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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO

Departamento Penitenciário Nacional - DEPEN


Exercício 2021

Brasília, 18 de agosto de 2022


Controladoria-Geral da União (CGU)
Secretaria Federal de Controle Interno (SFC)

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO
Órgão: Departamento Penitenciário Nacional - DEPEN
Unidade Examinada: Departamento Penitenciário Nacional - DEPEN
Município/UF: Brasília/DF
Relatório de Avaliação: e-Aud #986037
Missão
Elevar a credibilidade do Estado por meio da participação social, do controle
interno governamental e do combate à corrupção em defesa da sociedade.

Avaliação
O trabalho de avaliação, como parte da atividade de auditoria interna, consiste
na obtenção e na análise de evidências com o objetivo de fornecer opiniões ou
conclusões independentes sobre um objeto de auditoria. Objetiva também
avaliar a eficácia dos processos de governança, de gerenciamento de riscos e de
controles internos relativos ao objeto e à Unidade Auditada, e contribuir para o
seu aprimoramento.
QUAL FOI O TRABALHO
REALIZADO PELA CGU?
POR QUE A CGU REALIZOU ESSE
O trabalho consistiu na TRABALHO?
Auditoria Baseada em Riscos No modelo de negócio do Departamento
no Departamento
Penitenciário Nacional (DEPEN), o
Penitenciário Nacional, mais
macroprocesso de garantir o adequado
especificamente sobre
funcionamento do Sistema Penitenciário
processos pertencentes ao
Federal (SPF) possui riscos relevantes
macroprocesso de trabalho
“Garantir o adequado associados e que podem impactar o
funcionamento do Sistema atingimento dos objetivos da instituição.
Penitenciário Federal”, cujo Assim, procedeu-se a avaliação do objeto
objetivo de negócio consiste considerando os riscos identificados e as
em: Executar todas as ações etapas do trabalho pretenderam
necessárias para a adequada primariamente: Avaliar os processos
administração dos associados aos objetivos do macroprocesso
estabelecimentos penais em análise, considerando os riscos e controles
federais que compõem o das atividades do negócio; e apresentar ao
Sistema Penitenciário Federal gestor uma avaliação que permita o
(SPF), que se presta ao aperfeiçoamento da gestão.
isolamento das lideranças do
crime organizado e custódia de
presos condenados e
QUAIS AS CONCLUSÕES
provisórios sujeitos ao regime ALCANÇADAS PELA CGU? QUAIS
disciplinar diferenciado, líderes AS RECOMENDAÇÕES QUE
de organizações criminosas,
presos responsáveis pela DEVERÃO SER ADOTADAS?
prática reiterada de crimes Verificou-se que o processo de trabalho de
violentos, presos responsáveis “Garantir o adequado funcionamento do
por ato de fuga ou grave Sistema Penitenciário Federal” está
indisciplina no sistema estruturado e, de forma geral, os controles
prisional de origem, presos de
implementados mitigam razoavelmente os
alta periculosidade e que
eventos de risco relacionados. Não obstante a
possam comprometer a ordem
avaliação positiva, considerando os aspectos
e segurança pública, e réus
avaliados pode-se concluir que o
colaboradores presos ou
delatores premiados. Incluindo macroprocesso avaliado possui oportunidades
as ações necessárias a de melhorias, as quais foram ressalvadas e
implementação das deverão ser tratadas, permitindo maior
assistências material, jurídica, eficiência no alcance dos objetivos de negócio
saúde, educacional, social e no contexto das atividades do DEPEN.
cultural.
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
CGCMP - Coordenação-Geral de Classificação e Movimentação de Presos
CGIN - Coordenação-Geral de Inteligência Penitenciária
CGSEG - Coordenação-Geral de Segurança e Operações Penitenciárias
CGU - Controladoria-Geral da União
CNJ – Conselho Nacional de Justiça
COSO - Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission
DEPEN – Departamento Penitenciário Nacional
DIPEN – Diretoria de Inteligência Penitenciária
DISPF – Diretoria do Sistema Penitenciário Federal
ESPEN - Escola Nacional de Serviços Penais
FTIP – Força de Cooperação Penitenciária do DEPEN
MJSP - Ministério da Justiça e Segurança Pública
ORCRIM – Organizações Criminosas
PDI – Procedimento Disciplinar Interno
PDP - Plano de Desenvolvimento de Pessoas
SEI - Sistema Eletrônico de Informações
SFC - Secretaria Federal de Controle Interno
TCU – Tribunal de Contas da União
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 06
RESULTADO DOS EXAMES ............................................................................................. 09
1. Estruturação do processo de inclusão/permanência de presos no SPF........................09
a) Processos de trabalho relacionados à inclusão/permanência adequadamente
estruturados......................................................................................................................09
b) Conclusão questão 1........................................................................................11
2. Estruturação de segurança do SPF para isolamento de lideranças criminais e presos de
alta periculosidade...........................................................................................................11
a) Processos de trabalho relacionados aos procedimentos e rotinas de segurança
padronizados....................................................................................................................11
b) Estrutura dedicada para supervisão dos procedimentos e rotinas de segurança
ainda em formação...........................................................................................................12
c) Penitenciárias Federais de Brasília/DF e Mossoró/RN sem contrato de
manutenção predial..........................................................................................................13
d) Capacidade operacional para execução dos procedimentos de segurança nas
Penitenciárias Federais....................................................................................................14
e) Adequabilidade dos mecanismos preventivos para coibir a cooptação/coação
de agentes públicos lotados nas penitenciárias federais .................................................15
f) Conclusão questão 2........................................................................................16
3) Estruturação da inteligência do Sistema Penitenciário Federal..................................17
a) Disponibilidade de informações para emissão de opinião quanto à
inclusão/permanência de presos no SPF.........................................................................17
b) Deficiência na capacidade operacional da área de inteligência......................19
c) Conclusão questão 3........................................................................................20
4) Atuação das FTIP para resolução de crises nos sistemas penitenciários estaduais.....21
a) Normas contendo parâmetros para planejamento, execução, monitoramento e
avaliação das FTIP...........................................................................................................21
b) Planejamento da FTIP para que a missão cumpra o seu propósito.................22
c) Capacidade operacional empregada nas FTIP.................................................23
d) Continuidade das medidas implementadas nas FTIP......................................23
e) Conclusão questão 4........................................................................................24
5) Avaliação complementar – Resultados da aplicação de questionários eletrônicos.....25

RECOMENDAÇÕES ......................................................................................................... 37

CONCLUSÃO ................................................................................................................... 38

5
INTRODUÇÃO
O presente relatório apresenta os resultados da auditoria baseada em riscos realizada
no macroprocesso finalístico de “Garantir o adequado funcionamento do Sistema
Penitenciário Federal”, notadamente nas dimensões: inclusão/permanência de
lideranças do crime organizado e presos de alta periculosidade no SPF; execução e
gerenciamento dos procedimentos e rotinas de segurança penitenciária; produção e
difusão de informação de inteligência para o SPF; e atuação da Força Cooperação
Penitenciária (FITP) . Essa avaliação foi executada sem restrição à realização dos exames
e em observância às normas de auditoria aplicáveis ao Serviço Público Federal, em
especial a Instrução Normativa SFC/CGU nº 8, de 06 de dezembro de 2017, e tem por
objetivo avaliar os riscos e controles do macroprocesso selecionado.

Ainda, este relatório representa a etapa seguinte ao Mapeamento de Objetos de


Auditoria do DEPEN, consubstanciado em Nota Técnica específica em julho de 2020, na
qual foi apresentado o modelo de negócio da Unidade. Com base nesse modelo, foram
levantados riscos de negócio, utilizados para a elaboração de uma carteira de
abordagens de auditoria para o DEPEN. Nesse contexto baseia-se a seleção do
macroprocesso finalístico e dimensões relacionadas (objetivos de negócio) em comento,
compreendendo seis riscos de negócio, incluso os de maior risco inerente.

Esclarece-se que após a seleção do macroprocesso relacionado à garantia do adequado


funcionamento do SPF, realizou-se a identificação e posterior análise dos riscos
específicos, conforme resumido no quadro a seguir.

Quadro – Objetivos e Riscos do Macroprocesso


Objetivo-Chave Risco-Chave Risco Residual*
Promover a inclusão no SPF de Inclusão de preso com perfil
Médio
lideranças e presos de alta inadequado
periculosidade buscando seu
isolamento. Ineficiência das medidas de isolamento Médio

Identificar a subsistência de motivos Permanência de presos com perfil


Médio
para permanência de presos no SPF inadequado
Produção de conhecimento de inteligência
Médio
Produzir conhecimento estruturado deficiente/intempestivo
para auxiliar a gestão na tomada da
melhor decisão Emissão de parecer deficiente Médio

Intervir na resolução de situação


extraordinária de grave crise no sistema FTIP não surtir efeito na resolução da crise Médio
penitenciário estadual
Fonte: PT 05 – Ident Análise Riscos e Controles.
* Nível de risco residual após atuação da administração por meio de controles internos.

