas diárias.
28
Tal fato, no entanto, não pôde ser verificado, uma vez que o presente trabalho
não contemplou a realização de fiscalizações in loco.
A6. Numa escala de 0 a 5 (considerando 5 o nível máximo), em que nível você avalia que,
quando surge uma falha na estrutura física dos presídios federais, ela é, de forma proativa,
tempestivamente identificada e solucionada?
Estatística resposta A6
30
27,06
25 22,35
20 18,82
14,12
15 12,94
10
5 3,53
1,18
0
0 1 2 3 4 5 Sem
resposta
Nesse item avaliou-se a percepção dos servidores lotados nas DISEDs, se consideram
que estão sendo adequadamente capacitados para o exercício de suas atribuições.
Diante disso questionou-se:
A4. Numa escala de 0 a 5 (considerando 5 o nível máximo), em que medida você considera que
tem sido adequadamente capacitado sobre os procedimentos e rotinas de segurança para
execução de suas atribuições?
29
Estatística resposta A4
40 36,47
35
30 27,06
25
21,18
20
15
9,41
10
Pela estatística das respostas, embora ainda seja muito incipiente o processo de
mapeamento de competências na unidade, os servidores consideram que a unidade
vem provendo apoio por meio de capacitações e treinamento.
A8. Caso tenha usado algum desses canais, numa escala de 0 a 5, considerando "0 -
Totalmente inseguro e 5 - Totalmente seguro", qual nível de segurança você avalia que teve
ao efetuar uma denúncia?
A9. Numa escala de 0 a 5 (considerando 5 o nível máximo), em que nível você avalia que sua
denúncia foi devidamente tratada e devidamente informado de seu andamento?
Estatística resposta A8
35 33,33 33,33
30
25
20
16,67 16,67
15
10
5
0 0 0
0
0 1 2 3 4 5 Sem
resposta
30
Estatística resposta A9
60
50
50
40
30
10
0 0 0
0
0 1 2 3 4 5 Sem
resposta
Pela estatística das respostas, verifica-se que na opinião dos servidores os canais para
oferecimento de denúncias se mostram razoavelmente estruturados considerando os
aspectos de segurança e acompanhamento.
A5. Numa escala de 0 a 5 (considerando 5 o nível máximo), em qual nível você avalia que o
controle de acesso às áreas e/ou informações sensíveis as quais você tem conhecimento é
adequado?
Estatística resposta A5
40
34,12
35
30
25 22,35 21,18
20
15
9,41
10 7,06
5 3,53
2,35
0
0 1 2 3 4 5 Sem
resposta
De acordo com as respostas dos servidores das DISEDS, verifica-se que há razoável
controle de acesso às áreas e informações sensíveis,
31
g) Percepção quanto à qualidade das informações de inteligência disponíveis
30
25
20
16,67 16,67
15
10
5
0 0
0
Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre Sem resposta
32
Estatística resposta A5
60
50
50
40
33,33
30
20 16,67
10
0 0 0
0
Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre Sem resposta
Ainda, alguns servidores da área observam que as informações produzidas nas agências
estaduais normalmente são direcionadas para o atendimento dos interesses dos
Estados. Como exemplo, a lotação em prisões estaduais é um fator de incentivo que
somado a crimes que repercutem na mídia, pressionam por uma resposta à sociedade,
levando o Estado a solicitar um “pacote” de presos para inclusão no SPF. O DEPEN, por
meio da CGIN procura somente incluir presos que realmente sejam liderança em seus
estados e que de fato sua permanência possa afetar a paz social e segurança como um
todo.
Esse processo de
negociação para que os Estados alimentem as informações no sistema é complexo, e é
caracterizado pelo interesse individual de cada Estado. É nesse contexto que se insere a
necessidade de padronização das informações.
33
33,33
Estatística
33,33
resposta A4
35
30
25
20
16,67 16,67
15
10
5
0 0
0
Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre Sem resposta
Tendo em vista que as perguntas deste questionário possuíam campo aberto para
inserção de comentário, foi apontado, no mesmo sentido das respostas à pergunta A5
que, no caso de inclusão,
34
A6. Você considera que a capacitação oferecida é suficiente para executar suas funções
satisfatoriamente?
Estatística resposta A6
60
50
50
40
33,33
30
20 16,67
10
0 0 0
0
Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre Sem resposta
-
Nos anos de 2020
e 2021, somou-se a dificuldade causada pela pandemia da Covid-19, que fez muitos
programas de capacitação serem suspensos, coincidindo com a criação da nova Diretoria
de Inteligência do DEPEN , a DIPEN.
Há a sugestão de que essa capacitação também seja oferecida aos Estados, para que
ocorra uma unificação de metodologia. Além disso, é apontada
como a necessidade do oferecimento de extensões mais avançadas como as de
pós-graduação e mestrado.
É oportuno ressaltar que foi observado por participante da pesquisa que mudanças nos
fluxos de autorização de cursos teriam prejudicado o seu ritmo de disponibilização.
Atualmente, a oferta de vagas em cursos e treinamentos tem que passar pela DIPEN, em
vez de serem oferecidos diretamente para a área de inteligência. Além disso, o processo
de criação e ministração de um curso pela própria CGIN (ou por qualquer outro setor do
DEPEN) tem sido gerido pela Escola Nacional de Serviços Penais – ESPEN, que tem
reformulado os procedimentos para promoção de cursos para o público interno., Tal
fato, segundo os servidores da área teria tornado o processo “extremamente
trabalhoso, e complicado, e tem desestimulando não só os servidores da CGIN, mas de
todo o departamento a participarem."
Cabe, ainda, relatar que servidor lembrou que os documentos produzidos pela agência
são importantes para a manutenção e inclusão de presos que de fato possam colocar a
segurança da sociedade em risco. Assim, produzir documentos com esse nível de
complexidade exige que os servidores estejam sempre bem treinados para colher e
trabalhar dados e informações.
35
36
RECOMENDAÇÕES
1.
37
CONCLUSÃO
Os exames deste relatório foram realizados com a finalidade de avaliar os controles
existentes sobre os riscos inerentes a objetivos relacionados ao macroprocesso
finalístico de “Garantir o adequado funcionamento do Sistema Penitenciário Federal”,
notadamente nas dimensões: inclusão/permanência de lideranças do crime organizado
e presos de alta periculosidade no SPF; execução e gerenciamento dos procedimentos
e rotinas de segurança penitenciária; produção e difusão de informação de inteligência
para o SPF; e atuação da Força Cooperação Penitenciária (FITP). Na sequência desta
conclusão geral, são apresentadas para cada dimensão as respostas às questões de
auditoria propostas, que tiveram como base as condições evidenciadas. Por fim,
encerra-se com uma conclusão geral sobre o macroprocesso analisado.
38
Considerando os aspectos avaliados, conclui-se que o macroprocesso de “Garantir o
adequado funcionamento do Sistema Penitenciário Federal” possui estrutura
parcialmente adequada e de forma geral os controles implementados mitigam
razoavelmente os eventos de risco identificados na etapa anterior do trabalho. Não
obstante a avaliação positiva, verificou-se oportunidades de melhorias as quais foram
ressalvadas e deverão ser tratadas para aprimoramento do processo, permitindo
alcance mais eficiente dos objetivos de negócio no contexto das atividades do DEPEN.
Para tratamento das oportunidades de melhoria, foram expedidas as recomendações
constantes do item específico deste relatório, acordadas com a unidade em reunião de
busca conjunta de soluções. Para finalizar, destacam-se a seguir os benefícios esperados
com a implantação das recomendações:
39