Dessa forma, com o objetivo de contribuir para o aperfeiçoamento da gestão de riscos


do macroprocesso, as verificações consideraram a avaliação preliminar dos controles

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existentes para os riscos envolvidos, e foram orientadas pelas seguintes questões de
auditoria:

1. Os processos de trabalho do DEPEN estão estruturados de forma a garantir a devida


inclusão/permanência de presos com perfil adequado ao SPF?
1.1 As informações de inteligência disponíveis são suficientes para adequada
análise do perfil dos presos em sua inclusão/permanência?
1.2 A estrutura de controle implantada consegue limitar a ingerência indevida na
decisão técnica quanto à inclusão/permanência?
1.3 Os critérios normativos são claramente descritos de forma a proporcionar a
análise objetiva por parte do DEPEN quanto à inclusão/permanência?

2. A forma como o SPF está estruturado garante razoável segurança no isolamento de


lideranças e presos de alta periculosidade?
2.1. Os procedimentos de segurança adotados nas Penitenciárias Federais são
suficientes para garantir o adequado recolhimento e isolamento dos presos?
2.2. A estrutura física das Penitenciárias Federais é suficiente para garantir a
adequada implementação do regime de segurança máxima?
2.3 A capacidade operacional dedicada à execução dos procedimentos de
segurança nos presídios federais é adequada?
2.4 Há mecanismos preventivos suficientes para coibir a cooptação/coação de
agentes públicos (lotados nas Penitenciárias Federais) por presos e/ou facções
criminosas?

3. A estruturação da inteligência proporciona a produção de informação qualificada para


tomada de decisão?
3.1 As informações disponíveis, em suas diversas fontes, são suficientes para a
inteligência ser capaz de emitir opinião de qualidade?
3.2 A área de inteligência detém capacidade operacional suficiente?
3.3 Os pareceres da área de inteligência são emitidos de forma a preservar sua
independência, protegendo-os de indevida ingerência de agentes externos e
internos?

4. Há eficácia na atuação das FTIP para resolução de crises nos sistemas penitenciários
estaduais?
4.1. Foram estabelecidas normas e manuais/procedimentos com a definição dos
parâmetros de planejamento e implantação das FTIP?
4.2. A capacidade operacional empregada nas FTIP é suficiente para atingir o
objetivo da intervenção?
4.3. O planejamento das FTIP é suficiente para que a missão cumpra o seu
propósito?
4.4. Os entes federados cooperam com as ações das FTIP e dão continuidade às
medidas implementadas?

Para responder a essas questões de auditoria, foram realizadas entrevistas com


gestores, visita técnica e encaminhadas indagações escritas (solicitações de auditoria

7
para gestores e questionários eletrônicos para servidores). Por fim, as informações e
documentos levantados, foram objeto de análise pela equipe de auditoria.

As respostas às questões e as recomendações elaboradas estiveram relacionadas aos


critérios de auditoria estabelecidos para as análises, com os seguintes destaques: Lei
11.671/2008, Decreto 6.877/2009, COSO Gerenciamento de Riscos Corporativos -
Estrutura Integrada, Manual de Procedimentos de Segurança e Rotinas de trabalho
(Portaria DISPF nº 38/2014), Manual de Escoltas (Portaria DISPF nº 516/2010),
Referencial para Avaliação de Governança em Políticas Pública do Tribunal de Contas da
União, Decreto nº 9.991/2019, Instrução Normativa ME nº 201/2019, Plano de
Desenvolvimento de Pessoas do DEPEN (PDP) 2020 e 2021, Decreto 6.049/2007,
Regimento Interno Portaria nº 199/2018 e Portaria MJSP 65/2019.

Por fim, informa-se que os resultados dos exames estão expostos neste relatório por
questão de auditoria. Posteriormente, são apresentadas as recomendações emitidas,
com ciência da alta administração do DEPEN. Por último, a conclusão geral apresenta as
respostas às questões de auditoria a partir de uma síntese dos principais achados
encontrados.

8
RESULTADOS DOS EXAMES
1. Estruturação do processo de inclusão/permanência de presos no SPF

A análise deste item visou responder a questão de auditoria 1. Os processos de trabalho


do DEPEN estão estruturados de forma a garantir a devida inclusão/permanência de
presos com perfil adequado ao SPF?

a) Processos de trabalho relacionados à inclusão/permanência adequadamente


estruturados.

O Sistema Penitenciário Federal (SPF) possui como missão ser uma alternativa ao
sistema prisional ordinário, em situações específicas de risco à ordem pública ou ao
ambiente carcerário, bem quando necessário garantir a segurança do próprio preso. O
processo de inclusão de presos no SPF se inicia com solicitação do requerente
(Autoridade Administrativa, Ministério Público ou próprio preso) ao juiz estadual de
origem (juiz de execução ou processante). Após essa fase, o DEPEN é instado a se
manifestar sobre a pertinência da inclusão ou transferência do preso ao SPF, indicando
também o estabelecimento penal federal adequado, caso o juiz decida pelo deferimento
do pedido. Após emissão de parecer opinativo pelo DEPEN, os autos são encaminhados
ao juiz corregedor federal, o qual decidirá em última instância quanto à inclusão ou
transferência do preso ao SPF.

Conforme estabelecido no Decreto 6.877/2009, para que o preso possa ser incluído no
SPF deve possuir, ao menos, uma das seguintes características:

Art. 3º...
I - ter desempenhado função de liderança ou participado de forma relevante em
organização criminosa;
II - ter praticado crime que coloque em risco a sua integridade física no ambiente prisional
de origem;
III - estar submetido ao Regime Disciplinar Diferenciado - RDD;
IV - ser membro de quadrilha ou bando, envolvido na prática reiterada de crimes com
violência ou grave ameaça;
V - ser réu colaborador ou delator premiado, desde que essa condição represente risco à
sua integridade física no ambiente prisional de origem; ou
VI - estar envolvido em incidentes de fuga, de violência ou de grave indisciplina no sistema
prisional de origem.

A atuação do DEPEN nesse processo se dá com a avaliação do perfil do preso e sua


pertinência aos critérios acima. Essa avaliação leva em consideração tanto as
informações de inteligência estadual, bem como as informações de inteligência
produzidas pela própria unidade.

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A importância da adequada estruturação desse processo na unidade se dá no efeito
perverso da inclusão de presos com perfil inadequado no sistema penitenciário federal.
Como consequência desse risco pode-se citar: sobrecarga do SPF, perda de credibilidade
institucional, aprofundar contatos de presos com lideranças criminosas, desvirtuamento
da finalidade do SPF, limitação de vagas no SPF, ganho de status do preso pela passagem
no SPF. Somado a isso, é importante considerar também o custo para a União na
manutenção dos presos. Segundo estudo do Conselho Nacional de Justiça (CNJ)1, o gasto
mensal por preso nas penitenciárias federais gira em torno de R$ 35 mil.

Para responder a presente questão de auditoria, preliminarmente foram identificados


os riscos do processo, quais sejam, “- Inclusão de preso com perfil inadequado” e
“Permanência de preso com perfil inadequado”. Em consequência realizou-se a devida
análise de riscos com a definição de causas e consequências advindos desses riscos, bem
como os controles internos estabelecidos.

Após avaliação preliminar dos controles internos implantados, restou evidenciado que
os processos relacionados à inclusão/permanência de presos no SPF, executados na
Diretoria do Sistema Penitenciário Federal (DISPF), mais especificamente na
Coordenação-Geral de Classificação e Movimentação de Presos (CGCMP) e na
Coordenação-Geral de Inteligência Penitenciária (CGIN), estão adequadamente
estruturados e proporcionam razoável segurança de que os presos incluídos no sistema
possuam perfil adequado.

Verificou-se que há fluxos detalhados para todas as atividades dos setores citados. A
estrutura de controle implantada possui instâncias de decisão que obedecem ao
princípio da segregação de funções, estando presente a devida supervisão. A partir de
avaliação de amostra de processos de inclusão dos exercícios de 2020 e 2021, a qual
garantiu percentual de 95% de confiança com base na tabela da AICPA (Association of
International Certified Professional Accountants), verificou-se que os fluxos e
procedimentos de trabalho estabelecidos são seguidos na prática.

Avaliou-se, também, se os critérios normativos estabelecidos são suficientemente


objetivos de forma a também proporcionar objetividade na análise do DEPEN,
verificando-se que, com exceção dos incisos I e IV do artigo 3º do Decreto 6.877/2009
citado acima, os demais critérios são objetivos e de fácil comprovação. No que tange
aos incisos citados: I - ter desempenhado função de liderança ou participado de forma
relevante em organização criminosa; e IV - ser membro de quadrilha ou bando,
envolvido na prática reiterada de crimes com violência ou grave ameaça, emerge o
caráter subjetivo em sua definição, bem como fica evidente, em muitos casos, a difícil
comprovação de desempenho de liderança ou participação relevante em organização
criminosa.

1
Relatório disponível no link: https://www.cnj.jus.br/wp-content/uploads/2021/11/calculando-custos-
prisionais-panorama-nacional-e-avancos-necessarios.pdf

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Contornando essa questão, restou comprovado nas análises que a CGIN/DISPF possui
estruturação apropriada para avaliar o perfil do preso e pertinência de sua inclusão no
SPF, contando, para isso, com o apoio da Rede Nacional de Inteligência Penitenciária, a
qual é coordenada pelo Depen e visa subsidiar estratégias de melhorias do sistema
prisional e de combate ao crime organizado, permitindo a ampliação da interlocução
com as Unidades da Federação e outros órgãos de inteligência.

b) Conclusão Questão 1

Tendo em consideração as análises realizadas, considera-se que há adequada


estruturação dos processos de trabalho e estrutura de controle para garantir razoável
segurança na inclusão/permanência de presos com perfil adequado ao SPF, no âmbito
do DEPEN. Reforça-se que a decisão final quanto à inclusão/permanência de presos no
sistema, não obstante a emissão de opinião do DEPEN, cabe ao juiz corregedor federal.

2. Estruturação de segurança do SPF para isolamento de lideranças criminais e


presos de alta periculosidade

A análise deste item visou responder a seguinte questão de auditoria 2. A forma como
o SPF está estruturado garante razoável segurança no isolamento de lideranças e presos
de alta periculosidade?

Na avaliação de riscos para este processo de trabalho específico foi identificado o risco
de “Ineficiência das medidas de isolamento”. A partir da análise do risco e avaliação
preliminar dos controles internos estabelecidos, estruturou-se a avaliação sob 04
(quatro) vertentes: padronização dos processos e rotinas de segurança; estruturação
física das penitenciárias federais; capacidade operacional para execução dos
procedimentos e rotinas de segurança; e mecanismos preventivos para coibir a
cooptação e coação de agentes públicos.

a) Processos de trabalho, relacionados aos procedimentos e rotinas de segurança,


padronizados

Com a aprovação da estrutura regimental do MJSP pelo Decreto 9.662/2019, a


Coordenação-Geral de Segurança e Operações Penitenciárias (CGSEG) assumiu a
responsabilidade pelos macroprocessos relacionados à segurança física orgânica, tanto
de suas unidades administrativas, quanto das unidades prisionais.

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Dentre suas diversas atribuições, destaca-se o papel de supervisão dos procedimentos
de segurança dos Presídios Federais, executados de fato pelas Divisões de Segurança e
Disciplina (DISED) em cada uma das unidades prisionais.

Por meio de avaliação realizada, verificou-se que a padronização dos processos de


trabalho se dá por dois instrumentos: O Manual de Procedimentos de Segurança e
Rotinas de Trabalho (Portaria DSPF nº 38/2014) e o Manual de Escoltas (Portaria DSPF
nº 516/2010).

Em que pese a necessidade de atualização desses instrumentos para acompanhar a


dinâmica das rotinas e a adaptação às peculiaridades locais, verificou-se que eles estão
adequadamente estruturados. A partir da análise dos citados instrumentos, restou
verificado que há suficiente detalhamento dos manuais de modo a contribuir para
execução das rotinas e procedimentos diários de segurança. Por meio de entrevista
com os gestores e visita técnica à área de monitoramento central de inteligência,
verifica-se que há acompanhamento das rotinas diárias, havendo o reporte à CGSEG no
caso de desvios mais relevantes. No caso de erros pontuais de procedimentos, a
sinalização e ajuste se dá no âmbito das DISEDs em cada penitenciária federal. Destaca-
se que o processo de atualização dos manuais estava em curso durante o período de
execução desta auditoria.

Em complemento, informa-se que em manifestação ao relatório preliminar (Despacho


nº. 521/2022/CGSEG/DISPF/DEPEN – SEI18482335 ), a unidade ratificou que ainda está
em curso a atualização dos citados manuais, sendo constituído um Grupo de Trabalho
para tal fim.

Por fim, frisa-se que não constituiu parte do escopo deste trabalho a visita in loco para
avaliação da execução dos procedimentos e rotinas de segurança nas penitenciárias
federais.

b) Estrutura dedicada para supervisão dos procedimentos e rotinas de segurança


ainda em formação

Conforme relatado, a supervisão dos procedimentos de segurança dos Presídios


Federais é só uma das diversas atribuições sob responsabilidade da CGSEG. Destaca-se
ainda a promoção de diretrizes de segurança e disciplina, realização de escoltas,
coordenação das Forças de Cooperação Penitenciária (FTIP), avaliação de estrutura física
e tecnológica de presídios, entre outras.

No que tange especificamente ao papel de supervisão dos procedimentos e rotinas de


segurança, verifica-se atuação da unidade, não obstante terem sido identificadas
oportunidades de melhoria na capacidade de supervisão da coordenação.

Os principais subsídios para supervisão pela CGSEG se dão pela comunicação com as
DISEDs, pelo reporte de situações específicas com o monitoramento eletrônico do setor

12
de inteligência, pelas informações administrativas presentes no Sistema Integrado de
Administração Penitenciária (SIAPEN) e por meio dos relatórios diários preenchidos
pelos chefes de plantão nas vivências das unidades prisionais.

Durante o curso dessa


auditoria, verificou-se que foram criadas as subunidades administrativas da divisão de
segurança e do serviço de segurança dentro da CGSEG.

Destaca-se ainda, conforme informado, que a unidade está em tratativas com as


unidades de inteligência dos presídios federais para que sejam fornecidos à CGSEG
relatórios periódicos de desconformidades com os normativos de segurança.

Ao final deste trabalho, em manifestação ao relatório preliminar (Despacho nº.


521/2022/CGSEG/DISPF/DEPEN – SEI18482335 ), a unidade reportou a criação da
Divisão de Segurança e Operações Penitenciárias (DSOPI/CGSEG), especificamente o seu
Serviço de Segurança Penal Federal (SEGPEN/DSOPI/CGSEG), a qual compete a
supervisão dos procedimentos

c) Penitenciárias Federais de Brasília/DF e Mossoró/RN sem contrato de


manutenção predial

No intuito de avaliar os controles internos para garantir a adequabilidade da estrutura


física das Penitenciárias Federais de modo a garantir a implementação do regime de
segurança máxima, buscou-se verificar se há processo rotineiro de supervisão visando
identificar e sanear falhas na estrutura física dos presídios, e se há processos/normas
visando orientar e padronizar a estrutura física mínima aceitável para as Penitenciárias
Federais.

Conforme verificado, cada penitenciária federal possui setor específico voltado à


identificação de eventuais falhas estruturais por meio de processo rotineiro de
supervisão. Consoante o arranjo atual, assim que identificada a falha estrutural, seu
saneamento se dá por meio de acionamento do contrato de manutenção predial vigente
na unidade prisional.

13
-

Por fim, quanto à padronização de estrutura física, destaca-se que está em curso uma
Cooperação com a UNB para elaboração de arquiteturas padronizadas para o sistema
penitenciário nacional, tendo por base o Sistema Penitenciário Federal. Esse projeto
está sendo desenvolvido na construção da nova unidade do SPF, em Charqueadas no
Rio Grande do Sul.

Em complemento, por ocasião de reunião de busca conjunta de soluções em


27/06/2022, a DISPF informou que os processos licitatórios para contratação dos
serviços de manutenção predial foram concluídos, estando as PFMOS e PFBRA com
contratos vigentes.

d) Capacidade operacional para execução dos procedimentos de segurança nas


Penitenciárias Federais

Primeiramente, há a necessidade de se esclarecer que não fez parte do escopo desta


auditoria avaliar quantitativamente se a capacidade operacional disponível é suficiente
para execução dos procedimentos de segurança.

Dessa forma, buscou-se avaliar a capacidade operacional em termos de suporte à força


de trabalho existente como mapeamento de competências e capacitação e
treinamentos realizados.

No que tange ao mapeamento de competências que contemple os conhecimentos,


habilidades e condutas necessários ao exercício dos cargos e funções do DEPEN,
conforme preceituado pelo Decreto 9.991/2019,
Por meio da Escola Nacional de Serviços Penais (ESPEN),
foi celebrado o Termo de Execução Descentralizada em 01/10/2021, por meio do qual a
Universidade Federal do Pará (UFPA) realizará a atualização da Matriz Curricular
Nacional para Educação em Serviços Penais, a partir do desenvolvimento de estudo
científico do cargo e do mapeamento de competências referentes aos cargos das
carreiras penais estaduais e federais vinculados aos órgãos penitenciários.

Quanto à estruturação de processo regular de treinamento e capacitação dos servidores


que executam os procedimentos de segurança nas Penitenciárias Federais, verificou-se
através dos Plano de Desenvolvimento de Pessoas (PDP) para os exercícios de 2020 e

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2021, que houve a previsão de diversas capacitações para suprimento de lacunas
voltadas para área de segurança. Todavia considerando o contexto de pandemia do
Covid-19 em 2020, as capacitações em que havia a previsão de comparecimento
presencial não foram realizadas.

Especificamente quanto à capacitação cujo objetivo consiste na padronização à nível


nacional das rotinas definidas no Manual de Procedimentos de Segurança e Rotinas de
Trabalho, houve seu sobrestamento em virtude do processo de atualização pelo qual a
norma está passando, conforme relatado no item 2a deste relatório.

Ainda quanto à análise do PDP, embora a regulamentação do Decreto nº 9.991/2019


explicite que a construção do plano de desenvolvimento de pessoas deve estar balizada
pela estratégia do órgão, ainda não há no PDP 2021 o correlacionamento das
necessidades de desenvolvimento do órgão com seu planejamento estratégico. Há
previsão de realização dessa vinculação no ciclo referente ao PDP 2022.

e) Adequabilidade dos mecanismos preventivos para coibir a cooptação/coação de


agentes públicos lotados nas penitenciárias federais

Um dos fatores mais críticos para os objetivos da unidade quanto ao SPF consiste nos
controles estabelecidos para se fornecer razoável segurança na prevenção da
cooptação e coação de agentes públicos e demais colaboradores que atuam nas
Penitenciárias Federais. Frisa-se que há total compreensão do risco inerente da
atividade, tendo em vista o enorme poderio de coerção das organizações criminosas
(ORCRIM), tanto por sua capacidade financeira como por sua capacidade de ameaça.

Dessa forma, avaliou-se os mecanismos preventivos pelas seguintes dimensões de


avaliação: adequabilidade das atividades de inteligência e contrainteligência; rotinas de
monitoramento dos servidores; estruturação de canais de denúncia; política de rotação
de servidores lotados em áreas com maior exposição aos presos; e controle de acesso
às áreas ou informações sensíveis.

Considerando as atividades de inteligência e contrainteligência, restou verificado que


há razoável estruturação dos processos de trabalho do setor,
2 Por meio de solicitação de

informações, entrevistas e visita técnica à CGIN, realizou-se o acompanhamento da


execução de alguns processos de trabalho, verificando os sistemas utilizados e
informações disponíveis, a dinâmica das atividades desempenhadas, e identificando
algumas oportunidades de melhoria.

Tendo em conta a importância estratégica e operacional da inteligência penitenciária


para o SPF, há a necessidade de apoio diferenciado da alta gestão para o setor. Verifica-
se principalmente dificuldades relacionadas à capacidade operacional em termos de
recursos humanos. O recrutamento para este tipo de atividade é sensível pois além de

2
Processos estabelecidos para área de inteligência: Análise e Difusão; Análise e Parecer;
Contrainteligência; e Elemento de Operação (ELO).

15
identificação de servidor com perfil adequado, tem-se o fator do elevado custo (tempo
e recursos financeiros) para formação do agente de inteligência.

Uma das medidas que podem contribuir para otimização da força de trabalho se trata
da melhoria dos sistemas de análise de inteligência, os quais detalharemos melhor no
item 3b deste relatório.

Ao levar em consideração especificamente a atividade de contrainteligência, principal


mecanismo de controle para proteção tanto do órgão e suas atividades, quanto para o
risco de cooptação/coação de agentes (monitoramento de servidores),

Ainda quanto à estrutura de controle implantada para mitigar o risco de cooptação e


coação de agentes, verificou-se que existem canais para o encaminhamento de
denúncias na unidade, tanto pela Plataforma Integrada de Ouvidorias – Fala.BR, quanto
pela Corregedoria do DEPEN. As salvaguardas para proteção dos denunciantes de
ilícitos e irregularidades praticadas são as estabelecidas pelo Decreto nº 10.153/2019.

Na análise deste item, -

Verificou-se ainda que há estabelecido no setor a compartimentação de informação de


inteligência por meio dos perfis de acesso dos sistemas utilizados na área, tanto para
análise quanto para difusão de informações. O princípio da compartimentação direciona
a execução das atividades com propósito de permitir acesso somente para as pessoas
que tenham a necessidade de conhecimento da informação, princípio relevante
considerando a sensível atividade de inteligência penitenciária.

f) Conclusão Questão 2

A partir das análises realizadas,

Quanto aos processos de trabalho referentes às rotinas e


procedimentos de segurança foi verificado que há adequada padronização das diretrizes

16
e normas de segurança, não obstante as melhorias já identificadas pela unidade e que
estão em processo de implementação, como a atualização dos manuais de segurança e
escolta, bem como a implementação de unidade dedicada para supervisão dos
procedimentos e rotinas de segurança.

No quesito estrutura física,

Entretanto, quando da
finalização do trabalho foi verificado que os procedimentos licitatórios haviam sido
finalizados, estando as respectivas unidades com contrato de manutenção predial
vigente.

Por fim, na análise da questão de auditoria

e será melhor detalhado no próximo


item.

3. Estruturação da inteligência do Sistema Penitenciário Federal

A análise deste item visou responder a seguinte questão de auditoria 3. A estruturação


da inteligência proporciona a produção de informação qualificada para tomada de
decisão?

Primeiramente, é importante esclarecer que o escopo de avaliação dessa auditoria se


deu sobre as atividades de inteligência executadas no âmbito da Diretoria do Sistema
Penitenciário Federal (DISPF), mais especificamente na Coordenação-Geral de
Inteligência Penitenciária (CGIN), e não sobre as atividades de inteligência executadas
pela Diretoria de Inteligência Penitenciária (DIPEN), à qual compete o gerenciamento e
coordenação de inteligência penitenciária no contexto nacional, abrangendo as
penitenciárias estaduais, por exemplo.

Na avaliação de riscos, para este processo de trabalho específico, foi identificado o risco
de “Emissão de Parecer Deficiente”. A partir da análise do risco e avaliação preliminar
dos controles internos estabelecidos, estruturou-se a avaliação sob 03 (três) vertentes:
a suficiência da disponibilidade das fontes; a capacidade operacional das fontes; e a
independência da emissão de opinião.

a) Disponibilidade de informações para emissão de opinião quanto à


inclusão/permanência de presos no SPF

Para análise deste item foram considerados três aspectos de avaliação: atualização das
fontes de informações; formato e profundidade das informações; e capacidade de
aproveitamento das informações pela área.

17
Como base de exames substantivos, realizou-se avaliação dos processos de
inclusão/permanência de presos no SPF, conforme já explicitado no item 1a deste
relatório. A partir desta análise, especificamente no caso de inclusão,

Nesse sentido, muitas vezes há o pedido de inclusão emergencial de vários presos com
perfil genérico, sem individualizar cada um deles.

Em outros casos, é comum o conteúdo da solicitação discorrer sobre a facção a qual o


preso pertence, descrever ações e crimes atribuídos a ela, mas dificilmente conseguem
inserir o detento no contexto ou descrever fatos que justifiquem sua inclusão no SPF.

Entretanto, cabe ressaltar que foram diferenciadas as análises de Inclusão das de


Permanência, em que, nestas, as informações de inteligência são majoritariamente
internas, ou seja, são produzidas pela própria agência de inteligência do SPF a partir da
passagem do preso pelo sistema. Assim, na permanência, fica evidente que a emissão
de posicionamento no parecer é mais confiável, pois se pode produzir informações a
respeito de um preso, demonstrando se ele de fato articula e exerce relevante liderança
criminal ou que os motivos ensejadores da inclusão se mantem.

Dessa forma, verificou-se que há deficiências nas informações remetidas pelos entes
estaduais, com potencial de afetar a emissão de opinião pelo DEPEN.

No que tange ao formato e profundidade das informações, no caso da análise de


permanência, as informações e conhecimentos são enviados pelo canal técnico de
inteligência após solicitação de informações feita pela CGIN, tanto pelas divisões das
unidades penais federais, quanto pelos estados, em formato adequado.

No que se refere à profundidade dos documentos dos Estados que embasam a


inclusão,

18
A manifestação dos Estados, quando da análise da permanência, carece mais ainda de
fundamentação, uma vez que o preso não está mais em sua unidade, o que tornam
obsoletas as informações que tinham quando do pedido de inclusão. Por outro lado,
a profundidade do conteúdo produzido pelas unidades é superior, pois contém
relatórios de acompanhamentos dos presos feitos pelos próprios agentes durante a
permanência no SPF.

Concernente à capacidade de aproveitamento das informações pela área, verificou-se a


partir das análises que, apesar do acesso a diversos sistemas e muitos deles conterem
uma quantidade robusta de dados, as ferramentas ainda possuem algumas limitações
tecnológicas.

Com base no exposto, a equipe é de opinião

b) Deficiência na capacidade operacional da área de inteligência

Nesta análise buscou-se avaliar a capacidade operacional em termos de recursos


humanos, avaliando os mecanismos de recrutamento, monitoramento de desempenho
e capacitação.

19
Verificou-se ainda que

Avaliando-se os PDPs de 2020 e 2021, bem como o Relatório de Execução do PDP 2020,
verificou-se que para o ano de 2020 foram previstas 190 vagas de capacitação para
inteligência, Já no PDP 2021 estão previstas 290 vagas de
capacitação para ações de inteligência penitenciária.

Apesar dessa oferta de cursos para 2021,


. As necessidades de
capacitação vão sendo mapeadas ao longo do processo de trabalho. A única exigência
de atuação é ter um curso básico de inteligência.

Vale reportar que existem também planos informais de formação de agentes de


inteligência, que consistem em trazer agentes das unidades para a sede, em missão,
para acompanhar os agentes mais experientes por um tempo e depois retornar para a
unidade prisional com o conhecimento acumulado.

Pelo exposto, conclui-se que

c) Conclusão questão 3

Para subsidiar a resposta da questão “3. A estruturação da inteligência proporciona a


produção de informação qualificada para tomada de decisão?”, além dos itens avaliados
acima, remete-se também ao item 5 deste relatório, referente à percepção por parte de
alguns servidores sobre a ingerência externa indevida sobre os pareceres de inteligência.

Conclui-se que a área de inteligência possui boa estrutura, mas há oportunidades de


melhoria que foram citadas acima e são consolidadas a seguir.

De forma geral, os pareceres de inteligência contribuem para a adequada tomada de


decisão, no sentido que são claros e objetivos na indicação dos critérios para inclusão
ou renovação de presos no SPF. Além disso, os processos estão adequadamente
estruturados no princípio da segregação de funções e instâncias de revisão, bem como
há fluxos detalhados de todas as atividades mais relevantes.

Entretanto, verificou-se, de forma substantiva, que há deficiências nas informações


remetidas pelos entes estaduais, muitas vezes sendo genéricas e incompletas, com
potencial de afetar consideravelmente a emissão de opinião pelo Depen, nesses casos.

Assim, as informações de inteligência que são disponibilizadas para análise:

20
- Quanto ao formato: em geral, atendem, especialmente as que são obtidas pelo canal
técnico de inteligência, pois necessariamente são realizadas no formato correto; e
- Quanto à profundidade: às vezes,

Por outro lado, observou-se, de forma positiva, que a área de inteligência tem acesso a
muitas fontes de dados independentes que

considerando que há ferramentas no mercado com capacidade


de processamento e análise automatizados. Ao mesmo tempo,

Nesse contexto, fica evidente a relevância da preparação e experiência dos agentes,


contudo

Somado a isso,

4. Atuação das FTIP para resolução de crises nos sistemas penitenciários


estaduais

A análise deste item visou responder à questão de auditoria 4. Há eficácia na atuação


das FTIP para resolução de crises nos sistemas penitenciários estaduais?

a) Normas contendo parâmetros para planejamento, execução, monitoramento e


avaliação das FTIP

As Forças de Cooperação do Depen – FTIP (anteriormente denominadas Forças-Tarefas


de Intervenção Penitenciária) são compostas por policiais penais federais, estaduais e
do Distrito Federal, na forma dos acordos ou convênios de cooperação federativa, e
empregadas em apoio aos Governos de Estado/DF, em caráter episódico e planejado,
nas situações extraordinárias de grave crise no sistema penitenciário.

A atuações partem de autorizações do Ministro da Justiça e Segurança Pública, por meio


de portaria, para a coordenação das ações das atividades dos serviços de guarda, de
vigilância e de custódia de presos.

Há 2 normas relacionadas, a Portaria nº. 199, de 9 de novembro de 2018 (Regimento


Interno do DEPEN) e a Portaria nº. 65, de 25 de janeiro 2019 (Dispõe sobre a formação
da FTIP), que tratam do assunto somente de forma geral e não delimitam os aspectos
básicos de planejamento, execução, monitoramento e avaliação da política pública.

Nesse sentido, foi verificada a existência de um processo com as tratativas em curso


para a regulamentação das FTIP, o qual se encontra em fase de minuta de portaria.

21
Quanto aos manuais/procedimentos,

mas as atividades ocorrem com


base nos manuais e doutrinas empregados de forma geral no Sistema Penitenciário
Federal, os quais estão sendo modernizados pela necessidade de
alinhamento/atualização da doutrina operacional e teórica.

b) Planejamento da FTIP para que a missão cumpra o seu propósito

Há um fluxo padrão estabelecido nas operações, e as quatro etapas usualmente


envolvidas são:

i) envio de equipe precursora ao estado para realização de diagnóstico


situacional;

ii) formação de equipe operacional com servidores penitenciários das unidades


federativas mobilizados e coordenados por policial penal federal,
intervenção e retomada do controle da unidade em crise;

iii) realização da organização, limpeza e reforma do estabelecimento,


realocação dos privados de liberdade para desarticulação da influência das
facções criminosas, restabelecimento e aprimoramento dos fluxos de rotina
prisional, desenvolvimento de ações assistenciais fomentadas pela Diretoria
de Políticas Penitenciárias junto ao estado; e

iv) realização do treinamento e capacitação dos servidores penitenciários locais,


de modo a promover o desenvolvimento sustentável e a manutenção do
controle pelo próprio estado.

Ressalta-se que na etapa prévia, a equipe precursora, formada por servidores de todas
as áreas temáticas necessárias ao desenvolvimento da ação, produz um diagnóstico com
avaliação do risco para a retomada do controle pleno da unidade prisional, recursos
humanos e recursos materiais necessários a retomada, bem como as ações de
assistências e capacitação que serão empregadas nas unidades correlatas.

Além dos levantamentos realizados pela equipe precursora, são utilizados no


planejamento das missões os dados fornecidos pelas agências de inteligência, sejam elas
estaduais ou federais, militares ou civis.

A despeito disso, nos processos disponibilizados para análise da equipe de auditoria


(FTIP no Amazonas, Roraima e Rio Grande do Sul),

22
Não obstante à inexistência de norma específica sobre a FTIP, a qual abordaria diversos
aspectos relevantes para execução do processo, entre eles o planejamento, é de
extrema importância que estejam formalizados os instrumentos de planejamento para
execução da FTIP. A falta de planejamento prejudica a avaliação quanto ao sucesso ou
não da operação e a criação de boas práticas a partir das experiências obtidas.

O estabelecimento da norma específica visa padronizar e trazer regularidade ao


processo, mas não deve eximir a unidade da necessidade de, independentemente da
existência de norma, estabelecer informações básicas de planejamento, essenciais para
execução de qualquer projeto ou atividade.

c) Capacidade operacional empregada nas FTIP

Há uma estrutura de pessoal dedicada à gestão institucional das FTIP no DEPEN, e outros
servidores penitenciários federais porventura necessários para atuar na coordenação
operacional a cada missão são recrutados com base em critérios razoavelmente
objetivos, segundo disponibilidade, experiência em trabalhos de unidades
penitenciárias e formação na Doutrina de Intervenção Tática Prisional.

Além disso, há capacitação e treinamento específico voltados para a formação de


agentes para atuar em situações de risco em FTIP, em temas relativos à Doutrina de
Intervenção Tática Prisional, bem como são disponibilizadas instruções para qualificar
os servidores estaduais e mobilizados em cada FTIP, frisando-se a existência de planos
de ação educacional e de cursos nos Planos de Desenvolvimento de Pessoas (PDP) de
2020 e 2021, mas não realizados devido à pandemia, como relatado anteriormente

Porém não foi possível avaliar se a capacidade operacional empregada nas FTIP é
suficiente para atingir o objetivo da intervenção, tendo em vista que as análises quanto
à suficiência do quantitativo de pessoal disponibilizado pelo DEPEN e pelos estados nas
missões restaram prejudicadas pois, nos processos disponibilizados para análise da
equipe de auditoria (FTIP no Amazonas, Roraima e Rio Grande do Sul), não constam
documentos formais de planejamento com informações, dentre outros aspectos, sobre
o efetivo de pessoal empregado.

23
d) Continuidade das medidas implementadas nas FTIP

O DEPEN é responsável por promover, planejar e coordenar as atividades das FTIP, e os


entes federados cooperam com as ações, sendo responsáveis pela gestão dos
estabelecimentos prisionais, que pode ser subdelegada à Coordenação Institucional, e
fornecem insumos para o desenvolvimento das atividades.

Quanto às iniciativas de divulgação/conscientização sobre a importância e propósito das


FTIP, houve duas iniciativas nesse sentido, por meio de nivelamento voltado para
capacitação relativa ao ingresso nas Forças-Tarefas, mas a falta de adesão dos estados
ocasionou a interrupção do processo.

Ao final das missões, é esperado que a crise no sistema penitenciário estadual tenha
sido controlada e que tenham sido transferidos conhecimento e procedimentos aos
entes federados objetos de intervenção.

A duração e o escopo para tais transferências variam a cada FTIP em função de


especificidades locais (quantidade de unidades prisionais envolvidas, substituição de
contratados por servidores, condições estruturais dos presídios, capacidade do ente
para manter os procedimentos implementados, entre outros).

Acrescenta-se que o encerramento de uma Força-Tarefa é vinculado e embasado nas


manifestações das áreas técnicas do DEPEN, que apontam todos os fatores para
subsidiar a decisão final do Ministro da Justiça e Segurança Pública quanto ao desfecho.

Entende-se, tendo em vista a documentação técnica e a anuência dos órgãos estaduais


quanto à execução e ao encerramento dos trabalhos (constantes dos processos das FTIP
apresentados pela Unidade), que a duração e escopo das FTIP são suficientes para
realizar a transferência de conhecimento e procedimentos.

A despeito disso, não é possível afirmar se há continuidade das medidas implementadas


pelos entes estaduais ao término da Forças-Tarefas, pois a Unidade informou que não
há processo posterior de acompanhamento/monitoramento de tais medidas, mas
visualiza a possiblidade de construção de um mecanismo nesse sentido.

De igual forma, não há um processo específico de apoio aos entes federados objetos de
FTIP em momento posterior à desmobilização das equipes de intervenções, existindo
apenas os mecanismos usuais de colaboração federativa, tais como repasse de recursos,
assinatura de convênios e instrumentos congêneres, e realização de treinamentos e
capacitações aos servidores nos estados.

Além disso, o gestor informou que não há ferramentas gerenciais específicas para medir
os efeitos de curto, médio e longo prazo das FTIP, sendo tais efeitos observados nas
reduções dos índices de criminalidade gerais divulgados pelos estados (de forma ampla),
e por levantamentos quanto aos números de assistências de outras ações executadas
pelos entes estaduais (de forma estrita). Acrescentou que está em fase de planejamento
24
a elaboração de um processo próprio de medição por meio de indicadores por parte da
Divisão de Segurança e Operações Penais Integradas.

e) Conclusão Questão 4

A partir das análises realizadas, conclui-se que, embora a eficácia momentânea na


resolução da crise prisional quando da execução da intervenção, tendo em vista a
natureza das ações implementadas conforme mencionado no item 4b, não há
elementos comprobatórios suficientes para esta auditoria ratificar a eficácia da atuação
da FTIP como medida perene na resolução de crises no sistema prisional. Tal conclusão
fundamenta-se na citada ausência nos processos analisados de elementos para aferição
dessa eficácia, como elementos mínimos de planejamento, contendo fases/etapas,
metas e resultados esperados, bem como instrumentos de monitoramento.

Verificou-se que há planejamento para que a missão cumpra o seu propósito, pois na
concepção das missões são utilizados os levantamentos realizados pela equipe
precursora (avaliação situacional) e os dados fornecidos pelas agências de inteligência,
e foi estabelecido um fluxo padrão utilizados nas operações. Porém nos processos
disponibilizados para análise da equipe de auditoria, não constam documentos formais
de planejamento contendo informações essenciais, e não há a definição de indicadores
ou de outras ferramentas gerenciais específicas a fim de subsidiar a definição do escopo
e profundidade de atuação das Forças-Tarefas.

Outro aspecto diz respeito à impossibilidade de avaliar se a capacidade operacional


empregada nas FTIP é suficiente para atingir o objetivo da intervenção, tendo em vista
que as análises quanto à suficiência do quantitativo de pessoal disponibilizado pelo
Depen e pelos Estados nas FTIP restaram prejudicadas pois, nos processos apresentados
para análise da equipe de auditoria, não constam documentos formais de planejamento
com informações sobre o efetivo de pessoal empregado. A despeito de tal situação,
constatou-se que há uma estrutura de pessoal dedicada às FTIP no Depen, e que outros
servidores penitenciários porventura necessários a cada missão são recrutados com
base em critérios objetivos, e que há capacitação e treinamento específico voltados para
a formação de agentes para atuar em situações de risco.

Por fim, verifica-se que os entes federados cooperam com as ações das FTIP, mas não
há como atestar se a duração e escopo das operações são suficientes para realizar a
transferência do conhecimento/procedimentos aos estados, tendo em vista as
fragilidades expostas quanto aos elementos mínimos de planejamento e
monitoramento. Verificou-se também que não há um processo específico de apoio aos
entes em momento posterior à desmobilização das equipes de intervenção, tampouco
acompanhamento/monitoramento das medidas implementadas pelo estado após o fim
da FTIP, e não há ferramentas gerenciais específicas para medir os efeitos de curto,
médio e longo prazo das missões.

25
Quanto a esta última questão, em complemento ao relatório preliminar, a unidade
entende que não é pertinente a implementação de processos de
acompanhamento/monitoramento da continuidade das medidas implementadas pelos
estados, tendo em vista que o escopo da FTIP é auxiliar os estados em momentos de
crises em seus sistemas penitenciários, retomando o controle de unidades rebeladas.
Para além da retomada de controle, a FTIP deixa como legado procedimentos de
segurança que visam elevar o nível de segurança das unidades, além de várias outras
orientações, conforme se extrai da Matriz de Responsabilidade produzida ao final da
FTIP. Acrescenta ainda que, considerando que a governança daquelas unidades
prisionais é do estado federado e que o DEPEN auxilia os estados em várias frentes, a
implementação de processos posteriores à execução da FTIP são dispensáveis.

5. Avaliação complementar – Resultados da aplicação de questionários


eletrônicos

De forma a enriquecer a avaliação realizada sobre as questões de auditoria expostas


acima, realizou-se a aplicação de questionário eletrônico com os servidores
participantes de cada um dos processos de trabalho avaliados. Além de fornecer
subsídios para esta auditoria, o resultado do questionário aplicado proporciona o
conhecimento para alta gestão sobre aspectos dos processos de trabalho que podem
não estar visíveis em primeira instância, mas se mostram relevantes para otimização
desses processos.

Nas perguntas com foco na área de inteligência (itens ‘a’, ‘g’ e ‘h’ abaixo), aplicadas aos
servidores da Divisão de Análise e Contrainteligência, obteve-se o percentual de 100%
de resposta, considerando o quantitativo total de 6 servidores. No que se refere aos
itens ‘b’, ‘c’, ‘d’, ‘e’ e ‘f’, aplicados aos servidores lotados na DISEDs, obteve-se 85
respostas completas, representando o percentual de 14,5% do total 585 servidores.

Reforça-se que os resultados que são apresentados a seguir não configuram uma
constatação de auditoria, mas servem de elemento informativo como exposto no
parágrafo anterior.

a) Percepção de ingerência externa indevida quanto à inclusão de presos no SPF

Não obstante a avaliação positiva sobre a estruturação dos processos de trabalho


relacionados à inclusão, e a estrutura de controle implantada obedecer ao princípio da
segregação de funções, constatou-se que

26
Aplicando-se o questionário com os servidores que de fato produzem os pareceres,
estruturou-se o questionário com duas perguntas no formato de múltipla escolha e
escalonada em cinco níveis (Nunca, Raramente, Às vezes, Muitas Vezes e Sempre).

A1. Você já sofreu ou sofre algum tipo de pressão externa indevida para direcionamento da
análise do parecer de inclusão/permanência?

A2. Algum colega de trabalho já sofreu ou sofre algum tipo de pressão externa indevida para
direcionamento da análise do parecer de inclusão/permanência?

A seguir são apresentadas as estatísticas das respostas ao questionário eletrônico.

Estatísticas respostas A1
60,0%
50,0%
50,0%

40,0%
33,3%

30,0%

20,0% 16,7%

10,0%
0,0% 0,0%
0,0%
Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre

Estatísticas resposta A2
60,0%
50,0%
50,0%

40,0%

30,0%

20,0% 16,7% 16,7%

10,0%
0,0% 0,0%
0,0%
Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre

Fonte: Sistema de Formulário da CGU - Limesurvey, questionário ID 793949.

Na questão A1 obtivemos 50% (Às vezes) e 33,3% (Muitas vezes). Já para questão A2
obtivemos 50% (Às vezes), 16,7% (Muitas vezes) e 16,7% (Nunca). Embora os testes
aplicados não tenham identificado a questão de ingerência sobre os processos, o
questionário eletrônico demonstra uma estatística relevante sobre a percepção dos
servidores, que precisa ser considerada e avaliada pela alta administração do DEPEN.

b) Processos e rotinas de segurança padronizados

27
Nesse item buscou-se trazer a avaliação dos servidores das DISEDs, se o Manual de
Procedimentos de Segurança e Rotinas de Trabalho é de amplo conhecimento e se de
fato os procedimentos são efetivamente aplicados. Por meio de questionário eletrônico,
realizou-se os seguintes questionamentos:

A1. Numa escala de 0 a 5 (considerando 5 o nível máximo), qual seu nível de conhecimento
sobre procedimentos e rotinas de segurança estabelecidos por meio da Portaria DSPF nº
38/2014 e por meio de outras normas/manuais referente à área em que você atua?

A2. Numa escala de 0 a 5 (considerando 5 o nível máximo), qual o nível de aderência das
práticas diárias das rotinas de trabalho aos procedimentos e rotinas de segurança
normatizados?

Estatística resposta A1
45 42,35
40 36,47
35
30
25
20
15,29
15
10
5 1,18 2,35 1,18 1,18
0
0 1 2 3 4 5 Sem
resposta

Estatística resposta A2
45 42,35
40
35
30 28,24

25
18,82
20
15
10 7,06
5 1,18 2,35
0
0
0 1 2 3 4 5 Sem
resposta

Fonte: Sistema de Formulário da CGU - Limesurvey, questionário ID 449876.

A partir das estatísticas apresentadas, verifica-se, pela percepção dos servidores que
executam as rotinas e procedimentos de segurança nas unidades prisionais, que há
padronização dos processos de trabalho e que há razoável aderência dos
procedimentos normatizados às práticas diárias.

Destaca-se o relato de alguns respondentes, em campo para comentário no


questionário eletrônico, , o seguimento pleno

28
Tal fato, no entanto, não pôde ser verificado, uma vez que o presente trabalho
não contemplou a realização de fiscalizações in loco.

c) Saneamento de falhas estruturais

Nesse quesito buscou-se avaliar a percepção dos servidores quanto à tempestividade


no saneamento de eventuais falhas estruturais. Dessa forma, questionou-se:

A6. Numa escala de 0 a 5 (considerando 5 o nível máximo), em que nível você avalia que,
quando surge uma falha na estrutura física dos presídios federais, ela é, de forma proativa,
tempestivamente identificada e solucionada?

Estatística resposta A6
30
27,06

25 22,35

20 18,82

14,12
15 12,94

10

5 3,53
1,18
0
0 1 2 3 4 5 Sem
resposta

Fonte: Sistema de Formulário da CGU - Limesurvey, questionário ID 449876.

Conforme estatística obtida, verifica-se maior distribuição mediana nesta avaliação,


evidenciando, pela percepção dos servidores, que há espaço para melhoria dos
processos de trabalho da unidade concernente ao saneamento de eventuais deficiências
na estrutura física, fator de grande relevância para a dimensão de segurança das
operações nas unidades prisionais.

d) Capacitação para execução dos procedimentos e rotinas de segurança

Nesse item avaliou-se a percepção dos servidores lotados nas DISEDs, se consideram
que estão sendo adequadamente capacitados para o exercício de suas atribuições.
Diante disso questionou-se:

A4. Numa escala de 0 a 5 (considerando 5 o nível máximo), em que medida você considera que
tem sido adequadamente capacitado sobre os procedimentos e rotinas de segurança para
execução de suas atribuições?

29
Estatística resposta A4
40 36,47
35

30 27,06
25
21,18
20

15
9,41
10

5 2,35 2,35 1,18


0
0 1 2 3 4 5 Sem
resposta

Fonte: Sistema de Formulário da CGU - Limesurvey, questionário ID 449876.

Pela estatística das respostas, embora ainda seja muito incipiente o processo de
mapeamento de competências na unidade, os servidores consideram que a unidade
vem provendo apoio por meio de capacitações e treinamento.

e) Segurança no uso de canais para oferecimento de denúncia

Nesse quesito obteve-se a percepção dos servidores que utilizaram os canais de


encaminhamento de denúncia, quanto à segurança na realização de denúncia e quanto
ao acompanhamento e feedback de seu andamento. Dessa forma, foi questionado:

A8. Caso tenha usado algum desses canais, numa escala de 0 a 5, considerando "0 -
Totalmente inseguro e 5 - Totalmente seguro", qual nível de segurança você avalia que teve
ao efetuar uma denúncia?

A9. Numa escala de 0 a 5 (considerando 5 o nível máximo), em que nível você avalia que sua
denúncia foi devidamente tratada e devidamente informado de seu andamento?

Estatística resposta A8
35 33,33 33,33

30

25

20
16,67 16,67
15

10

5
0 0 0
0
0 1 2 3 4 5 Sem
resposta

30
Estatística resposta A9
60
50
50

40

30

20 16,67 16,67 16,67

10
0 0 0
0
0 1 2 3 4 5 Sem
resposta

Fonte: Sistema de Formulário da CGU - Limesurvey, questionário ID 449876.

Pela estatística das respostas, verifica-se que na opinião dos servidores os canais para
oferecimento de denúncias se mostram razoavelmente estruturados considerando os
aspectos de segurança e acompanhamento.

f) Controle de acesso às áreas e/ou informações sensíveis

Visando avaliar a percepção dos servidores sobre a questão, questionou-se:

A5. Numa escala de 0 a 5 (considerando 5 o nível máximo), em qual nível você avalia que o
controle de acesso às áreas e/ou informações sensíveis as quais você tem conhecimento é
adequado?

Estatística resposta A5
40
34,12
35

30

25 22,35 21,18
20

15
9,41
10 7,06
5 3,53
2,35

0
0 1 2 3 4 5 Sem
resposta

Fonte: Sistema de Formulário da CGU - Limesurvey, questionário ID 449876.

De acordo com as respostas dos servidores das DISEDS, verifica-se que há razoável
controle de acesso às áreas e informações sensíveis,

31
g) Percepção quanto à qualidade das informações de inteligência disponíveis

Em princípio, buscou-se verificar junto aos servidores que produzem os pareceres de


inteligência se as informações de inteligência são atualizadas e fornecem conhecimento
útil quando demandadas. Dessa forma, aplicou-se questionário eletrônico aos
servidores da Divisão de Análise e Contrainteligência, obtendo a participação completa
dos servidores do setor.

Nesse contexto, questionou-se:

A3. As informações de inteligência disponíveis são atualizadas e fornecem conhecimento útil


para atendimento de suas demandas?
Estatística
33,33
resposta A3 33,33
35

30

25

20
16,67 16,67
15

10

5
0 0
0
Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre Sem resposta

Fonte: Sistema de Formulário da CGU - Limesurvey, questionário ID 793949.

Conforme demonstrado no gráfico acima, as respostas para pergunta


A3 obedeceram à seguinte distribuição: 16,67% - MUITAS VEZES, 33,33% - ÀS VEZES; e 16,67% -
RARAMENTE.

Em seguida, de forma a verificar se as informações são suficientes para adequada


emissão de opinião, questionou-se:

A5. As informações de inteligência disponíveis são suficientes para adequada emissão de


opinião quanto a inclusão/permanência de preso no SPF?

32
Estatística resposta A5
60
50
50

40
33,33
30

20 16,67

10
0 0 0
0
Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre Sem resposta

Fonte: Sistema de Formulário da CGU - Limesurvey, questionário ID 793949.

Para essa questão, as respostas obedeceram à seguinte distribuição: 50% - ÀS VEZES;


e 33% - RARAMENTE.

Ainda, alguns servidores da área observam que as informações produzidas nas agências
estaduais normalmente são direcionadas para o atendimento dos interesses dos
Estados. Como exemplo, a lotação em prisões estaduais é um fator de incentivo que
somado a crimes que repercutem na mídia, pressionam por uma resposta à sociedade,
levando o Estado a solicitar um “pacote” de presos para inclusão no SPF. O DEPEN, por
meio da CGIN procura somente incluir presos que realmente sejam liderança em seus
estados e que de fato sua permanência possa afetar a paz social e segurança como um
todo.

Foi apontado também que

Esse processo de
negociação para que os Estados alimentem as informações no sistema é complexo, e é
caracterizado pelo interesse individual de cada Estado. É nesse contexto que se insere a
necessidade de padronização das informações.

No que tange ao formato e profundidade das informações, questionou-se:

A4. As informações de inteligência são disponibilizadas em formato e profundidade que


atendem às suas necessidades?

33
33,33
Estatística
33,33
resposta A4
35

30

25

20
16,67 16,67
15

10

5
0 0
0
Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre Sem resposta

Fonte: Sistema de Formulário da CGU - Limesurvey, questionário ID 793949.

Conforme demonstrado nas estatísticas acima, as respostas para pergunta


A4 obedeceram à seguinte distribuição: 17% - MUITAS VEZES, 33% - ÀS VEZES; e 33% -
RARAMENTE.

Tendo em vista que as perguntas deste questionário possuíam campo aberto para
inserção de comentário, foi apontado, no mesmo sentido das respostas à pergunta A5
que, no caso de inclusão,

Opinião diversa ocorre com


relação ao parecer de permanência, pois a produção de conhecimento é feita pela área
de inteligência e, portanto, atenderia à necessidade do analista.

Especificamente quanto ao formato, para inclusões, normalmente se mostra


satisfatório, pois são anexadas cópias das decisões dos juízes estaduais, relatórios dos
Ministérios Públicos, além de, por vezes, inquéritos e denúncias.

Sobre isso, um dos participantes do questionário opina que, tecnicamente falando,

- Entretanto, muitas informações


constantes dos pareceres estão sendo questionadas porque alguns atores (defesa, juízes
estaduais e corregedores) entendem que devem servir como provas.

h) Satisfação da área de inteligência quanto à capacitação

De forma complementar, para avaliar a capacitação aplicada à área de inteligência,


também foi utilizada a aplicação de questionário eletrônico, com a seguinte pergunta:

34
A6. Você considera que a capacitação oferecida é suficiente para executar suas funções
satisfatoriamente?

Estatística resposta A6
60
50
50

40
33,33
30

20 16,67

10
0 0 0
0
Nunca Raramente Às vezes Muitas vezes Sempre Sem resposta

Fonte: Sistema de Formulário da CGU - Limesurvey, questionário ID 793949.

Conforme estatísticas acima, verificou-se que o percentual de respostas para a pergunta


A6 obedeceu à seguinte distribuição: 33% - ÀS VEZES; e 50% - RARAMENTE.

-
Nos anos de 2020
e 2021, somou-se a dificuldade causada pela pandemia da Covid-19, que fez muitos
programas de capacitação serem suspensos, coincidindo com a criação da nova Diretoria
de Inteligência do DEPEN , a DIPEN.

Há a sugestão de que essa capacitação também seja oferecida aos Estados, para que
ocorra uma unificação de metodologia. Além disso, é apontada
como a necessidade do oferecimento de extensões mais avançadas como as de
pós-graduação e mestrado.

É oportuno ressaltar que foi observado por participante da pesquisa que mudanças nos
fluxos de autorização de cursos teriam prejudicado o seu ritmo de disponibilização.
Atualmente, a oferta de vagas em cursos e treinamentos tem que passar pela DIPEN, em
vez de serem oferecidos diretamente para a área de inteligência. Além disso, o processo
de criação e ministração de um curso pela própria CGIN (ou por qualquer outro setor do
DEPEN) tem sido gerido pela Escola Nacional de Serviços Penais – ESPEN, que tem
reformulado os procedimentos para promoção de cursos para o público interno., Tal
fato, segundo os servidores da área teria tornado o processo “extremamente
trabalhoso, e complicado, e tem desestimulando não só os servidores da CGIN, mas de
todo o departamento a participarem."

Cabe, ainda, relatar que servidor lembrou que os documentos produzidos pela agência
são importantes para a manutenção e inclusão de presos que de fato possam colocar a
segurança da sociedade em risco. Assim, produzir documentos com esse nível de
complexidade exige que os servidores estejam sempre bem treinados para colher e
trabalhar dados e informações.

35
36
RECOMENDAÇÕES

1.

2. Avaliar propor regulamentação e padronização de conteúdo mínimo das


informações de inteligências estaduais para fundamentação de inclusão de preso,
em especial, do necessário para caracterizar liderança cuja permanência no estado
afete a paz social e segurança como um todo.
3. Estabelecer competências necessárias para cada área mapeada de inteligência.
4. Incluir e priorizar no PDP os cursos estabelecidos no mapeamento de
competências da área de inteligência.
5. Regulamentar e publicar norma contendo parâmetros para planejamento,
execução, monitoramento e avaliação das FTIP.

37
CONCLUSÃO
Os exames deste relatório foram realizados com a finalidade de avaliar os controles
existentes sobre os riscos inerentes a objetivos relacionados ao macroprocesso
finalístico de “Garantir o adequado funcionamento do Sistema Penitenciário Federal”,
notadamente nas dimensões: inclusão/permanência de lideranças do crime organizado
e presos de alta periculosidade no SPF; execução e gerenciamento dos procedimentos
e rotinas de segurança penitenciária; produção e difusão de informação de inteligência
para o SPF; e atuação da Força Cooperação Penitenciária (FITP). Na sequência desta
conclusão geral, são apresentadas para cada dimensão as respostas às questões de
auditoria propostas, que tiveram como base as condições evidenciadas. Por fim,
encerra-se com uma conclusão geral sobre o macroprocesso analisado.

Quanto à dimensão de inclusão/permanência de lideranças do crime organizado e


presos de alta periculosidade no SPF, foi evidenciado que há adequada estruturação dos
processos de trabalho e estrutura de controle para garantir razoável segurança na
inclusão/permanência de presos com perfil adequado ao SPF, não obstante a decisão
final de inclusão caber ao juiz corregedor federal.

No que tange à dimensão de execução e gerenciamento dos procedimentos e rotinas de


segurança penitenciária, verificou-se que há adequada padronização das diretrizes e
normas de segurança, não obstante as melhorias já identificadas pela unidade como a
recente implementação de unidade dedicada para supervisão dos procedimentos e
rotinas de segurança, bem como a atualização dos manuais de segurança e escolta, a
qual ainda está ocorrendo. Não obstante a avaliação positiva,

No que se refere à dimensão de produção e difusão de informação de inteligência para


o SPF, foi verificado que há adequada estruturação dos processos de trabalho da área
de inteligência, em específico da CGIN. Embora a adequada estruturação, foram
verificadas oportunidades de melhoria concernente: a capacidade operacional da
unidade, em termos qualitativos e quantitativos de pessoal; ao
desenvolvimento/aquisição de ferramentas para processamento e análise
automatizada de informação de inteligência;

Quanto à dimensão de atuação da Força Cooperação Penitenciária (FITP), embora a


eficácia momentânea verificada na execução da intervenção, há a necessidade de
normatização mais objetiva desta atuação.
, tendo em vista
a ausência de elementos essenciais como planejamento de fases e etapas, metas e
resultados esperados A ausência desses elementos dificulta objetivamente a aferição da
eficácia da intervenção.

38
Considerando os aspectos avaliados, conclui-se que o macroprocesso de “Garantir o
adequado funcionamento do Sistema Penitenciário Federal” possui estrutura
parcialmente adequada e de forma geral os controles implementados mitigam
razoavelmente os eventos de risco identificados na etapa anterior do trabalho. Não
obstante a avaliação positiva, verificou-se oportunidades de melhorias as quais foram
ressalvadas e deverão ser tratadas para aprimoramento do processo, permitindo
alcance mais eficiente dos objetivos de negócio no contexto das atividades do DEPEN.
Para tratamento das oportunidades de melhoria, foram expedidas as recomendações
constantes do item específico deste relatório, acordadas com a unidade em reunião de
busca conjunta de soluções. Para finalizar, destacam-se a seguir os benefícios esperados
com a implantação das recomendações:

Benefícios esperados na inclusão/permanência de lideranças do crime organizado e


presos de alta periculosidade no SPF:

Aperfeiçoamento estrutural do SPF promovendo o enfraquecimento da articulação do


crime organizado.

Evitar sobrecarga do SPF.

Benefícios esperados na execução e gerenciamento dos procedimentos e rotinas de


segurança penitenciária:

Aperfeiçoamentos dos processos de trabalho para garantir o efetivo isolamento de


lideranças do crime organizado, tanto na comunicação interna como externa.

Benefícios esperados na produção e difusão de informação de inteligência para o SPF:

Melhoria na acurácia e tempestividade da informação de inteligência necessária para


tomada de decisão em todos os níveis de gestão.

Fortalecimento da atividade de contrainteligência, a qual se caracteriza como um dos


principais mecanismos de controle do órgão.

Benefícios esperados na atuação da Força Cooperação Penitenciária (FITP):

Aperfeiçoamento da institucionalização objetiva da atuação da FTIP.

Aperfeiçoamento dos mecanismos de aferição de eficácia da FTIP, retroalimentando o


planejamento das próximas intervenções.

Melhoria na perenidade dos benefícios alcançados e almejados com a atuação da FTIP.

39

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